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NOME: Nº: SÉRIE:

PROFESSOR: JORGE MIKLOS


DATA:

ÁREA DE CONHECIMENTO: SOCIOLOGIA CÓD.:


Plano de Retomada

O DARWINISMO SOCIAL1
A expansão da indústria, resultante das Revoluções Burguesas que atingiram os países europeus
durante o século XIX, trouxe consigo a destruição da velha ordem feudal e a consolidação da nova
sociedade - a capitalista - estruturada no lucro e na produção ampliada de bens. Mas, no final desse século,
amadurecido o capitalismo e estabelecidas as bases industriais de produção, a economia européia passa
por novo choque: o crescimento do mercado não obedece ao ritmo de implantação da indústria, gerando
crises de superprodução que levam à falência milhares de pequenas indústrias e negócios - há um
excedente de oferta sobre a demanda, gerando uma guerra concorrencial que, por sua vez, provoca uma
queda acentuada da taxa de lucro. Como conseqüência, as empresas sobreviventes se unem, disputando
entre elas o mercado existente e a livre concorrência, que parecia ser a condição geral de funcionamento
da sociedade capitalista, foi sendo substituída pela concentração das atividades produtivas nas mãos de um
pequeno número de produtores.
Começam a se formar grandes monopólios e oligopólios associados a poderosos bancos, que
passam a financiar a produção por meio do capital financeiro, gerando dívidas crescentes que só poderiam
ser pagas com a expansão do mercado e da produção. Ultrapassar os limites da Europa era a única saída
para garantir a sobrevivência dessas indústrias e os lucros desses bancos.
Da mesma forma, não podendo continuar investindo apenas no mercado europeu sem causar
novas crises de superprodução, o capital financeiro exigia expansão e a conquista de novos mercados
consumidores. A Europa se volta, mais uma vez, para a conquista de impérios além-mar, tendo como
principais alvos, nessa época, a África e a Ásia.
Nesses continentes podia-se obter matéria-prima bruta a baixíssimo custo, bem como mão-de-obra
barata. Havia também pequenos mercados consumidores, além de áreas extensas ideais para investimentos
em obras de infra-estrutura. Porém, a exploração eficaz das novas colônias encontrava resistência nas
estruturas sociais e produtivas vigentes nesses continentes que, de forma alguma, atendiam às
necessidades do capitalismo europeu.
Os países europeus tiveram de lidar com civilizações organizadas sob princípios diferentes dos
seus, como o politeísmo, a poligamia, formas de poder tradicionais, castas sociais sem qualquer tipo de
mobilidade, economia baseada na agricultura de subsistência, no pequeno comércio local e no artesanato
doméstico. Assim, tornava-se necessário organizar, sob novos moldes, as nações que conquistavam,
estruturando-as segundo os princípios que regiam o capitalismo, pois de outra forma, seria impossível
racionalizar a exploração da matéria-prima e da mão-de-obra de modo a permitir o consumo de produtos
industrializados europeus e a aplicação rentável dos capitais excedentes nesses territórios.
Transformar esse mundo conquistado em colônias que se submetessem aos valores capitalistas
requeria uma empresa de grande envergadura, pois dessa transformação dependiam a expansão e a
sobrevivência do capitalismo industrial. A conquista, a dominação e a transformação da África e da Ásia
pela Europa exigiam justificativas que ultrapassassem os interesses econômicos imediatos. Assim, a
conquista européia revestiu-se de uma aparência humanitária que ocultava a violência da ação
colonizadora e a transformava em "missão civilizadora". Países como Inglaterra, França, Holanda,
Alemanha, Itália se apoderavam de regiões do mundo cujo modo de vida era totalmente diferente do
capitalismo europeu, buscando transformar radicalmente sua tradição, seus hábitos e costumes. A
“civilização” era oferecida, mesmo contra a vontade dos dominados como forma de "elevar" essas nações
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FONTE: COSTA, Cristina. Sociologia: Introdução à ciência da sociedade. 3ª edição. São Paulo: Moderna. 2008.
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do seu estado primitivo a um nível mais desenvolvido. Tal argumento Baseava-se no princípio
inquestionável de que o mais alto grau de civilização a que um povo poderia chegar seria o já alcançado
pelos europeus - a sociedade capitalista industrial do século XIX.
Essa forma de pensar apoiava-se em modelos teóricos desenvolvidos pelas ciências naturais,
especialmente o proposto pelo cientista inglês Charles Darwin para explicar a evolução biológica das
espécies animais. Muitos cientistas e políticos da época leram as teses de Darwin como se fossem uma
explicação teleológica da formação das espécies. Segundo essa idéia, a seleção natural pressiona as
espécies no sentido da sua adaptação ao ambiente, obrigando-as a se transformar continuamente com a
finalidade de se aperfeiçoar e garantir a sobrevivência. Em conseqüência, os organismos tendem a se
adaptar cada vez melhor ao ambiente, criando formas mais complexas e avançadas de vida, que
possibilitam, pela competição natural, a sobrevivência dos seres mais aptos e evoluídos.
Tais idéias, transpostas para a análise da sociedade, resultaram no darwinismo social - o princípio
a partir do qual as sociedades se modificam e se desenvolvem de forma semelhante, segundo um mesmo
modelo e que tais transformações representariam sempre a passagem de um estágio inferior para outro
superior, em que o organismo social se mostraria mais evoluído, mais adaptado e mais complexo. Esse
tipo de mudança garantiria a sobrevivência dos organismos - sociedades e indivíduos -, mais fortes e mais
evoluídos.
Inspirados nessas concepções evolucionistas, os cientistas sociais estudaram as sociedades
tradicionais encontradas na África, na Ásia, na América e na Oceania como "fósseis vivos", exemplares de
estágios anteriores, "primitivos", do passado da humanidade. Assim, as sociedades mais simples e de
tecnologia menos avançada deveriam evoluir em direção a níveis de maior complexidade e progresso na
escala da evolução social, até atingir o estágio mais avançado ocupado pela sociedade industrial européia.
Essa explicação aparentemente "científica" que justificava a intervenção européia em outros continentes
era incapaz de explicar, entretanto, as dificuldades pelas quais passava a própria Europa. Naquela época,
como hoje, os frutos do progresso não eram igualmente distribuídos e nem todos participavam das
benesses da civilização. Inúmeros movimentos de reivindicação de camponeses e operários provavam
isso. Como o positivismo explicava essa distorção?

Uma visão crítica do darwinismo, social - ontem e hoje.


A transposição de conceitos físicos e biológicos para o estudo das sociedades e do comportamento
humano promoveu desvios interpretativos graves, que acabaram por emprestar uma garantia de
cientificismo a ações guiadas por preconceito e interesses particulares. Um desses desvios ocorreu com a
aplicação do conceito de espécie em Darwin para o estudo das diferentes sociedades e etnias.
Se o homem constitui biologicamente uma espécie, o mesmo não se pode dizer das diferentes
culturas que ele desenvolveu. O caráter cultural da vida humana imprime ao desenvolvimento das suas
formas de vida princípios diferentes daqueles existentes na natureza. Os princípios da seleção natural são
aplicáveis às formas de vida cujo comportamento é expressão das leis imperativas da natureza, ou seja,
aquelas incapazes de transformar o ambiente em favor da sua adaptação e sobrevivência. Hoje, percebe-se
que a complexidade da cultura humana tem concorrido para limitar a ação da lei de seleção natural. A
adaptabilidade do homem e a sua dependência cada vez menor em relação ao meio têm transformado o ser
humano numa espécie à qual a seleção natural se aplica de maneira especial e relativa. Mesmo autores que
continuam aceitando a idéia de que as leis de evolução explicam parte das escolhas realizadas pelo homem
admitem que o entendimento de como essa lei age deve se basear em critérios amplos, flexíveis e relativos
que dêem, conta da maravilhosa diversidade da cultura humana.
No entanto, uma aplicação leviana do conceito de espécie à análise da sociedade serviu, no século
XIX, como justificativa para a ação política e econômica européia sobre a África e a Ásia, sem que se
avaliassem as conseqüências do que se entendia, em termos sociais, por mais forte ou mais evoluído.
Identificar a especificidade das regras que regem as sociedades é fundamental para o uso de
conceitos de outras ciências. Ainda hoje, tenta-se essa transposição para justificar determinadas realidades
sociais. A regra darwinista da competição e da sobrevivência do mais forte é aplicada às leis de mercado,
principalmente pela doutrina do liberalismo econômico hoje batizada de neoliberalismo.
Pressupõe-se que competitividade seja o princípio natural - e, portanto, universal e exterior à
vontade e discernimento dos próprios homens - que assegura a sobrevivência do melhor, do mais forte e
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do mais adaptado. É preciso lembrar que o mercado, como outros elementos da cultura humana, obedece
a formas de organização social essencialmente humanas e- por essa razão, históricas-, resultantes do
desenvolvimento das relações entre os homens e entre as sociedades. E, portanto, mutáveis e relativas.
Essas idéias tiveram plena aceitação no século XIX, época de expansão européia sobre o mundo,
mas permaneceram vivas e atuantes depois da Segunda Guerra Mundial, quando novas potências se
firmaram no planeta: Estados Unidos da América e União de Repúblicas Socialistas Soviéticas. O poder
que elas exerceram sobre países sob sua influência baseava-se também na justificativa de estarem
libertando essas nações de forças conservadoras, implantando modelos mais avançados de vida política e
econômica.
E, recentemente, muitos acontecimentos que pautam as relações entre nações e etnias mostram
que o darwinismo social ainda tem muita força e justifica diferentes arbitrariedades cometidas por um
grupo sobre outro. Por exemplo, as intervenções dos Estados Unidos no Afeganistão (2001) e no Iraque
(1991 e 2003) vêm coroadas de princípios humanitários e libertários que ainda explicam as diferenças
sociais como diferença de graus de desenvolvimento e de evolução. É sob o mesmo princípio que os
movimentos nazi-fascistas, do passado e do presente, estruturaram-se para justificar a violência física,
política e ideológica contra os estrangeiros e etnias em seus respectivos países. Também a forma como são
tratados os refugiados estrangeiros que chegam à Europa, vindos de países mais pobres ou em conflito, faz
lembrar a crença na superioridade racial e étnica de um povo sobre outro.

ATIVIDADE

O texto acima expõe uma análise do capitalismo do século XIX. Elabore uma dissertação capaz
de demonstrar que você compreendeu o tema, tem informações sobre ele e sabe argumentar a
respeito dele. No desenvolvimento de sua redação, não deixe de tratar dos seguintes aspectos:

• A expansão geográfica dos mercados no século XIX


• As teorias socioculturais que nasceram como fruto dessa expansão
• A atualidade do tema.

Dê um título à sua dissertação.


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OBSERVAÇÕES DO PROFESSOR

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