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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

PUC/SP

ELIZABETH SCHIVEL MARTINS

A HABILIDADE ORAL NA LÍNGUA INGLESA


COMO DESENVOLVÊ-LA?

ESPECIALIZAÇÃO – MAGISTÉRIO DO ENSINO SUPERIOR

SÃO PAULO
2

2010

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO


PUC/SP

ELIZABETH SCHIVEL MARTINS

A HABILIDADE ORAL NA LÍNGUA INGLESA


COMO DESENVOLVÊ-LA?

ESPECIALIZAÇÃO – MAGISTÉRIO DO ENSINO SUPERIOR

Pre-projeto da monografia apresentado como


exigência parcial para obtenção do título de
ESPECIALISTA no Programa de Estudos Pós-
Graduados: Lato Sensu (Especialização) Magistério
do Ensino Superior, da Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo – PUC/SP, sob a orientação
da Profª. Drª. Maria Celina Teixeira Vieira
3

SÃO PAULO

2010
SUMÁRIO

1. Problema .................................................................................................... 04

2. Objetivos .................................................................................................... 04
2.1 Geral ....................................................................................................... 04
2.2 Específicos .................................................................................................... 04

3. Justificativa ................................................................................................... 05

4. Marco Teórico .................................................................................................09

Referências Bibliográficas ..............................................................................09


Referências Eletrônicas ..................................................................................09
4

Problema

Como desenvolver dentro do quadro atual do país, a produção oral da língua


estrangeira, o inglês, daqueles que pretendem ingressar em cursos de Letras no
Ensino Superior?

Objetivo Geral

Identificar um método ou uma abordagem que pudesse vir a suprir a deficiência da


produção oral de uma língua estrangeira, o inglês, daqueles que estão ingressando
em cursos de Letras no Ensino Superior.

Objetivos específicos

Situar a posição do governo embasada na legislação quanto ao ensino da habilidade


oral de línguas estrangeiras no país, em particular do inglês.
Pesquisar a capacidade oral em inglês dos ingressantes do curso Superior de
Letras, bem como a dos seus profissionais.
Analisar o ideal estabelecido pela legislação versus a situação real da habilidade
oral do inglês.
Identificar se a ênfase dada à linguagem escrita de uma língua estrangeira (LE),
pode entravar o desenvolvimento da produção oral.
Identificar se a vivência com e a exposição à língua estrangeira são meios efetivos
para tentar minimizar a deficiência da produção oral do inglês dos ingressantes em
cursos Superior de Letras.
Caracterizar a viabilidade de aplicação destas técnicas (abordagens) no cenário
atual da Educação Superior, levando em consideração o perfil do brasileiro quanto à
aprendizagem da língua inglesa (LI).
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Justificativa

A escolha deste tema deve-se ao fato de estarmos inseridos em um mundo


globalizado onde o mercado de trabalho cada vez mais exige o saber de uma língua
estrangeira (LE), em especial o inglês.
Para melhor se dispor dos instrumentos de tecnologia à disposição hoje em dia e
poder se comunicar satisfatoriamente faz-se necessário o domíno de todas as
habilidades: entender, falar, ler e escrever. Cito Ialago e Duran:

Com a modernização da economia, em tempos de


globalização, o domínio da língua inglesa passou a representar
um grande diferencial nas relações competitivas do mercado
de trabalho, ampliando as necessidades da aquisição de uma
segunda língua – o inglês. Outro aspecto a ser considerado
neste contexto diz respeito ao desenvolvimento da tecnologia
que possibilita hoje em dia o rápido deslocamento das
pessoas, bem como a comunicação instantânea, tanto na
forma escrita quanto na forma oral. (Ialago e Duran, 2008, p.
59)

O Brasil atualmente apresenta, com a Copa de Mundo de 2014 e o Rio de Janeiro


como a cidade sede para os Jogos Olímpicos de 2016, ao povo brasileiro uma rara
oportunidade de se expor às várias culturas em maiores números ao mesmo tempo.
Propiciando uma interação social na qual far-se-a necessário o uso da habilidade
oral em uma LE, neste caso o inglês. Uma vez que no presente momento histórico a
língua inglesa é a língua mais utilizada nas relações comerciais e na transmissão de
conhecimentos. Novamente cito Ialago e Duran (2008, p. 58):

Nos dias atuais, em virtude da condição hegemônica que os


Estados Unidos exercem no cenário mundial, o conhecimento
da língua inglesa é altamente valorizado. Sendo o segundo
idioma mais falado no mundo, o inglês é hoje o idioma
utilizado na maioria das relações comerciais, sendo também
veículo preferencial para a transmissão de descobertas
científicas e tecnológicas.

A interação oral em uma língua estrangeira não é uma situação normalmente


vivenciada pela maioria do povo brasileiro, “somente uma pequena parcela da
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população tem a oportunidade de usar línguas estrangeiras como instrumento de


comunicação oral, dentro ou fora do país” (PCN, 2000, p. 20) Desta maneira a
habilidade oral de uma LE passa a ter um papel menos valorizado na educação
brasileira. Apesar dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) estabelecerem
que as habilidades leitora e oral devem ser desenvolvidas conjuntamente, há hoje
uma defasagem na habilidade oral por se primar um ensino voltado para a leitura. As
poucas horas destinadas ao ensino de uma LE e professores que têm pouco
domínio oral da língua estrangeira são alguns dos fatores que contribuem para a
convenção de um inglês instrumental totalmente voltado para a leitura. Evidencia-se
nos trechos a seguir:

No Brasil, a educação reconhece o valor cultural do


aprendizado de línguas estrangeiras, ao incluir seu estudo no
currículo oficial. Na prática, porém, uma série de fatores
inviabiliza sua realização: professores com pouco domínio oral
da língua, salas numerosas, carga horária reduzida, entre
outros, fazem com que o ensino de uma língua estrangeira
moderna permaneça centrado na leitura, no vocabulário e na
gramática, sem a devida atenção à habilidade oral. (Ialago e
Duran., p. 59)

Paiva também aponta para esta problemática:

(…) relacionada aos aspectos legais, por exemplo, a Lei de


Diretrizes e Bases de 1961 e a Lei n. 5.692, de 1971, que não
incluíram o inglês entre as disciplinas obrigatórias, sendo seu
ensino apenas recomendado, deixando a cargo dos Conselhos
Estaduais decidirem sobre o ensino de línguas. A atual Lei de
Diretrizes e Bases n. 9394, de 1996, define a obrigatoriedade
de uma língua estrangeira moderna, a ser escolhida pela
comunidade escolar, mas, na prática, muito pouco é feito para
que ela seja ensinada com sucesso, ou que o profissional
responsável por seu ensino seja bem formado. (PAIVA, 2003,
p. 53-84 apud IALAGO E DURAN, 2008, p. 60)

Com cursos superiores associando o inglês à disciplina da língua portuguesa, o


futuro profissional de ensino de uma LE não consegue efetivamente produzir
oralmente na LE durante sua formação. Este profissional ingressará no mercado de
trabalho despreparado para criar situações de ensino-aprendizagem, nas quais seus
alunos pudessem vir a desenvolver efetivamente a competência oral. Com isso o
que se gera é uma carência de profissionais com formação linguística e pedagógica
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suficientes para desenvolver a habilidade oral, perpetuando a idéia de sermos


incapazes de aprender inglês na escola. Paiva aponta a questão:

(…) em relação à formação inicial dos professors de inglês


que, em geral, os cursos de licenciatura em língua estrangeira
estão atrelados às licenciaturas em língua portuguesa, cujos
conteúdos ocupam a maior parte da grade curricular. Por
questões de mercado e de concorrência, empresários da
educação oferecem cursos de três anos, nos quais as duas
licenciaturas são “empacotadas”, o que impossibilita, entre
outras coisas, o desenvolvimento da competência
comunicativa do professor. (…) Com uma formação
praticamente inexistente para o ensino da língua estrangeira,
esse profissional prepara os futuros alunos de licenciatura, os
quais chegarão à faculdade sem um conhecimento sólido da
língua inglesa, fechando, assim, um círculo que se realimenta
e que dá origem à crença de que não é possível aprender
inglês na escola. (ibid., p. 60)

Esta mentalidade fomenta um ensino voltado basicamente para uma compreensão


leitora que muito contribui para a ausência da competência oral. Não devemos nos
esquecer da realidade em que a maioria das escolas brasileiras atua. Seus fatores
também influenciam diretamente na falta da habilidade oral. Os PCNs reconhecem a
necessidade da aquisição da oralidade porém reconhecem-na como um desafio em
suas considerações preliminares:

Deve-se considerar também o fato de que as condições na


sala de aula da maioria das escolas brasileiras (carga horária
reduzida, classes superlotadas, pouco domínio das habilidades
orais por parte da maioria dos professores, material didático
reduzido ao giz e livro didático, etc.) podem inviabilizar o
ensino das quatro habilidades comunicativas. Assim, o foco na
leitura pode ser justificado em termos da função social das
LES no país e também em termos dos objetivos realizáveis
tendo em vista as condições existentes. (2000, p.21)

Desta maneira se perpetua a ausência da competência oral. Fazendo com que o


aluno saia do ensino médio com um conhecimento quase inexistente, sendo incapaz
de efetivamente interagir por meio de comunicação verbal em uma LE.
A língua inglesa está inserida na vida diária da grande maioria. Palavras como: light,
diet, chicken, delivery, off, hot dog, fazem parte de nosso cotidiano. As relações
comerciais e as interações das várias áreas de conhecimento são feitas em inglês.
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A aquisição de uma língua estrangeira abre um leque de possibilidades e acesso a


bens culturais. Enriquece e amplia o nosso conhecimento, faz-nos perceber como
cidadãos produtivos e inseridos, partes integrantes de uma sociedade; capazes de
conscientemente transformá-la.
No ensino público e também no privado, a mentalidade do inglês para uma produção
leitora e escrita prevalece para a maioria:

Com relação à metodologia de ensino de LE, Os PCNs


propõem que a abordagem de ensino tenha ênfase na leitura,
porém, outros aspectos, tais como: falta de qualidade dos
professores que dominam o inglês, materiais didáticos
inapropriados ou até inexistentes para o ensino de LI,
metodologia antiga e inadequada, dificultam o processo de
ensino e aprendizagem da LI nos diversos segmentos, tanto
nas escolas públicas, como nas privadas. (Santos, 2009, p.26)

O momento que agora se apresenta propicia o desenvolvimento da habilidade oral.


E para uma efetiva interação social será necessário adquirir as habilidades
linguísticas necessárias. Devemos começar de algum lugar e creio que os
ingressantes de cursos superior de Letras com habilitação para o inglês seja o grupo
mais indicado para iniciar a mudança dessa mentalidade. É essencial que este
grupo saia da educação superior competentemente habilitado à produzir oralmente
na LI.
Se o governo estabelece que a produção oral e textual dos ciclos 3 e 4 do Ensino
Fundamental e do Ensino Médio idealmente seriam produzidas em conjunto e se ele
reconhece a necessidade do aprendizado de uma língua estrangeira, deveria tentar
achar meios de pôr em prática políticas públicas que capacitariam profissionais do
ensino de idiomas a desempenharem todas as habilidades linguístas com eficácia.
Pois se capacitássemos profissionais engajados, as habilidades oral e leitora
poderiam ser desenvolvidas em conjunto o que permitiria ao aluno um aprendizado
de 7 a 8 anos antes de seu ingresso no ensino superior. Ou até mesmo iniciar o
aprendizado de uma língua estrangeira já nos primeiros anos iniciais de
escolarização, como os fazem as atuais escolas bilingües.
Ao caracterizar, neste trabalho de pesquisa bibliográfica, o quadro atual no país
quanto ao ensino da língua inglesa (LI), tento propor uma abordagem voltada
àqueles que intencionam ingressar em cursos superiores de Letras e pretendem
ministrar aulas de inglês. Busco propiciar um meio de aquisição da habilidade oral
9

que pudesse vir a ser trabalhada em conjunto com a grade curricular do curso
superior de Letras. Desta maneira busco desenvolver a podução oral de maneira
efetiva para se comunicar e interagir em inglês de forma autônoma. E
consequentemente tentar, ao se formar professores mais capacitados, gerar
profissionais que ingressariam no mercado de trabalho, em especial o ensino
público, capazes de dominar todas as habilidades linguísticas, de reconhecer as
suas aplicabilidades, estabelecendo sua relevância e não persistiriam e enfatizarem
apenas na habilidade leitora, abrindo assim espaço para a comunicação verbal.

Marco Teórico

Creio que uma interação social efetiva se dá por meio da comunicação verbal.
Bakhtin alega que a verdadeira substância da língua constitui-se pelo fenômeno
social da interação social (BAKHTIN, 1981, p. 123, grifo do autor apud ROLA, 2006
p. 59).
Nós enquanto seres nos socializamos e entendo por socialização o ato de interação
de dois ou mais indivíduos. Apenas um contato físico não é suficiente para que
ocorra uma troca de informações e/ou mensagens, amplamente observado pelas
diversas áreas de conhecimento como a Antropologia, a Linguística Aplicada e a
Psicologia Social. Existe um complexo mecanismo de interação e essa interação se
dá largamente por meio de nossa habilidade oral. Temos um indivíduo falante que
emite um determinado código de sons que é decifrado pelo indivíduo ouvinte, que
por sua vez identifica, interpreta e analisa os sons para também emitir um
determinado grupo de sons em resposta. Criando um ciclo de infinitas possibilidades
de troca de conhecimento e informações.
Desde primórdios, enquanto seres estruturados dentro de uma dada sociedade,
temos necessidade da comunicação oral. Como raça a partir de grunhidos,
evoluímos a um sistema eladorado de sons capazes de transmitir mensagens e
conhecimento. A escrita foi no início privilégio de poucos. Um número reduzido da
população sabia escrever e ler. No entanto, o ato de falar sempre foi um bem
comum a todos. Muito conhecimento é passado de geração em geração pelo ato da
fala até os dias atuais. Nós chegamos na escola com uma série de conhecimentos
transmitidos por aqueles com quem interagimos. Aprendemos um apanhado de
estruturas linguísticas e códigos de comportamento que nos permitem interagir um
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com o outro (Hymes, 1986 apud Silvestre, 2007, p. 3). Salvo aqueles portadores de
alguma deficiência, somos capazes de nos expressar verbalmente. Mesmo que
incapazes de criar sentenças gramaticamente corretas a mensagem na habilidade
oral é em sua grande parte capaz de ser interpretada. A habilidade oral ocorre em
situações que envolvem contexto, sujeitos e linguagem corporal, que contribuem e
muito para a sua interpretação. A fala promove interação social e a interação social
promove a fala. No entanto, no que tange ao ensino de línguas estrangeiras no país
privilegia-se, por uma série de fatores e crenças, o ensino voltado à leitura e a
aplicação exaustiva da gramática normativa.
As Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs, 2001) para o curso de Letras
estabelecem que o educando deve ter domínio oral da língua materna e da língua
estrangeira na qual pretende lecionar e que as instituições de ensino superior (IES)
devem oferecer os subisídios necessários para que todas as habilidades sejam
desenvolvidas de modo a estes profissionais exercerem suas funções no mercado
de tabalho no ensino de LEs. Os PCNs (2000) juntamente com as Propostas
Curriculares da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo (SEE, 1988)
apontam para a importância do desenvolvimento da habilidade oral como
instrumento integrador do educando. Todavia mais recentemente, as Propostas
Curriculares do Estado de São Paulo (2006) e as Orientações Curriculares da
Prefeitura de São Paulo (2008) privilegiam e enforçam a necessidade das
habilidades leitora e de escrita, embasando-se no fato de que a comunicação hoje
em dias ultrapassou o domínio oral e que pelas tecnologias atuais (i.e. internet) a
leitura da LI propicia autonomia na busca de conhecimentos pelos educandos.
Esta ênfase na necessidade da leitura em LEs esta sendo amplamente apontada por
estudos recentes como as de Santos (2009), Silveira (2007), Rola (2006), Paiva
(2003) - leitura entendida como capacidade de compreender e interpretar um texto -
de seus benefícios, da sua relevância e como estimulá-la em sala de aula (PCNs,
2000). Contudo esquecemos que para estimular o aluno à leitura falarei de sua
necessidade, apontando para o que pode lhe proporcionar, questionarei o seu
entendimento, a sua “leitura” do texto e mundo e o instigarei a verbalizar a sua
opinião. E isto tudo é feito pela comunicação verbal. E apesar da linguagem falada
ser a primeira forma de interação social que conhecemos, é esta mentalidade de
necessidade da compreeensão leitora que foi adotada no ensino da língua
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estrangeira, em especial no ensino público e em uma boa maioria das escolas


privadas.
Por diversos fatores este tipo de ensino é perpetuado. Consolo aponta para a
questão da análise de necessidades destes profissionais de ensino: “precisamos
investigar as necessidades do professor de LE para melhor capacitá-lo para lidar
com a oralidade de maneira adequada em sala de aula e em suas ações de
formação continuada.” (Consolo, 2002, apud Santos, 2009, p. 21). Faz-se
necessário voltar a atenção para estes profissionais se realmente quisermos fazer
aldo de efetivo para a mudança deste quadro.
Artigos também apontam a necessidade da disciplina Inglês num curso de Letras
(Carvalho, 2008) visando a formação do professor mais habilitado que permitiriam
gerar novos profissionais do ensino mais capacitados na produção oral da LE que
pretendem lecionar e há artigos voltados para a linguagem utilizada em aula para
garantir autenticidade para o desenvolvimento da produção oral dos futuros
professores de LEs (Ortale e Duran, 2009). Todos apontam e em certa medida
propõem procedimentos para auxiliar a produção oral, mas continua evidente a
precariedade desta habilidade nos profissionais de LEs. O que me faz refletir ainda
mais sobre a necessidade de minimizar este quadro. E acredito estar na abordagem
comunicativa um meio de atingi-lo.
A abordagem comunicativa para o ensino de línguas estrangeiras não é um conceito
novo. Ela tem sido extensivamente estudada nas últimas três décadas,
principalmente no exterior. O chamado Communicative Language Teaching (CLT)
visa o aprendizado de uma LE pela abordagem comunicativa, com ênfase na
interação tanto como meio e também como objetivo de se aprender uma nova
língua. Aqui no Brasil muitos a adotaram, principalmente na década de 90, mas em
sua maioria cursos livres de ensino de idiomas. Muitas ainda a utilizam como
abordagem e hoje há escolas particulares bilíngues por todo o país.
Esta abordagem apesar de ser importante e significante no desenvolvimento da
habilidade oral nos educandos não foi adotada pelo ensino público, ela não é viável.
A legislação a concebeu como importante (PCNs, 2000) e idealmente deveria ser
desenvolvida em conjunto com a habilidade leitora, porém tal abordagem não se
consagrou nos últimos 10 anos, uma vez que a maioria dos profissionais da língua
inglesa não tinham e nem têm domínio oral suficiente para acompanhar um ensino-
aprendizagem voltado à uma abordagem comunicativa (Ialago e Duran, 2008) e
12

(Paiva, 2003). E agora mais recentecemente a proposta de ensino para a LI é a da


abordagem intitulada letramentos mútiplos:
“não se trata mais de privilegiar a gramática ou as funções
comunicativas, mas de promover o conhecimento e o
reconhecimento de si e do outro, traduzido em diferentes
formas de interpretação do mundo, concretizadas nas
atividades de produção oral e escrita, desenvolvidas em cada
uma das etapas da escolarização”. (Proposta Curricular do
Estado de São Paulo: Inglês para EF – Ciclo II e EM, 2008,
p.42)

É interessante notar que apontam para atividades de produção oral para concretizar
o aprendizado, no entanto ao analisar o currículo proposto, um se depara com a
ausência de procedimentos metodológicos que incitem a fala. Todas as atividades
estão voltadas às habilidades leitora e escrita. Não pretendo discordar aqui do
conteúdo sugerido pela proposta mas apenas à falta de atividades voltadas à
habilidade oral, pois mesmo o conteúdo sugerido poderia ser trabalhado dentro de
uma abordagem comunicativa. Isto me leva a deduzir que apesar das mudanças e
das leis citadas irá ainda perdurar um ensino voltado à leitura e ao aprendizado de
gramática normativa no ensino da LI no país. Muita coisa não mudou pois
continuamos sem profissionais capacitados e muito menos sem uma grade curricular
nos cursos superior de Letras que vise o desenvolvimento da habilidade oral. O
ensino das LIs continuam ineficientes fomentando a deslocação para cursos livres
de idiomas perpetuando-se até hoje um ciclo iniciado na década de 60 (Santos,
2009).
Contudo a minha preocupação com o domínio oral da LI dos futuros professores de
inglês me faz questionar quanto a possibilidade de desenvolver a oralidade dentro
da atual grade curricular para o curso de Letras (CNE, 2001). Penso que, apesar da
baixa carga horária destinada a disciplina do inglês nos cursos superiores de Letras
ser um fator contribuinte, não é de todo inadministrável. Acredito que o problema
maior esta na formação dos professores ao privilegiar a leitura e a escrita, enquanto
a produção oral fica negligenciada. Pelo fato de uma grande maioria dos educandos
chegarem ao Ensino Superior incapazes de produzir oralmente em LI, - apesar de
contar com alguns alunos na turma que tenham feito curso particular em inglês e
poderiam até vir a acompanhar as aulas ministradas em inlgês - as aulas retomam
novamente conceitos básicos, aplicação de regras gramaticais com exercícios para
avaliar sua assimilação e leituras de textos, cujo trabalho consiste em definição de
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termos e vocabulário no qual são traduzidos buscando equivalentes na língua


portuguesa. E algum tipo de produção textual visando certos gêneros de escrita. A
fala, quando em muito contemplada, resumi-se a diálogos preestabelecidos e a
memorização de palavras. Assim sendo, penso que esta ênfase exagerada em
textos e à linguagem escrita atrelham o aprendizado da fala.
O discurso daqueles que aprendem uma LE é sempre o mesmo “Preciso falar...”, por
motivos vários; desde a promoções e possibilidades de emprego à viagens
internacionais. Nestas situações a aplicação da gramática de uso em prol da
gramática normativa faz mais sentido: “a gramática natural, adquirida com a vivência
na língua e a sua exposição a ela.”(Lima, 2010).
Baseio me na seguinte teoria; se nós aprendemos a falar e a nos comunicar na
língua materna sem auxílio ou sequer conhecer as estruturais gramaticais
normativas, apenas sendo expostas à linguagem falada por meio de interação
social, será que não podemos fazê-lo no aprendizado da LE?
Enquanto professora de LI, a grande maioria de meus alunos me procuram dizendo
a mesma coisa “Preciso falar em inglês!”, que aprenderam gramática na escola e às
vezes até em cursos livres mas não conseguem desenvolver a fala.
Me incomoda este discuro há muito tempo. E tenho procurado analisar uma forma
de solucioná-lo. Aplico várias técnicas, mas todas estão atreladas a textos e a livros
didáticos. E quando viso apenas a fala em uma conversa livre, o discuro é sempre o
mesmo o quão difícil foi a atividade. Ultimamente tenho percebido nos meus alunos
de EJA a dificuldade em reproduzir algumas palavras e até mesmo letras do
alfabeto. Ao pedir para repetirem as letras após a minha fala, percebi que muitos
travavam pois queriam olhar através de mim para a lousa onde eu havia fornecido a
fonética ao lado da letra correspondente. Muitos alunos, ao invés de simplesmente
reproduzir a minha fala olhavam por cima ou pelos lados na lousa e quando
tentavam ler o som da letra travavam e vinha o discurso “Não sei...aprender inglês é
muito difícil...não consigo ler”. Daí me vem à mente dificuldade de leitura, a
metacognição está tentando se dar por meio de leitura e não pela promoção da fala.
Mesmo que todas as minhas atividades visem à fala de meus educandos, os
mesmos se atêm à sua própria escrita e necessitam visualização constante das
palavras. E o aprendizado ainda é disassociado, não existe um link com a realidade.
Não há vivência com a língua, muito menos exposição a ela.
14

Portanto, associando que não preciso da linguagem escrita para me apropriar da


língua mãe e que exageradamente privilegiamos a línguagem escrita, creio que
poderíamos tentar administra-la dentro do processo de ensino aprendizagem da LI.
Um artigo1 intitulado “Throw away your textbooks” (Jogue fora seus livros didáticos)
aborda sobre o exagero de materias didáticos para ensino de LEs e seu autor
juntamente com Scott Thornbury2 são os precursores do movimento. Neste artigo,
Luke Meddings conta sobre a comemoração do quarto ano do grupo de discussão
chamado “Dogme ELT” 3, que se iniciou depois da publicação do artigo de Scott
Thornbury “Teaching Unplugged (or That’s a dogme with na E)” de fevereiro de
2001, cujo tópico trata de um grupo de filmadores dinamarqueses que assinaram
entre si, em 1995, um “voto de castidade” com a intenção de livrar os filmes atuais
de toda a obsessão dos efeitos especiais voltando às raizes de filmagem cuja estória
e personagens são centrais. Eles rejeitavam a superficialidade e as enganações dos
filmes hollywoodianos. O primeiro mandamento do voto era que toda filmagem
deveria ser feita em locais de filmagem e que se maquetes precisavam ser feitas
deveria se achar um local já existente para a cena. O Scott Thornbury adapta estes
mandamentos – que foram concebidos pelo diretor dinamarquês de filmes Lars Von
Tier - e aplica-os na educação de LEs. O primeiro mandamento adaptado diz:
“Teaching should de done using only the resources that teachers and students bring
to the classroom – i.e. themselves - and whatever happens to be in the classroom.”
(Thornbury, 2001). Traduzindo, o ensino deve ser feito usando apenas os recursos
que os professores e os alunos trazem para a sala de aula – ou seja, a si mesmos –
e qualquer coisa que já possa vir a estar na sala de aula4. Ele defende a idéia de
que o uso excessivo de livros didáticos empacam a própria abordagem comunicativa
para qual foram designados. Professores se privilegiam do material, pois dependem
do livro do professor para aplicar a aula e as atividades subjacentes. A internet é um
mecanismo facilitator, mas também pode ser debilitator; pois faz com que o
professor despreparado abaixe uma lição já elaborada e apenas aplique-a em aula,
sem nenhum preparo prévio. Por vezes prejudicando o processo de ensino-
aprendizagem, ao sequer ter objetivos específicos. Ou como o próprio artigo do
Meddings (2004) diz, “usamos materiais didáticos porque facilitam cumprir horário, ir

1
Escrito por Luke Meddings e publicado no jornal britânico online guardian.co.uk em março de 2004.
2
Professor Assistente dos Estudos da Língua Inglesa na New School de Nova York.
3
A palavra “dogme” é em dinamarquês e quer dizer dogma
4
Tradução da autora
15

das 9 para às 10hs, e não porque são um excelente método de promover o


aprendizado”.
Imaginem uma sala de aula em que pode-se utilizar apenas os sujeitos (para que
ocorra a interação verbal – professor e alunos) e como recursos apenas lousa e giz.
Uma abordagem digna de Freinet. Neste ambiente a fala é a premissa máxima. Ou
seja, ou eu falo ou eu falo. Toda a prioridade esta voltada à produção oral. Se for
trabalhar gramática, a gramática de uso, a mesma deve ser feita pelo contexto do
diálogo. Ou seja, nos expor e conviver em língua estrangeira.
Contudo, o autor extremiza ao estabelecer que nenhum material didático e nem
atividades de “listening” sejam permitidas. Acredito que a idéia está no caminho
certo, só tomar cuidado para não radicalizar. O uso do livro didático deve sim ser
administrado de modo a complementar a produção oral e não empacá-la. Esta idéia
criou um alvoroço dentro da abordagem CLT. Tanto que se formou o tal grupo de
discussão em 2001. O grupo de discussão está em 2010 encerrando os seus fóruns
não porque a idéia seja ultrapassada, mas porque ela transpôs o domínio da
discussão e está se estabelendo como uma forma efetiva de aprendizagem. O autor
Scott Thornbury, em conjunto com Luke Meddings, lançou um livro em março de
2009 com o mesmo título do seu célebre artigo “Teaching unplugged – Dogme in
English Teaching Language””. Ensinando desplugado – Dogma (com e) no Ensino
da Língua Inglesa”5 recebendo o prêmio Elton (English Language Teaching
Innovation Award) da British Council em 2010, desta maneira consagrando-se como
um método de ensino de LI.

Busco sempre atender de, a necessidade de saber uma língua estrangeira, em


especial o inglês, tornou-se essencial. Para nos comunicarmos efetivamente e
sermos verdadeiramente integrados num mundo globalizado há a necessidade de
dominar verbalmente o inglês. O crescimento econômico brasileiro e a sua melhora
no ranking mundial têm propiciado oportunidades de relações econômicas,
comerciais, políticas e sociais com inúmeros países. E só tende a crescer. Creio que
o povo brasileiro se beneficiaria muito se uma segunda língua fosse adotada no

5
título traduzido na íntegra pela autora - por se tratar de publicação recente ainda não foi traduzido para o
português.
16

país. Como o fizeram muitos países da Europa que têm a língua inglesa e/ou
francesa como segunda língua. Aqui poderiamos ter tanto o espanhol como o inglês.
Esta noção que talvez soasse absurda pode no futuro vir a ser levada em conta.
A carência na habilidade oral da língua inglesa existe. Há a necessidade de buscar
técnicas que pudessem trazer resultados eficazes. Apontada a necessidade e a
relevância, cientes da defasagem em sua produção oral e da falta de desenvoltura
oral do profissional de ensino na rede pública devido a uma inexistente formação
voltada à produção oral da LE (que por sua vez gera alunos e futuros ingressantes
do Ensino Superior incapazes de interagirem verbalmente na LE), cabe agora
buscar maneiras de minimizar este problema. O ensino-aprendizagem de uma LE
envolve desenvolver as quatros habilidades: entender, falar, ler e escrever. No
momento atual a necessidade para o uso verbal da língua inglesa é grande. Muitas
são as áreas que necessitarão de profissionais que têm domínio oral do inglês,
principalmente nos próximos 4 a 6 anos. Neste trabalho pretendo analisar as
técnicas utilizadas no ensino da habilidade oral do inglês. O que existe, como é
aplicado, qual a eficácia de seus resultados, analisar quais melhor minimizariam a
deficiência verbal de um grupo de alunos ingressantes no curso superior de Letras
de uma universidade privada na cidade de São Paulo. E das técnicas pesquisadas
alguma poderia vir a suprir contéudo suficiente que permitisse aos ingressantes do
Ensino Superior desenvolver a habilidade oral durante seus três a quatro anos no
Curso de Letras de forma contínua e progressiva? Poderia por início caracterizar
uma técnica de introdução à habilidade oral que permitisse que desde as aulas
iniciais do curso o ingressante já fosse exposto ao uso verbal da língua inglesa? E
se tal técnica fosse aplicada quais as condições necessárias para que tal se
concretizasse? Acredito ser agora um momento propicio para tentar buscar soluções
para uma problemática que até o momento têm sido negligenciada. Cabe tentar
desenvolver métodos e recriar situações que auxiliem no desenvolvimento da
habilidade oral. Pois certamente no futuro a capacidade de se comunicar
verbalmente em inglês faria a diferença para um povo de um país em plena
expansão e crescimento como o Brasil.

METODOLOGIA
17

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CARVALHO, Keila R. Reis de. Análise de necessidades para a disciplina língua


inglesa em Curso de Letras. Tese em linguist. aplic. PUC São Paulo, 2008.

IALAGO, Ana M.; DURAN, Marília C. G.. Formação de professores de Inglês no


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