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A I G R E J A D E J E S U S C R I S T O D O S S A N T O S D O S Ú LT I M O S D I A S • M A R Ç O D E 2 0 11

Ele Pode Curar


Todos Nós, p. 18
O Élder e a Irmã Holland
Falam sobre a Sociedade
de Socorro, p. 28
Escolher o Caminho dos
Escolhidos, p. 54
Rosa Encontra uma Amiga, p. 66
Segurar a Barra de Ferro, de Louise Parker

Ao pintar uma mulher que segura fir- E vi também um caminho estreito e aper-
memente a barra de ferro, esta artista da tado, que acompanhava a barra de ferro até
África do Sul nos lembra que fazemos parte a árvore onde eu estava; (…)
de uma Igreja mundial unida por muitas E aconteceu que vi outros avançando com
coisas, inclusive nossa crença no Livro de esforço; e chegaram e conseguiram segurar a
Mórmon. extremidade da barra de ferro; e empurraram-se
“E vi uma barra de ferro que se estendia através da névoa de escuridão, apegados à barra
pela barranca do rio e ia até a árvore onde de ferro, até que chegaram e comeram do fruto
eu estava. da árvore” (1 Néfi 8:19–20, 24).
A Liahona, Março de 2011

MENSAGENS 24 Uma Grande Comunidade 17 Falamos de Cristo:


4 Mensagem da Primeira de Santos
Onde quer que morem os
Para Curar os Contritos
de Coração
Presidência: Procurar o que
É Bom membros da Igreja, o evangelho Georges A. Bonnet
Presidente Dieter F. Uchtdorf lhes dá forças para enfrentar os
desafios da vida. 32 Nosso Lar, Nossa Família:
7 Mensagem das Professoras Ensinar a Doutrina da
Visitantes: Sob o Sacerdócio 28 “A Caridade Nunca Falha”: Família
Julie B. Beck
e Segundo o Padrão Uma Conversa a Respeito
do Sacerdócio da Sociedade de Socorro
Élder Jeffrey R. Holland e
38 Vozes da Igreja
ARTIGOS Patricia T. Holland 74 Notícias da Igreja
14 Separados por uma Enchente, O Élder e a irmã Holland fazem
reflexões sobre o papel divino da 80 Até Voltarmos a Nos
Unidos pela Oração Encontrar: Em Segurança
Sociedade de Socorro.
Melissa Merrill na Família da Ala
Como a família Torres, da Costa Caroline Kingsley
Rica, enfrentou uma tragédia SEÇÕES
com fé. 8 Coisas Pequenas e Simples
18 O Poder de Cura 10 Nossa Crença: Deus Revela a
Élder Yoshihiko Kikuchi Verdade a Seus Profetas e a NA CAPA
Primeira capa: Cristo, o Consolador,
O Salvador pode curar feridas Nós de Carl Heinrich Bloch © IRI. Ao fundo:
emocionais e desfazer o ódio se
12 Clássicos do Evangelho:
ilustração fotográfica de David Stoker.
confiarmos em Sua Expiação e
deixarmos o Espírito Santo nos Não Sejam Enganados
enternecer o coração. Presidente Joseph Fielding Smith

M a r ç o d e 2 0 1 1 1
JOVENS ADULTOS JOVENS CRIANÇAS

46 Direto ao Ponto
42
48 Pôster: Super!
49 Devo Ir ou Ficar?
Rodolfo Giannini
Quando chegou a época de eu ir
para a missão, meu pai e minha
59
mãe foram hospitalizados. Eu
não sabia se poderia deixá-los
naquele estado.

50 Em Defesa da Fé
Richard M. Romney
42 Mestres Familiares e Celva atua na defesa tanto nos 59 Testemunha Especial:
Professoras Visitantes: campos de futebol como fora Como o Evangelho Me
Um Trabalho de Ministração deles. Ajuda a Ser Feliz?
Começando agora no ensino Élder David A. Bednar
familiar ou no programa de 52 O que É a Tolerância?
professoras visitantes? Estas Élder Russell M. Nelson 60 A Operação de Elias
nove sugestões podem Haveria limites para o amor Jane McBride Choate
ajudar. e a tolerância? Elias estava prestes a ser operado
e precisava sentir paz.
54 O Caminho dos Escolhidos
Élder Koichi Aoyagi 62 Conta as Bênçãos
O batismo é apenas o início Presidente Henry B. Eyring
de nossa jornada rumo à vida Podemos recordar nossas bên-
Veja se conse- eterna. çãos seguindo estes conselhos.
gue encontrar
a Liahona 58 A Menina do Lindo Sorriso 64 Dar Vida à Primária: O Pai
Michelle Glauser Celestial Nos Fala por Meio
oculta nesta de Seus Profetas
Eu não podia contro-
edição. JoAnn Child e Cristina Franco
lar minha situação,
Dica: sob o
arco-íris.
mas podia controlar
minha atitude.
66 A Resposta no Dia
de Atividade
Rebecca Barnum
Eu ainda não tinha amigos em
meu novo bairro e não que-
ria ir ao dia de atividade da
Primária.
68 Nossa Página
69 Pôster das Escrituras: Moisés
70 Para as Criancinhas

54

2 A Liahona
Mais na Internet
MARÇO DE 2011 VOL. 64 Nº 3
A LIAHONA 09683 059
Revista Oficial em Português de A Igreja de
Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias Liahona.LDS.org
A Primeira Presidência: Thomas S. Monson,
Henry B. Eyring e Dieter F. Uchtdorf
Quórum dos Doze Apóstolos: Boyd K. Packer,
L. Tom Perry, Russell M. Nelson, Dallin H. Oaks,
PARA OS ADULTOS
M. Russell Ballard, Richard G. Scott, Robert D. Hales,
Jeffrey R. Holland, David A. Bednar, Quentin L. Cook, O Élder e a irmã Holland trocam ideias sobre
D. Todd Christofferson e Neil L. Andersen
como a Sociedade de Socorro pode fortale-
Editor: Paul B. Pieper
Consultores: Stanley G. Ellis, Christoffel Golden Jr., cer as pessoas, as famílias, as alas e os ramos
Yoshihiko Kikuchi
(ver a página 28). Para aprender mais, acesse
Diretor Administrativo: David L. Frischknecht
Diretor Editorial: Vincent A. Vaughn www​.reliefsociety​.LDS​.org (em inglês).
Diretor Gráfico: Allan R. Loyborg
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Gerentes Editoriais Assistentes: Jenifer L. Greenwood,
Adam C. Olson
do Salvador de curar até mesmo
Editor Associado: Ryan Carr as pessoas com preconceitos arraigados (ver a página
Editora Adjunta: Susan Barrett
Equipe Editorial: David A. Edwards, Matthew D. Flitton, 18). Para aprender mais sobre a missão do Salvador,
LaRene Porter Gaunt, Larry Hiller, Carrie Kasten, Jennifer
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Richard M. Romney, Janet Thomas, Paul VanDenBerghe,
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Encontre vídeos, testemunhos e artigos, em
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Equipe de Diagramação e Produção: Cali R. Arroyo, www​.youth​.LDS​.org.
Collette Nebeker Aune, Howard G. Brown, Julie Burdett,
Thomas S. Child, Reginald J. Christensen, Kim Fenstermaker,
Kathleen Howard, Eric P. Johnsen, Denise Kirby, Scott M. PARA AS CRIANÇAS
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4 A Liahona
MENSAGEM DA PRIMEIR A PRESIDÊNCIA

Presidente
Dieter F. Uchtdorf
Segundo Conselheiro na
Primeira Presidência

Procurar
O QUE É BOM

A
o procurar uma nova casa, um jovem casal da na Igreja pessoas bondosas e compassivas — um povo
Igreja conversou com vizinhos em potencial que ama o Senhor e deseja servi-Lo e abençoar a vida
sobre o bairro e as escolas da região. de seus semelhantes. Mas também é verdade que quem
Uma mulher com quem eles falaram disse o seguinte busca coisas ruins certamente encontrará coisas aquém
sobre a escola que seus filhos frequentavam: “É uma do ideal.
escola sensacional! O diretor é um bom homem, uma Infelizmente, às vezes, isso se dá até mesmo dentro
pessoa maravilhosa; os professores são qualificados, gen- da Igreja. Não há limites para a criatividade, a engenho-
tis e simpáticos. Estou muito feliz por meus filhos estuda- sidade e a tenacidade dos que buscam motivos para
rem nessa excelente escola. Vocês vão adorar!” criticar. Eles parecem incapazes de vencer o rancor.
Outra senhora fez a seguinte descrição da escola de Fazem mexericos e estão sempre à procura de defeitos
seus filhos: “É um lugar horrível. O diretor é egocêntrico, nos outros. Alimentam mágoas durante décadas e não
e os professores são despreparados, grosseiros e antipá- perdem a oportunidade de diminuir e desmerecer o pró-
ticos. Se eu tivesse condições de me mudar para outro ximo. Isso não é do agrado do Senhor, “porque onde há
bairro, não esperaria um segundo!” inveja e espírito faccioso aí há perturbação e toda a obra
O interessante é que ambas se referiam ao mesmo perversa” (Tiago 3:16).
diretor, aos mesmos professores e ao mesmo O Presidente George Q. Cannon (1827–1901) conhecia
estabelecimento. bem o Presidente Brigham Young (1801–1877) e traba-
Já notaram que as pessoas tendem a achar aquilo que lhou a seu lado durante muitos anos, como membro do
FOTOGRAFIA: MATTHEW REIER

procuram? Se prestarmos bem atenção, vamos enxergar Quórum dos Doze Apóstolos e como conselheiro na
tanto coisas boas quanto ruins em praticamente qualquer Primeira Presidência. Após a morte do Presidente Young,
pessoa ou coisa. As pessoas têm agido da mesma forma o Presidente Cannon escreveu em seu diário: “Nunca
em relação à Igreja de Jesus dos Santos dos Últimos critiquei a conduta de [Brigham Young] nem apontei
Dias desde o início. Quem procura o que é bom achará erros em seus conselhos ou ensinamentos, em momento

4 A Liahona
ENSINAR USANDO ESTA MENSAGEM
“Você talvez ache que não entende certo
princípio que está preparando-se para ensi-
nar”, observa o guia Ensino, Não Há Maior
Chamado, 2009, p. 19. “Contudo, ao estu-
dá-lo em espírito de oração, empenhar-se
para vivê-lo e depois o transmitir às pessoas,
seu próprio testemunho se fortalecerá e se
aprofundará.”
Ao procurar o que há de bom na vida e nas
pessoas neste mês, você estará em melhores
condições para ensinar esta mensagem e testi-
ficar sua veracidade.

Algumas pessoas olham para o copo


e acham que está meio cheio. Já
outras acham que está meio vazio.
O modo que o vemos depende só de
nós mesmos.

do que eu, até podiam fazer muitas coisas sem sofrer as


consequências adversas que prefiro não afrontar”.1
Esses conselhos incisivos do Presidente Cannon
devem ser ponderados pelos membros da Igreja com
todo o cuidado. A palavra de Deus exorta os seguidores
de Cristo a serem de índole “pura, depois pacífica, mode-
rada, tratável, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem
parcialidade, e sem hipocrisia”. Para os que promovem
a paz, “o fruto da justiça semeia-se na paz, para os que
algum, em meu coração, muito menos em minhas pala- exercitam a paz” (Tiago 3:17, 18).
vras ou ações. Isso hoje me traz grande satisfação. O Temos escolha. Podemos procurar o que há de ruim
pensamento que sempre me acompanhava era: Se eu nas pessoas ou promover a paz e empenhar-nos para
criticar, condenar ou julgar o irmão Brigham, até que oferecer aos outros a compreensão, a justiça e o per-
ponto irei? Se eu começar, onde vou parar? Não confiava dão que tanto desejamos para nós mesmos. A escolha é
em mim mesmo o bastante para enveredar por esse nossa; tudo o que buscarmos certamente acharemos. ◼
caminho. Eu sabia que as pessoas que se entregavam a
NOTA
críticas e julgamentos não raro caíam em apostasia. Já 1. George Q. Cannon, Diário, 17 de janeiro de 1878; ortografia
outras, dotadas de mais força, sabedoria e experiência atualizada.

M a r ç o d e 2 0 1 1 5
JOVENS
O Lado Bom de uma Mordida de Cachorro
Tara Stringham

N o meio do ano de 2009, fui mordida no rosto por um


cachorro que era do meu amigo. Infelizmente, a mordida
abriu meus lábios, e tive que levar pontos.
sentia feliz naquele momento de tristeza. Logo percebi que as
pessoas, ao pensarem em meu acidente, exerciam compaixão.
Isso ajudou a formar meu caráter, e aprendi a não me
Depois daquele acidente, entreguei-me ao desânimo. Per- preocupar tanto com o que os outros pensavam a meu res-
miti que a adversidade dominasse meus pensamentos e senti peito. Também fui abençoada porque o acidente me ajudou
que minha vida inteira estava arruinada. Fiquei complexada a perceber que eu devia pensar menos em mim mesma e
por causa dos lábios e não queria ser vista em público. Tinha começar a me preocupar mais com os outros. Meu espírito se
a impressão de que, devido ao ocorrido, meus projetos para fortaleceu muito naquele período.
o piano, o voleibol, a Igreja, a natação e a escola tinham Aprendi que a adversidade faz parte do plano do Pai
todos ido por água abaixo. Celestial para nós. Se procurarmos o que é bom e não o que
Mas sempre que eu orava, recebia bênçãos do sacerdó- é ruim, podemos superar as provações e tornar-nos pessoas
cio, conversava com meus pais ou era visitada por familiares melhores, permitindo que essas experiências pessoais fortale-
e amigos, era como se levasse uma injeção de ânimo, e me çam nosso testemunho.

CRIANÇAS
Procure o que É Bom a Sua Volta

É possível ver coisas boas a sua volta se você


aprender a procurá-las. Uma maneira de apren-
der a reconhecer as bênçãos é criar o hábito de
Veja este desenho. Quantas coisas boas consegue
achar?
Reserve algum tempo hoje à noite para contar a
enumerar, todas as noites, as coisas boas vistas um membro da família as coisas boas que viu em sua
durante o dia. própria vida hoje.

ILUSTRAÇÃO: ADAM KOFORD

6 A Liahona
M E N S AG E M DA S P R O F E S S O R A S V I S I TA N T E S

Sob o Sacerdócio e Segundo Estude este material e, conforme julgar conveniente,


discuta-o com as irmãs que você visitar. Use as pergun-
o Padrão do Sacerdócio tas para ajudar no fortalecimento das irmãs e para
fazer com que a Sociedade de Socorro seja parte ativa
da vida delas.
Fé • Família • Auxílio

Q ueridas irmãs, como somos abençoadas! Somos


membros não só da Igreja, mas também da
Sociedade de Socorro — “a organização do Senhor
O que
Posso Fazer?
De Nossa História
Durante a construção do Templo de Nauvoo,
um grupo de irmãs desejou organizar-se para
para as mulheres”.1 A Sociedade de Socorro é uma
1. Como posso apoiar as obras. Eliza R. Snow elaborou estatu-
ajudar as irmãs
prova do amor de Deus por Suas filhas. tos para aquele novo grupo. Ao mostrá-los ao
que visito a des-
Não sentem o coração vibrar ao recordarem Profeta Joseph, ele respondeu: “Diga às irmãs
frutar as bênçãos
o fascinante início dessa sociedade? Em 17 de do trabalho que sua oferta foi aceita pelo Senhor e que Ele
março de 1842, o Profeta Joseph Smith organizou sagrado da Socie- tem para elas algo melhor. (…) Organizarei as
dade de Socorro? mulheres sob o sacerdócio, segundo o padrão
as irmãs “sob o sacerdócio, segundo o padrão do
do sacerdócio”.6 Pouco tempo depois, o Profeta
sacerdócio”.2 2. O que farei disse à Sociedade de Socorro recém-organizada:
O fato de serem organizadas “sob o sacerdó- este mês para
“Agora, abro-lhes as portas em nome de Deus, e
cio” proporcionou às irmãs autoridade e direção. aumentar minha
capacidade de esta Sociedade se regozijará, e o conhecimento
Eliza R. Snow, segunda presidente geral da Socie- e a inteligência aqui fluirão a partir de agora”.7
receber revelação
dade de Socorro, ensinou que a Sociedade de pessoal? Esperava-se das irmãs que atingissem um novo
Socorro “não pode existir sem o sacerdócio, pois patamar de santidade e se preparassem para as
dele recebe toda a sua autoridade e influência”.3 O ordenanças do sacerdócio que logo seriam admi-
Élder Dallin H. Oaks, do Quórum dos Doze Após- Das Escrituras nistradas no templo.
tolos, explicou: “A autoridade a ser exercida pelas I Coríntios 11:11; NOTAS
líderes e professoras da Sociedade de Socorro (…) Doutrina e 1. Spencer W. Kimball, “Relief Society—Its Promise and
Potential”, ­Ensign, março de 1976, p. 4.
era a autoridade decorrente de sua ligação institu- Convênios 25:3; 2. Joseph Smith, citado por Sarah Granger Kimball
cional com A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos 121:36–46 em “Auto-biography”, Woman’s Exponent, 1º de
setembro de 1883, p. 51.
Últimos Dias e de sua designação individual pelas 3. Eliza R. Snow, “Female Relief Society”, Deseret News,
mãos dos líderes do sacerdócio que as chamaram”.4 22 de abril de 1868, p. 81.
O fato de estarem organizadas “segundo o 4. Dallin H. Oaks, “The Relief Society and the Church”,
­Ensign, maio de 1992, p. 36.
padrão do sacerdócio” conferiu às irmãs responsa- 5. Julie B. Beck, “Sociedade de Socorro — Um Trabalho
bilidades sagradas. Julie B. Beck, presidente geral Sagrado”, A ­Liahona, novembro de 2009, p. 110.
6. Joseph Smith, citado por Kimball em “Auto-
da Sociedade de Socorro, ensinou: “Trabalhamos biography”, p. 51.
à maneira do sacerdócio — isto é, buscamos e 7. Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Joseph
Smith, 2007, p. 471.
recebemos revelação e agimos sob inspiração;
tomamos decisões em conselhos; e nos preocupa- Acesse www​.reliefsociety​.LDS​.org para mais informações.
mos com o cuidado das pessoas, individualmente.
Temos o mesmo objetivo do sacerdócio: de nos
preparar para as bênçãos da vida eterna, fazendo
e cumprindo convênios. Portanto, assim como
nossos irmãos portadores do sacerdócio, o nosso
trabalho também é de salvação, de serviço e de
santificação das pessoas”.5
Barbara Thompson, segunda conselheira na presidência
geral da Sociedade de Socorro.
ILUSTRAÇÃO FOTOGRÁFICA: BRANDON FLINT

M a r ç o d e 2 0 1 1 7
Coisas Pequenas e Simples
“É por meio de coisas pequenas e simples que as
grandes são realizadas” (Alma 37:6).

HISTÓRIA DA IGREJA NO MUNDO NO CALENDÁRIO

Países Baixos Reunião Geral


das Moças
N este mês, há 50 anos, foi
organizada em Haia a primeira
atende a cinco estacas e um distrito
nos Países Baixos, na Bélgica e em
T odas as jovens de doze a
dezoito anos, as respectivas
mães e as líderes das Moças estão
estaca dos Países Baixos, a Estaca parte da França. convidadas a participar da reu-
Holanda. Foi a primeira estaca da nião geral das Moças no dia 26 de
Igreja de língua não inglesa. Cem março. O evento incluirá discursos
anos antes, em agosto de 1861, proferidos por um membro da
Paul Augustus Schettler e A. Wie- Primeira Presidência e pela pre-
gers van der Woude tinham sido os sidência geral das Moças. O tema
primeiros missionários a pregar o da reunião deste ano é “Cremos”
evangelho na Holanda. No decorrer (Regras de Fé 1:13).
dos 100 anos seguintes, mais de Onde for possível, as moças, as
14.000 pessoas foram batizadas respectivas mães e as líderes são
nos Países Baixos, muitas das quais incentivadas a reunirem-se nas
emigraram para os Estados Unidos. capelas para assistir à transmissão
Hoje, quase 9.000 membros da via satélite. Consulte seu líder
Igreja vivem nos Países Baixos. do sacerdócio ou o site www​
Em 8 de setembro de 2002, o Templo de Haia Países Baixos
.broadcast​.LDS​.org para obter mais

FOTOGRAFIA DO TEMPLO DE HAIA PAÍSES BAIXOS: CHARLES BAIRD © IRI; MAPA: THOMAS S. CHILD; FOTOGRAFIA DE AVIÃO
Presidente Gordon B. Hinckley informações sobre horários e locais
(1910–2008) dedicou o Templo de transmissão.
de Haia Países Baixos, que

GENTILMENTE CEDIDA PELO PRESIDENTE BOYD K. PACKER; OUTRAS FOTOGRAFIAS © GETTY IMAGES
S
O
I X
A

Amsterdã
B

A IGREJA NOS PAÍSES BAIXOS


Haia
E S

Número de membros 8.909


Missões 1, partilhada
Í S

Roterdã com a Bélgica


P A

Estacas 3
Alas e Ramos 33
Templos 1

8 A Liahona
Até que Ponto Você Conhece
Nossos Líderes da Igreja?

A conferência geral ocorrerá no pró-


ximo mês, e entre os muitos oradores
estarão membros da Primeira Presidência
consegue fazer a correspondência entre eles
e certos acontecimentos ou outros detalhes
da vida deles.
e do Quórum dos Doze Apóstolos. Veja se

A. Quando jovem, gostava de jogar vanbol, H. Jogava damas com o filho mais novo
1. Presidente Thomas S. Monson
uma versão modificada de voleibol. quase todas as noites. Seu filho recorda:
B. Este líder tem o mesmo nome que o “Ele jogava três partidas de damas. Deixa-
pai e é conhecido entre os familiares e 2. Presidente Henry B. Eyring va-me ganhar uma, depois me derrotava
amigos mais próximos como Hal. na seguinte e em seguida disputávamos
C. Quando este apóstolo era diácono, seu 3. Presidente Dieter F. Uchtdorf uma partida para valer, em que qualquer
pai, que era artista, levou-o ao Bosque um poderia vencer”.
Sagrado. Ao voltarem para casa, o pai I. Serviu seu país como piloto na Segunda
pintou um quadro do Bosque Sagrado 4. Presidente Boyd K. Packer Guerra Mundial com pouco mais de vinte
para ele. Desde aquela época, este após- anos de idade.
tolo mantém esse quadro pendurado em 5. Élder L. Tom Perry J. Para ganhar dinheiro para a
sua sala como lem- faculdade, trabalhou num barco de
brança daquela visita pescadores de ostras. Os colegas
6. Élder Russell M. Nelson
especial. o ridicularizavam por se recusar a
D. Quando ele tinha ingerir bebidas alcoólicas, até o dia
cinco anos, sua 7. Élder Dallin H. Oaks em que um homem caiu no mar;
família mudou-se este apóstolo, devido a seu compro-
para uma fazenda 8. Élder M. Russell Ballard misso de abstinência, estava sóbrio
que produzia laticínios e foi escolhido para resgatar o
em Pocatello, Idaho, EUA. Lá cuidava de homem em apuros.
coelhos, andava a cavalo e brincava nos 9. Élder Richard G. Scott K. Quando era estudante universitá-
campos com os irmãos. rio, trabalhava como locutor de rádio.
E. É o único membro da Primeira Presidên- 10. Élder Robert D. Hales L. Antes de ser chamado para o Quórum dos
cia ou do Quórum dos Doze Apóstolos Doze Apóstolos, foi reitor da Faculdade
que nasceu fora dos Estados Unidos. Ricks e ajudou a instituição na transição
11. Élder Jeffrey R. Holland
F. Na escola secundária, foi presidente de para a Universidade Brigham Young–
classe no último ano e gostava de partici- Idaho.
par de debates. 12. Élder David A. Bednar M. Fez uma cirurgia de coração aberto no
G. Atleta nato, destacou-se na escola no Presidente Spencer W. Kimball (1895–
futebol americano, no basquetebol, 13. Élder Quentin L. Cook 1985) pouco tempo antes de o Presidente
na corrida e no beisebol, Kimball tornar-se presidente da Igreja.
sendo integrante de equi- N. O Élder Scott foi o presidente de missão
pes de futebol ameri- 14. Élder D. Todd Christofferson deste apóstolo na Argentina.
cano e basquetebol O. Antes de ser chamado como Autoridade
em campeonatos 15. Élder Neil L. Andersen Geral, tal como seu pai, ele trabalhava no
estaduais. ramo automobilístico.

Para mais informações biográficas sobre


K. 7; L. 12; M. 6; N. 14; O. 8 os líderes da Igreja, ver www​.newsroom​
E. 3; F. 13; G. 11; H. 1; I. 4; J. 9; .LDS​.org.
Respostas: A. 5; B. 2; C. 10; D. 15;

M a r ç o d e 2 0 1 1 9
NOSSA CRENÇA

DEUS REVELA A VERDADE A SEUS


PROFETAS
E A NÓS
U
m profeta é uma testemu- na Terra hoje. Os dois conselheiros
nha especial de Jesus Cristo do Presidente Monson, o Presidente
e presta testemunho de Sua Henry B. Eyring e o Presidente Die-
divindade. Deus chama um profeta ter F. Uchtdorf, também são profetas.
para ser Seu representante na Terra. Outros doze homens — o Quórum
Um profeta ensina a verdade, inter- dos Doze Apóstolos — também são
preta a palavra de Deus e segue todas chamados profetas.
as orientações Dele para abençoar Como filhos de um Pai Celestial
nossa vida. Quando um profeta fala amoroso, também podemos
em nome de Deus, é como se Ele receber revelações Dele para
estivesse falando (ver D&C 1:38). Há nossa vida pessoal. Embora
profetas na Terra atualmente assim a revelação às vezes possa
como havia no passado. vir por meio de visões,
As revelações para toda a Igreja sonhos ou visitas de anjos, o
são concedidas por meio do Presi- modo mais comum de Deus
dente da Igreja de Jesus Cristo dos comunicar-Se conosco é
Santos dos Últimos Dias, Thomas S. por meio dos sussurros do
Monson. Ele é um profeta de Deus. Espírito Santo. Por meio da
Quando os membros da Igreja falam revelação pessoal podemos
do “profeta”, referem-se ao Presidente receber força e respostas
da Igreja. Contudo, há outros profetas para nossas orações.

“Como somos gratos pelos céus estarem


de fato abertos, por estar na Terra hoje o
evangelho de Jesus Cristo e por estar a Igreja
alicerçada sobre a rocha da revelação! Somos
um povo abençoado com apóstolos e profetas
na Terra hoje em dia.”
Presidente Thomas S. Monson, “Comentários Finais”,
A ­Liahona, novembro de 2009, pp. 109–110.

10 A L i a h o n a
Onde podemos ler ensi-
4. Todos os membros da
namentos inspirados dos
Primeira Presidência e do
profetas modernos?
2. Uma mensagem do 3. “A Família: Proclamação Quórum dos Doze Após-
1. Doutrina e Convênios Presidente da Igreja ou de ao Mundo” e “O Cristo Vivo: tolos discursam a cada seis
é um conjunto de reve- um de seus conselheiros é O Testemunho dos Apósto- meses na conferência geral
lações concedidas aos publicada mensalmente na los” são declarações profé- da Igreja. Leia o texto ou
profetas modernos. Pode revista A ­Liahona (disponí- ticas de verdades sobre a assista ao vídeo de seus
ser encontrado on-line em vel em alguns idiomas em família e o Salvador. Ambas pronunciamentos em www​
www​.scriptures​.LDS​.org. LDS​.org). estão em LDS.org. .conference​.LDS​.org.

1. Jejue, pondere e ore 2. Leia as escrituras. Elas são 3. Vá à Igreja todos os 4. Guarde os mandamentos
para receber orientação. um meio pelo qual o Pai domingos e, se possível, a fim de ser digno de rece-
Celestial pode responder a frequente o templo. ber inspiração do Espírito
nossas orações e dar-nos Santo. ◼
Como podemos orientação à medida que o
receber revelação Espírito Santo nos ajuda a
pessoal? compreender o que lemos.

“Eis que eu te falarei em tua mente Para mais informações, ver Dallin H. Oaks,
“Duas Linhas de Comunicação”, A ­Liahona,
e em teu coração, pelo Espírito Santo novembro de 2010, p. 83; Princípios do
que virá sobre ti e que habitará em
ILUSTRAÇÕES FOTOGRÁFICAS: DAVID STOKER

Evangelho, 2009, “Os Profetas de Deus”,


pp. 39–44; e Sempre Fiéis, 2004, “Revelação”,
teu coração. pp. 155–159.
(…) Ora, eis que este é o espírito
de revelação” (D&C 8:2–3).

M a r ç o d e 2 0 1 1 11
C L Á SS I CO S D O E VA N G EL H O

Não Sejam
Enganados
Joseph Fielding Smith, o décimo presidente da Igreja, nasceu em
19 de julho de 1876. Foi ordenado apóstolo em 7 de abril de 1910
e apoiado como presidente da Igreja em 23 de janeiro de 1970.
Neste discurso, proferido em 1953, o Presidente Smith ensinou aos
jovens como não serem ludibriados pelas teorias falsas do mundo.

Presidente Joseph Fielding Smith (1876–1972)

V
ivemos num mundo para adequá-las a essas teorias
muito conturbado, e e ideias que, em sua essência,
Enquanto falarei de modo bem estão desprovidas de Deus.
algumas pes- direto: Vivemos num mundo Não podemos nos permitir
soas estão que descartou Deus ou cami- essas coisas. (…) passagem. Usem-na como tema
nha a passos largos para isso. “A luz brilha nas trevas e as — não há outro melhor — mas
modificando
Vivemos num mundo em que trevas não a compreendem; leiam a revelação inteira. Ou
seus padrões
ministros cristãos de várias contudo, dia virá em que com- melhor! Leiam o livro inteiro.
para seguir denominações se deixaram preendereis até o próprio Deus, O Senhor ordenou na primeira
os modismos influenciar pelas filosofias sendo vivificados nele e por ele. seção de Doutrina e Convê-
do mundo, dos homens e, assim, por não Então sabereis que me vistes, nios, que constitui o prefácio
precisamos terem o Espírito do Senhor, que eu sou e que sou a verda- desse livro, o prefácio do
permanecer tentam modificar as escrituras, deira luz que está em vós e que Senhor:
firmes nas ou o significado delas, a fim vós estais em mim; caso con- “Examinai estes mandamen-
escrituras e de harmonizá-las com as fal- trário, não poderíeis prosperar” tos, porque são verdadeiros e
nas verdades sas doutrinas tão difundidas (D&C 88:49–50). fiéis; e as profecias e as pro-
reveladas do no mundo atual. Essas teorias Essa revelação é maravi- messas neles contidas serão
estão em total conflito com a lhosa. Trata de inúmeras coisas todas cumpridas” (D&C 1:37).
evangelho.
revelação divina, mas pessoas de vital importância para todos “Examinai estes mandamentos.”
atemorizadas e dominadas pela os membros da Igreja. Quantos Quão grande é nosso amor
influência de falsas filosofias, de nós já leram a seção 88? pelo Senhor? Qual é o maior
tentam modificar as doutrinas Não se contentem em ler essa de todos os mandamentos? O

12 A L i a h o n a
de hoje. Caso façam isso, caso
Examinem tenham no coração a orienta-
as escritu- ção do Espírito do Senhor que
ras a fim de todo membro da Igreja tem
não serem o direito de ter, a companhia
enganados do Espírito Santo, vocês não
pelas falsas serão desencaminhados pelas
teorias e teorias dos homens, pois o
práticas Espírito do Senhor lhes dirá
tão genera- que são falsas, e vocês terão o
espírito de discernimento para
lizadas no
compreenderem. (…)
mundo de
Caso entendam o evangelho
hoje. de Jesus Cristo, ele os libertará.
Se sua prática de softbol, volei-
Senhor nos deu a resposta na e servi-Lo em nome de Jesus bol, basquetebol, corrida, dança
seção 59 de Doutrina e Convê- Cristo. Ele ordenou que tomás- e outras formas de diversão
nios, no tocante aos membros semos conhecimento dessas for desprovida do Espírito do
da Igreja de Jesus Cristo dos verdades que nos foram revela- Senhor, não terá valor algum
Santos dos Últimos Dias nesta das na dispensação da plenitude para vocês. Que tudo seja feito
dispensação da plenitude dos dos tempos. em espírito de oração e fé. Acho
tempos: Quantos de nós já fizeram que já é o caso — talvez então
“Portanto dou-lhes [aos isso? Digo a vocês e, aliás, a eu nem precise dizê-lo — mas
membros da Igreja] um manda- todos os membros da Igreja, que assim seja. Façam tudo com
mento que diz assim: Amarás o que não permitam que seu os olhos fitos na glória de Deus
Senhor teu Deus de todo o teu entendimento se baseie num e ensinemos de modo a edificar
ILUSTRAÇÃO FOTOGRÁFICA: FRANK HELMRICH

coração, de todo o teu poder, único versículo [D&C 88:86, o e fortalecer a nós mesmos e A
mente e força; e em nome de tema da Mutual deste ano], que Igreja de Jesus Cristo dos Santos
Jesus Cristo servi-lo-ás” (D&C é um tema deveras excelente, dos Últimos Dias. ◼
59:5). (…) mas examinem as escrituras a Extraído de “Entangle Not Yourselves in
Assim, o primeiro de todos fim de não serem enganados Sin”, Improvement Era, setembro de 1953,
pp. 646–647, 671–672, 674, 676–678; o
os mandamentos é amar a pelas falsas teorias e práticas uso de iniciais maiúsculas e da pontuação
Deus com toda a nossa alma tão generalizadas no mundo foi atualizado.

M a r ç o d e 2 0 1 1 13
Separados por
uma Enchente,
Unidos pela Oração
Confinados em quartos, bloqueados por móveis e agarrados a galhos de árvores,
os membros da família Torres fizeram a única coisa que poderia salvá-los.
Melissa Merrill segundos, a água entrou pelas jane- de novo na casa. Achou Erick de pé

ILUSTRAÇÕES: BJORN THORKELSON


O
Revistas da Igreja las. (A família soube depois que um sobre uma pilha de entulho: uma
dia 25 de setembro de 2005 deslizamento de terra provocara a parede caída, alguns móveis, lixo
começou como um domingo enchente repentina.) Aos gritos, o e vários galhos que a água tinha
calmo e sossegado para irmão Torres orientou a família a empurrado contra uma porta fechada.
Victor Manuel Torres Quiros, sua correr para o quintal, onde havia Juntos, foram até a cozinha, onde o
mulher, Yamileth Monge Ureña, e a algumas árvores, e o terreno era mais irmão Torres colocou Erick num local
família. Tinham voltado da Igreja e elevado. As três filhas adolescentes, alto e seguro. O irmão Torres desco-
estavam descansando, lendo e desfru- Sofia, Korina e Monica, saíram de casa briu então que a água tinha enrolado
tando uma tarde serena e chuvosa em imediatamente. um fio de náilon em suas pernas,
casa, nas montanhas da Costa Rica. Mas a irmã Torres não conseguiu. o que dificultava seus movi-
Vinha chovendo a maior parte do Assim, ela correu com Elizabeth, mentos. Mesmo assim, con-
fim de semana, o que não era nada uma criança pequena que estava seguiu deslocar a geladeira e
incomum para a região e a estação do aos cuidados da família naquele fim alguns móveis, o que impediu
ano. Por volta das 17 horas, o irmão de semana, para o quarto. Rapida- que a porta se fechasse e o
Torres observou que o nível do rio mente pularam na cama, que, por deixasse isolado com o filho.
que passava perto da propriedade da incrível que pareça, estava boiando. Da cozinha, Erick e o irmão
família tinha subido mais que o nor- Nenhuma delas tinha a menor ideia Torres conseguiam ver as meninas
mal e estava chegando cada vez mais do paradeiro ou do estado dos no quintal, mas não sabiam como
perto da casa. Com calma, alertou a outros. A pequena Elizabeth reconfor- estavam a irmã Torres e Elizabeth.
família e, como precaução, começou tou a irmã Torres: “Não chore. Lembre O irmão Torres sugeriu que juntos
com o filho Erick, de onze anos, a que nosso Deus nos ama”. Então pedissem ajuda ao Pai Celestial.
colocar cobertores nas portas para começaram a orar. Enquanto isso, lá fora, no alto de
impedir a entrada da água. O irmão Torres seguira suas filhas uma goiabeira, as meninas também
Momentos depois, o rio trans- até o lado de fora quando percebeu estavam orando. Sofia, Korina e
bordou a ponto de cobrir um metro que não sabia onde estava Erick. Monica viam a água invadir a casa.
e meio da casa. Dentro de poucos Lutando contra a corrente, entrou Tudo indicava que

14 A L i a h o n a
M a r ç o d e 2 0 1 1 15


era impossível alguém lá dentro sobreviver. ressalta que eles


Preocupadas com a família e sentindo frio e “sentiam gratidão por
medo, as meninas cantaram hinos e oraram terem visto as janelas
juntas. do céu se abrirem” para
“Pedimos ao Pai Celestial que fizesse a eles, tanto pelo fato de sua vida ter sido
água baixar”, conta Sofia. “Sabíamos que preservada como em virtude das bênçãos
precisávamos ter fé; caso contrário, o milagre que vieram depois.
seria impossível. O momento mais feliz foi Muitas delas por causa da generosidade
quando abrimos os olhos e vimos que o nível dos membros da Igreja de toda a Costa Rica.
Já na quinta-feira a família estava recebendo
Olhando do
da água de fato baixara.”
E continuou a baixar. Pouco depois, o pai camas e outros móveis, alimentos, roupas e quintal, onde
saiu da casa para perguntar se elas estavam outros artigos de primeira necessidade envia- estavam as
bem. Já tinha escurecido, por isso entramos dos por membros de várias estacas da região filhas da famí-
em casa, achamos uma vela e, usando gaso- de San José. Quatro dias depois, a família lia Torres, pare-
lina, fizemos uma tocha para mostrar aos achou outro lugar para morar. cia impossível
vizinhos que estávamos lá. “Aprendemos que Deus mostra Seu amor
que alguém
Um vizinho viu a tocha e foi socorrê-los. por nós por intermédio de outras pessoas”,
Ajudou as meninas a desceram das árvores conta a irmã Torres. “Foram muitas pessoas, dentro da casa
e, com o irmão Torres, deslocou objetos que muitos irmãos que nos ajudaram naquele estivesse vivo.
estavam obstruindo a porta do quarto onde momento. Sentimos muito amor. Não senti- Preocupadas e
estavam a irmã Torres e Elizabeth. Naquela mos necessidade de perguntar: ‘Por que isso com medo, as
noite, a família foi hospedada por um aconteceu justamente conosco?’ meninas can-
parente. Foi um milagre termos todos sobrevivido”,
taram hinos e
Como estava escuro quando eles saíram, a declara o irmão Torres. “Certamente, a fé
família Torres não tinha ideia do grau de des- que nossa família tem aumentou. Sei sem a oraram juntas.
truição da casa. Segunda-feira pela manhã, menor dúvida que Deus vive e nos ama.”
voltaram e constataram que tinham perdido A irmã Torres acrescenta: “Faz tempo que
tudo. temos um lema na família: ‘Deus está até
Contudo, não se queixaram. “Sabemos que nos mínimos detalhes de nossa vida’. Depois
o Senhor dá e o Senhor tira”, disse o irmão do que nos aconteceu, temos plena certeza
Torres (ver Jó 1:21). Embora a casa e os per- disso. O Pai Celestial nos conhece. Ele res-
tences tivessem sido destruídos, a irmã Torres ponde a nossas orações.” ◼

16 A L i a h o n a
FA L A M O S D E C R I S TO

PARA CURAR OS
CONTRITOS DE CORAÇÃO

Georges A. Bonnet

N
a década de 1990, meu emprego
da Igreja levou nossa família para a
África, onde recebi a designação de
ajudar em projetos humanitários no Burundi,
em Ruanda e na Somália. Isso aconteceu Todos nós pode- muitas vezes quando nos aproximávamos de um
durante um período devastador de fome, mos ter a espe- barraco, os moradores nos pediam: “Podem orar
brutalidade e guerra, e o sofrimento era rança segura conosco?” As pessoas pareciam achar felicidade e
avassalador. paz ao dirigirem súplicas ao Senhor.
de que, por
Havia milhares de pessoas em campos de É claro que não devemos procurar os efeitos
refugiados. Centenas de crianças órfãs viviam meio da Expia- da Expiação somente nesta vida. Eles também se
em abrigos improvisados que elas mesmas ção de Cristo, manifestam na vindoura. Sei que há redenção para
tinham construído. A cólera, a febre tifoide e nosso coração os mortos e ressurreição para todos por causa do
a subnutrição estavam sempre presentes. O pode ser curado Salvador. A dor que sentimos nesta vida — por
fétido odor da desolação e da morte aumenta- e ficar são. maior que seja — será removida e curada por
vam o desespero. meio da Expiação.
Senti-me compelido a oferecer toda a ajuda Mórmon e Morôni, que viveram em épocas de
que pude dar. A Igreja trabalhava com o grande carnificina e morte, escreveram sobre a
Comitê Internacional da Cruz Vermelha e outras organiza- importância de ancorarmos a esperança num Deus amo-
ções, mas às vezes eu me perguntava se nosso empenho roso cuja misericórdia e justiça transcendem todo enten-
estava fazendo qualquer diferença diante de tamanha dimento (ver, por exemplo, Morôni 7:41–42). O estudo
atrocidade e tragédia. Era difícil não se deixar levar pelo dessas declarações proféticas reforçou minha própria
desespero e o desânimo, e muitas vezes eu chorava ao me fé. Quando eu me questionava se nosso trabalho estava
recolher à noite. tendo alguma repercussão, tive a certeza de que a graça
Foi naquela época desalentadora que uma escritura do Salvador é o poder redentor supremo. Mesmo que
conhecida assumiu uma dimensão ainda mais profunda demos o melhor de nós, nossos esforços são limitados,
para mim. Citando Isaías, ela nos diz que o Salvador foi mas os Dele são infinitos e eternos.
“ungido para curar os contritos de coração, proclamar Sem dúvidas, as condições do mundo podem criar mui-
liberdade aos cativos e a abertura da prisão aos presos” tas formas de desespero, mas nenhuma foge ao alcance
Ó MEU PAI, DE SIMON DEWEY

(D&C 138:42). da cura do Redentor. Todos nós podemos ter a esperança


Eu vira muitas pessoas que estavam “contritas” da pior segura de que, por meio da Expiação de Cristo, nosso
maneira possível e conversara com elas. Tinham perdido coração pode ser curado e ficar são. Com esse conheci-
entes queridos, a casa e uma vida tranquila. Mas muitas mento, pude dar continuidade a meu trabalho, ciente de
delas davam sinais de terem sido “curadas”. Por exemplo, que os esforços Dele sempre têm êxito. ◼

M a r ç o d e 2 0 1 1 17
O
O Salvador pode curar corações
magoados, a incompreensão e
o ódio, caso nos voltemos para
Sua palavra e para a Expiação.

E
m agosto de 1978, recebi a
designação de assistir a uma
conferência de estaca em
Seul, Coreia do Sul. Após a reunião
de liderança do sacerdócio, eu estava
no corredor quando uma irmã de
cerca de 60 anos de idade sussurrou em
japonês em meu ouvido: “Não gosto de
japoneses”.
Fiquei chocado e surpreso. Virei-me
e respondi em japonês: “Lamento que a
senhora sinta isso”. Fiquei curioso para
saber o que ela poderia ter passado na
vida para ter aqueles sentimentos. Que
mal meu povo fizera ao dela?
Em meu discurso na sessão
noturna da conferência da
estaca, falei da Expiação do
Salvador e de Seu grande
sacrifício. Contei aos
membros da
estaca a his-
tória de Néfi
Élder
Yoshihiko Kikuchi
Dos Setenta

Poder de Cura
e de como o Espírito do Senhor o Eles nos visitavam e meus irmãos e
conduzira a uma montanha ele- eu também íamos à casa deles. Eu
vada. Lá ele viu a árvore da vida, comia pratos da culinária coreana
que seu pai, Leí, tinha visto, e viu e aprendi músicas coreanas. Minha
também o menino Jesus (ver 1 Néfi tia casou-se com um maravilhoso
11:1–20). Então um anjo lhe per- homem coreano. Eles criaram os
guntou se ele sabia o significado filhos no Japão, na mesma cidade
da árvore que seu pai tinha visto. onde me criei.
Néfi respondeu: “Sim, é o amor No meio de meu discurso, pedi
de Deus, que se derrama no coração dos a alguém que tocasse piano enquanto eu
filhos dos homens; é, portanto, a mais dese- cantava uma canção folclórica coreana com
jável de todas as coisas”. O anjo acrescentou: o Presidente Ho Nam Rhee, o primeiro presi-
“Sim, e a maior alegria para a alma” (1 Néfi dente de estaca da Coreia do Sul. Em seguida,
11:22–23). pedi ao Presidente Rhee que me ajudasse a
O amor de Deus pode nos ajudar a superar cantar o hino nacional coreano, embora eu
todo preconceito e incompreensão. Somos não o tivesse cantado desde a infância. Fazia
verdadeiramente filhos de Deus e podemos muito tempo que eu aprendera o hino com
levar Seu amor em nossa alma se assim o meu tio coreano, mas a letra me voltou à
desejarmos. memória. Então pedi à congregação que can-
Salvador, eu quero amar-te, tasse comigo. Todos se levantaram e cantaram
Em tua senda quero andar, seu belo hino nacional. Muitos choraram, e
Socorrer o irmão aflito, foi difícil para mim cantar. Reinou um espírito
Minha força em ti buscar.1 doce e maravilhoso.
Eu disse aos membros da estaca que, assim
Não Me Entrego a Julgamentos como eu amava meus primos coreanos, tam-
Sem ter planejado, comecei a falar de bém os amava, porque somos todos filhos de
minha ligação com o povo coreano. Deus, porque somos todos irmãos no evange-
Contei à congregação que eu fora lho, e por causa do amor de Deus (ver 1 Néfi
criado com nove primos coreanos. 11:22, 25). Todos sentimos esse amor eterno,
CRISTO, O CONSOLADOR, DE CARL HEINRICH BLOCH; M a r ç o d e 2 0 1 1 19
CRISTO CURANDO UM CEGO, DE SAM LAWLOR
e quase todos na congregação choraram. durante muito tempo alimentei ódio no
Eu lhes disse: “Amo vocês como irmãos no coração”. Em seguida, ela disse: “Você
evangelho”. nos contou que seu pai também foi morto
Após o fim da sessão noturna, os mem- durante a guerra, mas depois você aceitou o
bros da estaca fizeram uma longa fila para evangelho, o que mudou sua vida. E agora
me cumprimentar. A última pessoa da fila era nos diz que nos ama. Estou com vergonha
aquela irmã coreana de 60 anos, que veio de mim mesma. Embora eu tenha nascido
falar comigo com lágrimas nos olhos e pediu na Igreja, senti ódio por seu povo até
SER VERDADEIROS
perdão. O Espírito do Senhor estava forte. hoje. Mas sua mensagem mudou
DISCÍPULOS
As asas curadoras do Salvador transportaram meu modo de pensar”.
“Foi-me dito que
todos nós, e o espírito da paz falou à con- Tive diversas experiên-
às vezes se ouvem
gregação. Senti-me como um deles. cias parecidas e conheci
comentários e insul-
muitas pessoas; e, graças ao
tos racistas em nosso Não me entrego a julgamentos,
meio. Lembro a vocês
evangelho, podemos amar
Imperfeito sou também
que nenhuma pessoa e compreender uns aos
Nos recônditos da alma,
que faça comentários outros.
Dores há que não se veem.
depreciativos a res-
peito de outras raças Sua Mensagem Mudou Todo o Meu Sentimento de Culpa Se Foi
pode considerar-se um Meu Modo de Pensar Alguns anos depois, num serão realizado
verdadeiro discípulo de Fui chamado membro dos Setenta em após uma visita a Adão-ondi-Amã, o super-
Cristo; nem tampouco 1977. Desde aquela época, tive o privilégio visor dos missionários de serviço da área
pode achar que está de visitar centenas de estacas. Ao fim de pediu-me que relatasse a história de minha
agindo de acordo com uma reunião de liderança do sacerdócio conversão. Atendi ao pedido e agradeci
os ensinamentos da em Taylorsville, Utah, um homem corpu- aos casais presentes por terem preparado
Igreja de Cristo. (…) lento aproximou-se de mim e sussurrou que os filhos para servir missão e,
Somos membros da seu irmão fora morto na Segunda Guerra por assim dizer, terem-nos
Igreja de nosso Senhor.
Mundial e que por isso ele odiava o povo enviado à minha porta.
Temos uma obrigação
japonês. Contudo, depois da conferência, o Ao apertar a mão dos
para com Ele assim
mesmo homem me procurou com lágrimas irmãos e preparar-me
como para com nós
mesmos e para com os
nos olhos. Chorando de alegria, deu-me um para ir embora, o supervi-
outros.” abraço, porque contei a história de minha sor pronunciou-se. “Antes de
conversão e declarei meu amor pela América, encerrarmos esta reunião”, disse
Presidente Gordon B. Hinckley
(1910–2008), “A Necessidade e isso o emocionou. ele, “tenho uma confissão pes-
de Mais Bondade”, A ­Liahona,
maio de 2006, p. 58.
Em outra ocasião, numa conferência de soal a fazer”. Não me lembro
estaca em Geórgia, EUA, uma irmã veio das palavras exatas, mas ele
contar-me que perdera o pai na Segunda disse, em essência:
Guerra Mundial. Mas depois da reunião, “Como sabem, servi meu país
ela me disse: “Preciso pedir-lhe desculpas. como fuzileiro naval dos Estados
Como meu pai foi morto por japoneses, Unidos quando jovem. Em minhas

20 A L i a h o n a DETALHE DE MOISÉS E A SERPENTE DE METAL, DE SÉBASTIEN BOURDON;


ILUSTRAÇÃO FOTOGRÁFICA DE DAVID STOKER
atividades, matei muitos soldados japoneses.
Eu acreditava ter servido fielmente ao meu
país, mas por muitos anos, sempre que via
orientais, particularmente japoneses, sen-
tia-me profundamente deprimido. Às vezes
nem conseguia realizar as atividades cotidia-
nas. Conversei com autoridades da Igreja e
falei de meus sentimentos com terapeutas
profissionais.
“Hoje, quando vi o Élder e a irmã Kikuchi
e o filho deles, algumas lembranças vieram
à tona. Mas depois ouvi o Élder Kikuchi Ele nos cura exata-
prestar testemunho, contar a história de sua mente como curou os
conversão e falar de seu amor pelo Senhor, israelitas das mordi-
pelo evangelho e por todos nós. Ele contou das de serpente. É a
que antes odiava os americanos e os solda- “agradável palavra
dos americanos, mas o evangelho transfor- de Deus, (…) que
mara sua vida por meio do poder de cura cura a alma ferida”
do Senhor. Ao ouvir isso, parecia que eu
e é “pelas suas pisa-
escutava também a voz do Senhor dizendo:
duras [que] fomos
‘Acabou. Tudo está bem’.”
sarados”.
Ele estendeu as mãos, ergueu-as e disse,
com lágrimas nos olhos: “Todo o meu
sentimento de culpa se foi. Meu fardo foi
retirado!”
Ele foi até onde eu estava e me abraçou.
Em seguida, minha mulher e a dele se apro-
ximaram e todos nos abraçamos e choramos.
Aprendi que o Salvador pode curar cora-
ções magoados, a incompreensão e o ódio,
caso nos voltemos para Sua palavra e para
a Expiação. Ele nos cura exatamente
como curou os israelitas das mordidas
de serpente (ver Números 21:8–9;
1 Néfi 17:41; Alma 33:19–21). É a “agradá-
vel palavra de Deus, (…) que cura a alma
ferida” ( Jacó 2:8), e é “pelas suas pisaduras
[que] fomos sarados” (Isaías 53:5; ver tam-
bém Mosias 14:5).

M a r ç o d e 2 0 1 1 21
Cuidarei do irmão que sofre, Em seguida, disse uma coisa um tanto presun-
Sua dor consolarei çosa: “Se eu for curado, quero retribuir-Lhe”.
E ao fraco e ferido Na época em que eu morava na casa de
Meu auxílio estenderei. meu tio, dois estrangeiros bateram à porta
certa noite. Eram missionários da Igreja de
Vou Dar-lhes Dez Minutos Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Um
Nasci numa pequena comunidade na ilha deles, o Élder Law, que era o missionário
de Hokkaido, no norte do Japão. Quando eu sênior, tinha sido criado numa fazenda em St.
AMAI-VOS UNS
tinha cinco anos de idade, meu pai foi morto Anthony, Idaho, EUA; o outro, o Élder Porter,
AOS OUTROS
por um ataque de um submarino americano. vinha de Salt Lake City. Fazia frio, chovia e já
“Madre Tereza, a
Quando criança, sentia rancor contra os ame- quase havia anoitecido, e eles estavam prestes
freira católica que tra-
ricanos. Cresci assim, sem saber exatamente o a ir para casa. Mas por algum motivo persisti-
balhou a maior parte
que provocara a guerra. ram e continuaram fazendo contatos porta a
da vida com os pobres
na Índia, expressou
Quando terminei o ensino fundamental, porta.
esta profunda ver- minha família era pobre. Minha mãe não tinha Quando chegaram a minha casa, eu estava
dade: ‘Se você julgar condições de mandar-me para o curso médio, sozinho. Abri a porta e disse logo: “Não,
as pessoas, não terá por isso decidi trabalhar a fim de poder con- obrigado”.
tempo de amá-las’. O tinuar a estudar. Não havia trabalho em nossa Os rapazes foram humildes e persisten-
Salvador admoestou- cidadezinha, mas achei um emprego para tes, mas repeti: “Não, obrigado”. Em seguida,
nos: ‘O meu manda- produzir tofu (queijo de soja) a nove horas de acrescentei: “Vocês mataram meu pai”. Eu
mento é este: Que vos distância de casa, em Muroran, onde minha ainda guardava rancor.
ameis uns aos outros, mãe se criara. Sem se deixar abater, o élder
assim como eu vos Todos os dias em Muroran eu me levan- de Idaho perguntou minha idade.
amei’. Pergunto-lhes: tava antes das 4h30, fazia tofu até o meio- Eu disse: “O que minha idade
Podemos amar-nos dia e depois fazia entregas em várias lojas tem a ver com isso? Por favor,
uns aos outros, como até as 18 horas. Depois do trabalho, tomava vão embora”.
o Salvador determi-
banho, trocava de roupa e corria para a Ele replicou: “Quero contar-
nou, se julgarmos
escola noturna. Voltava para casa por volta lhe a história de um menino
uns aos outros? E
das 22h30 e pulava na cama às 23 horas. Por de sua idade que viu seu Pai
respondo — ecoando
causa da rotina exaustiva, logo perdi toda a Celestial e seu Salvador, Jesus
Madre Tereza: ‘Não,
não podemos’.” energia e adoeci. Cristo. Queremos relatar essa
Eu morava na casa de um comerciante de história”.
Presidente Thomas S.
Monson, “A Caridade Nunca tofu, mas pedi demissão e fui morar com meu Retruquei: “Vou dar-lhes
Falha”, A ­Liahona, novembro
de 2010, p. 122.
tio para poder terminar meu primeiro ano do dez minutos”.
curso médio. Mesmo tomando remédios, con- Aqueles dez minutos toca-
tinuava doente. Não sabia mais o que fazer. ram profundamente meu
Fiquei desesperado e achei que estava mor- coração e mudaram minha
rendo. Orei com fervor, dizendo: “Se houver vida. A história contada
um Deus, abençoa-me para eu me recuperar”. pelos missionários era

22 A L i a h o n a DETALHE DE A CRUCIFICAÇÃO, DE CARL HEINRICH BLOCH, USADO COM PERMISSÃO DO MUSEU HISTÓRICO NACIONAL DO CASTELO
DE FREDERIKSBORG, EM HILLERØD, DINAMARCA; ILUSTRAÇÃO FOTOGRÁFICA DE DAVID STOKER
profunda e bela. Aprendi que eu era um filho
de Deus e que estivera com Ele. Os missio-
nários vinham todos os dias, pois eu estava
enfermo.
Durante nossos encontros, os missionários
me ensinaram o belo evangelho da Restau-
ração. O evangelho me deu esperança e
vontade de viver. Algumas semanas depois
de os missionários baterem à minha porta,
fui batizado.
Quero amar meu semelhante,
O poder de cura de
Como tu amaste a mim
Deus é magnífico,
Dá-me forças, ó meu Mestre,
Para ser teu servo enfim. profundo e belo.
Quero amar meu semelhante Agradeço a Ele por
Sim, eu te seguirei. Sua misericórdia,
Seu amor e Sua mila-
O poder de cura de Deus é magnífico, grosa cura celeste.
profundo e belo. Agradeço a Ele por Sua
misericórdia, Seu amor e Sua milagrosa cura
celeste. Agradeço a Ele pela realidade da
Expiação do Salvador, que, por Sua Graça,
“provê o poder de limpar os pecados, de
curar e de conceder vida eterna”.2
Testifico que as palavras de Alma para
Zeezrom no Livro de Mórmon são verdadei-
ras: “Se crês na redenção de Cristo, podes
ser curado” (Alma 15:8). ◼
NOTAS
1. “Sim, Eu Te Seguirei”, Hinos, nº 134.
2. L. Tom Perry, “Trazei Almas a Mim”,
A ­Liahona, maio de 2009, p. 109.

M a r ç o d e 2 0 1 1 23
UMA GRANDE
Comunidade de Santos

O
s membros da Igreja de Jesus Cristo dos
Santos dos Últimos Dias estão espalhados
por vários países, desempenham as mais
variadas profissões e os mais diversos chamados
e enfrentam muitos desafios diferentes.
Mas o Salvador e Seu evangelho trazem
soluções para nossos problemas, unem-nos
em amor e propósitos comuns e unificam-
nos como comunidade mundial.
Quer nos reunamos com treze pessoas
num pequeno ramo da Ucrânia ou com
200 numa ala do México, fazemos parte
de algo muito maior. A fé no Salvador
que nos une faz literalmente com que
não sejamos mais “estrangeiros, nem
forasteiros, mas concidadãos dos santos,
e da família de Deus” (Efésios 2:19).
Ao travarem conhecimento com
alguns de seus vizinhos de todo o
mundo neste artigo (e em cada edição
da revista A Liahona), esperamos que
cheguem à certeza de que o evangelho
de Jesus Cristo oferece tudo aquilo de
que precisamos para enfrentar nossos
próprios desafios.

24 A L i a h o n a
Vi‘iga Faatoia, Samoa Lucia Leonardo, Guatemala
60 anos 23 anos
Prefeito Estudante
Primeiro conselheiro no bispado Segunda conselheira na
presidência das Moças

O tsunami que atingiu Samoa em setembro de 2009


levou meu neto e o filho de minha irmã. Perdi minha
casa, dois carros e quase tudo o que tinha. Quase todos
O s problemas que enfrento são os mes-
mos vividos por todos da minha idade.
O que devo fazer da vida? O que devo estu-
os habitantes de nosso povoado estão de mudança para dar? Com quem devo me casar? Como lidar
as colinas, para não passarem de novo pela mesma com a pressão exercida por amigos não
situação. membros para que eu rebaixe meus padrões?
Sei que Deus ama os sobreviventes porque, Às vezes é fácil sentir desânimo, tristeza ou
por meio da Igreja, Ele nos deu novas apreensão.
casas, alimentos e água. Sei que ama O evangelho tem guiado minha vida em
os que não sobreviveram porque, todos os aspectos. Embora eu ainda precise
por meio de Seu poder, pode- ajustar alguns detalhes, sei o que quero e sei
mos estar juntos de novo. para onde vou por causa do evangelho. Sou
Fomos abençoados. grata por isso. Isso me deixa feliz. Ajuda-me
a permanecer firme e auxiliar os outros, pois
sei que quando preciso de ajuda posso orar
ao Pai Celestial.

Valerina M., Utah, EUA


10 anos

S er a irmã mais velha nem sempre é fácil. Às vezes é


frustrante. Mas aprendi a ser uma boa amiga de minha
irmã e de meu irmão mais novos ao observar minha mãe e o
relacionamento que ela tem com suas irmãs. Ela me ensina a
dar um exemplo cristão para as pessoas a nossa volta. Posso
fazer essas coisas para mostrar o quanto sou grata pelo amor
do Pai Celestial e de Jesus Cristo, assim como pelo amor de
minha mãe e de meu pai.
ILUSTRAÇÕES: STEVE KROPP

M a r ç o d e 2 0 1 1 25
Elizabeth Kangethe, Harrison Lumbama, Zâmbia
Quênia 46 anos
27 anos Líder numa organização huma-
Jornalista freelancer nitária não governamental
Presidente da Sociedade Presidente de distrito
de Socorro da ala

A ntes de conhecer o evangelho, meu


mundo era sombrio. Eu tinha dificul-
dade para perdoar e guardava rancor contra
A luta pela sobrevivência tem sido uma
das maiores provações de minha vida.
O custo de vida é alto em relação a minha
qualquer pessoa que me tivesse ofendido. renda. Todos os dias, fico preocupado com a
Estava desiludida com o casamento, ao ver a data de vencimento do aluguel, a comida que
minha volta maridos alcoólatras e mulheres está acabando, os gastos escolares dos filhos
agredidas. e assim por diante.
Aceitar o evangelho de Jesus Cristo me O evangelho que agora conheço me aju-
transformou. Era maravilhoso ir à Igreja e dou muito a manter minha sanidade men-
ver famílias reunidas para aprender sobre o tal, a despeito dos desafios. Ao guardar os
amor, o respeito mútuo e a compreensão. mandamentos e meus convênios, de alguma
Surpreendi a mim mesma abandonando tra- forma as coisas parecem suportáveis. Por
dições que destoavam do evangelho. guardarmos a lei do dízimo, o Pai Celestial
Senti-me compelida a fazer as pazes com vem nos abençoando para que nunca pas-
uma pessoa que eu considerava inimiga. semos fome e, por Sua graça, conseguimos
Agora mantemos contato frequente. Conheci transpor os obstáculos da vida. O evangelho
um ex-missionário maravilhoso e em breve tornou-se um precioso bálsamo para os peri-
me casarei no templo. gos da vida. Dá-nos esperança de um futuro
Estou convencida de que estou no lugar melhor, se formos obedientes e fiéis.
certo. O amor e a preocupação que os mem- Em todas as provações que enfrentei, o
bros têm uns pelos outros me ajudam a me evangelho sempre me trouxe respostas. Sem
sentir parte do grupo. Minha vida tornou-se ele, minha vida careceria totalmente de rumo
mais significativa. Sei que é essencial per- e propósito.
manecer fiel até o fim evitando olhar para
trás e pensar na escuridão e no remorso do
passado.

26 A L i a h o n a
Varvara Bak, Rússia, Chhoeun Monirac, Camboja
25 anos 18 anos
Estudante Primeiro conselheiro na
Professora do Seminário presidência dos Rapazes,
professor do Seminário

Q uero ser mais cristã. Não que eu queira


ser perfeita, mas quero me lembrar
de quem sou e ser melhor hoje do que
T odos passamos por problemas inespe-
rados na vida. Depois que nossa família
voltou da viagem ao Templo de Hong Kong
fui ontem. Isso pode ser difícil, vendo os China, onde fomos selados, e logo antes da
padrões do mundo tão baixos. Seria fácil partida de uma de minhas irmãs para a mis-
tropeçar. são de tempo integral, meu irmão e minha
Mas, de certo modo, não é tão difícil man- irmã mais velhos perderam o emprego, e o
ter os padrões da Igreja. Acho que as pessoas salário de meu pai foi reduzido pela metade.
gostam de quem tem padrões elevados. Foi um período difícil para nossa família
Sempre admirei quem não fuma nem bebe de onze pessoas que morava numa casa
e tem boa moral. Quando conheci a Igreja, pequena, mas nos apegamos às promessas
eu já vivia muitos padrões do evangelho e, feitas no templo.
por guardar esses mandamentos, recebi um Naquela ocasião, o Espírito Santo fez-me
testemunho deles muito rapidamente. recordar uma escritura: “Mas antes de buscar-
des riquezas, buscai o reino de Deus” ( Jacó
2:18). Isso me trouxe esperança. Eu confiava
em Deus e sabia que Ele abençoaria a mim e
a minha família.
Algum tempo depois, meu irmão e minha
irmã acharam novos empregos que hoje
garantem o sustento da família, e fui cha-
mado para várias entrevistas promissoras.
Foi um milagre que aumentou nossa fé
em Cristo. Sei que o Senhor nos ama e nos
conhece. Ele sabe de nossas necessidades. Se
guardarmos Seus mandamentos, prosperare-
mos na terra (ver Mosias 2:22). ◼
Sociedade
“A CARIDADE NUNCA FALHA”: UMA CONVERSA A RESPEITO DA

de Socorro
O Élder Jeffrey R. Holland, do Quórum dos Doze Apóstolos,
e sua esposa, Patricia T. Holland, fazem reflexões sobre o
papel da Sociedade de Socorro.

“ N
ão consigo imaginar a vida sem a Sociedade de recebem graças ao trabalho conjunto dos líderes do sacer-
Socorro”, diz Patricia T. Holland, numa entrevista dócio e da Sociedade de Socorro.
concedida a uma equipe das revistas da Igreja,
sobre a importância da Sociedade de Socorro. “É porque Qual é o papel da Sociedade de Socorro
não consigo imaginar a vida sem o evangelho, e aqui na no fortalecimento da fé e da família?
Sociedade de Socorro, pessoalmente, aprendi muito sobre Irmã Holland: A Sociedade de Socorro é hoje mais
o evangelho.” necessária do que nunca por causa dos desafios que enfren-
Tanto a irmã Holland quanto seu marido, o Élder tamos no mundo atual. As mulheres da Igreja têm maior
Jeffrey R. Holland, reconhecem o poder do evangelho em necessidade de serem justas, de viverem em sintonia com
sua vida. Também são gratos pela influência da Sociedade o Espírito e de serem fiéis. E as mulheres também precisam
de Socorro na edificação de um lar forte. “A Sociedade de umas das outras, a fim de manterem e susterem sua fé.
Socorro sempre foi um esteio para a Igreja”, diz o Élder Élder Holland: O que a Sociedade de Socorro faz é aju-
Holland. “Sempre ajudou a suprir necessidades em cada dar a ensinar o evangelho de modo singularmente eficaz,
fase do desenvolvimento da Igreja. Hoje sua contribuição com a especial voz feminina. A Sociedade de Socorro é
torna-se ainda mais crucial por causa dos tempos difíceis um dos instrumentos que leva as doutrinas e os valores do
em que vivemos. Não é apenas um programa. É o evan- evangelho à vida das mulheres. Recordemos, porém, que
gelho — o evangelho em ação na vida de nossas extraor- os princípios do evangelho não se restringem aos homens
dinárias mulheres. Em circunstâncias difíceis, percebemos ou às mulheres. O amor, a caridade e a compaixão, bem
que ela oferece às irmãs, e portanto para a Igreja inteira, como a força, a liderança e a determinação são todas
exatamente aquilo de que precisamos no momento.” virtudes do evangelho. Todos devemos cultivar o maior
O Élder e a irmã Holland fazem reflexões sobre a número possível dessas qualidades, quer sejamos homens
Sociedade de Socorro e a força que famílias, alas e ramos ou mulheres.

28 A L i a h o n a
Cada um de nós que trilha o caminho do evangelho é elas. Eu tinha vontade de ser como elas. Elas me contavam
uma pessoa — um filho ou uma filha de Deus. Individual- histórias de minha bisavó Elizabeth Schmutz Barlocker, que
mente, como membros, devemos ser resolutamente firmes. serviu como presidente da Sociedade de Socorro durante 40
Nenhuma organização pode ser mais forte que seus inte- anos. Ela dava tudo o que tinha, até mesmo seus próprios
grantes e nenhum lar mais forte que seu alicerce. alimentos e roupas, às irmãs no evangelho. Tinha fé em
Irmã Holland: Quando penso em todas as bên- Deus e sabia que Ele a protegeria e abençoaria nesse ser-
çãos que nós, santos dos últimos dias, desfrutamos no viço, como de fato o fez. O exemplo daquelas três mulheres
templo, em nossa ala ou nosso ramo, no casamento e e de seu serviço na Sociedade de Socorro ainda hoje me
na família, percebo que tudo isso depende de como serve de inspiração.
o sacerdócio e a Sociedade de Socorro — homens e Élder Holland: Nunca frequentei a Sociedade de Socorro,
mulheres — trabalham juntos no lar e mas minha criação e minha vida foram
na Igreja. moldadas por ela. Minha mãe serviu na
“Devido aos desafios
enfrentados pelas mulhe-
res e famílias, nenhuma
outra organização do
mundo será mais útil no
futuro do que a Sociedade
de Socorro.”
Patricia T. Holland

Élder Holland: Ao saírem da Sociedade presidência da Sociedade de Socorro de


À ESQUERDA: FOTOGRAFIA DE WELDEN C. ANDERSEN © IRI; ILUSTRAÇÕES FOTOGRÁFICAS: MATTHEW REIER E CRAIG DIMOND

de Socorro todas as semanas, as mulhe- nossa ala na maior parte de minha adoles-
res contam o que aprenderam ao marido cência. Foi algo excelente para um rapaz
e aos filhos, em casa. Da mesma forma, minha mulher e acompanhar. Certamente essas bênçãos podem nos advir
minhas filhas foram abençoadas ao longo dos anos pelos de nossos antepassados e abençoar nossos filhos e netos.
ensinamentos do sacerdócio que eu e meus filhos recebe- Mas meu testemunho da Sociedade de Socorro também
mos e partilhamos. se deve a minha mulher. Tenho orgulho de ser casado com
Irmã Holland: Acho que podemos dizer que, devido aos uma ex-presidente da Sociedade de Socorro. Fui aben-
desafios enfrentados pelas mulheres e famílias, nenhuma çoado diretamente por causa de sua devoção. Quando me
outra organização do mundo será mais útil no futuro do que casei com Patricia Terry, eu sabia que tipo de mulher ela
a Sociedade de Socorro. Precisamos mobilizar as mulheres era, pois já a vira a serviço do Senhor. Ela aceitara servir e
da Igreja em seu chamado como líderes e “capitãs” do bem- assumira plenamente sua responsabilidade no reino. Para
estar dos filhos, principalmente agora que presenciamos a mim, ela era fenomenal. Agora esses valores e essas virtu-
desintegração de tantas famílias. Precisamos marchar juntos, des abençoam nosso casamento e nossos filhos. E então, a
de mãos dadas, a fim de realizar o trabalho que é necessário. Sociedade de Socorro me abençoou? Claro que sim!

Como a Sociedade de Socorro fortaleceu Como os líderes do sacerdócio e das auxiliares podem
vocês e sua família? trabalhar juntos para fortalecer a ala ou o ramo?
Irmã Holland: A influência que a Sociedade de Socorro Irmã Holland: A Sociedade de Socorro foi organizada
teve em minha vida começou antes mesmo de meu nasci- segundo o modelo do sacerdócio. Isso mostra um belo
mento, pois minha mãe e minha avó serviram na Sociedade paralelo entre o sacerdócio e a Sociedade de Socorro, e
de Socorro. Quando eu era criança, aprendi muito com reforça a ideia de que os homens e as mulheres fortalecem

M a r ç o d e 2 0 1 1 29
a retidão existente nos dois grupos. Os homens precisam inteira, não só dos membros individualmente. Esse é um
das bênçãos das mulheres, e as mulheres precisam das recurso excelente que pode ser de grande utilidade no
bênçãos dos homens. Aprendemos isso de modo mar- conselho da ala.
cante no templo. As alas e os ramos serão mais fortes
se os líderes do sacerdócio e das auxiliares trabalharem Como a Sociedade de Socorro pode ajudar a Igreja
juntos. Testemunhamos o poder das reuniões de conselho a enfrentar os desafios do século XXI?
de ala em todos os lugares em que moramos. Élder Holland: A crise econômica atual que atinge o
Os homens e as mulheres são todos membros do corpo planeta inteiro redefiniu financeiramente a face do mundo.
de Cristo, e como isso é grandioso! No entanto, o ensino dos princípios de
Aprendemos nas escrituras: “Se não sois solidariedade e frugalidade sempre fez
um, não sois meus” (D&C 38:27). Apren- “As mesmas habilidades parte da Sociedade de Socorro. O mundo
demos também: “O olho não pode dizer e ideias defendidas pela talvez ache antiquado fazer conservas
Sociedade de Socorro desde
o início contêm muitas
respostas para os desa-
fios que hoje enfrentamos
no mundo. ‘A Caridade
Nunca Falha’ é um estan-
darte ao redor do qual
toda a família humana
à mão: Não tenho necessidade de ti; de frutas ou confeccionar colchas em
nem ainda a cabeça aos pés: Não tenho pode se unir.” pleno século XXI. Contudo, neste exato
necessidade de vós” (I Coríntios 12:21). Élder Jeffrey R. Holland momento há pessoas com fome e frio.
Élder Holland: Por conta dos comple- Para elas, um pouco de fruta em conserva
xos problemas da atualidade, os líderes e um cobertor quente são literalmente
da ala e do ramo precisam trabalhar em conjunto. O bispo dádivas divinas. O viver previdente nunca sairá de moda.
é quem possui as chaves do sacerdócio para dirigir a ala. Não se trata de um retrocesso ao século XIX, mas, sim, do
A reunião de conselho da ala ou do ramo é a ocasião caminho que precisamos seguir ao longo do século XXI.
em que se faz a coordenação necessária. Quanto melhor As mesmas habilidades e ideias defendidas pela Sociedade
trabalhar o conselho, melhor funcionará a Igreja. Isso se de Socorro desde o início contêm muitas respostas para os
aplica a todas as alas e ramos. desafios que hoje enfrentamos no mundo.
O bispo pode usar a reunião de conselho da ala como “A Caridade Nunca Falha” é um estandarte ao redor do
uma oportunidade para que ele e os demais líderes ana- qual toda a família humana pode se unir. Não é um pro-
lisem as necessidades da unidade. Há membros que pre- grama — é um apelo eloquente do evangelho para todos
cisem de ajuda de bem-estar material? Há algum rapaz (ver I Coríntios 14:8–10). O evangelho nunca falhará, por-
se preparando para a missão? Há casais que se preparam tanto o lema “A Caridade Nunca Falha” é muito adequado
para ir ao templo? O que o conselho da ala pode fazer para a Sociedade de Socorro (ver I Coríntios 13:8). Isso
para ajudar? realça o fato de que os homens e as mulheres da Igreja
Lembrem que as preocupações de uma mãe são indis- trabalham para atingir a mesma meta — empenham-se em
sociáveis das necessidades dos filhos e do marido. Por tornar-se discípulos de Cristo.
meio das professoras visitantes, a presidente da Socie- E se soprarem os ventos, que soprem. Se vierem tem-
dade de Socorro toma ciência das necessidades da família pestades, que venham. O evangelho é sempre a resposta,

30 A L i a h o n a
seja qual for a pergunta. Ele sempre amar-nos uns aos outros. Jesus Cristo é
prevalecerá. Estamos edificados sobre a a luz que nunca falha — a luz resplan-
rocha que é Jesus Cristo, e é Seu evan- CONSELHOS DE ALA: decente que atravessa as trevas.
gelho sólido e imutável que nos susterá ONDE OS LÍDERES Élder Holland: Mateus 7:16 diz:
nos momentos difíceis. TRABALHAM JUNTOS “Por seus frutos os conhecereis”. Um

O
“ conselho
Irmã Holland: Creio que há no da ala inclui o bis- exemplo disso: Mesmo quando eram
coração das mulheres o desejo de pado, o secretário da ala, o pequenos, nossos filhos reconheciam
servir aos necessitados, quer elas sejam secretário executivo da ala, o líder a dedicação da mãe ao evangelho e o
jovens ou idosas, casadas ou solteiras. A de grupo de sumos sacerdotes, o papel que as mulheres desempenham
Sociedade de Socorro lhes proporciona presidente do quórum de élderes, nele. Eles frequentemente a acompa-
a oportunidade perfeita de servir, pois o líder da missão da ala, a presi- nhavam enquanto ela servia às irmãs
sempre há pessoas em dificuldades. dente da Sociedade de Socorro, a da Sociedade de Socorro. Às vezes
Da mesma forma, todas as mulheres das Moças e a da Primária e o pre- eles tinham que orar para o motor de
precisarão, em um momento ou outro, sidente dos Rapazes e o da Escola nosso carro velho pegar. Eles a viam
que alguém lhes preste algum serviço. Dominical. (…) vestida com um velho casaco enfren-
“A Caridade Nunca Falha” é certamente Os membros do conselho são tando a neve para cuidar das irmãs
um princípio eterno que traz consigo incentivados a expressar-se com da Sociedade de Socorro na Nova
uma mensagem vigorosa que pode sinceridade. (…) Tanto homens Inglaterra. Eram bem pequenos, mas
servir de guia para a vida de todos. quanto mulheres devem sentir que nunca se esqueceram disso. Viram
Élder Holland: Vale lembrar que o seus comentários são valorizados o sacrifício e a fidelidade da mãe, e
serviço prestado pela Sociedade de como participantes plenos. (…) o resultado é que nossa filha é uma
Socorro não se restringe ao auxílio dis- O ponto de vista das mulheres mulher da Igreja profundamente com-
pensado aos membros da Igreja. Todos às vezes é diferente do ponto de prometida com o serviço, e nossos
tentam cuidar dos seus, mas a grande vista dos homens e acrescenta uma filhos homens têm enorme respeito e
irmandade da Sociedade de Socorro — perspectiva essencial. (…) admiração pelo comprometimento e
e especificamente o serviço de soli- As reuniões do conselho da ala pela dedicação de nossas noras. Gra-
dariedade — não conhece fronteiras. devem enfocar os assuntos que ças ao exemplo da mãe, nossos filhos
Isso nos ajuda a travar contato com a fortalecerão as pessoas e famí- compreendem claramente o papel
família vizinha que não é membro da lias” (Manual 2: Administração da crucial e sublime das mulheres na vida
Igreja, a participar de uma atividade Igreja, 2010, 4.4; 4.6.1). deles e no reino de Deus.
de ajuda a uma escola da periferia ou Da mesma forma, outras pessoas
a ajudar nosso bairro e nossa comuni- se espelharão nos “frutos” da vida
dade a se manterem limpos e seguros. dos membros da Igreja — os frutos
resultantes de nosso empenho em
Que papel a Sociedade de Socorro desempenhará tornar-nos discípulos do Deus vivo. Esse é o esplendor
no futuro? que nunca pode ser obscurecido. O futuro da Sociedade
Irmã Holland: É óbvio que a Sociedade de Socorro terá de Socorro é brilhante porque o evangelho também o é. A
um papel essencial no futuro. Quanto mais o mundo se luz do reino de Deus nunca se extinguirá. E à medida que
cobrir de trevas, mais brilhante será a luz do evangelho. aumentarem as necessidades da humanidade, o apelo do
A Sociedade de Socorro é fundamental para o ensino das evangelho soará com ainda mais força e verdade. Na linha
doutrinas do evangelho a nossas irmãs. Um desses ensina- de frente dos que proclamam essa mensagem e fazem sua
mentos de suma importância é que Deus, nosso Pai Celes- contribuição caridosa estarão dignos homens do sacerdó-
tial, enviou ao mundo Seu Filho Unigênito, Jesus Cristo. cio e mulheres da Sociedade de Socorro da Igreja. ◼
A Expiação, a Ressurreição e o exemplo Dele nos ensi- Esta entrevista foi realizada por LaRene Gaunt e Joshua Perkey,
nam a ter fé Nele, a arrepender-nos, a fazer convênios e a das revistas da Igreja.

M a r ç o d e 2 0 1 1 31
NOSSO L A R , NOSSA FA MÍLIA

Julie B. Beck
Presidente Geral da
Sociedade de Socorro

ENSINAR A

FAMÍLIA
DOUTRINA DA

A
o entrar em contato com jovens A Teologia da Família Esta geração pre-
adultos solteiros de todo o mundo, Na Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últi- cisará defender a
pergunto-lhes: “Por que a Pri- mos Dias, temos uma teologia da família que
meira Presidência se preocupa tanto com se baseia na Criação, na Queda e na Expiação. doutrina da famí-
vocês e lhes destina tantos recursos?” Eis A Criação da Terra proporcionou um local para lia como nunca
algumas respostas que ouço: “Somos os as famílias morarem. Deus criou um homem e antes. Se essa gera-
futuros líderes da Igreja”. “Precisamos de uma mulher que eram as duas metades essen-
treinamento para ficarmos firmes.” “Nosso ciais de uma família. Estava previsto no plano
ção não conhe-
testemunho se fortalece nas aulas do semi- do Pai Celestial que Adão e Eva fossem selados cer a doutrina,
nário e instituto.” “Precisamos conhecer e constituíssem uma família eterna. não poderá
outros jovens fiéis da Igreja.” “Somos a A Queda permitiu que a família crescesse.
esperança do futuro.” Raras vezes escuto Adão e Eva eram chefes de família que deci-
defendê-la.
algo do tipo: “Para que um dia eu venha a diram ter uma experiência mortal. A Queda
me tornar um pai ou uma mãe melhor”. As lhes permitiu ter filhos.
respostas costumam girar em torno deles A Expiação permite que a família seja
mesmos, algo típico da fase da vida em selada para a eternidade. Dá-lhe a oportuni-
que estão. dade de ter crescimento e perfeição eternos.
Contudo, os pais, professores e líderes O plano de felicidade, também chamado de
dos jovens precisam ensinar a doutrina da plano de salvação, foi um plano criado para
família para a nova geração. É algo essen- as famílias. A nova geração precisa entender
cial para ajudá-los a alcançar a vida eterna que os principais pilares de nossa teologia se
(ver Moisés 1:39). Eles precisam saber que a concentram na família.
teologia da família se baseia na Criação, na Quando falamos sobre ser dignos das
Queda e na Expiação. Têm de compreen- bênçãos da vida eterna, referimo-nos a
der as ameaças que pairam sobre a família ser dignos das bênçãos de uma famí-
a fim de saberem o que estão combatendo lia eterna. Essa era a doutrina de
e poderem se preparar. Precisam entender Cristo e foi restaurada por meio
com clareza que a plenitude do evangelho do Profeta Joseph Smith. Está
culmina nas ordenanças e nos convênios do registrada em Doutrina e
templo. Convênios 2:1–3:
ILUSTRAÇÃO FOTOGRÁFICA: STEVE BUNDERSON;
32 A L i a h o n a FOTOGRAFIA DA IRMÃ BECK
À ESQUERDA: DETALHE DE UNIVERSO, DE SIDNEY KING; DETALHE DE DEIXANDO O JARDIM DO ÉDEN, DE JOSEPH BRICKEY; DETALHE DE NÃO SE FAÇA A MINHA VONTADE, MAS A
TUA, DE HARRY ANDERSON, CORTESIA DA PACIFIC PRESS PUBLISHING ASSOCIATION, INC.; ILUSTRAÇÕES FOTOGRÁFICAS DE WESTON C. COLTON E CRAIG DIMOND.
Temos uma teologia
da família que se baseia
na Criação, na Queda
e na Expiação.

“Eis que vos revelarei o Sacerdócio Vemos índices de natalidade mais bai- certeza de que vão conseguir guar-
pela mão de Elias, o profeta, antes xos. Vemos relacionamentos desiguais dar os convênios.
da vinda do grande e terrível dia do entre homens e mulheres, e há cultu- Inúmeros jovens também não
Senhor. ras que ainda perpetram maus-tratos desenvolveram a contento sua capaci-
E ele plantará no coração dos no círculo familiar. Muitas vezes a dade de se relacionarem socialmente,
filhos as promessas feitas aos pais e carreira profissional tem precedência o que constitui obstáculo para a for-
o coração dos filhos voltar-se-á para sobre a família. mação de uma família eterna. Estão
seus pais. Muitos de nossos jovens estão cada vez mais propensos a manter
Se assim não fosse, toda a Terra perdendo a confiança na instituição contato com alguém a dezenas de
seria completamente destruída na sua da família. Estão dando cada vez quilômetros de distância e menos
vinda.” mais valor aos estudos e menos aptos a conversar com pessoas que
Essa passagem trata das bênçãos importância à formação de uma estão no mesmo recinto. Isso dificulta
do templo — ordenanças e convênios família eterna. Muitos não enca- a criação de vínculos sociais.
sem os quais “toda a Terra seria com- ram o empenho para constituir Também temos o problema des-
pletamente destruída”. família como algo decorrente da crito no livro de Efésios 6:12: “Por-
“A Família: Proclamação ao fé. Para eles, é um mero processo que não temos que lutar contra a
Mundo” foi escrita para ressaltar que seletivo, como fazer compras. Mui- carne e o sangue, mas, sim, contra
a família é essencial para o plano do tos também perdem a confiança os principados, contra as potesta-
Criador.1 Sem a família, não há plano; em sua própria força e na de seus des, contra os príncipes das trevas
não há propósito para a vida mortal. semelhantes. Como as tentações deste século, contra as hostes
são avassaladoras, muitos não têm espirituais da maldade, nos
Ameaças à Família lugares celestiais”. Todos os
Além de compreendermos a teo- Uma das ameaças à família é o dias, estão sendo adotadas
logia da família, precisamos todos políticas contrárias à família,
divórcio, que está em alta.
entender as ameaças à família. Caso e a definição de família está
contrário, não poderemos nos prepa- sofrendo alterações jurídicas
rar para a batalha. Há evidências por no mundo inteiro. A pornogra-
toda parte de que a família está per- fia prolifera desenfreadamente.
dendo a importância. O número de Para os criadores de pornogra-
casamentos está diminuindo, a idade fia, o mais novo público-alvo
de casamento está aumentando e as são as moças. Os pais estão sendo
taxas de divórcio estão crescendo. O tachados de ineptos e fora da reali-
número de nascimentos fora do casa- dade. Há mensagens contra a famí-
mento está aumentando. O aborto lia nos meios de comunicação, em
está-se tornando mais frequente toda parte. Os jovens estão sendo
e sendo cada vez mais legalizado. levados a perder a sensibilidade

34 A L i a h o n a
A FAMÍLIA
sobre a necessidade de formar uma de seus pais, como fizeram as pessoas É ETERNA
família eterna. descritas em Mosias 26, se não com-
“A família não é um
Vemos como isso pode aconte- preenderem sua parte no plano, eles mero acidente de
cer quando lemos as palavras de podem ser desencaminhados. percurso na morta-
Corior, um anticristo: “E assim lhes lidade. Existiu como
pregava, desviando o coração de Ensinar a Nova Geração unidade organizacional nos céus
muitos, fazendo com que levantas- O que esperamos que esta nova antes da criação do mundo; histo-
sem a cabeça em sua iniquidade; sim, geração compreenda e faça em vir- ricamente, começou na Terra com
induzindo muitas mulheres e também tude do que lhes ensinarmos? As Adão e Eva, conforme registrado
homens a cometerem devassidão” respostas a essa pergunta, bem como em Gênesis. Adão e Eva foram
(Alma 30:18). Satanás sabe que nunca os elementos-chave da doutrina da casados e selados para o tempo e
terá um corpo. Nunca terá uma famí- família, encontram-se na proclamação toda a eternidade pelo Senhor e,
lia. Por isso, ele visa as moças, que da família. O Presidente Gordon B. por causa disso, sua família existirá
vão criar o corpo das gerações futuras. Hinckley (1910–2008) disse que essa eternamente.”
Corior era um anticristo. Ser anti- proclamação era “uma declaração e Élder Robert D. Hales, do Quórum dos Doze
Apóstolos, “The Family: A Proclamation to the
cristo é ser antifamília. Toda dou- reafirmação dos padrões, doutrinas e World”, em Dawn Hall Anderson, ed., Clothed
with Charity: Talks from the 1996 Women’s
trina ou princípio que nossos jovens práticas” que a Igreja sempre teve.2 Conference , 1997, p. 134.
ouvirem no mundo que seja contra
a família também é contra Cristo.
Os pais, bem como os líderes
É simples assim. Se nossos jovens e professores da Igreja, devem
pararem de crer nas tradições justas ensinar a doutrina da família à
nova geração conforme aparece O Presidente Ezra Taft Benson
nas escrituras e na proclamação (1899–1994) declarou: “Esta ordem
(…) de governo familiar em que um
da família.
homem e uma mulher fazem convê-
nio com Deus — assim como Adão
e Eva — de serem selados para toda
a eternidade e de levantarem poste-
ridade (…) é o único meio pelo qual
um dia poderemos ver a face de Deus
e viver”.3
A nova geração precisa compreen-
der que continua em vigor o manda-
mento: “Frutificai e multiplicai-vos, e
enchei a terra” (Gênesis 1:28; Moisés
2:28). Ter filhos é um ato de fé. O
Presidente Spencer W. Kimball
(1895–1985) ensinou: “É um ato
de extremo egoísmo um casal
recusar-se a ter filhos quando
é capaz de gerá-los”.4 A
maternidade e a paterni-
dade são papéis eternos.
Cada um de nós tem a
responsabilidade de levar a efeito a
parte do plano correspondente ao
homem e à mulher. A juventude é a
época de nos prepararmos para esses

M a r ç o d e 2 0 1 1 35
PARA OS
PROFESSORES detentora do direito reservado às A história de Isaque e Rebeca
“Seu principal mães. exemplifica o homem, que possui as
interesse, seu dever As histórias de Abraão e Sara e chaves, e a mulher, que tem a influên-
essencial e quase Isaque e Rebeca encontram-se em cia, mas que trabalham juntos para
que exclusivo é o Gênesis. Abraão e Sara só tiveram um garantir o cumprimento das bênçãos
de ensinar o evangelho do Senhor filho, Isaque. Já que Abraão estava reservadas para ambos. A história
Jesus Cristo como revelado na destinado a tornar-se o “pai de muitas deles é crucial. As bênçãos da casa de
época atual. Para ensinar esse evan- nações”, qual era a importância da Israel dependiam de um homem e
gelho vocês devem empregar como esposa de Isaque, Rebeca? Era tão uma mulher que compreendessem
fonte e considerar autoridades no crucial que ele mandou seu servo seu lugar no plano e suas responsa-
assunto as obras-padrão da Igreja e percorrer centenas de quilômetros bilidades de constituir uma família
as palavras das pessoas chamadas para achar a jovem certa — uma eterna, ter filhos e ensiná-los.
por Deus para liderar Seu povo na jovem que guardasse seus convênios Em nossos dias, temos a responsa-
época atual.” e compreendesse o significado de bilidade de fazer com que de nosso
Presidente J. Reuben Clark Jr. (1871–1961),
Primeiro Conselheiro na Primeira Presidência,
constituir uma família eterna. lar e de nossas salas de aula saiam
O Curso Traçado para a Igreja nos Assuntos Em Gênesis 24:60, Rebeca é jovens que serão um “Isaque” e uma
Educacionais, ed. rev., 1994, p. 10; ver também
Ensinar o Evangelho: Um Manual para Profes-
abençoada para ser “a mãe de “Rebeca”. Todos os rapazes e
sores e Líderes do SEI , 2001, p. 4. milhares de milhares”. Onde todas as moças devem enten-
achamos esse tipo de bênçãos? der seu papel nessa parceria
Elas são recebidas no templo. grandiosa — que cada um

papéis e responsabilidades eternos. Estamos preparando


Os pais, professores e líderes nossos jovens para o
podem ajudar os jovens a se prepa- templo e para a famí-
rarem para as bênçãos de Abraão.
lia eterna.
Quais são essas bênçãos? Abraão nos
responde em Abraão 1:2. Ele diz:
“busquei (…) o direito ao qual eu
deveria ser ordenado para [ministrar];
(…) desejando também ser possuidor
de grande conhecimento (…); e ser
pai de muitas nações, um príncipe da
paz, e desejando receber instruções
e guardar os mandamentos de Deus,
tornei-me um herdeiro legítimo, um
Sumo Sacerdote, portando o direito
que pertencia aos pais”.
Onde estão essas bênçãos rece-
bidas por Abraão? Elas só são rece-
bidas por aqueles que passam pelo
selamento e casamento no
templo. Um homem não pode
tornar-se um “pai de muitas
nações” sem ser selado à
esposa. Da mesma forma,
Abraão não poderia usu-
fruir o direito reservado aos
pais sem ter uma esposa

36 A L i a h o n a
USAR “A FAMÍLIA:
PROCLAMAÇÃO AO MUNDO”
• Pendure um exemplar da procla-
mação em sua casa ou na sala
de aula.
• Incentive os jovens a deixarem
um exemplar da proclamação
em suas escrituras.
• Associe trechos-chave da pro-
clamação a lições ensinadas nas
escrituras.
• Estude e cite a proclamação
da família na reunião familiar.
deles é um “Isaque” ou uma “Rebeca”. Muitas ameaças os cercam e podem
Então eles saberão com clareza o que desanimá-los e dissuadi-los de for-
têm de fazer. mar uma família eterna. Nosso papel
é ensiná-los para que não fiquem
Viver a Esperança da Vida Eterna confusos. Precisamos ser bem claros
Pais, professores e líderes: Vivam sobre os aspectos mais importantes
no lar, na família e no casamento de da doutrina, que lemos em “A Família: individualismo egoísta. Sabemos que
modo a ajudar os jovens a desen- Proclamação ao Mundo”. a família é eterna.” 5
volver esperança na vida eterna ao Esta geração terá de defender O evangelho de Jesus Cristo é
observarem o exemplo deixado por a doutrina da família como nunca verdadeiro. Foi restaurado por meio
vocês. Vivam e ensinem com uma antes. Se eles não a conhecerem, do Profeta Joseph Smith. Temos a
clareza tal que seus ensinamentos não poderão defendê-la. Eles pre- plenitude do evangelho em nossos
sobressaiam em meio a todo o ruído cisam compreender os templos e o dias. Somos filhos de pais celestiais,
ouvido pelos jovens, de modo a tocá- sacerdócio. que nos mandaram para passar por
los e a penetrar-lhes o coração. O Presidente Kimball ensinou: esta experiência terrena a fim de nos
Vivam em casa de modo a se des- “Muitas das restrições sociais que prepararmos para a bênção da família
tacarem nos princípios básicos, a fim no passado ajudaram a reforçar e eterna. Presto-lhes meu testemunho
de cumprirem seu papel e suas res- amparar a família estão se dissol- de nosso Salvador, Jesus Cristo. Testi-
NAUVOO ILLINOIS E ILUSTRAÇÃO FOTOGRÁFICA DE JOHN LUKE © IRI; FOTOGRAFIA DE PÉS © GETTY IMAGES

ponsabilidades na família de maneira vendo e desaparecendo. Tempo virá fico que, por meio de Sua Expiação,
À ESQUERDA: ILUSTRAÇÃO FOTOGRÁFICA DE CHRISTINA SMITH; À DIREITA: FOTOGRAFIA DO TEMPLO DE

consciente. Pensem em termos de em que somente aqueles que acredi- podemos tornar-nos perfeitos e estar
precisão e não de perfeição. Se vocês tam realmente na família serão capa- à altura de nossas responsabilidades
tiverem metas e forem meticulosos zes de preservá-la em meio ao mal em nossa família terrena e que, por
quanto ao modo de alcançá-las no crescente entre nós. (…) meio de Sua Expiação, temos a pro-
lar, os jovens aprenderão com vocês. (…) Há pessoas que definem a messa da vida eterna em família. ◼
Aprenderão ao verem vocês orarem, família de maneiras tão pouco tra- Extraído de um discurso proferido numa trans-
estudarem as escrituras juntos, reali- dicionais que é como se ela não missão via satélite para professores do seminário
e instituto em 4 de agosto de 2009.
zarem a reunião familiar, fazerem do existisse. (…)
horário das refeições uma prioridade Irmãos, nós, mais do que nin- NOTAS
e falarem do cônjuge de modo res- guém, não devemos ser enganados 1. Ver “A Família: Proclamação ao Mundo”,
A ­Liahona, novembro de 2010, p. 129.
peitoso. Assim, com seu exemplo, pelos falsos argumentos de que a 2. Gordon B. Hinckley, “Stand Strong against
a nova geração ganhará grande unidade familiar está de alguma the Wiles of the World”, ­Ensign, novembro
de 1995, p. 100.
esperança. forma ligada a determinada fase do 3. Ezra Taft Benson, “What I Hope You Will
desenvolvimento de uma sociedade Teach Your Children about the Temple”,
­Ensign, agosto de 1985, p. 6.
Isso Eu Sei moral. Somos livres para resistir 4. Spencer W. Kimball, “Fortify Your Homes
against Evil”, ­Ensign, maio de 1979, p. 6.
Estamos preparando nossos jovens a essas investidas que menospre- 5. Spencer W. Kimball, “Families Can Be
para o templo e para a família eterna. zam a família e que enaltecem o Eternal”, ­Ensign, novembro de 1980, p. 4.

M a r ç o d e 2 0 1 1 37
VOZES DA IGREJA

FINALMENTE ENCONTREI
A IGREJA
N a maior parte de minha vida,
senti um vazio interior e ansiava
por algo sólido para me agarrar. Por
telefone da Igreja de Jesus Cristo dos
Santos dos Últimos Dias na região de
Milão. Telefonei e falei com alguns
Como eu estava atarefadíssima
naquela época, quando os mis-
sionários me ligaram para marcar
desconfiar que o que eu buscava membros na sede da estaca, que uma visita perguntei se poderiam
talvez se encontrasse numa igreja, repassaram minha referência aos voltar a telefonar algumas semanas
desde muito nova pesquisei várias missionários. depois, quando as coisas estariam
religiões e filosofias. Muitas delas mais calmas. Eles concordaram e me
eram boas e estavam cheias de óti- passaram o número de telefone da
mas pessoas. Algumas eram estra- presidente da Sociedade de Socorro
nhas e não ofereciam nada do que local, que telefonou e me convidou
eu procurava. para ir à Igreja domingo. Fui, e ado-
Após muitos anos de busca, rei tudo lá: as aulas, as pessoas, o
fiquei desmotivada e desani- ambiente. Saí de lá sentindo muita
mada, o que me levou a desis- felicidade.
tir. Resolvi criar meu próprio Fui à Igreja todos os domingos
relacionamento com Deus e nos dois meses seguintes. Então,
manter distância da religião em outubro de 2008, fui batizada.
organizada. Minha busca não apenas termi-
Algum tempo depois de nara, mas se completara. Eu não
tomar essa decisão, assisti sentia mais a sede e a ansie-
a um programa de tele- dade que tanto me incomoda-
visão cujo enfoque era a vam antes.
espiritualidade. O apresen- Sinto-me imensamente grata
tador estava entrevistando por ter achado a verdade, mas
uma família da Igreja. Ao de certa forma me entristeço por
ouvir aquela família, senti ter demorado tanto para encon-
o amor e a fé segura que trar o evangelho de Jesus Cristo.
tanto procurava. Também Contudo, sinto gratidão pelas
fiquei impressionada ao experiências pessoais que
saber que os santos tive durante minha busca.
dos últimos dias dão Por ter procurado em
extrema importância tantos outros lugares,
à família. Talvez eu sinto uma satisfação
devesse pesqui- toda especial por
sar só mais uma
religião.
Na parte de
E u tinha resolvido manter distância
da religião organizada. Mas algum
tempo depois de tomar essa decisão, vi
saber que encon-
trei o lugar certo
— o lugar onde
baixo da tela uma família da Igreja ser entrevistada devo estar. ◼
aparecia um na televisão. Barbara De Giglio,
número de Lombardia, Itália

38 A L i a h o n a
E MINHA
CARREIRA?
T udo estava começando a entrar
nos eixos. Eu me formara na
Universidade de Oxford em Música
e começara a trabalhar para uma
orquestra profissional em Edinburgh,
Escócia. Minha carreira estava indo de
vento em popa, e eu estava fazendo
muitas amizades.
Durante os estudos, eu decidira
adiar o serviço missionário de tempo
integral. Então, a ideia de servir nem
me passava mais pela cabeça. O
medo de muitas coisas, principal-
mente de prejudicar meus planos
profissionais, me levou a achar que
eu era uma exceção e que não preci-
D epois de uma série de entrevistas
malsucedidas, percebi que os
dois anos passados fora de minha
sava servir. Os sacrifícios envolvidos área de atuação afugentavam os
pareciam grandes demais. empregadores em potencial.
Contudo, bons amigos e experiên-
cias agradáveis com o Espírito come-
çaram a mudar meu coração. O amor
de um bispo atencioso e vigilante abnegado ao próximo me trouxe habilidades exigidas para o tipo de
me ajudou a ganhar um testemunho mais alegria do que eu jamais sentira. trabalho em questão. Além disso, os
mais forte e profundo do evangelho Depois de voltar para casa, passei candidatos precisavam falar francês
restaurado. Eu logo soube que preci- a ver o mundo com a perspectiva de fluentemente! A missão abriu-me as
sava aceitar o chamado de servir. Não novas prioridades e valores e pro- portas para aquela oportunidade. Três
fazia ideia de como retomaria minha curei manter minha vida centralizada entrevistas depois, o emprego era
carreira num ambiente competitivo no evangelho de Jesus Cristo. Ime- meu. Minha carreira foi ainda mais
depois de uma pausa de dois anos, diatamente procurei emprego, mas longe do que poderia ter ido sem a
mas confiava que o Senhor me aben- as oportunidades eram reduzidas. missão. Senti a misericórdia e o amor
çoaria por minha decisão. Deixei meu Depois de uma série de entrevistas do Senhor. Sei que Ele nos prepara
emprego sem saber o que o futuro malsucedidas, percebi que os dois bênçãos quando fazemos nossa parte.
me reservaria. anos passados fora de minha área de O que o Profeta Joseph Smith
Fui chamado para servir na Missão atuação afugentavam os empregado- ensinou é verdade: “Portanto, amados
Índias Ocidentais, onde se fala fran- res em potencial. Será que a missão irmãos, façamos alegremente todas as
ILUSTRAÇÕES: ROBERT A. MCKAY

cês. Os desafios foram muitos, mas pusera minha carreira a perder? coisas que estiverem a nosso alcance;
adorei servir às pessoas e ver sua vida Felizmente a resposta foi negativa. e depois aguardemos, com extrema
mudar. Durante aqueles dois anos, Quase três meses depois, vi o anún- segurança, para ver a salvação de
concentrei-me apenas em buscar a cio de uma vaga que parecia perfeita Deus” (D&C 123:17). ◼
vontade do Pai Celestial. O serviço para mim. Eu tinha exatamente as David Hooson, Londres, Inglaterra

M a r ç o d e 2 0 1 1 39
V ozes da I greja

NÃO CEDI À
PRESSÃO DOS
COLEGAS
C erta manhã no trabalho, os
donos da fábrica anunciaram a
todos os empregados que, além de
nosso salário por hora, começaríamos
a receber uma gratificação por peça
produzida. Quanto mais produzísse-
mos, mais ganharíamos. Isso aconte-
ceu quatro meses antes de eu ir para
a missão, assim eu poderia ganhar
muito mais para ajudar a financiá-la.
A produção aumentou de modo
significativo, assim como nosso orde-
nado. Eu trabalhava numa prensa
vulcanizadora de borracha operada
por três homens, e a cada vez que
eu via uma peça sair do incubador
e acionar o contador automático, já
imaginava o saldo de minha conta
bancária aumentar.
A nova gratificação, porém, gerou
incentivos para a desonestidade.
Sorrateiramente, um colega ia várias
vezes até o contador automático, acio-
nava a alavanca para simular a saída
de uma nova peça e voltava para a
estação de trabalho. Eu sorria ao ver
isso, balançava a cabeça e continuava
a trabalhar. Por não ser eu quem
estava burlando o sistema, achava que
minha integridade permanecia intacta.
Mas logo percebi que, como eu
recebia o mesmo valor que os demais
integrantes da equipe, na verdade não
importava quem adulterava o contador.
Eu era tão culpado de roubo quanto os contracheque não era fabulosa. “Está de brincadeira?” perguntou
outros. Será que eu ia financiar minha Muitos achavam que não valia a pena Bob (os nomes foram alterados), o
missão com dinheiro roubado? se preocupar, mas eu estava com a integrante sênior da equipe. “Todos
Fiquei angustiado, sem saber o consciência pesada. Sabia que preci- trapaceiam. Até mesmo a gerência. É
que fazer. A quantia a mais em nosso sava falar com os colegas. algo que eles até esperam.”

40 A L i a h o n a
Eu ouvia muitos colegas de outras minha equipe desejava meu retorno.
prensas dizerem que gostariam de Fiquei surpreso. Eu disse a Bob que
trabalhar em nossa equipe. até voltaria, contanto que não hou-
“Eu poderia trocar de lugar com o vesse mais desonestidade. Ele concor-
Jack na outra prensa”, sugeri a Bob. dou. Minha antiga equipe me acolheu
“Acho que você está sendo tolo”, de braços abertos, e as práticas deso-
disse-me ele, “mas posso trabalhar nestas cessaram.
com o Jack”. Eu esperava ser testado antes
Depois que eu e Jack fizemos a de ir para a missão, mas nem tinha
troca, Bob sempre me lembrava que ideia de que minha honestidade
estava ganhando muito mais que eu. A e minha coragem seriam postas à
letra de “Que Firme Alicerce” me vinha prova. Sinto gratidão porque, ao
à mente: “Se Deus é convosco, a quem precisar de forças para fazer o que é
temereis?” Essas palavras me ajudavam certo, o Senhor me susteve com Sua
a ignorar as provocações de Bob. “mão poderosa”.1 ◼
Pouco tempo depois, Bob foi falar Kenneth Hurst, Alabama, EUA
comigo. Disse-me que não estava NOTA
dando certo trabalhar com Jack, e 1. “Que Firme Alicerce”, Hinos, nº 42.

RECORREMOS À ORAÇÃO
C erto domingo, nossa estaca rece-
beu a notícia maravilhosa de que
o Élder Carlos H. Amado, dos Setenta,
chegar à sala dela, antes mesmo de
conseguir falar, ela me perguntou se
eu me importaria de começar minha
iria discursar para os membros na aula de terça-feira duas horas antes
noite de terça-feira. Eu e minha famí- do normal. Com isso, a aula termina-
lia vibramos, mas me preocupei por ria duas horas antes.
não saber como seria possível compa- Foi uma grande bênção para nós.
recer à reunião. Chegamos à reunião com bastante

A nova gratificação gerou


incentivos para a desonestidade.
Sorrateiramente, um colega ia várias
Como eu era professor numa
escola do curso médio, tinha que dar
aula terça-feira à noite. Infelizmente,
antecedência e sentimos o Espírito
na presença de um dos discípulos
do Senhor. Nosso filho de cinco
vezes até o contador automático e as folgas eram raras. Sem saber exata- anos até teve o privilégio maravi-
acionava a alavanca para simular a mente o que fazer, mas determinado lhoso de dar um abraço no Élder
saída de uma nova peça. a ouvir o discurso do Élder Amado, Amado antes do início da reunião e
eu e minha família recorremos à ora- de trocar algumas palavras com ele.
ção, na esperança de que o Senhor Juntamente com o restante da con-
preparasse o caminho. gregação, desfrutamos o Espírito em
Ele não via a menor necessidade Na véspera da conferência, sen- abundância. Além disso, ganhamos
de mudar. O que mais eu poderia ti-me compelido a falar com a dire- em família o testemunho de que o
fazer? Mesmo sem inflarmos nossos tora do colégio e pedir autorização Pai Celestial conhece nossos desejos
números de produção, nossa prensa para sair vinte minutos mais cedo e ouve nossas orações. ◼
era a mais produtiva de nosso turno. para ir ao serão com a família. Ao Miguel Troncoso, Santa Cruz, Argentina

M a r ç o d e 2 0 1 1 41
MESTRES FAMILIARES E

Ministração
PROFESSORAS VISITANTES:
UM TRABALHO DE

Começando agora no ensino fami-


liar ou no programa de professoras
visitantes? Leve em conta estas nove
sugestões:

“S
ei que estamos no fim do mês e lamento • Conheça as pessoas que você tem a atri-
muito não ter tido a oportunidade de dei- buição de visitar, e conheça também seu
xar a Mensagem das Professoras Visitantes”, companheiro ou sua companheira. Os
desculpou-se a professora visitante da irmã Julie B. líderes do sacerdócio ou da Sociedade de
Beck. Mas enquanto dizia isso, estava saindo da Socorro da ala ou do ramo devem passar-lhe
casa da presidente geral da Sociedade de Socorro o nome e as informações de contato de cada
com uma cesta cheia de roupas para passar e família ou pessoa sob sua responsabilidade.
depois entregar à irmã Beck. “Acha que isto Apresente-se a seu companheiro e às pessoas
conta?” perguntou ela com relutância à irmã Beck. que você visita e comece a cultivar um bom
Quando a irmã Beck relata esse episódio, lágri- relacionamento.
mas lhe vêm aos olhos ao perguntar: “Como aquela • Faça as visitas. Vá à casa da pessoa quando
amiga querida e professora visitante dedicada podia possível. Se isso não for praticável, cogite
sentir que eu não recebera a visita de professoras reunir-se no local de trabalho, caminhar com
visitantes e que deixara de ser servida? Aquela não ela ou marcar um encontro na capela antes ou
era a primeira vez no mês que ela passara para depois das reuniões de domingo. Ensine e ins-
atender a uma necessidade. Como é que ela não pire de modo interativo — começando talvez
percebia que estava constantemente ministrando a com a Mensagem da Primeira Presidência ou
mim e abençoando minha família? Os cuidados e das Professoras Visitantes. Preste testemunho.
a preocupação dela comigo são a mais perfeita tra- Contem uns aos outros o que está aconte-
dução do programa de professoras visitantes. Claro cendo na vida de cada um. Desenvolva amor
que ela poderia relatar que me visitara!” demonstrando simpatia e atenção. Ouça com
Como mostra a experiência pessoal da irmã sinceridade. Mantenha em sigilo as confidên-
Beck, o trabalho inspirado dos mestres familiares cias feitas. Continue a ser amigo, pois o tempo
e das professoras visitantes é mais do que uma tende a aumentar a confiança.
visita formal e nunca está concluído. Ambos os • Ore pelas pessoas a quem ensina e tam-
programas têm mais a ver com o serviço prestado bém com elas. Convém perguntar ao fim da
a pessoas do que com a conclusão de processos visita: “Podemos orar com vocês?” O chefe
e, quando executados corretamente, representam da família deve escolher alguém para fazer a
o ato de apascentar e não de meramente contar oração. No intervalo entre as visitas, continue
visitas feitas. Essas atribuições incluem dispensar a orar pelas pessoas que você visita como
cuidados e ministrar uns aos outros, assim como o mestre familiar ou professora visitante. Peça ao
fez o Salvador. Eis algumas ideias que podem ser Pai Celestial que o ajude a saber como cuidar
proveitosas: dessas pessoas e amá-las.

42 A L i a h o n a
JOVENS ADULTOS

SUA FÉ AUMENTARÁ
Recebi um pediram que ela se arrependesse
telefonema de e optasse por trilhar o caminho
uma mãe aflita que o Senhor traçara para ela
que estava a e que lhe fora ensinado por
milhares de seus pais. Ao ouvi-los, ela se
quilômetros deu conta de que somente por
de distância. revelação divina eles poderiam
Disse-me que sua filha solteira saber tanto sobre a vida dela. A
tinha-se mudado de cidade, oração de uma mãe chegara ao
bem longe de casa. Com o Pai Celestial, e o Espírito Santo
pouco contato que tivera com tinha sido enviado aos mestres
a filha, percebera que algo familiares com uma missão
estava terrivelmente errado. importante.
A mãe temia pela segurança “Sua fé aumentará ao servir
moral da filha. Suplicou que eu ao Senhor, cuidando dos filhos
a ajudasse. do Pai Celestial como um pro-
Descobri quem era o mestre fessor do Senhor, que ensina o
familiar da jovem. Telefonei para caminho do lar. Suas orações
ele. Ele era jovem. Contudo, serão respondidas. Passarão a
tanto ele quanto seu compa- saber por si mesmos que Ele
nheiro tinham acordado no vive, que nos ama e que inspira
meio da noite, não só preocupa- aqueles que têm ainda que
dos com a moça, mas também seja só um princípio de fé Nele
com a impressão de que ela e o desejo de servi-Lo em Sua
estava prestes a fazer escolhas Igreja.”
que trariam tristeza e infelici-
Presidente Henry B. Eyring, Primeiro
dade. Guiados unicamente pela Conselheiro na Primeira Presidência,
inspiração do Espírito, foram “Dons do Espírito para Momentos Difí-
ceis” (Serão do Sistema Educacional da
visitá-la. Inicialmente, ela não
ILUSTRAÇÕES FOTOGRÁFICAS: ROBERT CASEY, CRAIG DIMOND, JOHN LUKE E JERRY GARNS

Igreja para jovens adultos, 10 de setembro


quis abrir-se com eles. Eles de 2006), LDS​.org/​broadcast.

M a r ç o d e 2 0 1 1 43
• Ministre. Observe e preveja necessidades.
Por exemplo, se uma irmã que você visitar
estiver prestes a fazer um teste na faculdade,
talvez você possa preparar o jantar para ela
em algum momento da semana a fim de dei-
xar-lhe mais tempo para estudar. Se o irmão
que você visita como mestre familiar estiver
procurando emprego, apresente-o a pessoas
Bênçãos do Programa que possam ajudar.
de Professoras Visitantes • Faça perguntas proveitosas. As perguntas
Silvia H. Allred
podem criar oportunidades de consolar, parti-
Segunda Conselheira na Presidência Geral da
Sociedade de Socorro lhar princípios relevantes do evangelho e pres-
tar serviço significativo. Você pode perguntar:
“O que o preocupa ou inquieta?” “Que dúvidas

N a condição de irmã adulta


na Igreja, você tem a opor-
tunidade e a responsabilidade de
• Ser uma influência para o
bem e fortalecer as irmãs.
• Ter a oportunidade de ofere-
você tem sobre o evangelho?” Ou pode ser
específico: “Podemos ajudá-los em alguma
tarefa doméstica?” “Precisa de carona para fazer
servir como professora visitante. cer e prestar auxílio quando compras ou ir a uma consulta médica?” Uma
Nesse encargo, você tem o necessário. pergunta direcionada costuma dar melhores
potencial de fazer muitas coisas • Sentir o Espírito guiar seu resultados do que simplesmente dizer: “Tele-
boas. Ao visitar as irmãs que lhe trabalho. fone para nós se precisar de algo”.
foram designadas, você vai: • Sentir alegria ao servir. • Busque inspiração. O Espírito pode ajudá-lo
• Conhecer e amar as irmãs • Crescer espiritualmente como a saber como auxiliar as pessoas designadas a
que você visita e fazer novas filha do convênio de Deus. seus cuidados. Você pode ser instado a abordar
amigas. certos assuntos ou prestar determinado tipo de
• Ter a oportunidade de ensi- auxílio. Ao conhecê-las melhor, você pode até
nar doutrinas do evangelho e ser compelido a incentivá-las a receber mais
prestar testemunho delas. ordenanças e convênios do evangelho ou a
participar mais ativamente de todas as bênçãos
proporcionadas pelo evangelho.
• Faça uma prestação de contas criteriosa.

ILUSTRAÇÕES FOTOGRÁFICAS: CRAIG DIMOND, MATTHEW REIER, DANNY SOLETA, WELDEN C. ANDERSEN
Faça um relato do bem-estar material e espiritual
das pessoas que você visita, de qualquer serviço
prestado e das necessidades que porventura
houver. Repasse questões confidenciais direta-
mente à presidente da Sociedade de Socorro ou

E JERRY GARNS; FOTOGRAFIA DA IRMÃ ALLRED: BUSATH PHOTOGRAPHY


ao presidente do quórum de élderes.
• Trabalhe em conjunto com o companheiro.
Dividam entre os dois as designações para fazer
contato e prestar serviço, conforme a necessi-
dade. Talvez seja necessário um revezamento
nas visitas, no serviço e no relato do bem-estar
das pessoas sob sua responsabilidade.
• Lembre-se do que é importante. Mantenha
um registro de acontecimentos relevantes da
vida das pessoas visitadas, como aniversários
e até mesmo eventos do dia a dia que sejam
importantes para elas. ◼

44 A L i a h o n a
JOVENS ADULTOS

A Alegria de Ensinar
o Evangelho

E u e meu compa-
nheiro no ensino
familiar visitávamos um
apresentamos reacende-
ram a chama. O Espírito
ardeu forte em meu cora-
circunstâncias, preci-
samos ser fortalecidos
pelo Espírito. O apelo do
Sem Barreiras de Idade

Q uando recebi a desig-


nação de visitar uma
casal idoso. Eu voltara ção. Eu não conseguia mundo é forte, e ensinar irmã idosa, não sabia se
da missão havia poucas parar de sorrir e tentava o evangelho restaurado teríamos algo em comum,
semanas, mas já estava conter as lágrimas. é uma das melhores devido à diferença de
começando a esquecer o O ensino familiar é maneiras de não enve- idade. Contudo, percebi
sentimento de ensinar o importante para os jovens redarmos por caminhos com o tempo que o Senhor
evangelho. No entanto, adultos porque todos nós, perigosos. sabia que eu e minha com-
aquela visita e a lição que sejam quais forem nossas Ramon Kaspers, Países Baixos panheira éramos as pes-
soas mais indicadas para
visitar aquela irmã, que ela
A Alegria do Senhor precisava de alguém com

E nfrento muitos desafios


e, quando as coisas não
ocorrem como o esperado,
quem conversar e que tam-
bém pudesse ouvi-la.
Notei que eu poderia
é fácil reclamar. Mas minha ser um instrumento nas
perspectiva mudou quando mãos do Senhor para servir
eu e meu companheiro àquela irmã. Também
recebemos a designação descobri que tinha muito
de visitar uma família que a aprender com ela. Nossa
não ia à Igreja havia muito convivência trouxe felici-
tempo. dade à vida de nós duas.
Durante uma visita, Teboho Ndaba, África do Sul
percebi que as dificulda-
des daquela família faziam
meus problemas parecerem
insignificantes. Era pouco
provável que eles voltassem
a frequentar a Igreja, mas
eu e meu companheiro
continuamos a visitá-los.
Certa manhã de Amigas de Amanhã
domingo, antes da reu-
nião sacramental, senti-me
inspirado a ficar perto da
D epois que saí de casa
para estudar no exte-
rior, na França, o programa
tocada pelo Espírito Santo
em momentos específicos
para orar e às vezes jejuar
eram jovens mães recém-
casadas; outras, solteiras.
Nossas visitas nos permi-
porta. Para minha grande de professoras visitantes por elas ou telefonar, con- tiram enxergar além de
surpresa, vi aquela famí- assumiu um novo signi- solar, ouvir, escrever, visitar nossas diferenças.
lia entrar na capela! Nem ficado. As irmãs que me ou simplesmente abraçá-las. Recentemente mudei de
tenho palavras para expli- foram designadas pode- Esses pequenos gestos fize- cidade. Meu coração jubilou
car a alegria que senti. riam ter continuado como ram diferença na vida delas, quando recebi a designação
Minhas próprias dificulda- simples nomes aos quais mas também na minha. de visitar algumas irmãs.
des foram sobrepujadas eu mal conseguia associar Todas as irmãs eram Hoje elas são apenas nomes.
pela alegria do Senhor (ver um rosto, mas na verdade diferentes. Algumas eram Amanhã serão amigas.
Alma 31:38). tornaram-se amigas muito de minha idade; outras, Nirina J-Randriamiharisoa,
Rati Mogotsi, África do Sul queridas. Diversas vezes fui mais velhas. Algumas Madagascar

M a r ç o d e 2 0 1 1 45
Direto ao Ponto
Alguns amigos não
membros vieram me P rimeiro: não deixe que as
perguntas de seus amigos
menos sagradas. O que importa
é que continuemos a considerá-
coisas
falar sobre incomodem você. As ordenan- las sagradas e que demonstre-
que ocorrem ças e os símbolos do templo mos nosso comprometimento

no interior do chegaram ao conhecimento com o Senhor.

templo. Como é que do público de várias maneiras


com o passar dos anos, prin-
Segundo: se alguém per-
guntar-lhe sobre as cerimônias
eles sabem dessas coisas, e o cipalmente por intermédio de do templo, você deve dizer
que devo dizer-lhes a esse pessoas que saíram da com sinceridade que não as
respeito? Igreja. Mas o fato de conhece a fundo, porque ainda
essas coisas serem não passou por elas. Contudo,
conhecidas por para evitar mal-entendidos,
pessoas de você pode explicar-lhe que nós
fora da Igreja vamos ao templo para fazer
não as torna convênios com o Pai Celestial,
e que isso “ajuda-nos a focalizar
mais no Salvador, em Seu papel
no plano de nosso Pai Celestial
e no nosso compromisso de
segui-Lo” (Sempre Fiéis, 2004,
p. 183). As cerimônias e os sím-
bolos do templo são sagrados
e não devem ser discutidos em
público, nem podem ser devida-
mente compreendidos ou apre-
ciados fora do contexto
do templo.
Para saber mais,
você pode ler os
seguintes recursos,
ambos disponíveis em
alguns idiomas no site
LDS​.org:
• Livreto Preparação
para Entrar no Templo
Sagrado, 2004.
• Verbete “Templos”
no livro Sempre
Fiéis, páginas
182–186. ◼

46 A L i a h o n a
JOVENS

recordar que, ainda que rapazes que serão élderes,
sejam nossos amigos, repito o que os profetas há
no contexto da Igreja muito têm ensinado — todo
devemos honrar seus rapaz digno e capaz deve pre-
chamados e demonstrar parar-se para servir missão. O
respeito, referindo-nos serviço missionário é um dever
a eles como “irmão” ou do sacerdócio — uma obrigação
“irmã”. ◼ que o Senhor espera de nós, que
tanto recebemos Dele ”.1
Receber o sacerdócio
O Presidente envolve, em parte, tomar sobre
É correto Monson frisou que nós as responsabilidades e os
chamar os o serviço deveres que disso decorrem.

líderes da missio- Como ocorre com qualquer

Igreja pelo nário de


dom concedido pelo Pai Celes-
tial, Ele espera que usemos o
primeiro nome? tempo inte- sacerdócio para abençoar o

gral é uma próximo. “Porque a quem muito

Àmos de nossos líderes, que responsabi-


s vezes, ficamos tão próxi- é dado, muito é exigido” (D&C
82:3).
somos tentados a ser informais
demais em nosso relaciona- lidade do Os portadores do Sacerdócio
Aarônico devem “admoestar,
mento com eles. Embora a sacerdócio. explicar, exortar e ensinar e
proximidade seja algo positivo, O que isso significa? convidar todos a virem a Cristo”
também é importante mostrar (D&C 20:59). Como o Presidente
o devido respeito por eles e
N a última conferência geral, Monson ensinou, servir missão
A PARTIR DA ESQUERDA: ILUSTRAÇÕES FOTOGRÁFICAS: DAVID STOKER, STEVE BUNDERSON E ROBERT CASEY

por seu chamado. Na Igreja é o Presidente Thomas S. de tempo integral é um dever


de praxe nos dirigirmos aos Monson disse: “Aos rapazes do dos portadores do sacerdócio.
adultos como “irmão” ou “irmã”, Sacerdócio Aarônico e a vocês, Na missão, você dedicará toda
um tratamento que tanto mostra sua energia, seu tempo e sua
respeito quanto nos ajuda a atenção ao dever de servir,
recordar que somos filhos do pregar o evangelho e convidar
Pai Celestial. Outros títulos mais todos a virem a Cristo. Claro que
formais, como élder, bispo ou o cumprimento do dever sempre
presidente também são usados traz bênçãos. Sua missão será
como sinal de respeito. Os mis- uma época de grande alegria e
sionários de tempo integral dão crescimento espiritual. ◼
um bom exemplo disso ao se NOTA
1. Thomas S. Monson, “Ao Voltarmos a
chamarem de “Élder” ou “Síster” Nos Encontrar”, A ­Liahona, novem-
entre si. bro de 2010, p. 5; grifo do autor.
É importante ser respei-
toso com os líderes da Igreja e

M a r ç o d e 2 0 1 1 47
SUPER!


ESCOLHA
SER UM
HERÓI.
Siga o profeta.
Prepare-se para
servir missão.
(Ver D&C 15:6.)

FOTOGRAFIA: ROBERT CASEY

48 A L i a h o n a
DEVO

JOVENS

IR OU
FICAR?

Dias antes de eu sair em missão, meus pais foram hospitalizados.


Eu não sabia se poderia deixá-los naquele estado.
Rodolfo Giannini

E
u tivera a sorte de conhecer A Nenhum tratamento médico parecia felizes. Eu pensava constantemente
Igreja de Jesus Cristo dos Santos surtir efeito. Meu pai sofria de cirrose em meus pais. Por fim, com a autori-
dos Últimos Dias por meio de hepática, e os médicos diziam que a zação do presidente do CTM, telefo-
um amigo. Fui ensinado pelos mis- recuperação seria difícil. nei para saber como eles estavam.
sionários e chamado por Deus para Naquela noite, ajoelhei-me e orei Com grande alegria, minha mãe
levar a luz do evangelho ao mundo. ao Pai Celestial, dizendo: “Pai, aju- me disse que ela e meu pai tinham
Dois anos depois de meu batismo, fui da-me. Minha família adoeceu e não recebido um milagre do Senhor —
chamado para servir na Missão Itália posso deixá-los nessas circunstâncias. palavras que eu jamais esperaria
Milão. Antes de partir, tive uma expe- Peço-Te, Pai, que me ajudes a saber o ouvir de uma mulher sem muita fé.
riência espiritual profunda. que é certo: ir ou ficar”. Ela contou que, depois de minha
Meus pais, que não eram mem- Refleti sobre a situação por alguns partida, a saúde deles melhorara, e
bros da Igreja, não partilhavam minutos. Foi então que senti uma voz os médicos não tinham explicação
minha alegria no tocante àquela sutil, porém penetrante, que dizia: para isso. Meus pais estavam saudá-
oportunidade missionária. Tivemos “Exerce fé e tudo correrá da melhor veis e felizes. Minha alegria estava
discussões terríveis que me fizeram maneira possível”. completa.
sofrer muito. Apesar da tristeza de ver minha Com essa experiência pessoal,
Dois dias antes de eu sair em família com a saúde debilitada, decidi meu testemunho do poder da fé,
ILUSTRAÇÃO: DAN BURR

missão, meu pai e minha mãe adoe- pegar o avião que me levaria a Roma da oração e da obediência cresceu.
ceram repentina e seriamente. Minha e depois aos Estados Unidos, para o Sou grato porque o Senhor cuidou
mãe teve um grave problema de centro de treinamento missionário. de minha família durante minha
saúde e precisou ser hospitalizada. Minhas noites no CTM não foram missão. ◼

M a r ç o d e 2 0 1 1 49
EM DEFESA
DA FÉ
Kubangila Kasanza Celva, de Kinshasa, República Democrática
do Congo, é um ótimo jogador em várias equipes.
sei que é importante dar um bom
exemplo aos irmãos, pois é bem
provável que eles também
Richard M. Romney ordens do Senhor”. Assim como Néfi, façam o que faço.”
Revistas da Igreja Celva confia no Senhor. “Ele nunca

O
atacante da equipe adversária me pedirá algo sem antes preparar Permanecer Firme
está driblando a passos lar- um caminho para que eu cumpra a Celva sabe que é importante se
gos rumo ao gol. Ele parece ordem. Ele vai me fortalecer e mandar empenhar ao máximo, tanto nos
ter certeza de marcar o gol. Mas então outras pessoas para me ajudar.” esportes quanto no evangelho.
Celva consegue alcançá-lo, fica lado a
lado, chuta a bola para longe e corre Ir e Fazer
na direção contrária. “É importante escutar o que nos O QUE HÁ POR
“Jogo na defesa, sou zagueiro”, ensinam sobre o evangelho”, diz TRÁS DE UM
explica Celva, de doze anos de idade. Celva. “Mas também é importante NOME?
“É meu dever impedir que os adver- fazer o que nos é ensinado.” Ele se Celva é um nome com
sários façam gols.” lembra de seu batismo e procura significado. É uma
Celva é o tipo de jogador que todos os dias usar o dom do Espírito mistura do nome do
qualquer um adora ter ao lado. Ele para fazer escolhas sábias. Acaba pai de Celva, Celestin,
é calado, mas decidido. Está sempre de receber o Sacerdócio Aarônico, com o da mãe, Valerie. “Isso me ajuda
disposto a dar o máximo de si e adora aguarda com ansiedade o dia em a lembrar o quanto eles queriam ficar
ver todos da equipe terem sucesso. que poderá ir ao templo para fazer juntos e criar uma família feliz”,
Essas são as qualidades que fazem mais convênios com o Senhor e pla-
diz Celva.
dele um excelente integrante de neja servir missão de tempo integral.
O nome de seus irmãos também
outras equipes — a Igreja e a família. Ele quer dar um bom exemplo para
tem significado. Nathan, de sete
Sem falar em sua disposição de defen- seus irmãos e servir a sua mãe e a
der a verdade. seu pai. anos, recebeu o nome de um sábio da
“Honro minha mãe e meu pai Bíblia. Beni, de quatro anos, significa
Celva e Néfi fazendo o que me pedem e guar- “abençoado”. E embora o nome do
A escritura predileta de Celva é dando os mandamentos do Pai Celes- caçula de dois anos seja Celestin
1 Néfi 3:7: “Eu irei e cumprirei as tial”, diz ele. “Como filho mais velho, Júnior, por causa do pai, por ora todos
o chamam Le Petit (“o pequenino”).
50 A L i a h o n a
MAIS NA INTERNET

P ara ver um mapa de Kinshasa e assistir a um 

JOVENS

vídeo de Celva cantando um hino e prestando
testemunho, visite www​.liahona​.LDS​.org.

A oração familiar e pessoal,


o estudo das escrituras indi-
vidual e em família, a reunião
familiar — tudo isso faz parte de sua
rotina. Ele tem um testemunho da
Palavra de Sabedoria e sabe que
algumas coisas são boas para comer,
ao passo que outras não. “Atletas
não tomam cerveja”, diz ele com
ênfase.

Um Verdadeiro Defensor
À medida que a Igreja avança
rumo ao futuro, é bom saber que há
rapazes fortes como Celva, ávidos
por fazer o que é certo. “Sei que meu
Pai Celestial vive, que Jesus Cristo é
real e que Joseph Smith foi o profeta
que restaurou o evangelho na Terra”,
testifica Celva. “Tenho esse testemu-
nho e sempre defenderei a Igreja de
todas as formas.” ◼
FOTOGRAFIAS: RICHARD M. ROMNEY
O que É a
O Salvador nos ensinou que não
precisamos tolerar o mal. “E
entrou Jesus no templo de Deus
(…) e derribou as mesas dos
cambistas.”

A
tolerância é uma virtude muito
necessária neste nosso mundo
conturbado. Mas precisamos
reconhecer que há uma diferença
entre tolerância e tolerar. A tolerân-
cia cortês que você tem para com
uma pessoa não dá a ela licença para
cometer erros, assim como sua tole-
rância não o obriga a tolerar os erros
dela. Essa distinção é fundamental
para compreender essa virtude vital.

Dois Grandes Mandamentos


Nossas maiores prioridades na vida
são amar a Deus e amar o próximo.1
Esse mandamento abrangente inclui
as pessoas de nossa própria família,
comunidade, nação e do mundo
inteiro. A obediência ao segundo
mandamento facilita a observância
do primeiro. “Quando estais a serviço
de vosso próximo, estais somente a
serviço de vosso Deus” (Mosias 2:17).

Para o Batismo Não Interessa


a Origem
Em todos os continentes e nas
ilhas do mar, os fiéis estão sendo
coligados na Igreja de Jesus Cristo
dos Santos dos Últimos Dias. As dife-
renças de nível cultural, de idioma,
sexo e traços faciais perdem toda
a importância quando os membros
entregam-se a si mesmos a serviço de
seu Salvador amado.
Somente a compreensão do cará-
ter paterno de Deus pode nos levar
a apreciar plenamente o verdadeiro
elo fraternal entre os homens. Esse
entendimento suscita o desejo de
erguer pontes de cooperação em vez
de paredes de segregação.

52 A L i a h o n a
Tolerância?

JOVENS

A intolerância gera contendas, a tolerância subjugada e partilhada com ação de gra-
as suplanta. A tolerância é a chave que abre as ças.2 Cada um de nós pode ajudar a tornar
portas para a compreensão mútua e o amor. a vida neste mundo uma experiência mais
agradável.
Riscos da Tolerância Sem Limites A Primeira Presidência e o Quórum dos
Agora, gostaria de fazer uma advertência Doze Apóstolos fizeram uma declaração
importante. É um erro achar que, se uma pública que eu gostaria de citar:
pequena dose de algo é bom, automati- “É moralmente errado para qualquer
camente, uma grande dose só pode ser pessoa ou grupo negar a alguém sua digni-
CRISTO PURIFICA O TEMPLO, DE CARL HEINRICH BLOCH, USADO COM PERMISSÃO DO MUSEU HISTÓRICO NACIONAL DE FREDERIKSBORG, EM HILLERØD, DINAMARCA.

melhor. Não é verdade! Doses exageradas de dade inalienável com base na infeliz e odiosa Élder
um remédio necessário podem ser fatais. A teoria da superioridade racial ou cultural. Russell M. Nelson
misericórdia sem limites pode contrapor-se à Exortamos todas as pessoas em todo o Do Quórum dos
Doze Apóstolos
justiça. Assim, a tolerância sem limites pode mundo a reassumirem o compromisso de
levar a uma permissividade desenfreada. respeitar os ideais consagrados da tolerância
O Senhor traçou limites para definir o grau e do respeito mútuo. Cremos sinceramente
aceitável de tolerância. Os perigos aumentam que, se tivermos consideração e compaixão
quando esses limites divinos são desrespei- uns pelos outros, descobriremos que todos
tados. Assim como os pais ensinam os filhos podem coexistir pacificamente, a despeito de
pequenos a não correrem nem brincarem na nossas diferenças mais profundas.” 3
rua, o Salvador nos ensinou que não precisa- Juntos podemos permanecer intolerantes
mos tolerar o mal. “E entrou Jesus no templo à transgressão, mas tolerantes com vizinhos
de Deus (…) e derribou as mesas dos cambis- cujas diferenças lhes são sagradas. Nossos
tas” (Mateus 21:12; ver também Marcos 11:15). amados irmãos de todo o mundo são todos
Embora ame o pecador, o Senhor salientou filhos de Deus. Ele é nosso Pai. Seu Filho,
que “não [pode] encarar o pecado com o Jesus, é o Cristo. Sua Igreja foi restaurada na
mínimo grau de tolerância” (D&C 1:31). Terra nestes últimos dias para abençoar todos
O verdadeiro amor pelo pecador pode os filhos de Deus. ◼
exigir um confronto corajoso — não aquies- Extraído de um discurso da conferência geral de
cência! O verdadeiro amor não apoia com- abril de 1994.

portamentos autodestrutivos. NOTAS


1. Ver Mateus 22:36–40; João 13:34–35; 15:12, 17;
Romanos 13:8; I Tessalonicenses 3:12; 4:9; I Pedro
Tolerância e Respeito Mútuo 1:22; I João 3:11, 23; 4:7, 11–12; II João 1:5.
Nosso comprometimento com o Salvador 2. Ver Gênesis 1:28; D&C 59:15–21; Moisés 2:28;
Abraão 4:28.
nos leva a desprezar o pecado e seguir Seu 3. Declaração da Primeira Presidência e do Quórum
dos Doze Apóstolos, 18 de outubro de 1992; con-
mandamento de amar o próximo. Vivemos forme citado em “Church Exhorts Ethnic, Religious
juntos nesta Terra, que deve ser trabalhada, Tolerance”, Church News, 24 de outubro de 1992, p. 4.

M a r ç o d e 2 0 1 1 53


Q
uando eu era adolescente em Mat- eles me convidaram a aprender mais. Aceitei,
sumoto, Japão, tinha muito interesse e eles me apresentaram as lições missioná-
Élder Koichi em aprender inglês. Aos dezessete rias. Naquela época, eu não compreendia
Aoyagi anos de idade, entrei para o clube de inglês nem reconhecia plenamente a importância
Dos Setenta do curso médio da minha escola. No início do que estava aprendendo, mas senti o Espí-
do ano escolar, o clube decidiu procurar um rito e entendi que os princípios ensinados
falante nativo de inglês para praticarmos con- pelos missionários eram bons. Quando me
versação. Procuramos muito, mas os instruto- convidaram para ser batizado, aceitei.
res de inglês com quem falamos cobravam, e Contudo, antes de entrar para a Igreja, eu
o clube não tinha condições de pagar. Desa- precisava receber a autorização de meus pais.
nimados, quase desistimos. No início, eles se mostraram muito hostis à
Então, certo dia, ao ir de bicicleta para a ideia — os ensinamentos cristãos lhes eram
escola, vi rapazes americanos de terno distri- estranhos e bizarros. Mas eu não me conten-
buindo folhetos. Peguei um e pus no bolso. taria em desistir. Pedi aos missionários que
Depois das aulas, examinei o folheto e des- fossem a minha casa e explicassem sobre a
cobri que era um convite para uma aula de Igreja a meus pais, sobre o que vinham me
conversação em inglês. No folheto aparecia o ensinando e o que se esperaria de mim. O
nome “A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos

AMINHO DOS
O C Últimos Dias”. Eu nunca ouvira falar daquela
Espírito abrandou o coração de meus pais e
então recebi permissão para ser batizado.

igreja, mas fiquei animado; eu resolvera o Afastamento


problema do clube de inglês! Depois de batizado e confirmado, fre-
No dia da aula seguinte, cerca de 30 mem- quentei o pequeno Ramo de Matsumoto,
bros do clube me acompanharam. Os missio- que tinha de doze a quinze membros ativos.
nários deram a aula, e todos gostamos muito. Fiz amizades e era um prazer frequentar as
Desde o primeiro dia, notei que havia algo reuniões semanalmente. Cerca de um ano
diferente nos missionários. Seu calor, amor, depois, concluí o curso médio e me mudei
sua atitude positiva e alegria me impressio- para Yokohama a fim de ir à universidade.
naram profundamente. Eles pareciam irradiar O ramo mais próximo era o Ramo Central
luz — eu nunca conhecera antes ninguém de Tóquio, que tinha mais de 150 membros
como eles. ativos. Ao frequentar aquele novo ramo,
Depois de várias semanas, comecei a fazer sentia-me como um menino da roça perdido
perguntas aos missionários sobre sua igreja, e na cidade grande. Tive dificuldade para fazer

54 A L i a h o n a


JOVENS

amigos. Certo domingo, fiquei em casa em orar. Se eu não sentisse nada, poderia esque-
vez de ir à Igreja. Logo parei de frequentar cer totalmente a Igreja e os mandamentos
de vez. Comecei a fazer amizade com meus e nunca mais poria os pés lá. Contudo, se
colegas de classe não membros, e a Igreja recebesse resposta, como prometera Morôni,
começou a ficar cada vez mais distante de precisaria me arrepender, aceitar o evange-
meus pensamentos. lho de todo o coração, voltar para a Igreja
Isso durou vários meses. Então recebi e fazer tudo a meu alcance para seguir os
certo dia uma carta de uma irmã do Ramo mandamentos.
de Matsumoto. “Ouvi dizer que você parou
de ir à Igreja”, escreveu ela. Fiquei surpreso.
Parecia que alguém de meu novo ramo lhe

S
contara que eu não estava mais frequen-
tando a Igreja! Aquela irmã continuou a carta

O
citando Doutrina e Convênios 121:34: “Eis
que muito são chamados, mas poucos são

ID
escolhidos”. Em seguida, escreveu: “Koichi,

ESCO L H Uma coisa


é ser batizado.
Outra é perse-
Ao ajoelhar-me e orar naquela manhã,
supliquei ao Pai Celestial que me respon- verar até
você foi batizado como membro da Igreja. desse. “Se existes, se és real”, orei, “por o fim.
Foi chamado, mas não está mais entre os favor, mostra-me”. Orei para saber se Jesus
escolhidos”. Cristo era meu Salvador e se a Igreja era
Ao ler aquelas palavras, fiquei cheio de verdadeira. Ao terminar, de repente senti
arrependimento. Eu sabia que, de alguma algo. Fui envolvido por um sentimento
forma, precisava mudar. Percebi que não cálido e meu coração se encheu de alegria.
tinha um testemunho firme. Não tinha cer- Compreendi a verdade: Deus de fato vive
teza da existência de Deus e não sabia se e Jesus é meu Salvador. A Igreja do Senhor
Jesus Cristo era meu Salvador. Por vários realmente foi restaurada pelo Profeta Joseph
dias, sentia ansiedade ao pensar na men- Smith e o Livro de Mórmon é a palavra de
sagem da carta. Não sabia o que fazer. Foi Deus.
então que, certa manhã, recordei algo que Nem é preciso dizer que orei pedindo
ILUSTRAÇÕES: SCOTT GREER

os missionários tinham me ensinado. Eles perdão no mesmo dia e tomei a resolução de


haviam pedido que eu lesse Morôni 10:3–5 guardar os mandamentos. Voltei para a Igreja
e prometido que eu poderia saber a verdade e prometi ao Senhor que faria tudo o que
por mim mesmo. Decidi que era preciso fosse necessário para permanecer fiel.

M a r ç o d e 2 0 1 1 55


Pouco tempo depois, a


Igreja iniciou planos para cons-
truir uma capela em Yokohama.
Naquela época, os membros do
ramo precisaram fazer contri-
buições financeiras e doar horas
de trabalho para a construção
da capela. Quando o presidente
QUATRO METAS da missão desafiou os membros
do ramo a contribuírem com
tudo o que pudessem, lem-
1. Ir o mais longe
brei-me de meu compromisso
possível no ensino de fazer tudo o que o Senhor
superior. me pedisse. Assim, todos os
dias durante quase um ano, eu
2. Servir uma ajudava na obra depois das aulas
na universidade.
missão de tempo
integral. Alcançar Quatro Metas
Mais ou menos na mesma época, o Élder
3. Casar-se no Spencer W. Kimball (1895–1985), que era conselhos dos servos do Senhor. Comprome-
membro do Quórum dos Doze Apóstolos, ti-me a fazer tudo a meu alcance para seguir
templo. visitou o Japão e incentivou os jovens da os conselhos do Élder Kimball e me dedicar
Igreja a atingirem quatro metas: (1) ir o mais com afinco para edificar a Igreja.
4. Adquirir capaci- longe possível no ensino superior, (2) servir Nos anos seguintes, continuei a me empe-
tação profissional a uma missão de tempo integral, principal- nhar por minhas quatro metas. Servi como
mente os rapazes, (3) casar-se no templo e missionário de construção durante dois anos
fim de sustentar a
(4) adquirir capacitação profissional a fim de e ajudei a construir duas capelas em meu
família. sustentar a família. Até aquele momento, eu país natal. Em seguida, fui chamado para
nunca traçara planos para alcançar aqueles servir numa missão de proselitismo de tempo
quatro objetivos. Mas depois me ajoelhei e integral. Pouco depois de voltar para casa,
orei: “Pai Celestial, quero atingir essas quatro casei-me no templo com a jovem do Ramo
metas. Por favor, ajuda-me”. de Matsumoto que me escrevera aquela
Eu sabia que, para permanecer no cami- carta. Tempos depois, consegui o emprego
nho dos escolhidos, precisava seguir os de meus sonhos numa firma de comércio

56 A L i a h o n a


JOVENS

exterior. Ao seguir a palavra do Senhor e Decidam agora que farão tudo o que for
os conselhos dos profetas, senti que estava necessário para permanecerem fiéis. Tomem
novamente no caminho dos escolhidos. E até a resolução de perseverar até o fim seguindo
hoje me esforço para permanecer nele. os mandamentos de Deus. Tracem metas
justas e dignas para si mesmos. Instruam-se,
Dar Ouvidos à Voz Dele sirvam missão, casem-se no templo e susten-
Meus jovens irmãos, o Salvador nos tem sua família tanto espiritual quanto mate-
chama continuamente, instando-nos a rialmente. Caso ainda não tenham adquirido
segui-Lo. O Salvador ensinou: “As minhas um testemunho, peço encarecidamente que
ovelhas ouvem a minha voz (…) e elas me se ajoelhem e peçam ao Pai Celestial que
seguem” ( João 10:27). Vocês ouviram a voz lhes conceda um conhecimento da verdade.
do Senhor; seguiram-No ao serem batizados Então, quando vier a resposta, comprome-
em Sua Igreja. Não restam dúvidas: foram tam-se de todo o coração com a obra do
chamados. Contudo, ser escolhido é algo Senhor. Façam tudo o que for preciso para
bem diferente. trilhar o caminho dos escolhidos. ◼

M a r ç o d e 2 0 1 1 57
ILUSTRAÇÃO: JENNIFER TOLMAN

A Menina do Lindo Sorriso


Eu estava com medo, mas descobri uma arma secreta para superar meus temores.

Michelle Glauser

P
or vários meses, eu tinha me dúvidas de que ela queria deixá-los à apresentação com firmeza na voz,
preparado para aquele dia com vontade. fazendo algumas pausas para sorrir
minha professora de piano. Eu Em seguida, olhei a sala à direita. para ela. Ao fim de minha exposição,
estava inscrita na Excelência Musical, Havia outra professora de piano, de agradeci-lhe pela atenção. Ela não
uma competição anual que avalia os mais idade, e fiquei com as mãos frias me dava mais medo. Ao sair da sala,
estudantes de música nos mais varia- ao ver seu olhar severo. Quanto mais sentia-me aliviada e feliz.
dos aspectos — do conhecimento eu a via interagir com os alunos, mais Alguns meses depois, minha pro-
teórico à dinâmica numa obra memo- nervosa ficava. Tudo o que me vinha fessora de piano leu para mim os
rizada. Por fim, chegara o dia e com à mente era: “Espero pegar a primeira comentários do júri. Ao ler a última
ele o nervosismo. jurada”. observação, ela disse: “Nossa, você
Na parte mais aterradora da com- Li e reli minha apresentação. Ao impressionou mesmo esta jurada.
petição era preciso tocar músicas para chegar ao início da fila, esperava que a Ela escreveu: ‘Michelle, a menina do
o júri. Eu dominava minhas obras, pessoa à esquerda terminasse primeiro. lindo sorriso’”. Eu nem precisava per-
mas minhas mãos tremeram ao tocar. Para meu desespero, foi o aluno à guntar quem escrevera aquilo.
A tão temida apresentação che- direita que se dirigiu à porta. Eu achava Mudar minha atitude me ajudou
gara ao fim. Eu poderia relaxar, pois que jamais conseguiria entrar lá. Então a dar o melhor de mim. Sempre que
só faltava fazer minha apresentação me ocorreu a seguinte ideia: “Simples- uma missão difícil me aguarda, em
oral sobre um compositor. Achei o mente abra um largo sorriso”. vez de mostrar indisposição, opto
local certo e fiquei esperando numa Entrei saltitante e com o maior por torná-la gratificante e agradável.
fila entre duas portas. Curiosa, olhei sorriso que já mostrara. Como disse Sei que minha atitude afeta minhas
a porta à esquerda. Uma professora alguém, ao agirmos como se estivés- experiências. Ao procurar sempre
simpática incentivava os alunos à semos felizes, sentimos felicidade. manter uma atitude positiva, tenho
medida que entravam nervosamente Eu estava radiante ao apertar a mão aprendido a encarar com prazer
e se cumprimentavam. Não havia da jurada. Em seguida, li minha meus desafios. ◼

58 A L i a h o n a
Testemunha Especial

COMO O

CRIANÇ AS

ILUSTRAÇÕES: BRYAN BEACH

EVANGELHO ME
AJUDA A SER

O Élder David A.
Bednar, do Quórum dos
FELIZ? Extraído de um discurso proferido
num devocional realizado na
Universidade Brigham Young–Idaho,
Doze Apóstolos, expõe
em 23 de agosto de 2002.
algumas ideias sobre o
assunto.

A fonte e a
causa da verdadeira
O plano de felicidade são a
felicidade do Pai verdade do evange-
Celestial foi conce- Nesta vida passamos lho e a obediência às
bido para orientar Seus por experiências com o leis eternas.
filhos, ajudá-los a alcançar carinho, o amor, a bondade, a
felicidade e levá-los em felicidade, a tristeza, a decepção,
segurança de volta à a dor e até mesmo limitações físicas
presença Dele. a fim de nos prepararmos para viver
de novo com o Pai Celestial. Há lições
que precisamos aprender e expe-
riências que precisamos viver Sabemos o
na Terra. que é certo e errado
e temos a responsabili-
dade de aprender por nós
mesmos “pelo estudo e tam-
bém pela fé” (D&C 88:118)
A obediência as coisas que devemos e
aos princípios do evan- não devemos fazer.
gelho permite a companhia
constante do Espírito Santo. Para sua própria felicidade
O Espírito Santo nos ajuda a e proteção, convido-os a
conhecer, compreender e estudar e viver com mais diligência
viver os ensinamentos o evangelho do Salvador. Deve-
de Jesus Cristo. mos não só viver o evangelho, mas
amar viver o evangelho. Ao agirmos
assim, receberemos bênçãos
incontáveis, maior força e
verdadeira felicidade.

59
A Operação
de Elias
“Todos os que recebem este sacerdócio a mim me recebem, diz o Senhor” (D&C 84:35).

Jane McBride Choate


Inspirado numa história verídica

E
lias olhou a quantidade de idade, um osso de sua perna escolar, o pai de Elias dera-lhe
enorme de lição de casa que se infeccionou. A infecção piorou uma bênção.
seu amigo lhe trouxera ao tanto que o médico decidiu retirar “É uma ótima ideia”, disse
sair da escola. Elias perdera outra parte do osso, caso contrário Joseph o pai.
semana de aulas por causa de uma poderia perder a perna ou até A mãe de Elias cruzou os braços
infecção no ouvido. mesmo morrer. e abaixou a cabeça. Elias sentiu
Naquela noite, os pais de Elias Na época de Joseph Smith, os as mãos do pai sobre sua cabeça.
entraram em seu quarto. A mãe sen- médicos davam bebidas alcoólicas Com confiança cada vez maior na
tou-se na beira da cama de Elias e para ajudar a diminuir a dor durante voz, o pai abençoou Elias para que
segurou-lhe a mão. “Elias, o médico a operação, mas Joseph recusou-se não sentisse medo e se recuperasse
acha que você precisa ser operado”, a ingerir a bebida sugerida pelo totalmente.
disse ela. médico. E recusou-se a ser amar- Ao fim da bênção, Elias não
“Que tipo de operação?” rado à cama. Garantiu que, se o pai sentia mais medo. “Agora posso ser
“Ele quer pôr tubos em seus o segurasse, não se mexeria. O pai operado”, disse ele.
ouvidos para evitar infecções no de Joseph segurou-o firmemente Três dias depois, foi internado e
futuro”, explicou a mãe. “Não vai nos braços durante a dolorosa cirur- voltou para casa no dia seguinte.
doer, e você vai receber alta no gia. A operação foi um sucesso, e As otites logo pararam, e Elias não
dia seguinte.” Ela apertou a mão Joseph se recuperou. demorou para recuperar o tempo
dele. Elias pensou na coragem de perdido fora da escola.
ILUSTRAÇÕES: DILLEEN MARSH

Elias confiava nos pais. Mas a Joseph e na fé que tinha em seu Elias sentiu gratidão por ser
ideia de ser operado o amedron- pai. “Pode me dar uma bênção, membro da Igreja de Jesus Cristo
tava. Pensou na história que ouvira pai?” perguntou. Elias sabia que dos Santos dos Últimos Dias e por
na Primária sobre Joseph Smith. uma bênção do sacerdócio pode- poder ser abençoado por meio do
Quando Joseph tinha sete anos ria ajudá-lo. No início do ano sacerdócio. ◼
60 A L i a h o n a


CRIANÇ AS

O

“ sacerdócio (…) é
[uma] oportunidade
para abençoar a vida das
pessoas.”
Presidente Thomas S.
Monson, “O Poder do Sacer-
dócio”, A ­Liahona, janeiro de
2000, p. 59.

M a r ç o d e 2 0 1 1 61
Presidente
Henry B. Eyring
Primeiro Conselheiro
na Primeira Presidência

Conta as
Bênçãos
E
squecer-se de Deus tem sido um problema entre Seus filhos
desde o começo do mundo. Pensemos na época de Moisés,
quando Deus enviava maná do céu e conduzia e protegia
Seus filhos usando meios miraculosos e visíveis. Ainda assim, o profeta
advertia o povo: “Tão-somente guarda-te a ti mesmo (…) que não te
esqueças daquelas coisas que os teus olhos têm visto” (Deuteronômio 4:9).
Ache maneiras de reconhecer e recordar a bondade de Deus. Isso vai
fortalecer seu testemunho. Deve estar lembrado daquele hino que canta-
mos às vezes: “Conta as bênçãos (…), uma a uma, dize-as de uma vez e
verás, surpreso, o quanto Deus já fez” (“Conta as Bênçãos”, Hinos, nº 57).
Quando nossos filhos eram pequenos, comecei a fazer anotações todos
os dias sobre acontecimentos do cotidiano. Eu não falhava um único
dia sequer, por mais cansado que estivesse ou por mais cedo que
precisasse me levantar no dia seguinte. Antes de escrever, eu
refletia sobre a seguinte pergunta: “Hoje vi a mão de Deus
estendida para tocar a nós, a nossos filhos ou a nossa
família?” Ao pensar no dia, identificava evidências do
que Deus fizera por algum de nós e que eu não reco-
nhecera no momento, por estar atarefado. Percebi
que o esforço para recordar permitira que Deus me
mostrasse o que Ele fizera.
O Espírito Santo nos ajuda a ver o que Deus
tem feito por nós. Testifico que Deus nos ama e nos
abençoa mais do que a maioria de nós reconhece. Sei
que isso é verdade, e recordá-Lo me traz alegria. ◼
Extraído de um discurso proferido na conferência geral de
outubro de 2007.

62 A L i a h o n a
CRIANÇ AS

E VERÁS SURPRESO COMO O SENHOR ABENÇOOU

V ocê pode aprender a dar-se conta


das bênçãos que o Pai Celestial lhe
concede da mesma forma que o Presi-
OS FILHOS DE ISRAEL

O livro de Êxodo no Velho Testamento conta como o Senhor ajudou seu povo escolhido
quando eles tiveram problemas. Faça a correspondência de cada problema com uma
dente Eyring — anotando-as. bênção que o Senhor mandou para ajudar Seu povo.

1 Deixe um caderno ou diário e um lápis


ou uma caneta ao lado da cama. PROBLEMAS BÊNÇÃOS

2 Todas as noites, antes de orar e dormir,


anote:
• A data.
1. O povo escolhido
do Senhor estava
A. O Senhor mandou muitas
pragas ao Egito, e o faraó
escravizado no acabou por libertar o povo.
• Duas ou três coisas boas que acon- Egito.
teceram no dia.
• Como você acha que essas coisas
boas são bênçãos do Pai Celestial.
2. O faraó, rei do B. O Senhor deu a Moisés os Dez

3 Ao orar, não deixe de agradecer ao Pai


Celestial pelas coisas boas que lem-
brou. Também pode relatar aos familiares
Egito, não permitia
que eles fossem
Mandamentos. Ele permitiu que
todo o povo ouvisse Sua voz e
embora. mostrou-Se a alguns deles.
as bênçãos identificadas!

3. O faraó deixou o C. O Senhor mandou Moisés


povo partir, mas depois bater numa rocha com seu
seu exército correu cajado, e dela jorrou água.
atrás deles para tentar
levá-los de volta.

4. O povo sentiu sede D. O Senhor mandou Moisés


no deserto. conduzir o povo para fora
do Egito rumo à terra
prometida.

5. A comida acabou, E. O Senhor abriu o


e eles sentiram Mar Vermelho para que
fome. o povo fugisse.

6. O povo precisava F. O Senhor mandou para o povo


de ajuda para um alimento que tinha gosto de
seguir o Senhor. pão e mel. Chamava-se maná
e aparecia no chão todas as
manhãs.
ILUSTRAÇÃO FOTOGRÁFICA DE
WESTON COLTON; ILUSTRAÇÕES
DE KEITH CHRISTENSEN

M a r ç o d e 2 0 1 1 63
Respostas: 1. D; 2. A; 3. E; 4. C; 5. F; 6. B.

DAR VIDA À PRIMÁRIA Pode-se usar esta lição e atividade para
aprender mais sobre o tema da Primária
deste mês.

O Pai Celestial Nos Fala por


Meio de Seus Profetas
JoAnn Child e Cristina Franco Atividade
“O que eu, o Senhor, disse está dito; Recorte as tiras de papel com as
(…) seja pela minha própria voz ou fotografias da Primeira Presidência
pela voz de meus servos, é o mesmo” e do Quórum dos Doze Apóstolos.

S
(D&C 1:38). Cole a extremidade de cada tira no
e você precisasse de alguém começo da tira seguinte. Dobre o
para transmitir uma mensa- papel nas linhas de modo a fazer
gem importante às pessoas um livreto.
que você ama, que tipo de pessoa Usando a lista abaixo, escreva
escolheria? É provável que esco- o nome de cada autoridade geral
lhesse alguém honesto, responsável embaixo da respectiva fotografia.
e confiável. Ouça os discursos deles da con-
O Pai Celestial envia Suas men- ferência geral e use o livreto para
sagens a Seus filhos na Terra por fazer anotações. Exponha suas
meio de profetas. Ele sabe que Seus ideias sobre a conferência geral
profetas são honestos, responsáveis, numa refeição com a família ou na
confiáveis e justos. à leitura do Livro de Mórmon: “E reunião familiar. ◼
Nas escrituras lemos as palavras quando receberdes estas coisas, eu
de muitos profetas que registraram vos exorto a perguntardes a Deus,
mensagens inspiradas concedidas o Pai Eterno, em nome de Cristo, se Thomas S. Monson
pelo Pai Celestial a Seus filhos. estas coisas não são verdadeiras; e Henry B. Eyring
Vamos aprender sobre alguns dos se perguntardes com um coração Dieter F. Uchtdorf
ensinamentos dos profetas nas sincero e com real intenção, tendo Boyd K. Packer
escrituras. fé em Cristo, ele vos manifestará a L. Tom Perry
Russell M. Nelson
Malaquias transmitiu ao povo a verdade delas pelo poder do Espí-
Dallin H. Oaks
mensagem do Senhor relativa ao rito Santo” (Morôni 10:4).
M. Russell Ballard
pagamento do dízimo e das ofertas Joseph Smith recebeu uma men-
Richard G. Scott
(ver Malaquias 3:8–10). sagem especial do Pai Celestial e Robert D. Hales
Alma, filho de Alma, deixou seu Jesus Cristo (ver Joseph Smith—His- Jeffrey R. Holland
cargo de juiz supremo para ser mis- tória 1:11–20). Joseph Smith passou David A. Bednar
sionário em todo o país (ver Alma a vida proclamando essa mensagem Quentin L. Cook
4:15–20). Levou a mensagem de a todos. D. Todd Christofferson
Deus a muitos. Somos abençoados por termos Neil L. Andersen
Morôni transmitiu a mensagem um profeta hoje. Podemos ouvir
do Pai Celestial a todos nós ao mensagens do Pai Celestial ao
deixar-nos a promessa relacionada escutarmos o profeta.
64 A L i a h o n a
CRIANÇ AS

Anotações da Conferência Geral
ILUSTRAÇÃO: JAMES JOHNSON
Rebecca
 Barnum
Inspirado numa história verídica

A Resposta no Dia de
Atividade
“Não recebeis testemunho senão depois da prova de vossa fé”
(Éter 12:6).

Q
ue dia horrível! Hoje na escola não conversei
com ninguém, não brinquei com ninguém no
recreio e me sentei sozinha na hora do almoço.
Minha família já mora nesta nova cidade há duas sema-
nas e ainda não tenho amigos!
Ao ir para minha nova casa, vi minha irmã mais nova
brincando na rua com a menina que mora em frente.
Ela acenou para mim. “Oi, Rosa!”
Virei a cabeça e não respondi. Três meninas de nossa Minha mãe apertou-me a mão. “Talvez o tele­
rua são da idade de minha irmã mais nova. E quantas fonema da irmã Graça seja a resposta”,
são de minha idade? Nenhuma. Ninguém! disse ela.
Entrei contrariada em casa e larguei a mochila no “Como pode ser a resposta a minhas orações?”
chão. perguntei.
“A irmã Graça, da Primária, telefonou para lembrar “Às vezes, quando oramos, o Pai Celestial espera que
que hoje é o dia de atividade”, informou a mãe. façamos algo para ajudar a responder a nossas orações”,
“Não quero ir para o dia de atividade”, resmunguei. explicou a mãe. “Isso se chama agir com fé. Não basta
“Acabo de passar o dia inteiro com gente que não orar. Às vezes precisamos agir com fé antes de receber
conheço. Não quero passar outra hora com meninas a bênção.”
desconhecidas!” Conversar com estranhos pode ser fácil “Será que é possível?” pensei. “Será que ir ao dia de
para algumas pessoas, mas não para mim. atividade era a resposta a minhas preces?”
“Sei que foi difícil mudar para cá e deixar todos os Pouco depois, minha mãe perguntou se eu queria
ILUSTRAÇÃO: NATALIE MALAN

velhos amigos”, disse a mãe. “Tenho orado para conse- carona para a atividade. Respirei fundo e respondi afir-
guirmos fazer novas amizades logo.” mativamente com a cabeça. Embora eu estivesse com
“Eu também”, respondi. “Oro por isso todas as noites, medo, parecia ser a atitude certa.
mas até agora o Pai Celestial não respondeu a minhas Meu coração batia acelerado ao chegarmos à capela.
orações. Parece que Ele não está ouvindo.” A irmã Graça me deu as boas-vindas e me levou a uma

66 A L i a h o n a

D eus nem

CRIANÇ AS

sempre
o recompensará
imediatamente
de acordo com os
seus desejos. Em
vez disso, Deus irá
responder com o que for melhor para
você em Seu plano eterno.”
Élder Richard G. Scott, do Quórum dos
Doze Apóstolos, “O Poder Alentador da Fé
nos Momentos de Incerteza e Provação”,
A ­Liahona, maio de 2003, p. 77.

cadeira à mesa. Sua voz suave e seu sorriso caloroso me quanto tínhamos em comum. Ambas gostávamos de
ajudaram a me sentir melhor. patinar!
Uma menina do outro lado da mesa olhou para mim. Quando minha mãe veio me buscar ao fim da ativi-
“Olá, sou a Teresa”, disse ela. “Você é nova aqui?” dade, pulei no carro.
Eu estava com um nó na garganta, assim respondi “Mãe, posso brincar com minha nova amiga Teresa?”
apenas com um gesto da cabeça. Acenei para a Teresa, e ela respondeu.
“Acho que já a vi na escola”, continuou Teresa. “Qual Minha mãe adorou a ideia, e eu e minha nova amiga
é sua classe?” patinamos em minha rua até anoitecer.
Nervosa, engoli em seco. “A classe da professora Naquela noite, ao ajoelhar-me ao lado da cama para
Lídia”, respondi. orar, agradeci ao Pai Celestial por ter atendido a minhas
“Sou da turma ao lado!” exclamou ela. orações. A princípio eu estava com medo de ir ao dia
Conversamos sobre a escola e nossas matérias de atividade, mas que bom que fui. Fico contente por
preferidas. Durante a conversa, fiquei surpresa com o ter tido coragem de agir com fé. ◼

M a r ç o d e 2 0 1 1 67
Nossa Página

“Nosso Presidente Thomas S. Monson”,


de Tyla J., 7 anos, Utah, EUA

M ande seu desenho, sua fotografia,


sua experiência ou seu testemu-
nho para Nossa Página, acessando o site
liahona@LDSchurch.org e escrevendo “Our
Page” no campo Assunto.
Todo material enviado precisa incluir o
Sonya K., 5 anos, Rússia nome completo da criança, o sexo e a idade
(que deve ser entre 3 e 12 anos), bem como
o nome dos pais, a ala ou o ramo, a estaca
O DIA MAIS IMPORTANTE
ou o distrito e a permissão por escrito dos
DE MINHA VIDA

N
pais ou responsáveis (aceita-se por e-mail).
esta fotografia apareço com meu pai no
Os textos podem ser editados por motivo de
dia de meu batismo, há dois anos. Sempre
clareza ou de espaço.
me lembrarei desse dia, pois foi o mais
importante de minha vida. Foi o
dia em que fiz convênio com
o Pai Celestial. Sei que o Pai
Celestial e Jesus Cristo vivem e
me amam muito. Celeste e
Giuliana C.,
Gosto muito de ir
de 7 e 6 anos,
ao templo. Embora eu da Argentina,
ainda não possa entrar, gostam de
gosto de ir lá e sempre ajudar a mãe
lembro a meus pais arrumando o quarto e guardando os brinquedos e
que devem ir ao roupas. Também cuidam do irmãozinho e brincam
com ele quando a mãe está ocupada. A família
templo.
adora visitar os jardins do templo juntos. Celeste e
Milton Aarón V., Giuliana dizem que isso deixa a família mais unida.
10 anos, Equador
PÔSTER DA S ESCRITUR A S

CRIANÇ AS

Moisés
MOISÉS ABRE O MAR VERMELHO, DE ROBERT T. BARRETT © IRI

Sobre Moisés Onde Aprender Mais


O Senhor deu a Moisés o poder Êxodo 3–14 Moisés realiza milagres e tira os israeli-
de realizar milagres. Ele abriu o Mar Vermelho para os tas do Egito.
israelitas fugirem do Egito. Algum tempo depois, ele Êxodo 19–20 O Senhor revela a Moisés os Dez
recebeu os Dez Mandamentos. Mandamentos.
Talvez você nem sempre entenda por que o Senhor
deseja que você faça certas coisas na vida, mas se for
obediente e tiver fé como Moisés, o Senhor o abençoará.

M a r ç o d e 2 0 1 1 69
PA R A A S C R I A N C I N H A S

O Exemplo
de Oração de Daniel
Laurie Williams Sowby
Inspirado numa história verídica 2. Quando chegou ao Peru,
“Ninguém despreze a tua moci- Daniel ficou feliz ao ver
dade; mas sê o exemplo dos fiéis” os avós. Também sentiu
(I Timóteo 4:12). um pouco de saudades
de casa. As coisas no
Peru eram diferentes
1. Daniel estava animado. Estava via- em relação à Espanha,
jando de avião para visitar os avós seu país. Mas ele
no Peru. Eles não eram membros da sabia que uma coisa
Igreja, mas ele os amava e eles tam- seria igual.
bém o amavam.

4. Por que quer orar?

Porque Jesus mandou.

3. Podemos orar
antes de dormir?
ILUSTRAÇÕES: SCOTT PECK

Está bem. Como você ora?

70 A L i a h o n a
CRIANÇ AS

5.
Precisamos nos ajoelhar, 6. Podemos agradecer ao Pai
abaixar a cabeça e fechar Celestial por nossas bênçãos
os olhos. e pedir-Lhe ajuda.

7. Os avós de Daniel ficaram tão impressionados que oraram 8. Daniel sentia felicidade ao
todas as manhãs e noites durante a visita de Daniel. orar com os avós. Ele sabia
que o Pai Celestial também
ficava feliz.

M a r ç o d e 2 0 1 1 71
P ara as C riancinhas

SER UM BOM EXEMPLO AJUDA PARA OS PAIS

D aniel está aprendendo a dar um bom exemplo. Desenhe um rosto


sorridente nos círculos perto dos desenhos em que Daniel mostra
um bom exemplo. Desenhe um rosto triste nos círculos perto dos
• Leia a história “O Exemplo de Oração
de Daniel” com seu filho. Conte uma
experiência em que o bom exemplo
desenhos em que Daniel dá mau exemplo. de alguém o tenha ajudado.
• Conte a história de Abinádi do Livro
de Mórmon (ver Mosias 11–17).
Explique-lhe que o forte exemplo e os
ensinamentos de Abinádi ajudaram a
converter Alma à verdade.

À ESQUERDA: ILUSTRAÇÕES DE SCOTT PECK

72 A L i a h o n a
CRIANÇ AS

pondência de Escrit
rres ura
o
C A s
s escrituras trazem histórias sobre os profetas e outras pessoas
que são exemplos de como ser obediente ao Pai Celestial. Siga as
linhas para achar em qual livro das escrituras se encontra a história
de cada profeta.

Novo
Livro de Mórmon Testamento

Velho
Testamento
Pérola de
Grande Valor
À DIREITA: DANIEL NA COVA DOS LEÕES, DE CLARK KELLEY PRICE © IRI; O PROFETA JOSEPH SMITH, DE ALVIN GITTINS; JOÃO BATISTA
BATIZA JESUS, DE GREG K. OLSEN, REPRODUÇÃO PROIBIDA; NÉFI REPREENDE OS IRMÃOS REBELDES, DE ARNOLD FRIBERG

Néfi
Daniel

Joseph Smith João Batista M a r ç o d e 2 0 1 1 73


Notícias da Igreja
Aplicar o que Se Aprende na Conferência
Transforma Vidas
Melissa Merrill

P
Revistas da Igreja
ouco depois da conferência geral de outubro
de 2010, Jared e Kathleen Smith, de Utah, nos
EUA, decidiram passear de carro na vizi-
nhança, com seus três filhos, para desfrutar a bela
paisagem do outono. Antes de sair, o irmão Smith
colocou um frasco de óleo consagrado no bolso.
As palavras do Presidente Henry B. Eyring no
discurso dirigido ao sacerdócio, encorajando os
homens a estar prontos a servir no sacerdócio em
todas as ocasiões, ficaram gravadas em sua mente
(ver “Servir com o Espírito”, A ­Liahona e ­Ensign,
novembro de 2010, p. 59). A mensagem e Eventos da Igreja no site LDS.org em lds.org/
No caminho para casa, a família viu um grupo do Élder church/news/how-general-conference-changed-
de pessoas ao redor de uma garotinha caída no James B. my-life.
chão, aparentemente devido a um traumatismo Martino na
craniano. Eles ouviram uma mulher gritar: “Por conferência Anne Te Kawa, Tararua, Nova Zelândia
favor, alguém tem óleo consagrado? Por favor!” O deu a Anne No início de 2010, eu estava enfrentando sérios
irmão Smith rapidamente pegou seu óleo e deu-o Te Kawa, da desafios pessoais. O bispo sugeriu que eu pode-
ao pai da menina. Após a bênção do sacerdócio, a Nova Zelândia, ria beneficiar-me ao receber aconselhamento
menina recobrou a consciência e começou a con- a confiança profissional. Fiquei chocada com a ideia. Como
versar com os pais. Momentos depois, os paramé- para orar pela trabalho e sou treinada na área de tratamento
dicos chegaram e levaram-na para o hospital. orientação de de viciados em drogas e álcool, pensei: “Eu sou
“Senti um ardor e uma paz no coração por que precisava. praticamente uma conselheira! Não necessito de
estar no local certo, na hora certa, por estar com ajuda de fora”.
o óleo e, como o Presidente Eyring falou, por Eu ainda lutava com alguns de meus desafios
estar pronto”, disse o irmão Smith. “Nossos filhos — e com o orgulho — quando chegou a época
viram o poder da bênção do sacerdócio e saímos da conferência geral de abril. O Élder James B.
dali sentindo o amor do Pai Celestial por nós, por Martino, dos Setenta, fez um discurso intitu-
aquela garotinha e por sua família.” lado: “Todas as Coisas Contribuem Juntamente
Como os Smith, muitas famílias foram abençoa- para o Bem” (ver A L­ iahona e ­Ensign, maio de
das por seguir os conselhos recebidos durante a 2010, p. 101), que tratava de como enfrentar as
conferência geral. Enquanto os membros se pre- dificuldades.
param para outra conferência geral, três famílias Sua mensagem impressionou-me, e tomei
compartilham aqui suas histórias sobre dar aten- a decisão de orar por orientação sobre o que
ção à voz profética. deveria fazer. Saí da conferência com o desejo de
Para mais histórias (em inglês) ou comparti- buscar a fé e de confiar no Salvador para guiar-me
lhar sua experiência (em qualquer idioma), leia por meio do Espírito Santo.
a versão completa deste artigo na seção Notícias Por duas semanas ponderei e orei e, finalmente,

74 A L i a h o n a
decidi que deveria tentar o aconselhamento coisas aquietaram boa parte de minha ansiedade
profissional. Isto tem sido uma experiência útil pelo futuro. Sinto que se fizer minha parte ao
e bem-sucedida. Além disso, reler o discurso ensinar a Eliza o que precisa saber e seguir o con-
do Élder Martino, ser elevada pela oração ao selho profético, ela será abençoada no futuro.
Pai Celestial e confiar na Expiação de Seu Filho,
Jesus Cristo, dão-me segurança contínua. Testifico Sela Fakatou, West Midlands, Inglaterra
que buscar o Senhor com humildade é sempre a Em nossa família, todos são ocupados. Às vezes
melhor forma de superar as dificuldades. Ele nos não conseguimos tempo para ouvir atentamente
guiará para sabermos as coisas específicas que um ao outro ou para ser gentis e educados. Então,
precisamos fazer. ao nos prepararmos para a conferência geral,
oramos para saber como estreitar nossos laços
Andrea Roueche, Texas, EUA familiares.
Collin e eu nos tornamos pais em outubro de O discurso do Élder Robert D. Hales: “Nosso
2009. Quando nossa filha, Eliza, estava com cinco Dever para com Deus: A Missão dos Pais e Líde-
meses, começamos a conversar sobre quando res para com a Nova Geração” (ver A ­Liahona e
Collin e Andrea
a incluiríamos em nossa reunião familiar e no ­Ensign, maio de 2010, p. 95), foi uma resposta a
Roueche
estudo das escrituras. Valeria a pena realizar a nossas orações e dúvidas.
encontraram as
reunião familiar quando ela estivesse acordada? respostas que
Fui especialmente tocada pela história do neto
Será que realmente conseguiria tirar proveito da buscavam na
do Élder Hales perguntando: “Vovô! Você está aí”?
leitura em voz alta do Livro de Mórmon? mensagem de
O Élder Hales, do Quórum dos Doze Apóstolos,
Durante a conferência geral de abril de 2010, conferência do
explicou: “Estar aí significa compreender o cora-
o Élder David A. Bednar, do Quórum dos Doze Élder David A. ção de nossos jovens e conectar-nos com eles. E
Apóstolos, disse: “Os jovens de todas as idades, Bednar. conectar-nos com eles significa não apenas con-
inclusive os bebês, podem ser influenciados pelo versar com eles, mas também realizar atividades
espírito especial do Livro de Mórmon” (“Vigiar com eles”.
com Toda a Perseverança”, A ­Liahona Temos nos esforçado para melhorar
e ­Ensign, maio de 2010, p. 40). nossa interação um com o outro. No jan-
As mudanças que fizemos tar, conversamos sobre as atividades do
foram simples e graduais. dia. Conversamos sobre os desafios com
Tocamos um CD com músi- os quais nos defrontamos e como o que
cas da Primária para Eliza aprendemos nas escrituras nos ajuda a
regularmente. Lemos alguns enfrentar e superar esses desafios.
versículos do Livro de Mór- Conseguir tempo para essas
mon com ela na hora do mudanças demanda esforço. Mas
jantar. Começamos a ver como esses bons hábitos se
fazer a oração familiar tornaram parte da vida familiar,
um pouco antes de faz-me sentir um amor espe-
Eliza dormir. Em nos- cial por eles. Quando sigo os
sos passeios, aponto os conselhos proféticos recebidos
pássaros e digo a ela: na conferência, as respostas a
“Jesus criou aqueles outras questões vêm a minha
pássaros para nós”. mente e descubro novas manei-
Ela pode não entender ras de ser mais semelhante ao
agora, mas compreen- Salvador Jesus Cristo. Mais do
derá depois. que nunca antes, sinto paz em
Descobri que essas vez de preocupação. ◼

M a r ç o d e 2 0 1 1 75
Plantar Sementes de Autossuficiência
em Pequenos Espaços
Allie Schulte
Departamento de Bem-Estar

M
uitos membros da Igreja moram
em apartamentos ou casas pequenas,
sem espaço no quintal para uma
horta. Outros moram em regiões secas onde
o solo é improdutivo. Outros acham que não
têm tempo ou condições financeiras para cul-
tivar seu próprio alimento. Ainda assim, com
fé, diligência, paciência e um pouco de criati-
vidade, qualquer pessoa pode ter sucesso ao
cultivar uma horta.
Quando os membros, em espírito de oração,
refletem sobre o conselho de cultivar hortas e
buscam maneiras de ser obedientes a esse princí-
pio, ficam surpresos com as soluções encontradas.

FOTOGRAFIA: NOELLE CAMPBELL


Eis algumas experiências e recomendações de
membros que seguiram o conselho de cultivar
uma horta.

Cultivar Hortas sem Gastar Muito


Enquanto morava em um pequeno aparta-
mento de condomínio, Noelle Campbell, de Caixas, baldes, concreto de 2,5 m por 2,5 m, transformado em
Houston, Texas, nos EUA, descobriu que a garrafas e uma horta verde, viva e produtiva”, Noelle diz.
maioria das coisas de que precisava para cul- outros recipien-
tivar uma horta estava bem ali em seu lar. No tes podem ser Usar Embalagens
pátio, ela começou a cultivar vegetais em reci- usados para Em Alberta, no Canadá, Shirley Martin sabe,
pientes usados — qualquer um, desde embala- transformar por experiência própria, que é possível cultivar
gens de sabão em pó até baldes de areia para pequenos espa- quase todo tipo de planta em recipientes tão sim-
gatos. ços em hortas ples como garrafas de suco ou refrigerante. Ela
Ela se surpreendeu com a quantidade de ali- produtivas. diz que a chave para que a horta em embalagens
mentos que produziu em pequenos recipientes. seja bem-sucedida é a iluminação, uma simples
Ela então aumentou sua horta, ainda usando janela ou uma lâmpada projetada para promo-
material coletado dentro de casa. Prateleiras e ver o crescimento das plantas. Deve-se, também,
cestos velhos tornaram-se uma horta vertical. A aguar com mais frequência, já que a água nas
armação de um velho trampolim é agora usada embalagens evapora mais rapidamente do que
para apoiar feijões, ervilhas e outras plantas trepa- nas hortas comuns.
deiras. Ela usa ainda velhas grelhas de churrasco “Nesse ano” Shirley diz, “estou cultivando uma
para evitar que os tomates tombem. horta na cozinha em alguns potes, onde plan-
“Gosto muito do desafio de cultivar hortas tei ervas, alface, tomates, cebola, cebolinha e
em recipientes, de ver meu pátio, um pedaço de pimenta. Sua imaginação é o limite”.

76 A L i a h o n a
NOTÍCIAS DOS TEMPLOS

Aprender Fazendo
O Presidente Templo a Caminho
Kwan Wah Kam, de Hong Kong, primeiro
decidiu plantar uma horta para complementar Monson Preside na Argentina
seu armazenamento doméstico. Ela nunca havia Abertura de O Élder Neil L. Andersen, do
tentado cultivar seu próprio alimento, mas decidiu Terreno em Roma Quórum dos Doze Apóstolos,
que poderia aprender tudo o que precisava por presidiu a abertura de terreno
meio de livros. O Presidente Thomas S. para um templo em Córdoba,
Apesar das informações encontradas terem Monson presidiu a abertura de Argentina, em 30 de outubro de
sido úteis, Kwan logo descobriu que as maiores terreno para o Templo de Roma 2010. É o mesmo local onde foi
lições que aprendeu vieram, na verdade, durante Itália, em 23 de outubro de construída uma das primeiras
o processo de plantar a horta. A cada ano de 2010. Anunciado há dois anos, capelas da Igreja na Argentina.
experiência, aprendeu mais sobre qual o melhor o templo de três andares, com “Que maravilha é que seu
solo para cada semente, como diferenciar semen- 3.700 metros quadrados, será propósito final seja receber a
tes boas de ruins, as diversas maneiras de aguar e o décimo segundo na Europa casa do Senhor,” disse o Élder
fertilizar as plantas e a época mais adequada para Andersen. O templo será o
cultivar vários vegetais. segundo na Argentina. O pri-
Entretanto, as lições que Kwan aprendeu não meiro templo fica na capital,
ficaram limitadas somente à horticultura. Uma Buenos Aires.
noite, uma terrível tempestade ameaçou destruir
sua horta. De manhã, ela ficou surpresa ao desco-
brir que as plantas não haviam sido danificadas,
Abertura de
mas, em vez disso, cresceram mais fortes com a Terreno em Gilbert,
água adicional. no Arizona
“Com essa experiência, aprendi que tendo O Élder Cláudio R. M. Costa,
fé em Deus, podemos tornar-nos mais fortes ao da Presidência dos Setenta, pre-
enfrentar nossos desafios e dificuldades com sidiu a abertura de terreno para
coragem” Kwan diz. “As bênçãos que recebi por o Templo de Gilbert Arizona,
cultivar uma horta são tanto temporais quanto em 13 de novembro de 2010. Os
espirituais.” ◼ Templos de Gila Valley Arizona
e Gilbert Arizona, anunciados
em 26 de abril de 2008, foram
O Presidente Thomas S. Monson os primeiro anunciados pelo
presidiu a abertura de terreno Presidente Thomas S. Monson,
“Posso contar os anos em que não cultivei
uma horta. Mesmo agora, morando em um
para o Templo de Roma Itália, em depois que ele se tornou Pre-
condomínio, ainda planto e colho de minha horta 23 de outubro de 2010. sidente da Igreja. O Templo de
todo ano. (…) A cada primavera quando vejo Gilbert Arizona será o quarto no
uma pequena e insignificante semente e a coloco e o primeiro na Itália. Quando Arizona. Um quinto, o Templo
em um viveiro de sementes, fico maravilhado estiver concluído, será usado de Phoenix Arizona, ainda está
com o quanto ela irá produzir.” pelos membros da Itália e de em planejamento. ◼
Élder L. Tom Perry, do Quórum dos Doze Apóstolos, “The países vizinhos. O local, de seis
Law of the Harvest” [A Lei da Colheita], New Era, outubro
de 1980, p. 4. hectares, será um centro reli-
gioso e cultural com uma capela
multifuncional, um centro de
visitantes, um centro de história
da família e um alojamento para
os membros.

M a r ç o d e 2 0 1 1 77
COMENTÁRIOS IDEIAS PARA A REUNIÃO FAMILIAR

Amo os Pôsteres Esta edição contém atividades e artigos que podem ser usados na reunião familiar.
A revista A L­ iahona é sempre tão Seguem-se alguns exemplos.
interessante! Porque nos incentiva a
participar de várias maneiras, identi- “Separados por uma Enchente, de Julie B. Beck, convide os membros da
fico-me cada vez mais com ela. Amo Unidos pela Oração”, página 14: família a conversar a respeito da importân-
os pôsteres. Eu os emolduro e os Após ler o artigo, vocês cia da doutrina sobre a família. Conversem
penduro em meu escritório. Obrigada podem enfatizar os prin- sobre as ameaças à família e como elas
a todos pelo ótimo trabalho. cípios da oração, lendo podem ser superadas por meio da fé.
Bertha Viola Retiz Espino, México
juntos Alma 34:18–27. Ajude a sanar qualquer preocupação ou
Incentive os membros hesitação que os filhos possam ter sobre
da família a comparti- formar sua própria família, na época
Número de Membros lhar experiências sobre adequada.
Continua a Aumentar quando suas orações foram respondidas. “Conte as Bênçãos”, página 62: Antes
Nós, os membros do Ramo “O Poder de Cura”, página 18: Após de ler o artigo em família, espalhe objetos
Abuakwa, em Gana, recentemente ler e conversar sobre cada parte do artigo, pelo aposento que lhes façam lembrar
celebramos o primeiro aniversário convide a família para cantar “Sim, Eu Te suas bênçãos. Isso pode incluir roupas,
de nosso ramo. Começamos com Seguirei” (Hinos, nº 134). Em família, con- alimentos, escrituras, gravuras do Salva-
uma frequência de 50 pessoas na versem sobre como reagir de maneira posi- dor, fotografias da família, e assim por
reunião sacramental e agora temos tiva quando forem ofendidos. Conversem diante. Peça aos familiares que procurem
128. Amamos nossos líderes. Lemos sobre como a compreensão e a aplicação por essas “bênçãos” e digam por que são
e estudamos a ­Liahona, compra- da Expiação em sua vida podem “curar gratos por elas. Você pode convidar os
mos exemplares adicionais para os corações feridos, mal-entendidos e rancor”. membros da família a fazer uma lista de
recém-conversos e para outros que “Ensinar a Doutrina da Família”, coisas pelas quais são gratos e sugerir que
não a têm e o número de membros página 32: Ao compartilhar a mensagem a leiam ocasionalmente.
continua aumentando a cada dia.
Sabemos que o Livro de Mórmon é
verdadeiro.
Christopher Pidoal, Gana
Reunião Familiar Longe da Família
Três de meus filhos estão estudando longe de casa no momento, então realizamos
a reunião familiar pela Internet. Envio-lhes e-mails contando sobre as experiências
Uma Âncora no Mar Revolto espirituais que temos em casa e as lições que partilhamos de A ­Liahona ou das escrituras
Como sou grato por ter a ­Liahona — especialmente do Livro de Mórmon. Se a semana passa e me esqueço de escrever,
em meu lar! Ela é uma fonte de todos eles dizem: “Mãe! Por favor! Sentimos saudades da Reunião Familiar”. Ao estar
poder. Um dia, quando minha mente conosco dessa maneira, eles conseguem fortalecer-nos, mesmo que não estejam em
era bombardeada por pensamentos casa fisicamente.
impuros, mergulhei na ­Liahona e Acredito que a Reunião Familiar é um programa inspirado, porque nos ajuda a
aqueles pensamentos foram embora. construir um alicerce na rocha sólida de nosso Salvador, Jesus Cristo. A Reunião Familiar
A ­Liahona ajudou–me a limpar meus também nos ajuda a realizar o que o Senhor deseja para nós — que possamos estar
pensamentos e serviu como uma juntos em família na eternidade. ◼
âncora de segurança em um mar Norma Leticia Treviño de Taylor, Nuevo León, México

revolto.
Victorino F. Dela Cruz Jr., Filipinas

Envie seus comentários e suas suges-


tões para Liahona@LDSchurch.org.
Seus comentários podem ser alte-
rados por motivo de espaço ou de
clareza. ◼

78 A L i a h o n a
Para que Manuais?
ou procedimento,” disse o Presi-
dente Monson. “Há segurança nos

Q
manuais”.
uando os líderes da Igreja Primeira Presidência ao responder às
apresentaram os dois novos perguntas e corrigir os erros relacio- Facilitar a Revelação
manuais e ajudaram a explicar nados aos procedimentos. Os manuais ajudam a facilitar a
como implementar as normas neles revelação quando os líderes locais
contidas, durante as duas recentes buscam a orientação do Espírito ao
reuniões mundiais de treinamento de administrar os assuntos da Igreja.
liderança, eles também responderam “Quando os líderes da Igreja conhe-

FOTOGRAFIA: WELDEN C. ANDERSEN


à pergunta: Por que os manuais são cem suas obrigações e seguem os
importantes? procedimentos estabelecidos, eles
Entre as muitas formas pelas quais convidam o Espírito Santo a inspirá-
os manuais da Igreja podem ser los e a inspirar as pessoas a quem ser-
uma bênção estão: (1) manutenção vem”, disse o Élder Quentin L. Cook,
da integridade dos procedimentos do Quórum dos Doze Apóstolos, na
Os líderes da Igreja que conhecem e
durante o rápido crescimento, reunião de novembro de 2010.
seguem os manuais, convidam a orienta-
(2) redução da carga da Primeira O irmão David M. McConkie, pri-
ção do Espírito Santo para inspirá-los.
Presidência e (3) ajuda para facilitar a meiro conselheiro na Presidência
revelação na administração local. Geral da Escola Dominical, ilustrou a
“Quando nós, da Primeira Presi- importância dos manuais na conferên-
Integridade e Crescimento dência, nos reunimos em encontros cia geral de outubro de 2010.
Os manuais ajudam a manter a regulares a cada dia da semana, Quando estava sendo treinado
integridade das normas, dos proce- precisamos, devido à necessidade, como novo presidente da estaca
dimentos e programas de uma Igreja lidar com os erros e corrigi-los”, por um Setenta de Área, o irmão
que experimenta um crescimento disse o Presidente Monson. “A McConkie fez uma série de perguntas
rápido em todo o mundo. maioria desses erros poderia ser que, para sua vergonha, estavam todas
“O número de membros está sem- evitada, se (…) os líderes estives- respondidas nos manuais.
pre aumentando desde a organiza- sem familiarizados com os manuais “Eu não me arrisquei a fazer mais
ção da Igreja, em 1830. E continuará e seguissem as normas e os proce- nenhuma pergunta. Achei que seria
a crescer com milhares de unidades dimentos delineados lá.” melhor ler o manual”, disse o irmão
em todo o mundo” disse o Presi- O Presidente Monson disse que, McConkie. “É contrário à ordem do céu
dente Thomas S. Monson, durante a ocasionalmente, líderes bem-in- que o Senhor repita para cada um de
reunião mundial de treinamento de tencionados, que não conhecem nós, individualmente, o que Ele já nos
liderança, em novembro de 2010. as normas e os procedimentos da revelou a todos, coletivamente” (“Apren-
“Seria quase impossível manter a Igreja, tomam decisões que levam a der e Ensinar o Evangelho” A ­Liahona e
integridade das normas, dos proce- aberrações potencialmente danosas ­Ensign, novembro de 2010, p. 15).
dimentos e programas da Igreja sem aos programas da Igreja. Para encontrar o vídeo, o texto e o
esses manuais.” “Se você é membro da Igreja áudio das reuniões mundiais de trei-
há muito tempo ou é um mem- namento de liderança de novembro
A Carga da Primeira Presidência bro relativamente novo, consulte de 2010 e fevereiro de 2011, em 40
Os manuais ajudam a reduzir a o manual quando estiver em idiomas, visite a seção Servindo na
carga de tempo consumida pela dúvida quanto a alguma norma Igreja no site LDS.org. ◼

M a r ç o d e 2 0 1 1 79
PA L AV R A S D E C R I S TO

Ficarei Sã, Al Young

“E eis que uma mulher que havia já doze anos padecia E Jesus, voltando-se, e vendo-a, disse: Tem ânimo,
de um fluxo de sangue, chegando por detrás dele, tocou a filha, a tua fé te salvou. E imediatamente a mulher ficou
orla de sua roupa; sã” (Mateus 9:20–22).
Porque dizia consigo: Se eu tão-somente tocar a sua
roupa, ficarei sã.
“O
poder de cura de Deus
é magnífico, profundo
e belo”, afirma o Élder
Yoshihiko Kikuchi, dos Setenta.
“Agradeço a Ele por Sua miseri-
córdia, Seu amor e Sua milagrosa
cura celeste. Agradeço a Ele pela
realidade da Expiação do Salva-
dor, que ‘provê o poder de limpar
os pecados, de curar e de conceder
vida eterna’.” Ver “O Poder de
Cura”, página 18.
AT É V O LTA R M O S A N O S E N C O N T R A R

EM SEGURANÇA
Muitos membros da ala eram pessoas
que eu conhecia desde pequena. Com

NA FAMÍLIA seu rosto conhecido, seus sorrisos e suas


palavras gentis, eles tornaram-se minhas
DA ALA mães, meus pais e meus irmãos na ala. A
sensação de pertencer ao grupo e o amor
Caroline Kingsley
que eu recebia ajudavam a aliviar a dor de
frequentar a Igreja sem minha família.

U
Sei que não sou a única a passar por
ma das lembranças mais queridas de isso. Muitos jovens vão à Igreja sem um dos
minha infância é o som do salto alto pais ou nenhum dos dois. Mas por meio
de minha mãe no taco da cozinha do exemplo, da amizade e dos chamados,
ao preparar nossa família para ir à Igreja. todos nós podemos tocar esses filhos do
Ela participava ativamente da ala e serviu Pai Celestial e ajudá-los a sentirem-se incluí-
como presidente da Sociedade de Socorro dos, ensinar-lhes princípios do evangelho
por muitos anos. Eu jamais poderia imaginar e incentivá-los a participar ativamente das
que algo pudesse mudar. Quando reuniões e atividades.
Quando eu tinha cerca de doze anos de comecei a “O Pai Celestial planejou que nascêssemos
idade e morava sozinha com ela, ela saiu numa família — o grupo mais básico, sagrado
da Igreja por motivos que não compreendi.
frequentar a e poderoso do mundo”, disse Virginia H.
Embora minha mãe — meu exemplo — Igreja sozi- Pearce, ex-conselheira na presidência geral
tivesse decidido seguir um caminho diferente, nha aos doze das Moças. “E é no seio da família que apren-
eu sabia que o evangelho era verdadeiro e demos algumas das lições mais importantes
continuei a frequentar as reuniões. Mesmo
anos de idade, da vida. Além da família, o Senhor também
sem concordar com minha decisão, minha descobri que nos concedeu a família da ala ou do ramo.
mãe me levava de carro para a Igreja todas as o Pai Celestial (…) As alas não foram criadas para substituir
semanas e me buscava. a unidade familiar, mas para apoiar a família e
me abençoara
Emocionalmente, nem sempre era fácil ir seus ensinamentos justos. A ala é outro local
à Igreja, principalmente na hora da reunião com uma rede em que há comprometimento e energia sufi-
sacramental, quando me sentava sozinha de segurança. cientes para formar uma espécie de ‘rede de
perto do fundo e tinha uma visão panorâmica segurança’ familiar para cada de nós quando
das mães, dos pais e dos filhos que se senta- nossa família não puder ou não quiser nos
vam juntos. Muitas vezes me sentava com a conceder todas as experiências de ensino e
família de uma amiga. Sempre serei grata por crescimento de que necessitamos para voltar à
minha “família mórmon” e as demais pessoas presença do Pai Celestial. Precisamos aumen-
da ala que se desdobravam para que eu me tar nossa gratidão pelo poder da família da ala
sentisse aceita naquela época difícil. e renovar nosso compromisso de participar de
ILUSTRAÇÃO FOTOGRÁFICA: ROBERT CASEY

Meus mestres familiares, por exemplo, modo positivo da comunidade dos santos.” 1
nunca falhavam, ainda que eu fosse a única Como sou grata pelas pessoas que se torna-
da casa a ser visitada e morasse bem longe da ram minha rede de segurança, despertando em
maioria dos membros da ala. Eu aguardava mim o desejo de fazer o mesmo pelos outros. ◼
com ansiedade a oportunidade de falar do
NOTA
evangelho e sentir a força do sacerdócio e o 1. Virginia H. Pearce, “The Rewards of a Ward”, New Era,
Espírito em casa. março de 1995, p. 41.

80 A L i a h o n a

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