Você está na página 1de 91

Ministério da Saúde

FIOCRUZ
Fundação Oswaldo Cruz
Instituto Oswaldo Cruz
Pós-graduação lato sensu – IOC
Educação Científica em Biologia e Saúde

SEXUALIDADE: DESENVOLVIMENTO,
APLICAÇÃO E AVALIAÇÃO DE ATIVIDADES
DE ORIENTAÇÃO SEXUAL NO ENSINO
MÉDIO.

JORGE LUIZ FORTUNA

Trabalho final apresentado à Pós-graduação em Educação Científica


em Biologia e Saúde do Instituto Oswaldo Cruz, como requisito para a
obtenção do grau de Especialista.

Rio de Janeiro – RJ
2003
2

JORGE LUIZ FORTUNA

SEXUALIDADE: DESENVOLVIMENTO,
APLICAÇÃO E AVALIAÇÃO DE ATIVIDADES
DE ORIENTAÇÃO SEXUAL NO ENSINO
MÉDIO.

Trabalho monográfico apresentado


ao Curso de Especialização - Lato
Sensu - em Educação Científica em
Biologia e Saúde da Fundação
Oswaldo Cruz, como requisito para
obtenção do grau de Especialista.

Orientador: M. Sc. RICARDO SANTA RITA.


Departamento: Ultra-estrutura e Biologia Celular.
Instituto Oswaldo Cruz – FIOCRUZ.

BANCA EXAMINADORA MENÇÃO DATA

______________________________________ _________________ _______________

______________________________________ _________________ _______________

______________________________________ _________________ _______________


(REVISOR)
3

Tudo que sou,


Tudo que tenho,
Tudo que sei,
Devo a vocês, meus pais.
4

AGRADECIMENTOS

A Deus, nosso pai Oxalá e a todos os Orixás e Guias benfeitores, pela proteção e iluminação

em todos os momentos, pois sem as Suas forças, nada seria possível.

A Rita Lopes, pelo seu amor, pois você estará sempre em meus pensamentos.

Ao meu orientador, Ricardo Santa Rita, pela dedicação e paciência.

A Tânia Araújo-Jorge, pela experiência e capacidade infinita de educar.

A psicóloga e amiga, Ana Lídia, pela sua experiência.

A todos os educadores e professores que lutam por uma sociedade mais humana e digna.

A todos os colegas e amigos, que direta e/ou indiretamente, contribuíram para a realização

deste trabalho.

A todos aqueles que lutam por um Mundo mais justo e digno, em que possamos viver,

independentes de religião, crença, raça, sexo, nível sócio-econômico, ou qualquer outra forma

de discriminação.

A Joana D’Arc, Giuseppe Garibaldi, Che Guevara, Carlos Lamarca, Carlos Marighella, Chico

Mendes e tantos outros que lutaram contra a opressão, dando suas vidas pela liberdade,

igualdade, fraternidade e humanidade.


5

“...A criança é a cara dos pais, mas não


tem pai nem mãe. Então qual é a cara da
criança? Cara do perdão ou da
vingança? Será a cara do desespero ou
da esperança? Num futuro melhor, um
emprego, um lar... Sinal vermelho, não
dá tempo pra sonhar, vendendo bala,
chiclete...”
- Gabriel, O Pensador -
Músico brasileiro
6

SUMÁRIO

LISTA DE QUADROS......................................................................................................... 9

LISTA DE GRÁFICOS........................................................................................................ 10

LISTA DE FIGURAS........................................................................................................... 12

RESUMO............................................................................................................................... 13

ABSTRACT........................................................................................................................... 14

OBJETIVOS......................................................................................................................... 15

1. INTRODUÇÃO................................................................................................................. 16

1.1. SEXUALIDADE E ADOLESCÊNCIA......................................................................... 17

1.2. AS INFLUÊNCIAS DA FAMÍLIA, DA MÍDIA E DO CÍRCULO DE AMIZADE..... 20

1.3 O PERIGO DAS DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS.......................... 26

1.4. A IMPORTÂNCIA DOS MÉTODOS PREVENTIVOS............................................... 29

1.5. GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA.............................................................................. 32

1.6. ABORTO: CONTRA OU A FAVOR?........................................................................... 38

1.7. O PAPEL DA ESCOLA NA ORIENTAÇÃO SEXUAL............................................... 40

2. METODOLOGIA............................................................................................................. 46
7

2.1. LEVANTAMENTO DO QUE OS ALUNOS QUERIAM SABER SOBRE

SEXUALIDADE E DEBATE........................................................................................ 47

2.2. LEVANTAMENTO DOS CONHECIMENTOS DOS ALUNOS SOBRE

SEXUALIDADE E DE SUAS PRÁTICAS................................................................... 47

2.3. INFORMAÇÕES SOBRE MORFOFISIOLOGIA DO APARELHO SEXUAL

ATRAVÉS DE AULAS TEÓRICAS E RECURSOS AUDIOVISUAIS...................... 49

2.4. JÚRI SIMULADO.......................................................................................................... 49

2.5. SISTEMATIZAÇÃO E REDAÇÃO.............................................................................. 50

2.6. AVALIAÇÃO DA AMPLIAÇÃO DOS CONHECIMENTOS..................................... 50

2.7. CULMINÂNCIA............................................................................................................ 50

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO...................................................................................... 53

3.1. O QUE OS ALUNOS QUEREM SABER SOBRE SEXUALIDADE.......................... 53

3.2. CONHECIMENTOS E PRÁTICAS SEXUAIS DOS ALUNOS................................... 54

3.2.1. Perfil dos alunos participantes.................................................................................. 54

3.2.2. Atividade sexual e uso de métodos anticoncepcionais............................................. 55

3.2.3. Conhecimento sobre conseqüências de atividade sexual sem o uso de métodos

anticoncepcionais........................................................................................................ 64

3.3. MORFOFISIOLOGIA DO APARELHO SEXUAL...................................................... 65


8

3.4. JÚRI SIMULADO.......................................................................................................... 66

3.5. AVALIAÇÃO................................................................................................................. 69

3.6. ORIENTAÇÃO SEXUAL NA ESCOLA....................................................................... 75

4. CONCLUSÕES................................................................................................................. 82

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................... 84

ANEXOS................................................................................................................................ 89
9

LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 Os métodos anticoncepcionais podem agir de três formas: impedindo ou

dificultando a gametogênese, a fecundação e a nidação................................ 31

QUADRO 2 Questionário contendo perguntas simples sobre sexualidade, que foram

respondidas pelos alunos do 3º ano do ensino médio do Colégio Estadual

Santos Dias..................................................................................................... 48

QUADRO 3 Principais opiniões, sobre a prática do aborto, dadas pelos alunos do 3º ano

do Colégio Estadual Santos Dias, durante o debate em sala de aula.............. 67

QUADRO 4 Questionário de avaliação sobre sexualidade, que foi respondido pelos

alunos do 3º ano do ensino médio do Colégio Estadual Santos Dias............. 70

QUADRO 5 Comentários representativos, descritos pelos alunos do 3º ano do ensino

médio do Colégio Estadual Santos Dias, em relação ao que eles acham

sobre a importância da Orientação Sexual nas escolas: “Você acha que

este assunto de sexualidade é importante nas escolas? Por que?”............... 72

QUADRO 6 Comentários representativos dos alunos do 3º ano do ensino médio do

Colégio Estadual Santos Dias, em relação ao incentivo à prática sexual:

“Quando falamos a respeito do preservativo, como uma das formas de

prevenção às DST/AIDS e gravidez indesejada, você vê como um incentivo

à prática sexual? Por que?”.......................................................................... 76


10

LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1 Distribuição dos alunos participantes deste trabalho, por gênero, estado

civil e filhos................................................................................................ 54

GRÁFICO 2 Distribuição dos alunos participantes do estudo por gênero e faixa

etária............................................................................................................ 55

GRÁFICO 3 Atividade sexual nos alunos do 3º ano do Colégio Estadual Santos Dias,

participantes do estudo................................................................................ 55

GRÁFICO 4 Uso de algum tipo de método preventivo por alunos e alunas que são

sexualmente ativos, participantes do estudo............................................... 58

GRÁFICO 5 Freqüência de usos de métodos anticoncepcionais pelas mulheres

sexualmente ativas....................................................................................... 60

GRÁFICO 6 Percentagem dos métodos anticoncepcionais mais usados pelos homens

sexualmente ativos....................................................................................... 60

GRÁFICO 7 Conhecimento dos métodos anticoncepcionais mais conhecidos pelos

alunos do 3º ano do Colégio Estadual Santos Dias, participantes da

pesquisa....................................................................................................... 62

GRÁFICO 8 Melhores métodos anticoncepcionais segundo os alunos do 3º ano do

Colégio Estadual Santos Dias..................................................................... 63

GRÁFICO 9 Opiniões dos alunos do 3º ano do Colégio Estadual Santos Dias, sobre a

prática do aborto.......................................................................................... 65
11

GRÁFICO 10 Percentagem dos alunos que responderam a questão, sobre o tema

sexualidade: “Você aprendeu alguma coisa que não sabia?”.................... 71

GRÁFICO 11 Percentagem dos alunos que responderam a questão sobre a importância

do tema sexualidade nas escolas.................................................................. 71

GRÁFICO 12 Relação dos temas, sobre sexualidade, que os alunos mais gostaram

durante as atividades.................................................................................... 73

GRÁFICO 13 Percentagem dos alunos que se sentiam capazes ou não de repassarem as

informações que obtiveram sobre sexualidade, para outras pessoas

(amigos, colegas de escola e/ou familiares)................................................ 73

GRÁFICO 14 Resultado das respostas dadas pelos alunos, sobre a Orientação Sexual

nas escolas, ser uma forma de incentivo ou não ao sexo entre os

adolescentes................................................................................................. 74
12

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 Grupo de alunos se preparando para a atividade do “júri simulado”, onde o

tema abordado foi a prática do aborto.............................................................. 52

FIGURA 2 Corpo de jurado formado pelos próprios alunos, durante o “júri

simulado”......................................................................................................... 52

FIGURA 3 Construção de um texto pela turma, a partir do tema principal debatido no

“júri simulado”................................................................................................ 52

FIGURA 4 História em quadrinhos, montada por alunos, mostrando a prevenção de

doenças sexualmente transmissíveis, como a AIDS........................................ 81

FIGURA 5 Campanha de prevenção da AIDS construída por alunos do Colégio

Estadual Santos Dias........................................................................................ 81

FIGURA 6 Transparências usadas durante a etapa de informações sobre

morfofisiologia do aparelho sexual através de aulas teóricas e recursos

audiovisuais...................................................................................................... 89

FIGURA 7 Transparências usadas durante a etapa de informações sobre

morfofisiologia do aparelho sexual através de aulas teóricas e recursos

audiovisuais...................................................................................................... 90
13

RESUMO

Atualmente, a primeira experiência sexual vem acontecendo cada vez mais cedo
na vida dos adolescentes, colocando-os frente a frente com situações de responsabilidades e
decisões. Grande parte destes jovens não se acha, ainda, preparada para esses novos desafios,
pela falta de informações e/ou pelas várias informações desencontradas e sem base científica
veiculada pela mídia em geral (jornais, revistas, TV, rádio). A falta de responsabilidade com
que a sexualidade é apresentada expressa-se, por exemplo, na incitação para o sexo via
televisão; no acentuado crescimento de adolescentes grávidas; no grande abismo que existe
entre pais e filhos quando o tema da conversa é sobre sexo; além do pequeno número de
escolas públicas e privadas que se preocupam em oferecer aulas de orientação sexual para
adolescentes. Estes são os incentivadores para a realização deste trabalho, cujo tema principal
é a sexualidade. O trabalho tem como objetivo geral promover a reflexão e o debate sobre a
sexualidade, potencializando o senso crítico responsável do cidadão sobre este tema. Visamos
também orientar o educando sobre a sexualidade; fornecer informações que possam esclarecer
as dúvidas dos educandos em relação ao tema sexualidade; preparando-o para fazer escolhas
com responsabilidade, e se prevenirem de doenças sexualmente transmissíveis (DST) e de
uma gravidez indesejada. A Orientação Sexual, como atividade, foi inserida no ensino através
de uma metodologia participativa, onde foram mais importantes as discussões e debates sobre
o tema, além da extinção das posturas acadêmicas, rígidas e preconceituosas. As atividades
foram realizadas durante o horário normal das aulas da disciplina de Biologia no 2º bimestre,
com os alunos do 3º ano do Ensino Médio dos turnos matinal e noturno do Colégio Estadual
Santos Dias, localizado no bairro de Neves, em São Gonçalo-RJ. Para um melhor
desenvolvimento, as atividades foram divididas em etapas (ou momentos). Os dados obtidos
neste trabalho sobre Orientação Sexual, sugerem que os alunos reconhecem a importância do
conhecimento da sexualidade, assim como a necessidade de conhecer os melhores métodos de
prevenção para as DST/AIDS e para a gravidez indesejada, através do uso de métodos
preventivos adequados. Todas e quaisquer tipos de informações relacionadas com o tema
sexualidade, são importantes e devem sempre ser oferecidas aos jovens, tanto às crianças,
quanto aos adolescentes. Os programas de Orientação e/ou Educação Sexual de instituições de
ensino são fundamentais, já que permitem uma metodologia participativa, através de
discussões e debates sobre a sexualidade, fazendo com que o jovem escolha o seu próprio
caminho. Contudo, estas informações técnicas oferecidas em escolas, aos jovens, não são
suficientes. Os jovens também devem ser orientados pela família. Somente com o diálogo
aberto, desde a infância e as descobertas sexuais, diminuirá as dúvidas dos jovens, quanto à
sexualidade, tornando-os íntimos com os aspectos da prevenção das DST e dos principais
métodos anticoncepcionais, colaborando de forma positiva em suas futuras escolhas, evitando
futuras experiências equivocadas.

PALAVRAS-CHAVE: orientação sexual; ensino médio; adolescentes; sexualidade.


14

ABSTRACT

The first sexual experience comes happening each day earlier in adolescents’ life,
putting them face to face with responsibilities and decisions situations, nowadays. In fact most
of these young don’t find themselves prepared for these new challenges yet. Principally for
lack of information and/or for a lot of misunderstood and without scientific base information
of the media in general (newspapers, magazines, TV, radio). The lack of consequences, which
is introducing sexuality, for example, the inciting to sex by television; the great increase of
pregnant adolescents; the big abysm there’s between parents and sons when the conversation
theme is about sex; beyond little quantity of public and privates schools that preoccupy
themselves to offer lessons of sexual orientation to adolescents, they’re the stimulating to the
realization of this work, whose principal theme is the sexuality. This work has like general
purpose to propose the reflection and the intellectual debate about the sexuality, besides
increasing the critical sense responsible for citizen about this theme. Besides orientating the
student about the sexuality; to furnish information can explain his doubts in regards to sexual
education; to prepare him to make chooses with responsibility and to prevent himself of
transmissible disease sexually (TSD) and of an undesirable pregnancy. The sexual orientation,
as active, was inserted through of a participated methodology, which the discussions were the
most important about the theme, moreover the extinction of the sterns and prejudices
academics postures. The actives were done while the normal time of the Biology classes of
the second bimestrial, with students of the high school in the day shift and night shift at
Santos Dias School State, located in the neighborhood of Neves, in São Gonçalo-RJ. For a
better development, the actives were divided in stages (or moments). In the end of this work
about sexual orientation, testified a bigger consciousness between students about the
important knowledge of sexuality, as well as to know better methods of the preventions of
TSD/AIDS and the undesirable pregnancy, through the use of appropriate ant contraceptives
methods. Any and every kinds of information related with the sexuality theme, are important
and always must be offered to young, as much children, as adolescents. The programs of
sexual orientation and/or sexual education of teaching institution are fundamental since allow
an actuating methodology of all, through the discussion and debates about sexuality, making
young choose your own path. However, these techniques information offered in schools, to
the young aren’t enough. Family must orient the young. Therefore only straight dialogue since
infancy and the sexual discovery, will decrease the young doubts about sexuality, besides the
young getting more intimate with prevention of the transmissible sexual disease and principal
ant contraceptives methods, avoiding future mistaken experiences.

KEY WORDS: sexual orientation; high school; adolescents; sexuality.


15

OBJETIVOS:

OBJETIVO GERAL:

• Promover a reflexão e o debate sobre a sexualidade e potencializar o senso

crítico responsável do cidadão sobre este tema, além de desenvolver, aplicar e

avaliar atividades de Orientação Sexual para alunos do 3º ano do ensino médio.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS:

• Orientar o educando sobre a sexualidade;

• Fornecer informações que possam esclarecer as dúvidas dos educandos em

relação ao tema sexualidade, preparando-o para fazer escolhas com

responsabilidade e se prevenirem de doenças sexualmente transmissíveis

(DST) e de uma gravidez indesejada.


16

1. INTRODUÇÃO:

Atualmente, a primeira experiência sexual parece acontecer cada vez mais cedo na

vida dos adolescentes, colocando-os frente a frente com situações de responsabilidades e

decisões. Grande parte destes jovens não se acha, ainda, preparada para esses novos desafios,

principalmente pela falta de informações e/ou pelas várias informações desencontradas e sem

base científica da mídia em geral (jornais, revistas, TV, rádio).

A falta de conseqüências com que a sexualidade é apresentada, como exemplo a

incitação para o sexo via televisão; o acentuado crescimento de adolescentes grávidas; o

grande abismo que existe entre pais e filhos quando o tema da conversa é sobre sexo; além do

pequeno número de escolas públicas e privadas que se preocupam em oferecer aulas de

orientação sexual para adolescentes, são os incentivadores para a realização deste trabalho,

cujo tema principal é a sexualidade.

Segundo os PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS (PCN), a partir de

meados dos anos 80, a demanda por trabalhos na área da sexualidade nas escolas aumentou

devido à preocupação dos educadores com o grande crescimento da gravidez indesejada entre

as adolescentes e com o risco da contaminação pelo vírus da Imunodeficiência Humana

(HIV), vírus responsável pela Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS ou SIDA)

entre os jovens. A princípio, acreditava-se que as famílias apresentavam resistência à

abordagem dessas questões no âmbito escolar, mas atualmente sabe-se que os pais

reivindicam a Orientação Sexual nas escolas, pois reconhecem não só a sua importância para

crianças e jovens, como também a dificuldade de falar abertamente sobre esse assunto em

casa. Uma pesquisa do Instituto Data Folha, realizada em dez capitais brasileiras e divulgada

em junho de 1993, constatou que 86% das pessoas ouvidas eram favoráveis à inclusão de

Orientação Sexual nos currículos escolares (BRASIL, 1997, p. 111).


17

Outra preocupação deste trabalho foi a de fornecer aos adolescentes informações

sobre os diferentes tipos de métodos anticoncepcionais, assim como suas vantagens e

desvantagens, fazendo com que eles sejam responsáveis na escolha do melhor método

preventivo para o casal. Além disso, ao se trabalhar com o tema sobre métodos

anticoncepcionais torna-se necessário aprofundar o tema do aborto, já que muitos

adolescentes confundem o aborto como um método preventivo. Não podemos deixar de

enfatizar que os próprios adolescentes vislumbram três soluções, que na realidade não são

soluções ideais para a resolução do problema da gravidez indesejada: praticar abortamento;

fazer um casamento forçado ou assumir, mesmo solteira, a gestação.

1.1. SEXUALIDADE E ADOLESCÊNCIA:

O sexo desempenha papel importante e básico em nossas vidas. As relações

sexuais permitem a reprodução e esta, a perpetuação da espécie. Mas para o ser humano a

atividade sexual não se restringe à reprodução. Ela é fonte de prazer, um dos maiores, talvez o

maior dos prazeres. Além disso, a sexualidade é algo fundamental para nós, pois estar bem

consigo mesmo é indispensável fator de felicidade e, para tanto, é preciso estar bem com a

própria sexualidade. Ao mesmo tempo em que o adolescente sente fluir em seu corpo os

impulsos sexuais, sente culpa e medo do que está sentido. Além disso, vive angustiado e

culposo, porque tem comportamento e anseios diferentes daqueles que os pais recomendam

em relação ao sexo (DUARTE, 1995, p. 05; VALLADARES, 2001, p. 67).

A adolescência é um período de mudanças orgânicas e psicológicas. É um

momento de descobertas, dentro e fora de si próprio. Descoberta do “quem sou eu?”, a

identidade em relação a si mesmo e ao outro. Descoberta da sexualidade. O termo


18

adolescência se origina do latim: adolescere – que é tornar-se ou vir a ser; crescer ou crescer

até a maioridade. Assim, é um período de transformações, que acontece sempre com conflitos,

sejam medos, inseguranças, confusões, angústias. O adolescente vive atrás de conhecimentos,

em relação à sexualidade, que normalmente causam medos e inseguranças (AMARAL, 2001,

n. p.; BOCARDI, 1998, p. 27).

Na adolescência, fatores de ordem biológica, psicológica e social estão

concorrendo para a formação da identidade sexual. Fatores biológicos desencadeados pelas

secreções de hormônios vão provocar alterações no corpo, desde o crescimento e

desenvolvimento de características sexuais secundárias, até a maturação do aparelho

reprodutor, tornando o indivíduo apto para a reprodução. Além disso, a adolescência é

fortemente influenciada por determinantes sociais, econômicos e culturais, refletindo valores

e pressões dos grupos que os cercam. Na adolescência, quando a genitália se torna a principal

zona erógena, a reprodução, sedimentada no instinto de preservação da espécie, passa a ser

elemento de fundamental importância no comportamento sexual. Muitas vezes, os impulsos

internos colidem com as forças externas, por possuírem intenções antagônicas. Desse choque,

podem resultar desvios e distúrbios comportamentais (MARTINEZ, 1998, p. 35; BRUNO et

al., 1997, p. 137; POLI, 1996, p. 949).

LOPES & MAIA (2001b, p. 16), descrevem que a adolescência envolve dois

processos distintos, porém superpostos e interligados: a puberdade e a adolescência. A

puberdade é o período das mudanças físicas que resultam no amadurecimento sexual, o qual

possibilita a reprodução. A adolescência compreende todas as mudanças sociais e emocionais

dessa faixa etária.

Para BOCARDI (1998, p. 30), não há uma posição social definida para o

adolescente. Não sendo considerado adulto nem criança, o jovem tem papéis característicos e

imprecisos, com poucas oportunidades de aprender a decidir por si mesmo, a ser responsável
19

pelos próprios atos e a tomar iniciativas. Passa a ter como principal tarefa a busca pela

identidade que só irá conseguir ao desprender-se dos pais para obter a independência e

enfrentar o mundo adulto.

Segundo RENA (2001, p. 32-33), ao abordar os fenômenos da adolescência nos

deparamos com a insegurança e a instabilidade nos diversos aspectos da existência. Trata-se

de sentimentos característicos de quem está trocando o que é conhecido e familiar pelo

desconhecido e ainda incompreensível. “Estar adolescente” significa “estar em transição”:

uma fase de transição que tem profundas “raízes” na infância e, concomitantemente, lança

seus “galhos” em direção ao futuro. A Organização Mundial de Saúde (OMS), ao estabelecer

parâmetros para o trabalho junto as populações adolescentes, considera uma abordagem da

adolescência como uma fase de transição em que se dá o desenvolvimento biológico da

infância até o amadurecimento sexual e reprodutivo; o desenvolvimento dos padrões

cognitivos e emocionais da infância à idade adulta, respeitadas as particularidades culturais; e

o desenvolvimento socioeconômico da pessoa em direção à sua relativa independência

material, no interior da organização econômica de seu grupo.

As mudanças físicas da puberdade geram no adolescente a prática da comparação

com outras pessoas e, conseqüentemente, preocupações com a normalidade. Os grupos

tendem a ser do mesmo sexo no início da adolescência, com amizades idealizadas.

Posteriormente, tornam-se mistos, determinam um código de postura e valores para os

membros e possibilitam que as relações afetivas de namoro e iniciação sexual ocorram

(LOPES & MAIA, 2001b, p. 15).

O desejo sexual surge na adolescência quando as glândulas passam a produzir

hormônios sexuais. O adolescente entra em rápido amadurecimento sexual, que é simultâneo

aos processos de amadurecimento emocional, afetivo, intelectual, etc. É então que se inicia o

processo de formação de valores de independência. Isso gera pensamentos e atitudes


20

contraditórias, principalmente no que diz respeito a duas escolhas: profissão e parceiro;

escolhas difíceis que freqüentemente entram em choque com os desejos do momento.

Concomitantemente, são extremamente comuns os conflitos entre pais e filhos, professores e

alunos, e é também comum a omissão dos mais velhos na Orientação Sexual do educando

(DUARTE, 1995, p. 05).

Segundo CATALÃO (2002, p. 32), o que se vê é um contraste profundo. De um

lado, a superexposição do corpo e da sexualidade humana. De outro, um moralismo cortante,

que impede que o assunto seja discutido profundamente, formando consciências e opiniões.

Apesar do avanço dos discursos progressistas, faltam atitudes. A sexualidade continua um

tabu e grande desafio para as escolas, famílias e meios de comunicação. Muitos informam,

mas poucos educam.

1.2. AS INFLUÊNCIAS DA FAMÍLIA, DA MÍDIA E DO CÍRCULO DE AMIZADES:

A sexualidade ainda é um tema cercado de tabus em nossa cultura. Nas famílias a

sexualidade ainda é mais silêncio que conversa. Na ideologia veiculada pela maioria da mídia

e pela propaganda ela é exageradamente explorada e mais ligada à alienação que ao

crescimento. Muitas religiões têm normas morais rígidas que admitem poucos

questionamentos. Por outro lado, mas também com dificuldade, há pais que são cônscios de

seu papel, tendo consciência da identidade e da necessidade de ampliação da autonomia de

seus filhos. Devido as questões culturais, vergonha e preconceitos, muitos pais tem

dificuldade de falar sobre sexualidade com os filhos. Na maioria das vezes os recados são

dados de forma indireta, e que nem sempre os filhos entendem. Como por exemplo: “não vá
21

aprontar”, “olha lá o que vai fazer”. Ou usam histórias ruins envolvendo alguma pessoa,

como: “viu o que aconteceu com fulana?”. (PINTO, 2001a, n. p.; SOUZA, 2002, n. p.).

Os familiares das adolescentes, mais especificamente os pais, ainda muito

desinformados sobre a sexualidade, não se sentem tranqüilos em estar abordando com seus

filhos temas como o início de atividades sexuais, doenças sexualmente transmissíveis ou

métodos preventivos. Existe um certo constrangimento e medo por parte dos pais em estar

falando sobre sexo com seus filhos, como se o diálogo aberto e franco pudesse propiciar ainda

mais liberdade para os jovens iniciarem as práticas sexuais precocemente (BOCARDI, 1998,

p. 51). Em muitos casos a Orientação Sexual dos pais para os filhos, se limita a dizer para as

meninas, sobre os cuidados que elas devem tomar com relação à higiene no período

menstrual. E para os meninos dizem: “cuidado para não pegar nenhuma doença”. O que

falta é uma nova forma de se pensar sobre a sexualidade. Estimular o adolescente a pensar que

a sexualidade é uma nova e intensa maneira de sentir prazer com suas responsabilidades.

Porém o que se faz não é assim. O reforço à sexualidade é feito em cima de conseqüências

definidas e desastrosas. Porém o adolescente deve refletir a respeito, deve conhecer suas

possibilidades e limites com a ajuda de pais e outros educadores, mas com dados reais, não

sob pressão ou medo (SOUZA, 2002, n. p.).

Entretanto, verifica-se que a tônica das conversas entre pais e filhos tem sido os

esclarecimentos sobre a menstruação e a advertência de que as filhas são muito novas para a

iniciação sexual. Já para os meninos as recomendações são para se protegerem da AIDS nas

relações sexuais. Mesmo em relação às orientações dos pais quanto à menstruação, há uma

ênfase nos cuidados higiênicos que a adolescente deve ter após esse marco biológico. Logo,

entende-se que, subjacente a estas recomendações, há uma concepção de “sujeira”

permeando a sexualidade. Mas do ponto de vista biológico, a menina está realmente pronta

para procriar, portanto, numa visão cristianizada, apta a ter relações sexuais. Por
22

conseqüência, a mensagem de higienização pressupõe o sexo como coisa suja, estabelecendo

aí nexos entre sujeira e sexualidade (MARTINEZ, 1998, p. 83).

Segundo estudo da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Cidadania

e a Cultura (UNESCO), cerca de 60% dos pais de alunos afirmam ter informações

insuficientes sobre sexualidade e saúde reprodutiva e 32% nunca recomendaram o uso de

preservativo aos seus filhos (CATALÃO, 2002, p. 40).

RIBEIRO (1998, p. 07), afirma que a comunicação não-verbal no contexto

familiar é tão importante quanto a comunicação verbal. O silêncio, muitas vezes, fala mais do

que um discurso. Uma família que não fala sobre sexualidade pode estar passando para seus

membros a mensagem de que sexo é algo sujo, vergonhoso, sobre o qual não se deve falar,

pensar, ou mesmo fazer. A atitude dos pais, o exemplo que dão aos filhos e a vivência sexual

do casal também devem ser considerados como importantes no contexto da Orientação

Sexual.

Em pesquisa realizada por KNIJNIK et al. (1990, p. 290), levando-se em conta as

opções indicadas pelos jovens quanto aos locais preferidos para receberem informações sobre

DST, identificou-se a família, a escola, integrada ou não com programas de Orientação

Sexual, e unidades sanitárias.

A grande parte dos jovens recebe estímulos de seu grupo para realizar logo atos

sexuais e, pior que isso, é informada por outros adolescentes um pouco mais velhos que

também receberam péssimas orientações. Estes são, na sua grande maioria, supervalorizados

pelo grupo por serem considerados “cabeças abertas” e “mais experientes”. A conduta dos

adolescentes é fácil de entender quando se está no meio de um grupo em que é muito

vergonhoso ser virgem, em que a menina que ainda não teve sua primeira experiência sexual é

considerada quadrada, antiga, problemática, mesmo que só tenha 14 ou 16 anos de idade ou

então num grupo em que os pais não receberam Orientação Sexual e não têm tempo para
23

educar seus filhos, pois estão ocupados demais com seu trabalho e, quando chegam em casa,

não querem lidar com aquele adolescente cheio de dúvidas e questionamentos sobre diversos

assuntos, principalmente sobre sexo, ou que não sabem como proceder (ROJTENBERG,

2002, n. p.).

As futuras gerações passarão por sérios riscos se a questão não for priorizada e

incluída na agenda pública e nas discussões em casa, em sala de aula e em espaços de arte e

lazer. A família, mesmo sendo o ambiente inicial de aprendizagem, está longe de ser a

primeira fonte de informação e esclarecimento do adolescente sobre sexualidade e saúde

reprodutiva. Os meios de comunicação freqüentemente apresentam um discurso padronizado

e erotizante que, por vezes, reforça estigmas e exalta experiências de vida incompatíveis com

a realidade da maioria dos jovens (CATALÃO, 2002, p. 34).

Segundo SUPLICY (1996, p. 11), não podemos esquecer que o adolescente vive

hoje entre duas pressões bastante fortes: de um lado estão os pais e a igreja dizendo, sem

possibilidades de diálogo: “não faça!” De outro lado estão os amigos e a televisão com a

mensagem oposta, mas também sem permitir uma reflexão: “faça!” O adolescente se sente

como um sanduíche espremido entre o pecado, os perigos da gravidez e das doenças, e a

pressão dos amigos para praticar o sexo: “você é o único que nunca teve uma mulher..., está

todo mundo comentando...” ou, “você é a única virgem da classe...” Sem contar que com o

desenvolvimento hormonal, cresce o desejo e a curiosidade sexual. Sem lugar para poder

começar e aprofundar suas dúvidas, seus sentimentos, medos e conflitos, freqüentemente o

adolescente acaba praticando o sexo para diminuir a angústia. O adolescente, ao contrário do

que muitos acham, e até eles próprios, tem pouca informação científica sobre os métodos

anticoncepcionais. Na maioria, o que se escuta é: “...minha amiga toma...”, “...minha mãe

ouviu dizer que é bom...” Não é porque o adolescente vê sexo na televisão, ou até conversa

sobre o tema, que ele necessariamente obtém informações corretas.


24

A curiosidade em descobrir o próprio corpo, leva garotos e garotas a buscarem

mais informações com os pais, amigos, revistas, jornais, sites, TV, entre outros. Muitas vezes

essas informações vindas de diversas fontes, não são as mais fidedignas, tais como: “em que

momentos devo utilizar a pílula?”, “e a camisinha?”, “é realmente a mesma coisa que

‘chupar bala com papel’?”, “e se eu tirar antes de ejacular?”, “ela poderá engravidar?”,

“eu devo fazer sexo com o meu namorado sendo virgem e solteira?”, “qual a idade ideal

para iniciar um relacionamento sexual?”, “se eu me masturbar várias vezes ao dia meu pênis

vai crescer?”, “mulher se masturba?”, “os homens iniciam a vida sexual antes das

mulheres?”, “por que as garotas da minha idade não querem só transar?”, “tem que

namorar primeiro?”. Perguntas como estas fazem com que os adolescentes elaborem

fantasias e desejos sexuais e acabam recorrendo aos amigos da mesma idade e que apresentam

respostas inadequadas (ANGELOTTI, 2001, n. p.).

Além disso, de acordo com ERCOLIN (2002, n. p.), a televisão cada vez mais

mostra cenas de sexo, jovens transando sem o menor problema, tudo na maior tranqüilidade.

Mas a realidade é bem diferente, pois os adolescentes ainda têm muitas dificuldades e dúvidas

a respeito desse assunto. Envolvidos pela grande exposição ao tema, sentem-se excitados e

pressionados a tomar alguma atitude. Parece que todos transam, na novela das seis, das sete,

das oito e nos filmes também. Por que eles não?

Os meios de comunicação de massa passaram a utilizar mensagens de fundo

erótico como veículo de publicidade dos mais diversos produtos – de cigarros a roupas

íntimas, de bebidas a automóveis. Divulgou-se, então, implícita ou explicitamente, a imagem

da “jovem liberada” como sendo aquela que faz sexo quando e com quem quiser. O grupo

social freqüentado pela adolescente a estimula a ter relações sexuais, chegando a virgem a ser

considerada quase uma pessoa anômala. O relacionamento pré-matrimonial passou a ser visto

pelas jovens como uma forma de auto-afirmação e de liberação da tutela paterna. Se até essa
25

época as adolescentes solteiras que não mais eram virgens se envergonhavam desse fato e o

escondiam, vemos hoje que as virgens é que passaram a ter vergonha de seus hímens íntegros!

Substitui-se, assim, o “tabu da virgindade” pelo “tabu da não-virgindade”, obrigando as

adolescentes que ainda não tiveram relações sexuais a mentir, para não serem rejeitadas pela

“patota” (VITIELLO, 1984, p. 828).

A criança também sofre influência de muitas outras fontes: de livros, da escola, de

pessoas que não pertencem à sua família e, principalmente, nos dias de hoje, da mídia. Essas

fontes atuam de maneira decisiva na formação sexual de crianças, jovens e adultos. A TV

veicula propaganda, filmes e novelas intensamente erotizados. Isso gera excitação e um

incremento na ansiedade relacionada às curiosidades e fantasias sexuais da criança. Há

programas jornalísticos/científicos e campanhas de prevenção à AIDS que enfocam a

sexualidade, veiculando informações dirigidas a um público adulto. As crianças também os

assistem, mas não podem compreender por completo o significado dessas mensagens e muitas

vezes constroem conceitos e explicações errôneas e fantasiosas sobre a sexualidade (BRASIL,

1997, p. 112).

Segundo LOPES & MAIA (2001a, p. 64), no caso da sexualidade,

especificamente, a TV se traduz em fonte de desinformação sexual, à medida que reforça

estereótipos sexistas, promove a estimulação sexual precoce e omite e/ou deturpa

informações. O excesso de apelo erótico aliado à violência que a TV veicula pode levar a

problemas futuros na sexualidade, como indiferença ao estupro e à violência em geral, reforço

do papel machista e iniciação sexual precoce.

As informações erradas ou a falta delas, a dificuldade em falar a respeito do tema

com os adultos, por medo ou vergonha, podem induzir o adolescente e o jovem a subestimar o

problema ou a considerar que podem “fazer amor” sem que corram nenhum risco. O tão

famoso: “comigo não acontecerá” que se não dizem, pensam os jovens, são justificados por
26

teorias erradas como por exemplo: “não se engravida na primeira vez”; “basta fazer uma

ducha vaginal depois do sexo que mata o espermatozóide”; “é só ‘tirar antes’ e ‘gozar fora’”

e “tomando uma dose de antibiótico depois do sexo, acaba-se com o perigo de doenças”.

Porém, a primeira relação sexual é tão eficaz quanto qualquer outra em produzir gravidez e

transmitir doenças (OLIVEIRA et al., 1998, p. 56).

1.3. O PERIGO DAS DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS:

Existem algumas doenças que são transmitidas através do contato sexual quando

um dos parceiros está infectado e que recebem o nome de Doenças Sexualmente

Transmissíveis (DST). O nome “doenças venéreas”, usado antigamente, é uma referência a

Venere é uma das denominações da deusa dos romanos Vênus, a deusa mitológica grega que

protegia o amor e os encontros sexuais. Durante muito tempo foram duas as moléstias

reconhecidas como doenças que poderiam passar de uma pessoa a outra através de uma

relação sexual: a sífilis e a gonorréia. É por causa desta forma particular de aquisição que

foram chamadas de doenças venéreas. Por se acreditar que muito preconceito vinha associado

à palavra “venérea”, esse grupo de doenças foi renomeado para DST. Mas além de

preconceito, o tema traz a associação entre prazer/doença e prazer/morte, o que gera inúmeros

conflitos nas pessoas envolvidas e na sociedade (MAZÍN, 2000b, p. 71; LOPES & MAIA,

2001b, p. 82).

O termo sexo seguro se refere aos comportamentos sexuais que não resultam em

gravidez indesejada ou em DST e HIV/AIDS. Sabe-se que não existe imunidade para essas

entidades. Por isso, tratar de sexo seguro significa referir-se aos comportamentos que se

associam com os mais baixos riscos de incorrer nelas (POLI, 1996, p. 949).
27

KNIJNIK et al. (1990, p. 290), demonstraram que dentre as DST identificadas

pelos jovens como sexualmente transmissíveis, chamam a atenção que doenças atualmente

prevalentes como herpes genital e condiloma acuminado são pouco conhecidas, enquanto que

gonorréia, AIDS e sífilis são bastante conhecidas.

LINS et al. (1988, p. 128), realizaram uma pesquisa com jovens onde quase a

totalidade (93%) tem conhecimento sobre DST. Daqueles que responderam conhecer as DST,

54% apontaram a sífilis, 35% a gonorréia, 18% o cancro mole e 18% a AIDS.

De acordo com alguns pesquisadores, os adolescentes têm sido reconhecidos

como população de elevado risco de DST/AIDS, comparados com a população em geral,

devido às características próprias da fase de desenvolvimento na qual se encontram e aos

comportamentos nos quais se engajam, que os colocam em maior exposição às doenças. Estes

adolescentes apresentam taxa mais altas de sífilis, gonorréia, clamídia e inflamação pélvica do

que todos os outros grupos etários. As taxas de DST são mais altas entre adolescentes do sexo

feminino sexualmente ativas, e declinam significativamente com o aumento da idade

(RIBEIRO, 1998, p. 06).

LINS et al. (1988, p. 124), revelaram que a incidência de DST estava aumentando

e o problema passava a assumir aspecto de uma verdadeira epidemia, acometendo a grande

maioria dos jovens em todo mundo. Os dados contidos na literatura revelam que na estatística

mundial, a gonorréia aumentou em 200% no homem e 500% nas mulheres. Mais preocupante

ainda é saber que triplicou a proporção de adolescentes afetados. Dados obtidos no centro de

tratamento de Venerologia do Estado de Pernambuco, revelam que em três meses (janeiro,

junho e novembro) do ano de 1984, a gonorréia acometeu 141 indivíduos do sexo masculino

com idade superior a 15 anos, seguido do cancro venéreo simples com 48 casos, do

linfogranuloma venéreo com 25 casos e da sífilis com 17 casos. Já em 1985, nos meses de

janeiro, fevereiro, abril e maio foi registrado na faixa etária de nove a 15 anos, que a
28

gonorréia acometeu 146 jovens, o linfogranuloma venéreo 22, a sífilis, 36. Acima de 15 anos,

foram registrados 65 casos de gonorréia, 22 de sífilis e nove de linfogranuloma venéreo.

Estatísticas oficiais apontam o início da atividade sexual cada vez mais cedo entre

adolescentes. Enquanto na década de 80 jovens tinham sua primeira relação entre os 16 e 19

anos, hoje, o início da vida sexual ocorre entre os 14 e 15 anos. Além disso, o estudo também

mostra que 45% dos alunos de escolas de 14 capitais brasileiras, já iniciados sexualmente,

afirmam transar com pessoas que pouco conhecem (CATALÃO, 2002, p. 38).

MARTINS (1996, p. 828), enumerou os principais fatores de risco que os

adolescentes estão expostos para adquirirem as DST: (1) fatores fisiológicos; (2) negação que

houve relação sexual; negação que a relação possa ter sido capaz de determinar DST; (3)

pensamento mágico de invulnerabilidade; (4) desinformação sobre métodos de contracepção,

de proteção anti-DST e de higiene corporal; (5) incapacidade de reconhecimento dos sintomas

e sinais das DST; (6) retardo e/ou medo de buscar auxílio profissional; (7) preconceito,

vergonha e culpa ligados ao exame médico; (8) falta de acesso aos serviços de saúde; (9) uso

de drogas; e (10) impulsividade, excitação erótica, gosto pela experiência que leva a maior

experimentação sexual, que freqüentemente ocorre sem proteção.

Além disso, PASSOS (1984, p. 05), descreve que a incidência das DST vem

aumentando devido principalmente a diminuição de campanhas educativas, o que leva a uma

desinformação total acerca do assunto. É sabido que o meio social interfere ativamente na

disseminação destas doenças. Dados como a baixa condição sócio-econômico-cultural,

multiplicidade de parceiros sexuais, entre outros, contribuem para a perpetuação destas

doenças na comunidade. Assim, pode-se dizer que a ignorância de fatos biológicos é

responsável pela maioria das DST. A família não tem cumprido suas responsabilidades

educacionais e seus próprios líderes são desinformados. As escolas também têm sido

negligentes e não podem deixar de encarar as verdades de frente. O contexto da Orientação


29

Sexual não é apenas fisiológico ou mecanicista, mas sim o da educação sanitária e das

relações, que englobam o desenvolvimento físico, psíquico e social.

Crianças e adolescentes estão cada vez mais expostos a mensagens sexuais

explícitas e muitos são vítimas de abuso sexual e oferta de drogas. Os adolescentes, de

maneira geral, necessitam ter conhecimentos e habilidades que os ajudem a adotar um

comportamento que previna a infecção pelas DST e pelo vírus da imunodeficiência humana

(HIV) e o uso abusivo de drogas (ELIANE, 2000, p. 129).

Segundo LIMA (1999, p. 27), a melhor forma de prevenir DST/AIDS é

desmistificar o assunto sexo, discutí-lo abertamente, sem preconceitos, com igualdade de

direitos de fala entre alunos e professores, sem julgamento do que é certo ou errado.

1.4. A IMPORTÂNCIA DOS MÉTODOS PREVENTIVOS:

Os métodos preventivos compreendem todos os recursos, de qualquer natureza,

sejam simplesmente comportamentais, sejam clínicos ou cirúrgicos, que tenham por objetivo

evitar a gravidez e, por conseguinte, levar à restrição da natalidade. Os métodos mais

difundidos na nossa cultura são a pílula anticoncepcional e a ligadura de trompas. Isso é tão

verdade que a palavra “anticoncepcional” muitas vezes é usada como sinônimo de pílula no

nosso vocabulário. Mas a anticoncepção é um mundo de várias facetas, para atender pessoas

diferentes, com organismos, valores e vontades diferentes (SOARES, 1994, p. 264; LOPES &

MAIA, 2001b, p. 61). De acordo com BRITO & FAVARETTO (1997, p. 551), os métodos

anticoncepcionais podem agir de três formas: impedindo ou dificultando a gametogênese, a

fecundação e a nidação (QUADRO 1).


30

Os métodos preventivos, previnem a fertilização ou a implantação do ovo, dada pelo encontro

do espermatozóide masculino com o óvulo maduro na trompa uterina, e tem por objetivo

evitar a gravidez. Os métodos anticoncepcionais se dividem de acordo com o mecanismo de

atuação (CARDOSO, 2002, n. p.): (1) prevenindo a penetração dos espermatozóides no útero,

são os chamados métodos de barreira, como a camisinha masculina e feminina, o diafragma,

ou os métodos espermicidas, que matam os espermatozóides; (2) impedindo a ovulação, são

os métodos hormonais, ou anovulatórios, como os anticoncepcionais orais, ou pílula, e os

injetáveis ou subcutâneos, ou o dispositivo intra-uterino (DIU) com hormônio, ou Mirena; (3)

pílula do dia seguinte, ou contracepção de emergência; (4) métodos cirúrgicos ou

esterilização que impedem a entrada do óvulo no útero (ligadura das trompas) ou a chegada

do espermatozóide ao esperma (vasectomia); (5) impedindo a fertilização do óvulo pelos

espermatozóides, através de métodos comportamentais, como a tabelinha e os métodos de

determinação da ovulação por temperatura ou muco cervical e (6) evitando a implantação do

ovo no útero, ou métodos endoceptivos, através do uso do DIU.

Os jovens, moças ou rapazes, precisam conhecer muito bem seu próprio corpo

para entender a função de cada método preventivo. Somente conhecendo-se e conhecendo a

anatomia do sexo oposto é que o casal pode optar pelo uso de determinado método

preventivo, deixando de se preocupar com uma possível alteração incapacitante e de temer

interferência dolorosa. Em outras palavras: somente conhecendo seu corpo e o parceiro é

possível ter certeza de que o uso de determinado método não ameaça sua integridade física.

Por desconhecer as ações de um certo método preventivo, há jovens que temem seus efeitos e,

assim, entre dois possíveis “riscos”, muitos preferem enfrentar a gravidez (DUARTE, 1995,

p. 38).
31

QUADRO 1. Os métodos anticoncepcionais podem agir de três formas:


impedindo ou dificultando a gametogênese, a fecundação e a
nidação.

Fonte: BRITO & FAVARETTO, 1997, p. 558.


32

Fica claro para VALLADARES (2001, p. 83), que a decisão de ter ou não filhos

pertence ao casal. Muitas vezes, a falta de informação adequada pode levar uma mulher à

gravidez indesejada. Por isso, o método escolhido deve propiciar uma sensação de segurança,

não interferindo na espontaneidade da relação sexual, não provocando conflitos com sua

religião, não causando danos orgânicos e adequando-se à idade de quem vai usá-lo. Segundo

RIBEIRO (1998, p. 06), a grande incidência de gravidez na adolescência é um indicador de

que os jovens não usam proteção durante o intercurso sexual. Para MAUAD FILHO et al.

(1987, p. 643), a Orientação Sexual pertinente e objetiva é ainda a melhor ajuda ao

adolescente que procura orientação e na maioria dos casos já mantém uma vida sexual ativa.

Para indicar um método preventivo, é necessário analisar cada caso individualmente, tendo o

cuidado de nunca generalizar.

1.5. GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA:

Todo ser humano, no decorrer da vida, passa por transformações, independente da

idade: a criança, o jovem, o adulto e o velho, cada um a seu modo, experimentam mudanças.

No entanto, existem certas épocas nas quais as modificações que ocorrem em nossos corpos e

mentes, nos nossos relacionamentos e compromissos, são particularmente importantes e

rápidas. Nestes, certamente situam-se a gravidez e a adolescência (REIS & RIBEIRO, 2002,

n. p.).

Segundo CAVALCANTI et al. (2001, p. 313), é muito grande a falta de

informação para as adolescentes sobre as responsabilidades que um filho acarreta, de forma

que estas em geral não têm consciência de quão difícil é cuidar de uma criança, bem como das

limitações que isto poderá lhes causar. Na maioria das vezes, a adolescente romantiza a
33

gravidez, esquecendo as outras implicações práticas que advêm com um filho, e que nem

sempre são tão doces. A adolescente só pensa no prazer de ser mãe, e não mede as

conseqüências dos fardos e das privações que esta maternidade traz consigo.

Atualmente vivemos tempos de grande preocupação com os jovens. São mais de

36.000 adolescentes entre 12 e 16 anos grávidas no Brasil. O maior problema que

enfrentamos para evitar a gravidez de adolescentes é a falta de conscientização dos

educadores (pais e escola) sobre a necessidade de promover a Orientação Sexual preventiva

em massa no meio educacional (ROJTENBERG, 2002, n. p.).

Além disso, SABROZA (2000, p. 08), demonstra que a gravidez na adolescência

constitui-se como relevante problema de saúde pública no Brasil. Uma intricada rede de

fatores confere à gravidez na adolescência um grau elevado de risco para a mãe e para a

criança, especialmente as de classes populares. A opção por assumir a maternidade traz

alterações ao curso de vida dessas meninas, podendo acarretar dificuldades no que se refere

aos aspectos escolares, profissionais, afetivos e sociais. No entanto, a gravidez, é vista como

possibilidade de mudança no status social e talvez o único vislumbre de expectativa em

relação ao futuro.

Nas adolescentes grávidas, com idade abaixo dos 16 anos, podem ocorrer

complicações tanto para ela como para o bebê, porque seu próprio corpo ainda está em

processo de formação. Por isso, e pelas condições sociais, econômicas, psicológicas e de

formação moral vinculadas ao fato, a gravidez da adolescente é considerada como gestação de

alto risco (REIS & RIBEIRO, 2002, n. p.).

Todos os dias milhares de mulheres brasileiras engravidam sem o desejar. Para

elas, a gravidez pode representar uma verdadeira tragédia, e elas lutarão contra todos os

obstáculos a fim de interrompê-la. A mulher que engravida sem o desejar sente seu próprio

corpo invadido e sua autodeterminação desrespeitada (BARROSO, 2000, p. 64).


34

OLIVEIRA et al. (1998, p. 57), descrevem que no Brasil acontecem muitos casos

de mulheres que ficam grávidas sem desejarem, em determinada época. Isto ocorre por

diferentes motivos. O principal deles, porém, é que, apesar de não desejarem conceber um

filho naquele momento, essas mulheres tiveram relações sexuais sem que elas ou seus

parceiros houvessem tomado qualquer medida de prevenção. Ou seja, nenhum dos dois

utilizou um método preventivo eficaz. O resultado, então, é uma gravidez não desejada, um

fenômeno que acontece com milhares de mulheres todos os anos. Além disso, cerca da

metade de todas as gravidezes indesejadas ocorrem na adolescência, mais precisamente no

início de sua atividade sexual, sendo um número considerável na primeira relação.

Para VELASCO (1996, p. 49), a gestação na adolescência é considerada de alto

risco pela maioria dos pesquisadores, por apresentar incidências elevadas de complicações

obstétricas, que influem diretamente nas taxas de morbimortalidade materna e perinatal,

constituindo ainda uma grave ameaça para o desenvolvimento psicossocial e econômico das

jovens.

Uma das causas de termos tantas gestações inoportunas em nosso meio é a falta de

um trabalho regular de Orientação Sexual nas escolas. O que se percebe é que, de uma

maneira geral, os jovens e as jovens têm informação razoável sobre os métodos preventivos,

pois a mídia tem divulgado bastante esses métodos. Falta um trabalho que propicie aos jovens

um conhecimento mais abrangente de tais métodos de contracepção e que também lhes

propicie transformar essas informações que têm em conhecimento. Outra das causas da

gravidez inoportuna é a falta de diálogo em casa. De uma forma geral, casais adolescentes que

engravidam vêm de famílias onde a sexualidade é tabu, assunto no qual não se toca, um grave

erro de grande parte das famílias brasileiras. Por não terem com quem dialogar sobre a própria

sexualidade, os jovens acabam por fazer uso inadequado da sexualidade recém descoberta

(PINTO, 2001b, n. p.).


35

A gravidez precoce tem gerado repercussões na vida dos jovens, como evasão

escolar, distúrbios emocionais, prejuízo ao futuro profissional e as disfunções sexuais. Como

causas deste quadro são apontados a ausência de Orientação Sexual adequada, a curiosidade

de experimentar, estimulado, principalmente, pelos meios de comunicação, o desejo

inconsciente de ser mãe e de testar sua fertilidade, e os conflitos familiares levando a uma

alternativa de fuga dos problemas, a própria desestrutura familiar e a falta de perspectiva do

adolescente, o que algumas vezes incentiva esta gravidez, gerando um desequilíbrio social

(BRUNO et al., 1997, p. 137).

Também REIS & RIBEIRO (2002, n. p.) e VITIELLO & CONCEIÇÃO (1987, p.

902), descrevem algumas razões para que ocorra a gravidez na adolescência: (1) os jovens

pensam ou dizem saber tudo sobre sexo, e não sabem. Pode ser que não tenham informações

corretas ou que não saibam como aplicá-las às suas vidas, ou que seus pais achem que eles já

estão suficientemente esclarecidos e não mais precisam de informação ou conversa sobre um

assunto que ainda traz certo constrangimento. E, principalmente, pode ser que os jovens,

embora saibam das coisas, acreditem que com eles nada acontecerá (“pensamento mágico”);

(2) os jovens são muito imediatistas. Ante a possibilidade de fazer sexo, sobretudo quando

esperam muito por isso, não pensam nas conseqüências: valem-se do desejo imediato,

ignorando os resultados; (3) há casos em que a menina, para atrair sobre si a atenção ou o

afeto da família e dos amigos, ou para segurar o namorado, engravida. Neste caso as

carências afetivas devem ser consideradas seriamente, e com certeza uma gravidez prematura

não é a melhor solução. Além disso, filho não tem o poder de segurar namorado, nem de

produzir casamentos felizes e duradouros. Se o relacionamento do casal estiver ruim,

dificilmente um bebê facilitará as coisas; (4) muitas vezes uma jovem desamparada, que não

desfrute de uma condição de vida digna, pode pensar que se tornando mãe se libertará da

miséria e obterá o respeito das pessoas. Esta idéia baseia-se na crença de que a sociedade
36

tende a valorizar a figura de mãe e a ter maior consideração pelas gestantes. Logo a jovem se

verá em situação onde terá que trabalhar e cuidar do filho em condições adversas, e a

maternidade, ao invés de premia-la com os benefícios esperados, só lhe trará mais

dificuldades e responsabilidades; (5) custo do método, já que os adolescentes são geralmente

dependentes economicamente e métodos de alto custo, como DIU e o diafragma sofrem

limitações em seu uso; (6) as adolescentes encaram com reservas os métodos que possam

deixar “pistas”, por ser comum que um excesso de zelo materno mal interpretado leve a

genitora a invadir a privacidade da jovem, há manifesto receio no uso de pílulas ou

diafragmas, por exemplo, que podem ser descobertos numa incursão à bolsa ou às gavetas da

adolescente; (7) é comum também, entre os adolescentes, a posição machista generalizada de

que “evitar gravidez é função de mulher”. Assim, não somente é freqüente a recusa no uso de

preservativos (alegando diminuição da sensação prazerosa), mas ainda uma evidente má

vontade para com os métodos em que a participação do homem é importante, como nos de

abstenção periódica, por exemplo; e (8) finalmente, é preciso saber que o significativo número

da gravidez de adolescente decorre do uso da violência, força ou constrangimento.

Todas as sociedades humanas preocuparam-se com a gravidez e lidaram, de

alguma forma, com essa questão. Alguns dos métodos para evitar a gravidez são bastante

antigos, outros mais recentes. Todos têm limitações, e é importante que saibamos quais são

elas, para que eventualmente possamos optar por um desses métodos. A prevenção da

gestação não planejada é fundamental para adolescentes e jovens sexualmente ativos. Os

rapazes devem ser estimulados a compartilhar com as companheiras a responsabilidade sobre

sua vida sexual. O ideal é que os adolescentes sejam orientados precocemente quanto aos

métodos anticoncepcionais e que lhes seja dada a maior quantidade possível de informações

antes que se tornem sexualmente ativos (BRITO & FAVARETTO, 1997, p. 549-550). Alguns

dados reforçam o reconhecimento da necessidade dessa orientação: mais de 50% das


37

adolescentes brasileiras sexualmente ativas não utilizam nenhum método preventivo; no

Brasil, 20% de todas as gestações acontecem no primeiro ciclo menstrual das adolescentes; a

idade para o início da atividade sexual está diminuindo cada vez mais. As pesquisas revelam

que 50% dos rapazes e 13% das meninas tiveram sua primeira relação sexual antes dos 15

anos de idade; e finalmente, de cada dez mulheres brasileiras, cinco tornaram-se sexualmente

ativas antes dos 20 anos de idade, e três de cada dez têm um filho antes dessa idade.

De acordo com MOTTA & SILVA (1994, p. 348-349), na Divisão de Obstetrícia

do Departamento de Tocoginecologia da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade

Estadual de Campinas (UNICAMP), houve redução na freqüência de partos entre

adolescentes com 19 anos ou menos, durante o período entre 1977 e 1990. Em 1977, 21,07%

dos partos foram de gestantes com 19 anos ou menos: esta proporção foi reduzida para

18,35% em 1990, correspondendo a um decréscimo de 12,9%. No mesmo período, houve

uma redução concomitante de partos de gestantes entre 17 e 19 anos de 16,42% elevou-se a

porcentagem de partos entre gestantes com 16 anos, de 4,65% para 5,30%, o que significou

um crescimento de 12,2%. Esses dados apontam um possível fenômeno de

“rejuvenescimento” da idade para parturição durante a adolescência, que aparentemente está

sendo deslocada para faixas inferiores.

Segundo MIRANDA (1996, p 295), os problemas clínicos, causados pela

gravidez na adolescência, mais graves estão relacionados à prática do aborto ilegal, realizado

tardiamente e em condições precárias, chegando a constituir situação de alto risco de morte,

por infecção ou hemorragia. Do ponto de vista psicossocial, a gravidez parece representar

importante obstáculo ao desenvolvimento da adolescente como indivíduo, limitando de forma

dramática suas oportunidades educacionais, econômicas e sociais.

1.6. ABORTO: CONTRA OU A FAVOR?


38

Considera-se aborto a interrupção da gravidez que ocorre até os seis primeiros

meses da gestação, sendo designado como ovular quando ocorre até os 15 primeiros dias;

embrionário quando se verifica entre a terceira e a quinta semana e fetal quando ocorre entre a

sexta semana e o sexto mês de gravidez. A partir da expulsão do feto, antes da maturação

completa, passa a ser considerada como parto prematuro, em razão da viabilidade do novo ser.

Além disso, o aborto pode ser espontâneo (ocasionado por causas naturais) ou induzido

(provocado intencionalmente). Feito sob supervisão médica legal, o aborto permite a escolha

da técnica a ser empregada dependendo, principalmente, do tempo de gravidez (PORFÍRIO,

2002, p. 21-22; DUARTE & BOUER, 2001, p. 77).

Historicamente, o aborto constituía o método mais comum de controle da

fertilidade. Na última década, passou a ser suplantado pela esterilização voluntária (que tem

cerca de 100 milhões de usuários no mundo todo) e pelos métodos preventivos orais (que tem

55 milhões de usuários). Ainda assim, os especialistas estimam que se realizam anualmente

40 milhões de abortos, sendo a metade deles ilegalmente, o que o coloca como uma das

principais causas de mortalidade materna (BARROSO, 2000, p. 64). Os métodos

anticoncepcionais evitam a concepção e/ou a gestação. Portanto está claro que aborto não é

um método preventivo, pois consiste na interrupção de uma gestação já em andamento

(BRITO & FAVARETTO, 1997, p. 557).

GIORDANO et al. (1996, p. 708), descrevem ser muito alta a freqüência de

abortamentos provocados entre adolescentes com todos os inúmeros e graves problemas daí

advindos. Calcula-se que, entre os jovens, haja um abortamento provocado para cada criança

nascida. Como agravante, verifica-se que as jovens adolescentes, ao procurarem interrupção

da gravidez, o fazem em estado mais avançado de gestação (após a 13ª semana, expondo-as a

seriíssimas complicações médicas).


39

O aborto entre as adolescentes geralmente é decidido pelos pais ou namorado,

sendo mais freqüente em famílias de nível sócio-econômico mais elevado e

conseqüentemente, poucas vezes a adolescente tem a oportunidade de dizer o que pensa. Após

o aborto, é corriqueiro a adolescente perder o namorado, e a família por sua vez nunca mais

toca no assunto. É também comum a adolescente vivenciar sozinha as seqüelas e sentimentos

de culpa não resolvidos por conta deste aborto, ficando social e emocionalmente vulnerável e

com a auto-estima abalada, o que freqüentemente determina maior propensão aos mesmos

comportamentos de risco: sexo não protegido e uma nova gravidez (CAVALCANTI et al.,

2001, p. 313).

Nos Estados Unidos, onde o aborto é uma prática legal em alguns Estados,

ocorrem mais de 800.000 abortos por ano em mulheres com idade inferior a 25 anos. No

Brasil, onde o aborto é proibido, estima-se que 1.500.000 garotas sem orientação recorram a

ele todo ano. Estes abortos, realizados em clínicas clandestinas e sob péssimas condições de

higiene e saúde, levam aproximadamente 50.000 mulheres à morte por ano, enquanto uma

outra parcela representativa se torna estéril. Uma realidade triste que poderia ser evitada caso

a população brasileira tivesse mais acesso a informações a respeito de métodos

anticoncepcionais. A falta de conhecimento a respeito destes métodos e das D.S.T. tem gerado

uma série de problemas para os jovens adolescentes. O melhor caminho para reverter este

quadro é tornar as informações a respeito de contracepção acessíveis a todas as camadas da

população, principalmente aos jovens. Estas informações podem ser levadas a eles de

inúmeras maneiras, entre elas através de campanhas governamentais em rádio e televisão,

realização de palestras e implementação de matérias da área em escolas, incentivo à leitura de

livros sobre o assunto, maior participação educativa dos profissionais de saúde e

principalmente através do diálogo franco, aberto e sem preconceitos entre pais e filhos

(NEWMANN, 1996, p. 21-22).


40

De acordo com SOARES (1994, p. 276) e SANTOS (1997, p. 88), os números são

mais assustadores. No Brasil, apesar de sua ilegalidade, segundo dados da Organização

Mundial de Saúde (OMS) calcula-se que sejam feitos três milhões de abortos por ano, 8.200

por dia, seis por minuto. Segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU), 10% dos

abortos mundiais ocorrem no Brasil. E em virtude de sua ilegalidade, grande parte desses

abortos se realiza sem nenhuma assistência médica, acarretando a morte de 10% das

mulheres. Ainda segundo a OMS, o aborto é hoje a quarta principal causa que responde pelo

elevado índice de mortalidade das mulheres no Brasil, seguindo-se às complicações da

gravidez, do parto e ao câncer ginecológico.

DUARTE & BOUER (2001, p. 77), descrevem que no Brasil cerca de 1,4 milhão

de mulheres façam abortos clandestinamente todo ano. Destas, 300 mil são internadas com

algum tipo de complicação e 10 mil morrem por causa de abortos malfeitos. Segundo BRITO

& FAVARETTO (1997, p. 557-558), as principais e mais graves conseqüências dos abortos

provocados são as hemorragias e as infecções. Estima-se que aproximadamente 350.000

mulheres tenham de ser hospitalizadas, todos os anos, no Brasil, em conseqüências de alguma

dessas complicações de abortos feitos sem nenhuma condição de assepsia.

1.7. O PAPEL DA ESCOLA NA ORIENTAÇÃO SEXUAL:

A temática sexualidade com diferentes enfoques e ênfases, vem sendo discutida

nas escolas desde a década de 20, mas a inclusão nos currículos de 1º e 2º graus (atualmente,

ensino fundamental e médio, respectivamente), foi intensificada a partir da década de 70,

tendo como preocupação a formação global do indivíduo (NASCIMENTO & LOPES, 2000,

p. 107).
41

A Orientação Sexual diferencia-se de Educação Sexual, uma vez que esta última

diz respeito à experiência pessoal e ao conjunto de valores transmitidos pela família e

ambiente social nas questões relativas à sexualidade, enquanto que a Orientação Sexual é um

processo formal e sistematizado que acontece dentro da instituição escolar e constitui-se em

uma proposta objetiva de intervenção por parte dos educadores. Conseqüentemente, a

Orientação Sexual realizada pela escola não substitui nem concorre com a função da família,

mas, antes, a complementa. A família, responsável pela Orientação Sexual das crianças, tem

valores que, de uma forma ou de outra, são passados para elas como valores que devem ser

aceitos e adotados. A escola possui uma diferente condição; contudo, cabe a ela discutir as

questões ligadas à sexualidade, abordando diferentes pontos de vista, valores e crenças

(VALLADARES, 2001, p. 24).

Para SILVA (2002, p. 30-31), a escola é o local de vivência da sexualidade, pois o

aluno está na escola e nela passa grande parte de duas etapas significativas da sua vida: a

infância e a adolescência. Nesse período a sexualidade se manifesta como parte de seu dia-a-

dia com os colegas, surgindo nas curiosidades, nas dúvidas e nos relacionamentos vividos

dentro e fora do ambiente escolar. Esta mesma sexualidade é, no entanto, negada ou

reconhecida de uma forma inadequada pela escola. Mas a verdade é que a sexualidade é

vivida na escola, pois lá o aluno experimenta o prazer de estar com o outro, em conversas, em

trocas, em atividades lúdicas, em discussões e nas seduções, “paqueras” e aproximações

possíveis.

Se a escola que se deseja deve ter uma visão integrada das experiências vividas

pelos alunos, buscando desenvolver o prazer pelo conhecimento, é necessário que ela

reconheça que desempenha um papel importante na orientação para uma sexualidade ligada à

vida, à saúde, ao prazer e ao bem-estar, que integra as diversas dimensões do ser humano

envolvidas nesse aspecto. O trabalho sistemático e sistematizado de Orientação Sexual dentro


42

da escola articula-se, portanto, com a promoção da saúde das crianças e dos adolescentes. A

existência desse trabalho possibilita também a realização de ações preventivas às DST/AIDS

de forma mais eficaz (BRASIL, 1997, p. 114).

Segundo VALLADARES (2001, p. 27), independentemente de classe social,

cultura ou gênero, surgem manifestações da sexualidade em crianças e adolescentes, que,

nesta fase, estão quase sempre na escola. Inconseqüentemente, a omissão ou a repressão são

as respostas mais habitualmente dadas pelos profissionais da escola. Parece-nos que este

procedimento não tem sido eficiente no sentido se educar e formar os futuros cidadãos

brasileiros. Os “acidentes sexuais” continuam acontecendo, o índice de pessoas contaminadas

pelo vírus da AIDS cresce, assim como tantas outras doenças sexualmente transmissíveis,

como a sífilis, a gonorréia, etc.

Para AGRA (2000, p. 71), os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) justificam

a emergência dessa problemática no currículo escolar (Orientação Sexual como tema

transversal) a partir de uma consideração das mudanças gerais que as sociedades atravessam

pelo menos desde os anos 20, as quais teriam se aprofundado nos anos 70 e 80 –

principalmente com o crescimento de gravidez indesejada em adolescentes e com o advento

da AIDS. PINTO (2001a, n. p.), declara que os PCN obrigam as escolas a incluir em sua

grade, como tema transversal, a Orientação Sexual. A orientação legal é pertinente e vem em

boa hora, além de ter um texto muito bem elaborado e cuidadoso, ressaltando o que de mais

importante pode ser feito com um trabalho de Orientação Sexual na escola. Porém, há o risco

de algumas escolas fazerem de conta que trabalham com Orientação Sexual, quando na

verdade lidam apenas com questões anatômicas e higiênicas como se isso fosse o suficiente.

Outras escolas imaginam, erroneamente, que basta uma ou outra palestra ministrada por

algum especialista e está cumprida a obrigação. A Orientação Sexual na escola pode ser muito
43

mais rica e enriquecedora do que esses limitadíssimos e limitadores trabalhos com a

sexualidade.

Quando falamos em Orientação Sexual, esbarramos com preconceitos terríveis

por parte de muitas pessoas. Por total desconhecimento do assunto, pensam que, se ela for

implantada na escola, seus filhos e alunos iniciarão a vida sexual precocemente. O que muita

gente não sabe é que, quando implantamos a Orientação Sexual em uma escola, a tendência é

o jovem sanar suas dúvidas e conseqüentemente não sair afoitamente à procura de qualquer

experiência sexual para saber como é e tirar suas dúvidas (ROJTENBERG, 2002, n. p.).

Como até na televisão se fala sobre sexo, a escola também encampa o tema, mas o

trata impessoalmente. Os alunos, no entanto, esperavam que: “...abordasse os assuntos

claramente. Tem certas coisas que a gente descobre que até o corpo estranha. Poderia ter um

psicólogo aqui, para atender a gente, uma vez por mês. Às vezes a gente tem problemas e

ninguém para conversar. Com pai e mãe, não dá” (CARVALHO, 2000, p. 72).

Nós, pais, educadores e diretores, temos de entender que estamos vivendo numa

época de excesso de estímulo sexual e em que a mídia promove um certo incentivo para o ato

sexual sem dar a mínima noção de segurança. Vivemos num tempo de confusão, pois estamos

misturando a palavra liberdade sexual com libertinagem sexual. Não adianta esconder, não

informar, fingir que o sexo não existe. Ele está aí para quem quiser experimenta-lo. Não cabe

a mim nem a ninguém proibi-lo. Não adiantaria nada proibir, pois os adolescentes fariam sexo

às escondidas (ROJTENBERG, 2002, n. p.).

Alguns alunos sugerem outros conteúdos na escola: “...acho que sexo. Tem

palestra, todo ano. Mas separa rapaz de moça. Não deveria ser assim. Deveria ser todos

juntos, mais bem explicado, deixar conversar, falar, perguntar. Não um papo por cima, como

fazem.” Além desse problema, o que mais preocupa os alunos são os problemas de

relacionamento, dificuldades de compreensão, não só entre rapaz e moça, mas também


44

problemas familiares, com pais e irmãos. Alguns incluíam em “sexo” conversas mais

pessoais, discussão de problemas, sempre em conjunto, “...já que as aulas são mistas, por que

essas têm que ser separadas?” Outros comentaram, “...é um médico que vem dar a palestra.

Mas poderia ser o professor, a professora, na sala de aula mesmo” (CARVALHO, 2000, p.

71-71).

Sendo assim, os PCN (BRASIL, 1997, p. 122-124), propõem que a Orientação

Sexual oferecida pela escola aborde as repercussões de todas as mensagens transmitidas pela

mídia, pela família e pela sociedade, com as crianças e os jovens. Trata-se de preencher

lacunas nas informações que a criança já possui e, principalmente, criar a possibilidade de

formar opinião a respeito do que lhe é ou foi apresentado. A escola, ao propiciar informações

atualizadas do ponto de vista científico e explicitar os diversos valores associados à

sexualidade e aos comportamentos sexuais existentes na sociedade, pode possibilitar ao aluno

desenvolver atitudes coerentes com os valores que ele próprio elegeu como seus. Para um

bom trabalho de Orientação Sexual, é necessário que se estabeleça uma relação de confiança

entre alunos e professor. Para isso, o professor deve se mostrar disponível para conversar a

respeito das questões apresentadas, não emitir juízo de valor sobre as colocações feitas pelos

alunos e responder às perguntas de forma direta e esclarecedora. Informações corretas do

ponto de vista científico ou esclarecimento sobre as questões trazidas pelos alunos são

fundamentais para seu bem-estar e tranqüilidade, para uma maior consciência de seu próprio

corpo e melhores condições de prevenção às doenças sexualmente transmissíveis, gravidez

indesejada e abuso sexual.

Podemos concluir que toda Orientação e/ou Educação Sexual implica uma

reeducação da própria sexualidade. Nós, educadores, só transmitimos com segurança aqueles

conceitos e valores que nos convencem. Os que nos ouvem e conhecem nossas atitudes

aprendem o envolvimento e o sentido que nos impulsiona a tratar da sexualidade humana.


45

Não se faz Orientação Sexual de maneira dogmática e doutrinária. Nem todavia se pode

sustentar um projeto de Orientação Sexual sobre o voluntarismo espontaneísta, mesmo aquele

carregado de boas intenções e altruísmo. A vontade deve ser o motor das práticas

transformadoras, mas esta somente se completa com a consciência crítica, que deve ser

sistematicamente buscada pela ciência e trabalho intelectual de pesquisa e aprofundamento.

Por isso devemos ficar atentos, pois os educadores que evitam abordar a discussão sobre a

sexualidade, que não buscam informações para seu aperfeiçoamento e que nada desenvolvem

para adquirir uma habilidade didática para trabalhar o assunto estão radicados na omissão e na

irresponsabilidade, pois o descurar da sexualidade significa abdicar da educação integral, tão

reclamada por todos os educadores tidos como progressistas e que possuam alguma dimensão

de responsabilidade ética sobre sua função social e educacional (NUNES & SILVA, 2000, p.

106 e 118).
46

2. METODOLOGIA:

Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), o trabalho de Orientação

Sexual na escola é entendido como problematizar, levantar questionamentos e ampliar o leque

de conhecimentos e de opções para que o aluno, ele próprio, escolha seu caminho (BRASIL,

1997, p. 121). Por isso a Orientação Sexual, como atividade, foi inserida através de uma

metodologia participativa, onde foram mais importantes as discussões e debates sobre o tema

sexualidade, além da extinção das posturas acadêmicas, rígidas e preconceituosas.

As atividades foram feitas durante o horário normal das aulas da disciplina de

Biologia do 2º bimestre, tendo como público-alvo deste estudo 265 alunos do 3º ano do

Ensino Médio, sendo três turmas do turno matinal e três turmas do turno noturno do Colégio

Estadual Santos Dias, localizado no bairro de Neves, em São Gonçalo-RJ.

Para um melhor desenvolvimento, as atividades foram divididas em sete etapas

(ou momentos), a saber:

• Levantamento do que os alunos queriam saber sobre sexualidade e debate;

• Levantamento dos conhecimentos dos alunos sobre sexualidade e de suas

práticas;

• Informações sobre morfofisiologia do aparelho sexual, através de aulas

teóricas e recursos audiovisuais;

• Júri simulado;

• Sistematização e redação;

• Avaliação da ampliação dos conhecimentos;

• Culminância.
47

Para evitar repetições no que diz respeito aos procedimentos usados em cada uma

das etapas, estes serão descritos em detalhes na seção de Resultados e Discussão.

Importante frisar que durante todo este trabalho, os alunos tiveram participação

ativa em todas as etapas.

2.1 LEVANTAMENTO DO QUE OS ALUNOS QUERIAM SABER SOBRE

SEXUALIDADE E DEBATE:

No primeiro momento, os alunos escreveram as suas principais dúvidas sobre

sexualidade em tiras de papel, que foram previamente distribuídas pelo professor. Ao

terminarem de escrever suas dúvidas, os alunos colocaram o pedaço de papel dentro de uma

urna, onde o professor pode sortear algumas perguntas para um debate de imediato. Os alunos

não precisaram se identificar.

2.2. LEVANTAMENTO DOS CONHECIMENTOS DOS ALUNOS SOBRE

SEXUALIDADE E DE SUAS PRÁTICAS:

Foi entregue para cada aluno um pequeno questionário (QUADRO 2) contendo

perguntas simples sobre sexualidade, onde os alunos também não se identificavam. Foi assim

possível, para o professor, reconhecer as principais dúvidas dos alunos sobre o tema da

sexualidade. Neste primeiro momento, o professor ficou livre para introduzir um novo debate

sobre sexualidade, podendo aproveitar algumas questões levantadas pelos seus alunos.
48

QUADRO 2. Questionário contendo perguntas simples sobre sexualidade,


que foram respondidas pelos alunos do 3º ano do ensino
médio do Colégio Estadual Santos Dias.

1. Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino

2. Idade:.................................

3. Estado Civil:
( ) Solteiro(a) ( ) Casado(a)
( ) Separado(a) ( ) Viúvo(a)

4. Você tem filho(a)?


( ) NÃO ( ) SIM Quantos?....................

5. Você é sexualmente ativo? (Você já transou?)


( ) NÃO ( ) SIM

6. Você já usou algum Método Preventivo?


( ) NÃO ( ) SIM
Se SIM Qual(is)?
......................................................................................................................................
......................................................................................................................................
......................................................................................................................................

7. Cite todos os Métodos Anticoncepcionais que você conhece:


......................................................................................................................................
......................................................................................................................................
......................................................................................................................................

8. Para você, qual o melhor Método Preventivo? Por quê?


......................................................................................................................................
......................................................................................................................................
......................................................................................................................................

9. Você já teve alguma Doença Sexualmente Transmissível (DST)?


( ) NÃO ( ) SIM
Se SIM Qual(Is)?
......................................................................................................................................

10. Você conhece alguém que já praticou aborto provocado?


( ) NÃO ( ) SIM

11. Qual a sua opinião sobre o aborto? Por quê?


......................................................................................................................................
......................................................................................................................................
......................................................................................................................................
......................................................................................................................................
......................................................................................................................................
49

2.3. INFORMAÇÕES SOBRE MORFOFISIOLOGIA DO APARELHO SEXUAL

ATRAVÉS DE AULAS TEÓRICAS E RECURSOS AUDIOVISUAIS:

Nesta etapa, foram ministradas aulas teóricas sobre a anatomia do aparelho sexual

masculino e feminino e suas respectivas funções, com o auxílio de recursos audiovisuais

(retroprojetor e vídeo). Figuras, fotos e esquemas sobre órgãos sexuais; ciclo menstrual e

fecundação. Vídeos1 educacionais sobre sexualidade; DST e métodos anticoncepcionais

(ANEXOS – FIGURAS 6 e 7). Sempre usando técnicas de debates e discussões sobre o tema

após as atividades.

2.4. JÚRI SIMULADO:

Foi escolhido um tema polêmico sobre sexualidade que foi debatido

exaustivamente pelos alunos em um “júri simulado”. Entre os possíveis temas que poderiam

ser usados (aborto, estupro, métodos anticoncepcionais, maternidade na adolescência, etc.), o

professor escolheu o tema sobre o aborto, freqüentemente ausente nos conteúdos

programáticos da disciplina de Biologia. As turmas foram divididas em quatro grandes

grupos. Dois grupos foram responsáveis pela defesa do aborto e os outros dois contra o

aborto. Os alunos receberam o texto2, de uma revista que noticiava sobre o tema, para lerem e

servirem de apoio teórico (FIGURA 1). Cada grupo escolheu um advogado para defender a

1
EDUCAÇÃO SEXUAL. Doenças Sexualmente Transmissíveis – Volume 3. SBJ Produções. São Paulo-SP.
1995.
EDUCAÇÃO SEXUAL. Métodos Anticoncepcionais – Volume 5. SBJ Produções. São Paulo-SP. 1995.
DISCOVERY CHANNEL. Sexo – A Atração Vital. Superinteressante Coleções. Vídeos Abril. 1995.
2
PAIXÃO, R. O debate é nacional – O caso de M., grávida aos 11 anos, trouxe o aborto para a vida real. Veja.
[online]. 24/12/1997. Disponível: http://www2.uol.com.br/veja/241297/p_016. html [capturado em 27 de
mai. de 2001].
50

sua tese (favor ou contra) e um componente para fazer parte do júri (FIGURA 2), neste caso

ele não mais fez parte do grupo. Cada grupo representado pelo seu advogado teve três

minutos para expor sua defesa, na primeira rodada. Logo depois, os grupos tiveram um tempo

para revisar suas teses, tendo mais três minutos para a sua defesa. Após esta etapa o corpo de

jurado entrou em discussão para a escolha da melhor defesa (favor ou contra) votando cada

um deles nos dois melhores grupos, independente de serem contra ou à favor. Depois do

julgamento, foi aberto um grande debate sobre o tema entre todos os alunos.

2.5. SISTEMATIZAÇÃO E REDAÇÃO:

Foi feita a construção (FIGURA 3) de textos coletivos pelas próprias turmas,

elaborados a partir de alguma história-problema cujo tema principal envolvesse a polêmica

discutida no “júri simulado”.

2.6. AVALIAÇÃO DA AMPLIAÇÃO DOS CONHECIMENTOS:

Os alunos receberam um questionário contendo questões referentes ao tema de

sexualidade abordados durante o desenvolvimento destas atividades.

2.7. CULMINÂNCIA:

Os alunos foram estimulados a montar um grande painel descritivo de todas as

suas atividades feitas durante o desenvolvimento deste projeto, além de outras possibilidades
51

como peças de teatro, desenhos e textos, desde que confeccionados e/ou elaborados por eles

próprios.
52

FIGURA 1. Grupo de
alunos se preparando para a
atividade do “júri
simulado”, onde o tema
abordado foi a prática do
aborto.

FIGURA 2. Corpo de jurado


formado pelos próprios
alunos, durante o “júri
simulado”.

FIGURA 3. Construção de
um texto pela turma, a partir
do tema principal debatido
no “júri simulado”.
53

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO:

3.1. O QUE OS ALUNOS QUEREM SABER SOBRE SEXUALIDADE:

As principais dúvidas que surgiram durante a primeira etapa, descrita pelos

alunos, foram:

• “Como é a prevenção e como ocorre a contaminação das DST e da AIDS?”

• “O que é menstruação?”

• “O que é e como ocorre o desejo sexual?”

• “O que é ejaculação precoce e polução noturna?”

• “Sexo antes do casamento X virgindade.”

• “Pode ocorrer gravidez sem penetração?”

• “Como surgem os gêmeos?”

• “Masturbação causa impotência?”

• “Infertilidade é mesma coisa que impotência?”

• “O que é orgasmo?”

• “Qual o melhor método preventivo?”

• “Como funciona a pílula anticoncepcional?”

• “Sexo anal ou oral pode engravidar?”

• “Sexo anal faz mal para a mulher?”

• “Sexo na gravidez faz mal para o bebê?”


54

• “Quais as conseqüências do aborto?”

3.2. CONHECIMENTOS E PRÁTICAS SEXUAIS DOS ALUNOS:

3.2.1. Perfil dos alunos participantes:

Dos 265 (100%) alunos que fizeram parte deste estudo, 93 (35,1%) eram do sexo

masculino e 172 (64,9%) do sexo feminino. Entre os alunos 27 (29,0%) tinham idade entre 15

e 17 anos; 56 (60,2%) entre 18 e 20 anos e apenas dez (10,8%) tinham mais de 20 anos. Já

entre as alunas 50 (29,1%) estavam entre os 15 e 17 anos; 89 (51,8%) entre 18 e 20 anos e 33

(19,1%) apresentavam mais de 20 anos (GRÁFICOS 1 e 2).

GRÁFICO 1. Distribuição dos alunos participantes deste trabalho por


gênero, estado civil e filhos.

100% 90,2% 87,2%


90%
80%
64,9% Masculino
70%
Feminino
60% Casado
50% 35,1% Viúvo
40% Solteiro
30% C/ Filhos
12,8% S/ Filhos
20% 8,4%
10% 0,4%
0%
SEXO EST. CIVIL FILHOS
55

GRÁFICO 2. Distribuição dos alunos participantes do estudo por gênero e


faixa etária.

70%

60,2%
60%
51,8% 53,0%
50%

40% 35,6% 15-17 anos


29,0% 29,1% 18-20 anos
30%
> 20 anos
19,1%
20%
10,8% 11,4%
10%

0%
Masculino Feminino Total

Dentre os 265 (100%) alunos, 22 (8,4%) eram casados, uma (0,4%) viúva e os

239 (90,2%) restantes eram solteiros. De todos os alunos que participaram desse estudo 34

(12,8%) tinham filhos, sendo que 11 eram mães solteiras; um era pai solteiro, que assumiu a

responsabilidade com o seu filho, porém não era casado; duas alunas eram separadas e 20

eram casadas e/ou moravam com os seus companheiros (GRÁFICO 1).

3.2.2. Atividade sexual e uso de métodos anticoncepcionais:

Entre os rapazes entrevistados na pesquisa, a grande maioria, 71 (76,3%), era

sexualmente ativa. Entre as meninas, 99 (57,6%) eram sexualmente ativas. No total de alunos,

170 (64,2%) eram sexualmente ativos e 95 (35,8%) alunos não experimentaram o sexo
56

(GRÁFICO 3). Porém, é importante esclarecermos que a maioria dos alunos (64,4%) que

participou deste trabalho está acima da faixa etária dos 18 anos; sendo esperado a iniciação

das atividades sexuais destes alunos.

GRÁFICO 3. Atividade sexual nos alunos do 3º ano do Colégio Estadual


Santos Dias, participantes do estudo.

80% 76,3%
70% 64,2%
57,6%
60%

50%
42,4%
35,8% Masculino
40%
Feminino
30% 23,7% Total
20%

10%

0%
NÃO SIM
ATIVIDADE SEXUAL

Nossos resultados são diferentes dos obtidos por MARTINS et al. (1994, p. 17),

nos quais a maioria dos jovens (65%) ainda não havia tido relação sexual e uma minoria

(13%) já era sexualmente ativa. Além disso, o estudo revelou que o início da atividade sexual

se dá entre os 14 e 17 anos, tanto para meninos como para as meninas. Em estudo da UNICEF

(2002, p. 104), com 5.280 jovens adolescentes entre 12 e 17 anos, 32,8% destes entrevistados

já haviam tido relação sexual e 61,2% não. Entre os adolescentes que responderam que já

haviam feito sexo, 61% eram meninos e 39% eram meninas. Entre os que não mantiveram

relações sexuais, 45,9% eram do sexo masculino e 54,1%, do feminino.


57

Pesquisas divulgadas pelo Ministério da Saúde e pela Agência Norte-Americana

para o Desenvolvimento Internacional (USAID), mostram dados alarmantes sobre o

comportamento dos adolescentes: no tocante à precocidade das relações sexuais, entre 1986 e

1996 dobrou o número de jovens que teve a sua primeira relação sexual entre os 15 e os 19

anos (REIS & RIBEIRO, 2002, n. p.). O número médio de filhos de mulheres adultas vem

caindo há décadas, e a taxa de fecundidade entre adolescentes está em crescimento constante.

Anualmente, 14 milhões de adolescentes no mundo tornam-se mães e 10% dos abortos

realizados são praticados por mulheres entre 15 e 19 anos. Nossos resultados apontando uma

maioria de jovens entre 15 e 20 anos sexualmente ativa confirmam essa tendência.

Em 1998, mais de 27 milhões de brasileiros (17,3% da população) tinham de 10 a

17 anos de idade, sendo que é nessa faixa de idade que ocorrem os casos de gravidez precoce.

A cada ano, um milhão de adolescentes engravida sem o desejar e cerca de 700 mil brasileiras

com idade entre 10 e 19 anos deram à luz em 1998. na zona rural em 1996, cerca de 20% das

adolescentes tinham pelo menos um filho, índice maior do que nas áreas urbanas, onde o valor

era de 13% (MATOS, 2000, n. p.).

Segundo a UNICEF (2002, p. 106-109), o não-uso da camisinha reflete-se em

outro indicador entre os adolescentes: a gravidez. Entre os adolescentes pesquisados com vida

sexual ativa, 16,6% já engravidaram a companheira ou já engravidaram. Feita a análise por

sexo, esse estudo identificou índices semelhantes para os meninos que engravidaram as

parceiras (51,6%) e para meninas que revelaram ter engravidado (48,4%). Na divisão por

faixa etária, esse estudo verificou que a gravidez é mais incidente entre 15 e 17 anos (78,7%),

mas que os demais 21,3% estavam numa faixa etária ainda menor, entre 12 e 14 anos. Em

contrapartida, a porcentagem de adolescentes entrevistados que engravidaram ou

engravidaram suas parceiras e não tiveram o filho chega a 28,8%. Os percentuais de

adolescentes que não tiveram o filho foram similares aos que engravidaram seus/suas
58

parceiros/as; 76,7% estavam na faixa etária entre 15 e 17 anos e 23,3% tinham de 12 e 14

anos. Entre os adolescentes que afirmam não ter tido o filho depois de constatada a gravidez,

63,3% eram do sexo masculino e 36,7% eram do sexo feminino.

A prevenção da gravidez é uma preocupação dos jovens, pois nosso estudo

mostrou que dos 170 alunos sexualmente ativos, 127 (74,7%) fazem o uso de métodos

anticoncepcionais (GRÁFICO 4).

GRÁFICO 4. Uso de algum tipo de método preventivo por alunos e alunas


que são sexualmente ativos, participantes do estudo.

100% 93,9%
90%

80% 74,7%
70%

60% 52,1% 47,9% Masculino


50%
Femino
40% Total
30% 25,3%
20%

10% 6,1%
0%
NÃO SIM
USO DE MÉTODOS ANTICONCEPCIONAIS

No entanto, apesar de minoritária, é preocupante o percentual de 15,3% de alunos

que não utiliza nenhum método preventivo. A preocupação é maior em relação aos homens,

onde dos 71 (100%) sexualmente ativos, 37 (52,1%) não usam nenhum tipo de método

preventivo. Este fenômeno ocorre provavelmente devido a educação tradicional e/ou informal
59

que os meninos recebem na sociedade, onde a mulher é a total responsável pelo controle da

natalidade. Entre as 99 (100%) mulheres sexualmente ativas, 93 (93,9%) utilizam algum

método preventivo, um índice alto comparado a outro estudo. Por exemplo, PRESTES et al.

(1994, p. 23), encontraram na população de escolares que mantinham relações sexuais, que

68,36% das mulheres o faziam usando algum método preventivo, 26,53% das mulheres não e

5,12% não responderam. Em relação aos homens, 63,5% faziam uso de métodos

anticoncepcionais, 32,84% dos homens não fazem e 3,64% não responderam. Segundo a

UNICEF (2002, p. 104), entre os que disseram que usam preservativo em todas as suas

relações sexuais, 35,1% eram do sexo feminino e 64,9%, do masculino. Entre os que

declararam ter relações prevenidas “às vezes”, 53,3% são meninos e 46,7% são meninas.

Entre os que disseram nunca ter usado preservativo em suas relações sexuais, 64,5% são do

sexo masculino e 35,5% do feminino, resultados diferentes dos obtidos em nosso estudo, onde

é nítido o predomínio da preocupação das mulheres com o uso de métodos anticoncepcionais.

Em nosso estudo verificamos também que 93 (100%) mulheres que fazem uso de métodos

anticoncepcionais, algumas não usam apenas um método preventivo, 69 (74,2%) utilizam a

pílula anticoncepcional; 58 (62,4%) preferem ou também utilizam a camisinha masculina;

cinco (5,4%) a injeção de hormônio; quatro (4,3%) usam a tabelinha; quatro (4,3%) utilizam o

coito interrompido; uma (1,1%) a ducha vaginal e uma (1,1%) a laqueadura de trompas

(GRÁFICO 5).

Entre os 34 homens que utilizam métodos anticoncepcionais, 31 (91,2%) fazem

uso da camisinha masculina e apenas três (8,8%), usam indiretamente a pílula

anticoncepcional, em conjunto com a camisinha, como método preventivo com a sua parceira

(GRÁFICO 6).
60

GRÁFICO 5. Freqüência de usos de métodos anticoncepcionais pelas


mulheres sexualmente ativas.

74,2%
80%
62,4%
70%
60%
50%
40%
30%
20% 4,3%
5,4% 4,3% 1,1% 1,1%
10%
0%

Pílula Camisinha Injeção de hormônio


Tabelinha Coito interrompido Ducha vaginal
Laqueadura de trompas

GRÁFICO 6. Percentagem dos métodos anticoncepcionais mais usados


pelos homens sexualmente ativos.

8,8% Camisinha
Pílula (parceira)

91,2%
61

Isso demonstra um maior conhecimento e uso de métodos anticoncepcionais do

que o encontrado na pesquisa feita por LINS et al. (1988, p. 129), somente com mulheres.

Esse estudo revelou que 49% das jovens desconheciam os métodos e que entre os métodos

anticoncepcionais utilizados pelas jovens com vida sexual ativa, 21% referiram usar a

camisinha masculina, 8% usam pílulas anticoncepcionais, e 2% usavam métodos de ovulação

(tabelinha). O estudo de BRUNO et al. (1992, p. 324), encontrou que os métodos

anticoncepcionais de escolha entre adolescentes eram: anovulatório oral (51,7%), camisinha

(12,4%), DIU (6,2%) e diafragma (0,5%). O coito interrompido e a tabela não foram

escolhidos por nenhuma adolescente.

No estudo feito pela UNICEF, analisando o uso da camisinha a partir da variável

grau de escolaridade, percebe-se que a consciência com relação ao sexo seguro cresce

proporcionalmente ao nível de instrução dos adolescentes entrevistados (o que inclui o uso

esporádico e o não-uso da camisinha). Entre os que nunca usaram, 36,3% estão entre a pré-

escola e 4ª série, 33,1% estão entre a 5ª e 8ª série do Ensino Fundamental e 11,2% estão no

Ensino Médio. Inversamente, entre os que usam o preservativo todas as vezes, 40,1% estão no

Ensino Médio, 32,1% entre a 5ª e a 8ª série e 14,3% entre a pré-escola e a 4ª série do Ensino

Fundamental (UNICEF, 2002, p. 105).

Em nosso trabalho, os alunos citaram os métodos anticoncepcionais mais

conhecidos por eles (GRÁFICO 7). Estes métodos foram citados na seguinte seqüência:

camisinha masculina, 245 (92,5%); pílula anticoncepcional, 235 (88,7%); dispositivo intra-

uterino (DIU), 160 (60,4%); tabelinha, 94 (35,5%); diafragma, 93 (35,1%); camisinha

feminina, 75 (28,3%); injeção de hormônio, 45 (17,0%); coito interrompido, 38 (14,3%);

espermicida, 37 (14,0%); vasectomia e/ou laqueadura, 37 (14,0%); abstinência sexual, oito

(3,0%); ducha vaginal, quatro (1,5%) e pílula do dia seguinte, duas (0,8%).
62

GRÁFICO 7. Conhecimento dos métodos anticoncepcionais pelos alunos


do 3º ano do Colégio Estadual Santos Dias, participantes da
pesquisa.

100% 92,5% 88,7%


90%
80%
70% 60,4%
60%
50% 35,5%
40% 35,1%28,3%
30% 17,0%
20% 14,0%14,0%
10% 14,3% 3,0%1,5%0,8%
0%
Camisinha masculina Pílula anticoncepcional D.I.U.
Tabelinha Diafragma Camisinha feminina
Injeção de hormônio Coito interrompido Espermicida
Método cirúrgico Abstinência sexual Ducha vaginal
Pílula do dia seguinte

Segundo REIS & RIBEIRO (2002, n. p.), os adolescentes têm o acesso facilitado

às pílulas anticoncepcionais, ao diafragma, à camisinha. Os meios de comunicação e as

escolas fazem freqüentes campanhas de esclarecimento. Os serviços de saúde estão à

disposição para prestar informações. No entanto, as estatísticas brasileiras demonstram que

apenas 14% das jovens de 15 a 19 anos utilizam métodos preventivos; e somente 7,9% delas,

a pílula.

Após os alunos citarem os métodos conhecidos, eles indicaram os melhores

métodos anticoncepcionais, optando apenas por um dentre aqueles que eles descreveram

anteriormente (GRÁFICO 8).


63

GRÁFICO 8. Melhores métodos anticoncepcionais segundo os alunos do 3º


ano do Colégio Estadual Santos Dias.

56,6%
Camisinha masc./fem.
60%

50% Pílula anticoncepcional

40% Injeção de hormônio

30% 20,0% Método cirúrgico

20% Abstinência sexual


7,2%
4,9%
10% 1,9% 0,8% D.I.U.
0%

Para 150 (56,6%) alunos o melhor método preventivo seria a camisinha masculina

e/ou feminina. Este dado demonstra a importância da mídia ao fazer propaganda do uso da

camisinha para a prevenção da AIDS, formando assim uma consciência entre as pessoas no

que diz respeito à prevenção das DST e uso adequado dos métodos anticoncepcionais. Em

segundo lugar, ficou a pílula anticoncepcional, onde 53 (20,0%) a preferem, principalmente

pelo seu baixo custo e fácil utilização. Em seguida os outros melhores métodos

anticoncepcionais indicados pelos alunos foram: injeção de hormônio, 19 (7,2%); método

cirúrgico (vasectomia e/ou laqueadura), 13 (4,9%); abstinência sexual, cinco (1,9%) e

dispositivo intra-uterino (DIU), dois (0,8%). Os resultados confirmam a pesquisa feita por

PEREIRA & TEIXEIRA (2000, p. 765), que mostraram que quando perguntados a respeito

dos métodos anticoncepcionais 46,41% dos alunos de escolas do município do Rio de Janeiro,

optaram pelo uso do preservativo, demonstrando ser o método preventivo mais conhecido

entre eles. Este fato pode ser conseqüente a aspectos como: informações veiculadas pela
64

mídia através das campanhas sobre a AIDS, por ser o método de mais fácil acesso e por ser de

mais fácil uso.

NASCIMENTO & LOPES (2000, p. 109), verificaram a prática do uso de

preservativo, e dentre os que responderam a esta questão, encontraram 61,7% que sempre

usavam, seguido pelos 32,0% que usavam às vezes e 6,3% que nunca usavam. Assim, 38,3%

apresentam alto risco de adquirirem uma DST/AIDS, indicando a necessidade de se

desenvolver programas de educação em saúde junto a esta clientela estudantil.

3.2.3. Conhecimento sobre conseqüências de atividade sexual sem o uso de métodos

anticoncepcionais:

Em um universo de 265 (100%) alunos que participaram deste trabalho, apenas 11

(4,2%) tiveram alguma DST. Entre os rapazes quatro (4,3%) responderam que já tiveram

algum tipo de DST, sendo que a gonorréia ou blenorragia foi citada por três alunos e apenas

um aluno citou a sífilis. Entre as mulheres, sete (4,1%) já tiveram uma DST, com maior

incidência de candidíase (ou outras vulvovaginites) e apenas uma aluna citou o vírus do

papiloma humano (HPV).

Em relação ao aborto, 166 (62,6%) dos alunos conhecem alguém que já o fez.

Entre as mulheres, os números são mais altos, já que 130 (75,6%) destas conhecem alguma

pessoa que praticou aborto, enquanto que entre os homens 36 (19,4%) têm este conhecimento.

O fato das mulheres estarem em maior porcentagem deve-se, principalmente, à amizade e a

troca de confidências e conselhos entre elas, sobre sexualidade.

Dos alunos participantes deste trabalho, 197 (74,2%) são totalmente contra a

prática do aborto; 53 (20,0%) descreveram que depende da situação, tais como estupro e/ou
65

risco de vida da mãe; enquanto que apenas dez (3,8%) são a favor do aborto e cinco (2,0%)

alunos não descreveram nenhum tipo de comentário (GRÁFICO 9).

GRÁFICO 9. Opiniões dos alunos do 3º ano do Colégio Estadual Santos


Dias, sobre a prática do aborto.

CONTRA
74,2% 20,0%
DEPENDE

FAVOR

NÃO OPINARAM

3,8%
2,0%

3.3. MORFOFISIOLOGIA DO APARELHO SEXUAL:

Segundo MAZÍN (2000a, p. 26), um motivo freqüente de preocupação entre os

jovens durante a puberdade são as mudanças que se produzem neles. Mas também causa um

certo constrangimento a demora no aparecimento desses sinais esperados de que seu corpo

está virando um corpo adulto. Assim, consideramos um bom ponto de partida, numa aula de

anatomia e fisiologia sexual humana, falar da transformação da puberdade, que é um

fenômeno próximo da realidade do jovem. Este momento inicial foi aproveitado para frisar a

variabilidade da espécie humana e a diversidade de ritmo no desenvolvimento fisiológico.

Posteriormente usou-se o recurso audiovisual (retroprojetor e vídeo). Figuras, fotos e

esquemas sobre órgãos sexuais; ciclo menstrual e fecundação. Vídeos educacionais sobre
66

sexualidade; doenças sexualmente transmissíveis (DST) e métodos anticoncepcionais. Sempre

usando técnicas de debates e discussões sobre o tema.

3.4. JÚRI SIMULADO:

Durante o debate sobre o aborto, os alunos que eram contra a prática do aborto, se

baseavam principalmente, no fato de ser um crime contra um ser vivo que não tem como se

defender, além de citarem a falta de responsabilidade por parte do casal no que diz respeito às

informações sobre o uso adequado dos métodos anticoncepcionais. Já os alunos que estavam a

favor da prática do aborto, citaram o caso do estupro e do risco de vida para a mãe. Eles

também citaram a falta de informações sobre os melhores métodos anticoncepcionais,

afirmando que não são todos os adolescentes que recebem informações adequadas dos pais

e/ou educadores (QUADRO 3).

No quadro sintético das opiniões dos alunos sobre o aborto, como conseqüência

dos debates ocorridos na atividade do “júri simulado”, ficou claro que os alunos indicaram

que o motivo do grande número de abortos praticados pelos adolescentes está diretamente

ligado com a falta de informações sobre os métodos anticoncepcionais ou ainda, a falta de

responsabilidade por parte do casal, que praticam sexo sem usar nenhum tipo de método

preventivo.

Por ano, são mais de 600.000 partos de adolescentes no Brasil (PINTO, 2001b, n.

p.), por ano, são feitos algo em torno de 500.000 abortamentos no Brasil, todos clandestinos e

ilegais, uma vez que nossa legislação os proíbe. Com isso, podemos estimar que 1.100.000

adolescentes engravidam por ano no Brasil. A expectativa é de que uma em cada 17

adolescentes engravide nos próximos meses. O Brasil, segundo a OMS, é o país onde mais se
67

QUADRO 3. Principais opiniões, sobre a prática do aborto, dadas pelos


alunos do 3º ano do Colégio Estadual Santos Dias, durante o
debate em sala de aula.

CONTRA O ABORTO A FAVOR DO ABORTO


 Somente em caso de estupro ou
 Crime (lei brasileira); risco de morte da mãe (lei

 O casal deve procurar brasileira);

informações sobre métodos  Falta de informações sobre os


anticoncepcionais adequados, métodos anticoncepcionais
antes da prática do sexo; adequados ao casal, antes da

 Falta de responsabilidade por prática do sexo;

parte do casal, que faz sexo  Idade do casal (perda da infância


sem nenhum uso de método / adolescência);
preventivo;
 Falta de responsabilidade para
 Criança não tem culpa (não cuidar de um filho, devido a
tem como se defender); idade do casal;

 Clínicas clandestinas: risco de  Condições financeiras do casal


esterilidade e de morte da mãe; de baixa renda (o casal ainda

 Em vez de abortar, doar para estuda e não tem nenhuma

fundações ou instituições de perspectiva profissional);

apoio à família.  Livre arbítrio por parte do casal


(poder de escolha).
68

pratica aborto (10% dos abortos mundiais), sendo que para cada criança que nasce, duas são

abortadas. São 13.090 abortos por dia; 570 por hora; 0,5 por minuto. Como conseqüência do

aborto praticado por parteiras e curiosas, ou por médicos em lugares sem a mínima condição

de higiene, são muitos os casos em que a mulher sofre seqüelas graves. Segundo

BIANCARELLI (1997, n. p.), quase 20% das mulheres que tiveram complicações com aborto

clandestino e foram internadas em hospitais públicos da cidade de São Paulo tinham 19 anos

ou menos. Outras 53% tinham entre 20 e 39 anos. Entre as oito mulheres que morreram de

aborto em 1994 em São Paulo, três tinham 17 anos ou menos. Os estudos indicam que o

número de abortos corresponderia a cerca de 20% de nascimentos. Por essa estimativa, cerca

de 400 mil abortos provocados aconteceriam por ano na cidade de São Paulo.

Fica claro que se faz necessário de esclarecer aos nossos adolescentes que a

maternidade e a paternidade implicam em: assumir responsabilidades, aceitar os aspectos

físicos e emocionais da gravidez e do cuidado infantil, considerar as necessidades dessa

criança por pelo menos 18 anos, aprender e praticar habilidades paternas e planejar

necessidades financeiras. Por isso, uma gravidez não programada repercute mais

negativamente do que positivamente. Poucos adolescentes conseguem tirar algum ganho

desse momento de perdas (LOPES & MAIA, 2001b, p. 57).

SCHEMO (2000, n. p.), demonstrou, que em pesquisa feita nos Estados Unidos,

cerca de 84% dos pais querem que a Orientação Sexual explique como obter e utilizar

técnicas de controle de natalidade. Um número ainda maior de pais quer que as escolas

ensinem as crianças como fazer teste para detectar o HIV, como reagir a pressões para fazer

sexo, como discutir métodos anticoncepcionais com um parceiro e como lidar com as

conseqüências emocionais do sexo. Em outra pesquisa no mesmo país, mostrou que os pais

querem que seus filhos recebam informações práticas sobre sexualidade. As questões mais

apontadas sobre como usar a camisinha (85%) e métodos preventivos (84%). Destacam ainda
69

a importância de ensinar os jovens a conversar com seus parceiros (88%), conseqüências de se

tornar sexualmente ativo (94%), aborto (79%) e Orientação Sexual (76%). Conclui-se que não

é por falta de apoio da família que as escolas devem evitar falar de sexo com os alunos

(ZENTI, 2000, n. p.).

3.5. AVALIAÇÃO:

No final do conjunto das atividades, os alunos receberam um questionário

contendo questões referentes ao tema de sexualidade abordados durante o desenvolvimento

destas (QUADRO 4). O papel desta avaliação decorreu das próprias metas educacionais

estabelecidas pelas atividades. Assim a avaliação se destinou a obter informações e subsídios

capazes de mostrar o desenvolvimento dos alunos e a ampliação de seus conhecimentos sobre

o tema sexualidade. A seguir são colocados os resultados desta avaliação.

Em um universo de 265 (100%) alunos, 189 (71,4%) responderam que

aprenderam alguma coisa que não sabiam antes, enquanto que 76 (28,6%), responderam que

sexualidade não era novidade (GRÁFICO 10).

Em relação à importância do tema sexualidade (QUADRO 5), 242 (91,3%) alunos

disseram que este tema era importante e apenas 23 (8,7%) alunos não achavam tão importante

para serem debatidos nas escolas (GRÁFICO 11). Sobre a sexualidade, foi perguntado aos

alunos, qual(is) tema(s) que eles mais gostaram (GRÁFICO 12), métodos anticoncepcionais

foi o tema preferido por 97 (36,6%) alunos, em seguida vieram, DST/AIDS, com 92 (34,7%)

votos; aborto, 84 (31,7%); todos os temas, 36 (13,6%); prevenção de DST/AIDS, 34 (12,8%);

gravidez indesejada, 14 (5,3%) e fecundação, 12 (4,5%).


70

QUADRO 4. Questionário de avaliação sobre as atividades de sexualidade,


que foi respondido pelos alunos do 3º ano do ensino médio
do Colégio Estadual Santos Dias.

1. Idade: _______.
2. Sexo:

 Masculino  Feminino
3. Você aprendeu alguma coisa que não sabia? Se respondeu SIM, cite uma:

 SIM  NÃO
Aprendi:...............................................................................................................................
.............................................................................................................................................
.............................................................................................................................................
4. Você acha que este assunto de sexualidade é importante nas escolas? Por que?

 SIM  NÃO
Por que?...............................................................................................................................
.............................................................................................................................................
.............................................................................................................................................
5. Sobre a sexualidade, qual tema que você mais gostou?
.............................................................................................................................................
.............................................................................................................................................
.............................................................................................................................................
6. Agora você se sente capaz de repassar as informações que você obteve, para outras
pessoas (amigos, colegas de escola ou familiares)?

 SIM  NÃO
Por que?...............................................................................................................................
.............................................................................................................................................
.............................................................................................................................................
7. Quando falamos a respeito do preservativo, como uma das formas de prevenção às
DST/AIDS e gravidez indesejada, você vê como um incentivo à prática sexual?

 SIM  NÃO
Por que?...............................................................................................................................
.............................................................................................................................................
71

GRÁFICO 10. Percentagem dos alunos que responderam a questão, sobre o


tema sexualidade: “Você aprendeu alguma coisa que não
sabia?”

Aprenderam algo que


não sabiam
71,4% 28,6% Sexualidade não era
novidade

GRÁFICO 11. Percentagem dos alunos que responderam a questão sobre a


importância do tema sexualidade nas escolas.

Acham importante
8,7%
Não acham
importante

91,3%
72

QUADRO 5. Comentários representativos, descritos pelos alunos do 3º ano


do ensino médio do Colégio Estadual Santos Dias, em relação
ao que eles acham sobre a importância da Orientação Sexual
nas escolas: “Você acha que este assunto de sexualidade é
importante nas escolas? Por que?”.

“Sim. Porque os alunos ficam sabendo de várias informações que não


sabiam antes. Muitas vezes os pais não fornecem em casa, ou de repente, não
sabem.” (aluna – 19 anos)

“Sim. Muitas pessoas, hoje em dia fazem o que não devem por falta de
orientação. Também é importante, pois hoje em dia é muito difícil o diálogo
familiar e nas escolas tendo isso não vai solucionar, mas somará para a
melhora.” (aluna – 17 anos)

“Não. Porque não vejo necessidade deste assunto na escola.” (aluno – 21


anos)

“Sim. Porque é um meio mais aberto, livre de se debater e aprender.”


(aluna – 42 anos)

“Sim. Se desde crianças fossemos educados sobre estes determinados


assuntos, as coisas não estariam como estão. As pessoas lidariam melhor
com essas coisas.” (aluna – 18 anos)

“Não. Pois penso que isto possa influenciar os jovens para praticarem sexo
livremente.” (aluna – 36 anos)

“Sim. Às vezes em casa não se tem a liberdade de comentar com os pais e,


principalmente para os alunos terem a mente aberta e usarem isso para a
vida.” (aluna – 19 anos)

“Sim. Poder levar informações, e orientar pessoas que não entende sobre a
sexualidade.” (aluno – 19 anos)

“Não. Por causa do aumento da liberdade sexual.” (aluno – 20 anos)

“Sim. Nas escolas se tem mais liberdade, mais diálogo. O que não ocorre em
muitas famílias.” (aluno – 17 anos)

“Sim. Porque dá a oportunidade dos alunos aprenderem alguma coisa que


talvez em outros lugares não iriam aprender.” (aluno – 18 anos)
73

GRÁFICO 12. Relação dos temas sobre sexualidade que os alunos mais
gostaram durante as atividades.

36,6%
40% 34,7%
31,7%
30%

20% 13,6% 12,8%

10% 5,3% 4,5%

0%
Métodos anticoncepcionais DST/AIDS
Aborto Todos os temas
Prevenção de DST/AIDS Gravidez indesejada
Fecundação

GRÁFICO 13. Percentagem dos alunos que se sentiam capazes ou não de


repassarem as informações que obtiveram, sobre
sexualidade, para outras pessoas (amigos, colegas de escola
e/ou familiares).

80,4%
Acham-se capazes

Não se acham capazes


19,6%
74

Em seguida, foi perguntado aos alunos, se eles se sentiam capazes de repassar as

informações que obtiveram durante estas atividades, para outras pessoas (amigos, colegas de

escola e/ou familiares). Do total de alunos, 213 (80,4%), responderam que sim, enquanto que

52 (19,6%) alunos não se achavam ainda capazes de repassarem estas informações

(GRÁFICO 13).

A última pergunta da avaliação aplicada, relaciona-se com uma grande discussão

entre educadores e pais e/ou responsáveis, sobre o tema sexualidade, ser uma forma de

incentivo ou não ao sexo entre os adolescentes. Foi perguntado aos alunos, se quando falamos

a respeito do preservativo, como uma das formas de prevenção às DST/AIDS e gravidez

indesejada, eles viam como um incentivo à prática sexual. Dos 265 (100%) alunos, 196

(74,0%) responderam não ter nenhuma relação com o incentivo, enquanto que 69 (26,0%)

alunos achavam que o tema pode incentivar os adolescentes à prática sexual (GRÁFICO 14).

O QUADRO 6 mostra alguns desses comentários:

GRÁFICO 14. Resultado das respostas dadas pelos alunos, sobre a


Orientação Sexual nas escolas, ser uma forma de incentivo
ou não ao sexo entre os adolescentes.

74,0%
Não incentiva
26,0% Incentiva
75

Segundo ERCOLIN (2002, n. p.), conversar sobre sexo não é falar sobre o ato

sexual, é falar sobre ser pessoa, sobre como lidar com o próprio corpo, sobre respeito a seus

limites e aos do outro. É falar sobre como se desenvolver de forma madura e consciente.

A Orientação Sexual tem sido freqüentemente acusada de influenciar os jovens a

se iniciarem sexualmente mais cedo; contudo, os adolescentes de hoje estão quase sempre

adiantados em relação à idade, e convém não esquecer que os acidentes sexuais não

costumam acontecer porque os jovens sabem muito sobre sexo, mas, sim, porque não estão

suficientemente informados e orientados, por falta de franqueza dos adultos ou por

informações distorcidas, recebidas em proporções exageradas (VALLADARES, 2001, p. 28-

29).

3.6. ORIENTAÇÃO SEXUAL NA ESCOLA:

Estar com os adolescentes durante o período da vida em que eles estão

descobrindo o sexo, orientando-os neste momento, é papel dos pais e da escola. Os

adolescentes estão sim, despertando para o sexo, e nós, enquanto pais e educadores,

necessitamos estar abertos para ajudá-los a encarar a sexualidade com naturalidade, pois

afinal ela faz parte do desenvolvimento humano, sexo é uma coisa bonita, mostra afetividade,

amor. Assim sendo, falar sobre sexo não vai fazer os nossos adolescentes partirem para uma

vida sexual inadequada, muito pelo contrário; falar sobre sexo ajuda os adolescentes a se

conhecerem, a respeitarem a si próprios e ao outro e principalmente, a tomarem decisões mais

responsáveis perante a sexualidade, gerando menos culpas e medos (AMARAL, 2001, n. p.).
76

QUADRO 6. Comentários representativos dos alunos do 3º ano do ensino


médio do Colégio Estadual Santos Dias, em relação ao
incentivo à prática sexual: “Quando falamos a respeito do
preservativo, como uma das formas de prevenção às
DST/AIDS e gravidez indesejada, você vê como um incentivo
à prática sexual? Por que?”.

“Não. Primeiro o nome já diz preservativo e segundo que incentivo não


precisa ninguém falar é só ligar e ver televisão que em qualquer horário se
encontra uma forma de incentivo.” (aluna – 19 anos)

“Sim. Já que se fala em preservativo, é justamente para se fazer sexo se


prevenindo, é para evitar doenças e gravidez, e não o sexo.” (aluna – 19
anos)

“Não. São apenas informações muito importantes.” (aluna – 18 anos)

“Sim. Porque principalmente o adolescente vai se sentir totalmente


prevenido de todos os riscos e conseqüências.” (aluno – 19 anos)

“Não. Está apenas ensinando como prevenir nada mais.” (aluno – 17


anos)

“Sim. Se não houvesse meio de prevenir as pessoas ficariam com medo de


uma gravidez indesejada. Com a prevenção as pessoas se sentem mais a
vontade na hora da prática sexual.” (aluna – 19 anos)

“Não. Porque acho que a informação é sempre importante.” (aluna – 22


anos)

“Sim. Porque com o sexo seguro existe mais liberdade, tranqüilidade, então
aumenta sim a prática sexual.” (aluna – 40 anos)

“Não. Porque faz quem quer, mas o negócio é fazer, praticar, mas com
segurança.” (aluna – 19 anos)
77

Segundo trabalho de LINS et al. (1988, p. 127), a orientação que o jovem recebe

sobre Orientação Sexual tem origem nas três grandes Instituições – família, escola, igreja. O

maior índice observado recai sobre a família com 60% abrangendo os dois sexos, seguindo-se

da escola com 48% e dos serviços de saúde com 28%. A participação da igreja tem sido

pequena, observando-se que ocorreram em apenas 11% dos casos. Na família, a origem da

informação recaiu principalmente sobre a mãe (36%), o pai (21%) e os irmãos (19%). Na

escola a orientação recaiu principalmente sobre o professor (47%), seguindo dos profissionais

de saúde com 18%. Esses dados mostram a importância que deve ser dada a preparação do

professor, no que diz respeito à Orientação Sexual, vez que são os mais procurados devido à

convivência e à confiança. De outro modo, a indicação de profissionais de saúde nos colégios

é também importante porque eles têm a formação específica sobre o tema.

NASCIMENTO & LOPES (2000, p. 110), verificaram quais são as pessoas com

quem os alunos mais conversam sobre DST/AIDS, encontrando os amigos com 69,7%; os

pais com 35,7%; namorado/a 23,8%; professor com 13,0% e profissionais de saúde com

7,1%. Além disso, verificaram também os motivos pelos quais os pais não conversam com

seus filhos, sobre DST/AIDS, assim especificados: não gostam de falar sobre o assunto

34,0%; por falta de oportunidade 31,2%; não tem pais 30,0%; pouco diálogo com os pais

12,6% e não dominam o assunto 2,0%. Conseqüentemente fica clara a idéia das dificuldades

que os pais têm para conversar com seus filhos, o que de certa forma pode ser prejudicial para

a sua formação na Orientação Sexual, levando os jovens a procurar conhecimentos em outras

localidades, e não no meio familiar.

Em recente pesquisa feita pela UNICEF (2002, p. 101-102), falar sobre

sexualidade não é uma atitude comum para a maioria dos adolescentes entrevistados.

Enquanto 32% dos entrevistados revelaram ter conversado sobre sua sexualidade, 64% nada

comentaram sobre o assunto. Entre os entrevistados que afirmaram ter discutido a sua
78

sexualidade recentemente, os interlocutores são, preferencialmente, os amigos (56%). Em

seguida, aparecem os familiares (10%), namorados(as) (6%), e professores (6%). Entre os que

não discutiram, a justificativa maior é não ter tido vontade (38%) e não ter com quem discutir

(16%). Em busca de Orientação Sexual, é na família que os adolescentes encontram

informações mais esclarecedoras (54%). Em segundo lugar fica a escola (48%). Em terceiro,

os amigos (46%) e a mídia (46%). Em quarto lugar os postos de saúde (29%).

De acordo com PINTO (2001a, n. p.), geralmente, uma ou duas palestras com os

pais são suficientes para demonstrar para a maioria deles o alto potencial educativo da

Orientação Sexual na escola. Isso pode e deve ser complementado por uma sincera

disponibilidade do profissional para atender pessoalmente os pais que assim o desejarem,

quando o desejarem, mesmo depois de iniciado o trabalho com os jovens. Nestes contatos e

nessas palestras deve ficar muito claro que a escola não concorre com a família na Orientação

Sexual dos jovens, mas tem um papel complementar, como, de resto, é o seu papel em todo o

processo educacional. É em casa, através dos exemplos, dos afetos e do diálogo que

verdadeiramente educamos nossos filhos.

Atualmente, pesquisas revelam que mais de 50% das mulheres têm problemas

sexuais, que começaram, no caso da maioria delas, na adolescência (ROJTENBERG, 2002, n.

p.). Esses problemas, muitas vezes bastante graves, são geralmente decorrentes da total falta

de apoio no período das descobertas sexuais. A repressão sexual na sociedade, nas famílias,

nos colégios é um dos fatores mais fortes da falta de prazer feminino e da disfunção erétil

masculina na fase adulta. Se não começarmos agora a mudar a nossa filosofia educacional no

que diz respeito à sexualidade, certamente teremos no futuro um mundo com adultos cheios

de problemas. Estamos muito avançados no que diz respeito à tecnologia, mas no que se

refere à sexualidade ainda vivemos na Idade da Pedra. Não sabemos responder à grande

maioria das perguntas sobre sexo, não sabemos o que fazer com nossos filhos quando entram
79

na fase da descoberta da sexualidade e ainda assim observamos um grande “frisson” quando

se promove um a palestra sobre sexo. É sinal de que algo não vai bem.

Para BOCARDI (1998, p. 46), constantemente a adolescente tem necessidade de

sonhar, escolher ideais com os quais possa identificar-se, refugiar-se na fantasia para realizar

suas experiências e conquistas. As primeiras relações sexuais não serão programadas e sim

imprevisíveis, se não houver desde a infância entre a família e a adolescente, diálogos

constantes, contínuos, carinhosos, com olho no olho. A sensação e a emoção ocorrem em

momentos inesperados, sem lugar programado, e a adolescente acaba vivenciando uma

situação nova, tendo até a primeira relação sexual com alguém de quem nem gosta tanto,

como forma de compensar frustrações de um namorado que nunca teve ou deixou de existir,

fantasiando sobre a paixão que gostaria de vivenciar.

As informações técnicas são importantes e devem continuar a ser oferecidas às

crianças que estão entrando na adolescência, e aos jovens. Os programas de Orientação

Sexual, transmitidos pelas escolas, vêm cumprindo papel fundamental, já que permitem o

diálogo e a circulação sobre a sexualidade. Os meios de comunicação e as campanhas

publicitárias também abordam com freqüência esse assunto, particularmente visando a

prevenção das doenças sexualmente transmissíveis, como a AIDS. Porém dar apenas

informações técnicas aos jovens não basta. É muito importante que também sejam orientados

em casa, na família. É essencial que possam fazer perguntas, conversar com amigos e parentes

mais velhos e se aconselhar quanto à escolha do melhor método anticonceptivo. O importante

é que falem e sejam ouvidos. Esse canal de comunicação precisa ser criado e mantido, tanto

com a filha, desde a sua primeira menstruação, quanto com o filho (REIS & RIBEIRO, 2002,

n. p.).

Na atividade que denominamos “culminância”, os alunos sistematizaram e

expressaram seus novos conhecimentos e suas preocupações sobre o tema sexualidade,


80

através da confecção de painéis descritivos, textos, peças de teatro elaborados por eles

próprios (FIGURAS 4 e 5). Acreditamos que esse caminho deve ser mais e mais perseguido,

aperfeiçoado, novas atividades agregadas, mas a mensagem principal que queremos transmitir

é a de que vale a pena. Orientação Sexual nas escolas vale a pena.


81

FIGURA 4. História em quadrinhos, montada por alunos, mostrando a


prevenção de doenças sexualmente transmissíveis, como a
AIDS.

FIGURA 5. Campanha de prevenção da AIDS construída por alunos do


Colégio Estadual Santos Dias.
82

4. CONCLUSÕES:

Os dados obtidos neste trabalho sobre Orientação Sexual, sugerem que os alunos

reconhecem a importância do conhecimento da sexualidade, assim como a necessidade de

conhecer os melhores métodos de prevenção para as DST/AIDS e para a gravidez indesejada,

através do uso de métodos preventivos adequados.

A Orientação Sexual na escola se justifica, já que 25.3% dos alunos sexualmente

ativos não utilizam nenhum método preventivo, apresentando um maior risco para uma

gravidez indesejada e/ou contaminação por uma DST/AIDS.

A maioria dos alunos, que participou deste trabalho, concordou que o maior

culpado do grande número de abortos praticados pelos adolescentes está diretamente ligado

com a falta de informações sobre os métodos anticoncepcionais ou ainda, a falta de

responsabilidade por parte do casal, que praticam sexo sem usar nenhum tipo de método

preventivo.

O fato dos alunos citarem que o método preventivo mais conhecido por eles é a

camisinha (92,5%), indica a importância da Orientação Sexual dada pelos pais e educadores

aos adolescentes, além da contribuição dada pela mídia ao se fazer propagandas e campanhas

estimulando o uso da camisinha na prevenção da AIDS. Além disso, os alunos indicaram a

camisinha masculina e/ou feminina (56,6%) como o melhor método preventivo, pois o

preservativo de látex (camisinha), além de evitar uma gravidez indesejada evita a transmissão

de DST/AIDS.

Este trabalho demonstrou aos adolescentes, a participação ativa e conjunta do

homem e da mulher em relação à responsabilidade na escolha dos melhores métodos

anticoncepcionais para o casal, enfatizando que não somente a mulher tem responsabilidades,
83

mas também o homem, como responsável ao processo de controle de natalidade e/ou gestação

do casal.

Torna-se claro que a melhor solução contra a gestação indesejada e/ou DST/AIDS

é evitá-los, através do conhecimento e uso adequado dos métodos anticoncepcionais e da

prevenção dessas doenças, respectivamente.

Todas e quaisquer tipos de informações relacionadas com o tema sexualidade, são

importantes e devem sempre, serem oferecidas aos jovens, tanto às crianças, quanto aos

adolescentes. Os programas de Orientação e/ou Educação Sexual de instituições de ensino são

fundamentais, já que permitem uma metodologia participativa de todos, através de discussões

e debates sobre a sexualidade, fazendo com que o jovem escolha o seu próprio caminho.

Contudo, estas informações técnicas, oferecidas em escolas, aos jovens, não são suficientes.

Os jovens também devem ser orientados pela família. Pois, somente com o

diálogo aberto, desde a infância e com as descobertas sexuais, as dúvidas dos jovens em

relação à sexualidade diminuirão, além destes ficarem mais íntimos com a prevenção das

doenças sexualmente transmissíveis e os principais métodos anticoncepcionais, evitando

futuras experiências equivocadas.


84

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

AGRA, A. Educação preventiva: aspectos da vulnerabilidade docente. p. 69-79. In: PINTO,


T. & TELLES, I. S. (Orgs.) AIDS e Escola – Reflexões e Propostas do EDUCAIDS.
São Paulo: Ed. Cortez; Pernambuco: UNICEF. 2000. 176 p.

ANGELOTTI, G. A descoberta do corpo. Guia do Sexo. [online]. Disponível: <http://


cadernodigital.uol.com.br/guiadosexo/artigos/descobertadocorpo.htm> [capturado em
25 de jul. de 2001].

AMARAL, M. L. S. Sexualidade na adolescência. Guia do Sexo. [online]. Disponível:


<http://cadernodigital.uol.com.br/guiadosexo/artigos/sexualidadenaadolescencia.htm>
[capturado em 25 de jul. de 2001].

BARROSO, C. Aborto. p. 63-70. In: BARROSO, C. & BRUSCHINI, C. Sexo e Juventude.


Como Discutir a Sexualidade em Casa e na Escola. 7ª edição. São Paulo: Ed. Cortez.
2000. 91 p.

BIANCARELLI, A. Perfil de mulheres que interrompem a gravidez, divulgado por


pesquisadora, mostra que famílias ignoram gestação. A Folha de São Paulo. [online].
31/08/1997. Disponível: <http://www.uol.com.br/fsp/cotidian/ff310826.htm> [capturado
em 04 de jun. de 2001].

BOCARDI, M. I. B. Gravidez na Adolescência: O Parto Enquanto Espaço do Medo. São


Paulo: Arte & Ciência, 1998. 127 p.

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Ministério da Educação e do Desporto.


Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN): Pluralidade Cultural e Orientação
Sexual. Volume 10. Brasília. 1997. 164 p.

BRITO, E. A. & FAVARETTO. J. A. Biologia – Uma Abordagem Evolutiva e Ecológica.


Volume 2. 1ª edição. São Paulo: Ed. Moderna. 1997. 655 p.

BRUNO, Z. V.; OLIVEIRA, F. C.; BEZERRA, M. F.; BANDEIRA, I. S. & DIAS, M. L. C.


M. Anticoncepção na adolescência. Femina. Vol. 20, n. 4. Abril. 1992, p. 322-324.

BRUNO, Z. V.; SOUSA, M. A.; TEIXIERA, L. G. M.; SILVA, R. B.; SILVA, R. B.;
GUANABARA, E. M. & OLIVEIRA, F. C. Sexualidade e anticoncepção na
adolescência: conhecimento e atitude. Reprodução & Climatério. Vol. 12, n. 3. 1997,
p. 137-140.

CARDOSO, S. H. Métodos anticoncepcionais. Saúde e Vida On Line. [online]. Disponível:


<http://www.nib.unicamp.br/svol/metodo.htm> [capturado em 21 de mai. de 2002].

CARVALHO, C. P. Ensino Noturno – Realidade e Ilusão. Coleção Questões da Nossa


Época. Vol. 27. 9ª edição. São Paulo: Ed. Cortez. 2000. 120 p.
85

CATALÃO, N. Pudor obsceno: Orientação sexual nas escolas continua sendo tabu,
enquanto aumenta a sexualidade precoce dos adolescentes. Educação. Vol. 6, n. 63.
Julho. 2002, p. 32-40.

CAVALCANTI, S. M. O. C.; AMORIM, M. M. R. & SANTOS, L. C. O significado da


gravidez para a adolescente. Femina. Vol. 29, n. 5. Junho. 2001, p. 311-314.

DUARTE, M. & BOUER, J. O Guia dos Curiosos – Sexo. São Paulo: Companhia das
Letras. 2001. 429 p.

DUARTE, R. G. Sexo, Sexualidade e Doenças Sexualmente Transmissíveis. 4ª edição. São


Paulo: Ed. Moderna. 1995. 118 p.

ERCOLIN, E. H. Conversando sobre sexo. Educacional – A Internet na Educação.


[online]. Disponível:
<http://www.educacional.com.br/falecom/psicologa_artigo002.asp> [capturado em 15
de mai. de 2002].

ELIANE, C. Programas de prevenção em escolas: a experiência do Brasil. p. 129-138. In:


PINTO, T. & TELLES, I. S. (Orgs.) AIDS e Escola – Reflexões e Propostas do
EDUCAIDS. São Paulo: Ed. Cortez; Pernambuco: UNICEF. 2000. 176 p.

GIORDANO, M. G.; COSTA, O. T.; BAPTISTA, C. F.; BRAVO, I. L. & ABE, C. K.


Anticoncepção na adolescência. Femina. Vol. 24, n. 8. Setembro. 1996, p. 707-715.

KNIJNIK, J.; BERNARDI, C.; DUNCAN, B. B.; CANANI, L. H.; EIDT, L. M. & EIDT, O.
R. Necessidades educativas de jovens sobre doenças sexualmente transmissíveis. Anais
Brasileiros de Dermatologia. Vol. 65, n. 6. Novembro/Dezembro. 1990, p. 289-292.

LIMA, J. C. Aspectos pedagógicos e éticos nas ações de prevenção em Doenças Sexualmente


Transmissíveis. Jornal Brasileiro de Doenças Sexualmente Transmissíveis. Vol. 11,
n. 1. Janeiro/Fevereiro. 1999, p. 26-27.

LINS, L. C. S.; PEREIRA, E. M. D. R. & LIRA, I. V. Como anda a educação sexual dos
jovens. Revista Brasileira de Enfermagem. Vol. 41, n. 2. Abril/Junho. 1988, p. 123-
131.

LOPES, G. & MAIA, M. Conversando com a Criança Sobre Sexo. Quem vai responder?
Belo Horizonte: Autêntica/FUMEC. 2001a. 78 p.

__________. Conversando com o Adolescente Sobre Sexo. Quem vai responder? Belo
Horizonte: Autêntica/FUMEC. 2001b. 126 p.

MARTINEZ, M. C. W. Adolescência – Sexualidade – AIDS. Na Família e no Espaço


Escolar Contemporâneos. São Paulo: Arte & Ciência, 1998. 159 p.

MARTINS, M. Doenças sexualmente transmissíveis na infância e adolescência. Femina.


Vol. 24, n. 9. Outubro. 1996, p. 827-830.

MARTINS, P. C. R.; DUARTE, J. F. & MARTELLI, T. Levantamento de dados sobre a


sexualidade de adolescentes. Revista Médica do Hospital São Vicente de Paulo. Vol.
6, n. 15. 1994, p. 16-18.
86

MATOS, C. E. Para namorar sem riscos. Nova Escola. [online]. Edição: maio de 2000.
Disponível: <http://www.uol.com.br/novaescola/ed/132_mai00/html/or_sexual.htm>
[capturado em 15 de mai. de 2002].

MAUAD FILHO, F.; YAZLLE. M. E. H. D.; DIAS, C. C. & CHÚFALO, J. E. Contracepção


na adolescência. Femina. Vol. 15, n. 8. Agosto. 1987, p. 643-644.

MAZÍN, R. Anatomia e fisiologia sexual humana. p. 24-29. In: BARROSO, C. &


BRUSCHINI, C. Sexo e Juventude. Como Discutir a Sexualidade em Casa e na
Escola. 7ª edição. São Paulo: Ed. Cortez. 2000a. 91 p.

__________. Doenças sexualmente transmissíveis. p. 71-74. In: BARROSO, C. &


BRUSCHINI, C. Sexo e Juventude. Como Discutir a Sexualidade em Casa e na
Escola. 7ª edição. São Paulo: Ed. Cortez. 2000b. 91 p.

MIRANDA, A. T. C. O impacto da gravidez na vida da adolescente. p. 295. In: III Jornada


Científica de Pós-graduação da FIOCRUZ. 2ª edição. Rio de Janeiro: FIOCRUZ. 18
a 20 de junho de 1996. 346 p.

MOTTA, M. L. & SILVA, J. L. P. Gravidez entre adolescentes muito jovens. Femina. Vol.
22, n. 5. Maio. 1994, p. 348-354.

NASCIMENTO, L. C. S. & LOPES, C. M. Atividade sexual e doenças sexualmente


transmissíveis em escolares do 2º grau de Rio Branco-Acre, Brasil. Revista Latino
Americana de Enfermagem. Vol. 8, n. 1. Janeiro. 2000, p. 107-113.

NEWMANN, R. W. Atlas de Métodos Anticoncepcionais e Temas Complementares.


Fundação Biblioteca Nacional. 1996. 189 p.

NUNES, C. & SILVA, E. A Educação Sexual da Criança. Campinas: Ed. Autores


Associados. 2000. 136 p.

OLIVEIRA, A. R. D.; PEYNEAU, D. P. L. & MAGALHÃES, L. A. Sexo, Prazer e


Segurança – Plantão Médico. Rio de Janeiro: Ed. Biologia e Saúde. 1998. 131 p.

PASSOS, M. R. L. Doenças Sexualmente Transmissíveis – Uma Questão Sócio-cultural.


Rio de Janeiro: Ed. Biologia & Saúde. 1984. 53 p.

PEREIRA, R. M. M. & TEIXEIRA, G. A. P. B. Sexualidade na adolescência. In: VII


Encontro “Perspectivas do Ensino de Biologia” – Simpósio Latino-americano da
IOSTE (International Organization for Science and Technology Education).
Coletânea. 02 a 04 de fevereiro de 2000.

PINTO, E. B. A implantação da orientação sexual na escola. Guia do Sexo. [online].


Disponível: <http://cadernodigital.uol.com.br/guiadosexo/artigos/aimplantacao.htm>
[capturado em 25 de jul. de 2001a].

__________. Gravidez na adolescência. Guia do Sexo. [online]. Disponível:


<http://cadernodigital.uol.com.br/guiadosexo/artigos/gravidezna.htm> [capturado em 05
de jun. de 2001b].
87

POLI, M. E. H. Sexo seguro. Femina. Vol. 24, n. 10. Novembro/Dezembro. 1996, p. 949-
958.

PORFÍRIO, P. Sem Medo de Falar do Aborto e da Paternidade Responsável. Rio de


Janeiro: Autores & Leitores Associados. 2002. 160 p.

PRESTES, R. C.; COLPANI, J.; BURLAMAQUE, R.; POZZA, M.; ZANDONÁ, J. M.;
HERZOG, M. L.; BRUM, J. A.; MESQUITA, J. A. & REIS, R. F. Anticoncepção e
sexualidade entre escolares. Revista Médica do Hospital São Vicente de Paulo. Vol.
6, n. 15. 1994, p. 22-25.

REIS, A. O. A. & RIBEIRO, M. A. A. Gravidez na adolescência. Saúde e Vida On Line.


[online]. Disponível: <http://www.nib.unicamp.br/svol/gravprec.htm> [capturado em 21
de mai. de 2002].

RENA, L. C. C. B. Sexualidade e Adolescência. As Oficinas como Prática Pedagógica.


Belo Horizonte: Autêntica Ed. 2001. 246 p.

RIBEIRO, M. A. Comunicação familiar e prevenção de DSTs?AIDS entre adolescentes.


Jornal Brasileiro de Doenças Sexualmente Transmissíveis. Vol. 10, n. 1.
Janeiro/Fevereiro. 1998, p. 05-09.

ROJTENBERG, C. Educação sexual na escola. Educacional – A Internet na Educação.


[online]. Disponível: <http://educacional.com.br/articulistas/artigo0008.asp> [capturado
em 15 de mai. de 2002].

SABROZA, A. R. Características psicossociais de mães adolescentes no município do Rio de


Janeiro. p. 8. In: II Bienal de Pesquisa – FIOCRUZ: Ciência para a Saúde da
População Brasileira. Rio de Janeiro: FIOCRUZ. 1 a 11 de dezembro de 2000. 1069 p.

SANTOS, M. A. Biologia Educacional. 15ª edição. São Paulo: Ed. Ática. 1997. 335 p.

SCHEMO, D. J. Pais americanos querem mais educação sexual nas escolas. O Estado de
São Paulo. [online]. 05/10/2000. Disponível: <http://www.estado.estadao.com.br/
2001/10/05/ger638.html> [capturado em 04 de jun. 2001].

SILVA, R. C. Orientação Sexual. Possibilidade de Mudança na Escola. Campinas:


Mercado de Letras. 2002. 127 p.

SOARES, J. L. Programa de Saúde. 2ª edição. São Paulo: Ed. Scipione. 1994. 312 p.

SOUZA, C. Gravidez na adolescência. Manual do Adolescente. [online]. Disponível:


<http://www.adolescente.psc.br/gravidez.htm> [capturado em 21 de mai. de 2002].

SUPLICY, M. Prefácio. p. 11. In: NEWMANN, R. W. Atlas de Métodos Anticoncepcionais


e Temas Complementares. Fundação Biblioteca Nacional. 1996. 189 p.

UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância). A Voz dos Adolescentes.
UNICEF/Fator OM. 2002. 150 p.

VALLADARES, K. K. Orientação Sexual na Escola. 2ª edição. Rio de Janeiro: Quartet.


2001. 128 p.
88

VELASCO, V. I. P. Gravidez na adolescência: o estudo de uma realidade. p. 49. In: III


Jornada Científica de Pós-graduação da FIOCRUZ. 2ª edição. Rio de Janeiro:
FIOCRUZ. 18 a 20 de junho de 1996. 346 p.

VITIELLO, N. & CONCEIÇÃO, I. S. C. O uso de métodos anticoncepcionais por


adolescentes. Femina. Vol. 15, n. 12. Dezembro. 1987, p. 898, 900, 902.

VITIELLO, N. Sexualidade na adolescência. Femina. Vol. 12, n. 9. Setembro. 1984, p. 825-


835.

ZENTI, L. Pesquisa mostra que professores norte-americanos de Educação Sexual tendem a


considerar a abstinência a informação mais importante a ser transmitida nas aulas.
Nova Escola. [online]. 09/11/2000. Disponível: <http://www.uol.com.br/novaescola/
noticias/nov_00_9/index_nov_00_9.htm> [capturado em 04 de jun. de 2001].
89

ANEXOS:

FIGURA 6 Transparências usadas durante a etapa de informações sobre


morfofisiologia do aparelho sexual através de aulas teóricas e
recursos audiovisuais.
90

FIGURA 7 Transparências usadas durante a etapa de informações sobre


morfofisiologia do aparelho sexual através de aulas teóricas e
recursos audiovisuais.
91

F745 Fortuna, Jorge Luiz.


Sexualidade: desenvolvimento, aplicação e avaliação de atividades
de orientação sexual no ensino médio.

Jorge Luiz Fortuna, Rio de Janeiro, Fiocruz, Instituto Oswaldo


Cruz, 2003.

XC, 90 p. : il.

Orientador: Ricardo Santa Rita.

Trabalho Monográfico apresentado ao Curso de Especialização –


Lato Sensu – em Educação Científica em Biologia e Saúde da
Fundação Oswaldo Cruz, como requisito para obtenção do grau de
Especialista.

1. educação 2. orientação sexual


3. adolescente 4. sexualidade
5. Monografia (Especialização – Fiocruz/IOC)

Você também pode gostar