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AS REGRAS DOS

ACTOS DE COMÉRCIO

ERMELINDA PINTO 2008


INTRODUÇÃO

As Regras aplicáveis aos Actos de


Comércio constituem as linhas
jurídicas que enquadram esses actos,
traduzindo os valores e necessidades
que fomentam a autonomia e a
especialidade do Direito Comercial
em relação ao Direito Privado Comum
(Direito Civil).
Regras Gerais:

1- FORMA
2- SOLIDARIEDADE PASSIVA
3- PRESCRIÇÃO
4- ONEROSIDADE
Forma
• O Princípio da Consensualidade ou
Liberdade de Forma, (art.º219 C.Civil), é
por vezes aplicado de forma mais extensa
no âmbito do D.Comercial, que tem a
intenção de promover as relações
mercantis, protegendo o crédito e a boa-
fé, o que leva a promover a simplicidade da
forma.
• Art. 96º C.Com. ( liberdade de língua nos actos do comércio) –
Que declara válidos os documentos comerciais
independentemente da língua em que estejam exarados,
assim admite a validade dos títulos comerciais exarados em
língua estrangeira, que diverge com o art. 365º C.C e do
art.44º C.Not.

Esta permissão tem, contudo, excepções em matéria de


contratos com o consumidor, em diversos diplomas:
- art.7º,nº3, da L.24/96, de 31.7;
- DL238/86, de 19.8 e
do DL 62/88, de 27.2
• O art. 97º e seus §§ C.Com. (Admissibilidade da correspondência
telegráfica e seu valor)
Consagra a admissão destes como documentos particulares,
em termos mais amplos do que os resultantes da regra do
art. 379º C.C.
No entanto, o §1º do art. 97º C.Com. diz-nos que, confere
valor probatório aos telegramas cujos os originais, embora
não escritos ou não assinados pela pessoa em nome de quem
são expedidos, ou por outrem a seu rogo, se prove terem
sido expedidos ou mandados expedir pela pessoa – o
comerciante, normalmente é indicado como expedidor.

A lei civil não contem disposição equivalente ao 2º§ do


artº.97º C.Com.
• O art. 396º C.Com., diz-nos que prescinde de
alguma forma para o contrato de mutuo mercantil
entre comerciantes, o que diverge com as regras
gerais do art. 1143º C.C – exigindo forma a partir
de determinado valor;
• No que diz respeito ao Regime do Penhor
mercantil, os art. 398º e 400º C.Com. divergem
dos art. 669º e 681º C.C, respectivamente, ao
permitirem a mera entrega da coisa privada, bem
como o seu regime poder conduzir a uma menor
exigência formal.

Podemos concluir que:


O Direito Comercial consagra um regime de
liberdade de prova mais aberto que o Direito Civil
Em relação aos livros dos correctores eles
encontram-se devidamente arrumados tendo uma
força probatória superior em relação aos outros
documentos particulares do art. 98º C.Com
Solidariedade Passiva
• O art. 513º C.C preceitua que a solidariedade nas obrigações civis
só existe quando resultar da lei ou da vontade das partes, sendo
regra a conjunção.

• No art. 100º C.Com. - As obrigações comerciais, salvo estipulação


em contrário:
Os co-obrigados são solidários, a menos que se trate de actos de
comércio unilaterais, nos quais não há solidariedade para os
obrigados relativamente aos quais o acto não for comercial.

• O art. 101º C.Com consagra a solidariedade do fiador de obrigação


mercantil como afiançado, independente de ser ou não comerciante,
o que constitui um regime “pesado” para o fiador.

Excluindo o beneficio da excussão, diferencia-se do art. 638º C.C,


em que o fiador pode licitamente recusar o cumprimento da
obrigação enquanto o credor não tiver excutido a totalidade dos
bens do devedor.
Prescrição
• Art. 317º CC alínea b), prevê o prazo de dois anos para a prescrição dos
créditos dos comerciantes e dos industriais em relação ás suas vendas a não
comerciantes (ou para quem é comerciante, que adquiram os bens para seu
uso privado).
Esta espécie de prescrição é denominada de Prescrição Presuntiva,
visto se fundar na presunção de que o débito foi pago, art.º312º C.C.

• O devedor comerciante não poderá beneficiar desta prescrição, tendo em


atenção que a lei privilegia a boa-fé e a segurança das relações jurídico –
mercantis.

Entre comerciantes, não existe motivo para a aplicação da prescrição de


curto prazo ou da presunção de liquidação do debito, o devedor remisso
seria favorecido, abalando a confiança e criando condições desfavoráveis à
concessão de crédito entre comerciantes.
Onerosidade
• Nos actos de comércio vigora o Princípio da Onerosidade, pois este acto presume-
se oneroso, isto porque, a actividade comercial visa o lucro para quem a
desenvolve e, em regra, à prestação de cada parte se fazer corresponder uma
retribuição pela contraparte.

• O art. 102º C.Com. estabelece a regra do decurso e contagem de juros em todos


os débitos comerciais, sobretudo os de carácter pecuniário.

• Os juros podem ser legais ou convencionais, conforme decorram de norma legal ou


resultantes de estipulação das partes, respectivamente.

• Há que distinguir ainda os Juros Remuneratórios ou Compensatórios de juros


Moratórios:

Juros Remuneratórios ou Compensatórios - Correspondem à remuneração de um


mútuo.
Juros Moratórios – São uma indemnização pelo prejuízo causado ao credor pela
mora do devedor no cumprimento de uma obrigação (art.º 806º C.C).
Onerosidade
• O art. 102º §1º C.Com, em homenagem ao interesse da segurança nas transacções
comerciais, exige a forma escrita para a fixação da taxa de juros nos actos de
comércio, isto no que diz respeito aos os juros convencionais.
Deve existir a mesma forma para a alteração da taxa de juros – quer
compensatórios, quer moratórios – que as partes tenham anteriormente
convencionado.

• As convenções de juros em negócios comerciais estão sujeitas às limitações


decorrentes dos art. 559-A e 1146º C.C- repressão da usura, por força do §2º
art.º 102º C.Com.

• O art.º 560º C.C. consagra restrições à pratica do anatocismo, ou seja, à


contagem de juros, só permitindo tal prática mediante convenção posterior ao
vencimento da obrigação de juros, ou a partir da notificação judicial ao devedor
para capitalizar os juros vencidos ou pagá-los, sob pena de capitalização, a qual
não poderá, de cada vez, abranger juros de período inferior a um ano.
Onerosidade
• No art. 560 nº 3 declaram-se inaplicáveis aquelas restrições “ Se Forem
contrárias a regras ou usos particulares do comércio”.
Estamos perante uma regra de Direito Comercial, dado que é destinado a atender
as necessidades e interesses específicos das actividades e empresas comerciais.

• O art. 559º CC, prevê a fixação da Taxa de Juros legal, remetendo a sua fixação
para a portaria conjunta dos Ministros da Justiça e das Finanças (portaria nº
291/2003, 8 Abril) que fixou a taxa em 4%.

• A taxa fixada nos termos dos §§ 3º e 4º do art. 102º C.Com. é aplicável aos juros
moratórios provenientes de actos de comércio dos quais o credor seja
comerciante – pessoa singular ou colectiva.

• A taxa fixada nos termos do art. 559º CC é aplicável a demais casos e que sejam
provenientes de actos de comércio, tais como os Juros Compensatórios e
Moratórios dos quais o credor não seja um comerciante.
QUESTÕES??
O QUE ENTENDES POR ACTOS
DE COMÉRCIO?

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