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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE RORAIMA

CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO

RESUMO DO LIVRO
“O que são Direitos Humanos?”
de João Ricardo W. Dornelles

BOA VISTA – RR
MARÇO – 2011
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE RORAIMA
CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO

RESUMO DO LIVRO
“O que são Direitos Humanos?”
de João Ricardo W. Dornelles

Trabalho realizado com o fim de fixação


de aprendizado para a disciplina de
Direito Processual Penal II, ministrada
pelos professores Ellen Cardoso e Mauro
Campelo.

BOA VISTA – RR
MARÇO – 2011
APRESENTAÇÃO

“Os homens nascem e permanecem livres e iguais em direitos (...). Esses


direitos são a liberdade, a propriedade, a segurança e a resistência à opressão”
(artigos 1 e 2 da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão da Revolução
Francesa, 1789).
Trechos como este recheiam os últimos duzentos anos da história humana e
tratam diretamente dos direitos humanos. Quando abordado este assunto, surge
uma infinidade de idéias, quais sejam: revolução Francesa, Independência
Americana, Declaração da ONU, desaparecidos na América Latina, entre outros.
São muitas as palavras que podem ser tratadas, por serem objetivamente ligadas à
vida, à segurança individual, aos bens que preservam a humanidade. Enfim, é um
tema que tem recebido muitos significados e interpretações que não podem se
restringir a uma conceituação generalizada. Fundamental entender que os direitos
humanos, antes de qualquer coisa, apresentam um claro conteúdo político.
O importante é saber se tais declarações integram os verdadeiros e únicos
direitos do homem, o que leva a dizer que muitos autores dizem que todos os
direitos são humanos. Esta é uma concepção que entende que não existe direito
sem o consentimento de um poder político que se pretende acima da sociedade.
Alguns dizem que direitos humanos se tratam de liberdade de escolha ou até
mesmo direito à preguiça. Mas esse direito não se dá no plano individual, de forma
que é possível imaginar a dificuldade existente no seio das sociedades. Outra
questão é saber quem escolher esses direitos, afinal, sua origem pode ocorrer de
várias maneiras, tais como: vontade divina, direitos que já nascem com o indivíduo,
emanados do Estado, direitos produto da luta de classes.

FUNDAMENTAÇÃO HISTÓRICA E FILOSÓFICA DOS DIREITOS HUMANOS

As origens se encontram nos primórdios da civilização. Exemplo disto,


durante o feudalismo europeu, se constituiu o jusnaturalismo cristão, principalmente
a partir do pensamento de filósofos como Santo Tomás de Aquino. À época, os
valores considerados fundamentais para os seres humanos tinham como fonte de
legitimidade a vontade divina das sociedades fechadas. É importante ressaltar que o
conceitos de direitos humanos é variável de acordo com a concepção político-
ideológica que se tenha e é isso que vemos constantemente no dia-a-dia, já que,
não raro, as pessoas já demonstram querer dar diferentes definições a este direito.
Surgiram, ao longo do tempo, três concepções a serem ressaltadas: a
primeira fundamenta tais direitos a partir de uma visão metafísica e abstrata,
identificando os direitos a valores superiores informados por uma ordem
transcendental, supraestatal, que pode se manifestar na vontade divina ou na razão
humana; a segunda apresenta tais direitos como sendo fundamentais e essenciais
desde que reconhecidos pelo Estado através de sua ordem jurídica positiva; a
terceira, surgiu durante o século XIX, partindo de uma explicação de caráter
histórico-estrutural para fundamentar os direitos humanos. E com base nessas três
concepções se desenvolveram as diversas definições sobre tais direitos.

OS DIREITOS INDIVIDUAIS

No início do século XVI se formulou a moderna doutrina sobre os direitos


humanos, preparando o terreno para a formação do Estado moderno e a transição
do feudalismo para a sociedade burguesa. Com isso, várias situações se
desenrolaram, como a manifestação clara do posicionamento de Locke, que dizia
ser direitos humanos o inerente ao poder de deter propriedade. Nos séculos
seguintes vários conflitos surgiram, como no XVIII em que aconteceu confronto
direto e definitivo com o antigo regime absolutista.
Em seu primeiro momento moderno, os direitos humanos, aparecem como
expressão das lutas da burguesia revolucionária, com base na filosofia iluminista e
na tradição doutrinária liberal, contra o despotismo dos antigos Estados absolutistas.

OS DIREITOS COLETIVOS

No século XIX, em seus primeiros setenta anos, ficou marcado pela


consolidação do Estado liberal e pelo fenomenal desenvolvimento da economia
industrial. Foi nesse período em que, com a burguesia já instalada, era constituído o
Estado liberal e a economia avançava para modelos produtivos industriais,
concentrando mão-de-obra, ampliando mercados, reproduzindo os lucros e
incorporando o maquinário moderno ao processo produtivo.
Os direitos humanos dirigidos a todos os povos, pretendendo ter um caráter
universal, na realidade, esses direitos expressavam anseios e interesses de uma
classe que conseguira, em sua luta contra o absolutismo feudal, traduzir em um
único projeto os sentimentos da ampla maioria do povo. O ápice de todo esse
desenvolvimento foi a proclamação da igualdade, na declaração de 1789, quando
veio para a sociedade em expressão formal, mas foi resultado da conquista de
direitos iguais, inexistentes no sistema feudal. Surgiu uma nova ordem, onde eram
valorados e nascido o princípio da isonomia. Porém, ainda que existente essa
orientação, socialmente surgiram questionamentos, já que as declarações de
igualdade de direitos, de liberdades para todos os seres humanos, e a realidade da
via dos trabalhadores afrontava os princípios liberais dos direitos humanos. Foi aí
que a luta operária e popular se posicionou contra a simples declaração formal de
direitos. Tais revoltas reivindicavam a efetivação desses direitos. Com o
desenvolvimento e o valor dado a esses conflitos, logo ampliou-se o conteúdo dos
direitos humanos.

DIREITOS DOS POVOS OU DIREITOS DA SOLIDARIEDADE

A terceira geração dos Direitos Humanos

Com a ampliação do conteúdo dos direitos fundamentais da pessoa humana,


foi possível realizar várias conquistas. E aí vieram outras demonstrações fáticas de
direitos individuais e coletivos, como os direitos dos povos, direitos da liberdade,
direitos individuais e afins. Este foi o contexto histórico inaugurado com o fim da
Segunda Guerra Mundial (1939-1945), afinal, ao final da mesma, outra concepção
em relação a pessoa humana surgira: agora o homem é homem, de carne e osso e
merece atenção. Destacou-se, com isso, o direito à paz, ao desenvolvimento, à
autodeterminação dos povos, ao meio ambiente saudável e ecologicamente
equilibrado e à utilização do patrimônio comum da humanidade.

A PROTEÇÃO INTERNACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS

A comunidade internacional valora as liberdades e garantias para os seres


humanos de maneira generalizada, não sendo de competência privativa do Estado
sua valoração. O que significa dizer que existem fatores mundialmente significativos
para a sobrevivência saudável do homem que não podem ser definidas apenas pelo
Estado maior. Tratava-se do Direito Internacional dos Direitos Humanos, que se
encontrava em processo de formação conceitual. Em seguida, manifestaram-se
outros ramos, como o direito internacional público. E no século XX ficou marcado o
desenvolvimento e o surgimento, por exemplo, da ONU, que até a atualidade
continua forte e definindo manobras sociais para dissolução de conflitos.
O mecanismo de proteção dos direitos humanos no plano internacional se
expressa em diferentes documentos, dos quais podemos destacar os seguintes:
Declaração Americana de Direitos e Deveres do Homem, Declaração Universal dos
Direitos do Homem, Convenção Americana de Direitos Humanos e Declaração
Universal dos Direitos dos Povos.

DIREITOS HUMANOS COMO PRÁTICA SOCIOPOLÍTICA E A QUESTÃO


DEMOCRÁTICA

Na América latina não há uma valorização nítida dos princípios de direitos


humanos. As últimas décadas do século XX ficaram marcadas por experiências
políticas autoritárias onde as liberdades democráticas estiveram limitadas, como, por
exemplo, a ditadura militar. No entanto, tais infelicidades, fortificaram o surgimento
da Doutrina de Segurança Nacional. E o que é visto até hoje como mecanismo
político, se tornou efetivamente meio para tanto, que foi a visão dos Direitos
Humanos como prática necessária para o crescimento do mesmo.
As associações de defesa passaram a questionar tais posicionamentos, já
que o mesmo parecia irregular diante do modelo já definido no mundo
contemporâneo. A prática das entidades de defesa dos direitos humanos, em um
quadro de transição democrática, aponta para um entendimento mais amplo desses
direitos. Não apenas direitos individuais, os direitos de caráter social. Mas uma
prática que percebe todos esses direitos são integrados. Falar em direitos humanos,
coloca-se ênfase na discussão sobre a questão democrática, como condição
essencial para a realização da satisfação efetiva das necessidades básicas da
existência humana em todos os aspectos da vida. E foram vários os conflitos
surgidos neste meio-tempo, mas não é produto do acaso, é resultado das opções
políticas.
PENSANDO OS DIREITOS HUMANOS NO BRASIL

Violência e realidade

Para entender tal tema é necessário relacioná-lo com a segurança pública,


essas relações estabelecem uma visão da realidade política, onde se trava uma luta
ideológica. A imprensa, no Brasil e em boa parte do mundo, traça uma visão
equivocada de dois mundos: moralidade e violência. É ridículo achar que a violência
não está associada a moralidade. A vítima não é a sociedade pura, mas sim aquela
ignorada pelo Estado, que é deixada à margem da sociedade e tem sua importância
suprimida. Uma vergonha. O que nos leva a dizer que hoje está nascendo a
sociedade brasileira de amanhã. Que podem ser ladrões, assassinos ou pior,
corruptos! Ora, se não se tem uma vontade política de realizar reformas sociais
sérias, estaremos apenas reproduzindo o atual quadro de crise social e formando
hoje os crimes do futuro. Essa ignorância fica clara quando vemos crianças de 4, 5,
10 anos vendendo flores em bares para auxiliar no sustento da família ou até
mesmo conseguir dinheiro para comprar drogas. O crime é realidade atual e o
desrespeito aos direitos do próximo só irão agravar a situação.

BUSCANDO UMA CONCLUSÃO

Para concluir, apesar de levantados tantos aspectos problemáticos e


praticamente irremediáveis, basta apontar a necessidade continuarmos a luta pela
liberdade, pelo respeito, democracia efetiva, enfim, ter consciência social de que dar
importância não torna a pessoa menos humana e sim humaniza e fortifica a paz e o
princípio da boa convivência.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DORNELLE, João Ricardo W. O que são Direitos Humanos. São Paulo:


Brasiliense, 2006.

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