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capa tech 131.

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a revista do engenheiro civil


téchne 131 fevereiro 2008


www.revistatechne.com.br

apoio
IPT techne
Edição 131 ano 16 fevereiro de 2008 R$ 23,00
Hospital São Luiz ■ Shanghai World Financial Center ■ Contenções ■ Gesso projetado ■Tilt-up ■ Casa sustentável

SHANGHAI COMO CONSTRUIR


FINANCIAL CENTER Casa + sustentável
O maior edifício
da China GESSO
Revestimento
projetado

Hospital e
Maternidade

Guinada
São Luiz,
unidade Tatuapé

estrutural
Como um projeto concebido em aço transformou-se
num ousado balanço de concreto armado
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SUMÁRIO
CAPA
34 Balanço concreto
Hospital São Luiz mostra arrojo
arquitetônico e nos balanços
da estrutura

50 ARTIGO
Reciclagem de RCD de acordo com a
resolução no 307 do Conama
Um roteiro para implantação do Plano
Integrado de Gerenciamento dos
Resíduos da Construção Civil

60 COMO CONSTRUIR
Habitações de baixo custo mais
Fotos: Marcelo Scandaroli

sustentáveis
Os detalhes técnicos do protótipo
desenvolvido pela Universidade
Federal do Rio Grande do Sul

30 SHANGHAI WORLD
FINANCIAL CENTER
Conforto nas alturas
China prepara-se para inaugurar sua SEÇÕES
torre mais alta Editorial 2
Web 6
40 ALVENARIA ESTRUTURAL Área Construída 8
Blocos delgados Cartas 10
18 Norma abre espaço para uso de blocos
mais delgados
Índices
IPT Responde
12
13
Carreira 14
ENTREVISTA 42 TILT-UP Melhores Práticas 16
Arquitetura da baixa renda Jogo de montar Técnica e Ambiente 24
Arquiteto Wilson Marchi fala dos desafios Método eficiente de pré-moldar galpões P&T 54
de projeto dos condomínios populares Obra Aberta 57
46 CONTENÇÕES – Agenda 58
26 GESSO ESPECIAL 60 ANOS
Acabamento projetado Terras estáveis Capa
Os cuidados para preparar e projetar Sessenta anos de evolução contra a Layout: Leticia Mantovani
argamassas à base de gesso força da natureza Foto: Marcelo Scandaroli

1
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EDITORIAL
Contracultura arquitetônica
VEJA EM AU
arquiteto Siegbert Zanettini é livre-docente da Faculdade de
O Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-
USP) desde 2001. Apesar de rejeitar o rótulo de especialista, é
reconhecido em todo o País como autoridade no uso do aço na
construção civil. Sempre que o assunto são estruturas metálicas
tem convite certo. Quem o ouve pela primeira vez parece estar
diante de um mestre renascentista, que se encanta com o pássaro,  Novo terminal do aeroporto
mas faz questão de entender como ele pode voar. Enquanto colegas Santos Dumont, no Rio
mais novos lamentam as razões de o mercado de estruturas  Especial PINI 60 ANOS –
Fechaduras
metálicas não ultrapassar os 4% no Brasil, Zanettini vê um fosso
mais profundo. O recorrente desejo político de manter o caráter
artesanal da construção civil no País para empregar grandes VEJA EM CONSTRUÇÃO
MERCADO
contingentes de mão-de-obra, o marketing irresponsável, o horror
das construtoras à industrialização e a falta de conhecimento sobre
o aço continuarão a ditar o mercado. O desconforto só não é maior
com a falta de cultura geral e de interesse técnico dos nossos
profissionais. Pela FAU-USP, coube a ele tocar o programa que
forma, desde 2005, em conjunto com a Escola Politécnica,
engenheiros-arquitetos e vice-versa, resgatando a dupla formação,
extinta no final dos anos 1940. É a visão holística que preocupa o  Fusões
mestre. A obra de capa desta edição é um bom exemplo. Projeto de  Especial Nordeste
Zanettini, a Unidade Tatuapé do Hospital e Maternidade São Luiz  Arbitragem
migrou da estrutura metálica para o concreto armado quando os  Tratamento de esgotos

custos apontaram uma diferença de 25%. Sem lamentar, Zanettini


dispensou a idéia de uma "caixa de concreto" e recorreu a balanços VEJA EM EQUIPE DE OBRA
escalonados, para "pendurar" os primeiros andares em uma
estrutura rígida no quarto pavimento. Enquanto a Cia de
Engenharia Civil, do engenheiro Virgílio Ramos aceitava o desafio
de projetar uma estrutura tão inusitada e complexa, Zanettini tecia
pacientemente uma transição bem-sucedida. Autor de projetos
marcantes tanto em aço quanto em concreto armado, o professor
brindou a zona Leste da capital paulista com uma construção
ousada e, ao mesmo tempo, equilibrada.  Concreto estampado
 Cálculo de telhas
 Planta de alvenaria
Paulo Kiss  Instalações de PPR

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Confira no site da Téchne fotos extras das obras, plantas e informações que complementam conteúdos
publicados nesta edição ou estão relacionados aos temas acompanhados mensalmente pela revista

Arquitetura em balanço
Confira uma
Fórum Téchne
minientrevista com O site da revista Téchne tem um
Siegbert Zanettini, espaço dedicado ao debate técnico
arquiteto responsável e qualificado dos principais temas
pela nova unidade do da engenharia. Confira os temas
Hospital e Maternidade em andamento.
São Luiz, no bairro do
Tatuapé, em São Paulo. A corrupção de fiscais do Poder
O edifício, tema da Público aumentou com o atual
reportagem de capa boom imobiliário no Brasil?
deste mês, possui A corrupção é a pior atitude de uma
balanços escalonados, sociedade; é repugnante. Agora entendo
Marcelo Scandaroli

com estrutura em que não existe corrupção somente por


concreto armado. parte do poder publico, porque o poder
público é composto por pessoas que
saíram da sociedade. Devemos educar a
sociedade para que ela não se corrompa.
Soraya Sayeg Luisi [08/12/2007]
Shanghai World
Financial Center Quais os desafios a serem
vencidos para atuar no mercado
Confira fotos do canteiro de
habitacional de baixa renda?
obras, dos elevadores de obra e
Creio que o maior desafio será dar
da megamaquete do SWFC
moradia digna de fato à população de
(Shanghai World Financial
baixa renda. Afinal, as incorporadoras
Center). Previsto para ser
estão profissionalizadas e capitalizadas o
concluído antes das Olimpíadas
Imagens: divulgação Mori Building

suficiente para construir habitações


de Beijing, o SWFC será o edifício
mais baratas, que caibam no orçamento
mais alto da China, com 492 m.
dessas famílias. O problema, no entanto,
é garantir que essas habitações, além de
baratas, estejam bem localizadas, não
apresentem manifestações patológicas
e atendam às expectativas dos seus
futuros moradores. Temo, no entanto,
que isso não deve ocorrer, visto que os
Contenções em revista condomínios de baixa renda estão
Veja uma seleção das principais sendo "jogados" para as regiões
reportagens da Téchne sobre contenções, periféricas, mal localizadas, com pouca
entre elas: entrevista com o especialista preocupação dos órgãos públicos em
em fundações Ivan Joppert; obras de planejar os grandes fluxos de pessoas
contenção do hospital Albert Einstein, em que serão gerados com esses
São Paulo; e "como usar geossintéticos". empreendimentos. Ademais, o setor já
O material está disponível como extra da se mostra interessado em importar
Marcelo Scandaroli

reportagem "Terras estáveis", que traz um materiais da China, o que preocupa no


histórico da evolução das técnicas de tocante à qualidade.
contenções nos últimos 60 anos. Claudio L. do Nascimento [01/02/2008]

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ÁREA CONSTRUÍDA
Arquiteto projeta megaedifício para 30 mil moradores
O arquiteto inglês Norman Foster com fachada em vidro. O edifício terá

Foster & Partners


apresentou ao Conselho de Arquitetos um átrio de 150 m de altura, que se
de Moscou e aos habitantes da cidade abrirá no verão para refrescar a área
o projeto do que seria o maior edifício comum central. Terraços com jardins
habitável do mundo. A construção, a de inverno serviriam de barreira para
ser erguida às margens do Rio Mos- proteger o complexo das temperaturas
cou, que corta a capital da Rússia, po- extremas comuns em Moscou. O
derá servir de residência para até 30 custo total da obra, que poderia ser
mil pessoas. Concebido para ser uma executada, de acordo com o arquiteto,
"cidade dentro da cidade", o complexo em seis anos, é estimado em US$ 4,5
contará com hotéis, museus, comér- bilhões e já tem autorização prévia do
cio, cinemas e residências. A 7,5 km do governo da cidade. Norman Foster
Kremlin, sede do governo russo, a es- projetou, entre outros, o novo estádio
trutura de 2,5 milhões de m² de área de Wemblei, em Londres, o Viaduto
total construída – o equivalente a cerca de Millau, na França, e o Commerz-
de 380 campos de futebol – terá for- bank Tower, edifício de 56 andares,
mato espiralado e 450 m de altura, em Frankfurt, Alemanha.

Prefeitura de SP volta a investir no Metrô Curitiba terá um dos


maiores edifícios de
O projeto de Orçamento da Prefeitu- toriza o município a investir no
alvenaria estrutural do Sul
ra de São Paulo para 2008, aprovado Metrô o mesmo valor destinado ao
pela Câmara de Vereadores, desti- pagamento do acordo da dívida fe- A Construtora Baú construirá em
nará cerca de R$ 2 bilhões para o deral, ou seja, 13% da receita líquida Curitiba um dos maiores edifícios em
Metrô da cidade. O investimento não municipal. O valor seria suficiente alvenaria estrutural da região Sul.
acontecia desde a década de 1970, para o financiamento da construção Localizado no bairro Água Verde, o Felice
quando o controle ficou completa- de 1 km/mês de linha de Metrô. O Condomínio Club terá dois subsolos,
mente com o Governo do Estado. A Orçamento total da Prefeitura para térreo e duas torres com 19 pavimentos
emenda, aprovada pela Câmara, au- 2008 é de R$ 25,2 bilhões. cada, sendo um pavimento dúplex
inferior e um superior, totalizando 180
apartamentos. A solução foi adotada,
Construtora readequa curso de alfabetização principalmente, para reduzir em dois
meses o prazo de entrega da obra do
de trabalhadores empreendimento. A logística do canteiro
A MPD-KC atualizou seu projeto menor, segundo a empresa, é possí- também foi levada em consideração,
de alfabetização de trabalhadores vel evitar a evasão dos alunos e au- pois o terreno encontra-se em um
nos canteiros de obras, o Cons- mentar o aproveitamento durante o miolo de quadra com apenas um acesso
truindo Letras. Desenvolvido em período de aprendizado. Ao con- estreito, e o uso de blocos facilitaria o
parceria com a Adventto Ética e Ci- cluir o curso, o trabalhador faz uma fluxo de fornecimento de materiais e
dadania Empresarial, o curso teve prova em uma das escolas da rede componentes. O prazo de execução do
sua duração reduzida de nove para pública para receber o certificado edifício, cujos apartamentos foram
quatro meses. Segundo a MPD-KC, até a 4a série. As aulas têm duração completamente vendidos em dois
o novo formato do curso, já certifi- de duas horas, iniciando depois do meses após o lançamento, será de 18
cado pelo MEC, foi adaptado à rea- expediente, às 17h30, sempre de se- meses. A alvenaria será realizada em
lidade do setor. Com uma duração gunda a quinta-feira. nove meses.

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Balanço mostra impactos do Programa Habitare


De 1995 até o final de 2007, o Pro- tos desenvolvidos por universidades e incorporar requisitos da constru-
grama Habitare (Programa de Tec- de todo o País. Orientações para ção mais sustentável são alguns
nologia de Habitação), da Finep (Fi- substituição de contaminantes em exemplos de resultados das pesqui-
nanciadora de Estudos e Projetos), tintas; metodologias para aproveita- sas financiadas pelo programa da
destinou R$ 21,6 milhões para pes- mento do resíduo da construção; Finep. Outros impactos tecnológi-
quisas na área de tecnologia do am- materiais alternativos como telhas cos, econômicos, sociais e ambien-
biente construído. O aporte finan- em fibrocimento e blocos com cin- tais do programa estão reunidos em
ceiro, que tem apoio da Caixa Eco- zas; uma vila ecológica na Amazônia uma edição especial da Revista Ha-
nômica Federal e do CNPq, é distri- e casas-modelo que mostram como bitare, disponível no portal do pro-
buído na forma de bolsas para proje- a habitação social pode ter qualidade grama (www.habitare.org.br).

IPT tem novo presidente


O engenheiro mecânico João Fernando nharia de Produção da EESC (Escola de
Gustavo Uribe

Gomes de Oliveira assumiu em janeiro Engenharia de São Carlos da USP) e fez


o cargo de diretor presidente do IPT pós-doutorado nos Estados Unidos, na
(Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Universidade da Califórnia – Berkeley.
Estado de São Paulo). Escolhido pelo É presidente da Agência de Inovação
Conselho de Administração do IPT, Fábrica do Milênio e coordenador do
Oliveira terá um mandato de dois anos Instituto Fábrica do Milênio, projeto
e substituirá no cargo o engenheiro nacional que tem por objetivo promo-
civil Vahan Agopyan. Oliveira é profes- ver o desenvolvimento tecnológico-in-
sor titular do Departamento de Enge- dustrial brasileiro.
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CARTAS Envie sua crítica ou sugestão.


techne@pini.com.br

Agradecimento Revisão de normas Associação assume o compromisso


com determinada norma e gerencia os
Na edição 127 da Téchne foi publicado Sobre o editorial da Téchne 91 ("Velhas
trabalhos; 4) Finalizada pela Associa-
artigo de minha autoria com minha Normas"), apresento "uma boa idéia
ção, a norma vai à ABNT para consul-
orientanda, Rosiany Paixão, intitulado para fazer a normalização brasileira
ta pública; 5) Realizam-se as revisões
"Revestimentos de argamassa com fi- andar melhor". Para que isso ocorra,
no texto, e a ABNT emite a norma.
bras de polipropileno". Ao final, deixa- toda a classe da construção civil deve-
Luiz Geraldo Crespo Arruda
mos de colocar os agradecimentos. O rá participar. As Associações de classe
Consultor em Construções Sustentáveis
artigo foi resultado de pesquisa finan- de Engenharia e Arquitetura podem,
ciada com recursos da Fapesp (Funda- de forma voluntária, participar da ela-
ção de Amparo à Pesquisa do Estado de boração e revisão das normas técnicas,
São Paulo) e do Consitra (Consórcio via delegação da ABNT.
Erramos
Setorial para Inovação em Tecnologia Proponho a utilização de "Grupos de As obras do empreendimento Ventura
de Revestimentos de Argamassa) em trabalho descentralizados via Associa- Corporate Towers, tema da reporta-
conjunto com a Finep (Financiadora ções de classe", e a seguinte seqüência: gem “Complexo Verde” (Téchne 129),
de Estudos e Pesquisas), a quem eu e 1) ABNT emite roteiro para elabora- estão a cargo de um consórcio forma-
minha orientanda agradecemos. ção e/ou revisões das normas. A do pela Camargo Corrêa Desenvolvi-
Mercia Maria Bottura de Barros "Norma para elaborar normas"; 2) mento Imobiliário e Método Enge-
Professora da Escola Politécnica da Universidade de ABNT comunica quais normas devem nharia. Esta última não foi citada na
São Paulo ser elaboradas e/ou revisadas; 3) Cada reportagem da Téchne.
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ÍNDICES
Cimento recua
Depois de altas, cimento Portland CP II
deflaciona 2% em janeiro

índice global do IPCE iniciou o


O ano de 2008 com alta de 0,35%,
percentual inferior à inflação de
1,09% apresentada pelo IGP-M da
Fundação Getúlio Vargas.
A alta do IPCE foi impulsionada
pelo reflexo das altas no preço do ci-
mento ocorridas nos últimos meses e
também pelo repasse de alguns fabri-
cantes. No entanto, após meses de
grandes altas, o cimento Portland CP
II volta a apresentar deflação. Apesar
de nos últimos 12 meses o insumo ter
apresentado alta de 17,25%, em janei-
ro seu preço caiu cerca de 2,00%. O Data-base: mar/86 dez/92 = 100
saco de 50 kg que custava R$ 15,83 Mês e Ano IPCE – São Paulo
passou a custar R$ 15,51. global materiais mão-de-obra
O bloco de concreto de vedação Jan/07 110.759,12 53.568,36 57.190,76
apresentou reajuste pelo segundo mês fev 110.716,18 53.525,42 57.190,76
consecutivo devido aos aumentos mar 110.289,87 53.099,11 57.190,76
passados no preço do cimento. O abr 110.315,81 53.125,06 57.190,76
bloco de concreto passou de R$ 1,11, mai 113.722,37 53.493,24 60.229,13
em dezembro de 2007, para R$ 1,18, jun 113.900,14 53.671,02 60.229,13
em janeiro de 2008, apresentando rea- jul 114.065,53 53.547,83 60.517,71
juste de 6,29%. ago 114.197,13 53.679,42 60.517,71
Altas devido aos repasses dos fa- set 114.636,80 54.119,10 60.517,71
bricantes ocorreram com a manta bu- out 114.860,42 54.342,72 60.517,71
tílica e o vidro temperado incolor, que nov 115.225,62 54.707,92 60.517,71
inflacionaram 10,91% e 4,14%, res- dez 115.335,12 54.817,42 60.517,71
pectivamente. A manta butílica pas- Jan/08 115.733,11 55.215,41 60.517,71
sou de R$ 45,68 para R$ 50,67 o metro Variações % referente ao último mês
quadrado. Já o vidro temperado inco- mês 0,35 0,73 0,00
lor passou de R$ 165,10 para 171,95 o acumulado no ano 0,35 0,73 0,00
metro quadrado. acumulado em 12 meses 4,49 3,07 5,82
Construir em São Paulo ficou, em Metodologia: o Índice PINI de Custos de Edificações é composto a partir das
média, 4,49% mais caro nos últimos variações dos preços de um lote básico de insumos. O índice é atualizado por
12 meses. No entanto, o percentual é pesquisa realizada em São Paulo. Período de coleta: a cada 30 dias com
inferior ao registrado pelo IGP-M, que pesquisa na última semana do mês de referência.
acumulou alta de 8,38% sobre o Fonte: PINI
mesmo período.
Suporte Técnico: para tirar dúvidas ou solicitar nossos Serviços de Engenharia ligue para (11) 2173-2373
ou escreva para Editora PINI, rua Anhaia, 964, 01130-900, São Paulo (SP). Se preferir, envie e-mail:
economia@pini.com.br. Assinantes poderão consultar indíces e outros serviços no portal www.piniweb.com

12 TÉCHNE 131 | FEVEREIRO DE 2008


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IPT RESPONDE Envie sua pergunta para:


iptresponde@pini.com.br

Construção sobre radier


Para construir sobre radier deve-se res- podem ser construídos sobre radiers,
peitar qual limite de carga? Construções bastando para tanto que haja com-
de multipavimentos também podem patibilidade de cargas e de re-
ser executadas apenas sobre radier? calques/deformações entre a fun-
Maria Elisa Santos Mohr dação e a superestrutura. Há necessi-
Por e-mail dade ainda de cuidadoso estudo
econômico para adoção do radier,
Fundações superficiais tipo radier são observando-se que o sistema tem sido
aquelas que se estendem por toda a viabilizado com a adoção de lajes pro-
base da construção, podendo ser ado- muito cuidadosos para se definir pela tendidas com espessura relativa-
tadas quando o solo apresenta boa re- possibilidade da fundação direta ou mente pequena, empregando-se ge-
sistência na superfície do terreno ou pela necessidade de ultrapassar-se a ralmente cordoalhas engraxadas.
logo abaixo dela. Se existirem ca- camada deformável com estacas ou Ercio Thomaz
madas profundas deformáveis (argila outro tipo de fundações profundas. Cetac-IPT (Centro de Tecnologia do Ambiente
mole etc.), há necessidade de estudos Edifícios multipavimentos também Construído)

Telhados
Quais os cuidados de dimensionamen- se tomar cuidados especiais frente ao arruelas de aço, caso estejam em contato
to e instalação de estrutura pronta me- risco de corrosão dos sistemas metáli- direto com o alumínio. Nas estruturas
tálica para telhado? cos. Em qualquer situação devem ser de aço galvanizado, por exemplo, cortes
Daniel Gonçalves P. do Nascimento evitadas frestas, pontos ou peças com e soldas a posteriori podem criar gran-
Por e-mail possibilidade de empoçamento de água, des diferenças de potencial.
contato de metais diferentes etc. Nas es- Ercio Thomaz
Além dos cuidados normais relativos ao truturas de alumínio, por exemplo, há Cetac-IPT (Centro de Tecnologia do Ambiente
dimensionamento de estruturas, deve- grande risco de corrosão de parafusos e Construído)

Pintura de metais
Para pintura de manutenção de estru- cionar previamente a estrutura. Não original. Havendo frestas, corrosão
turas metálicas é necessário retirar havendo falhas como descascamento, localizada ou outros defeitos, há que
toda a tinta até se chegar ao metal? Ou gretamento ou calcinação acentuada se remover toda a camada de pintura,
pode-se simplesmente pintar sobre a da película de pintura, pode-se sim- sanar problemas de frestas e reaplicar
tinta existente? plesmente realizar leve lixamento su- fundo anticorrosivo, para só depois
Geraldo M. Antunes Júnior perficial, limpeza e posterior apli- realizar a pintura.
Por e-mail cação de nova pintura que, em geral, Ercio Thomaz
deve ser constituída por tinta da Cetac-IPT (Centro de Tecnologia do Ambiente
No caso de repinturas, deve-se inspe- mesma natureza química que a tinta Construído)

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CARREIRA

Abram Belk
Atraído pela programação de computadores, trabalhou no desenvolvimento
de sistemas pioneiros de auxílio ao projeto estrutural

or trás do sistema para projeto es- Bottura, desenvolveu os sistemas


P
Bruno Loturco

trutural em concreto armado e "Traçado" e "FFCogo" para traçado


protendido produzido pela empresa longitudinal e transversal de estradas,
TQS há um profissional que dedicou a usados no projeto da Rodovia dos
maior parte da carreira ao seu desen- Bandeirantes. Também desenvolveu
volvimento. O engenheiro paulistano sistemas para projeto de redes de água
Abram Belk, autodenominado "rato e esgoto, usados na concepção da rede
de cidade", sempre teve gosto pela ma- Cabuçu de Baixo, na Freguesia do Ó.
temática e pela física. No entanto, as Em paralelo ao curso de engenha-
dúvidas inerentes a um jovem de 17 ria civil entrou no Instituto de Mate-
anos e a influência do pai, um enge- mática e Estatística da USP, abando-
nheiro civil politécnico, o levaram à nado no segundo ano, quando da for-
Escola Politécnica da USP, em 1976, matura na Poli. "Tinha uma oportuni-
com a opção pelo curso de engenharia dade de trabalho que exigia dedicação
civil. "Era a área que oferecia mais op- de corpo e alma, e não era possível
PERFIL ções de trabalho", lembra. conciliar com o curso." Tal proposta
Ocorreu que, ainda no primeiro veio em 1982, por meio do engenheiro
Nome: Abram Belk
ano, apaixonou-se pelo computador Nelson Covas, também politécnico, e
Idade: 49 anos
Burroughs B6700 da Universidade e com experiência em projeto pela
Graduação: Engenharia civil, em
freqüentemente se desviava das aulas Maubertec e pela Promon. A parceria
1981, pela Escola Politécnica da
para programar em Fortran, a lingua- dura até os dias de hoje.
Universidade de São Paulo;
gem ensinada na época do cartão per- Covas foi contratado pela Intertec,
especialização em Administração de
furado. A ânsia de programar foi pertencente ao grupo Themag, para
Empresas, na Fundação Getúlio
amainada quando conseguiu um está- escolher e adaptar o software gráfico
Vargas, em 1984
gio no Escritório Técnico J.C. Figuei- para os projetos de tubulações indus-
Empresas em que trabalhou: no
redo Ferraz, onde trabalhou sob triais da usina de reprocessamento de
escritório técnico J.C. Figueiredo
orientação do engenheiro Hideki Ishi- urânio, a ser construída em Vitória, no
Ferraz, entre 1977 e 1986, na
tani no CPD (Centro de Processamen- Espírito Santo, e de prospecção de
Intertec, do grupo Themag;
to de Dados), ligado a um Control poços de petróleo, da Paulipetro. "Fui
Compugraf, Método Informática e,
Data CDC-6600, um dos primeiros chamado para estudar e programar o
a partir de 1987, na TQS Informática
supercomputadores. "O Hideki me equipamento Intergraph, que só a In-
Cargos exercidos: engenheiro de
ensinou a gostar e a praticar a progra- tertec tinha."
desenvolvimento de sistemas
mação em Fortran. Foi um privilégio Nessa época, o Brasil entrou
aplicados à engenharia em todos os
trabalhar com ele, cujos programas numa grave crise econômica e ambos
escritórios em que trabalhou, e
rodavam 1.800 processamentos por os projetos foram cancelados. "Ficou
diretor de desenvolvimento da TQS
mês em 1978." o desafio de tornar o caro equipa-
Nessa empresa, Belk não traba- mento e software gráfico adquiridos
lhou na área de estruturas. Estagiário pela empresa em algo viável", lembra.
orientado pelo engenheiro Ettore Assim, desenvolveram uma aplicação

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Dez questões para Abram Belk


1 Obras marcantes das quais e acredito que o crescimento
participou: trabalhando com continuará nos próximos anos
desenvolvimento de software,
participei apenas indiretamente, mas 7 Conselho ao jovem profissional:
sinto um pouquinho de participação abrir a cabeça para novos
em cada projeto realizado com os conhecimentos e procurar aprender
sistemas da TQS sempre. O mercado precisa de estrutural, fundaram a TQS inicial-
profissionais com conhecimento mente chamada Teqsis e passaram a
2 Obras significativas da multidisciplinar e capazes de desenvolver sistemas para cálculo em
engenharia brasileira: a encontrar soluções concreto armado. "A expectativa ini-
quantidade e a qualidade das cial era de que fosse um bom negócio
edificações em concreto armado nas 8 Principal avanço tecnológico por três anos, no máximo", lembra.
grandes cidades brasileiras nos recente: os avanços na eletrônica A inexistência de boas bibliotecas
últimos 20 anos tornaram o Brasil e informática surpreendem. São em DOS para programação gráfica
um país único ferramentas que permitem ao representou um novo desafio, resol-
engenheiro eliminar o trabalho vido com o desenvolvimento, em
3 Realização profissional: ver que braçal e dedicar tempo à essência linguagens C e Assembler, de siste-
os sistemas que ajudei a escrever da engenharia mas de edição gráfica e drivers para
auxiliam milhares de engenheiros plotters, impressoras, mouses e
em todo o País 9 Indicação de livro: todos os do mesas digitalizadoras. "Os sistemas
professor Augusto Carlos de gráficos tornaram-se uma vantagem
4 Mestres: mais que mestres e Vasconcelos, incluindo a série "O competitiva para nós, que desenvol-
amigos, verdadeiros pais: Hideki Concreto no Brasil". Seu trabalho vemos bibliotecas próprias." Os sis-
Ishitani, Nelson Covas, Gabriel sobre "Estruturas da Natureza" é um temas evoluíram gradativamente, de
de Oliva Feitosa e Augusto Carlos exemplo genial de aplicação da acordo com as demandas dos clien-
de Vasconcelos engenharia a outras áreas do tes, e os modelos iniciais de cálculo
conhecimento humano se transformaram em um modelo de
5 Por que escolheu ser engenheiro: pórtico espacial, flexibilizado com
a curiosidade pelas ciências exatas 10 Um mal da engenharia: a análise não-linear física e geométri-
e a matemática, mas desvirtuei um informática usada para dar um tiro ca. "Passei a entender melhor o com-
pouco no mundo da computação no pé. À medida que as ferramentas portamento de estruturas espaciais
se sofisticam, precisam ser usadas apenas depois de criar o sistema e vê-
6 Perspectivas para o seu campo de com mais cuidado e consciência. lo funcionando", conta.
atuação: o Brasil tem grande déficit Programas de computador não Nesse período, desenvolveu, com a
de obras de engenharia. A área de agregam conhecimento e nem equipe da TQS, sistemas para a entra-
engenharia estrutural está crescendo fazem projeto da de fôrmas e o dimensionamento,
detalhamento e desenho de vigas, pi-
lares, lajes, fundações em concreto ar-
de coleta de dados gráficos de pros- roteamento de placas de circuito im- mado, lajes protendidas, telas solda-
pecção de petróleo para a Petrobras e presso." Logo depois foi trabalhar na das, lajes treliçadas, alvenaria estrutu-
um sistema para dimensionamento, Método Informática, em funções ral, escadas, estruturas pré-moldadas,
detalhamento e desenho de vigas de técnico-administrativas. Paralela- interação solo–estrutura e gerencia-
concreto armado. "Esse sistema de mente, voltando às origens junta- mento de corte e dobra de vergalhões
vigas foi um protótipo do que viria a mente com Covas, iniciou o desen- de aço produzidos pelos sistemas de
ser o sistema da TQS", conta. Entre- volvimento dos sistemas de vigas e projeto em centrais.
tanto, era um sistema inviável pelo pilares para os microcomputadores Mesmo tendo se desviado para a
custo do equipamento. que começavam a surgir. área de programação, Belk faria o
Em 1985, por conta da crise, saiu O aquecimento econômico pro- mesmo curso de graduação. "A enge-
da Intertec e trabalhou por um breve piciado pelo Plano Cruzado, por nharia civil é mais do que seguir ma-
período na Compugraf, uma repre- volta de 1986, levou à necessidade de nuais e regras. Trata-se da capacidade
sentante de softwares CAD. "Foi um automação dos projetos, tornando o de se adaptar e resolver problemas,
período de muito aprendizado nas CAD/Vigas um sucesso imediato. sejam eles quais forem."
linguagens C/C++ em programas de Voltando esforços para a engenharia Bruno Loturco

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MELHORES PRÁTICAS
Steel deck
Execução de lajes demanda atenção na fixação das chapas
e cuidados durante a concretagem. Confira as dicas.
Fotos: Marcelo Scandaroli

Recortes
Montagem Eventualmente, nos cantos, ou no geometria da estrutura da edificação. Caso
contorno dos pilares, podem ser necessário, esses recortes poderão ser
Após o içamento dos fardos, os painéis
necessários recortes nas extremidades dos facilmente realizados mediante o uso de
individuais deverão ser retirados
painéis, para possibilitar o ajuste final na máquinas com discos para corte de metal.
manualmente e posicionados sobre o
vigamento, seguindo as cotas e medidas
indicadas no desenho de paginação.
É importante estar atento para o fato
de que as peças não sejam montadas
invertidas, "de cabeça para baixo".

Soldagem
Primeiramente, para a execução de cada
um dos pontos de solda bujão, deve-se
fazer uma abertura com diâmetro de
aproximadamente 16 mm na chapa
galvanizada do steel deck, podendo-se
utilizar para isso o próprio eletrodo de
solda. Em seguida, o interior da abertura
deverá ser preenchido com a deposição
do material de solda.

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Vazios
Ao colocar as armaduras de reforço nas
aberturas sem vigas de contorno, o
construtor deverá também prever o uso
de uma fôrma lateral, em isopor ou
madeira, para que o concreto seja isolado
da região do vazio. É importante lembrar
que o steel deck somente deverá ser
recortado após a cura do concreto.

Stud bolts
A umidade é um fator que exerce uma aplicação dos conectores ocorra logo
influência desfavorável na solda dos após a montagem do steel deck,
stud bolts. Portanto, para que a impedindo a possibilidade de acúmulo
qualidade da solda não seja de água entre os painéis e a face
comprometida é recomendável que a superior das vigas de aço.

Concretagem
A concretagem das lajes deverá ser
realizada com cautela, de maneira a
evitar o acúmulo de materiais e de
pessoal sobre a plataforma.

Colaboraram Paulo Pimentel, gerente comercial da Metform, e Maria Regina Braga Lagonegro, arquiteta da Studio Brasil Arquitetura.

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ENTREVISTA
Arquitetura da baixa renda
Arquiteto fala do desafio de reduzir custos sem perder qualidade

Adriana Narciso
WILSON MARCHI
Formado há 15 anos pela FAU-USP
(Faculdade de Arquitetura e
Urbanismo da Universidade de São
Paulo), recebeu menção honrosa
pelo trabalho de graduação, em que
apresentou uma proposta de
requalificação urbana e implantação
de subprefeitura e teatro no bairro
paulistano de Pinheiros. Desde 1992
no escritório EGC Arquitetura,
tornou-se sócio de Elizabeth
Goldfarb em 2001. A atuação
principal voltou-se ao
desenvolvimento de projetos de
edifícios de escritórios e hoteleiros e
conjuntos residenciais. Após o
falecimento de Elizabeth, em 2004,
assumiu a gestão do escritório, que
s limitantes que costumam pautar produtos e sistemas construtivos, alme-
conta 400 empreendimentos
projetados, 300 obras executadas,
49 em construção e 51 em fase
A qualquer projeto de arquitetura
são potencializadas quando se trata de
jando sempre a racionalidade, confor-
me atesta Wilson Marchi. Catalisadora
de desenvolvimento. Marchi um empreendimento residencial para o das soluções empregadas, a arquitetura
é autor do livro Novas Tecnologias segmento econômico. Partindo da pre- pode interferir na escolha dos materiais
EGC Arquitetura. missa do baixo custo de construção,não e propor formas de baratear custos de
há escapatória, a primeira ação é a mais manutenção dos espaços. Ao lidar com
óbvia: reduzir o tamanho das unidades. repetitividade, apesar de sofrer com a
Ainda assim, é necessário atentar para a falta de personalização dos empreendi-
sempre presente necessidade de confor- mentos, tem a chance de retroalimentar
to e de manter baixos os custos condo- projetos e processos a partir do observa-
miniais e até mesmo de vida dos mora- do durante a construção e mesmo ope-
dores. Um dos motivos para que esses ração dos condomínios. Nesta entrevis-
empreendimentos, em geral, contem ta o arquiteto comenta sobre as nego-
com grandes quantidades de unidades é ciações com contratantes focados na re-
a possibilidade de diluir os investimen- dução de custos e especula sobre a má
tos para implantar equipamentos de remuneração dos profissionais, afir-
lazer ou mesmo creches. O papel do ar- mando que,embora o volume de proje-
quiteto é fundamental enquanto profis- tos seja maior – resultado do boom
sional capaz de realizar estudos de ergo- imobiliário – os custos e a complexida-
nomia, pesquisar sobre novas técnicas, de dos trabalhos também aumentaram.

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Como definir um empreendimento esportivas. A qualidade se dá pelo con- tou em virtude do volume,mas as bases
destinado à população de baixa junto das soluções e por seus atributos, de honorários não sofreram alteração.
renda? Como projetar para esse como bom dimensionamento dos espa- Por outro lado, as despesas aumenta-
segmento? ços, conforto, segurança, entre outros. ram com a necessidade de adequar a es-
Legalmente estabeleceu-se que as trutura do escritório para atender à de-
habitações de interesse social são em- Os projetos são concebidos de manda. Assim, trabalhamos mais pelo
preendimentos que atendem à popula- forma a poderem ser replicados mesmo preço, agravado pela própria
ção com renda de até seis salários míni- indefinidamente. Que vantagens conjuntura do boom imobiliário, que
mos. Para que isso ocorra, as unidades e que problemas isso acarreta? lida com terrenos mais problemáticos
devem ter área e custo reduzido. Proje- Podem ser replicados, pois as uni- com relação a, por exemplo, documen-
tar para esse segmento significa focar o dades habitacionais respondem ao tação,contaminação do solo e desapro-
projeto em resultados de elevado de- programa de espaços que atendem a priações. Também há mais restrições
sempenho tecnológico com baixo cus- uma ampla gama populacional nos para a aprovação nos órgãos públicos
to, viabilizando a implementação e diversos aspectos. Evidentemente, as seja pelo tamanho dos empreendimen-
atendendo, ao mesmo tempo, a viabili- implantações são relativas à especifi- tos, pela indefinição da legislação ou
dade financeira do incorporador, a cidade dos terrenos. As vantagens por novas exigências.
qualidade dos espaços para o usuário estão no controle do projeto, do pro-
final e a adequada inserção urbana. cesso construtivo e do orçamento, Quais as demandas específicas de
pois se sabe de todas as interferências, condomínios para essa faixa de renda?
Em que sentido a arquitetura pode quantidades de materiais e respecti- Procura-se atender às demandas bá-
baratear os custos? É papel da vos custos. A obra, como um todo, fica sicas de lazer,como uma quadra esporti-
arquitetura buscar novas tecnologias mais controlada. No entanto, não é va, churrasqueira, salão de festas e play-
construtivas ou novos materiais? possível replicar os projetos indefini- ground. Em alguns empreendimentos
A arquitetura deve buscar o equilí- damente porque há a necessidade de grande porte o programa é mais ex-
brio entre a funcionalidade e qualidade constante de rever o programa, os sis- tenso, inclusive com a inclusão de cre-
nos espaços, aliando racionalidade temas construtivos, adequar às novas ches,já que a maioria dos casais trabalha
construtiva a especificações técnicas demandas culturais e econômicas. fora de casa. As demandas específicas se
adequadas e visando o baixo custo e a Também há a questão da identidade referem ao apoio para que as famílias
qualidade de vida para os futuros mo- de cada empreendimento, que para os possam ter tudo isso a um custo condo-
radores. Também deve maximizar a moradores é um fator importante. minial reduzido e localização que facili-
utilização das tecnologias existentes e te o acesso ao transporte público.
desenvolver pesquisas com novas técni- Contratualmente, como é resolvida
cas construtivas, materiais e processos. a questão da repetição de projetos? A quantidade de pessoas morando
As construtoras têm permissão de no condomínio é o que define as
Com menos espaço para trabalhar, utilizar o mesmo projeto de instalações a serem implantadas?
quais as diferenças fundamentais do arquitetura em outras obras? A quantidade de moradores define
projeto de arquitetura para Normalmente são definidas algu- as instalações de forma empírica, não
apartamentos e casas voltados para a mas torres padrão a serem replicadas. há regras ou parâmetros de projeto es-
baixa renda? Contratualmente essa repetição é resol- tabelecidos. Há algumas condições
O projeto deve buscar a maximiza- vida com a aplicação de um valor pela definidas pela legislação, mas que não
ção de todos os espaços, pois não há reutilização do projeto, como um ro- abrangem características específicas.
espaço para ociosidade. As plantas são yalty. A implantação dessa torre, a defi-
definidas a partir da organização rigo- nição das locações, das vagas, lazer, cotas Quais os aspectos técnicos mais
rosa do mobiliário e da ergonomia. de implantação e adequações necessá- difíceis de atender no projeto?
rias são remuneradas integralmente. As implantações dos empreendi-
É possível, mesmo com pouco mentos exigem muito de toda equipe.
espaço, garantir qualidade de vida Em geral há pouca disposição no A adequação à topografia, locação das
nesses empreendimentos? Como mercado de pagar por projetos? torres, vagas e áreas de lazer, coorde-
nascem esses projetos? Com o boom imobiliário os nadas com a legislação e os parâme-
A qualidade dos empreendimentos arquitetos estão trabalhado mais tros técnicos de baixo orçamento
é um pressuposto inicial. Os projetos pelo mesmo preço ou a remuneração criam um conjunto de diretrizes de
nascem da solução das unidades habita- melhorou? implantação que exige muita expe-
cionais e são definidos para que aten- Há disposição para pagar, mas riência e conhecimento.
dam a uma família. Os espaços coletivos menos do que o projeto, que concentra
são dimensionados para atender ao pro- a expertise e pode gerar economia para Qual é o papel da arquitetura na
grama mínimo de atividades de lazer e o empreendimento. A receita aumen- redução de custos de condomínio?

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ENTREVISTA

Pode dar soluções de materiais de Como a questão de logística executiva


acabamento e espaços que exijam ma- pode ser otimizada a partir do projeto?
nutenção de baixo custo dos edifícios e
“Não é possível replicar Por meio de um planejamento de
dos equipamentos comunitários. Pode os projetos execução de obra que nasça junto com
permitir implantação que minimize o os projetos, prevendo todos os passos da
consumo de energia, aproveitando a
indefinidamente porque execução e da especificação. Por exem-
orientação solar. Pode gerar economia há a necessidade plo durante a especificação de materiais
de dispositivos de segurança com a im- ou componentes que sejam mais facil-
plantação que permite o controle de
constante de rever o mente disponibilizados na região onde a
acesso e da periferia pela portaria, entre programa, os sistemas obra se localiza, o que reduz problemas
outros itens. Um projeto de arquitetura relacionados à logística de obra.
bem desenvolvido é peça-chave para a
construtivos, adequar às
geração de economia desde a constru- novas demandas Quem deve ser o responsável pelo
ção até a ocupação. Essa inteligência planejamento da execução?
precisa ser melhor aproveitada e valori-
culturais e econômicas” O arquiteto deve acumular a função
zada, pois atende aos interesses dos in- de coordenador de projetos?
corporadores e do usuário final. O planejamento da execução de
onde transitam todas as demandas de obra deve ser de responsabilidade da
Seu escritório tem experiência com projeto, é a grande catalisadora e a construtora responsável, que pode de-
projetos para hotéis econômicos. Em síntese das soluções a serem emprega- legar a função a um engenheiro, um
termos de concepção, o que esses das. Por ser a inteligência que envolve consultor ou uma equipe de engenhei-
empreendimentos podem agregar aos esses aspectos, e não apenas o conjun- ros. Não há modelo ideal, cada empre-
projetos habitacionais econômicos? to de plantas e desenhos, o nosso tra- sa pode encontrar seu próprio cami-
Desenvolvemos alguns dos proje- balho vincula-se às idéias e à sua nho. O arquiteto pode, sim, acumular
tos da rede Formule 1 para a Inpar e transformação em realidade. O limite a função de coordenador de projetos,
para a Accor, na cidade de São Paulo. O de custo é mais um parâmetro, não pois a interação de toda a equipe e dos
conceito e as metas desses projetos são havendo necessidade de romper limi- diversos projetos passa necessaria-
muito parecidos, envolvem racionali- tes éticos para atendê-lo. E "boa arqui- mente pelo projeto de arquitetura.
dade e funcionalidade. As pesquisas tetura" é um termo muito vago e rela-
para inclusão de elementos prontos, tivo, que alguns erguem como ban- Onde se erra mais em projetos
como banheiros pré-moldados, indi- deira para defender uma visão e valo- desse tipo?
cam um caminho possível para os edi- res ultrapassados. Na compatibilização das informa-
fícios residenciais. ções das equipes. É grande a quantida-
A necessidade por repetitividade de de informações técnicas, normati-
As formas de financiamento afeta de alguma maneira os projetos? vas e legais que precisam ser interpre-
influenciam os métodos construtivos Interfere por permitir que os pro- tadas, solucionadas e atendidas. A tro-
ou a arquitetura? De que maneira? jetos sejam retroalimentados pelas in- ca dessas informações é sempre objeto
Interferem na medida em que nor- formações advindas das obras, possi- de muito cuidado e atenção.
malmente exigem rápida velocidade bilitando o aprimoramento de ques-
de execução para que os moradores tões construtivas, de custo e de ocupa- Qualidade é um valor relativo em
possam usufruir o imóvel rapidamen- ção dos espaços. A retroalimentação projetos para a classe média baixa?
te sem comprometer sua renda com o acontece por meio das complementa- A qualidade é um valor absoluto
financiamento e também com um ções de detalhes e soluções observa- para todas as classes, a exigência das
aluguel, por exemplo, durante a obra. das, pelo as builty e análises criticas do pessoas só tem aumentado com o au-
projeto em obra. mento do acesso às informações e com
Costuma-se dizer que o resultado de legislações que protegem os consumi-
uma construção não é obra do Há aspectos negativos relativos dores.Atentos a isso projetamos com o
arquiteto, mas da vontade do à repetitividade? intuito de oferecer o maior nível de
incorporador. Às vezes, por causa Poderia ser a falta de identidade qualidade dentro das restrições orça-
dos custos, os limites éticos e da boa de um empreendimento, o que cria- mentárias, sempre as questionando
arquitetura precisam ser rompidos? ria empatia do morador com sua com visão crítica.
Uma boa obra resulta de um es- moradia. Outro possível problema
forço coletivo cujo empenho do in- seria se as soluções arquitetônicas Na sua opinião, os empreendimentos
corporador é determinante, e cada não se adequassem às necessidades e construídos hoje têm qualidade superior
profissional é responsável por uma características culturais e econômi- aos do passado apesar das restrições
parte do sucesso. A arquitetura, por cas dos moradores. quanto a espaço e infra-estrutura?

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Tecnicamente as construções Como retroalimentar o processo da água para fins não potáveis não di-
atuais têm qualidade superior devi- para que as interfaces e soluções minui o custo da obra, mas diminui os
do ao controle tecnológico mais ri- sejam otimizadas a partir daquilo custos condominiais. Os custos de sis-
goroso. Os elementos da cadeia pro- que foi observado nas unidades já temas de reúso de água, tratamento de
dutiva têm sistemas de gestão e con- prontas e em uso? esgoto, energia solar ainda são eleva-
trole de qualidade, as normas técni- É necessário um trabalho rigoroso dos mas podem ser melhor absorvidos
cas são mais rigorosas e os processos e uma equipe de projetos bem articu- em empreendimentos com um grande
construtivos foram aperfeiçoados, lada, que realize uma análise crítica número de unidades.
além da implementação das avalia- dos resultados. Deve considerar o
ções pós-ocupação. Isso leva a uma projeto, a execução, a ocupação e a ve- Valorizar as áreas comuns, como salão
revisão mais criteriosa dos empreen- rificação de possíveis patologias para de festas, pode diminuir a importância
dimentos, focada na qualidade. possibilitar o aprimoramento de so- – e o custo – das unidades?
luções técnicas e executivas e assim Os espaços partem de programas
Como se dá a relação entre alimentar os projetos de arquitetura. mínimos. Então fica difícil substituir
sistema construtivo adotado e ou compensar uma área em outra. O
concepção de projeto É possível conciliar redução de que é possível é a complementação das
arquitetônico? custos com sustentabilidade? Como? unidades com as áreas coletivas.
A concepção do projeto arquite- Com a racionalização e redução
tônico deve estar totalmente harmo- de desperdícios na obra há contribui- As construtoras têm exigências mais
nizada com a melhor forma de utili- ção para a redução dos custos e do rigorosas para reduzir os custos?
zar o sistema construtivo. Para tanto é consumo de recursos naturais. Proje- Como o arquiteto estabelece limites
imprescindível que as equipes de ar- tos que garantam um bom desempe- para essas exigências?
quitetura e engenharia trabalhem de nho de iluminação e ventilação natu- Há, por exemplo, muita limitação
forma muito afinada para encontrar ral evitam o uso de equipamentos que de custos com relação à utilização dos
boas soluções. demandem gastos de energia. O reúso materiais de acabamento e elementos
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ENTREVISTA

construtivos, como esquadrias, gradis Elizabeth Goldfarb foi uma das


e elementos arquitetônicos, o que li- primeiras arquitetas a perceber a ne-
mita muito a elaboração das fachadas.
“Um projeto de cessidade de reestruturar o escritório
Para atender às exigências das cons- arquitetura bem de arquitetura para atender a uma de-
trutoras e ao mesmo tempo propor manda mais intensa, profissional e es-
soluções diferenciadas há muita nego-
desenvolvido é peça- pecializada. O modelo dos ateliês
ciação, pesquisas constantes de novos chave para a geração cedeu espaço para uma organização
materiais de acabamento e, necessa- estruturada que atendesse às especifi-
riamente, criatividade para recriar so-
de economia desde cidades do mercado imobiliário ainda
luções estéticas a partir dos pouquíssi- a construção até em formação. Esse foco e a estrutura-
mos recursos disponíveis. Os limites ção permitiram absorver e produzir
devem respeitar os critérios técnicos,
a ocupação” projetos de arquitetura com maior efi-
das boas praticas construtivas e, prin- ciência e qualidade. O grande legado
cipalmente, focar na garantia da quali- blemas e questões pertinentes aos ar- que nos deixou é a clareza da visão in-
dade de vida aos moradores. quitetos e sua relação com a sociedade. tegrada de todos os aspectos do proje-
to, da concepção à execução, precisão
Como você vê o racha e a polêmica Numa idade em os arquitetos ainda no tratamento dado a todas as ques-
em torno das eleições do IAB-SP? se esforçam para se estabelecer, a tões e a sensibilidade para transformar
O senhor é favorável à criação do sua sócia, Elizabeth Goldfarb, sonhos e necessidades em projetos e
conselho de arquitetura? O que falecida em 2004, contabilizava um obras que perdurarão no tempo e no
isso melhoraria? número expressivo de projetos espaço. Filosofia que norteia nosso es-
Prefiro não me manifestar sobre o realizados. Foi uma das arquitetas critório, que cresce em volume de tra-
racha.Sou totalmente favorável ao con- que mais projetou no País. O que isso balho e qualidade juntamente com
selho exclusivo de arquitetura para que mexia na dinâmica do escritório? esse mercado tão intenso.
haja uma efetiva aproximação dos pro- Qual o grande legado dela? Bruno Loturco
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TÉCNICA E AMBIENTE
Climatização econômica
Sistema de ar-condicionado conectado a central de automação reduz consumo
de energia elétrica em laboratório médico

ntrou em operação em fevereiro,


E
Fotos: Marcelo Scandaroli

em São Paulo, o primeiro labora-


tório clínico construído segundo os re-
quisitos do Leed (Leadership in Energy
and Environmental Design). Trata-se
da unidade Dumont Villares da Delbo-
ni Auriemo Medicina Diagnóstica,
construída pela RMA Engenharia. O
destaque da obra foi a automação do
sistema de ar-condicionado, que detec-
ta as demandas por climatização dos
ambientes e permite racionalizar o
consumo de energia elétrica.
Nelson Ogassawara, gerente
técnico da RMA, conta que não é
possível estimar diretamente a
economia de energia elétrica pro-
porcionada pelas instalações de ar-
condicionado da nova unidade.
Central de automação aciona equipamentos de ar-condicionado apenas sob demanda
Para chegar a esses valores, seria
dos ambientes internos da clínica
necessário, segundo ele, avaliar o
consumo dos equipamentos du-
rante as primeiras semanas de ope- ao sistema central de automação a Para atender aos requisitos de
ração plena da unidade. Entretan- redução na demanda. A central, sustentabilidade do Leed para os
to, é possível afirmar que, em uma então, aciona variadores de freqüên- sistemas de ar-condicionado, o em-
construção "comum", similar à da cia que reduzirão as atividades das preendimento deve ter garantido
unidade Dumont Villares, entre bombas de água gelada que alimen- um consumo máximo de 1,7
40% e 60% do consumo energético tam os fancoils. Com isso, diminui kW/m³/s. Ensaios feitos nos equipa-
total do edifício abastecem apenas também a operação do chiller que mentos do novo laboratório da ca-
os equipamentos de ar-condi- refrigera a água, gerando economia pital paulista mostram que o siste-
cionado. "Nessa obra, estimamos de energia elétrica. ma atende com folga às exigências:
que o sistema consuma entre 10% Os 16 fancoils, equipamentos obteve-se ali a taxa de 1,51
e 15%", afirma o engenheiro. que renovam e refrigeram o ar que kW/m³/s. Outro indicador, o coefi-
O sistema está dividido em 16 será lançado nos ambientes, tam- ciente de performance, ficou em
zonas de climatização, que cobrem bém foram especificados para redu- 2,83. O Leed exige um coeficiente
todas as salas e corredores do edifí- zir o consumo energético. Todos mínimo de 2,80.
cio de quatro andares. Sensores inte- eles contam com motores de alto O sistema de iluminação tam-
ligentes instalados nos ambientes rendimento (90%), identificados bém foi dividido em circuitos setori-
que dispensam climatização perma- pela cor azul. Os motores tradicio- zados que, da mesma forma, permi-
nente – salas que não têm equipa- nais, de cor verde, apresentam ren- tem acionar separadamente as lâm-
mentos, por exemplo – "informam" dimento médio de 50%. padas dos ambientes. Na área exter-

24 TÉCHNE 131 | FEVEREIRO DE 2008


tecnica.qxd 1/2/2008 18:13 Page 25

Soluções sustentáveis

Estacionamento tem piso em


Na aquisição de tintas, vernizes, colas e
concregrama para facilitar a absorção da
adesivos, foram escolhidos produtos com
água da chuva pelo solo. Conta, ainda, Para reduzir o consumo de água, foram
baixa emissão de VOCs (compostos
com vagas exclusivas para carros a álcool utilizadas, nos sanitários, válvulas de
orgânicos voláteis)
ou gás natural descarga com controle de fluxo de 3 l e 6 l

Uma das exigências do Leed é utilizar


produtos originados de um raio máximo de
No último andar, funcionários têm acesso 800 km do local da obra. Por isso, o mármore Móveis, pisos, revestimentos e
a um terraço gramado, projetado para re- baiano original foi substituído pelo mármore esquadrias são fabricados apenas com
duzir a reflexão de raios solares proveniente do Espírito Santo madeira certificada

na, o projeto luminotécnico tam- construtora, Renato Auriemo, a cons-


bém limitou a potência das luminá- trução da nova unidade ficou cerca de
rias, mantendo um nível de ilumina- 14% mais cara em comparação com
ção confortável. Não se usaram pro- as demais obras "tradicionais". "São
dutos que utilizassem mais do que custos adicionais com projetos, trei-
11 W/m² de terreno. No ambiente namento das equipes, certificação",
interno, algumas salas também explica. Além disso, lembra o enge-
foram equipadas com sensores de nheiro, os custos com os materiais de
presença que acionavam as lâmpa- construção aumentam, já que a rigo-
das apenas sob o estímulo de movi- rosa lista de exigências para os produ-
mentação no ambiente. tos tende a reduzir os fornecedores.
A RMA, que já construiu outras "Com isso, a concorrência diminui e
Edifício deverá ser o primeiro da área unidades da rede de laboratórios, co- fica mais difícil negociar uma redu-
de saúde a receber o certificado Leed nhece o perfil dos edifícios do cliente. ção dos preços", acredita Auriemo.
de sustentabilidade no Brasil Segundo o diretor de operações da Renato Faria

25
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GESSO

Acabamento projetado
Tradicional, o gesso liso é largamente empregado em revestimentos internos. Uso
de equipamentos mecânicos aumenta produtividade, mas ainda tem altos custos

da, custa a partir de R$25 mil – e é pre-


ciso considerar que poucas peças de
reposição são fabricadas no Brasil.
Além disso, o uso do gesso projetado
exige material de melhor qualidade,
que não é encontrado em qualquer
lugar, ou mesmo próximo dos grandes
centros consumidores.

Prós e contras
É possível encontrar no merca-
do, assim, duas formas de uso do
gesso como revestimento interno. O
liso é aplicado manualmente, en-
quanto o projetado, em material
também conhecido como argamassa
de gesso projetada, tem como prin-
cipal aglomerante o gesso (sulfato de
cálcio hemidratado tipo beta, carbo-
nato de cálcio, cal hidratada e aditi-
Marcelo Scandaroli

vos orgânicos), e é aplicado com uma


bomba-misturadora.
O gesso projetado é uma técnica
de revestimento para tetos e paredes
executada mediante projeção mecâni-
depender do lugar onde se cons- vano, engenheiro civil da Brascad En- ca do material, por equipamento espe-
A trói, pode ser bem difícil encon-
trar empresas que tenham à disposi-
genharia de Revestimentos.
Para São Paulo, o problema do
cializado que dosa, mistura e bombeia
a matéria-prima através da mangueira
ção bombas-misturadoras para a custo está na distância até os fornece- de projeção.
aplicação do revestimento interno de dores, que ficam, em sua maioria, no A argamassa de gesso pode ser apli-
gesso. Em todo o Brasil, há apenas Nordeste do País, quando se contabili- cada diretamente sobre a alvenaria,
cerca de 130 desses equipamentos, e za o frete. No Sudeste, enquanto o substituindo o sistema tradicional de
em cidades como São Paulo, ainda metro quadrado do gesso liso aplicado chapisco, emboço e reboco. Por não ser
costuma-se dar preferência à aplica- sai por R$ 8 ou R$ 9, o projetado pode muito resistente à umidade, ela só é
ção manual do gesso liso. chegar a custar mais que R$ 13. utilizada em ambientes internos, mas
"O gesso projetado, por sua vez, Outro item que deve ser conside- proporciona grande economia no
mesmo que ofereça maior produtivi- rado na utilização do gesso projetado é custo final da obra, tanto em material –
dade e melhor desempenho, tem uma manutenção das máquinas, que exige a máquina reduz o desperdício –,
grande desvantagem: custa, em mé- planejamento e mão-de-obra especia- quanto em mão-de-obra, ao aumentar
dia, 40% mais", aponta Marcelo Stie- lizada. Uma máquina nova, importa- bastante a produtividade.

26 TÉCHNE 131 | FEVEREIRO DE 2008


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GESSO PROJETADO X ARGAMASSA DE CIMENTO X GESSO LISO


Especificações Gesso projetado Argamassa de cimento Gesso liso
Espessura mínima 5 mm 15 mm 5 mm
Espessura máxima 100 mm 100 mm 15 mm
Elasticidade < 0,60 GPa < 1,20 GPa < 3,0 GPa
Aderência >0,38 MPa >0,20 MPa Variável
Chapisco Dispensado Teto e parede Teto e parede
Planicidade Ótima Regular Ruim
Produtividade Alta Baixa Regular
Tempo de cura 7 dias 28 dias 15 dias

COMPARATIVO DE CUSTOS E CONSUMO DE MATERIAL PARA PINTURA X


ARGAMASSA DE GESSO PROJETADA X ARGAMASSA DE CIMENTO
Massa Selador Tinta látex Preço do m2
corrida (material + M.O.)
Divulgação: Arga Jet Mix Revestimento de Gesso Projetado

Argamassa Consumo: Não se Consumo: R$ 8,30


de cimento 20 m2 p/ lata aplica 80 m2 p/ lata p/ m2
Argamassa 1 demão Consumo: Consumo: R$ 7,00 p/ m2
de gesso consumo: 160 m 2
80 m 2

projetada 40 m2 p/ lata p/ lata p/ lata


Catamento Idem Idem R$ 5,80 p/ m2
consumo:
80 m2 p/ lata

COMPARATIVO DE CUSTOS E CONSUMO DE MATERIAL PARA REVESTIMENTO X


A máquina de projetar argamassa exige
ARGAMASSA DE GESSO PROJETADA X ARGAMASSA DE CIMENTO
um operador experiente, cuidados para
Custo Consumo Custo Total Produtividade
o equipamento não entupir e matérias-
M. O. Material Material m2
primas de qualidade
Argamassa R$ 9,52 18,95 R$ 1,15/ R$ 10,67 11 m2/
de cimento m 2
kg/m /cm
2
m /cm
2
homem/dia
Segundo Gilberto Nunes Ferreira, (feita na obra) espessura espessura
da Arga Jet Mix, um gesseiro faz 25 m2 Argamassa R$ 9,52 16 R$ 3,68 R$ 13,20 11 m2/
numa espessura entre 0,50 e 1 cm por industrializada m 2
kg/m /cm
2
/m /cm
2
homem/dia
dia de trabalho, enquanto um aplica- espessura espessura
dor de projetado consegue cobrir 40 Argamassa R$ 8,00 17 R$ 3,23/ R$ 11,23 17 m2/
m2/dia, em espessuras de até 4 cm. de cimento m 2
kg/m /cm
2
m /cm
2
homem/dia
Para Marcelo Stievano, "o gesso liso projetada espessura espessura
não é a melhor solução, porque não Argamassa R$ 6,50 10 R$ 2,90 / R$ 9,50 35 m2/
possui aderência ideal nem flexibilida- de gesso m 2
kg/m /cm
2
m /cm
2
homem/dia
de suficiente, e sua trabalhabilidade é projetada espessura espessura
menor, o que significa que a mistura se
Fonte: Arga Jet Mix
inutiliza em pouco tempo, provocando
grande desperdício de material". Ele
conta que, hoje, como os pilares são projeto Finep Habitare); maior tempo em equipamento de projeção, pois a
mais estreitos do que antes, quando útil para a aplicação, graças à utiliza- técnica exige o melhor material.
tudo era mais superdimensionado, os ção de aditivos, como retardadores de O gesso deve ser estocado em
revestimentos têm de ser mais flexíveis. pega para maior durabilidade da mis- lugar seco, sobre paletes de madeira,
"As deformações naturais tornam-se tura, além de exigirem menor esforço com empilhamento máximo de 15
cada vez mais presentes e precisam ser dos aplicadores. sacos e afastado das paredes, e deve
absorvidas pela camada de gesso." No caso da argamassa de gesso, ser usado em até 120 dias após sua
Já há no mercado, contudo, mate- que é mais aderente, sua flexibilidade data de fabricação.
riais para aplicação manual que pro- também é maior e pode, inclusive, ser A questão da qualidade precisa ser
metem baixo desperdício (só 5%, ao utilizada manualmente. O gesso liso, muito bem observada: "Há inúmeros
contrário dos 45% estimados pelo por outro lado, nunca será empregado fornecedores, principalmente no

27
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GESSO

Gesso liso – preparo manual

1 4

2
5

8
Fotos: Marcelo Scandaroli

3 6

1 Coloque no caixote de madeira 30 l 8 Após a retirada de resíduos e


de água (para um saco de 40 kg de respingos de massa, inicie o
gesso) sarrafeamento, com régua de
2 Pulverize o gesso sobre a água e alumínio "H", sempre no sentido
9
deixe umedecer por um minuto vertical, de baixo para cima,
3 Com auxílio de uma espátula, apoiando-a sobre as mestras e
misture por cinco minutos evitando que o excedente de
4 Coloque a pasta no desempeno de massa caia no chão
PVC, com auxílio da espátula 9 Com régua e nível, após fazer
5 Aplique a primeira camada de baixo correções necessárias, o esquadro
para cima é novamente verificado
6 Aplique a segunda camada da 10 Após umas duas horas, o
esquerda para a direita, ou vice-versa acabamento final é dado com o
7 Confira, nas duas camadas, os desempeno de aço e a própria
alinhamentos vertical e horizontal massa de gesso, até que se chegue
10
com a régua de alumínio ao ponto de pintura

28 TÉCHNE 131 | FEVEREIRO DE 2008


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Nordeste, onde se encontram as jazi-


Gesso projetado das de hemidrato de cálcio, e a quali-
dade do material determina até
mesmo seu nível de desperdício",
alerta Antonio Carlos Franck, da
Gesso New .

Cuidados de base
Antes de dar início à aplicação,
seja ela manual ou projetada, deve-se
observar se a superfície está limpa de
pó, óleo, graxas ou outro material que
1 4 possa diminuir sua aderência.
Se a superfície for lisa, como no
caso de estruturas de concreto, o gesso
liso pede aplicação de chapisco rolado
(ou na colher), ou à base de emulsão
adesiva. É preciso sempre verificar o
esquadro de encontro entre as paredes
e o teto, além dos alinhamentos verti-
cal e horizontal e o prumo.
Quando a técnica empregada for a
projetada, o gesso pode ser utilizado
para revestir superfícies de concreto,
2 5
blocos cerâmicos ou de concreto. "Ge-
ralmente, o traço é feito em 27 l de
água para cada saco de 40 kg de gesso,
Divulgação: Arga Jet Mix Revestimento de Gesso Projetado

sendo a trabalhabilidade da mistura


de até 180 minutos", explica Ferreira.
Para o gesso projetado, os cuida-
dos iniciais são ainda maiores: a alve-
naria deve estar concluída e verificada;
os contramarcos das esquadrias, fixa-
dos; os equipamentos devem estar
ajustados e com gesso e água disponí-
3 6 veis nas quantidades certas, enquanto
as instalações elétricas e suas caixas
devem estar protegidas com buchas
1 A execução começa com a projeção do 5 O acabamento ou queima é realizado
de papel amassado.
gesso na parede, até que se chegue à com uma desempenadeira grande de
Para preparar a base, primeiro é
espessura das mestras e se preencham aço: todos os poros da parede são
executado o assentamento de taliscas
todos os vazios preenchidos com uma argamassa
de no mínimo 5 mm de espessura.
2 Sarrafeie o trecho com régua de mais fluida que a anterior; em
Elas ficam, no máximo, a 1,80 m de
alumínio, de baixo para cima; a seguida, raspa-se o excesso. Aguarde
distância umas das outras, e a 30 cm
argamassa retida é retirada com uma 10 minutos
dos pontos de acabamento ou quinas.
desempenadeira ou espátula e 6 Antes do acabamento final, abra todas
Passadas 24 horas do assentamento,
reaproveitada nos espaços vazios as caixas e pontos de luz e, com uma
inicia-se a execução de mestras, com
3 Repita a operação até que toda a desempenadeira, repita o
uma régua de alumínio de pelo menos
superfície fique preenchida e procedimento anterior, aplicando
2 m de comprimento e 5 cm de largu-
homogênea; passe o sarrafo no sentido massa bem fluida em movimentos
ra, finalizando-se o preparo da base.
horizontal e aguarde por horizontais, retirando-se o excesso
Antes de usar o equipamento de
aproximadamente 30 minutos com movimentos verticais; o
projeção, deve-se umedecer a man-
4 Para o pré-acabamento, aplique gesso procedimento é repetido até que a
gueira com um fluxo constante de
sobre a superfície com a mão e raspe-o superfície fique com aspecto liso; após
água e limpá-lo também após o uso,
com um facão, em movimentos uma semana, a parede estará pronta
até que a água saia limpa.
horizontais; aguarde mais 30 minutos para ser lixada, selada e pintada
Giovanny Gerolla

29
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SHANGHAI WORLD FINANCIAL CENTER

Conforto nas alturas


Com quase meio quilômetro de altura, arranha-céu chinês dispõe de
amortecedores para suavizar oscilações da torre

ais do que resistir aos esforços


M verticais, a estrutura de edifí-
cios muito altos e esbeltos deve su-
portar cargas horizontais intensas
provocadas pela ação do vento e de
abalos sísmicos. Com 101 pavimen-
tos e quase meio quilômetro de altu-
ra, o SWFC (Shanghai World Finan-
cial Center), localizado em Xangai,
sul da China, cumpre tais requisitos
com sua megatreliça, formada por
imensas colunas periféricas de con-
creto conectadas por vigas treliça e
diagonais metálicas, e um núcleo
com pilares-parede. Instalado no
topo da construção, um sistema de
amortecedores sincronizados anti-
vento, responsável pela redução das
oscilações causadas pela ação eólica,
garantirá o conforto dos freqüenta-
dores do arranha-céu.
Projetado pelo escritório de ar-
quitetura norte-americano Kohn
Pederson Fox Associates, a torre tem
sua história marcada por imprevis-
tos e mudanças. Meses depois de
anunciar a construção do edifício,
em 1997, a incorporadora japonesa
Mori Building paralisou as obras
após a execução das fundações, devi-
do à crise financeira asiática. A obra
foi retomada somente em 2003, com
alterações significativas no projeto
estrutural. A edificação deverá ser
Imagens: divulgação Mori Building

concluída ainda neste ano, antes dos


Jogos Olímpicos de Pequim.
O primeiro projeto estrutural, de
autoria da renomada empresa de en-
genharia inglesa Ove Arup, foi altera-
do pela Lera (Leslie E. Robertson As-

30 TÉCHNE 131 | FEVEREIRO DE 2008


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Amortecedores de massa sincronizados antivento

RESUMO DA OBRA
Edifício: Shanghai World Financial
Center
Localização: Street No Z4-1, Lujiazui
Fabricados pela Mitsubishi Heavy Industry, e 4 m de altura, cada amortecedor pesa Financial Trade Center Area
os dois amortecedores trabalham em 150 toneladas. O objeto libratório ou Área do terreno: 30 mil m²
conjunto para limitar o movimento contrapeso, localizado no centro de cada Área construída: 381.600 m²
oscilatório da torre. Os contrapesos se amortecedor, trabalha num período Pavimentos: 101 acima do solo e
movimentam em oposição aos natural igual ao do prédio e pode ser três abaixo do solo
deslocamentos gerados pelos ventos movimentado em todas as direções, sendo Altura da torre: 492 m
fortes, detectados eletronicamente. Com controlado por um motor localizado no Proprietário: Shanghai World
9 m de largura x 9 m de comprimento topo do equipamento. Financial Center
Supervisão e projeto: Level-one
Architecture Institute of Mori Hill
sociates), escritório norte-americano horizontal 15% superior, provoca- Projeto de arquitetura: KPF
que carrega no currículo o cálculo es- da pela ação do vento em sua nova Cálculo estrutural: Lera (Leslie E.
trutural de construções famosas superfície. Para ganhar mais rigi- Robertson Associates)
como as Torres Gêmeas (World Trade dez, a antiga estrutura, composta Consultoria de projeto: Shangai
Center), em Nova York. A Lera tinha por um megapórtico externo e um Modern Architecture Design
como desafio enrijecer a estrutura da núcleo interno com pilares-parede (Group) Co.
torre, cuja altura foi aumentada de de concreto armado (concepção Construção: East China Architecture
460 m para 492 m. Sua base, que antes original da Ove Arup), foi converti- Design and Research Institute, China
media 55,8 m, passou a ter 58 m. da numa megatreliça externa com Architecture Engineering General,
o acréscimo de diagonais metáli- Shangai Construction (Group)
Adaptações cas, que conectam as vigas treliça- General Company Association
Mais largo e 32 m mais alto, o das, dispostas a cada 12 pavimen- Conclusão da obra: segundo
SWFC estará exposto a uma carga tos. "Isso era necessário, pois o mo- semestre de 2008

31
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SHANGHAI WORLD FINANCIAL CENTER

Megaestrutura – A carga vertical é sustentada por quatro megapilares periféricos de concreto armado e pelo núcleo interno com
pilares-parede de concreto armado. Já a carga horizontal, originada pela ação do vento e por abalos sísmicos, é suportada em
conjunto por uma megatreliça externa e pelo núcleo de pilares-parede (shear-walls) conectados pelos outrigger truss. Grandes
vigas treliçadas, dispostas a cada 12 pavimentos, configuram anéis que, além de ter função estrutural, abrigam andares técnicos
e servem de apoio a pilares metálicos intermediários da fachada

Resposta à aceleração no topo do edifício mento total de vento na base au-


6 mentou em 25% depois das altera-
4 ções", explica o projetista de estru-
Galileu (gal)*

2 turas Ricardo França, que visitou o


0 empreendimento.
-2 As fundações – que já estavam
-4 concluídas quando as obras foram
-6 retomadas – tiveram de ser minima-
0 500 1000 1500 2000 2500 3000
mente reforçadas, mesmo com o
Segundos
acréscimo estrutural. A façanha, se-
Amortecedor ligado Amortecedor desligado gundo França, foi possível graças à
*1 gal= 1 cm/s²
redução das cargas, obtida pela dimi-
O amortecedor reduz em até 40% a taxa de aceleração provocada por um nuição da espessura dos pilares-
vento intenso parede (shear walls) localizados no
núcleo da edificação. De acordo com
o engenheiro, os outrigger truss
(altas treliças metálicas, em diagonal,
que conectam o núcleo às megacolu-
nas exteriores, mais comuns em edi-
fícios com altura superior a 200 m), e
a criação da megatreliça externa au-
mentaram a eficiência estrutural do
conjunto, transferindo parte da
Divulgação Mori Building

carga do núcleo de pilares-parede


para a megatreliça externa, o que via-
bilizou a necessária redução de es-
pessura dos pilares-parede.
Gustavo Mendes

Com 500 m de comprimento, o cabo de A segurança do SWFC foi garan-


aço da supergrua suporta uma carga tida pelo conjunto estrutural forma-
máxima de 64 toneladas. O do pelo núcleo de pilares-parede,
Revisão do projeto alargou a base do equipamento será removido depois que outriggers e megatreliça externa,
SWFC de 55,8 m para 58 m o edifício estiver pronto que faz com que o edifício suporte

32 TÉCHNE 131 | FEVEREIRO DE 2008


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492 m
101o pavimento
Elevadores 94o ao 100o
Dos 91 elevadores instalados no SWFC,
39 possuem cabine dupla (doublé-deck
elevators). Desses 39, 24 têm
supercabines duplas, com sistema
de ajuste de altura de piso. O edifício 79o ao 93o
é equipado com oito elevadores
exclusivos para a brigada de incêndio.
Em caso de emergência e necessidade
de evacuação da torre, os elevadores
normais podem ser utilizados por
usuários de cadeiras de rodas.
55o ao 77o
Escritórios: do 7o ao 77o andar
O pavimento-tipo possui 3,3 mil m²,
2,8 m de pé-direito e piso elevado
a 15 cm. Também podem ser
encontrados pavimentos com 3 m
de pé-direito e piso elevado a 30 cm.
Os escritórios podem abrigar uma
população total de
12 mil pessoas. 52o ao 53o

Hotel: do 79o ao 93o andar


31o ao 51o
O hotel Hyatt Group contará com 180
quartos de 60 m² cada.

Shopping center: B2, B1, 2F e 3F


Com 13,6 mil m², disporá de 60 lojas
e restaurantes.
28o ao 29o
Observatório no topo
Localizado a 472 m acima do solo, o 7o ao 27o
observatório do SWFC é mais alto do que o
da CN Tower, no Canadá (447 m de altura). 3o ao 5o
No 94o andar, um outro observatório, de
700 m², com coberturas de 8 m de altura, B2o ao 3o
abrigará shows e eventos.

Instalações para conferências: 3o 1o ao 2o


ao 5o pavimento
Espaço multifuncional com infra-estrutura B3o ao B1o
de alta performance e equipamentos de
última geração.

bem os esforços causados pelo vento e estrutura tubular dupla – não se- até 40% das acelerações horizontais
e terremotos. Mas como garantir o riam suficientes para reduzir o des- provocadas por um vento intenso.
conforto dos usuários diante dessas conforto dos usuários. "Mesmo durante um tufão, as pes-
vibrações estruturais causadas pela Projetados para minimizar a os- soas dentro da torre não sentirão a
ação do vento? Apesar de reduzirem cilação da estrutura, a instalação de construção oscilar", informa docu-
o movimento oscilatório causado dois atenuadores dinâmicos sincro- mento divulgado pela Mori Buil-
pela ação eólica, algumas das solu- nizados antivento (em inglês, anti- ding Company.
ções estruturais adotadas na torre wind tuned mass dampers) no topo Por Valentina N. Figuerola
chinesa – como os braços diagonais do edifício, promovem a redução de Colaborou: Ricardo Leopoldo e Silva França

33
capa_hospital sªo luiz.qxd 1/2/2008 17:34 Page 34

CAPA

Balanço
concreto
Edifício da unidade
Tatuapé do Hospital e
Maternidade São Luiz
tem complexo sistema
de distribuição de
cargas. Área em balanço
chega a 1.296 m²

s balanços escalonados do edifí-


O cio que abrigará a nova unidade
do Hospital e Maternidade São Luiz,
no bairro do Tatuapé, em São Paulo,
diferenciam a construção de seu en-
torno. Presentes nos quatro cantos
do edifício, foram a proposta do ar-
quiteto Siegbert Zanettini para evi-
tar que o conjunto parecesse uma
monótona caixa quadrada "enterra-
da" no chão.
A ousadia arquitetônica deman-
dou soluções complexas de engenha-
ria para viabilizar a construção da es-
trutura em concreto armado. Do
ponto de vista do projeto estrutural,
foi preciso "pendurar" os primeiros
andares a uma estrutura mais rígida,
no quarto pavimento. Na execução,
foi necessário manter um sistema de
Fotos Marcelo Scandaroli

escoramento permanente, com torres


metálicas, que chegou a vencer uma
altura de mais de 15 m entre a laje do
quarto andar e a do terceiro subsolo.

34 TÉCHNE 131 | FEVEREIRO DE 2008


capa_hospital sªo luiz.qxd 1/2/2008 17:34 Page 35

3
1

2
RESUMO DA OBRA 4

Edifício: Hospital e Maternidade 5


São Luiz
Cidade: São Paulo 1 Parede lateral, que tem função estrutural, retransmite parte da carga do edifício
Área do terreno: 7.950,00 m² às paredes frontais do 3o pavimento.
Área total construída: 43.816,55 m² 2 A estrutura do primeiro, do segundo e do terceiro pavimento está pendurada por
Pavimentos: 7 tirantes presos a vigas de transição no quarto pavimento.
Subsolos: 3 3 Parede frontal, uma viga de mais de 3 m de altura, apóia-se no pilar principal,
Leitos: 279 na extremidade do edifício, e retransmite a ele os esforços do edifício.
Vagas de garagem: 380 4 Pilares em "U", nas extremidades do edifício, recebem maior parte de sua carga.
Salas de cirurgia: 18 5 Parte do carregamento é distribuída aos pilares do térreo, cada um com 1,5 m
Salas de parto: 11 de diâmetro.

Localização carão a UTI tradicional e a UTI neo- de materiais, farmácia e vestiários mé-
Antes da inauguração do edifício natal; no segundo pavimento, o centro dico e de enfermagem.
no Jardim Anália Franco, o Hospital cirúrgico e o obstétrico; e no terceiro, Do quarto ao último pavimento –
e Maternidade São Luiz contava um andar técnico receberá os equipa- onde ficarão os quartos de internação
com duas unidades em São Paulo, mentos que alimentarão o andar infe- – hospital e maternidade ocuparão
uma no bairro do Itaim Bibi e outra rior com energia, água e gases. A re- torres independentes, conectadas por
no Morumbi, ambos na zona Sul da gião central desses pavimentos terá passarelas metálicas. Entre as torres,
capital paulista. O novo local foi es- áreas de serviço comuns, como centro apenas um jardim externo no quarto
colhido para atender à demanda dos
moradores da zona Leste, que preci-
savam atravessar a cidade para che-
gar a esses locais.
O terreno ocupa a área de uma
quadra inteira de 8 mil m². Segundo
José Alberto Ramos D'Oliveira, dire-
tor técnico da Porte Construtora, que
executou o empreendimento, essa ca-
racterística lhes garantiram maior
tranqüilidade com a logística da obra.
"Não se tratava de um canteiro aper-
tado, com restrições ao trânsito de ca-
minhões", ressalta.
O edifício de sete pavimentos di-
vide-se em dois blocos, um para as
instalações do hospital, outro para a
maternidade. Os três primeiros pavi-
mentos são unidos e abrigarão ativi- Laje do andar técnico terá armadura reforçada para abrigar os pesados equipamentos
dades similares. No primeiro andar fi- que alimentarão salas de cirurgia do segundo pavimento

35
capa_hospital sªo luiz.qxd 1/2/2008 17:34 Page 36

CAPA

cas registradas" do arquiteto Siegbert


Fotos Marcelo Scandaroli

Zanettini. Mas os custos decorrentes


da escolha desse partido estrutural se-
riam maiores do que a opção pelo
concreto armado, segundo os cons-
trutores. D'Oliveira conta que, pouco
antes do início das obras, o compara-
tivo entre as soluções mostrava uma
economia de cerca de 20% em favor
do método tradicional. Argumento
suficiente para a alteração: sai o aço e
entra o concreto armado.
O novo projeto estrutural ficou
sob responsabilidade da CEC (Com-
panhia de Engenharia Civil), escritó-
rio do engenheiro Virgílio Ramos. Seu
desafio era viabilizar a execução do
projeto arquitetônico de Zanettini, so-
bretudo os balanços escalonados nas
Fixação parafusada da estrutura metálica do heliponto proporcionou agilidade na
extremidades do edifício. Com um
montagem e permitiu melhor tratamento superficial contra corrosão
projeto racional, usando armaduras
densas apenas nos pontos mais críticos
pavimento.Apoiado sobre elas, na co- maior movimentação, estão no pri- da estrutura,o engenheiro venceu com
bertura, um heliponto em estrutura meiro subsolo,do lado oposto,no nível tranqüilidade esse desafio. E com um
metálica e steel deck. da rua Antônio Camardo. Com isso, os diferencial: a taxa de aço ficou abaixo
Segundo Zanettini, estima-se que pacientes que precisam dos serviços do dos 100 kg/m³ de concreto.
em um hospital desse porte o número pronto-socorro são atendidos na rua Por serem dinâmicos e constante-
de pacientes externos que transitam no de baixo e quase não interferem no dia- mente mutantes, os edifícios hospitala-
local gire em torno de 1.500 a duas mil a-dia do hospital. "O paciente só entra res demandam flexibilidade de layout.
pessoas por dia. Se os fluxos não forem no hospital se precisar ser internado ou Dessa forma, as lajes precisam ser con-
bem planejados, a movimentação des- operado; do contrário, volta para casa", cebidas de maneira a atender eventuais
ses pacientes e de seus acompanhantes raciocina Zanettini. "Isso dará ao resto necessidades de cortes e furos para
pode atrapalhar as demais atividades do hospital maior sensação de ordem e novas instalações. Por esse motivo, ne-
do hospital. "Não é o que ocorre nesse limpeza." nhuma das lajes do edifício conta com
edifício", afirma o arquiteto. As entra- protensão: todas são planas, apoiadas
das principais da maternidade e do Estrutura sobre pilares espaçados de 7,2 m.
hospital ficam no térreo, respectiva- O hospital começou a ser cons- O que mais chama a atenção no
mente ao nível das ruas Francisco Ma- truído há pouco mais de 40 meses. O edifício é a dinâmica de distribuição
rengo e Corta-vento; o pronto-socorro projeto original concebia o edifício de cargas nos três primeiros pavimen-
e o centro de diagnósticos, locais de em estrutura metálica, uma das "mar- tos, de transição. Ali, todas as paredes

Armações inclinadas
2
x 5 C=

2 x 3 N46 ø12.5
2
x 3 C=

N 56
50 3
N 42

2 x 3 N46 ø12.5 C=COR


2
ø1
49 5

x5
2.
ø1

N5
2.

4
5

ø1
2

2 x 3 N47 ø12.5
x 3 ø1

2.
2

5C
x 5 10 C

N5 .5 C

=
C/

CO
2 /1
N5 =7

2 x 3 N47 ø12.5 C=COR


C= 0

R
2
1 60

x 3 C=
ø1

10
6

66

N5 25 2 x C
3 0 3 =

2 x 3 N48 ø12.5
ø1
2.
5

2 x 3 N48 ø12.5 C=COR


N5 66
5 5
ø1
2.
5

Bielas comprimidas inclinadas a 45º foram a solução do projetista Virgílio Ramos para reduzir a deformação
lenta da estrutura na região dos balanços

TÉCHNE 131 | FEVEREIRO DE 2008


36
capa_hospital sªo luiz.qxd 1/2/2008 17:34 Page 37

de fechamento são feitas de concreto


armado e têm função estrutural. Na
região dos balanços, as paredes late-
rais, mais longas, recebem carga dos
pavimentos superiores e a retransmi-
tem às paredes frontais do terceiro pa-
vimento. Essas paredes – na verdade
duas vigas de mais de 3 m de altura –
têm a função de retransmitir os esfor-
ços aos dois pilares principais, nas ex-
tremidades do edifício. Em formato
de "U", esses pilares enclausuram es-
cadas do hospital e da maternidade.
Como são elementos importantes
no sistema estrutural do edifício, as
paredes laterais receberam reforços
para garantir a durabilidade no longo
prazo. Além das tradicionais arma-
ções horizontais e verticais, Virgílio
Detalhe da interface entre os caixilhos e a estrutura metálica das passarelas: amortecedores
adicionou às paredes bielas de com-
protegem o fechamento em vidro contra a movimentação da estrutura
pressão inclinadas a um ângulo de
45º, de forma a minimizar a deforma-
ção lenta do elemento. 11 m de escavação, do térreo à cota vel dispensar o escoramento perma-
A laje do andar técnico, no terceiro mais baixa dos subsolos. nente e os custos com aluguel do equi-
pavimento, também exigiu do proje- Por outro lado, toda a estrutura, pamento. No entanto, após uma roda-
tista um tratamento diferenciado. do primeiro ao terceiro pavimento, da de negociações com o fornecedor, a
Base para os equipamentos que ali- está pendurada por tirantes a vigas de Porte Construtora viabilizou a solu-
mentarão o centro cirúrgico, ela preci- transição no quarto pavimento. Por- ção: escoramento com torres metáli-
sava, ao mesmo tempo, suportar car- tanto, não era possível adotar uma se- cas triangulares do terceiro subsolo ao
gas pontuais bastante elevadas e per- qüência executiva de lajes tradicio- quarto pavimento.
mitir futuras modificações de layout nais. Todos esses pavimentos deve-
no pavimento. Por isso, não era possí- riam permanecer apoiados até a cura Armações reforçadas
vel posicionar vigas de apoio na re- completa da laje do quarto andar.
gião: como em quase todos os demais De início, imaginava-se economi-
pavimentos do edifício,Virgílio a pro- camente inviável manter todas as lajes
jetou como laje plana, nesse caso com apoiadas sobre escoramentos metáli-
30 cm de espessura. cos, durante cerca de dois meses, do
terceiro subsolo ao quarto pavimento.
Execução Tanto que o projeto executivo inicial
Como era de se esperar, a com- das lajes dos pavimentos de transição 0 3
plexidade da estrutura de transição previa o escoramento com pilares pro-
do edifício demandou procedimen- visórios, apoiados sobre fundações no Detalhe do reforço das armações e
tos de execução meticulosamente terceiro subsolo. Com isso seria possí- planta do 3o pavimento
planejados. E nessa fase da obra, o
destaque ficou com o sistema de es- Pilar em “U”
P8 P9 Par.2
coramento das lajes. Par.1
P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P121 Ps1 P123
Par.3
P11 P12 P13
P10
Sob a estrutura aparente, o hospi- L4
P23
V3
L2
V4
V33

V5
V32

L6
V28
V29

L3 V6
tal tem três subsolos, em que funcio- P20 P21
P33
P22 P24 P25 L10
116.340
L7
V7
V8 P124
Cs1 L9
L8
116.3

narão – além do pronto-socorro e do V9


P32
Bt33
P34
P35
V10
P39 P125
P40

centro de diagnósticos – almoxarifa- P36 P37 P38 P126 P41


V24

P50 P51
L12 P54 L11
do, refeitório, vestiário de funcioná-
V25

P52 P53 P55


P48
rios e um estacionamento com 380
V23

V12
V13 P62 P63 P64 P67 P68
P65 P66 P127 P128 P69
vagas. Segundo Carlos Alberto Alar- P60
L15 P61 L16 L17
V36

Bt61 L18
V15
P77
con, engenheiro da Portella Alarcon, P78 P79 L19
V35

P80 P96
V16 V17
V38

P76 P81 P97


Par.9

V18 V19
V31

empresa responsável pela execução


V30

P94 P95 L20 P98 P99 P100


Par.7

P130
V37
V27

V34

Par.4
das fundações da obra, foram cerca de P88 P89 P90 P91 P92 P93 P129
Par.5 Par.6

37
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CAPA

metálicas à cobertura do edifício. Isso


Marcelo Scandaroli

limitava o peso das peças, que deve-


riam "caber" na capacidade de carga
do equipamento. Por isso, o engenhei-
ro precisou conceber uma estrutura
composta de peças menores e de mon-
tagem rápida, para não estender muito
o tempo de locação do guindaste.
"Todas as ligações eram aparafusa-
das", relata Freire. Segundo o enge-
nheiro, a solução garantiu a montagem
em apenas um fim de semana. Além
disso, seria possível aplicar um melhor
tratamento superficial às peças, com
galvanização a fogo.
Um risco bastante comum na
montagem de estruturas aparafusa-
das, segundo Freire, é o da incompati-
bilidade dos furos nos encontros das
peças. Isso exigiria improvisos que
causariam atrasos no processo de exe-
Painéis de eletricidade e tubulações hidráulicas e de gás são rapidamente acessados
cução e, conseqüentemente, aumento
por shafts presentes em todos os andares do edifício
dos custos com a montagem. A causa
mais provável são os erros de projeto,
O sistema ficou escorado até os 28 No caso da unidade Tatuapé do Hos- já que os desenhos das peças são gera-
dias de idade da laje do quarto pavi- pital São Luiz, as dimensões originais dos em documentos digitais separa-
mento. O descimbramento foi feito das do heliponto abrangiam uma área de dos, mais suscetíveis a incompatibili-
pontas dos balanços para o centro, com 24 m x 24 m, suficientes para receber dades. Freire acredita que conseguiu
medições rigorosas do nivelamento um helicóptero de performance Clas- eliminar esses problemas na obra do
nesses pontos para acompanhamento se I, de maior porte. A aeronave de Hospital São Luiz trabalhando com
das deformações. A medição do dia se- projeto inicial, segundo o engenheiro, um software de desenho de estruturas
guinte à retirada do escoramento mos- era um Sykorsky. metálicas finlandês que utiliza a tec-
trou a deformação imediata de 3 mm, No entanto, helicópteros de Clas- nologia BIM (Building Information
bem abaixo dos 11 mm previstos. Dois se I não são dos mais comuns nos Modeling). Com a ferramenta, conta
meses depois, com toda a estrutura do céus da capital paulista. "Apenas o ex- o engenheiro, foi possível projetar a
edifício pronta, a deformação observa- governador Geraldo Alckmin costu- estrutura diretamente em 3D, a partir
da foi de 9 mm, que segundo Virgílio mava utilizar um desses helicópteros. do qual se geraram todos os desenhos
permite projetar uma deformação lenta O atual governador, José Serra, utiliza para a produção das peças e assim ve-
final inferior à esperada, de 39 mm. um Esquilo [helicóptero de perfor- rificar os desenhos apresentados pelo
mance Classe 3]", explica o engenhei- fabricante da estrutura.
Heliponto ro, que é também piloto. Dessa forma, Renato Faria
Quando chegou para o engenhei- optou-se por reduzir a área do heli-
ro projetista Carlos Freire, o projeto ponto do hospital para 21 m x 21 m,
original do heliponto do hospital adotando-se o Dauphin como heli-
FICHA TÉCNICA
havia sido concebido em estrutura cóptero de projeto. Mesmo com a al-
metálica. Sua tarefa era reduzir o teração, a totalidade das aeronaves de Construtora: Porte Construtora Ltda.
custo da estrutura, mantendo suas ca- resgate operando em São Paulo seria Arquiteto responsável: Siegbert
racterísticas e o design imposto pelo atendida com tranqüilidade. "A pro- Zanettini
projeto de arquitetura. babilidade de operação de um Syko- Fundações: Portella Alarcon
As dimensões mínimas de um he- rsky no local era muito pequena", Projeto da estrutura de concreto:
liponto são definidas de acordo com afirma Freire. A redução de custos CEC (Companhia de Engenharia Civil)
o tamanho do helicóptero de projeto. com o heliponto foi de 20%, explica. Instalações: MHA Engenharia
De acordo com Freire, elas devem ser A montagem da estrutura ocorreu Projeto da estrutura metálica:
1,5 vez maiores do que a distância em um momento em que não havia Edatec/Carlos Freire Escritório técnico
entre a ponta do rotor principal e a mais grua na obra. Foi necessário con- Acústica: Alexandre Sresnewsky
ponta do rotor de cauda da aeronave. tratar um guindaste para alçar as peças Paisagismo: Marta Gavião

38 TÉCHNE 131 | FEVEREIRO DE 2008


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de fechamento são feitas de concreto


armado e têm função estrutural. Na
região dos balanços, as paredes late-
rais, mais longas, recebem carga dos
pavimentos superiores e a retransmi-
tem às paredes frontais do terceiro pa-
vimento. Essas paredes – na verdade
duas vigas de mais de 3 m de altura –
têm a função de retransmitir os esfor-
ços aos dois pilares principais, nas ex-
tremidades do edifício. Em formato
de "U", esses pilares enclausuram es-
cadas do hospital e da maternidade.
Como são elementos importantes
no sistema estrutural do edifício, as
paredes laterais receberam reforços
para garantir a durabilidade no longo
Detalhe da interface entre os caixilhos e a estrutura metálica das passarelas: amortecedores
prazo. Além das tradicionais arma-
protegem o fechamento em vidro contra a movimentação da estrutura
ções horizontais e verticais, Virgílio
adicionou às paredes bielas de com-
Pilar em “U”
pressão inclinadas a um ângulo de Par.1 P8 P9 Par.2 Par.3
P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P121 Ps1 P123 P11 P12 P13 P14 P15 P16
45º, de forma a minimizar a deforma- L4 V3
P10
V4
P23 L2
ção lenta do elemento.

V33
V5 P26

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L6

V28
V29
L3 L7 V6 P28
P20 P21 P22 P24 P25 V7 P27
L10 P124 L8
A laje do andar técnico, no terceiro P33
Bt33 P35
116.340 V8 Cs1 L9 116.340
L1
V9 V10 P40
pavimento, também exigiu do proje- P32 P34
P36 P37 P38
P39 P125
P126 P41 P42 P43 P44
V24

tista um tratamento diferenciado. L12


P50 P51
P54 L11
V25

P57 P58
Base para os equipamentos que ali- P48
P52 P53 P55 P56
V23

V12 P71
mentarão o centro cirúrgico, ela preci- V13
P60
P61
P62 P63 P64
P65 P66
P67
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L16
P128
L17
P68
P69 P70
P72
L15
sava, ao mesmo tempo, suportar car-

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Bt61 L18
V15
P77 P78 P79 P82
L19

V35
P80 P96 P84
gas pontuais bastante elevadas e per- V16 V17

V38
P83
P76 P81 P97
Par.9

V18 V19

V31
V30
P94 P95 L20 P98 P99 P100
mitir futuras modificações de layout
Par.7

P130

V37
V27

V39
V34
Par.4 P102 P103
Par.5 Par.6
no pavimento. Por isso, não era possí- P88 P89 P90 P91 P92 P93 P129 P101

vel posicionar vigas de apoio na re- Planta do 3o pavimento com as posições dos pilares
gião: como em quase todos os demais
pavimentos do edifício,Virgílio a pro-
jetou como laje plana, nesse caso com nais. Todos esses pavimentos deve-
Armações reforçadas
30 cm de espessura. riam permanecer apoiados até a cura
completa da laje do quarto andar.
Execução De início, imaginava-se economi-
Como era de se esperar, a com- camente inviável manter todas as lajes
plexidade da estrutura de transição apoiadas sobre escoramentos metáli-
do edifício demandou procedimen- cos, durante cerca de dois meses, do
tos de execução meticulosamente terceiro subsolo ao quarto pavimento.
planejados. E nessa fase da obra, o 0 1,5
Tanto que o projeto executivo inicial
Detalhe do reforço das
destaque ficou com o sistema de es- das lajes dos pavimentos de transição
armações dos pilares em “U”
coramento das lajes. previa o escoramento com pilares
Sob a estrutura aparente, o hospi- provisórios, apoiados sobre funda-
tal tem três subsolos, em que funcio- ções no terceiro subsolo. Com isso
narão – além do pronto-socorro e do 11 m de escavação, do térreo à cota seria possível dispensar o escoramen-
centro de diagnósticos – almoxarifa- mais baixa dos subsolos. to permanente e os custos com alu-
do, refeitório, vestiário de funcioná- Por outro lado, toda a estrutura, guel do equipamento. No entanto,
rios e um estacionamento com 380 do primeiro ao terceiro pavimento, após uma rodada de negociações com
vagas. Segundo Carlos Alberto Alar- está pendurada por tirantes a vigas de o fornecedor, a Porte Construtora via-
con, engenheiro da Portella Alarcon, transição no quarto pavimento. Por- bilizou a solução: escoramento com
empresa responsável pela execução tanto, não era possível adotar uma se- torres metálicas triangulares do ter-
das fundações da obra, foram cerca de qüência executiva de lajes tradicio- ceiro subsolo ao quarto pavimento.

37
materia_blocos leve.qxd 1/2/2008 17:52 Page 40

ALVENARIA ESTRUTURAL

Blocos delgados
Com a evolução tecnológica, foi possível criar blocos estruturais de concreto
simples mais leves. Norma revisada adapta-se à nova realidade

á alguns meses, já é possível utili-


H zar blocos de concreto estrutu-
Marcelo Scandaroli

rais mais delgados em construções de


menor porte, como casas e sobrados.
A novidade está na revisão da NBR
6136, que unificou as normas brasilei-
ras de blocos de concreto.
Antes da revisão, duas normas re-
giam as características físicas dos
blocos de concreto – a própria NBR
6136, de 1994, para blocos estrutu-
rais; e a NBR 7173, de 1982, para blo-
cos de vedação. Mas com a evolução
das pesquisas com concreto, sobretu-
do a NBR 6136 tornou-se obsoleta. O
aumento das resistências obtidas do
material permitia o desenvolvimento
de peças de concreto com dimensões
menores e com mesmo fbk. Foi o que
ocorreu em 1997, quando a fábrica
de blocos Glasser criou blocos com
paredes menos espessas, sem perda
significativa de resistência. "São pe-
ças com características mais econô-
micas", afirma o arquiteto Luciano
Pradella Zöllner, da Glasser, que par-
ticipou da equipe técnica de revisão
da norma.
Junto com o IPT (Instituto de Pes-
quisas Tecnológicas do Estado de São
Paulo), foram realizados diversos en-
saios no novo produto – resistência à
compressão do bloco, do prisma, de
paredes inteiras, flexocompressão e
cisalhamento. Em 1998, como teste,
foram erguidos dois prédios com ca-
Fotos: Marcelo Scandaroli

racterísticas idênticas, cada um cons-


truído com um tipo de bloco de con-
creto estrutural – o novo e o tradicio-
nal. Avaliado pela entidade paulista, o

40 TÉCHNE 131 | FEVEREIRO DE 2008


materia_blocos leve.qxd 1/2/2008 17:52 Page 41

comportamento estrutural de ambas


as construções mostrou-se o mesmo.
Estava aberto o caminho para bara-
tear os custos de construções popula-
res, obras de menor porte, como casas,
sobrados e prédios de até cinco pavi-
mentos. Entretanto, como os novos
blocos não estavam previstos em nor-
mas técnicas, não era possível obter fi-
nanciamento para execução das obras.
Foi solicitada, em 1999, ao CB-18,
Comitê de Cimento, Concreto e Agre-
gados da ABNT (Associação Brasilei-
ra de Normas Técnicas), a abertura de
processo de revisão da NBR 6136. Os
Antes de ser solicitada a revisão da NBR 6136, novo bloco passou por diversos ensaios
trabalhos se estenderam por mais de
seis anos, até a conclusão do texto, no
final de 2006. ram,mas uma outra categoria foi acres- go”, lembra Cláudio Vicente Mitidieri
centada: a classe C (fbk ≥ 3 MPa),que re- Filho, pesquisador do IPT.
Texto gulamenta os novos blocos. Além de A nova norma também teve adi-
A mudança fundamental da nor- admitir blocos estruturais com paredes cionada a seu texto a classe D (fbk ≥ 2
ma está na classificação dos blocos de longitudinais e transversais menos es- MPa), com as especificações para blo-
concreto. A NBR 6136, de 1994, que pessas, de 18 mm, a norma permite, cos de concreto sem função estrutural
tratava apenas dos blocos estruturais, ainda, que blocos de 9 cm de largura (somente vedação), objeto da antiga
os dividia em classes A, mais resistentes sejam usados na construção de imóveis NBR 7173/82.
(fbk ≥ 6 MPa) e B (fbk ≥ 4,5 MPa). Até de um pavimento e blocos de 11,5 cm A estimativa de redução de custos
2006, qualquer construtor que preten- de largura, em sobrados. Para constru- na compra de blocos pelos construto-
desse executar uma casa ou sobrado ções maiores, devem ser utilizados os res é de aproximadamente 10%. Além
em alvenaria estrutural respeitando as blocos de 14 cm e 19 cm de largura. disso, é possível haver ganhos de pro-
normas técnicas tinha que usar, pelo “Entretanto,para a definição da largura dutividade, já que os novos blocos são
menos, blocos da classe B – peças mais do bloco a ser adotado, devem ser con- cerca de 2,5 kg mais leves que seus si-
pesadas e maiores, com, no mínimo, siderados outros parâmetros de de- milares de classes A e B. "Em 1 m2 de
14 cm de largura. sempenho além do comportamento parede, são 30 kg a menos. A parede
No documento revisado, essas clas- estrutural, como conforto térmico, de- fica mais leve e a mão-de-obra, mais
ses de blocos estruturais se mantive- sempenho acústico, resistência ao fo- produtiva", explica o arquiteto Carlos
Alberto Tauil, que também acompa-
nhou a revisão da norma. Ele lembra
O que mudou na norma que é possível, com peças mais leves,
Confira algumas alterações na NBR 6136 – Blocos Vazados de Concreto Simples haver barateamento do frete.
Além da NBR 6136, também foi
Espessura de parede construção de casas térreas e sobrados,
criada a NBR 12.118, que regulamen-
 Admite blocos estruturais, na classe C, respectivamente. Antes, esses imóveis só
ta o método de ensaio dos blocos va-
com paredes menos espessas (18 mm). poderiam ser construídos com blocos de
zados de concreto simples. Quando
A norma anterior só admitia blocos com, 14 cm ou 19 cm de largura.
forem adquiridas, ambas devem ser
no mínimo, 25 mm de espessura. Classificação
acompanhadas de emendas ao texto
Aplicação A norma inclui especificações de blocos principal, publicadas no último dia 10
 Blocos de 9 cm e 11,5 cm de largura, da de concreto de vedação, classe D, antes
de janeiro de 2008.
classe C, podem ser utilizados na abordada por norma específica (NBR 7173)
Renato Faria

41

Confira as principais alterações da NBR 6136 no site da Téchne www.revistatechne.com.br


materia_tilt upxx.qxd 1/2/2008 17:40 Page 42

TILT-UP

Jogo de montar
Quando é impossível recorrer ao pré-moldado industrializado,
o tilt-up viabiliza projetos de grande porte, vence distâncias,
otimiza custos e agiliza prazos

das grandes centrais de concreto, na

Francisco Oggi
década de 50, o método tomou im-
pulso e hoje é referência em sistema
construtivo", conta o engenheiro civil
Francisco Caçador, diretor técnico da
WTorre Engenharia, construtora es-
pecializada no sistema.
A partir de então, o tilt-up virou
sinônimo de processo pré-moldado
em canteiro. As peças são fundidas
sobre o piso e depois içadas para o
local definitivo. As paredes são auto-
portantes, e as lajes e a cobertura têm
a função de "travar" o conjunto. Isso
elimina pilares periféricos e exige
menos elementos de fundação.
No Brasil, o tilt-up chegou em 1989
por meio da Sociedade Torre de Vigia,
"para a construção de seu parque gráfi-
co com 210 mil m2 e mil apartamentos,
em Cesário Lange (SP)", lembra Oggi.
xecutar as paredes na horizontal, Thomas Edison, em 1906", ensina o Quatro anos depois,foi introduzido co-
E erguendo-as prontas depois "é
uma prática adotada desde o Império
engenheiro civil Francisco Oggi, con-
sultor em sistemas construtivos.
mercialmente pela WTorre Engenharia.

Romano", conta Ercio Thomaz, enge- O precursor do tilt-up foi o arqui- Difusão
nheiro civil, pesquisador do Cetac teto construtor americano Robert Hoje o tilt-up é um sistema consa-
(Centro Tecnológico do Ambiente Aiken, que em 1909 experimentou a grado e aplicado de Norte a Sul no ter-
Construído), do IPT (Instituto de novidade na construção do frontal da ritório nacional, e em todos os conti-
Pesquisas Técnológicas do Estado de Igreja Metodista em Zion-Illinois, nos nentes do planeta, tornando exeqüí-
São Paulo).No século 19,as edificações Estados Unidos. Ele construiu a pare- veis projetos de grandes dimensões e
de madeira também eram feitas dessa de pré-moldada de concreto sobre assegurando maior controle da obra.
forma – e até hoje nos Estados Unidos. um estrado, que depois foi elevado "Depois de 14 anos, no Brasil já exis-
Só no início do século 20, o méto- por uma plataforma basculante, tem vários projetistas e, pelo menos,
do foi reconhecido como sistema levando-a até a posição final. seis construtoras habilitadas no siste-
construtivo e passou a ser chamado de Após a Segunda Guerra Mundial, ma", afirma Oggi. "Não é mais neces-
tilt-up, que significa colocar para o tilt-up evoluiu e passou a ser muito sário importar os acessórios.Ao longo
cima ou de pé. No Brasil virou marca empregado nos Estados Unidos em desse tempo, foram desenvolvidos
registrada da Construtora Walter galpões industriais. "Com o surgi- fornecedores de insertos e de escoras
Torre Jr. "A invenção é atribuída a mento das máquinas de içamento e para o sistema", argumenta.

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Uma das vantagens do tilt-up é


facilitar expansões e mudanças
de layout, que podem ser
realizadas com o deslocamento
de painéis ou a abertura de vãos

Arquivo/W Torre Engenharia


Indicado para obras de um pavi-
mento, com pé-direito de até 15 m,
como galpões industriais, armazéns,
centros de distribuição e edifícios cor-
porativos, o tilt-up também pode ser o
método construtivo de edifícios verti-
cais, casas em larga escala, reservatórios, vimento do projetista no sistema", das peças, é possível formar a caixa do
monumentos, shoppings e até estádios. alega. A montagem é mais segura do prédio em quatro a cinco semanas –; e
"Com a falta de mão-de-obra, a que o processo tradicional, porque econômico, uma vez que é feito em
tendência é o uso do tilt-up, que fun- "não usa andaimes e os operários não canteiro, com mão-de-obra local e
ciona como uma linha de montagem", ficam pendurados", enfatiza Caçador. não-especializada, e não requer o re-
prevê Caçador. "Os custos com trans- Ele aponta a versatilidade de aca- colhimento de IPI nem de ICMS.
porte e impostos, muitas vezes, invia- bamentos externos como mais uma
bilizam o pré-moldado industrializa- qualidade do sistema. "É possível agre- Viabilidade
do", acrescenta o engenheiro civil Car- gar desde cerâmica até pedra", explica. Antes de decidir pelo sistema, é
los Eduardo Carbone, diretor comer- Mas Oggi afirma que 99% das obras necessário avaliar uma série de fato-
cial da Carbone Construtora, que tra- são acabadas com pinturas lisas ou res. O primeiro é a disponibilidade de
balha há sete anos com o sistema. "O texturizadas, facilmente obtidas com a guindastes, concreto e aço na região
tilt-up é como uma fábrica itinerante. aplicação de tinta diretamente no pai- onde será erguida a edificação. De
Equipamento, material e mão-de-obra nel, ou com a incorporação de formli- acordo com Carbone, no litoral, onde
são locais. Só levamos o know-how, o ners estampados. há a proximidade com portos, a ofer-
gerenciamento e o armador", justifica. "O sistema tilt-up permite expan- ta de equipamentos é maior; em esta-
sões e mudanças de layout de maneira dos da região Centro-Oeste é mais di-
Qualidades simples, mediante o deslocamento de fícil encontrá-los.
De acordo com Rosa Pezzini, ar- painéis ou a abertura de vãos, por O custo do aluguel e a taxa de mo-
quiteta da WTorre Engenharia, o tilt- meio do corte do painel, sem demoli- bilização do equipamento também
up é eficiente porque não exige trans- ções e remendos", descreve Caçador. devem ser computados."Em Fortaleza,
porte, otimiza o canteiro, as fôrmas Além das vantagens acima, o tilt- mesmo sendo uma cidade portuária, a
são reutilizáveis e permite os mais va- up é limpo, pois não desperdiça ma- hora do guindaste pode chegar a até R$
riados desenhos, dimensões e formas. deira e concreto (que vem dosado), 1.200", exemplifica o engenheiro.
"Se comparado ao pré-moldado in- gerando baixo resíduo; racional, por- A condição de acesso ao local da
dustrializado, possibilita a personali- que é um sistema planejado e propor- obra é outro item a ser considerado.
zação do produto – com a inserção de ciona ganhos em espaço interno; rá- Em zonas centrais, onde o trânsito do
frisos ou relevos variados – e o envol- pido – entre fabricação e montagem equipamento é restrito ou dificultado,
o tilt-up acaba sendo desvantajoso.
É necessário levar em conta o perí-
Dicas de execução metro, para se certificar da viabilidade
do sistema. "Uma faixa de 12 m de lar-
 O piso de concreto deve ter entre 12 cm  Quando não for possível escorar por gura ao longo de uma das paredes com
e 15 cm; dentro, deve-se prever fundação
aos menos 50 m de comprimento já
 O pavimento deve ser nivelado a laser e provisória ou bloco de concreto para o
basta para a preparação e a montagem
resistir à flexão, compressão e abrasão, apoio das escoras;
do sistema", recomenda Caçador.
bem como apresentar planicidade e  As escoras devem formar um ângulo Conforme a área e o plano de logística,
acabamento final liso; entre 45o e 60o com o piso;
as placas podem ainda ser empilhadas,
 Cerâmica e outros materiais podem ser  Correções de prumo podem ser feitas racionalizando o espaço interno.
incorporados ainda na moldagem, exigindo na rosca sem-fim da escora;
Atendidos os pontos acima, a via-
espaçadores especiais que determinam a  Um calço provisório na fundação bilidade do sistema está diretamente
regularidade das juntas entre as peças; garante o ajuste de nivelamento da placa.
relacionada ao volume da obra. "Gal-

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T I LT- U P

pões a partir de 3 mil m2 tornam o gumenta Oggi. Mesmo assim, o siste- truções pré-moldadas convencio-
processo imbatível", afirma Carbone, ma não exige muita fundação: para nais", ressalta Thomaz. "As paredes
que não indica o tilt-up para constru- cada painel, usa-se uma estaca. são justapostas e vedadas com juntas
ções pequenas e isoladas. Para o dimensionamento das pla- epoxídicas", esclarece Carbone. A es-
cas, Oggi lembra que se deve levar em trutura da cobertura é metálica, e as
Projeto e dimensionamento conta as cargas verticais – o próprio telhas podem também ser de concreto.
Tomada a decisão pelo tilt-up, na peso no momento do içamento (con-
hora de projetar, é preciso atender às dicionante do dimensionamento) e as Logística
normas brasileiras NBR 9062 (para cargas de lajes e coberturas –, cargas "Na maioria dos casos, não é ne-
pré-moldados), NBR 6118 (para con- horizontais – ação dos ventos na hora cessário o aumento de área para a
creto armado) e a americana ACI-318 da montagem (plano de escoramento) montagem, uma vez que os painéis
(específica para o sistema), "sempre e ação dos ventos depois de pronta –, e podem ser executados e montados
adequando-se a peça à capacidade do a flexão no plano do painel, devido à no interior da obra", afirma Vendra-
equipamento disponível",diz Carbone. interferência do contraventamento. mini. Conforme o número de placas,
Os painéis são moldados com con- "As peças só são protendidas quan- é possível otimizar o uso das fôrmas,
creto com fck maior que 25 MPa e aço do suas dimensões forem exorbitan- planejando o reúso assim que com-
CA50 e apresentam dimensão média tes", justifica o engenheiro civil João pletado o perímetro da obra. Quan-
de 5 x 18 m e espessura mínima de 12 Alberto de Abreu Vendramini, especia- do não há espaço suficiente, é possí-
cm. No entanto, há exemplos de obras lista em estruturas e diretor técnico da vel empilhar até seis painéis. Thomaz
com paredes de "até 28 m de largura e Engenharia Vendramini. Ou quando lembra que "as primeiras peças fun-
29 m de altura, pesando até 140 t", ar- se deseja economizar com o aço. didas serão as últimas a serem mon-
A versatilidade do sistema permi- tadas". Segundo ele, a seqüência de
te o planejamento das mais variadas montagem deve fazer parte de um
Arquivo/W Torre Engenharia

formas e aberturas, estas últimas inti- plano bem elaborado, a fim de eco-
mamente relacionadas às dimensões nomizar com o aluguel de guindastes
dos painéis. "É possível atender a pra- e principalmente acelerar a solidari-
ticamente todas as necessidades de zação do conjunto.
abertura com uma paginação ade-
quada", avisa Vendramini. Para edifí- Esquema de içamento
cios verticais, o projeto deve prever a A quantidade e o posicionamen-
sobreposição dos painéis. to das pegas são determinados em
Mecanismos para içamento e para função da geometria e do peso das
a solidarização das partes são planeja- paredes. Segundo Vendramini, o
dos ainda nesta etapa. São programa- mais costumeiro é o emprego de dois
dos insertos metálicos para as escoras pares de quatro pegas com duas li-
(que devem medir 60% da altura da nhas. No entanto, se as placas forem
placa); engastes, arranques, consoles, irregulares, planeja-se mais cabos.
O custo do aluguel e a taxa para encaixes, barras de espera ou luvas Oggi diz que em uma mesma obra é
mobilização do equipamento são rosqueadas para a união das peças possível ter diferentes configurações
fatores-chave para definir a viabilidade com piso, lajes e cobertura. "São recur- de cabos.
financeira do sistema sos similares aos adotados nas cons- Silvana Maria Rosso

Estrutura sobre o rio Itajaí-Açu


A Carbone Construtora foi contratada pela sustentação do piso foram moldadas in para os painéis quanto para os pilares pré-
Gomes da Costa para realizar uma série de loco e apoiadas sobre toras de eucalipto, moldados. Segundo Carlos Carbone,
obras em seu parque fabril, entre elas, a fixadas na própria estaca de concreto. diretor comercial da Carbone Construtora,
ampliação da fábrica e dos depósitos de Para a execução do piso, a construtora "os pilares foram usados para sustentar
produtos acabados para processamento montou uma estação de pré-moldados a uma ponte rolante, que não poderia
de atum. Localizada à beira do rio Itajaí- 100 m do local, onde foram fundidas as apoiar-se diretamente no painel". Após o
Açu, a fábrica necessitava de fundações de pré-lajes de concreto que serviram depois içamento dos pilares, as paredes foram
estacas pré-moldadas. A solução foi como molde para o piso. Após a instalação moldadas sobre o piso e fixadas nos
recorrer a uma balsa, tanto para a das pré-lajes sobre as vigas, o piso foi próprios pilares com insertos metálicos.
instalação de um bate-estacas quanto capeado e desempenado a laser, sendo Neste caso, não foi necessário o uso de
para o transporte da fundação. As vigas de usado posteriormente como fôrma, tanto escoras provisórias.

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Passo-a-passo

Arquivo Carbone Construtora

Arquivo/W Torre Engenharia


Arquivo Carbone Construtora
1 3 5

Arquivo Carbone Construtora


Arquivo Carbone Construtora

Arquivo Carbone Construtora


2 4 6

1 A cada ligação entre duas placas 4 Na próxima fase, a fôrma recebe a

Arquivo/W Torre Engenharia


usa-se uma estaca. O tilt-up exige armação e os insertos de ligação e
menos fundação do que o sistema de içamento.
convencional, que adota quatro
estacas por pilar. 5 Posicionados armação e insertos,
inicia-se a concretagem dos
2 A qualidade do piso de concreto painéis, que depois recebem
está intimamente ligada ao sucesso polimento. Após atingida a cura
7
do tilt-up, uma vez que os painéis nos níveis de segurança exigidos,
serão moldados sobre ele. O colocam-se manilhas/cabo de

Francisco Oggi
pavimento deve ser executado com aço para início do içamento
equipamentos de última geração, das paredes.
dotados de sistema de nivelamento
automático a laser, com absoluta 6 Quando não houver espaço
garantia de elevadas resistências à interno ou o edifício for vertical,
flexão, compressão e abrasão, bem os painéis podem ser empilhados.
como planicidade e acabamento
final liso polido. 7 O içamento da parede até o local
definitivo é realizado por gruas
3 As fôrmas são montadas sobre o ou guindastes.
piso, definindo o desenho da
estrutura e das aberturas em uma 8 Instalada na posição final, a placa 8
seqüência determinada previamente, é escorada provisoriamente até
visando ao melhor aproveitamento de que seja solidarizada no piso, nas
Arquivo Carbone Construtora

área. Para ajudar no deslocamento da lajes e na cobertura.


placa durante o içamento, aplica-se
desmoldante no piso. Nessa etapa, 9 A estrutura da cobertura e
também podem ser incorporados as lajes de pavimento travam
acabamentos, como cerâmica ou o conjunto, permitindo a retirada
pedra ou o formliner estampado. das escoras.

9
45
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CONTENÇÕES – ESPECIAL 60 ANOS

Terras estáveis
Sistemas de contenção de taludes mais modernos evitam perda de área
e permitem escavações mais profundas
comparação entre a evolução de defesa e fortificações militares em mente a Estrada de Ferro de Petrópo-
A histórica das contenções de talu-
des e dos aterros e a evolução das téc-
terrenos bastante diversos.
Esses mesmos tipos de contenções
lis, em 1854, e a Companhia Estrada
de Ferro Dom Pedro II, em 1864, con-
nicas e tecnologias apenas brasileiras chegaram ao Brasil no século 18 para forme descrito no capítulo "Obras de
para o mesmo fim têm uma seme- serem aplicados em fortes costeiros, contenção: tipos, métodos construti-
lhança marcante: a demanda por sendo adotados também para obras vos, dificuldades executivas", do livro
novos conceitos. O desenvolvimento portuárias e de contenções urbanas, Fundações – Teoria e Prática, editado
das técnicas e tecnologias de conten- na Bahia e no Rio de Janeiro, quando pela PINI.
ção foi motivado pela expansão colo- da chegada da Corte portuguesa. "A Uma vez que as contenções se di-
nizadora européia, no século 16, que difusão só iria ocorrer com a expan- videm entre obras de corte e de aterro,
requereu a construção de estruturas são das obras ferroviárias", especial- as demandas evolutivas também são
Marcelo Scandaroli

Advento dos tirantes alterou a concepção das obras de contenção, que até então se baseavam no peso das estruturas e no
reaterramento dos taludes

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Sofia Mattos
diferenciadas. As primeiras geral-
mente têm de lidar com a questão do
espaço – e por isso são comuns em
obras urbanas. Para as demais está
dentre os maiores desafios manter os
custos baixos, assim como a demanda
por mão-de-obra e materiais.
Tanto que, à época da escravidão
no Brasil, surgiram os chamados
"muros de cantaria". Os escravos,
cantando – e daí vem o nome –, em-
pilhavam pedras até que o peso fosse
suficiente para conter o aterro a ser
executado. Eram os primeiros muros
de gravidade, inspirados nas mais an-
tigas obras de contenção da humani-
dade, que remetem aos muros de al- Contenções com perfis metálicos e pranchões em madeira ou concreto surgiram para
venaria de argila na região sul da Me- diminuir as perdas de terreno
sopotâmia, construídos entre 3.200 e
2.800 a.C.
Os gabiões e o crib wall são a evo-
lução natural dessa técnica. O ocaso
Evolução
da segunda, estrutura formada por Tecnologias mais modernas propiciam maior produtividade, melhor
elementos pré-moldados montados aproveitamento do terreno e escavações mais profundas e seguras
em forma de fogueira e preenchida
Aterro
com material local, se deu justamente
em virtude dos primeiros. "Não lem- Sistema anterior – Muro de pedra Sistema atual – Muro de terra armada
bro de nenhum caso recente de uso de
crib wall, o gabião tem execução mais Aterro
Muro armado
simples", comenta Jaime Domingos
Marzionna, da Engeos Engenharia e
Geotecnia e professor assistente da
Canaleta
Escola Politécnica da USP (Universi-
dade de São Paulo).
Algo semelhante ocorre com os Slump de
muros de flexão e de contrafortes, que ancoragem
têm o lastro na própria terra. Perde-
Corte de talude
ram espaço para a chamada terra ar-
mada, em que há a formação de um
Sistema anterior – Muro de cortina Sistema atual – Muro de solo grampeado
corpo monolítico que atua de forma
única. Caso dos muros de geotêxteis, Cortina executada Tirantes
compostos por mantas dobradas. Os em cachimbos Drenos
gabiões, versáteis, também estão pre- 1
1
sentes nesse campo, quando recebem
telas compridas que atuam como ti-
rantes e reforçam o solo. "Quando não
é possível adaptar uma tecnologia, ela
cai em desuso", explica Marzionna.

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CONTENÇÕES – ESPECIAL 60 ANOS


Marcelo Scandaroli

Demanda por mais vagas de estacionamento levou ao uso intensivo dos subsolos, o que exigiu contenções que interceptassem o
lençol freático, caso das paredes-diafragma

Aportes tecnológicos ros, tornou-se necessário escavar causar problemas nos vizinhos. Já em
Em contrapartida, quando as tec- mais, levando à interceptação do len- 1995, na edição de número 14, a Téch-
nologias disponíveis não são suficien- çol freático. "Passou a ocorrer a mi- ne trouxe uma reportagem sobre a exe-
tes para atender às exigências de de- gração da tecnologia das grandes cução de paredes-diafragma para ob-
terminada situação, novas técnicas obras para as residenciais", explica. tenção de garagens subterrâneas.Alter-
surgem. Foi assim que, na década de O desenvolvimento dos materiais nativas a essa tecnologia são as estacas-
1960, começaram a surgir no País as foi fundamental para a evolução das secante e até mesmo o solo grampeado.
paredes-diafragma para a execução contenções. Atualmente o concreto A primeira, há cerca de oito anos no
da Linha 1 – Azul, do Metrô de São projetado com fibras vem ganhando Brasil, surgiu na Europa como forma
Paulo. Ao investir em pesquisa e téc- o espaço que antes era ocupado ape- de evitar o uso da lama bentonítica. O
nicas construtivas, "o Metrô foi o nas pelas telas metálicas, por exem- solo grampeado apresenta a desvanta-
grande propulsor das contenções", plo. "Até surgirem os tirantes, o con- gem de não poder atuar como funda-
conforme atesta Marzionna, que, em ceito era baseado no peso e no reater- ção para as lajes de subsolo."Hoje,além
1979, participou da construção da Es- ro", lembra Marzionna. Essa mudan- do desempenho, as soluções têm que
tação República do Metrô, que exigiu ça no conceito, apresentada na Téch- atender às questões de espaço, custo e
escavações de 30 m com parede-dia- ne no 10, em 1994, foi fundamental prazo", salienta Joppert.
fragma de 80 cm de espessura. para as obras urbanas, que passaram A preocupação com os custos
Outro fomentador das conten- a ocupar terrenos cada vez mais con- pode ser observada no crescimento
ções foi o desenvolvimento da indús- finados. "Por vezes o custo da cons- do solo grampeado em detrimento
tria automobilística nacional. Se até trução não é o da execução, mas do das soluções atirantadas. O primeiro
os anos 1960 os prédios não tinham que se perde em relação ao metro evita o uso de caras cordoalhas neces-
subsolo porque havia menos carros, quadrado da região", afirma Joppert. sárias ao atirantamento ao adotar
na década de 1980 já "era usual ter até Passaram a pautar as soluções três barras de aço CA-50, convencionais.
dois subsolos", conta Ivan Joppert, questões, principalmente: esbeltez da Embora eficaz, exige mais cuidado
professor da Escola de Engenharia do contenção para evitar qualquer perda por não facultar rigoroso controle
Mackenzie e sócio-diretor da Infraes- de terreno, possibilidade de executar as tecnológico quando da execução.
trutura Engenharia. Com mais car- fundações e a execução a prumo sem Bruno Loturco

48 Confira outras reportagens da Téchne sobre conteções em www.revistatechne.com.br TÉCHNE 131 | FEVEREIRO DE 2008
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O texto não deve ultrapassar o limite
de 15 mil caracteres (com espaço).

ARTIGO Fotos devem ser encaminhadas


separadamente em JPG.

Reciclagem de RCD
de acordo com a resolução
no 307 do Conama
om este artigo, de forma resumida, óleo, de clínicas radiológicas e outros.
C será apresentado um roteiro para
implantação do PIGRC (Plano Inte-
José Roberto Troca
Engenheiro civil da Prefeitura
O desenvolvimento das cidades
brasileiras aumenta a demanda por
da Lavras (MG)
grado de Gerenciamento dos Resíduos novas moradias, ao mesmo tempo em
da Construção Civil) nos municípios que surge a construção de novas in-
de médio e pequeno porte. plementar seus projetos de Gerencia- dústrias, estradas, obras-de-arte e
O entulho começou a ser reciclado mento de Resíduos da Construção obras de infra-estrutura. Isso mostra a
após o término da 2a Grande Guerra. Civil, para estabelecer os procedimen- importância do ramo da construção
Na reconstrução das cidades euro- tos necessários ao manejo e destinação civil no crescimento do País e a in-
péias, houve a necessidade de aprovei- ambientalmente adequados dos resí- fluência das construções no meio am-
tar os escombros por falta de matéria- duos, a partir de 05/07/2004. biente. Tais projetos são desenvolvi-
prima, cuja demanda era grande. dos, geralmente, sem levar em conta
Com a aprovação da Resolução Com essa resolução, define-se a os impactos ambientais que, cada vez
no 307, de 05/07/2002, pelo Conama responsabilidade do poder público e mais agridem o meio ambiente. Há
(Conselho Nacional do Meio Ambien- agentes privados para a implementa- necessidade de se construir uma base
te), foram criados instrumentos que ção de planos integrados de gerencia- de conhecimento que sirva de refe-
determinam a responsabilidade do ge- mento dos resíduos de construção, rência para a resolução dos problemas
rador do RCD (Resíduo de Constru- criando condições legais para aplica- ambientais, tais como a poluição, o
ção e Demolição). Pode-se citar como ção da Lei 9.605/1988 que define os lixo e a geração de resíduos.
resumo principal da Resolução no 307 crimes ambientais. A partir da Resolução no 307 do
os seguintes itens: Segundo a Resolução no 307 do Conama verifica-se a necessidade da
1) É pressuposto dessa resolução, além Conama os resíduos de construção elaboração de um diagnóstico da si-
disso, que a responsabilidade pelos re- são classificados em quatro categorias: tuação atual do entulho nos municí-
síduos é do gerador; Classe A – São os resíduos reutilizáveis pios. Por meio dele, é possível conhe-
2) Municípios e Distrito Federal de- ou recicláveis como agregados de cons- cer o modo como municipalidade e
vem implementar a gestão dos resí- trução, pavimentação e pré-moldados. iniciativa privada (construtores e co-
duos da construção civil no Plano Inte- Classe B – São os resíduos recicláveis letores) vêm tratando o assunto, além
grado de Gerenciamento de Resíduos para outras destinações, tais como: de avaliar possíveis impactos ambien-
da Construção Civil, onde serão incor- plástico, papel/papelão, metal, vidros, tais, econômicos e sociais causados
porados o Programa Municipal de Re- madeira e outros. por deposições irregulares.
síduos da Construção Civil e Projetos Classe C – São resíduos onde não
de Gerenciamento de Resíduos da foram desenvolvidas tecnologias ou Responsabilidade do poder público
Construção Civil, oriundos de gerado- aplicações economicamente viáveis Elaborar um Plano Integrado de
res de pequenos volumes, a partir de para reciclagem. Ex.: gesso. Gerenciamento dos Resíduos da
05/07/ 2003; Classe D – São os resíduos perigosos Construção Civil, tendo como objeti-
3) Grandes geradores de RCD (nor- oriundos do processo de construção ou vos gerais:
malmente acima de 1 m3) devem im- demolição, tais como: tinta, solvente, a) Aprender a visão de diversos atores

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sociais envolvidos nas práticas de gestão


de resíduos. Portanto trata-se de uma
pesquisa acadêmica que inclui diferen-
Dez áreas
tes olhares sob o mesmo fenômeno; de deposição
b) Centrar a atenção em diversos as- de RCD
pectos que circunscrevem a realidade 4
investigada, políticas públicas, pro-
cesso de reciclagem, repercussões so- 10
cioeconômicas e ambientais associa-
das às práticas de gestão de resíduos 6 8
oriundos das atividades de constru- 1 5
ção civil. 3
Visando o protocolo da pesquisa
quantitativa e qualitativa, deve-se 9
tomar como objetivos principais:
Áreas autorizadas
1) Estimar a quantidade de entulho ge-
rado no município; 1 R. Dr. Álvaro Botelho –
Bairro Belizandra
2) Identificar atuais locais utilizados
como depósitos de entulho da constru- 2 R. Alfredo Marani – 2
Bairro São Camilo
ção civil na cidade, legais e clandestinos, 7
bem como os impactos por eles gerados,
Áreas clandestinas
seja social, econômico ou ambiental;
3) Realizar pesquisa junto às principais
3 R. Barbosa Lima – Centro
construtoras atuantes na cidade para
4 R. Júlia de Oliveira – Jd. das Alterosas
verificar os possíveis impactos que a 5 Av. Dr. Sílvio Menicucci –
Bairro Kennedy
Resolução no 307 do Conama gerará
em suas atividades e a existência de al-
6 R. Belizandra Maciel –
Vila Joaquim Sales
guma política de gestão de entulho na Pesquisa realizada na cidade
própria obra;
7 R. Geraldo Ribeiro – de Lavras (MG)
Bairro Jd. Floresta
4) Pesquisar, junto aos proprietários de Para a quantificação desses resíduos
empresas de caçambas, dados sobre a
8 R. Aguinésio Franco de Carvalho – de construção e demolição, foi utilizado
Bairro São Vicente
quantidade de entulho recolhido e pon- um método desenvolvido pela I&T (In-
9 R. 14 de Agosto – Vila Murad
tos de destinação por eles utilizados; formações e Técnicas), (Pinto, 1999). O
5) Elaborar diretrizes que venham a
10 R. Desembargador Alberto Luz – método agrega estimativas geradas a
Centro
corroborar com o destino correto do partir de dados sobre novas edificações
RCD no município. Serão tratados apenas os resíduos e dados sobre a coleta de RCD em refor-
Essa pesquisa deve ser minuciosa, gerados por atividades de construção, mas e demolições. São apresentados,
bem elaborada e por um período o de manutenção e demolição, conheci- nos itens seguintes, em detalhes, os pro-
maior possível, que é para espelhar a dos por resíduos de construção e de- cessos utilizados para a estimativa da
realidade do município. Coletar dados molição (RCD) ou entulho de obra. quantidade de resíduos gerados pela
com todas as empresas transportado- Para garantir o referido rigor, deve-se construção civil na pesquisa desenvolvi-
ras, pequenos veículos e carroças espa- optar por desenvolver no mínimo três da na cidade de Lavras (MG).
lhados em "ponto de aluguel". etapas, ou seja, pela aplicação combi- Na primeira etapa foram identifi-
Grande parte dos resíduos é gera- nada de técnicas de coleta de dados. cadas todas as áreas clandestinas e au-
da por população de baixa renda, em A quantidade dos resíduos gerados torizadas que recebem RCD; no ano
pequenas quantidades acumulativas, pela construção civil no município de 2005, o Codema identificou dez
gerando custo elevado ao poder pú- deve ser levantada por informações de áreas de deposição de RCD. Após estu-
blico para retirada do mesmo cons- diversas fontes, para compor dados do, liberou somente duas áreas, con-
tantemente. gerais sobre o assunto. forme mostradas no mapa acima.

51
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ARTIGO

Na segunda etapa, após a prepara- questionário para 74 empresas cadas- conforme tabela 1, reconhecendo-se
ção de um roteiro semi-estruturado, tradas na Prefeitura Municipal de La- que eles não refletem a totalidade das
realizou-se um conjunto de entrevis- vras no ramo de atividades e serviços obras construídas na cidade. No caso
tas e coleta de dados, com a participa- de engenharia, arquitetura e constru- de Lavras, será agregada a essa estima-
ção das cinco empresas coletoras de ção civil, com a finalidade de saber tiva a expectativa da geração de entu-
entulho existente em Lavras (MG). Os como estão sendo gerenciados os resí- lhos nas edificações informais, que é
dados foram coletados quinzenal- duos pelas empresas ligadas à cons- bastante significativa.
mente, por um período de 12 meses, trução civil. Fechando essa triangula- Segundo Almeida (2005), a estima-
sempre com orientação aos proprie- ção, permitindo que se obtivessem a tiva da quantidade de resíduos gerada
tários das empresas, para que o preen- profundidade e amplitude que mar- em novas edificações é realizada com
chimento das planilhas espelhasse a cam os estudos de caso. base em indicadores de perdas, ampla-
realidade, evitando-se erros de quan- mente pesquisados nos últimos anos,
tidades muito discrepantes. Estimativa da quantidade de RCD em em diversas regiões brasileiras. A taxa
Devido à informalidade dos novas construções e volume de RCD de geração de resíduos apresentada é
transportadores autônomos não re- transportado por coletores privados proveniente de dados apresentados
gularizados (caminhonete, carroça) 1) Para estimar a quantidade de por Pinto (1999), podendo-se estimar
de pequenos volumes e à falta de resíduos gerados pelas novas edifica- que a construção convencional, técnica
condições de localização dos mes- ções em Lavras (MG), tomaram-se largamente utilizada pelo setor, gere
mos, optou-se em não considerar como ponto de partida informações desperdício na ordem de 25% do peso
esses volumes de RCD. relativas à concessão de alvarás de do material colocado na obra. Em
Na terceira etapa, foi enviado um construção, no período de 12 meses, média, metade desse percentual é reti-
rada dos locais de trabalho na forma de
entulho (150 kg/m2 ou 0,15 t/m2).
Tabela 1 – ALVARÁS EMITIDOS ENTRE OUTUBRO/2005 E SETEMBRO/2006 A Prefeitura Municipal de Lavras
Mês Alvarás Residencial Alvarás Comercial Alvarás Misto estima que 30% das construções sejam
Quant. Área (m2) Quant. Área (m2) Quant. Área (m2) informais.
Out/05 39 4.169,33 05 3.223,19 02 641,57 Sendo 30% construção informal,
Nov/05 28 2.983,73 02 509,65 03 1.764,80 logo, 70% será construção formal.
Dez/05 19 10.999,25* - - 02 212,38
Jan/06 23 1.940,15 03 3.331,34 - ---- Construção formal (com alvará):
Fev/06 19 2.178,10 02 667,53 01 2.138,20 66.950,00 m2 → 70%
Mar/06 33 3.523,00 01 231,90 - ---- X ← 100%
Abr/06 23 3.304,06 02 450,55 02 499,18 ↔ X = 95.643,00 m2/ano
Mai/06 19 2.818,63 05 1.188,30 03 3.289,17
Jun/06 46 4.876,74 01 157,30 02 403,06 Construção informal (sem alvará):
Jul/06 36 4.568,02 03 2.425,37 03 1.434,33 95.643,00 m2 → 100%
Ago/06 38 4.135,72 03 2.419,72 01 523,35 X ← 30%
Set/06 50 8.478,58 06 3.868,52 03 1.748,17 ↔ X = 28.693,00 m2/ano
Total anual 373 35.823,00 33 18.473,37 22 12.654,21
Total – provável área formal construída 66.950,58 Provável geração de resíduos em novas
* Implantação de casas de Cohab (9.248,85 m2) construções:
66.950,00 m2/ano + 28.693,00 m2/ano
= 95.643,00 m2/ano
Tabela 2 – ESTIMATIVA DA QUANTIDADE DO VOLUME DE RCD TRANSPORTADO
95.643,00 m2/ano x 0,15 t/m2 =
Período Entulho Entulho Poda Terra Outros
14.346,00 t/ano
out/05 obra reforma/
a set/06 nova demolição Logo: 25 dias úteis/mês x 12 meses =
(m3/ano) (m3/ano) (m3/ano) (m3/ano) (m3/ano) (m3/ano) 300 dias/ano
Empresa A 1.648 2.256 536 1.228 384 14.346 t/ano ≅ 48,00 t/dia
Empresa B 3.058 3.074 472 1.782 134 300 dias/ano
Empresa C 729 462 70 268 31
Empresa D 486 518 82 184 39 2) Para estimar a quantidade de re-
Empresa E* - 1.709 - 15.846 - síduos de RCD transportada foram
Total 5.921 8.019 1.160 19.308 588 coletadas informações junto às em-
*A empresa E trabalha com aterro e desaterro, em caminhões caçamba, logo, não presas de transporte de resíduos.
transporta entulho em caçambas Brooks. No entanto, em consultas com re-

52 TÉCHNE 131 | FEVEREIRO DE 2008


artigo.qxd 1/2/2008 17:36 Page 53

Com a criação de áreas de trans-


Tabela 3 – ESTIMATIVA FINAL DO VOLUME DE RCD GERADO EM LAVRAS (MG)
bordo, triagem e eventual reciclagem,
Estimativas Estimado por alvará + informal Estimado por coleta
será incentivada sua implantação por
Toneladas diárias Toneladas diárias
agentes privados que, logicamente,
Provável geração 48 56
considerarão a distribuição geográfi-
de RCD em novas
ca da geração de resíduos na cidade e a
edificações
manifestação dos agentes coletores
para a definição de locais.
Tabela 4 – RESUMO DAS RESPOSTAS DAS EMPRESAS
Pergunta Sim Não
Tem conhecimento da Resolução 307 20 -
REFERÊNCIAS
Gerencia o resíduo - 20
BIBLIOGRÁFICAS
Faz seleção/separação do resíduo - 20
Preocupa com o destino do resíduo 20 - Gestão sustentável de resíduos
Tem diretriz para reduzir o volume de resíduo 20 - de construção no município de
Reutiliza seu próprio resíduo 10 10 Guarulhos. A. L. Almeida.
Treina sua mão-de-obra 14 6 Monografia (Pós-Graduação "Lato-
Sensu") – Universidade Federal de
Lavras, Lavras, MG. 92 págs., 2005
presentantes das cinco empresas pes- tetura e construção civil, revelou que
quisadas, foi possível estimar a parce- apenas 34 empresas estão atuando na Metodologia para a gestão
la do mercado que tais empresas aten- área de construção civil e, desse uni- diferenciada de resíduos sólidos
dem. Os resultados da pesquisa com verso, 20 responderam ao questioná- da construção urbana. T. P. Pinto.
transporte de RCD são apresentados rio. Além disso, seis empresas foram Tese (Doutorado) – Escola
na tabela 2. contatadas pessoalmente. Politécnica, Universidade de São
Entendendo-se que nem todo al- Paulo, São Paulo. 189 págs., 1999.
vará emitido é certeza de obra inicia- Conclusões
da, o comparativo entre os volumes de A quantidade estimada de RCD Dimensionamento de concreto
entulho por alvarás emitidos e o entu- gerado em Lavras (MG) é de 56 t/dia. armado. Polillo, A., 4a edição. São
lho realmente transportado serviu De acordo com a identificação das Paulo: Editora Nobel S. A., v. 1, 447
para verificar, na pesquisa, possíveis dez áreas que receberam RCD no ano págs., 1987.
divergências dos dados coletados. de 2005 e monitoradas durante o ano
Estão incluídas nas informações das de 2006, cinco continuam recebendo
LEIA MAIS
empresas de transporte de entulho RCD, sendo duas autorizadas e três
obras novas, com alvarás emitidos no clandestinas, cinco não recebem, de- Perda de Materiais em Processos
ano anterior, justificando as variações pois de tomadas as medidas indicadas Construtivos Tradicionais. Tarcísio.
dos volumes estimados. pelo Codema. P. Pinto. São Carlos: Departamento de
Segundo Polillo (1987), o peso es- A quantidade de volume de RCD, Engenharia Civil da Universidade
pecífico do entulho é de 1.200 kg/m3 caso concentrado somente nas áreas Federal de São Carlos, 1989.
ou 1,2 t/m3. autorizadas, sem nenhum programa Datilografado.
Volume transportado (ou coletado): de gerenciamento dos resíduos, com-
Entulho obra nova + prova que a capacidade volumétrica
reforma/demolição = 5.921+8.019 = desses locais será esgotada em curto
13.940 m3/ano prazo. A área no final da rua Dr. Álvaro
Em toneladas: 13.940 m3/ano x 1,2 t/m3 Botelho, bairro Belizandra (Área 01),
= 16.728 t/ano não tem vida útil mais do que um ano.
Por dia: 16.728 t/ano ≅ 56 t/dia A outra área autorizada, na rua Alfredo
300 dias úteis Marani, bairro São Camilo (Área 02),
tem vida útil para muitos anos.
3) O resultado da pesquisa com Com o volume mínimo estimado
as construtoras, com 74 questioná- de RCD, 56 t/dia, pode-se instalar
rios enviados, via correio, para as uma usina de reciclagem com capaci-
empresas cadastradas no setor de al- dade mínima de britagem de 10 t/h,
varás da Prefeitura Municipal de La- custo estimado de R$ 146.300,00
vras, constando como ramo de ativi- (ago/2006), não incluídos os custos
dades serviços de engenharia, arqui- do terreno e suas benfeitorias.

53
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PRODUTOS & TÉCNICAS


ACABAMENTOS COBERTURA,
IMPERMEABILIZAÇÃO
E ISOLAMENTO

PASTILHAS
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vidro Vitra. Feita com 100% de A Jorsil lança uma nova
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nuances de verde, marrom, azul, telha. Ela é composta por perfis
preto e cinza. que, parafusados entre si,
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54
p&t131.qxd 1/2/2008 18:35 Page 55

CONCRETO E FUNDAÇÕES E INSTALAÇÕES ELÉTRICAS E DE TELECOMUNICAÇÕES


COMPONENTES PARA INFRA-ESTRUTURA
A ESTRUTURA

MINIBARRAMENTO
A Comsystel lança o Mini-Way
Alumínio, um minibarramento
com condutor elétrico em
alumínio. O produto é destinado
à iluminação de grandes áreas,
como shopping centers, DISJUNTOR
hipermercados e centros de Os produtos da nova linha de
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INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS

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55
p&t131.qxd 1/2/2008 18:35 Page 56

PRODUTOS & TÉCNICAS


INSTALAÇÕES JANELAS, PORTAS MÁQUINAS, EQUIPAMENTOS E FERRAMENTAS
HISDRÁULICAS E VIDROS

FIXAÇÃO
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VEDAÇÕES, PAREDES E DIVISÓRIAS

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constituídos de núcleo de
poliuretano ou poliisocianurato
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autoclavada produzida com Possuem sistema de fixação com
cimento Portland, quartzo e parafuso escondido, ideal,
fibras de celulose. Disponível segundo a fabricante, para
nas espessuras de 6 mm, 8 mm, aplicação em fachadas e
10 mm e 15 mm, o produto tem fechamentos laterais industriais.
1,2 m de largura e 2,4 m de Isoeste
comprimento. Segundo o (62) 4015-1122
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flexão de 16 MPa.
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56
obra aberta-modelo.qxd 1/2/2008 17:33 Page 57

OBRA ABERTA
Livros

A proteção contra Novo conceito de BDI – Manual prático de Planos diretores


incêndios no projeto de Obras e serviços de escavação – terraplenagem municipais: integração
edificações consultoria * e escavação de rocha * regional estratégica
Telmo Brentano Paulo Roberto Vilela Dias Hélio de Souza Ricardo e Coordenação: Carlos Geraldo
616 páginas 70 páginas Guilherme Catalani Luz de Freitas
T Edições Ibec (Instituto Brasileiro de 654 páginas 184 páginas
Fone: (51) 3249-6362 Engenharia de Custos) Editora PINI Coleção Habitare ANTAC
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fotografias e desenhos A publicação lança um olhar A terceira edição atende à pesquisadores do IPT (Instituto
ilustrativos para tornar o texto crítico sobre o despreparo que demanda de leitores que, de Pesquisas Tecnológicas do
objetivo e claro. Ao longo dos existe, especialmente em obras esgotada a edição anterior, Estado de São Paulo), sob
capítulos, incluiu comentários, públicas, entre engenheiros e continuaram a solicitar livros à coordenação do professor Luz
mensagens e alertas sobre os administradores no que tange PINI e aos autores. de Freitas, traz diretrizes para a
assuntos tratados. Voltado à concepção de orçamentos e A publicação traz os abordagem regional na
para profissionais envolvidos determinação de custos. Uma aperfeiçoamentos das técnicas elaboração de Planos Diretores.
com elaboração, análise, das críticas do autor refere-se mais recentes de escavação de A abordagem leva em conta as
aprovação e execução de ao distanciamento dos terra e rocha, sempre com o potencialidades e os problemas
projetos, o livro busca engenheiros, já durante a objetivo de proporcionar maior na gestão adequada do uso do
estimular o desenvolvimento formação acadêmica, entre produtividade, redução de solo, extrapolando os limites
de uma cultura de segurança conhecimentos técnicos e custos e confiabilidade em geopolíticos das cidades. Mais
contra incêndio em orçamentários. Nas 70 páginas relação ao desempenho. Já na informações sobre o livro
edificações. Dividido em 18 do livro o engenheiro formado primeira parte do livro, é podem ser obtidas enviando
capítulos, aborda instalações pela UFRJ (Universidade abordado o uso de recursos e-mail para cege@ipt.br. Os
de proteção e está atualizado Federal do Rio de Janeiro) eletrônicos no monitoramento arquivos em PDF, que
de acordo com as normas apresenta o problema de máquinas e sistemas. Ao compõem a publicação,
brasileiras de 2006. O autor é configurado pela falta de pleno tratar da escavação em si, na estão disponíveis e podem
engenheiro civil e professor entendimento da boa técnica segunda parte, fala de ser baixados na seção
das faculdades de engenharia, de engenharia de custos. equipamentos e cálculos para "Publicações", do
arquitetura e urbanismo da O novo conceito, em si, é elaboração do plano de fogo. portal Habitare
Pontifícia Universidade tratado primeiramente sob a Custos em geral são http://www.habitare.org.br/pu
Católica do Rio Grande do Sul ótica dos órgãos contratantes, abordados no último capítulo. blicacao_colecao8.aspx
desde 1980. pois é o modelo que também
pode ser adotado pelas
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empresas prestadoras
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de serviços.
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57
agenda.qxd 1/2/2008 17:18 Page 58

AGENDA
Seminários e 25 a 28/6/2008 dispositivos, condutores, fios, cabos e
Cinpar 2008 – 4o Congresso tendências do mercado.
conferências Internacional sobre Patologia e Fone: (11) 6914-9087
10 e 11/3/2008 Reabilitação de estruturas E-mail: info@alcantara.com.br
SNCC – Seminário Nacional da Aveiro (Portugal) www.feicon.com.br
Construção Civil no Brasil: desafios O congresso pretende discutir a evolução
e oportunidades do conhecimento nos domínios da 8 a 12/4/2008
Brasília patologia e a reabilitação das construções Expolux – Feira Internacional da
O seminário reunirá setor privado, poder e os novos materiais e técnicas Indústria da Iluminação
público e pesquisadores para debater os construtivas decorrentes desse São Paulo
processos construtivos e as perspectivas conhecimento A Expolux 2008 apresenta as principais
das cadeias produtivas; a gestão do E-mail: cinpar@civil.ua.pt tecnologias e inovações dirigidas ao setor
conhecimento como elemento de cinpar.web.ua.pt de iluminação, abrangendo produtos para
inovação que permite acompanhar as iluminação residencial, industrial e
transformações em curso e o papel da pública.
construção civil na inserção social.
Feiras e exposições E-mail: info@expolux.com.br
www.snccb.com.br. 19 a 22/2/2008 www.expolux.com.br
Vitória Stone Fair – 25a Feira
22 a 24/5/2008 Internacional do Mármore e Granito 29/4 a 2/5/2008
Sinco 2008 – IV Simpósio Internacional Serra (ES) Coverings
sobre Concretos Especiais A feira reúne os lançamentos de Orlando (EUA)
Sobral (CE) máquinas, equipamentos, ferramentas e A Coverings reúne os setores de
O evento discutirá os componentes dos insumos do mercado mundial. revestimentos cerâmicos, rochas
concretos especiais, características, www.vitoriastonefair.com.br ornamentais, utensílios e acessórios para
propriedades e possibilidades de cozinhas e banheiros, vidros, madeira,
aplicações. O Sinco é realizado pelo 11 a 14/3/2008 artesanato para revestimento,
Ibracon (Instituto Brasileiro do Revestir equipamentos, produtos da cadeia de
Concreto), Iemac (Instituto de Estudo São Paulo revestimentos (argamassa, rejunte,
dos Materiais de Construção) e a UVA Em sua sexta edição, o evento reunirá películas anti-ruptura, produtos
(Universidade Estadual Vale do Acaraú). novamente os maiores fabricantes de antiderrapantes, de limpeza e seladores).
Fone: (88) 3611-6796 revestimentos e fornecedores, A feira é a maior do setor em terras
www.sobral.org/sinco2008/ apresentando novidades e tendências, americanas e uma das principais do
além de dar oportunidade para realizar calendário internacional da área.
23 a 25/5/2008 negócios com o mercado nacional e E-mail: coveringsinfo@ntpshow.com
Eco Building – Fórum Internacional internacional. www.coverings.com
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Construção Sustentável E-mail: revestir@vnu.com.br
São Paulo www.exporevestir.com.br
Cursos e treinamentos
O fórum fomentará a discussão sobre a 22 e 23/2/2008
construção sustentável por meio de 8 a 12/4/2008 A Concepção Estrutural na
conceitos de arquitetura fundamentais e 16a Feicon Batimat – Feira Arquitetura em Aço
complexos, a aplicação de materiais, Internacional da Indústria da Recife
tecnologias e soluções construtivas. Construção O curso pretende explicar a mecânica do
Haverá análises de casos, São Paulo comportamento do aço, dos sistemas
regulamentações e tendências de O evento apresentará novidades em estruturais e como executar edifícios
mercado nacionais e internacionais para a alvenaria e cobertura, esquadrias, utilizando estruturas em aço.
sustentabilidade na construção. instalações elétricas, hidráulicas, Fone: (11) 3816-0441
www.anabbrasil.org/ecobuilding2008 sanitárias, equipamentos elétricos, www.ycon.com.br

58 TÉCHNE 131 | FEVEREIRO DE 2008


agenda.qxd 1/2/2008 17:18 Page 59

23/2/2008 6 a 11/4/2008
Gestão de Contratos na Construção Light + Building
Civil Frankfurt (Alemanha)
Porto Alegre A feira reúne questões que intercalam
Serão oferecidos conhecimentos básicos design da construção, iluminação,
para se resguardar juridicamente em eletrotecnologia e automação de casas e
contratações profissionais, seja como edifícios.
contratado para concepção de projetos, www.light-building.messefrankfurt.com
para a execução de obras ou na
contratação de prestadores de serviços na 14 e 15/3/2008
construção civil. A concepção estrutural na
Fone: (11) 2626-0101 arquitetura em concreto armado
E-mail: cursos@aeacursos.com.br Recife
www.aeacursos.com.br O objetivo do curso é esclarecer a
mecânica do comportamento do concreto
2/2008 armado e dos sistemas estruturais.
MBA na Poli/Usp Fone: (11) 3816-0441
São Paulo www.ycon.com.br
O Pece (Programa de Educação
Continuada da Escola Politécnica da USP) 20/3/2008
abriu inscrições para mais de 20 cursos A nova NB-1 e a tecnologia do
presenciais e à distância em Engenharia. concreto
Entre as opções de MBAs há as áreas de São Paulo
Tecnologia da Informação, Engenharia O curso pretende atualizar arquitetos,
Financeira, Real Estate, Gerenciamento de engenheiros e técnicos sobre a NBR
Facilidades, Energia, Gestão de Qualidade 6.118, que foi reescrita após 26 anos.
e Tecnologias Ambientais e de Produtos. A norma vigora desde abril de 2004 e está
Já entre os cursos de especialização há os direcionada para a durabilidade do
de Engenharia de Segurança no Trabalho, concreto, introduzindo modificações na
Gestão de Projetos de Sistemas especificação e aplicação do concreto, na
Estruturais – Edificações e Tecnologia participação conjunta dos profissionais
Metroferroviária. Entre os cursos à responsáveis pelo projeto, o uso
distância, três temas estão com inscrições concomitante e complementar das
abertas: Higiene Ocupacional Normas de Controle (NBR 12655:1996) e
(Especialização), Engenharia de Execução (NBR 14931:2003), a
Segurança no Trabalho (Especialização) e elaboração de documentação
Gestão e Tecnologias Ambientais (MBA). As comprobatória da qualidade da estrutura
inscrições para os cursos se encerram em e a criação da figura do Manual de Uso,
fevereiro de 2008. Inspeção e Manutenção a ser entregue
Fone: (11) 2106-2400 aos usuários da obra.
E-mail: atendimento@pece.org.br Fone: (11) 5574-7766
www.pece.org.br www.cma-ie.org.br

23/2, 1o e 8/3/2008
Estruturas Metálicas
Concursos
São Paulo Inscrições até 29/2/2008
O segundo módulo do curso promovido Holcim Awards
pela Abece (Associação Brasileira de A segunda edição do prêmio promovido
Engenharia e Consultoria Estrutural) pela Holcim Foundation reúne novamente
tratará de assuntos como flambagem projetos de construções sustentáveis de
lateral de vigas, elementos fletidos e todo o mundo. As construções
comprimidos, vigas esbeltas etc. participantes não podem ter sido iniciadas
Fone: 3097-8591 antes de 1o/6/2006 e o material deve ser
Email: abece@abece.com.br enviado em inglês.
www.abece.com.br www.holcimawards.org

59
como construir.qxd 1/2/2008 17:56 Page 60

Eugenia Aumond Kuhn


Arquiteta, doutoranda da Pós-Graduação
em Engenharia Civil da UFRGS
eugeniaakuhn@yahoo.com.br

Miguel Aloysio Sattler


Engenheiro civil e agrônomo; PhD pela
University of Sheffield, Inglaterra
COMO CONSTRUIR Professor-adjunto da UFRGS
masattler@gmail.com

Habitações de baixo custo


mais sustentáveis
Muito se tem falado ultimamente

Fotos: acervo pessoal


sobre sustentabilidade e construções
sustentáveis. Mas o que seriam cons-
truções sustentáveis? Seriam aquelas
que atendessem adequadamente às
dimensões da sustentabilidade. Nor-
malmente, tais dimensões são enten-
didas como aquelas associadas a ques-
tões econômicas, sociais e ambientais.
Mais recentemente, como menciona a
Agenda 21 para a Construção Susten- Figura 1 – Vistas nordeste e noroeste do Protótipo Casa Alvorada
tável, esse número de dimensões foi
ampliado e passou a incluir aspectos
culturais (identidade com a cultura projeto foi iniciado em 1997 e envol-
ou anseios culturais de uma popula- veu uma equipe composta por mais
ção), políticos (participação da popu- de 30 profissionais de diferentes áreas
lação-alvo nas decisões que lhe dizem (arquitetos, engenheiros civis e agrô-
respeito), entre outros. Dentro desse nomos), todos alunos do Norie. Um
quadro cabe assinalar que não exis- modelo experimental foi construído
tem (ou se existirem, são muito raras) no Campus do Vale da Universidade
Figura 2 – Unidades construídas
construções sustentáveis. Elas consti- e, desde então, o foco dos estudos tem
pelo projeto CETHS
tuem metas a serem buscadas, grada- sido o aprimoramento e a avaliação
tivamente. O que se pode almejar das alternativas e soluções implanta-
construir são, então, construções mais das (figura 1). O objetivo da constru- alcance dos diversos aspectos prioriza-
sustentáveis, em cuja materialização ção do protótipo não foi elaborar um dos na etapa de projeto, tais como
se tenta introduzir tais dimensões. modelo a ser reproduzido em larga conforto ambiental e funcionalidade
O Norie (Núcleo Orientado para escala, mas testar, investigar e exami- da edificação. O objetivo das avalia-
a Inovação da Edificação), um dos nar alternativas tecnológicas mais ções foi a verificação da satisfação dos
braços do PPGEC-UFRGS (Progra- sustentáveis, com menor impacto ao usuários depois de um, de três e de
ma de Pós-Graduação em Engenharia meio ambiente, e capazes de efetiva- cinco anos de ocupação.
Civil da Universidade Federal do Rio mente atender às necessidades dos
Grande do Sul), que se dedica à área futuros moradores. Projeto
de construção, vem desenvolvendo O modelo da Casa Alvorada tam- A concepção arquitetônica do Pro-
pesquisas, desde o início desta década, bém foi inserido em um estudo tótipo Casa Alvorada foi determinada
que resultaram em propostas para maior, o projeto CETHS (Centro de a partir de diretrizes gerais relaciona-
conjuntos habitacionais e habitações Tecnologias Habitacionais Sustentá- das a projetos sustentáveis e de requi-
voltadas a populações de baixa renda. veis) (figura 2), no qual oito habita- sitos típicos do programa de necessi-
Neste artigo é apresentada uma ções foram construídas, ocupadas e dades para uma família pequena, o
dessas habitações, o PCA (Protótipo posteriormente submetidas a três que incluiu: dois dormitórios, sala e
Casa Alvorada), cujo processo de avaliações pós-ocupação, quanto ao cozinha conjugados, banheiro, área de

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projeção cobertura
8

1
4 7 9

10

projeção pergolado/caixa d’água


2 6 8

5
3
projeção cobertura

Figura 3 – Planta e corte do PCA

1 Quarto (A = 8,95 m2) 5 Estar/cozinha (A = 18,31 m2) 8 Reservatório secundário (água de chuva)
2 Quarto (A = 8,59 m2) 6 Aquecedor 9 Reservatório
3 Varanda/acesso (A = 3,59 m2) 7 Área de serviço (A = 2,78 m2) 10 Coletor solar
4 Banho (A = 4,43 m2)

serviço e uma área de acesso coberta dotar essa fachada, que é a mais preo-
por pérgula. Em resposta às condicio- cupante quanto à incidência de radia-
nantes, gerou-se uma habitação de ção solar, de sombreamento durante
planta aproximadamente quadrada o verão. Por meio da inserção de vege-
(figuras 3 e 4), com reentrâncias nos tação caducifólia, esse sombreamento
espaços correspondentes à área de é obtido sem comprometimento à in-
serviço e à entrada. A área construída cidência solar durante o inverno, visto
resultante corresponde a 50,5 m², sen- que, no Rio Grande do Sul, ganhos
do que o projeto buscou priorizar os térmicos são desejáveis durante esse
seguintes aspectos: período. Na área de acesso, ao norte,
Acessibilidade universal: todos os foi adotada a mesma alternativa de
espaços de passagem, assim como o sombreamento com pérgulas e com Figura 4 – Maquete eletrônica do PCA
banheiro, foram projetados com es- vegetação caducifólia, gerando um es-
paçamentos adequados para a movi- paço aberto, propício ao convívio nas
mentação independente de idosos e diversas estações do ano. empreendimentos habitacionais de
deficientes físicos. Águas: dois sistemas foram implan- interesse social, normalmente fazen-
Adequação climática: os espaços tados. O primeiro é responsável pela do uso de soluções de "fim de tubo".
de maior permanência foram volta- captação e aproveitamento de água da Energia: foi prevista, também, a
dos para norte e leste, por serem as chuva para fins não potáveis.A água co- instalação de um coletor solar experi-
orientações solares mais adequadas letada do telhado é armazenada em um mental, de baixo custo, para aqueci-
para a cidade de Porto Alegre. Aqueles reservatório específico e reaproveitada mento de água. O objetivo principal
orientados para norte apresentam um para descarga do vaso sanitário. foi utilizar a energia solar – abundan-
pé-direito variável e, na parte mais O segundo corresponde a um sis- te e limpa – para substituir e/ou ame-
alta, foram posicionadas janelas com tema local, modular, de tratamento nizar a utilização da ducha elétrica,
o intuito de favorecer a iluminação das águas residuárias. É um sistema usada por mais de 70% da população
natural e a ventilação convectiva (fi- simplificado, que utiliza materiais co- brasileira e responsável por grande
gura 3). Essa diferença de altura é de- muns, requer pouquíssima manuten- parte do consumo de energia elétrica
terminada pela inclinação da cober- ção e não necessita de energia externa no horário de pico.
tura, que é constituída de duas águas para o seu funcionamento. Os resulta- Para complementar o aquecimen-
e, predominantemente, voltada para dos decorrentes de sua aplicação a vá- to de água no inverno e para propor-
sul, como artifício para a redução da rios projetos demonstram que esse cionar um melhor condicionamento
intensidade de incidência solar. sistema apresenta eficiência de trata- dos ambientes nesse período de frio,
A oeste da habitação foi implanta- mento muito superior ao de sistemas projetou-se, também, um aquecedor
da uma pérgula com o objetivo de convencionais, particularmente em que utiliza a biomassa como fonte

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COMO CONSTRUIR

Fotos: acervo pessoal


Figura 5 – Materiais de construção empregados

energética. Trata-se de um "equipa-


mento" compacto e de simples cons-
trução, onde se buscou aproveitar ao
máximo o calor gerado. Para tanto,
foram agregadas a ele três funções: (1)
a de lareira, aquecendo o ambiente in-
terno nos dias frios; (2) a de aquece-
dor de água para banho, por meio da
implementação de uma serpentina
conectada a um reservatório de água
secundário; (3) e as funções de forno e
de fogão.
Materiais: o requisito fundamen- Figura 6 – Participação dos alunos na construção
tal considerado na especificação dos
materiais de construção foi a preser-
vação da saúde dos usuários da habi- construção e apenas 1,2% são oriun- nico. Dessa forma, estimula a confian-
tação e dos trabalhadores envolvidos dos de fora do Estado do Rio Grande ça em soluções e tradições locais, que
na sua produção. Uma análise crite- do Sul (figura 5). proporciona independência tecnoló-
riosa da composição e dos processos A reutilização de materiais foi gica de países desenvolvidos e impele a
produtivos dos materiais embasou tal outra forma adotada para a redução criação e aprimoramento de suas pró-
seleção. Não foram utilizados tintas, de impactos ambientais. Uma estru- prias tecnologias, estimulando a eco-
vernizes, revestimentos, materiais ou tura abandonada existente no terreno nomia regional e consolidando a iden-
produtos que contivessem compostos forneceu as pedras de granito empre- tidade cultural.
orgânicos voláteis (VOCs), fibras que gadas nas fundações. Chapas de off- As atividades para a construção do
apresentem riscos à saúde, tais como set, resíduos de gráficas, foram utili- Protótipo Casa Alvorada envolveram
o amianto ou metais pesados. Esses zadas no isolamento térmico da co- 15 profissionais-estudantes, desen-
materiais e substâncias são, usual- bertura e fôrmas de madeira utiliza- volvendo a coordenação, o planeja-
mente, os principais poluentes dos es- das na concretagem das vigas de con- mento e, no mínimo, um turno de
paços internos. creto foram parcialmente aproveita- trabalho semanal junto ao canteiro de
Outra grande atenção foi dada à das como caibros na cobertura. O be- obras (figura 6). Assim se verificaria a
identificação da origem dos materiais, nefício adicional desse reaproveita- aptidão da proposta construtiva para
já que o transporte implica o consu- mento foi uma economia correspon- a autoconstrução, mesmo que pres-
mo de energia fóssil, gerando gases de dente a mais de 4,0% no custo total cindindo de mão-de-obra qualifica-
efeito estufa. Adicionalmente, a espe- de materiais. da, que foi uma das diretrizes nortea-
cificação de materiais da região tam- doras de seu projeto. O processo foi
bém colaborou para o desenvolvi- Construção iniciado com a realização de um curso
mento das indústrias locais, contri- A construção mais sustentável, se- preparatório, ministrado a todos os
buindo para a dimensão econômica gundo a Agenda 21 para Construção participantes engenheiros, arquitetos
da sustentabilidade. Assim, 90% dos Sustentável em Países em Desenvolvi- e agrônomos das diversas especialida-
materiais empregados no protótipo, mento, respeita a cultura construtiva des, com objetivo de capacitá-los, pro-
em massa, são produzidos a uma dis- local, busca capacitar a mão-de-obra e porcionando a todos uma visão holís-
tância máxima de 100 km do local de investir em qualificação do corpo téc- tica e sistêmica. Entre os temas abor-

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1 Vigas de concreto 15 cm x 20 cm
2 Blocos de granito parcialmente dados foram incluídos: como con-
reutilizados 22 cm x 22 cm x 22 cm templar aspectos de sustentabilidade
3 Camada de areia espessura= 3 cm em todas as atividades; elaboração de
cronogramas físico-financeiros, pla-
4 Camada de solo-cimento compactada nejamento e execução da obra, orga-
espessura= 30 cm
nização do canteiro de trabalho e se-
5 Argamassa adesiva pré-fabricada gurança dos trabalhadores.
6 Placas cerâmicas esmaltadas Dada a dificuldade de coordena-
7 Placas cerâmicas corrugadas não ção das atividades acadêmicas dos en-
esmaltadas volvidos, com aquelas de construção,
8 Argamassa de assentamento feita in loco somadas a uma série de circunstâncias
Contrapiso espessura= 5 cm que retardaram o início das obras, foi
9
contratado um pedreiro para acelerar
10 Lastro de pedra britada espessura=3 cm
as atividades de execução, mas ainda
11 Placas cerâmicas esmaltadas assentadas contando com a participação dos es-
com argamassa adesiva pré-fabricada e
tudantes. Os trabalhos executados
rejuntadas com argamassa feita in loco
apresentaram grande qualidade de
12 Revestimento em massa única acabamento e foram obtidos indica-
13 Alvenarias em tijolos maciços de cerâmica dores médios de perdas de materiais
vermelha assentados a chato (deitados) expressivamente pequenos, tomando-
espessura da parede= 10 cm
se como valores de referências os re-
14 Moldura em tijolos maciços sultados obtidos pelas pesquisas em
15 Janelas com barras de aço internas e vidros canteiros de obras nacionais. Houve
transparentes espessura= 3 mm grande preocupação do grupo partici-
16 Esquadrias de madeira de eucalipto: pante quanto à minimização de resí-
cinco portas e sete janelas duos gerados e de consumo de recur-
Tratamento alternativo com dois tipos sos naturais excedentes. Como resul-
de mistura: óleo de linhaça diluído em tado, o consumo, em massa, excedeu
essência de terebintina, produto
biológico e água em apenas 7,0% a quantidade de ma-
teriais estimada.
17 Janela com venezianas e vidro Onde identificada a possibilidade,
transparente 3 mm
práticas de reaproveitamento de ma-
18 Chapas de off-set reaproveitadas de gráficas teriais foram empregadas. Além das
19 Arremates laterais: tábuas de cedrino reutilizações já mencionadas, o pe-
20 Acabamentos em aço galvanizado queno volume de caliça resultante da
construção da edificação foi emprega-
21 Telhas cerâmicas não esmaltadas
do no leito de evapotranspiração do
(tipo romana)
sistema de tratamento de esgotos e na
22 Ripas: sarrafos de cedrinho conformação do paisagismo local, de
23 Caibros: tábuas de pínus e cedrinho forma que, ao final do processo, ne-
justapostas parcialmente reutilizadas
nhum resíduo precisou ser transpor-
24 Forro: ripas de cedrinho tado para fora do canteiro de obras.
25 Vigas de concreto
(dimensões 16 cm x 25 cm) Subsistemas do protótipo
26 Pergolado norte O Protótipo Casa Alvorada é des-
crito a seguir, segundo seus subsiste-
27 Pergolado oeste
mas (figura 7):
28 Linhas de eucalipto (Eucalyptos Grandis Fundações: executadas em pedras
e Eucalyptos Salignas)
de granito (parcialmente reaproveita-
29 Linhas de eucalipto (Eucalyptos Grandis das), sobre camada compactada de
e Eucalyptos Salignas)
solo-cimento, coroadas por vigas de
30 Vigas de concreto concreto com seção de 15 cm x 20 cm,
(dimensões 15 cm x 15 cm) impermeabilizadas com emulsão as-
31 Blocos de granito parcialmente reutilizados fáltica elastomérica.
Pisos: placas cerâmicas esmalta-
Figura 7 – Composição dos subsistemas do PCA das e não esmaltadas, lastro de pedra

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Avaliações posteriores
Fotos: acervo pessoal

Desde sua construção, até o mo-


mento, o Protótipo Casa Alvorada já
foi tema de seis dissertações de mes-
trado e uma tese de doutorado, que
buscaram avaliar desde o seu desem-
penho térmico, até os impactos am-
bientais gerados pelos materiais in-
corporados, tais como consumo de
energia e emissões de gases de efeito
Figura 8 – Detalhes do pergolado oeste e das aberturas para ventilação da cobertura estufa. Verificou-se que, em geral, as
soluções adotadas para aumentar o
desempenho ambiental e de confor-
britada de 3 cm de espessura e con- e caibros de madeira de cedrinho e to da edificação foram eficazes, se
trapiso de 5 cm. As placas cerâmicas pínus. Grande parte dos caibros foi comparadas às alternativas usual-
esmaltadas, aplicadas no banheiro, confeccionada com tábuas (40%) mente adotadas em habitações de
foram assentadas com argamassa reaproveitadas das fôrmas de concre- mesmo padrão. Essas pesquisas
adesiva pré-fabricada, e aquelas não- tagem. As peças não receberam ne- podem embasar o desenvolvimento
esmaltadas, aplicadas no restante da nhum tipo de pintura, pois estavam de novas propostas para habitações
habitação, foram assentadas com ar- protegidas pelo excedente cimentício de interesse social, buscando-se me-
gamassa de cimento e areia. A arga- da massa de concreto. Apenas aque- lhorias contínuas.
massa de rejuntamento para ambos las não reaproveitadas sofreram um
os tipos de placas cerâmicas foi pro- tratamento alternativo, com uma
duzida in loco. mistura de cal e cola branca para ma-
Alvenarias: são predominante- deira. As telhas de recobrimento são
REFERÊNCIAS
mente constituídas por fiadas simples cerâmicas, não esmaltadas, do tipo
BIBLIOGRÁFICAS
de tijolos maciços de cerâmica verme- romana, e o forro é constituído por
lha, com espessura total de 11 cm. Nas lambris de cedrinho. Um incremento Habitações de baixo custo mais
fachadas orientadas a sul e a oeste, no isolamento térmico do subsiste- sustentáveis: a Casa Alvorada e o
foram aplicados também chapisco e ma é proporcionado por chapas de Centro Experimental de
massa única, como forma de aumen- alumínio, reaproveitadas do proces- Tecnologias Habitacionais
tar a resistência térmica e a durabili- so de off-set de gráficas. Foram fixa- Sustentáveis. M. A. Sattler. Coleção
dade dessas, que se encontram em si- das entre os sarrafos e as tábuas da Habitare, v. 8. 488 p. Porto Alegre,
tuação mais crítica de exposição. estrutura, com sua face polida volta- Antac, 2007. Disponível em:
Esquadrias: são constituídas de da para baixo. Com a mesma finali- www.habitare.org.br.
madeira de eucalipto, de diversas es- dade térmica foi formado um "col- Avaliação ambiental do protótipo
pécies, e atendem aos padrões de fábri- chão de ar" entre as chapas de alumí- de habitação de interesse social
ca, porém, com dimensões e alguns de- nio e o forro, de modo a possibilitar o Alvorada. E. A. Kuhn. Dissertação
talhes específicos. Totalizam sete jane- escoamento convectivo do ar aqueci- (Mestrado em Engenharia Civil) –
las e cinco portas com um volume útil do (apenas no período de verão), Escola de Engenharia, Universidade
de madeira aproximado de 0,60 m³. através de aberturas reguláveis no Federal do Rio Grande do Sul, Porto
Para proteção da madeira das esqua- beiral inferior, e permanentes, no Alegre, 2006. Disponível em:
drias foi testado um tratamento alter- beiral superior (figura 8). www.bibliotecadigital.ufrgs.br/da.ph
nativo composto por dois tipos de Pergolados: são dois os pergola- p?nrb=000599772&loc=2007&l=
mistura. A primeira mistura, buscan- dos presentes na habitação. Um 30263fedd0a4efd4.
do evitar o ataque por insetos xilófa- orientado a norte e outro, a oeste da Agenda 21 para a construção
gos, é composta pela diluição de um edificação. Os mourões (elementos sustentável. Escola Politécnica da
produto biológico em água e aplicada verticais) e linhas (elementos hori- Universidade de São Paulo –
com borrifador de jardim. A segunda, zontais) empregados na estrutura são Departamento de Engenharia de
aplicada com pincel, constituiu-se de de madeira de eucalipto, não-tratada, Construção Civil. Tradução do
óleo de linhaça, diluído em essência das espécies Eucalyptus saligna e Eu- relatório CIB – Publicação 237. 2000.
de terebintina. calyptus grandis. O apoio dos mou- Agenda 21 for sustainable
Cobertura: é constituída de duas rões no solo é feito por pedras de gra- construction in developing
águas, com orientação predominan- nito, em parte reutilizadas, e peque- countries: a discussion
temente sul. A estrutura de sustenta- nos blocos de concreto que os man- document. C. Plessis (Org.).
ção é composta por vigas de concreto têm distanciados do solo. Rotterdam: CIB; CSIP, 2002.

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