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IPT techne
Edição 131 ano 16 fevereiro de 2008 R$ 23,00
Hospital São Luiz ■ Shanghai World Financial Center ■ Contenções ■ Gesso projetado ■Tilt-up ■ Casa sustentável
Hospital e
Maternidade
Guinada
São Luiz,
unidade Tatuapé
estrutural
Como um projeto concebido em aço transformou-se
num ousado balanço de concreto armado
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SUMÁRIO
CAPA
34 Balanço concreto
Hospital São Luiz mostra arrojo
arquitetônico e nos balanços
da estrutura
50 ARTIGO
Reciclagem de RCD de acordo com a
resolução no 307 do Conama
Um roteiro para implantação do Plano
Integrado de Gerenciamento dos
Resíduos da Construção Civil
60 COMO CONSTRUIR
Habitações de baixo custo mais
Fotos: Marcelo Scandaroli
sustentáveis
Os detalhes técnicos do protótipo
desenvolvido pela Universidade
Federal do Rio Grande do Sul
30 SHANGHAI WORLD
FINANCIAL CENTER
Conforto nas alturas
China prepara-se para inaugurar sua SEÇÕES
torre mais alta Editorial 2
Web 6
40 ALVENARIA ESTRUTURAL Área Construída 8
Blocos delgados Cartas 10
18 Norma abre espaço para uso de blocos
mais delgados
Índices
IPT Responde
12
13
Carreira 14
ENTREVISTA 42 TILT-UP Melhores Práticas 16
Arquitetura da baixa renda Jogo de montar Técnica e Ambiente 24
Arquiteto Wilson Marchi fala dos desafios Método eficiente de pré-moldar galpões P&T 54
de projeto dos condomínios populares Obra Aberta 57
46 CONTENÇÕES – Agenda 58
26 GESSO ESPECIAL 60 ANOS
Acabamento projetado Terras estáveis Capa
Os cuidados para preparar e projetar Sessenta anos de evolução contra a Layout: Leticia Mantovani
argamassas à base de gesso força da natureza Foto: Marcelo Scandaroli
1
editorial anu ok.qxd 6/2/2008 16:57 Page 2
EDITORIAL
Contracultura arquitetônica
VEJA EM AU
arquiteto Siegbert Zanettini é livre-docente da Faculdade de
O Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-
USP) desde 2001. Apesar de rejeitar o rótulo de especialista, é
reconhecido em todo o País como autoridade no uso do aço na
construção civil. Sempre que o assunto são estruturas metálicas
tem convite certo. Quem o ouve pela primeira vez parece estar
diante de um mestre renascentista, que se encanta com o pássaro, Novo terminal do aeroporto
mas faz questão de entender como ele pode voar. Enquanto colegas Santos Dumont, no Rio
mais novos lamentam as razões de o mercado de estruturas Especial PINI 60 ANOS –
Fechaduras
metálicas não ultrapassar os 4% no Brasil, Zanettini vê um fosso
mais profundo. O recorrente desejo político de manter o caráter
artesanal da construção civil no País para empregar grandes VEJA EM CONSTRUÇÃO
MERCADO
contingentes de mão-de-obra, o marketing irresponsável, o horror
das construtoras à industrialização e a falta de conhecimento sobre
o aço continuarão a ditar o mercado. O desconforto só não é maior
com a falta de cultura geral e de interesse técnico dos nossos
profissionais. Pela FAU-USP, coube a ele tocar o programa que
forma, desde 2005, em conjunto com a Escola Politécnica,
engenheiros-arquitetos e vice-versa, resgatando a dupla formação,
extinta no final dos anos 1940. É a visão holística que preocupa o Fusões
mestre. A obra de capa desta edição é um bom exemplo. Projeto de Especial Nordeste
Zanettini, a Unidade Tatuapé do Hospital e Maternidade São Luiz Arbitragem
migrou da estrutura metálica para o concreto armado quando os Tratamento de esgotos
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Vendas de assinaturas, manuais técnicos,
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publicados nesta edição ou estão relacionados aos temas acompanhados mensalmente pela revista
Arquitetura em balanço
Confira uma
Fórum Téchne
minientrevista com O site da revista Téchne tem um
Siegbert Zanettini, espaço dedicado ao debate técnico
arquiteto responsável e qualificado dos principais temas
pela nova unidade do da engenharia. Confira os temas
Hospital e Maternidade em andamento.
São Luiz, no bairro do
Tatuapé, em São Paulo. A corrupção de fiscais do Poder
O edifício, tema da Público aumentou com o atual
reportagem de capa boom imobiliário no Brasil?
deste mês, possui A corrupção é a pior atitude de uma
balanços escalonados, sociedade; é repugnante. Agora entendo
Marcelo Scandaroli
ÁREA CONSTRUÍDA
Arquiteto projeta megaedifício para 30 mil moradores
O arquiteto inglês Norman Foster com fachada em vidro. O edifício terá
ÍNDICES
Cimento recua
Depois de altas, cimento Portland CP II
deflaciona 2% em janeiro
Telhados
Quais os cuidados de dimensionamen- se tomar cuidados especiais frente ao arruelas de aço, caso estejam em contato
to e instalação de estrutura pronta me- risco de corrosão dos sistemas metáli- direto com o alumínio. Nas estruturas
tálica para telhado? cos. Em qualquer situação devem ser de aço galvanizado, por exemplo, cortes
Daniel Gonçalves P. do Nascimento evitadas frestas, pontos ou peças com e soldas a posteriori podem criar gran-
Por e-mail possibilidade de empoçamento de água, des diferenças de potencial.
contato de metais diferentes etc. Nas es- Ercio Thomaz
Além dos cuidados normais relativos ao truturas de alumínio, por exemplo, há Cetac-IPT (Centro de Tecnologia do Ambiente
dimensionamento de estruturas, deve- grande risco de corrosão de parafusos e Construído)
Pintura de metais
Para pintura de manutenção de estru- cionar previamente a estrutura. Não original. Havendo frestas, corrosão
turas metálicas é necessário retirar havendo falhas como descascamento, localizada ou outros defeitos, há que
toda a tinta até se chegar ao metal? Ou gretamento ou calcinação acentuada se remover toda a camada de pintura,
pode-se simplesmente pintar sobre a da película de pintura, pode-se sim- sanar problemas de frestas e reaplicar
tinta existente? plesmente realizar leve lixamento su- fundo anticorrosivo, para só depois
Geraldo M. Antunes Júnior perficial, limpeza e posterior apli- realizar a pintura.
Por e-mail cação de nova pintura que, em geral, Ercio Thomaz
deve ser constituída por tinta da Cetac-IPT (Centro de Tecnologia do Ambiente
No caso de repinturas, deve-se inspe- mesma natureza química que a tinta Construído)
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carreira.qxd 1/2/2008 17:45 Page 14
CARREIRA
Abram Belk
Atraído pela programação de computadores, trabalhou no desenvolvimento
de sistemas pioneiros de auxílio ao projeto estrutural
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melhores praticas.qxd 1/2/2008 18:08 Page 16
MELHORES PRÁTICAS
Steel deck
Execução de lajes demanda atenção na fixação das chapas
e cuidados durante a concretagem. Confira as dicas.
Fotos: Marcelo Scandaroli
Recortes
Montagem Eventualmente, nos cantos, ou no geometria da estrutura da edificação. Caso
contorno dos pilares, podem ser necessário, esses recortes poderão ser
Após o içamento dos fardos, os painéis
necessários recortes nas extremidades dos facilmente realizados mediante o uso de
individuais deverão ser retirados
painéis, para possibilitar o ajuste final na máquinas com discos para corte de metal.
manualmente e posicionados sobre o
vigamento, seguindo as cotas e medidas
indicadas no desenho de paginação.
É importante estar atento para o fato
de que as peças não sejam montadas
invertidas, "de cabeça para baixo".
Soldagem
Primeiramente, para a execução de cada
um dos pontos de solda bujão, deve-se
fazer uma abertura com diâmetro de
aproximadamente 16 mm na chapa
galvanizada do steel deck, podendo-se
utilizar para isso o próprio eletrodo de
solda. Em seguida, o interior da abertura
deverá ser preenchido com a deposição
do material de solda.
Vazios
Ao colocar as armaduras de reforço nas
aberturas sem vigas de contorno, o
construtor deverá também prever o uso
de uma fôrma lateral, em isopor ou
madeira, para que o concreto seja isolado
da região do vazio. É importante lembrar
que o steel deck somente deverá ser
recortado após a cura do concreto.
Stud bolts
A umidade é um fator que exerce uma aplicação dos conectores ocorra logo
influência desfavorável na solda dos após a montagem do steel deck,
stud bolts. Portanto, para que a impedindo a possibilidade de acúmulo
qualidade da solda não seja de água entre os painéis e a face
comprometida é recomendável que a superior das vigas de aço.
Concretagem
A concretagem das lajes deverá ser
realizada com cautela, de maneira a
evitar o acúmulo de materiais e de
pessoal sobre a plataforma.
Colaboraram Paulo Pimentel, gerente comercial da Metform, e Maria Regina Braga Lagonegro, arquiteta da Studio Brasil Arquitetura.
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entrevista anunc ok.qxd 1/2/2008 17:58 Page 18
ENTREVISTA
Arquitetura da baixa renda
Arquiteto fala do desafio de reduzir custos sem perder qualidade
Adriana Narciso
WILSON MARCHI
Formado há 15 anos pela FAU-USP
(Faculdade de Arquitetura e
Urbanismo da Universidade de São
Paulo), recebeu menção honrosa
pelo trabalho de graduação, em que
apresentou uma proposta de
requalificação urbana e implantação
de subprefeitura e teatro no bairro
paulistano de Pinheiros. Desde 1992
no escritório EGC Arquitetura,
tornou-se sócio de Elizabeth
Goldfarb em 2001. A atuação
principal voltou-se ao
desenvolvimento de projetos de
edifícios de escritórios e hoteleiros e
conjuntos residenciais. Após o
falecimento de Elizabeth, em 2004,
assumiu a gestão do escritório, que
s limitantes que costumam pautar produtos e sistemas construtivos, alme-
conta 400 empreendimentos
projetados, 300 obras executadas,
49 em construção e 51 em fase
A qualquer projeto de arquitetura
são potencializadas quando se trata de
jando sempre a racionalidade, confor-
me atesta Wilson Marchi. Catalisadora
de desenvolvimento. Marchi um empreendimento residencial para o das soluções empregadas, a arquitetura
é autor do livro Novas Tecnologias segmento econômico. Partindo da pre- pode interferir na escolha dos materiais
EGC Arquitetura. missa do baixo custo de construção,não e propor formas de baratear custos de
há escapatória, a primeira ação é a mais manutenção dos espaços. Ao lidar com
óbvia: reduzir o tamanho das unidades. repetitividade, apesar de sofrer com a
Ainda assim, é necessário atentar para a falta de personalização dos empreendi-
sempre presente necessidade de confor- mentos, tem a chance de retroalimentar
to e de manter baixos os custos condo- projetos e processos a partir do observa-
miniais e até mesmo de vida dos mora- do durante a construção e mesmo ope-
dores. Um dos motivos para que esses ração dos condomínios. Nesta entrevis-
empreendimentos, em geral, contem ta o arquiteto comenta sobre as nego-
com grandes quantidades de unidades é ciações com contratantes focados na re-
a possibilidade de diluir os investimen- dução de custos e especula sobre a má
tos para implantar equipamentos de remuneração dos profissionais, afir-
lazer ou mesmo creches. O papel do ar- mando que,embora o volume de proje-
quiteto é fundamental enquanto profis- tos seja maior – resultado do boom
sional capaz de realizar estudos de ergo- imobiliário – os custos e a complexida-
nomia, pesquisar sobre novas técnicas, de dos trabalhos também aumentaram.
Como definir um empreendimento esportivas. A qualidade se dá pelo con- tou em virtude do volume,mas as bases
destinado à população de baixa junto das soluções e por seus atributos, de honorários não sofreram alteração.
renda? Como projetar para esse como bom dimensionamento dos espa- Por outro lado, as despesas aumenta-
segmento? ços, conforto, segurança, entre outros. ram com a necessidade de adequar a es-
Legalmente estabeleceu-se que as trutura do escritório para atender à de-
habitações de interesse social são em- Os projetos são concebidos de manda. Assim, trabalhamos mais pelo
preendimentos que atendem à popula- forma a poderem ser replicados mesmo preço, agravado pela própria
ção com renda de até seis salários míni- indefinidamente. Que vantagens conjuntura do boom imobiliário, que
mos. Para que isso ocorra, as unidades e que problemas isso acarreta? lida com terrenos mais problemáticos
devem ter área e custo reduzido. Proje- Podem ser replicados, pois as uni- com relação a, por exemplo, documen-
tar para esse segmento significa focar o dades habitacionais respondem ao tação,contaminação do solo e desapro-
projeto em resultados de elevado de- programa de espaços que atendem a priações. Também há mais restrições
sempenho tecnológico com baixo cus- uma ampla gama populacional nos para a aprovação nos órgãos públicos
to, viabilizando a implementação e diversos aspectos. Evidentemente, as seja pelo tamanho dos empreendimen-
atendendo, ao mesmo tempo, a viabili- implantações são relativas à especifi- tos, pela indefinição da legislação ou
dade financeira do incorporador, a cidade dos terrenos. As vantagens por novas exigências.
qualidade dos espaços para o usuário estão no controle do projeto, do pro-
final e a adequada inserção urbana. cesso construtivo e do orçamento, Quais as demandas específicas de
pois se sabe de todas as interferências, condomínios para essa faixa de renda?
Em que sentido a arquitetura pode quantidades de materiais e respecti- Procura-se atender às demandas bá-
baratear os custos? É papel da vos custos. A obra, como um todo, fica sicas de lazer,como uma quadra esporti-
arquitetura buscar novas tecnologias mais controlada. No entanto, não é va, churrasqueira, salão de festas e play-
construtivas ou novos materiais? possível replicar os projetos indefini- ground. Em alguns empreendimentos
A arquitetura deve buscar o equilí- damente porque há a necessidade de grande porte o programa é mais ex-
brio entre a funcionalidade e qualidade constante de rever o programa, os sis- tenso, inclusive com a inclusão de cre-
nos espaços, aliando racionalidade temas construtivos, adequar às novas ches,já que a maioria dos casais trabalha
construtiva a especificações técnicas demandas culturais e econômicas. fora de casa. As demandas específicas se
adequadas e visando o baixo custo e a Também há a questão da identidade referem ao apoio para que as famílias
qualidade de vida para os futuros mo- de cada empreendimento, que para os possam ter tudo isso a um custo condo-
radores. Também deve maximizar a moradores é um fator importante. minial reduzido e localização que facili-
utilização das tecnologias existentes e te o acesso ao transporte público.
desenvolver pesquisas com novas técni- Contratualmente, como é resolvida
cas construtivas, materiais e processos. a questão da repetição de projetos? A quantidade de pessoas morando
As construtoras têm permissão de no condomínio é o que define as
Com menos espaço para trabalhar, utilizar o mesmo projeto de instalações a serem implantadas?
quais as diferenças fundamentais do arquitetura em outras obras? A quantidade de moradores define
projeto de arquitetura para Normalmente são definidas algu- as instalações de forma empírica, não
apartamentos e casas voltados para a mas torres padrão a serem replicadas. há regras ou parâmetros de projeto es-
baixa renda? Contratualmente essa repetição é resol- tabelecidos. Há algumas condições
O projeto deve buscar a maximiza- vida com a aplicação de um valor pela definidas pela legislação, mas que não
ção de todos os espaços, pois não há reutilização do projeto, como um ro- abrangem características específicas.
espaço para ociosidade. As plantas são yalty. A implantação dessa torre, a defi-
definidas a partir da organização rigo- nição das locações, das vagas, lazer, cotas Quais os aspectos técnicos mais
rosa do mobiliário e da ergonomia. de implantação e adequações necessá- difíceis de atender no projeto?
rias são remuneradas integralmente. As implantações dos empreendi-
É possível, mesmo com pouco mentos exigem muito de toda equipe.
espaço, garantir qualidade de vida Em geral há pouca disposição no A adequação à topografia, locação das
nesses empreendimentos? Como mercado de pagar por projetos? torres, vagas e áreas de lazer, coorde-
nascem esses projetos? Com o boom imobiliário os nadas com a legislação e os parâme-
A qualidade dos empreendimentos arquitetos estão trabalhado mais tros técnicos de baixo orçamento
é um pressuposto inicial. Os projetos pelo mesmo preço ou a remuneração criam um conjunto de diretrizes de
nascem da solução das unidades habita- melhorou? implantação que exige muita expe-
cionais e são definidos para que aten- Há disposição para pagar, mas riência e conhecimento.
dam a uma família. Os espaços coletivos menos do que o projeto, que concentra
são dimensionados para atender ao pro- a expertise e pode gerar economia para Qual é o papel da arquitetura na
grama mínimo de atividades de lazer e o empreendimento. A receita aumen- redução de custos de condomínio?
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entrevista anunc ok.qxd 1/2/2008 17:58 Page 20
ENTREVISTA
Tecnicamente as construções Como retroalimentar o processo da água para fins não potáveis não di-
atuais têm qualidade superior devi- para que as interfaces e soluções minui o custo da obra, mas diminui os
do ao controle tecnológico mais ri- sejam otimizadas a partir daquilo custos condominiais. Os custos de sis-
goroso. Os elementos da cadeia pro- que foi observado nas unidades já temas de reúso de água, tratamento de
dutiva têm sistemas de gestão e con- prontas e em uso? esgoto, energia solar ainda são eleva-
trole de qualidade, as normas técni- É necessário um trabalho rigoroso dos mas podem ser melhor absorvidos
cas são mais rigorosas e os processos e uma equipe de projetos bem articu- em empreendimentos com um grande
construtivos foram aperfeiçoados, lada, que realize uma análise crítica número de unidades.
além da implementação das avalia- dos resultados. Deve considerar o
ções pós-ocupação. Isso leva a uma projeto, a execução, a ocupação e a ve- Valorizar as áreas comuns, como salão
revisão mais criteriosa dos empreen- rificação de possíveis patologias para de festas, pode diminuir a importância
dimentos, focada na qualidade. possibilitar o aprimoramento de so- – e o custo – das unidades?
luções técnicas e executivas e assim Os espaços partem de programas
Como se dá a relação entre alimentar os projetos de arquitetura. mínimos. Então fica difícil substituir
sistema construtivo adotado e ou compensar uma área em outra. O
concepção de projeto É possível conciliar redução de que é possível é a complementação das
arquitetônico? custos com sustentabilidade? Como? unidades com as áreas coletivas.
A concepção do projeto arquite- Com a racionalização e redução
tônico deve estar totalmente harmo- de desperdícios na obra há contribui- As construtoras têm exigências mais
nizada com a melhor forma de utili- ção para a redução dos custos e do rigorosas para reduzir os custos?
zar o sistema construtivo. Para tanto é consumo de recursos naturais. Proje- Como o arquiteto estabelece limites
imprescindível que as equipes de ar- tos que garantam um bom desempe- para essas exigências?
quitetura e engenharia trabalhem de nho de iluminação e ventilação natu- Há, por exemplo, muita limitação
forma muito afinada para encontrar ral evitam o uso de equipamentos que de custos com relação à utilização dos
boas soluções. demandem gastos de energia. O reúso materiais de acabamento e elementos
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ENTREVISTA
TÉCNICA E AMBIENTE
Climatização econômica
Sistema de ar-condicionado conectado a central de automação reduz consumo
de energia elétrica em laboratório médico
Soluções sustentáveis
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materia_gesso.qxd 1/2/2008 17:35 Page 26
GESSO
Acabamento projetado
Tradicional, o gesso liso é largamente empregado em revestimentos internos. Uso
de equipamentos mecânicos aumenta produtividade, mas ainda tem altos custos
Prós e contras
É possível encontrar no merca-
do, assim, duas formas de uso do
gesso como revestimento interno. O
liso é aplicado manualmente, en-
quanto o projetado, em material
também conhecido como argamassa
de gesso projetada, tem como prin-
cipal aglomerante o gesso (sulfato de
cálcio hemidratado tipo beta, carbo-
nato de cálcio, cal hidratada e aditi-
Marcelo Scandaroli
27
materia_gesso.qxd 1/2/2008 17:36 Page 28
GESSO
1 4
2
5
8
Fotos: Marcelo Scandaroli
3 6
Cuidados de base
Antes de dar início à aplicação,
seja ela manual ou projetada, deve-se
observar se a superfície está limpa de
pó, óleo, graxas ou outro material que
1 4 possa diminuir sua aderência.
Se a superfície for lisa, como no
caso de estruturas de concreto, o gesso
liso pede aplicação de chapisco rolado
(ou na colher), ou à base de emulsão
adesiva. É preciso sempre verificar o
esquadro de encontro entre as paredes
e o teto, além dos alinhamentos verti-
cal e horizontal e o prumo.
Quando a técnica empregada for a
projetada, o gesso pode ser utilizado
para revestir superfícies de concreto,
2 5
blocos cerâmicos ou de concreto. "Ge-
ralmente, o traço é feito em 27 l de
água para cada saco de 40 kg de gesso,
Divulgação: Arga Jet Mix Revestimento de Gesso Projetado
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materia_shangai.qxd 1/2/2008 18:11 Page 30
RESUMO DA OBRA
Edifício: Shanghai World Financial
Center
Localização: Street No Z4-1, Lujiazui
Fabricados pela Mitsubishi Heavy Industry, e 4 m de altura, cada amortecedor pesa Financial Trade Center Area
os dois amortecedores trabalham em 150 toneladas. O objeto libratório ou Área do terreno: 30 mil m²
conjunto para limitar o movimento contrapeso, localizado no centro de cada Área construída: 381.600 m²
oscilatório da torre. Os contrapesos se amortecedor, trabalha num período Pavimentos: 101 acima do solo e
movimentam em oposição aos natural igual ao do prédio e pode ser três abaixo do solo
deslocamentos gerados pelos ventos movimentado em todas as direções, sendo Altura da torre: 492 m
fortes, detectados eletronicamente. Com controlado por um motor localizado no Proprietário: Shanghai World
9 m de largura x 9 m de comprimento topo do equipamento. Financial Center
Supervisão e projeto: Level-one
Architecture Institute of Mori Hill
sociates), escritório norte-americano horizontal 15% superior, provoca- Projeto de arquitetura: KPF
que carrega no currículo o cálculo es- da pela ação do vento em sua nova Cálculo estrutural: Lera (Leslie E.
trutural de construções famosas superfície. Para ganhar mais rigi- Robertson Associates)
como as Torres Gêmeas (World Trade dez, a antiga estrutura, composta Consultoria de projeto: Shangai
Center), em Nova York. A Lera tinha por um megapórtico externo e um Modern Architecture Design
como desafio enrijecer a estrutura da núcleo interno com pilares-parede (Group) Co.
torre, cuja altura foi aumentada de de concreto armado (concepção Construção: East China Architecture
460 m para 492 m. Sua base, que antes original da Ove Arup), foi converti- Design and Research Institute, China
media 55,8 m, passou a ter 58 m. da numa megatreliça externa com Architecture Engineering General,
o acréscimo de diagonais metáli- Shangai Construction (Group)
Adaptações cas, que conectam as vigas treliça- General Company Association
Mais largo e 32 m mais alto, o das, dispostas a cada 12 pavimen- Conclusão da obra: segundo
SWFC estará exposto a uma carga tos. "Isso era necessário, pois o mo- semestre de 2008
31
materia_shangai.qxd 1/2/2008 18:11 Page 32
Megaestrutura – A carga vertical é sustentada por quatro megapilares periféricos de concreto armado e pelo núcleo interno com
pilares-parede de concreto armado. Já a carga horizontal, originada pela ação do vento e por abalos sísmicos, é suportada em
conjunto por uma megatreliça externa e pelo núcleo de pilares-parede (shear-walls) conectados pelos outrigger truss. Grandes
vigas treliçadas, dispostas a cada 12 pavimentos, configuram anéis que, além de ter função estrutural, abrigam andares técnicos
e servem de apoio a pilares metálicos intermediários da fachada
492 m
101o pavimento
Elevadores 94o ao 100o
Dos 91 elevadores instalados no SWFC,
39 possuem cabine dupla (doublé-deck
elevators). Desses 39, 24 têm
supercabines duplas, com sistema
de ajuste de altura de piso. O edifício 79o ao 93o
é equipado com oito elevadores
exclusivos para a brigada de incêndio.
Em caso de emergência e necessidade
de evacuação da torre, os elevadores
normais podem ser utilizados por
usuários de cadeiras de rodas.
55o ao 77o
Escritórios: do 7o ao 77o andar
O pavimento-tipo possui 3,3 mil m²,
2,8 m de pé-direito e piso elevado
a 15 cm. Também podem ser
encontrados pavimentos com 3 m
de pé-direito e piso elevado a 30 cm.
Os escritórios podem abrigar uma
população total de
12 mil pessoas. 52o ao 53o
bem os esforços causados pelo vento e estrutura tubular dupla – não se- até 40% das acelerações horizontais
e terremotos. Mas como garantir o riam suficientes para reduzir o des- provocadas por um vento intenso.
conforto dos usuários diante dessas conforto dos usuários. "Mesmo durante um tufão, as pes-
vibrações estruturais causadas pela Projetados para minimizar a os- soas dentro da torre não sentirão a
ação do vento? Apesar de reduzirem cilação da estrutura, a instalação de construção oscilar", informa docu-
o movimento oscilatório causado dois atenuadores dinâmicos sincro- mento divulgado pela Mori Buil-
pela ação eólica, algumas das solu- nizados antivento (em inglês, anti- ding Company.
ções estruturais adotadas na torre wind tuned mass dampers) no topo Por Valentina N. Figuerola
chinesa – como os braços diagonais do edifício, promovem a redução de Colaborou: Ricardo Leopoldo e Silva França
33
capa_hospital sªo luiz.qxd 1/2/2008 17:34 Page 34
CAPA
Balanço
concreto
Edifício da unidade
Tatuapé do Hospital e
Maternidade São Luiz
tem complexo sistema
de distribuição de
cargas. Área em balanço
chega a 1.296 m²
3
1
2
RESUMO DA OBRA 4
Localização carão a UTI tradicional e a UTI neo- de materiais, farmácia e vestiários mé-
Antes da inauguração do edifício natal; no segundo pavimento, o centro dico e de enfermagem.
no Jardim Anália Franco, o Hospital cirúrgico e o obstétrico; e no terceiro, Do quarto ao último pavimento –
e Maternidade São Luiz contava um andar técnico receberá os equipa- onde ficarão os quartos de internação
com duas unidades em São Paulo, mentos que alimentarão o andar infe- – hospital e maternidade ocuparão
uma no bairro do Itaim Bibi e outra rior com energia, água e gases. A re- torres independentes, conectadas por
no Morumbi, ambos na zona Sul da gião central desses pavimentos terá passarelas metálicas. Entre as torres,
capital paulista. O novo local foi es- áreas de serviço comuns, como centro apenas um jardim externo no quarto
colhido para atender à demanda dos
moradores da zona Leste, que preci-
savam atravessar a cidade para che-
gar a esses locais.
O terreno ocupa a área de uma
quadra inteira de 8 mil m². Segundo
José Alberto Ramos D'Oliveira, dire-
tor técnico da Porte Construtora, que
executou o empreendimento, essa ca-
racterística lhes garantiram maior
tranqüilidade com a logística da obra.
"Não se tratava de um canteiro aper-
tado, com restrições ao trânsito de ca-
minhões", ressalta.
O edifício de sete pavimentos di-
vide-se em dois blocos, um para as
instalações do hospital, outro para a
maternidade. Os três primeiros pavi-
mentos são unidos e abrigarão ativi- Laje do andar técnico terá armadura reforçada para abrigar os pesados equipamentos
dades similares. No primeiro andar fi- que alimentarão salas de cirurgia do segundo pavimento
35
capa_hospital sªo luiz.qxd 1/2/2008 17:34 Page 36
CAPA
Armações inclinadas
2
x 5 C=
2 x 3 N46 ø12.5
2
x 3 C=
N 56
50 3
N 42
x5
2.
ø1
N5
2.
4
5
ø1
2
2 x 3 N47 ø12.5
x 3 ø1
2.
2
5C
x 5 10 C
N5 .5 C
=
C/
CO
2 /1
N5 =7
R
2
1 60
x 3 C=
ø1
10
6
66
N5 25 2 x C
3 0 3 =
2 x 3 N48 ø12.5
ø1
2.
5
Bielas comprimidas inclinadas a 45º foram a solução do projetista Virgílio Ramos para reduzir a deformação
lenta da estrutura na região dos balanços
V5
V32
L6
V28
V29
L3 V6
tal tem três subsolos, em que funcio- P20 P21
P33
P22 P24 P25 L10
116.340
L7
V7
V8 P124
Cs1 L9
L8
116.3
P50 P51
L12 P54 L11
do, refeitório, vestiário de funcioná-
V25
V12
V13 P62 P63 P64 P67 P68
P65 P66 P127 P128 P69
vagas. Segundo Carlos Alberto Alar- P60
L15 P61 L16 L17
V36
Bt61 L18
V15
P77
con, engenheiro da Portella Alarcon, P78 P79 L19
V35
P80 P96
V16 V17
V38
V18 V19
V31
P130
V37
V27
V34
Par.4
das fundações da obra, foram cerca de P88 P89 P90 P91 P92 P93 P129
Par.5 Par.6
37
capa_hospital sªo luiz.qxd 1/2/2008 17:34 Page 38
CAPA
V33
V5 P26
V32
L6
V28
V29
L3 L7 V6 P28
P20 P21 P22 P24 P25 V7 P27
L10 P124 L8
A laje do andar técnico, no terceiro P33
Bt33 P35
116.340 V8 Cs1 L9 116.340
L1
V9 V10 P40
pavimento, também exigiu do proje- P32 P34
P36 P37 P38
P39 P125
P126 P41 P42 P43 P44
V24
P57 P58
Base para os equipamentos que ali- P48
P52 P53 P55 P56
V23
V12 P71
mentarão o centro cirúrgico, ela preci- V13
P60
P61
P62 P63 P64
P65 P66
P67
P127
L16
P128
L17
P68
P69 P70
P72
L15
sava, ao mesmo tempo, suportar car-
V36
Bt61 L18
V15
P77 P78 P79 P82
L19
V35
P80 P96 P84
gas pontuais bastante elevadas e per- V16 V17
V38
P83
P76 P81 P97
Par.9
V18 V19
V31
V30
P94 P95 L20 P98 P99 P100
mitir futuras modificações de layout
Par.7
P130
V37
V27
V39
V34
Par.4 P102 P103
Par.5 Par.6
no pavimento. Por isso, não era possí- P88 P89 P90 P91 P92 P93 P129 P101
vel posicionar vigas de apoio na re- Planta do 3o pavimento com as posições dos pilares
gião: como em quase todos os demais
pavimentos do edifício,Virgílio a pro-
jetou como laje plana, nesse caso com nais. Todos esses pavimentos deve-
Armações reforçadas
30 cm de espessura. riam permanecer apoiados até a cura
completa da laje do quarto andar.
Execução De início, imaginava-se economi-
Como era de se esperar, a com- camente inviável manter todas as lajes
plexidade da estrutura de transição apoiadas sobre escoramentos metáli-
do edifício demandou procedimen- cos, durante cerca de dois meses, do
tos de execução meticulosamente terceiro subsolo ao quarto pavimento.
planejados. E nessa fase da obra, o 0 1,5
Tanto que o projeto executivo inicial
Detalhe do reforço das
destaque ficou com o sistema de es- das lajes dos pavimentos de transição
armações dos pilares em “U”
coramento das lajes. previa o escoramento com pilares
Sob a estrutura aparente, o hospi- provisórios, apoiados sobre funda-
tal tem três subsolos, em que funcio- ções no terceiro subsolo. Com isso
narão – além do pronto-socorro e do 11 m de escavação, do térreo à cota seria possível dispensar o escoramen-
centro de diagnósticos – almoxarifa- mais baixa dos subsolos. to permanente e os custos com alu-
do, refeitório, vestiário de funcioná- Por outro lado, toda a estrutura, guel do equipamento. No entanto,
rios e um estacionamento com 380 do primeiro ao terceiro pavimento, após uma rodada de negociações com
vagas. Segundo Carlos Alberto Alar- está pendurada por tirantes a vigas de o fornecedor, a Porte Construtora via-
con, engenheiro da Portella Alarcon, transição no quarto pavimento. Por- bilizou a solução: escoramento com
empresa responsável pela execução tanto, não era possível adotar uma se- torres metálicas triangulares do ter-
das fundações da obra, foram cerca de qüência executiva de lajes tradicio- ceiro subsolo ao quarto pavimento.
37
materia_blocos leve.qxd 1/2/2008 17:52 Page 40
ALVENARIA ESTRUTURAL
Blocos delgados
Com a evolução tecnológica, foi possível criar blocos estruturais de concreto
simples mais leves. Norma revisada adapta-se à nova realidade
41
TILT-UP
Jogo de montar
Quando é impossível recorrer ao pré-moldado industrializado,
o tilt-up viabiliza projetos de grande porte, vence distâncias,
otimiza custos e agiliza prazos
Francisco Oggi
década de 50, o método tomou im-
pulso e hoje é referência em sistema
construtivo", conta o engenheiro civil
Francisco Caçador, diretor técnico da
WTorre Engenharia, construtora es-
pecializada no sistema.
A partir de então, o tilt-up virou
sinônimo de processo pré-moldado
em canteiro. As peças são fundidas
sobre o piso e depois içadas para o
local definitivo. As paredes são auto-
portantes, e as lajes e a cobertura têm
a função de "travar" o conjunto. Isso
elimina pilares periféricos e exige
menos elementos de fundação.
No Brasil, o tilt-up chegou em 1989
por meio da Sociedade Torre de Vigia,
"para a construção de seu parque gráfi-
co com 210 mil m2 e mil apartamentos,
em Cesário Lange (SP)", lembra Oggi.
xecutar as paredes na horizontal, Thomas Edison, em 1906", ensina o Quatro anos depois,foi introduzido co-
E erguendo-as prontas depois "é
uma prática adotada desde o Império
engenheiro civil Francisco Oggi, con-
sultor em sistemas construtivos.
mercialmente pela WTorre Engenharia.
Romano", conta Ercio Thomaz, enge- O precursor do tilt-up foi o arqui- Difusão
nheiro civil, pesquisador do Cetac teto construtor americano Robert Hoje o tilt-up é um sistema consa-
(Centro Tecnológico do Ambiente Aiken, que em 1909 experimentou a grado e aplicado de Norte a Sul no ter-
Construído), do IPT (Instituto de novidade na construção do frontal da ritório nacional, e em todos os conti-
Pesquisas Técnológicas do Estado de Igreja Metodista em Zion-Illinois, nos nentes do planeta, tornando exeqüí-
São Paulo).No século 19,as edificações Estados Unidos. Ele construiu a pare- veis projetos de grandes dimensões e
de madeira também eram feitas dessa de pré-moldada de concreto sobre assegurando maior controle da obra.
forma – e até hoje nos Estados Unidos. um estrado, que depois foi elevado "Depois de 14 anos, no Brasil já exis-
Só no início do século 20, o méto- por uma plataforma basculante, tem vários projetistas e, pelo menos,
do foi reconhecido como sistema levando-a até a posição final. seis construtoras habilitadas no siste-
construtivo e passou a ser chamado de Após a Segunda Guerra Mundial, ma", afirma Oggi. "Não é mais neces-
tilt-up, que significa colocar para o tilt-up evoluiu e passou a ser muito sário importar os acessórios.Ao longo
cima ou de pé. No Brasil virou marca empregado nos Estados Unidos em desse tempo, foram desenvolvidos
registrada da Construtora Walter galpões industriais. "Com o surgi- fornecedores de insertos e de escoras
Torre Jr. "A invenção é atribuída a mento das máquinas de içamento e para o sistema", argumenta.
43
materia_tilt upxx.qxd 1/2/2008 17:40 Page 44
T I LT- U P
pões a partir de 3 mil m2 tornam o gumenta Oggi. Mesmo assim, o siste- truções pré-moldadas convencio-
processo imbatível", afirma Carbone, ma não exige muita fundação: para nais", ressalta Thomaz. "As paredes
que não indica o tilt-up para constru- cada painel, usa-se uma estaca. são justapostas e vedadas com juntas
ções pequenas e isoladas. Para o dimensionamento das pla- epoxídicas", esclarece Carbone. A es-
cas, Oggi lembra que se deve levar em trutura da cobertura é metálica, e as
Projeto e dimensionamento conta as cargas verticais – o próprio telhas podem também ser de concreto.
Tomada a decisão pelo tilt-up, na peso no momento do içamento (con-
hora de projetar, é preciso atender às dicionante do dimensionamento) e as Logística
normas brasileiras NBR 9062 (para cargas de lajes e coberturas –, cargas "Na maioria dos casos, não é ne-
pré-moldados), NBR 6118 (para con- horizontais – ação dos ventos na hora cessário o aumento de área para a
creto armado) e a americana ACI-318 da montagem (plano de escoramento) montagem, uma vez que os painéis
(específica para o sistema), "sempre e ação dos ventos depois de pronta –, e podem ser executados e montados
adequando-se a peça à capacidade do a flexão no plano do painel, devido à no interior da obra", afirma Vendra-
equipamento disponível",diz Carbone. interferência do contraventamento. mini. Conforme o número de placas,
Os painéis são moldados com con- "As peças só são protendidas quan- é possível otimizar o uso das fôrmas,
creto com fck maior que 25 MPa e aço do suas dimensões forem exorbitan- planejando o reúso assim que com-
CA50 e apresentam dimensão média tes", justifica o engenheiro civil João pletado o perímetro da obra. Quan-
de 5 x 18 m e espessura mínima de 12 Alberto de Abreu Vendramini, especia- do não há espaço suficiente, é possí-
cm. No entanto, há exemplos de obras lista em estruturas e diretor técnico da vel empilhar até seis painéis. Thomaz
com paredes de "até 28 m de largura e Engenharia Vendramini. Ou quando lembra que "as primeiras peças fun-
29 m de altura, pesando até 140 t", ar- se deseja economizar com o aço. didas serão as últimas a serem mon-
A versatilidade do sistema permi- tadas". Segundo ele, a seqüência de
te o planejamento das mais variadas montagem deve fazer parte de um
Arquivo/W Torre Engenharia
formas e aberturas, estas últimas inti- plano bem elaborado, a fim de eco-
mamente relacionadas às dimensões nomizar com o aluguel de guindastes
dos painéis. "É possível atender a pra- e principalmente acelerar a solidari-
ticamente todas as necessidades de zação do conjunto.
abertura com uma paginação ade-
quada", avisa Vendramini. Para edifí- Esquema de içamento
cios verticais, o projeto deve prever a A quantidade e o posicionamen-
sobreposição dos painéis. to das pegas são determinados em
Mecanismos para içamento e para função da geometria e do peso das
a solidarização das partes são planeja- paredes. Segundo Vendramini, o
dos ainda nesta etapa. São programa- mais costumeiro é o emprego de dois
dos insertos metálicos para as escoras pares de quatro pegas com duas li-
(que devem medir 60% da altura da nhas. No entanto, se as placas forem
placa); engastes, arranques, consoles, irregulares, planeja-se mais cabos.
O custo do aluguel e a taxa para encaixes, barras de espera ou luvas Oggi diz que em uma mesma obra é
mobilização do equipamento são rosqueadas para a união das peças possível ter diferentes configurações
fatores-chave para definir a viabilidade com piso, lajes e cobertura. "São recur- de cabos.
financeira do sistema sos similares aos adotados nas cons- Silvana Maria Rosso
Passo-a-passo
Francisco Oggi
pavimento deve ser executado com aço para início do içamento
equipamentos de última geração, das paredes.
dotados de sistema de nivelamento
automático a laser, com absoluta 6 Quando não houver espaço
garantia de elevadas resistências à interno ou o edifício for vertical,
flexão, compressão e abrasão, bem os painéis podem ser empilhados.
como planicidade e acabamento
final liso polido. 7 O içamento da parede até o local
definitivo é realizado por gruas
3 As fôrmas são montadas sobre o ou guindastes.
piso, definindo o desenho da
estrutura e das aberturas em uma 8 Instalada na posição final, a placa 8
seqüência determinada previamente, é escorada provisoriamente até
visando ao melhor aproveitamento de que seja solidarizada no piso, nas
Arquivo Carbone Construtora
9
45
materia_contencoes.qxd 1/2/2008 17:43 Page 46
Terras estáveis
Sistemas de contenção de taludes mais modernos evitam perda de área
e permitem escavações mais profundas
comparação entre a evolução de defesa e fortificações militares em mente a Estrada de Ferro de Petrópo-
A histórica das contenções de talu-
des e dos aterros e a evolução das téc-
terrenos bastante diversos.
Esses mesmos tipos de contenções
lis, em 1854, e a Companhia Estrada
de Ferro Dom Pedro II, em 1864, con-
nicas e tecnologias apenas brasileiras chegaram ao Brasil no século 18 para forme descrito no capítulo "Obras de
para o mesmo fim têm uma seme- serem aplicados em fortes costeiros, contenção: tipos, métodos construti-
lhança marcante: a demanda por sendo adotados também para obras vos, dificuldades executivas", do livro
novos conceitos. O desenvolvimento portuárias e de contenções urbanas, Fundações – Teoria e Prática, editado
das técnicas e tecnologias de conten- na Bahia e no Rio de Janeiro, quando pela PINI.
ção foi motivado pela expansão colo- da chegada da Corte portuguesa. "A Uma vez que as contenções se di-
nizadora européia, no século 16, que difusão só iria ocorrer com a expan- videm entre obras de corte e de aterro,
requereu a construção de estruturas são das obras ferroviárias", especial- as demandas evolutivas também são
Marcelo Scandaroli
Advento dos tirantes alterou a concepção das obras de contenção, que até então se baseavam no peso das estruturas e no
reaterramento dos taludes
Sofia Mattos
diferenciadas. As primeiras geral-
mente têm de lidar com a questão do
espaço – e por isso são comuns em
obras urbanas. Para as demais está
dentre os maiores desafios manter os
custos baixos, assim como a demanda
por mão-de-obra e materiais.
Tanto que, à época da escravidão
no Brasil, surgiram os chamados
"muros de cantaria". Os escravos,
cantando – e daí vem o nome –, em-
pilhavam pedras até que o peso fosse
suficiente para conter o aterro a ser
executado. Eram os primeiros muros
de gravidade, inspirados nas mais an-
tigas obras de contenção da humani-
dade, que remetem aos muros de al- Contenções com perfis metálicos e pranchões em madeira ou concreto surgiram para
venaria de argila na região sul da Me- diminuir as perdas de terreno
sopotâmia, construídos entre 3.200 e
2.800 a.C.
Os gabiões e o crib wall são a evo-
lução natural dessa técnica. O ocaso
Evolução
da segunda, estrutura formada por Tecnologias mais modernas propiciam maior produtividade, melhor
elementos pré-moldados montados aproveitamento do terreno e escavações mais profundas e seguras
em forma de fogueira e preenchida
Aterro
com material local, se deu justamente
em virtude dos primeiros. "Não lem- Sistema anterior – Muro de pedra Sistema atual – Muro de terra armada
bro de nenhum caso recente de uso de
crib wall, o gabião tem execução mais Aterro
Muro armado
simples", comenta Jaime Domingos
Marzionna, da Engeos Engenharia e
Geotecnia e professor assistente da
Canaleta
Escola Politécnica da USP (Universi-
dade de São Paulo).
Algo semelhante ocorre com os Slump de
muros de flexão e de contrafortes, que ancoragem
têm o lastro na própria terra. Perde-
Corte de talude
ram espaço para a chamada terra ar-
mada, em que há a formação de um
Sistema anterior – Muro de cortina Sistema atual – Muro de solo grampeado
corpo monolítico que atua de forma
única. Caso dos muros de geotêxteis, Cortina executada Tirantes
compostos por mantas dobradas. Os em cachimbos Drenos
gabiões, versáteis, também estão pre- 1
1
sentes nesse campo, quando recebem
telas compridas que atuam como ti-
rantes e reforçam o solo. "Quando não
é possível adaptar uma tecnologia, ela
cai em desuso", explica Marzionna.
47
materia_contencoes.qxd 1/2/2008 17:43 Page 48
Demanda por mais vagas de estacionamento levou ao uso intensivo dos subsolos, o que exigiu contenções que interceptassem o
lençol freático, caso das paredes-diafragma
Aportes tecnológicos ros, tornou-se necessário escavar causar problemas nos vizinhos. Já em
Em contrapartida, quando as tec- mais, levando à interceptação do len- 1995, na edição de número 14, a Téch-
nologias disponíveis não são suficien- çol freático. "Passou a ocorrer a mi- ne trouxe uma reportagem sobre a exe-
tes para atender às exigências de de- gração da tecnologia das grandes cução de paredes-diafragma para ob-
terminada situação, novas técnicas obras para as residenciais", explica. tenção de garagens subterrâneas.Alter-
surgem. Foi assim que, na década de O desenvolvimento dos materiais nativas a essa tecnologia são as estacas-
1960, começaram a surgir no País as foi fundamental para a evolução das secante e até mesmo o solo grampeado.
paredes-diafragma para a execução contenções. Atualmente o concreto A primeira, há cerca de oito anos no
da Linha 1 – Azul, do Metrô de São projetado com fibras vem ganhando Brasil, surgiu na Europa como forma
Paulo. Ao investir em pesquisa e téc- o espaço que antes era ocupado ape- de evitar o uso da lama bentonítica. O
nicas construtivas, "o Metrô foi o nas pelas telas metálicas, por exem- solo grampeado apresenta a desvanta-
grande propulsor das contenções", plo. "Até surgirem os tirantes, o con- gem de não poder atuar como funda-
conforme atesta Marzionna, que, em ceito era baseado no peso e no reater- ção para as lajes de subsolo."Hoje,além
1979, participou da construção da Es- ro", lembra Marzionna. Essa mudan- do desempenho, as soluções têm que
tação República do Metrô, que exigiu ça no conceito, apresentada na Téch- atender às questões de espaço, custo e
escavações de 30 m com parede-dia- ne no 10, em 1994, foi fundamental prazo", salienta Joppert.
fragma de 80 cm de espessura. para as obras urbanas, que passaram A preocupação com os custos
Outro fomentador das conten- a ocupar terrenos cada vez mais con- pode ser observada no crescimento
ções foi o desenvolvimento da indús- finados. "Por vezes o custo da cons- do solo grampeado em detrimento
tria automobilística nacional. Se até trução não é o da execução, mas do das soluções atirantadas. O primeiro
os anos 1960 os prédios não tinham que se perde em relação ao metro evita o uso de caras cordoalhas neces-
subsolo porque havia menos carros, quadrado da região", afirma Joppert. sárias ao atirantamento ao adotar
na década de 1980 já "era usual ter até Passaram a pautar as soluções três barras de aço CA-50, convencionais.
dois subsolos", conta Ivan Joppert, questões, principalmente: esbeltez da Embora eficaz, exige mais cuidado
professor da Escola de Engenharia do contenção para evitar qualquer perda por não facultar rigoroso controle
Mackenzie e sócio-diretor da Infraes- de terreno, possibilidade de executar as tecnológico quando da execução.
trutura Engenharia. Com mais car- fundações e a execução a prumo sem Bruno Loturco
48 Confira outras reportagens da Téchne sobre conteções em www.revistatechne.com.br TÉCHNE 131 | FEVEREIRO DE 2008
materia_contencoes.qxd 1/2/2008 17:43 Page 49
artigo.qxd 1/2/2008 17:36 Page 50
Reciclagem de RCD
de acordo com a resolução
no 307 do Conama
om este artigo, de forma resumida, óleo, de clínicas radiológicas e outros.
C será apresentado um roteiro para
implantação do PIGRC (Plano Inte-
José Roberto Troca
Engenheiro civil da Prefeitura
O desenvolvimento das cidades
brasileiras aumenta a demanda por
da Lavras (MG)
grado de Gerenciamento dos Resíduos novas moradias, ao mesmo tempo em
da Construção Civil) nos municípios que surge a construção de novas in-
de médio e pequeno porte. plementar seus projetos de Gerencia- dústrias, estradas, obras-de-arte e
O entulho começou a ser reciclado mento de Resíduos da Construção obras de infra-estrutura. Isso mostra a
após o término da 2a Grande Guerra. Civil, para estabelecer os procedimen- importância do ramo da construção
Na reconstrução das cidades euro- tos necessários ao manejo e destinação civil no crescimento do País e a in-
péias, houve a necessidade de aprovei- ambientalmente adequados dos resí- fluência das construções no meio am-
tar os escombros por falta de matéria- duos, a partir de 05/07/2004. biente. Tais projetos são desenvolvi-
prima, cuja demanda era grande. dos, geralmente, sem levar em conta
Com a aprovação da Resolução Com essa resolução, define-se a os impactos ambientais que, cada vez
no 307, de 05/07/2002, pelo Conama responsabilidade do poder público e mais agridem o meio ambiente. Há
(Conselho Nacional do Meio Ambien- agentes privados para a implementa- necessidade de se construir uma base
te), foram criados instrumentos que ção de planos integrados de gerencia- de conhecimento que sirva de refe-
determinam a responsabilidade do ge- mento dos resíduos de construção, rência para a resolução dos problemas
rador do RCD (Resíduo de Constru- criando condições legais para aplica- ambientais, tais como a poluição, o
ção e Demolição). Pode-se citar como ção da Lei 9.605/1988 que define os lixo e a geração de resíduos.
resumo principal da Resolução no 307 crimes ambientais. A partir da Resolução no 307 do
os seguintes itens: Segundo a Resolução no 307 do Conama verifica-se a necessidade da
1) É pressuposto dessa resolução, além Conama os resíduos de construção elaboração de um diagnóstico da si-
disso, que a responsabilidade pelos re- são classificados em quatro categorias: tuação atual do entulho nos municí-
síduos é do gerador; Classe A – São os resíduos reutilizáveis pios. Por meio dele, é possível conhe-
2) Municípios e Distrito Federal de- ou recicláveis como agregados de cons- cer o modo como municipalidade e
vem implementar a gestão dos resí- trução, pavimentação e pré-moldados. iniciativa privada (construtores e co-
duos da construção civil no Plano Inte- Classe B – São os resíduos recicláveis letores) vêm tratando o assunto, além
grado de Gerenciamento de Resíduos para outras destinações, tais como: de avaliar possíveis impactos ambien-
da Construção Civil, onde serão incor- plástico, papel/papelão, metal, vidros, tais, econômicos e sociais causados
porados o Programa Municipal de Re- madeira e outros. por deposições irregulares.
síduos da Construção Civil e Projetos Classe C – São resíduos onde não
de Gerenciamento de Resíduos da foram desenvolvidas tecnologias ou Responsabilidade do poder público
Construção Civil, oriundos de gerado- aplicações economicamente viáveis Elaborar um Plano Integrado de
res de pequenos volumes, a partir de para reciclagem. Ex.: gesso. Gerenciamento dos Resíduos da
05/07/ 2003; Classe D – São os resíduos perigosos Construção Civil, tendo como objeti-
3) Grandes geradores de RCD (nor- oriundos do processo de construção ou vos gerais:
malmente acima de 1 m3) devem im- demolição, tais como: tinta, solvente, a) Aprender a visão de diversos atores
51
artigo.qxd 1/2/2008 17:36 Page 52
ARTIGO
Na segunda etapa, após a prepara- questionário para 74 empresas cadas- conforme tabela 1, reconhecendo-se
ção de um roteiro semi-estruturado, tradas na Prefeitura Municipal de La- que eles não refletem a totalidade das
realizou-se um conjunto de entrevis- vras no ramo de atividades e serviços obras construídas na cidade. No caso
tas e coleta de dados, com a participa- de engenharia, arquitetura e constru- de Lavras, será agregada a essa estima-
ção das cinco empresas coletoras de ção civil, com a finalidade de saber tiva a expectativa da geração de entu-
entulho existente em Lavras (MG). Os como estão sendo gerenciados os resí- lhos nas edificações informais, que é
dados foram coletados quinzenal- duos pelas empresas ligadas à cons- bastante significativa.
mente, por um período de 12 meses, trução civil. Fechando essa triangula- Segundo Almeida (2005), a estima-
sempre com orientação aos proprie- ção, permitindo que se obtivessem a tiva da quantidade de resíduos gerada
tários das empresas, para que o preen- profundidade e amplitude que mar- em novas edificações é realizada com
chimento das planilhas espelhasse a cam os estudos de caso. base em indicadores de perdas, ampla-
realidade, evitando-se erros de quan- mente pesquisados nos últimos anos,
tidades muito discrepantes. Estimativa da quantidade de RCD em em diversas regiões brasileiras. A taxa
Devido à informalidade dos novas construções e volume de RCD de geração de resíduos apresentada é
transportadores autônomos não re- transportado por coletores privados proveniente de dados apresentados
gularizados (caminhonete, carroça) 1) Para estimar a quantidade de por Pinto (1999), podendo-se estimar
de pequenos volumes e à falta de resíduos gerados pelas novas edifica- que a construção convencional, técnica
condições de localização dos mes- ções em Lavras (MG), tomaram-se largamente utilizada pelo setor, gere
mos, optou-se em não considerar como ponto de partida informações desperdício na ordem de 25% do peso
esses volumes de RCD. relativas à concessão de alvarás de do material colocado na obra. Em
Na terceira etapa, foi enviado um construção, no período de 12 meses, média, metade desse percentual é reti-
rada dos locais de trabalho na forma de
entulho (150 kg/m2 ou 0,15 t/m2).
Tabela 1 – ALVARÁS EMITIDOS ENTRE OUTUBRO/2005 E SETEMBRO/2006 A Prefeitura Municipal de Lavras
Mês Alvarás Residencial Alvarás Comercial Alvarás Misto estima que 30% das construções sejam
Quant. Área (m2) Quant. Área (m2) Quant. Área (m2) informais.
Out/05 39 4.169,33 05 3.223,19 02 641,57 Sendo 30% construção informal,
Nov/05 28 2.983,73 02 509,65 03 1.764,80 logo, 70% será construção formal.
Dez/05 19 10.999,25* - - 02 212,38
Jan/06 23 1.940,15 03 3.331,34 - ---- Construção formal (com alvará):
Fev/06 19 2.178,10 02 667,53 01 2.138,20 66.950,00 m2 → 70%
Mar/06 33 3.523,00 01 231,90 - ---- X ← 100%
Abr/06 23 3.304,06 02 450,55 02 499,18 ↔ X = 95.643,00 m2/ano
Mai/06 19 2.818,63 05 1.188,30 03 3.289,17
Jun/06 46 4.876,74 01 157,30 02 403,06 Construção informal (sem alvará):
Jul/06 36 4.568,02 03 2.425,37 03 1.434,33 95.643,00 m2 → 100%
Ago/06 38 4.135,72 03 2.419,72 01 523,35 X ← 30%
Set/06 50 8.478,58 06 3.868,52 03 1.748,17 ↔ X = 28.693,00 m2/ano
Total anual 373 35.823,00 33 18.473,37 22 12.654,21
Total – provável área formal construída 66.950,58 Provável geração de resíduos em novas
* Implantação de casas de Cohab (9.248,85 m2) construções:
66.950,00 m2/ano + 28.693,00 m2/ano
= 95.643,00 m2/ano
Tabela 2 – ESTIMATIVA DA QUANTIDADE DO VOLUME DE RCD TRANSPORTADO
95.643,00 m2/ano x 0,15 t/m2 =
Período Entulho Entulho Poda Terra Outros
14.346,00 t/ano
out/05 obra reforma/
a set/06 nova demolição Logo: 25 dias úteis/mês x 12 meses =
(m3/ano) (m3/ano) (m3/ano) (m3/ano) (m3/ano) (m3/ano) 300 dias/ano
Empresa A 1.648 2.256 536 1.228 384 14.346 t/ano ≅ 48,00 t/dia
Empresa B 3.058 3.074 472 1.782 134 300 dias/ano
Empresa C 729 462 70 268 31
Empresa D 486 518 82 184 39 2) Para estimar a quantidade de re-
Empresa E* - 1.709 - 15.846 - síduos de RCD transportada foram
Total 5.921 8.019 1.160 19.308 588 coletadas informações junto às em-
*A empresa E trabalha com aterro e desaterro, em caminhões caçamba, logo, não presas de transporte de resíduos.
transporta entulho em caçambas Brooks. No entanto, em consultas com re-
53
p&t131.qxd 1/2/2008 18:35 Page 54
PASTILHAS
A Gail amplia a sua linha de
produtos e lança as pastilhas de COBERTURAS
vidro Vitra. Feita com 100% de A Jorsil lança uma nova
vidro não cortante, a coleção estrutura de aço galvanizado
conta com 22 opções de cores para telhados. Segundo a
lisas e oito em mesclas empresa, o produto é compatível
desenvolvidas em variados com qualquer projeto e tipo de
nuances de verde, marrom, azul, telha. Ela é composta por perfis
preto e cinza. que, parafusados entre si,
Gail formam, de acordo com a
(11) 6423-2600 fabricante, uma estrutura rígida
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p&t131.qxd 1/2/2008 18:35 Page 55
MINIBARRAMENTO
A Comsystel lança o Mini-Way
Alumínio, um minibarramento
com condutor elétrico em
alumínio. O produto é destinado
à iluminação de grandes áreas,
como shopping centers, DISJUNTOR
hipermercados e centros de Os produtos da nova linha de
ESCORAMENTO CONTENÇÃO distribuição, e alimentação de disjuntores DIN, da Lorenzetti
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caracterizam-se por seu sistema 120 anos de experiência potência, como em linhas de pontos de derivação de
de regulagem e fixação de mundial no controle da erosão, produção de alta tecnologia, alimentação. Isso garante, de
altura. Segundo a fabricante, o obras de contenção e proteção confecções e escritórios. acordo com o fabricante, maior
tratamento anticorrosivo em ambiental. A empresa presta Comsystel flexibilidade de conexão,
pintura epóxi garante ao assessoramento gratuito nas (11) 4158-2440. permitindo a alimentação do
produto maior durabilidade. fases de definição, projeto e www.comsystel.com.br sistema por um ponto e a
Ulma construção das obras que distribuição da energia no
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filtro de 7" é a primeira da nova
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representa uma linha de cubas e com tripla proteção e
lavatórios com design inspirado capacidade de vazão de até
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p&t131.qxd 1/2/2008 18:35 Page 56
FIXAÇÃO
A pistola DX 36M, da Hilti, é um
CORTE sistema de fixação à pólvora para
Os discos diamantados Irwin de concreto e aço. A ferramenta
BANHEIRA 180 mm são os mais resistentes semi-automática possui pente
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com a Banheira com Sistema de principalmente para materiais de potências. A pistola tem
Hidromassagem Ar e Água. Com PORTA PIVOTANTE abrasivos e para cortes mais silenciador integrado.
dimensões de 1,90 m x 1,10 m, As portas pivotantes fabricadas profundos. Os discos podem ser Hilti
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autoclavada produzida com Possuem sistema de fixação com
cimento Portland, quartzo e parafuso escondido, ideal,
fibras de celulose. Disponível segundo a fabricante, para
nas espessuras de 6 mm, 8 mm, aplicação em fachadas e
10 mm e 15 mm, o produto tem fechamentos laterais industriais.
1,2 m de largura e 2,4 m de Isoeste
comprimento. Segundo o (62) 4015-1122
fabricante, possui resistência à www.isoeste.com.br
flexão de 16 MPa.
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56
obra aberta-modelo.qxd 1/2/2008 17:33 Page 57
OBRA ABERTA
Livros
57
agenda.qxd 1/2/2008 17:18 Page 58
AGENDA
Seminários e 25 a 28/6/2008 dispositivos, condutores, fios, cabos e
Cinpar 2008 – 4o Congresso tendências do mercado.
conferências Internacional sobre Patologia e Fone: (11) 6914-9087
10 e 11/3/2008 Reabilitação de estruturas E-mail: info@alcantara.com.br
SNCC – Seminário Nacional da Aveiro (Portugal) www.feicon.com.br
Construção Civil no Brasil: desafios O congresso pretende discutir a evolução
e oportunidades do conhecimento nos domínios da 8 a 12/4/2008
Brasília patologia e a reabilitação das construções Expolux – Feira Internacional da
O seminário reunirá setor privado, poder e os novos materiais e técnicas Indústria da Iluminação
público e pesquisadores para debater os construtivas decorrentes desse São Paulo
processos construtivos e as perspectivas conhecimento A Expolux 2008 apresenta as principais
das cadeias produtivas; a gestão do E-mail: cinpar@civil.ua.pt tecnologias e inovações dirigidas ao setor
conhecimento como elemento de cinpar.web.ua.pt de iluminação, abrangendo produtos para
inovação que permite acompanhar as iluminação residencial, industrial e
transformações em curso e o papel da pública.
construção civil na inserção social.
Feiras e exposições E-mail: info@expolux.com.br
www.snccb.com.br. 19 a 22/2/2008 www.expolux.com.br
Vitória Stone Fair – 25a Feira
22 a 24/5/2008 Internacional do Mármore e Granito 29/4 a 2/5/2008
Sinco 2008 – IV Simpósio Internacional Serra (ES) Coverings
sobre Concretos Especiais A feira reúne os lançamentos de Orlando (EUA)
Sobral (CE) máquinas, equipamentos, ferramentas e A Coverings reúne os setores de
O evento discutirá os componentes dos insumos do mercado mundial. revestimentos cerâmicos, rochas
concretos especiais, características, www.vitoriastonefair.com.br ornamentais, utensílios e acessórios para
propriedades e possibilidades de cozinhas e banheiros, vidros, madeira,
aplicações. O Sinco é realizado pelo 11 a 14/3/2008 artesanato para revestimento,
Ibracon (Instituto Brasileiro do Revestir equipamentos, produtos da cadeia de
Concreto), Iemac (Instituto de Estudo São Paulo revestimentos (argamassa, rejunte,
dos Materiais de Construção) e a UVA Em sua sexta edição, o evento reunirá películas anti-ruptura, produtos
(Universidade Estadual Vale do Acaraú). novamente os maiores fabricantes de antiderrapantes, de limpeza e seladores).
Fone: (88) 3611-6796 revestimentos e fornecedores, A feira é a maior do setor em terras
www.sobral.org/sinco2008/ apresentando novidades e tendências, americanas e uma das principais do
além de dar oportunidade para realizar calendário internacional da área.
23 a 25/5/2008 negócios com o mercado nacional e E-mail: coveringsinfo@ntpshow.com
Eco Building – Fórum Internacional internacional. www.coverings.com
de Arquitetura e Tecnologias para a Fone: (11) 4613-2000
Construção Sustentável E-mail: revestir@vnu.com.br
São Paulo www.exporevestir.com.br
Cursos e treinamentos
O fórum fomentará a discussão sobre a 22 e 23/2/2008
construção sustentável por meio de 8 a 12/4/2008 A Concepção Estrutural na
conceitos de arquitetura fundamentais e 16a Feicon Batimat – Feira Arquitetura em Aço
complexos, a aplicação de materiais, Internacional da Indústria da Recife
tecnologias e soluções construtivas. Construção O curso pretende explicar a mecânica do
Haverá análises de casos, São Paulo comportamento do aço, dos sistemas
regulamentações e tendências de O evento apresentará novidades em estruturais e como executar edifícios
mercado nacionais e internacionais para a alvenaria e cobertura, esquadrias, utilizando estruturas em aço.
sustentabilidade na construção. instalações elétricas, hidráulicas, Fone: (11) 3816-0441
www.anabbrasil.org/ecobuilding2008 sanitárias, equipamentos elétricos, www.ycon.com.br
23/2/2008 6 a 11/4/2008
Gestão de Contratos na Construção Light + Building
Civil Frankfurt (Alemanha)
Porto Alegre A feira reúne questões que intercalam
Serão oferecidos conhecimentos básicos design da construção, iluminação,
para se resguardar juridicamente em eletrotecnologia e automação de casas e
contratações profissionais, seja como edifícios.
contratado para concepção de projetos, www.light-building.messefrankfurt.com
para a execução de obras ou na
contratação de prestadores de serviços na 14 e 15/3/2008
construção civil. A concepção estrutural na
Fone: (11) 2626-0101 arquitetura em concreto armado
E-mail: cursos@aeacursos.com.br Recife
www.aeacursos.com.br O objetivo do curso é esclarecer a
mecânica do comportamento do concreto
2/2008 armado e dos sistemas estruturais.
MBA na Poli/Usp Fone: (11) 3816-0441
São Paulo www.ycon.com.br
O Pece (Programa de Educação
Continuada da Escola Politécnica da USP) 20/3/2008
abriu inscrições para mais de 20 cursos A nova NB-1 e a tecnologia do
presenciais e à distância em Engenharia. concreto
Entre as opções de MBAs há as áreas de São Paulo
Tecnologia da Informação, Engenharia O curso pretende atualizar arquitetos,
Financeira, Real Estate, Gerenciamento de engenheiros e técnicos sobre a NBR
Facilidades, Energia, Gestão de Qualidade 6.118, que foi reescrita após 26 anos.
e Tecnologias Ambientais e de Produtos. A norma vigora desde abril de 2004 e está
Já entre os cursos de especialização há os direcionada para a durabilidade do
de Engenharia de Segurança no Trabalho, concreto, introduzindo modificações na
Gestão de Projetos de Sistemas especificação e aplicação do concreto, na
Estruturais – Edificações e Tecnologia participação conjunta dos profissionais
Metroferroviária. Entre os cursos à responsáveis pelo projeto, o uso
distância, três temas estão com inscrições concomitante e complementar das
abertas: Higiene Ocupacional Normas de Controle (NBR 12655:1996) e
(Especialização), Engenharia de Execução (NBR 14931:2003), a
Segurança no Trabalho (Especialização) e elaboração de documentação
Gestão e Tecnologias Ambientais (MBA). As comprobatória da qualidade da estrutura
inscrições para os cursos se encerram em e a criação da figura do Manual de Uso,
fevereiro de 2008. Inspeção e Manutenção a ser entregue
Fone: (11) 2106-2400 aos usuários da obra.
E-mail: atendimento@pece.org.br Fone: (11) 5574-7766
www.pece.org.br www.cma-ie.org.br
23/2, 1o e 8/3/2008
Estruturas Metálicas
Concursos
São Paulo Inscrições até 29/2/2008
O segundo módulo do curso promovido Holcim Awards
pela Abece (Associação Brasileira de A segunda edição do prêmio promovido
Engenharia e Consultoria Estrutural) pela Holcim Foundation reúne novamente
tratará de assuntos como flambagem projetos de construções sustentáveis de
lateral de vigas, elementos fletidos e todo o mundo. As construções
comprimidos, vigas esbeltas etc. participantes não podem ter sido iniciadas
Fone: 3097-8591 antes de 1o/6/2006 e o material deve ser
Email: abece@abece.com.br enviado em inglês.
www.abece.com.br www.holcimawards.org
59
como construir.qxd 1/2/2008 17:56 Page 60
projeção cobertura
8
1
4 7 9
10
5
3
projeção cobertura
1 Quarto (A = 8,95 m2) 5 Estar/cozinha (A = 18,31 m2) 8 Reservatório secundário (água de chuva)
2 Quarto (A = 8,59 m2) 6 Aquecedor 9 Reservatório
3 Varanda/acesso (A = 3,59 m2) 7 Área de serviço (A = 2,78 m2) 10 Coletor solar
4 Banho (A = 4,43 m2)
serviço e uma área de acesso coberta dotar essa fachada, que é a mais preo-
por pérgula. Em resposta às condicio- cupante quanto à incidência de radia-
nantes, gerou-se uma habitação de ção solar, de sombreamento durante
planta aproximadamente quadrada o verão. Por meio da inserção de vege-
(figuras 3 e 4), com reentrâncias nos tação caducifólia, esse sombreamento
espaços correspondentes à área de é obtido sem comprometimento à in-
serviço e à entrada. A área construída cidência solar durante o inverno, visto
resultante corresponde a 50,5 m², sen- que, no Rio Grande do Sul, ganhos
do que o projeto buscou priorizar os térmicos são desejáveis durante esse
seguintes aspectos: período. Na área de acesso, ao norte,
Acessibilidade universal: todos os foi adotada a mesma alternativa de
espaços de passagem, assim como o sombreamento com pérgulas e com Figura 4 – Maquete eletrônica do PCA
banheiro, foram projetados com es- vegetação caducifólia, gerando um es-
paçamentos adequados para a movi- paço aberto, propício ao convívio nas
mentação independente de idosos e diversas estações do ano. empreendimentos habitacionais de
deficientes físicos. Águas: dois sistemas foram implan- interesse social, normalmente fazen-
Adequação climática: os espaços tados. O primeiro é responsável pela do uso de soluções de "fim de tubo".
de maior permanência foram volta- captação e aproveitamento de água da Energia: foi prevista, também, a
dos para norte e leste, por serem as chuva para fins não potáveis.A água co- instalação de um coletor solar experi-
orientações solares mais adequadas letada do telhado é armazenada em um mental, de baixo custo, para aqueci-
para a cidade de Porto Alegre. Aqueles reservatório específico e reaproveitada mento de água. O objetivo principal
orientados para norte apresentam um para descarga do vaso sanitário. foi utilizar a energia solar – abundan-
pé-direito variável e, na parte mais O segundo corresponde a um sis- te e limpa – para substituir e/ou ame-
alta, foram posicionadas janelas com tema local, modular, de tratamento nizar a utilização da ducha elétrica,
o intuito de favorecer a iluminação das águas residuárias. É um sistema usada por mais de 70% da população
natural e a ventilação convectiva (fi- simplificado, que utiliza materiais co- brasileira e responsável por grande
gura 3). Essa diferença de altura é de- muns, requer pouquíssima manuten- parte do consumo de energia elétrica
terminada pela inclinação da cober- ção e não necessita de energia externa no horário de pico.
tura, que é constituída de duas águas para o seu funcionamento. Os resulta- Para complementar o aquecimen-
e, predominantemente, voltada para dos decorrentes de sua aplicação a vá- to de água no inverno e para propor-
sul, como artifício para a redução da rios projetos demonstram que esse cionar um melhor condicionamento
intensidade de incidência solar. sistema apresenta eficiência de trata- dos ambientes nesse período de frio,
A oeste da habitação foi implanta- mento muito superior ao de sistemas projetou-se, também, um aquecedor
da uma pérgula com o objetivo de convencionais, particularmente em que utiliza a biomassa como fonte
61
como construir.qxd 1/2/2008 17:56 Page 62
COMO CONSTRUIR
1 Vigas de concreto 15 cm x 20 cm
2 Blocos de granito parcialmente dados foram incluídos: como con-
reutilizados 22 cm x 22 cm x 22 cm templar aspectos de sustentabilidade
3 Camada de areia espessura= 3 cm em todas as atividades; elaboração de
cronogramas físico-financeiros, pla-
4 Camada de solo-cimento compactada nejamento e execução da obra, orga-
espessura= 30 cm
nização do canteiro de trabalho e se-
5 Argamassa adesiva pré-fabricada gurança dos trabalhadores.
6 Placas cerâmicas esmaltadas Dada a dificuldade de coordena-
7 Placas cerâmicas corrugadas não ção das atividades acadêmicas dos en-
esmaltadas volvidos, com aquelas de construção,
8 Argamassa de assentamento feita in loco somadas a uma série de circunstâncias
Contrapiso espessura= 5 cm que retardaram o início das obras, foi
9
contratado um pedreiro para acelerar
10 Lastro de pedra britada espessura=3 cm
as atividades de execução, mas ainda
11 Placas cerâmicas esmaltadas assentadas contando com a participação dos es-
com argamassa adesiva pré-fabricada e
tudantes. Os trabalhos executados
rejuntadas com argamassa feita in loco
apresentaram grande qualidade de
12 Revestimento em massa única acabamento e foram obtidos indica-
13 Alvenarias em tijolos maciços de cerâmica dores médios de perdas de materiais
vermelha assentados a chato (deitados) expressivamente pequenos, tomando-
espessura da parede= 10 cm
se como valores de referências os re-
14 Moldura em tijolos maciços sultados obtidos pelas pesquisas em
15 Janelas com barras de aço internas e vidros canteiros de obras nacionais. Houve
transparentes espessura= 3 mm grande preocupação do grupo partici-
16 Esquadrias de madeira de eucalipto: pante quanto à minimização de resí-
cinco portas e sete janelas duos gerados e de consumo de recur-
Tratamento alternativo com dois tipos sos naturais excedentes. Como resul-
de mistura: óleo de linhaça diluído em tado, o consumo, em massa, excedeu
essência de terebintina, produto
biológico e água em apenas 7,0% a quantidade de ma-
teriais estimada.
17 Janela com venezianas e vidro Onde identificada a possibilidade,
transparente 3 mm
práticas de reaproveitamento de ma-
18 Chapas de off-set reaproveitadas de gráficas teriais foram empregadas. Além das
19 Arremates laterais: tábuas de cedrino reutilizações já mencionadas, o pe-
20 Acabamentos em aço galvanizado queno volume de caliça resultante da
construção da edificação foi emprega-
21 Telhas cerâmicas não esmaltadas
do no leito de evapotranspiração do
(tipo romana)
sistema de tratamento de esgotos e na
22 Ripas: sarrafos de cedrinho conformação do paisagismo local, de
23 Caibros: tábuas de pínus e cedrinho forma que, ao final do processo, ne-
justapostas parcialmente reutilizadas
nhum resíduo precisou ser transpor-
24 Forro: ripas de cedrinho tado para fora do canteiro de obras.
25 Vigas de concreto
(dimensões 16 cm x 25 cm) Subsistemas do protótipo
26 Pergolado norte O Protótipo Casa Alvorada é des-
crito a seguir, segundo seus subsiste-
27 Pergolado oeste
mas (figura 7):
28 Linhas de eucalipto (Eucalyptos Grandis Fundações: executadas em pedras
e Eucalyptos Salignas)
de granito (parcialmente reaproveita-
29 Linhas de eucalipto (Eucalyptos Grandis das), sobre camada compactada de
e Eucalyptos Salignas)
solo-cimento, coroadas por vigas de
30 Vigas de concreto concreto com seção de 15 cm x 20 cm,
(dimensões 15 cm x 15 cm) impermeabilizadas com emulsão as-
31 Blocos de granito parcialmente reutilizados fáltica elastomérica.
Pisos: placas cerâmicas esmalta-
Figura 7 – Composição dos subsistemas do PCA das e não esmaltadas, lastro de pedra
63
como construir.qxd 1/2/2008 17:56 Page 64
Avaliações posteriores
Fotos: acervo pessoal