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Lotação de gado nas pastagens:

Entre 0,9 a 1,5 cabeça por hectare.

Aumentar a lotação das pastagens:

• fazer adubação e calagem;

• eliminar ervas daninhas;

• integrar lavoura e pecuária;

• adotar o sistema de semiconfinamento do gado;

Semiconfinamento de bovinos de corte


Autor: IEPEC

Técnicos e produtores rurais buscam constantemente alternativas viáveis para reduzir os


custos de produção, sem, no entanto, comprometer os bons resultados outrora obtidos.
Esta situação é mais facilmente comprovada quando abordamos a onerosa prática do
confinamento, onde os custos com a alimentação representam os de maior impacto,
tirando muitas vezes a tranqüilidade dos profissionais envolvidos nesta atividade.

É dentro deste contexto que o semiconfinamento está inserido como possível opção para
tornar mais eficiente o período final da engorda, em que elevada quantidade de
concentrado é fornecido para bovinos mantidos em pastagens. De uma forma mais
simples, a parte volumosa da dieta é o pasto, o qual está permanentemente à disposição
dos animais sendo o concentrado fornecido em cochos, podendo utilizar os mesmos
ingredientes do confinamento tradicional.

Para implantação de um semiconfinamento rentável alguns itens relevantes devem ser


analisados para que se evitem futuros transtornos. Dentre estes, sem dúvida alguma, o
manejo correto das pastagens que permita adequada disponibilidade de forragem,
principalmente folhas verdes, é o ponto chave para eficiência do empreendimento.

Em comparação ao confinamento tradicional que


utiliza, por exemplo, a silagem de milho como fonte de
volumoso, a forragem disponível no semiconfinamento
no período das águas pode apresentar composição
química mais favorável. Este é o caso da gramínea
Coastcross, que apresenta em média 14% de PB e 64%
de NDT nas folhas verdes, ao passo que a silagem de
milho apresenta em média 8% de PB e 62% de NDT.

É evidente que no período seco do ano este panorama Fonte: Divulgação


não se repete, pois o pasto não apresenta esta qualidade desejável. Entretanto, esta
situação pouco ameaça o semiconfinamento, pois com o fornecimento de concentrado
devidamente balanceado, formulado em função da baixa qualidade do material ofertado
do pasto, desempenhos satisfatórios mesmo na época crítica podem ser alcançados.

Infelizmente, ainda não é possível mensurar o consumo de pasto pelos bovinos de uma
maneira simples e confiável, pois inúmeras variáveis estão envolvidas durante o pastejo,
por isso a ingestão do volumoso nas condições do semiconfinamento deve ser apenas
estimada. A prática diária e a correlação do desempenho animal com a formulação do
concentrado permitem uma estimativa mais próxima do real por parte do técnico, porém
sempre com imperfeições.

Outro ponto importante a ser ressaltado é que a não confecção anual de silagem, assim
como a não destinação de uma área para cultura da cana, essenciais para o sistema de
confinamento, acarretará em liberação de áreas para formação de novas pastagens,
aumentando lotação, produção por área, etc.

A quantidade de concentrado a ser fornecido deve ser baseada nos seguintes fatores:
qualidade e disponibilidade da forragem, nível de ganho de peso desejado e custo do
concentrado utilizado. Pode-se estimar que um novilho com 420 kg consuma
aproximadamente 10 kg de matéria seca (MS) por dia. Dentro deste raciocínio, se
adotarmos uma relação volumoso:concentrado variando de 60:40 até 20:80 (alto grão),
a quantidade de concentrado a ser fornecido pode variar de 4 a 8 kg de MS, em média.

A adoção dos níveis mais elevados permite que procedimentos tradicionais utilizados
nos confinamentos também possam ser transferidos ao semiconfinamento, como a
adição de ionóforos e tamponantes ao concentrado, assim como a sua distribuição
fracionada várias vezes ao dia.

Com o aumento na quantidade de concentrado o efeito de substituição (redução da


ingestão de pasto) é o fenômeno responsável pelo aumento na taxa de lotação. Aliado a
isso, com maior aporte de nutrientes, o ganho médio diário (GMD) também tende a se
elevar, com impacto direto no ganho por área. Elevando-se o GMD, o peso necessário
ao abate é alcançado de forma mais rápida, aumentando o giro na propriedade, algo de
extrema importância no atual cenário da pecuária. Para os produtores que engordam
machos inteiros o semiconfinamento pode auxiliar no acabamento destes animais, desde
que o concentrado forneça energia suficiente para deposição de gordura mais precoce.

O semiconfinamento tem gerado bons resultados práticos em algumas propriedades no


Estado do Paraná. Destes, podemos destacar o fornecimento de concentrado para
novilhos cruzados mantidos em pastagem de Tifton 85, em que o GMD esteve próximo
a 1,200 kg e a lotação média foi de 9,3 UA/ha (13 UA/ha durante o verão), com
produção de 1.310 kg/ha em 109 dias. Se a estiagem não tivesse sido severa na região
(52 dias de seca) os resultados seriam ainda mais favoráveis.

Alguns efeitos indiretos desta prática, porém de difícil mensuração, devem de igual
forma ser apontados. A fertilidade do solo pode sofrer significativo incremento através
do retorno de nutrientes ao solo, via fezes e urina, desde que o pasto seja manejado de
forma adequada. Esta reciclagem é potencializada pela entrada de nutrientes via
concentrado, provenientes de áreas distintas, numa verdadeira importação de minerais
para o solo. Na prática, tem-se observado em áreas utilizadas para o semiconfinamento,
com altas lotações, que nos anos subseqüentes os pastos apresentam maior produção de
MS.

Como abordado no primeiro parágrafo deste artigo, os


custos são os grandes obstáculos para adoção de muitas
tecnologias. Para implantação do semiconfinamento,
investimentos menores são necessários na construção
das instalações quando comparado com confinamentos
tradicionais. Entretanto, dependendo do número de
animais e dos ingredientes utilizados na formulação do
concentrado, uma pequena fábrica de ração e um ou
Fonte: Divulgação mais vagões distribuidores serão necessários para
agilizar o processo e tornar a mão de obra mais
eficiente.

Mesmo tratando-se de uma prática interessante para várias empresas rurais, algumas
precauções devem ser adotadas, pois a produção de volumoso estará sujeita as
condições climáticas. A confecção estratégica de silagem para ser utilizada em uma
eventual seca prolongada é imperativa para que produtores e técnicos não sejam
surpreendidos. Além disso, nada impede a adoção do semiconfinamento em
propriedades que realizam o confinamento, pois um sistema pode complementar o
outro, auxiliando no manejo dos animais (adaptação) e prevenindo situações adversas.

É imprescindível ressaltar que cada propriedade tem sua aptidão natural, influenciada
diretamente pela localização, tamanho, pessoal envolvido, recursos disponíveis, entre
outros. Por isso, antes de decidir pela realização do semiconfinamento, todos estes itens
devem ser analisados com o máximo critério, pois um erro na pecuária de corte hoje é
algo extremamente dispendioso

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