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Saúde e Meio Ambiente

Organização: Prof ª M.Sc Joyce Silvestre de Sousa


Esta apostila se constitui de uma coletânea de textos e informações, transcritas na sua maioria,
integralmente de suas fontes, devidamente citadas, para que não houvesse perda na transmissão do
conhecimento pretendido.

1. MICROORGANISMOS E MEIO AMBIENTE

Segundo o artigo A importância dos microorganismos, publicado em 2009 no


site Deixe para seus filhos, Microorganismos - do Grego, mikrós, ―pequeno‖ e
organismós, ―organismo‖, um microorganismo pode ser definido como um organismo
que é microscópico, ou seja, pequeno demais para ser visto a olho nu.

No artigo publicado no site Web artigos, intitulado Microbiologia Aplicada,


microorganismos são os organismos procarióticos unicelulares ou multicelulares
(bactérias), os eucarióticos unicelulares ou coloniais (protozoários, microalgas e
leveduras), os eucarióticos unicelulares multinucleados (fungos filamentosos) e os
eucarióticos multicelulares simples nos quais se observam níveis muito simples de
diferenciação celular (fungos filamentosos). Ou seja, microrganismos são as formas de
vida que, originalmente, só poderiam ser vistas com o auxílio do microscópio óptico
(posteriormente, com o microscópio eletrônico), mas muitos podem ser facilmente
visualizados a olho nu, como acontece com os fungos filamentosos (bolores) (Portal São
Francisco, 2011). Incluem Bactérias, Fungos, Vírus, Protozoários, Algas unicelulares,
Viróides e Prions. Estes seres fazem parte de nossa biosfera, e, assim como nós
humanos, evoluíram ao longo do tempo (Deixe para seus filhos, 2009).

De acordo com o Portal São Francisco, os microrganismos têm distribuição


universal e existem em praticamente todos os ambientes do planeta onde quer que as
condições físicas e químicas o permitam, incluindo-se condições ambientais extremas,
sob temperaturas abaixo de 0°C em ambientes glaciais, acima de 100°C em fontes
termais oceânicas a grandes profundidades, em condições de extrema salinidade em
lagos saturados de cloreto de sódio ou hidróxido de sódio e até mesmo em fraturas de
rochas a quilômetros abaixo da superfície terrestre. Em seus hábitats naturais, suas vidas
são influenciadas por interações com as condições físicas e químicas do ambiente e com
outras populações de microrganismos. são vitais para o meio ambiente e
consequentemente para a vida humana (Deixe para seus filhos, 2009).

Ainda de acordo com o Portal São Francisco, os microrganismos unicelulares


podem existir como células isoladas como acontece quando estão esparsos em meios
líquidos ou formando colônias de indivíduos da mesma espécie quando aderidos a um
substrato sólido. Podem, ainda, ser encontrados constituindo comunidades multi-
específicas complexas (biofilmes), que se encontram firmemente aderidas a superfícies
orgânicas vivas (folhas, mucosas e dentes) ou sobre material inorgânico (rochas ou
superfícies metálicas).
A grande maioria das espécies de microrganismos é composta por seres de vida
livre vivendo da matéria orgânica presente em seus ambientes. Várias espécies
estabelecem associações simbióticas com hospedeiros específicos que vão desde
relações mutuamente benéficas até as situações de parasitismo nas quais vivem a
expensas de seus hospedeiros, muitas vezes espoliando-os gravemente (Portal São
Francisco, 2011)

Apesar de haver uma associação dos microorganismos com doenças, a minoria


deles envolvem processos patológicos. A grande maioria desempenha funções vitais
para a manutenção da vida no planeta sendo os agentes primários de processos
biogeoquímicos nos ciclos de elementos tais como carbono, nitrogênio, fósforo,
enxofre, ferro e outros minerais, processos estes críticos para a operação da biosfera e
sustentação da vida na Terra. (Web Artigos, 2011)
Estes seres também atuam como simbiontes em organismos multicelulares
(como em seres humanos). Microorganismos são usados no preparo de alimentos, no
tratamento de água, na produção de energia, e até mesmo na guerra! No passado,
bactérias liberaram oxigênio para nossa atmosfera através de fotossíntese, e com o
aumento da concentração desse gás foi possível a diversificação dos seres vivos (Deixe
para seus filhos, 2009).
Os microrganismos são importantes agentes de decomposição e reciclagem de
matéria orgânica. São decompositores; após morrerem, animais, plantas e outros seres
estes são decompostos por fungos e bactérias. Não só o corpo sem vida pode ser
decomposto, mas também dejetos e secreções como urina, fezes são processados por
bactérias. Estes organismos degradam a matéria orgânica sem vida em moléculas
simples que são liberadas no ambiente e podem ser novamente utilizadas por outros
seres

De acordo com o Portal São Francisco, os microorganismos são importantes na


agricultura tanto formando solo quanto mantendo associações simbióticas com plantas e
realizando a fixação do nitrogênio atmosférico. Algas unicelulares marinhas respondem
por mais de 90% da fotossíntese realizada no planeta, atuando como fonte primária de
alimento para a vida marinha e sendo responsáveis pela oxigenação da atmosfera. Essas
algas liberam o gás dimetilssulfeto, que agrega moléculas de vapor de água na
atmosfera, permitindo a formação de nuvens e a manutenção do regime global de
chuvas. A fotossíntese é um processo evoluído por procariotos primitivos que eram
semelhantes às atuais cianobactérias. Tanto as cianobactérias modernas quanto os
cloroplastos de plantas (que evoluíram dos procariotos fotossintetizantes primitivos) são
responsáveis por reações que produzem virtualmente todo o oxigênio do planeta. Ainda
não é bem compreendido como comunidades de microrganismos podem conduzir tal
multiplicidade de reações tão eficazmente. O entendimento das interações ecológicas
nas comunidades microbianas é de extrema importância para a determinação das
funções dos microrganismos na natureza.

Ainda de acordo com o Portal, o homem convive com microrganismos desde o


aparecimento da espécie humana na Terra. A colonização da pele, trato respiratório,
sistema genito-urinário e trato digestório, por microrganismos, começa imediatamente
após o nascimento. As relações práticas do homem com os microrganismos data de
milênios tendo início quando o homem primitivo percebeu que certos alimentos
adquiriam novo sabor aos serem armazenados em solo frio e úmido. A produção de pão,
vinho, cerveja e laticínios datam da mais remota antiguidade. Sem ter consciência do
fato, o homem utilizava microrganismos produzir bebidas alcoólicas ao aproveitar o
sedimento do fundo dos vasos de fermentação para fabricar nova bebida ou guardando
parte da massa do pão para produzir mais pão. Contudo, até meados do século XIX não
era reconhecida a participação de microrganismos na produção do pão, da cerveja e do
vinho.

O convívio do homem com microrganismos nem sempre é benéfico e até o


desenvolvimento da vacinação a partir do fim do século XVIII e do uso dos antibióticos
a partir da década de 1940, o homem esteve praticamente indefeso contra as doenças
infecciosas. Somente a partir de meados do século XIX, com os trabalhos de
Semmelweis, Pasteur e Koch, que conduziram ao reconhecimento de que
microrganismos estavam envolvidos na transmissão de doenças, é que se
desenvolveram métodos de antissepsia e assepsia na Medicina e práticas de higiene
pessoal e social. Tais medidas contribuíram para a drástica diminuição das doenças
infecciosas nas populações humanas (Portal São Francisco, 2011).

Atualmente, os microrganismos são de grande importância na indústria


alimentícia na produção de iogurte, queijo, pão, vinagre e ácidos orgânicos para a
preservação de alimentos, na indústria alcooleira na fabricação de bebidas e
combustível, na indústria farmacêutica na síntese de antibióticos, hormônios e
vitaminas, na indústria química na produção de compostos orgânicos tais como etanol,
metanol e acetona. Os recentes avanços da biotecnologia levaram ao desenvolvimento
de organismos transgênicos pela introdução de material genético bacteriano ou viral em
plantas e animais que passam a produzir proteínas microbianas de interesse agrícola ou
médico. Outras importantes aplicações dos microrganismos estão no tratamento de
efluentes industriais e esgotos, na eliminação de produtos tóxicos do ambiente e na
produção de gases como metano e hidrogênio em biorreatores. Na agricultura, as novas
técnicas de controle biológico auxiliam a limitar a quantidade de defensivos agrícolas
químicos aplicados nas culturas (Portal São Francisco, 2011).

Muitos compostos tóxicos podem ser degradados por microrganismos, dentre


eles, policlorados, DDT, pesticidas (Web Artigos, 2011)

O estudo dos microrganismos é grande importância, tanto acadêmica quanto


prática. O entendimento de suas atividades em ambientes naturais é extremamente
importante para a agricultura no tocante ao aumento da produção de biomassa. A
compreensão dos mecanismos biológicos envolvidos nas doenças infecciosas é de vital
importância para seu combate e controle. Estudá-los em condições naturais é difícil e a
maior parte do conhecimento provém de estudos laboratoriais com culturas puras de
amostras isoladas (Portal São Francisco, 2011).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

DEIXE PARA SEUS FILHOS. A importância dos microorganismos. 2009.


Disponível em: http://deixeparaseusfilhos.wordpress.com/2009/07/18/a-importancia-
dos-micro-organismos/) Acesso em: 19 de janeiro de 2011
PORTAL SÃO FRANCISCO. Microbiologia. Disponível em:
http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/microbiologia/microbiologia-3.php. Acesso
em: 19 de janeiro de 2011
WEB ARTIGOS. Microbiologia Aplicada. Disponível em:
http://www.webartigos.com/articles/30438/1/Microbiologia-
Aplicada/pagina1.html#ixzz1BWDhIkQ2 Acesso em: 19 de janeiro de 2011

2. ASPECTOS TAXIONÔMICOS.

As informações abaixo foram retiradas integralmente do site Portal São Francisco

Os microrganismos apresentam características próprias que os distinguem de


plantas e animais. Ainda que haja animais e vegetais microscópicos, estes não são
objetos de estudo da Microbiologia. Nos sistemas de classificação atuais, os diversos
grupos de microrganismos são reunidos em reinos próprios de acordo com
características morfológicas, reveladas pela microscopia (óptica, eletrônica de
transmissão e de varredura) e características fisiológicas reveladas por meio de métodos
genéticos, bioquímicos, de seqüenciamento de DNA cromossômico e de DNA e RNA
ribossômico.

Estudos recentes de filogenia molecular de bactérias sugerem que todos os


organismos vivos da Terra pertencem a um dos três Domínios da vida: ―Bacteria‖,
―Archaea‖ e ―Eukarya‖. Os dois primeiros constituídos unicamente por procariotos e o
último por eucariotos, abrangendo animais, plantas, fungos, protozoários e algas.
Esta nova visão da filogenia e estrutura celular fornece suporte evolucionário para o
estudo de princípios unificadores de todos os organismos e enfatiza a extrema
biodiversidade encontrada entre os microrganismos procarióticos e eucarióticos.

As células procarióticas surgiram logo após a solidificação da crosta terrestre, há


mais de 3,5 bilhões de anos e cerca de 1,5 bilhão de anos antes do aparecimento das
primeiras células eucarióticas. A longa história das formas de vida procarióticas pode,
em parte, explicar a surpreendente diversidade fisiológica e molecular encontrada no
mundo microbiano.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

PORTAL SÃO FRANCISCO. Microbiologia. Disponível em:


http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/microbiologia/microbiologia-3.php. Acesso
em: 19 de janeiro de 2011

3. DIVERSIDADE MICROBIOLÓGICA NOS DIFERENTES AMBIENTES:


SOLO, AR E ÁGUA.

As informações retiradas do artigo de Zilli et al (2003) relatam que os


microrganismos vêm evoluindo a aproximadamente 4 bilhões de anos e até 2 bilhões de
anos atrás eram a única forma de vida na Terra ( Ward, 1998 apud Zilli et al, 2003). Em
virtude da sua longa história evolutiva e da necessidade de adaptação aos mais distintos
ambientes, os microrganismos acumularam uma impressionante diversidade genética,
que excede, em muito, a diversidade dos organismos eucariontes (Ward, 1998; Hunter-
Cevera, 1998 apud Zilli et al, 2003). Estudos filogenéticos baseados em seqüências do
16S rDNA mostram, por exemplo, que a distância filogenética entre dois grupos de
bactérias – halofílicas e espiroquetas – é 2,5 vezes maior que a distância entre os
animais e as plantas, que são classificados em reinos diferentes (Woese et al., 1990;
Hugenholtz et al., 1998 apud Zilli et al, 2003). Sendo assim, os microrganismos
representam o repertório mais rico em diversidade química e molecular na natureza,
constituindo a base de processos ecológicos, como os ciclos biogeoquímicos e a cadeia
trófica, além de manterem relações vitais entre si e com os organismos superiores
(Hunter-Cevera, 1998 apud Zilli et al, 2003).

A diversidade de microrganismos é tão vasta quanto desconhecida. De acordo


com o Portal São Francisco, a diversidade dos microrganismos, a maioria não
documentada, de longe excede aquela dos animais e plantas. Apesar de haver milhares
de espécies microbianas reconhecidas estima-se que essas respondam por menos de 5%
dos microrganismos existentes no planeta; o restante das espécies permanece para ser
reconhecido e estudado. Segundo a Embrapa (2011) Especula-se que menos de 1% dos
microrganismos tenha sido identificado. Uma porcentagem muito pequena das espécies
microbianas conhecidas pode ser cultivada em laboratório em meios sintéticos ou em
culturas celulares (Portal São Francisco, 2011)

Segundo Rosseló-Mora & Amann (2001) apud Zilli et al (2003) um grama de


solo pode conter 10 bilhões de microrganismos, representando milhares de espécies . O
número de espécies microbianas identificadas cresce a cada ano, sendo descritos mais
de 47.000 fungos, 30.000 protozoários, 26.000 algas, 5.000 bactérias e 1.000 vírus
(Wilson, 1988; Rosselló-Mora & Amman, 2001 apud Zilli et al, 2003). Esses números
são, no entanto, pequenos diante do total de espécies, estimado em cerca de dois
milhões (Rosseló- Mora & Amann, 2001 apud Zilli et al, 2003). Isso significa que
foram descobertas e nomeadas até o presente momento, talvez, menos de 0,1% e no
máximo 10% das espécies microbianas, dependendo do hábitat estudado (Trüper, 1992;
Rosseló-Mora & Amman, 2001 apud Zilli et al, 2003). A principal razão para isso é
que, até pouco tempo atrás, os microrganismos tinham que ser cultivados para serem
identificados (Pace, 1986 apud Zilli et al, 2003) e, além disso, o tamanho microscópico
dos microrganismos, a freqüência de ocorrência das populações, a sazonalidade, e em
muitos casos, a dependência de hospedeiros e/ou substratos específicos para sua
sobrevivência e multiplicação também eram importantes limitações (Torsvik & Øvreås,
2002 apud Zilli et al, 2003).

De acordo com a Embrapa a diversidade genética dentro de uma espécie é


afetada freqüentemente pelo comportamento produtivo de indivíduos dentro de
populações. Indivíduos dentro de uma população são geneticamente diferentes uns dos
outros. Essa variação genética surge porque indivíduos têm formas suavemente
diferentes de seus genes. Essas formas diferentes de um gene são conhecidas como
alelos e as diferenças podem surgir por meio de mutações de genes e da recombinação
de genes durante a reprodução sexual. Essa variação genética permite às espécies se
adaptarem às condições ambientais, dentro do processo de seleção natural. A
recombinação cria novas combinações alélicas que podem ser adaptativas. Esse fato
explica porque os microrganismos possuem uma importância especial na adaptação ao
ambiente em constante transformação. Eles se adaptam rapidamente a muitos
compostos orgânicos sintéticos lançados na natureza, resultando em mudanças nas
enzimas sintetizadas por essas populações. Imagine o que seria da humanidade sem os
microrganismos capazes de metabolizar toda a poluição gerada nos mais diversos
ecossistemas (Embrapa, 2011).

Talvez o solo seja o habitat mais explorado para o isolamento de


microrganismos. No entanto, fontes naturais diversas, como água doce, matéria
orgânica, sedimentos, folhas, frutos, também oferecem ambientes ricos para exploração.
No tocante à procura de microrganismos raros e/ou novas espécies, principalmente para
propósitos biotecnológicos, habitats específicos, onde naturalmente tenha havido
enriquecimento no ambiente, são as fontes de interesse. Esses ambientes são: fontes de
águas térmicas, ambientes glaciais, cavernas, entre outros. Atualmente, há renovado
interesse na ecologia e na diversidade da vida microbiana em ambientes extremos, onde
somente microrganismos adaptados podem sobreviver e existem em abundância por
causa da pressão química e física. Exemplos desses microrganismos são as
comunidades criptoendolíticas da Antártica, cianobactérias e fungos liquenizados com
algas, dentre outros. Teoriza-se que a existência de micróbios nesses ambientes pode ser
usada como modelo para a vida em outros planetas (Portal São Francisco, 2011).

Há muito a fazer no campo da diversidade microbiana, na identificação de novas


espécies e na árdua tarefa de selecionar linhagens de interesse biotecnológico. No
entanto, com os avanços da biologia molecular, principalmente seqüências de rRNA
165, os estudos de taxonomia molecular tornaram-se mais ágeis. Além disso, um melhor
conhecimento sobre fisiologia do crescimento tem permitido isolar, seletivamente,
novos microrganismos. Os métodos de isolamento deixaram de ser exclusivamente
empíricos e passaram a ser mais científicos. Aliado à dificuldade de identificar novas
espécies da natureza, está o fato de que muitos microrganismos (ou a maioria) não
crescem em meios de cultura sintéticos. Às vezes, o microrganismo é viável, mas não
cresce. É de se supor que os organismos cultiváveis representem uma pequena fração da
microbiota. Células que são viáveis mas não-cultiváveis não são metabolicamente
inertes, podendo sintetizar proteínas e usar diferentes substratos. Desse modo, com o
uso de sondas de ácidos nucléicos e amplificação de DNA (PCR) têm-se confirmado a
presença de células ativas em amostras ambientais. Muitas espécies e, mesmo certos
gêneros que não crescem em meios de cultura, podem ser auxotróficos, necessitando
para seu crescimento, determinados requerimentos nutricionais (vitaminas,
aminoácidos, hormônios etc.). Outros organismos apresentam crescimento
extremamente lento, necessitando de um tempo de incubação excessivamente longo.
Esse é o caso de certos gêneros de actinomicetos (Embrapa, 2011).

A diversidade microbiana, em virtude de os microrganismos estarem na base da


cadeia trófica e intrinsecamente associados aos diversos processos ecológicos do solo,
tem figurado como um importante indicador da qualidade do solo. Essa diversidade
costuma ser apresentada em forma de índices; isso porque existem dificuldades de sua
avaliação e compreensão dentro do ecossistema. Uma nova perspectiva surgiu com o
advento da biologia molecular, que tem permitido interpretar mais facilmente e de
forma mais sensível a diversidade estrutural e funcional dos microrganismos no solo.
Nos últimos anos, têm surgido importantes contribuições ao estudo da diversidade
microbiana, baseadas em dados de modelagem, associando-a com a qualidade do solo
(Zilli et al, 2003).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

EMBRAPA. Diversidade microbiana. Disponível em:


http://www.cnpma.embrapa.br/unidade/index.php3?id=241&func=unid Acesso em: 19
de janeiro de 2011.

PORTAL SÃO FRANCISCO. Microbiologia. Disponível em:


http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/microbiologia/microbiologia-3.php. Acesso
em: 19 de janeiro de 2011

ZILLI, J. É. et al. Diversidade microbiana como indicador de qualidade do solo.


Cadernos de Ciência & Tecnologia, Brasília, v. 20, n. 3, p. 391-411, set./dez. 2003.
Disponível em: http://ciencialivre.pro.br/media/d8e3582aa20b598effff8081ffffd524.pdf
Acesso em: 19 de janeiro de 2011

4. IMPORTÂNCIA MÉDICA DE ALGUNS MICROORGANISMOS.

Conforme mencionado anteriormente, a minoria dos microorganismos envolve


processos patológicos, porém para a medicina os microorganismos associados com as
doenças são importantes. A compreensão dos mecanismos biológicos envolvidos nas
doenças infecciosas é de vital importância para seu combate e controle. Existem
centenas de doenças causadas por bactérias, fungos, protozoários, as quais as principais
seguem listadas abaixo.
 Bactéria

o Peste bubônica
o Tuberculose
o Carbúnculo / Anthrax
o Pneumonia
o Tétano
o Febre Tifóide
o Difteria
o Sífilis
o Lepra
 Protozoário
o Malária
o Doença do Sono ou Tripanossomíase Africana
o Toxoplasmose

 Fungo
o Dermatofitose
o Candidíase
o Histoplasmose

5. Participação dos microorganismos na poluição ambiental.

De acordo com o site Bio – Bras poluição é a alteração do equilíbrio ecológico


devido à presença de resíduos em quantidade que o ambiente tem de absorver
provocando danos ao seu funcionamento. Os resíduos podem ser sólidos, líquidos ou
gasosos; eles afetam o ar, as águas e o solo. A poluição também pode ser causada pela
presença de vírus, bactérias e fungos, ou pela emissão de calor, som e luz. Os poluentes
essencialmente são produzidos pelas atividades humanas: meios de transporte (queimam
gasolina ou outros combustíveis), industriais (emissão de diversos gases, entre eles o
dióxido de enxofre), queima de florestas, uso de fertilizantes e defensivos agrícolas,
esgoto, resíduos hospitalares.
Ainda de acordo com o site os microorganismos participam da contaminação
ambiental em grau bem mais acentuado que os vegetais superiores. A rigor deveriam ser
incluídos aqui todos os tipos patogênicos de microorganismos, parasitas de plantas
superiores, de animais e do homem. Existem microorganismos que segregam
substâncias tóxicas aos vegetais superiores, aos animais e ao próprio homem. Estas
toxinas prejudicam organismos superiores, mesmo na ausência completa de parasitismo.
Muitas destas substâncias foram isoladas de fungos (micotoxinas) e de algas
(fitoplancto-toxinas). As substâncias segregadas pelo fitoplâncton e recebidas pela água
são chamadas fitoplanto-toxinas. A concentração de fitoplancto-toxinas na água atinge
valores críticos toda vez que ocorre multiplicação em massa dessas algas. O
desenvolvimento do plâncton é favorecido pela introdução na água de águas de despejo
ricas em materiais orgânicos e certos minerais. O crescimento em massa destas algas
depende ainda da estação do ano, onde via de regra as condições ótimas ocorrem nos
meses de verão.
Esgotos em grandes quantidades, assim como resíduos industriais, fertilizantes e
outros, quando lançados ao rio, provocam a eutrofização, que é o aumento da matéria
orgânica em meio aquático, acarretando a proliferação das algas. O aumento exagerado
da quantidade de algas pode provocar deficiência da entrada de luz na região mais
profunda, causando a morte dos vegetais e animais. A decomposição da biomassa por
bactérias aeróbias consome o oxigênio da água, acarretando a morte da fauna (animais)
e flora (vegetais). Com a morte dos animais e vegetais, a decomposição passa a ocorrer
por ação de bactérias anaeróbias. Estas eliminam substância como gás sulfídrico, que
tem cheiro típico, como de ovos podres. A água torna-se imprópria para o consumo
humano e para o desenvolvimento de outros seres vivos (
www.scribd.com/doc/.../Biologia-Aula-24-Poluicao).
A contaminação da água pode se dar através da falta de saneamento básico, lixo,
agrotóxicos e outros materiais. A proliferação desses microorganismos acaba por
diminuir a quantidade de oxigênio na água levando a morte de peixes, plantas aquáticas,
animais das margens e a morte de rios e lagos. Muitas vezes com a contaminação dos
peixes, as pessoas que consomem esses peixes acabam causando graves doenças nas
pessoas e até mesmo a morte. A água pode ser infectada por bactérias, vírus,
protozoários e vermes, provocando algumas doenças transmitidas diretamente pela água
poluída: cólera,tifo, hepatite, paratifoide, poliemielite entre outros. São transmitidas
indiretamente: esquistossomose, fluorose, malária, febre amarela, dengue, tracoma,
leptospirose, perturbações gastrintestinais, infecções nos olhos, ouvido, nariz e garganta
(Web Artigos, 2011).
Ainda segundo o Web Artigos (2011), existem alguns microrganismos
considerados indicadores de poluição, cujas características são: estar presente em água
poluída e ausente em água potável; estar presente na água quando os microrganismos
patogênicos estão presentes; o número de microrganismos indicadores está
correlacionado com o índice de poluição; sobreviver mais tempo na água que os
patogênicos; apresentar propriedades estáveis e uniformes; apresentar baixa
patogenicidade; está presente em maior número que os patogênicos; identificação fácil
por métodos simples. Os principais microrganismo indicadores de poluição são:

• Coliformes totais = fermentam a lactose com a formação de gás (35-37º C).


Escherichia, Klebsiella, Citrobacter e Enterobacter (fecal), sendo E. coli
(exclusivamente fecal).

• Coliformes fecais = fermentam a lactose com formação de gás (44-45,5º C).


Confirmação com E. coli e poucas com Enterobacter e Klebsiella.

A Escherichia coli é um bacilo gram-negativo componente da flora normal do


intestino humano e de animais saudáveis, impedindo o crescimento de espécies
bacterianas nocivas e sintetizando apreciável quantidade de vitaminas (K e do complexo
B).

Coliformes são bacilos aeróbicos e/ou anaeróbios facultativos, Gram-negativos,


não esporulados, capazes de fermentar a lactose com produção de ácido e gás.

A Escherichia coli como indicador de poluição fecal, uma vez que essa bactéria
pode ser facilmente distinta de outros membros do grupo de coliformes fecais. Essas
bactérias são muito menos resistentes à desinfecção que cistos de protozoários e vírus.
A Organização Mundial de Saúde, em seus Guias de 1995, citou a Escherichia coli
como a principal bactéria, do grupo de coliformes fecais, para indicador de poluição
fecal. (Web Artigos, 2011).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

BIO-BRAS. Poluição Ambiental. Disponível em:


http://www.biobras.org.br/ar/default.asp?pag=PoluicaoAmbientalNatural&secID=73
Acesso em: 19 de janeiro de 2011

WEB ARTIGOS. Microbiologia Aplicada. Disponível em:


http://www.webartigos.com/articles/30438/1/Microbiologia-
Aplicada/pagina1.html#ixzz1BWDhIkQ2 Acesso em: 19 de janeiro de 2011

6. SAÚDE, SANEAMENTO E O MEIO AMBIENTE.


Capítulo retirado da 3ª edição do Manual de Saneamento, publicado pela FUNASA (Fundação
Nacional de Saúde ) em 2006

O conceito de Promoção de Saúde proposto pela Organização Mundial de Saúde


(OMS), desde a Conferência de Ottawa, em 1986, é visto como o princípio orientador
das ações de saúde em todo o mundo. Assim sendo, parte-se do pressuposto de que um
dos mais importantes fatores determinantes da saúde são as condições ambientais.
O conceito de saúde entendido como um estado de completo bem-estar físico,
mental e social, não restringe o problema sanitário ao âmbito das doenças. Hoje, além
das ações de prevenção e assistência, considera-se cada vez mais importante atuar sobre
os fatores determinantes da saúde. É este o propósito da promoção da saúde, que
constitui o elemento principal da propostas da Organização Mundial de Saúde e da
Organização Pan-Americana de Saúde (Opas).
A utilização do saneamento como instrumento de promoção da saúde pressupõe
a superação dos entraves tecnológicos políticos e gerenciais que têm dificultado a
extensão dos benefícios aos residentes em áreas rurais, municípios e localidades de
pequeno porte.
A maioria dos problemas sanitários que afetam a população mundial estão
intrinsecamente relacionados com o meio ambiente. Um exemplo disso é a diarréia que
com mais de quatro bilhões de casos por ano, é a doença que aflige a humanidade. Entre
as causas dessa doença destacam-se as condições inadequadas de saneamento.
Mais de um bilhão dos habitantes da Terra não têm acesso a habitação segura e a
serviços básicos, embora todo ser humano tenha direito a uma vida saudável e
produtiva, em harmonia com a natureza.
No Brasil as doenças resultantes da falta ou inadequação de saneamento,
especialmente em áreas pobres, têm agravado o quadro epidemiológico. Males como
cólera, dengue, esquistossomose e leptospirose são exemplos disso. Atualmente, cerca
de 90% da população urbana brasileira é atendida com água potável e 60% com redes
coletoras de esgotos. O déficit, ainda existente, está localizado, basicamente, nos
bolsões de pobreza, ou seja, nas favelas, nas periferias das cidades, na zona rural e no
interior.
Investir em saneamento é a única forma de se reverter o quadro existente. Dados
divulgados pelo Ministério da Saúde afirmam que para cada R$1,00 (hum real)
investido no setor de saneamento, economiza-se R$ 4,00 (quatro reais) na área de
medicina curativa. Entretanto, é preciso que se veja o outro lado da moeda pois o
homem não pode ver a natureza como uma fonte inesgotável de recursos, que pode ser
predada em ritmo ascendente para bancar necessidades de consumo que poderiam ser
atendidas de maneira racional, evitando a devastação da fauna, da flora, da água e de
fontes preciosas de matérias-primas.
Pode-se construir um mundo em que o homem aprenda a conviver com seu
hábitat numa relação harmônica e equilibrada, que permita garantir alimentos a todos
sem transformar as áreas agricultáveis em futuros desertos.
Para isso é necessário que se construa um novo modelo de desenvolvimento em
que se harmonizem a melhoria da qualidade de vida das suas populações, a preservação
do meio ambiente e a busca de soluções criativas para atender aos anseios de seus
cidadãos de ter acesso a certos confortos da sociedade moderna.
A Conferência do Rio de Janeiro (1992) realizada pela ONU, com a participação
da maioria dos países do mundo, teve como resultado mais significativo o documento,
assinado por mais de 170 países, sobre a Agenda 21 onde esses países se comprometem
a adotar um conjunto de medidas visando a melhorar a qualidade de vida no planeta.
O objetivo final da Agenda 21 seria um programa de ações, criado com a intensa
participação da sociedade, próprio para um desenvolvimento sustentável que atenda às
necessidades do presente sem comprometer as necessidades das gerações futuras.
O tempo nos pressiona cada vez mais para a conscientização de nossa
responsabilidade diante do desenvolvimento das futuras gerações. A formação da
Agenda 21 local deve ser considerada como um processo contínuo de ação da
sociedade, pois somente assim estaremos caminhando rumo a um desenvolvimento
sustentável eficiente e duradouro.
Saneamento ambiental é o conjunto de ações socioeconômicas que têm por
objetivo alcançar Salubridade Ambiental, por meio de abastecimento de água potável,
coleta e disposição sanitária de resíduos sólidos, líquidos e gasosos, promoção da
disciplina sanitária de uso do solo, drenagem urbana, controle de doenças transmissíveis
e demais serviços e obras especializadas, com a finalidade de proteger e melhorar as
condições de vida urbana e rural.
ONU vem fazendo um esforço no sentido de reverter o processo acelerado de
degradação dos recursos naturais no mundo, que também tem como causas a explosão
demográfica e as precárias condições de vida de grande parte da população.
Mais de um bilhão dos habitantes da Terra não têm acesso a habitação segura e
serviços básicos de saneamento como: abastecimento de água, rede de esgotamento
sanitário e coleta de lixo. A falta de todos esses serviços, além de altos riscos para a
saúde, são fatores que contribuem para a degradação do meio ambiente.
A situação exposta se verifica especialmente nos cinturões de miséria das
grandes cidades, onde se aglomeram multidões em espaços mínimos de precária
higiene. Estudos do Banco Mundial (1993) estimam que o ambiente doméstico
inadequado é responsável por quase 30% da ocorrência de doenças nos países em
desenvolvimento. O quadro a seguir ilustra a situação.

Quadro 1: Estimativa do impacto da doença devido às precariedade do ambiente doméstico nos


países em desenvolvimento - 1990

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

BRASIL. Fundação Nacional de Saúde. Manual de saneamento. 3. ed. rev. - Brasília:


Fundação Nacional de Saúde, 2006. 408 p.

7. HIGIENE E SAÚDE COLETIVA

Para melhor entendimento do assunto começaremos com alguns conceitos.

Higiene: significa limpeza; asseio; interrelação entre o homem e o meio ambiente, no


sentido da preservação da saúde. Existem vários tipos de higienização, a individual
(banho, cabelos, unhas e mãos, boca, dentes e vestuário), coletiva (saneamento básico,
água, esgoto, lixo, vetores), a mental (equilíbrio, costumes morais e sociais), do trabalho
(riscos físicos, químicos e biológicos), e ambiental (limpeza de moveis, utensílios e
estrutura) (Martins, 2009).

Saúde: é um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a


ausência de doenças (Freitas, 2003). Atualmente, apesar de a saúde não mais ser
considerada apenas como a inexistência de doença, pode-se perceber em diversas
situações, que a prática dos serviços volta-se prioritariamente para uma atuação curativa
que envolve ações relativas somente à doença, principalmente queixas específicas e
pontuais (Martins, 2009).

Profilaxia: aplicação de meios que tendem evitar doenças ou contágios. As medidas


profiláticas interompem a interação entre o agente causador da doença e o organismo
(Martins, 2009).

Não basta investir apenas em serviços de saúde voltados para atender às doenças
das pessoas, é preciso ampliar os espaços de promoção da saúde. Higiene e profilaxia
estão intimamente ligadas, pois a higienização, em todas as suas formas, evita a
transmissão e/ou contágio por agentes infecto-contagiosos, logo é uma medida
profilática (Martins, 2009).

Saúde coletiva = Saúde pública


A Saúde Coletiva implica em levar em conta a diversidade e especificidade dos
grupos populacionais e das individualidades com seus modos próprios de adoecer e
morrer e/ou representarem tal processo. E, que, não necessariamente, passam pelas
instâncias governamentais ditas responsáveis diretas pela saúde pública (Freitas, 2003).
Saúde Coletiva é uma expressão que designa um campo de saber e de práticas
referido à saúde como fenômeno social e, portanto, de interesse público, ou seja, busca a
saúde como um todo, não só para um indivíduo, mas para uma população. Envolve os
conceitos de promoção a saúde e prevenção de doenças, atua nos níveis primário,
secundário e terciário de atenção a saúde. As práticas em Saúde Coletiva, que
compreende as seguintes dimensões: o estado de saúde da população, isto é, condições
de saúde de grupos populacionais específicos e tendências gerais do ponto de vista
epidemiológico, demográfico, sócio-econômico e cultural; os serviços de saúde,
abrangendo o estudo do processo de trabalho em saúde, investigações sobre a
organização social dos serviços e a formulação e implementação de políticas de saúde,
bem como a avaliação de planos, programas e tecnologia utilizada na atenção à saúde; o
saber sobre a saúde, incluindo investigações históricas, sociológicas, antropológicas e
epistemológicas sobre a produção de conhecimentos neste campo e sobre as relações
entre o saber "científico" e as concepções e práticas populares de saúde, influenciadas
pelas tradições, crenças e cultura de modo geral (Martins, 2009).

Saneamento: o conjunto de medidas, visando a preservar ou modificar as condições do


meio ambiente com a finalidade de prevenir doenças e promover a saúde. Alguns
procedimentos de saneamento básico são: tratamento de água, canalização e tratamento
de esgotos, limpeza pública de ruas e avenidas, coleta e tratamento de resíduos
orgânicos (em aterros sanitários regularizados) e materiais (através da reciclagem). As
atividades de saneamento tem como objetivos o controle e a prevenção de doenças,
melhoria da qualidade de vida da população, melhorar a produtividade do indivíduo e
facilitar a atividade econômica (Martins, 2009).
Ainda segundo a autora, a promoção da saúde contribui na construção de ações que
possibilitam responder às necessidades sociais em saúde. A promoção da saúde
apresenta-se como um mecanismo de fortalecimento e implantação de uma política
transversal, integrada e intersetorial, devendo fazer dialogar as diversas áreas do setor
sanitário, os outros setores do Governo, o setor privado e não governamental e a
sociedade, compondo redes de compromisso e corresponsabilidade quanto à qualidade
de vida da população em que todos participem na proteção e no cuidado com a vida.
Entende-se, portanto, que a promoção da saúde realiza-se na articulação
sujeito/coletivo, público/privado, Estado/sociedade, clínica/política, setor
sanitário/outros setores, visando romper com a excessiva fragmentação na abordagem
do processo saúde-doença e que deve reduzir a vulnerabilidade, os riscos e os danos que
nele se produzem. As medidas de promoção a saúde visam aumentar a saúde, bem como
o bem-estar do indivíduo. Busca transformação das condições de vida e trabalham que
atuam diretamente na saúde do indivíduo e da população. Desperta a idéia de autonomia
da população, fortalecimento da capacidade individual e coletiva para lidar com os
fatores que interferem na saúde do indivíduo como integrante de uma sociedade.

A vigilância epidemiológica, assunto tratado no próximo capítulo, é hoje a


ferramenta metodológica mais importante para a prevenção e controle de doenças em
saúde pública. Porém, encerra-se destacando novamente a importância do saneamento
como um instrumento de profilaxia coletiva.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

FREITAS, C. M. Ciência & Saúde Coletiva. 8 (1): 137-150. 2003. Disponível em


http://www.scribd.com/doc/37855893/SAUDE-COLETIVA-E-HIGIENE Acesso
em: 19 de janeiro de 2011

MARTINS, Raquel Almeida. Higiene e Profilaxia. Disponível em


http://www.ebah.com.br/higiene-e-profilaxia-doc-a43139.html Acesso em: 19 de
janeiro de 2011

8. INTRODUÇÃO À EPIDEMIOLOGIA.
A epidemiologia é a ciência básica da
Saúde Coletiva;

Tradicionalmente, a ciência que estuda a


distribuição das doenças e suas causas em
populações humanas; Atualmente,
principal ciência da informação em saúde;

―O estudo dos fatores que determinam a


freqüência e a distribuição das doenças nas
coletividades humanas‖.

―Ciência que estuda o processo saúde-


enfermidade na sociedade, (...) promoção
ou recuperação da saúde individual e
coletiva, produzindo informação e
conhecimento para a tomada de decisão
(...).‖

Assis (2011)
Aspectos conceituais

Informações retiradas integralmente do site sobre saúde do


governo do estado de Santa Catarina, Brasil.

A epidemiologia é uma disciplina básica da saúde pública voltada para a


compreensão do processo saúde-doença no âmbito de populações, aspecto que a
diferencia da clínica, que tem por objetivo o estudo desse mesmo processo, mas em
termos individuais. Como ciência, a epidemiologia fundamenta-se no raciocínio causal;
já como disciplina da saúde pública, preocupa-se com o desenvolvimento de estratégias
para as ações voltadas para a proteção e promoção da saúde da comunidade.
A epidemiologia constitui também instrumento para o desenvolvimento de políticas no
setor da saúde. Sua aplicação neste caso deve levar em conta o conhecimento
disponível, adequando-o às realidades locais.

Se quisermos delimitar conceitualmente a epidemiologia, encontraremos várias


definições; uma delas, bem ampla e que nos dá uma boa idéia de sua abrangência e
aplicação em saúde pública, é a seguinte:

"Epidemiologia é o estudo da freqüência, da distribuição e dos determinantes


dos estados ou eventos relacionados à saúde em específicas populações e a aplicação
desses estudos no controle dos problemas de saúde." (J. Last, 1995)

Essa definição de epidemiologia inclui uma série de termos que refletem alguns
princípios da disciplina que merecem ser destacados (CDC, Principles, 1992):

 Estudo: a epidemiologia como disciplina básica da saúde pública tem seus


fundamentos no método científico.

 Freqüência e distribuição: a epidemiologia preocupa-se com a freqüência e o


padrão dos eventos relacionados com o processo saúde-doença na população. A
freqüência inclui não só o número desses eventos, mas também as taxas ou
riscos de doença nessa população. O conhecimento das taxas constitui ponto de
fundamental importância para o epidemiologista, uma vez que permite
comparações válidas entre diferentes populações. O padrão de ocorrência dos
eventos relacionados ao processo saúde-doença diz respeito à distribuição desses
eventos segundo características: do tempo (tendência num período, variação
sazonal, etc.), do lugar (distribuição geográfica, distribuição urbano-rural, etc.) e
da pessoa (sexo, idade, profissão, etnia, etc.).

 Determinantes: uma das questões centrais da epidemiologia é a busca da causa e


dos fatores que influenciam a ocorrência dos eventos relacionados ao processo
saúde-doença. Com esse objetivo, a epidemiologia descreve a freqüência e
distribuição desses eventos e compara sua ocorrência em diferentes grupos
populacionais com distintas características demográficas, genéticas,
imunológicas, comportamentais, de exposição ao ambiente e outros fatores,
assim chamados fatores de risco. Em condições ideais, os achados
epidemiológicos oferecem evidências suficientes para a implementação de
medidas de prevenção e controle.
 Estados ou eventos relacionados à saúde: originalmente, a epidemiologia
preocupava-se com epidemias de doenças infecciosas. No entanto, sua
abrangência ampliou-se e, atualmente, sua área de atuação estende-se a todos os
agravos à saúde.

 Específicas populações: como já foi salientado, a epidemiologia preocupa-se


com a saúde coletiva de grupos de indivíduos que vivem numa comunidade ou
área.

 Aplicação: a epidemiologia, como disciplina da saúde pública, é mais que o


estudo a respeito de um assunto, uma vez que ela oferece subsídios para a
implementação de ações dirigidas à prevenção e ao controle. Portanto, ela não é
somente uma ciência, mas também um instrumento.

Resumidamente, parte do desenvolvimento da epidemiologia como ciência teve


por objetivo final a melhoria das condições de saúde da população humana, o que
demonstra o vínculo indissociável da pesquisa epidemiológica com o aprimoramento da
assistência integral à saúde. A epidemiologia tem as seguintes aplicações:

• Informar a situação de saúde da população;


• Investigar os fatores que influenciam a situação de saúde;
• Avaliar o impacto das ações propostas para alterar a situação encontrada.

A pesquisa epidemiológica

Informações retiradas integralmente do site sobre saúde do


governo do estado de Santa Catarina, Brasil.

A pesquisa epidemiológica é responsável pela produção do conhecimento sobre


o processo saúde-doença por meio de:

 estudo da freqüência e distribuição das doenças na população humana com a


identificação de seus fatores determinantes;

 avaliação do impacto da atenção à saúde sobre as origens, expressão e curso da


doença.

As áreas de produção do conhecimento pela epidemiologia e as respectivas


metodologias aplicadas são as seguintes:
Usos e objetivos da epidemiologia

Informações retiradas integralmente do site sobre saúde do governo do estado de Santa Catarina,
Brasil.

O método epidemiológico é, em linhas gerais, o próprio método científico


aplicado aos problemas de saúde das populações humanas. Para isso, serve-se de
modelos próprios aos quais são aplicados conhecimentos já desenvolvidos pela própria
epidemiologia, mas também de outros campos do conhecimento (clínica, biologia,
matemática, história, sociologia, economia, antropologia, etc.), num contínuo
movimento pendular, ora valendo-se mais das ciências biológicas, ora das ciências
humanas, mas sempre situando-as como pilares fundamentais da epidemiologia. Sendo
uma disciplina multidisciplinar por excelência, a epidemiologia alcança um amplo
espectro de aplicações. As aplicações mais freqüentes da epidemiologia em saúde
pública são*:

 descrever o espectro clínico das doenças e sua história natural;

 identificar fatores de risco de uma doença e grupos de indivíduos que


apresentam maior risco de serem atingidos por determinado agravo;

 prever tendências;

 avaliar o quanto os serviços de saúde respondem aos problemas e necessidades


das populações;
 testar a eficácia, a efetividade e o impacto de estratégias de intervenção, assim
como a qualidade, acesso e disponibilidade dos serviços de saúde para controlar,
prevenir e tratar os agravos de saúde na comunidade.

A saúde pública tem na epidemiologia o mais útil instrumento para o


cumprimento de sua missão de proteger a saúde das populações. A compreensão dos
usos da epidemiologia nos permite identificar os seus objetivos, entre os quais podemos
destacar os seguintes:

Objetivos da epidemiologia*:

 identificar o agente causal ou fatores relacionados à causa dos agravos à saúde;

 entender a causação dos agravos à saúde;

 definir os modos de transmissão;

 definir e determinar os fatores contribuintes aos agravos à saúde;

 identificar e explicar os padrões de distribuição geográfica das doenças;

 estabelecer os métodos e estratégias de controle dos agravos à saúde;

 estabelecer medidas preventivas;

 auxiliar o planejamento e desenvolvimento de serviços de saúde;

 prover dados para a administração e avaliação de serviços de saúde.

*Fonte: Adaptado de T. C. Timmreck, 1994.

Vigilância epidemiológica

A vigilância epidemiológica é o serviço criado para coletar as informações,


planejar e desenvolver ações para controle e/ou erradicação de doenças transmissíveis.
As ações de vigilância epidemiológica são distribuídas entre as três esferas do governo,
onde o governo federal planeja e regulamenta as ações, detém as bases de dados dos
sistemas de informação de todos os estados brasileiros; os estados da federação
coordenam as ações nos municípios prestando consultoria através das secretarias de
saúde estaduais; e os municípios executam as ações da prática de vigilância sanitária e
colem os dados específicos. A vigilância é hoje a ferramenta metodológica mais
importante para a prevenção e controle de doenças em saúde pública. É responsável pela
vigilância e investigação de doenças infecciosas, assim como de seu controle, seja de
casos isolados ou de surtos; constituindo as ações fundamentais e imprescindíveis de
qualquer conjunto de medidas de controle de doenças infecciosas, possuem importância
fundamental (Martins, 2009).

De acordo com Freitas (2003) a vigilância epidemiológica (VE) é um serviço


que reúne um conjunto de ações que permite acompanhar a evolução das doenças na
população. Funciona como um ―termômetro‖, um indicador de que ações devem ser
priorizadas no planejamento da assistência à saúde. Se, por exemplo, for detectado o
aparecimento de muitos casos de HIV congênita em uma maternidade localizada na área
X, tal fato indica ser necessário que os gestores realizem maiores investimentos em
assistência pré-natal naquela área, visando controlar a incidência de casos. Entretanto,
para que a vigilância epidemiológica possa propor ações de prevenção e controle a
partir do estudo do comportamento das doenças e agravos à população, é importante
seguir algumas etapas:

a) coleta de dados – consiste em buscar junto às fontes de dados (população, imprensa,


serviços de saúde, escolas, creches, presídios e indústrias) as informações relevantes
que possam colaborar na identificação de situações de risco. Os dados podem ser
agrupados como demográficos e ambientais, de morbidade e mortalidade. As
informações obtidas sobre casos de doenças, agravos e epidemias devem ser
consideradas somente após prévia investigação para confirmar ou descartar o caso,
pois muitas vezes sua divulgação, além de assustar a população, tem origem
duvidosa;
b) processamento dos dados – significa reunir todos os dados coletados e agrupá-los de
acordo com seu grau de importância e relevância. As informações são organizadas
em gráficos, quadros e tabelas, para permitirem melhor visualização dos problemas
e seus determinantes. Geralmente, são ordenadas em ordem de ocorrência e
separadas por mês, bairro de moradia do doente, unidade que notificou a suspeita do
caso e região do município, estado e país;
c) análise dos dados – busca interpretar as informações coletadas, procurando
estabelecer as relações causais. Sua realização permite que os responsáveis pela
vigilância epidemiológica relacionem os determinantes de doenças e agravos. Por
exemplo, ao se estudar o período de maior registro de doentes com câncer de pele,
estabeleceu-se relação com o verão, época em que as pessoas permanecem mais
tempo expostas ao sol, e com as profissões que, para seu desempenho, exigem
exposição ao sol forte: lavradores e vendedores ambulantes na praia, entre outras;
d) recomendação de medidas de controle e prevenção – aponta que precauções podem
ser recomendadas no controle e prevenção da ocorrência da doença. As campanhas
de vacinação, as campanhas educativas disseminadas pela televisão e na escola, a
campanha de controle do diabetes são exemplos de medidas empregadas com esse
fim;
e) promoção das ações de controle e prevenção – consiste em planejar e executar ações
como vacinações, tratamento dos doentes, controle do ambiente, divulgação de
informações sobre precauções para transmissão de doenças;
f) avaliação da eficácia das medidas – é a análise dos resultados das ações, visando
identificar se as metas propostas foram alcançadas e avaliar
seu impacto na saúde coletiva, por meio dos indicadores de saúde. Por
exemplo: o Programa Saúde da Família planeja atender um quantitativo de
famílias em determinado território e em um dado período. Ao final do prazo
estipulado, a equipe do PSF deve avaliar se conseguiu ou não atingir a meta
proposta e que fatores foram responsáveis pelo alcance ou não da meta;
g) divulgação das informações – objetiva mostrar os resultados alcançados de forma
simples e clara, de modo que todos os interessados
possam compreendê-los. Após a realização de uma campanha de vacinação, é
comum que as secretarias de Saúde divulguem o número de doses de vacinas
aplicadas e de pessoas vacinadas, para que se tenha a noção do impacto das
medidas adotadas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

ASSIS, Elaine. Introdução à Epidemiologia. Disponível em:


http://200.17.137.109:8081/xiscanoe/courses-1/modelagem-computacional-aplicada-a-
epidemiologia/slides/Capitulos%20I%20e%20II.ppt Acesso em: 03 de janeiro de 2011.

FREITAS, C. M. Ciência & Saúde Coletiva. 8 (1): 137-150. 2003. Disponível em:
http://www.scribd.com/doc/37855893/SAUDE-COLETIVA-E-HIGIENE Acesso em:
19 de janeiro de 2011

SANTA CATARINA. Saúde e Cidadania. Disponível em:


http://www.saude.sc.gov.br/gestores/sala_de_leitura/saude_e_cidadania/ed_07/index.ht
ml Acesso em 03 de janeiro de 2011

9. CONCEITOS EM SAÚDE PÚBLICA

A Organização Mundial de Saúde (OMS) define saúde não apenas como a


ausência de doença, mas como a situação de perfeito bem-estar físico, mental e social.
Essa definição, até avançada para a época em que foi realizada, é, no momento, irreal,
ultrapassada e unilateral (Segre e Ferraz, 1997).

A saúde pública/saúde coletiva é definida genericamente como campo de


conhecimento e de práticas organizadas institucionalmente e orientadas à promoção da
saúde das populações (Sabroza, 1994 apud Czerenia, 2011).

Entende-se como saúde Pública a ciência e a arte de promover a saúde, prevenir


a doenças, e prolongar a vida através dos esforços consertados da sociedade.

A Saúde Pública tem como objetivos: a melhoria do estado de saúde, o aumento


da longevidade e a melhoria da qualidade de vida da comunidade, através de estratégias
de promoção da saúde, prevenção da doença e outras formas de intervenção em saúde.

Segundo Ribeiro (2004) a Saúde Pública abrange uma série de sub-áreas do


conhecimento e da prática que lhe dão uma rica e importante diversidade. Entretanto, a
ênfase relativa dada às diferentes subáreas tem variado ao longo da história, dependendo
do momento político e das questões de saúde mais relevantes, em cada período e local
geográfico. Segundo a autora, Rosen ressalta a inter-relação existente entre todas as
subáreas envolvidas:

“através da história humana, os principais problemas de saúde enfrentados


pelos homens têm tido relação com a vida em comunidade, por exemplo, o controle de doenças
transmissíveis, o controle e a melhoria do ambiente
físico (saneamento), a provisão de água e alimentos
em boa qualidade e em quantidade, a provisão de cuidados
médicos, e o atendimento dos incapacitados e
destituídos. A ênfase relativa colocada em cada um
desses problemas tem variado de tempo a outro, mas
eles estão todos inter-relacionados, e deles se originou
a saúde pública como a conhecemos hoje” (Rosen, 1958 apud Ribeiro 2004).

Ainda de acordo com Ribeiro (2004), as preocupações com a problemática


ambiental estão inseridas na Saúde Pública desde seus primórdios, apesar de só na
segunda metade do século XX ter se estruturado uma área específica para tratar dessas
questões. Essa área que trata da inter-relação entre saúde e meio ambiente foi
denominada de Saúde Ambiental que segundo definição estabelecida pela OMS é:

“o campo de atuação da saúde pública que se ocupa das formas de vida, das substâncias
e das condições em torno do ser humano, que podem exercer alguma influência sobre a sua
saúde e o seu bem-estar” (Brasil-MS, 1999 apud Ribeiro, 2004).

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CZERESNIA, Dina. O conceito de saúde e a diferença entre prevenção e promoção.


Disponível em:
http://www.fo.usp.br/departamentos/social/saude_coletiva/AOconceito.pdf
Acesso em: 03 de janeiro de 2011

RIBEIRO, Helena. Saúde Pública e Meio Ambiente: evolução do conhecimento e da


prática, alguns aspectos éticos. Saúde e Sociedade v.13, n.1, p.70-80, jan-abr 2004.
Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/sausoc/v13n1/08.pdf
Acesso em: 03 de janeiro de 2011

SEGRE, Marco; FERRAZ, Flávio Carvalho. O conceito de saúde. Rev. Saúde


Pública, São Paulo, v. 31, n. 5, Oct. 1997 . Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-
89101997000600016&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 03 de janeiro de 2011

10. DOENÇAS DE NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA.

Segundo o Informe Técnico XV, de outubro de 2006 da Prefeitura do Município


de São Paulo, as doenças de notificação compulsória são assim designadas por
constarem da Lista de Doenças e Agravos de Notificação Compulsória (DNC), em
âmbito mundial, nacional, estadual e municipal.
Ainda segundo estes, são doenças cuja gravidade, magnitude, transcendência,
capacidade de disseminação do agente causador e potencial de causar surtos e epidemias
exigem medidas eficazes para a sua prevenção e controle. Algumas têm período de
incubação curto, e a adoção de medidas imediatas de controle, após a detecção de um
único caso, é fundamental para impedir a disseminação do agente e o aparecimento de
casos secundários no grupo populacional onde foi detectado o caso índice. Por isso, as
listas de doenças de notificação compulsória, estabelecem quais DNC são de notificação
imediata, e ainda mais, dentre estas, quais devem ser notificadas à simples suspeição. O
não cumprimento desta exigência pode comprometer a eficácia das medidas de
prevenção e controle disponíveis.
De acordo com a Portaria Portaria no 1.461/GM/MS. Em 22 de dezembro de
1999, constituem objeto de notificação compulsória, em todo o território nacional, as
doenças a seguir relacionadas:
· Cólera
· Coqueluche
· Dengue
· Difteria
· Doença de Chagas (casos agudos)
· Doença Meningocócica e Outras Meningites
· Febre Amarela
· Febre Tifóide
· Hanseníase
· Hantavirose
· Hepatite B
· Hepatite C
· Leishmaniose Visceral
· Leptospirose
· Malária (em área não endêmica)
· Meningite por Haemophilus influenzae
· Poliomielite
· Paralisia Flácida Aguda
· Peste
· Raiva Humana
· Rubéola
· Síndrome da Rubéola Congênita
· Sarampo
· Sífilis Congênita
· Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (Aids)
· Tétano
· Tuberculose

Deve-se destacar-se tabém os artigos 2 a 5, da referida portaria:


― Art. 2o Todo e qualquer surto ou epidemia, assim como a ocorrência de agravo
inusitado, independentemente de constar na lista de doenças de notificação compulsória,
deve ser notificado, imediatamente, às Secretarias Municipal e Estadual de Saúde e à
Fundação Nacional de Saúde/FUNASA.
Art. 3o A definição de caso para cada doença mencionada nesta Portaria deve
obedecer à padronização definida pela FUNASA.
Art. 4o O fluxo, a periodicidade e os instrumentos utilizados para a realização da
notificação são definidos nas normas do Sistema de Informações de Agravos de
Notificação (SINAN/CENEPI/FUNASA).
Art. 5o Os gestores estaduais e os municipais do Sistema Único de Saúde poderão
incluir outras doenças e agravos no elenco de doenças de notificação compulsória,
em seu âmbito de competência, de acordo com o quadro epidemiológico em cada
uma dessas esferas de governo.
§ 1o As inclusões de outras doenças e agravos deverão ser comunicadas pelos
gestores estaduais e municipais do Sistema Único de Saúde à Fundação Nacional de
Saúde.
§ 2o É vedada aos gestores municipais e aos estaduais do Sistema Único de
Saúde a exclusão de doenças e agravos componentes do elenco nacional de doenças
de notificação compulsória.‖
Obedecendo o art 5, a prefeitura de São Paulo publicou em 2006, uma lista com
doenças de notificação compulsória, contendo alguns aspectos epidemiológicos, listados
no quadro 1, abaixo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO. SECRETARIA MUNICIPAL DA


SAÚDE VIGILÂNCIA EM SAÚDE. GERÊNCIA DE PRODUTOS E SERVIÇOS DE
INTERESSE DA SAÚDE E SAÚDE DO TRABALHADOR. NÚCLEO MUNICIPAL
DE CONTROLE DE INFECÇÃO HOSPITALAR. Doenças de notificação
compulsoria e as comissões de controle de infecção hospitalar. Informe Técnico XV.
2006.
Disponível em:
http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/DOENCAS_DE_NOTIFICA
CAO_COMPULSORIA_E_AS_COMISSOES_DE_CONTROLE_DE_INFECCAO_H
OSPITALAR_1254771022.pdf
Acesso em: 03 de janeiro de 2011

Portaria nº 1.461/GM/MS. Em 22 de dezembro de 1999. Lista Nacional de Doenças de


Notificação Compulsória*. Informe Epidemiológico do SUS 2000; 9(1) : 59-60.
Disponível em: http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/iesus_vol9_1_lista.pdf
Acesso em: 03 de janeiro de 2011

11. DOENÇAS CAUSADAS POR FALTA DE SANEAMENTO BÁSICO

Segundo Martins (2009) existem mais de 100 doenças, entre as quais cólera,
amebíase, vários tipos de diarréia, peste bubônica, lepra, meningite, pólio, herpes,
sarampo, hepatite, febre amarela, gripe, malária, leptospirose, Ebola, etc. Essas e outras
doenças serão melhor detalhadas a seguir, de acordo com sua forma de transmissão.

11.1 DOENÇAS DE VEICULAÇÃO HÍDRICA


Informações retiradas integralmente do site da SAE de Ituiutaba, MG, Brasil.

A água depois de utilizada para vários fins, é devolvida para o meio ambiente
parcialmente ou totalmente poluída (carregada de substâncias tóxicas, materiais
orgânicos ou microrganismos patogênicos), de tal forma a comprometer a qualidade dos
recursos hídricos disponíveis na natureza aumentando o risco de doenças de origem e
transmissão hídricas.

Segundo a Organização Mundial de Saúde - OMS, cerca de 85% das doenças


conhecidas são de veiculação hídrica, ou seja, estão relacionadas à água.

Doenças de transmissão hídrica são aquelas em que a água atua como veículo de
agentes infecciosos. Os microrganismos patogênicos atingem a água através de excretas
de pessoas ou animais infectados, causando problemas principalmente no aparelho
intestinal do homem. Essas doenças podem ser causadas por bactérias, fungos, vírus,
protozoários e helmintos.

Doenças de origem hídrica são aquelas causadas por determinadas substâncias


químicas, orgânicas ou inorgânicas, presentes na água em concentrações inadequadas,
em geral superiores às especificadas nos padrões para águas de consumo humano. Essas
substâncias podem existir naturalmente no manancial ou resultarem da poluição. São
exemplos de doenças de origem hídrica: o saturnismo provocado por excesso de
chumbo na água - a metemoglobinemia em crianças - decorrente da ingestão de
concentrações excessivas de nitrato, e outras doenças de efeito a curto e longo prazo.

A seguir, tem-se uma breve descrição dos sintomas, agentes etiológicos, modo
de transmissão e período de incubação das principais doenças de veiculação hídrica

Febre Tifóide:

Doença infecciosa, se caracteriza por febre contínua, mal-estar, manchas rosadas no


tronco, tosse seca, prisão de ventre (mais freqüente do que diarréia) e comprometimento
dos tecidos Linfóides. Agente Etiológico: Salmonella Typhi, bactéria gram negativa.
Modo de Transmissão: doença de veiculação hídrica, cuja transmissão se dá através da
ingestão de água e moluscos, assim como do leite e derivados, principais alimentos
responsáveis pela sua transmissão. Outros alimentos, quando manipulados por
portadores, podem veicular a S. typhi, inclusive sucos de frutas. Prazo de Incubação:
Em média, 2 semanas.

Febre Paratifóide:

Infecção bacteriana que se caracteriza por febre contínua, eventual aparecimento de


manchas róseas no tronco e comumente diarréia. Embora semelhante à Febre Tifóide,
sua letalidade é muito mais baixa.

Shigeloses:

Infecção bacteriana aguda, principalmente no intestino grosso caracterizada por febre,


náuseas e, às vezes, vômitos, cólicas e tenesmo (sensação dolorosa na bexiga ou na
região anal). Nos casos graves as fezes contém sangue, muco e pus.
Sinonímia: Disenteria Bacilar

Agente Etiológico: bactérias gram negativas do gênero Shigella, constituído por quatro
espécies S. dysenteriae (grupo A), S. flexnere (grupo B), S. boydii (grupo C) e S. sonnei
(grupo D). Modo de Transmissão: a infecção é adquirida pela ingestão de água
contaminada ou de alimentos preparados por água contaminada. Também foi
demonstrado que as Shigelas podem ser transmitidas por contato pessoal. Período de
Incubação: varia de 12 á 48 horas.

Cólera:

Doença intestinal bacteriana aguda, caracteriza-se por diarréia aquosa abundante,


vômitos ocasionais, rápida desidratação, acidose, câimbras musculares e colapso
respiratório, podendo levar o paciente a morte num período de 4 à 48 horas (casos não
tratados). Agente Etiológico: Vibrio cholerae. Modo de Transmissão: ingestão de água
ou alimentos contaminados por fezes ou vômitos de doentes ou portador. A
contaminação pessoa a pessoa é menos importante na cadeia epidemiológica. Período
de Incubação: de horas a 5 dias. Na maioria dos casos varia de 2 a 3 dias.

Hepatite A:

Início geralmente súbito com febre, mal-estar geral, falta de apetite, náuseas, sintomas
abdominais seguidos de icterícia. A convalescença em geral é prolongada e a gravidade
aumenta com a idade, porém há recuperação total sem seqüelas.
A distribuição do vírus da Hepatite A é mundial; porém em locais onde o saneamento é
deficiente, a infecção é comum e ocorre em crianças de pouca idade.
Agente Etiológico: Vírus da hepatite tipo A, hepatovirus RNA, família Picornavirideo.
Modo de Transmissão: fecal-oral, água contaminada, alimentos contaminados.
Período de Incubação: de 15 a 45 dias, média de 30 dias.

Amebíase:

Infecção causada por um protozoário parasita que se apresenta em duas formas: como
cisto infeccioso, resistente e como trofozoíto, mais frágil e potencialmente invasor. O
parasita pode atuar de forma comensal ou invadir os tecidos, originando infecções
intestinais ou extra-intestinais. As enfermidades intestinais variam desde uma disenteria
aguda e fulminante, com febre e calafrios e diarréia sanguinolenta ou mucóide
(disenteria amebiana), até um mal-estar abdominal leve e diarréia com sangue e muco
alternando com períodos de estremecimento ou remissão. Agente Etiológico: Entamoeba
hystolytica. Modo de Transmissão: ingestão de água ou alimentos contaminados por
dejetos, contendo cistos amebianos. Ocorre mais raramente na transmissão sexual
devido a contato oral-anal. Período de Incubação: entre 2 a 4 semanas, podendo variar
dias, meses ou anos.

Giardíase:

Freqüentemente assintomática, pode também estar associada a uma diversidade de


sintomas intestinais: diarréia crônica, esteatorréia, cólicas abdominais, eliminação de
fezes esbranquiçadas gordurosas e fétidas, fadiga e perda de peso. Em casos de
giardíase grave, podem ocorrer lesões e alterações inflamatórias das células de mucosa
do duodeno e jejuno. Sinonímia: Enterite por giárdia. Agente Etiológico: Giardia
lamblia protozoário flagelado que existe sob as formas de cistos e trofozoito. A primeira
é a forma infectante. Modo de Transmissão: direta, pela contaminação das mãos e
conseqüente ingestão de cistos existente em dejetos de pessoa infectada; ou indireta,
através de ingestão de água ou alimento contaminado. Período de Incubação: de 1 a 4
semanas, com média de 7 a 10 dias.

Esquistossomose:

A sintomatologia depende da localização do parasita. Os efeitos patológicos mais


importantes são as complicações derivadas da infecção crônica: fibrose hepática e
hipertensão portal. Agente Etiológico: Schistosoma mansoni, família Schistosomatidae.
Modo de Transmissão: os ovos do S. mansoni são eliminados pelas fezes do hospedeiro
infectado (homem). Na água, eclodem, liberando uma larva ciliada denominada
miracídio, a qual infecta o caramujo. Após 4 ou 6 semanas, abandonam o caramujo, na
forma de cercária, ficando livres nas águas naturais. O contato humano com as águas
infectadas pelas cercárias é a maneira pela qual o indivíduo adquire a esquistossomose.
Período de Incubação: em média, 2 a 6 semanas após a infecção.

Ascaridíase:

O primeiro sinal da infestação freqüente é a presença de vermes vivos nas fezes ou


ressurgidos. Sinais pulmonares inclui a síndrome de Coeffer, caracterizada por
respiração irregular, espasmos de tosse, febre e pronunciada eosinofilia no sangue. A
alta densidade de parasita pode causar distúrbios digestivos e nutricionais, dor
abdominal, vômitos, inquietação e perturbação do sono. Complicações graves não raro
fatais, incluem obstrução intestinal e migração de vermes adultos para o fígado,
pâncreas, apêndice, cavidade peritoneal e trado respiratório superior.
Sinonímia: Infecção por Ascaris. Agente Etiológico: Ascaris lumbricoides, ou lombriga.
Modo de Transmissão: ingestão dos ovos infectantes do parasita, procedentes do solo,
água ou alimentos contaminados com fezes humanas. Período de Incubação: de 4 a 8
dias, tempo necessário para completar o ciclo vital do parasita.

Para maiores informações consultar o material DOENÇAS DE


VEICULAÇÃO HÍDRICA, da Profa. Dra. Iracy Lea Pecora; disponível em:
http://www.csv.unesp.br/P_cbh/downloads/balneabilidade/MaterialAluno.pdf

11.2 DOENÇAS TRANSMITIDAS POR FALTA DE ESGOTAMENTO


SANITÁRIO

Informações retiradas integralmente do livro Introdução a qualidade das águas e ao tratamento de


esgotos: Princípios do tratamento biológico de águas residuárias, escrito por Marcus Von Sperling.
Os microrganismos encontrados nos esgotos podem causar doenças no homem e
nos animais. Os principais grupos de organismos de interesse do ponto de vista de saúde
pública, com associação com a água ou com as fezes, são:
Bactérias; vírus; protozoários e helmintos
A ocorrência de doença ou não em um ser humano por ingestão de água
contaminada depende da interação de diversos fatores, destacando-se: volume de água
ingerido, concentração do organismo patôgeno na água, dose efetiva relativa do
organismo patogênico e resistência do indivíduo. Grupos de risco, por apresentarem
menor resistência, são: crianças, idosos, desnutridos, imunodeprimidos.
A classificação ambiental das infecções relacionadas com a água origina-se da
compreensão dos mecanismos de transmissão:
Transmissão hídrica: ocorre quando o organismo patogênico encontra-se na água
que é ingerida;
Transmissão relacionada com a higiene: identificada com aquela que pode ser
interrompida pela implantação de higiene pessoal e doméstica;
Transmissão baseada na água: caracterizada quando o patógeno desenvolve parte
de seu ciclo vital em um animal aquático;
Transmissão por um inseto vetor: na qual insetos que procriam na água ou cuja
picadura ocorre próximo a ela são os transmissores.
Os quadros abaixo apresentam as principais doenças associadas à água e as
excretas, destacando as formas de transmissão e as principais formas de prevenção:

Quadro 2.20: Doenças relacionadas com a água


Quadro 2.21: Doenças relacionadas com as fezes
Quadro 2.22: Principais doenças de transmissão feco-oral associadas à água (transmissão hídrica e
relacionada com a higiene), organizadas por organismo patogênico.

12.3 DOENÇAS TRANSMITIDAS POR VETORES ROEDORES.

Além dos prejuízos econômicos, os roedores causam prejuízos à saúde humana,


pois são transmissores de uma série de doenças ao homem e a outros animais,
participando da cadeia epidemiológica de pelo menos 30 zoonoses. Leptospirose, peste,
tifo murino, hantaviroses, salmoneloses, febre da mordedura, triquinose, são algumas
das principais doenças nas quais o roedor participa de forma direta ou indireta.
(BRASIL, 2006)

12.4 DOENÇAS TRANSMITIDAS POR INSETOS.

Segundo o Portal São Francisco ―A maior parte das doenças febris no homem é
causada por microorganismos veiculados por insetos‖, diz a Encyclopædia Britannica.
Costuma-se usar o termo ―inseto‖ não só para os insetos propriamente ditos — animais
de três pares de patas, como mosca, pulga, mosquito, piolho e besouro — mas também
para criaturas de oito patas, como ácaro e carrapato. Segundo a classificação científica,
todos esses se enquadram na categoria mais abrangente dos artrópodes — a maior
divisão do reino animal — que inclui pelo menos um milhão de espécies conhecidas.
A grande maioria dos insetos é inofensiva ao homem e alguns são muito úteis.
Sem eles, muitas plantas e árvores que fornecem alimento ao homem e aos animais não
seriam polinizadas nem dariam frutos. Há insetos que ajudam a reciclar o lixo. Um
grande número se alimenta exclusivamente de plantas, ao passo que alguns comem
outros insetos. É claro que há insetos que incomodam o homem e os animais com uma
picada dolorosa ou simplesmente pelo seu grande número. Alguns também danificam
plantações. Mas os piores são os que causam doenças e morte. As doenças transmitidas
por insetos ―provocaram mais mortes desde o século 17 até a parte inicial do século 20
do que todas as outras causas somadas‖, diz Duane Gubler, dos Centros de Controle e
Prevenção de Doenças, dos Estados Unidos.
Atualmente, cerca de 1 em cada 6 pessoas está infectada com uma doença
transmitida por insetos. Além de causar sofrimento, essas doenças representam um
grande ônus financeiro, sobretudo nos países em desenvolvimento, que são justamente
os que menos dispõem de recursos. Mesmo um único surto pode ser oneroso. Consta
que uma epidemia na parte ocidental da Índia, em 1994, custou bilhões de dólares à
economia local e mundial. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS),
esses países só farão progresso econômico quando tais problemas de saúde estiveram
sob controle.

Como os insetos causam doenças


Os insetos podem atuar como vetores — ou seja, agentes transmissores de
doenças — de duas formas principais. Uma delas é a transmissão mecânica. Assim
como as pessoas podem trazer para dentro de casa sujeira impregnada no sapato, ―a
mosca-doméstica pode carregar nas patas milhões de microorganismos que, dependendo
da quantidade, causam doenças‖, diz a Encyclopædia Britannica. Moscas que pousaram
em fezes, por exemplo, contaminam alimentos e bebidas. Essa é uma forma de o
homem contrair doenças debilitantes e mortíferas como a febre tifóide, a disenteria e até
mesmo a cólera. As moscas também contribuem para a transmissão do tracoma — a
principal causa de cegueira no mundo. O tracoma pode causar a cegueira por danificar a
córnea, que é a parte anterior do olho localizada na frente da íris. No mundo todo, cerca
de 500 milhões de pessoas sofrem desse flagelo. A barata, que gosta da sujeira, também
é suspeita de transmissão mecânica de doenças. Segundo especialistas, o recente surto
de asma, principalmente em crianças, está relacionado com a alergia a baratas. Tome-se
como exemplo o caso de Ashley, adolescente de 15 anos que passa muitas noites com
dificuldades respiratórias por causa da asma. Na hora em que a médica vai auscultar o
seu pulmão, uma barata cai da blusa da menina e sai correndo pela mesa de exames.

Vetores ativos
A outra forma de transmissão ocorre quando insetos hospedeiros de vírus,
bactérias ou parasitas infectam as vítimas pela picada ou por outros meios. Apenas uma
pequena porcentagem de insetos transmite doenças ao homem dessa forma. Por
exemplo, embora haja milhares de espécies de mosquitos, apenas os do gênero
Anopheles transmitem a malária — a doença contagiosa que mais mata no mundo,
depois da tuberculose.
Mas há muitas outras doenças disseminadas por mosquitos. Um relatório da
OMS diz: ―O mosquito é o mais perigoso de todos os insetos vetores, pois é o
transmissor da malária, da dengue e da febre amarela. Essas doenças, combinadas,
matam todo ano milhões de pessoas e fazem adoecer outras centenas de milhões.‖ Pelo
menos 40% da população mundial corre risco de contrair a malária, e cerca de 40% de
contrair a dengue. Em muitos lugares, a pessoa pode contrair ambas as doenças.
É claro que os mosquitos não são os únicos insetos vetores. A mosca tsé-tsé
transmite o protozoário causador da doença do sono, que aflige centenas de milhares de
pessoas, obrigando comunidades inteiras a abandonar seus campos férteis. A mosca-
negra, transmissora do parasita que provoca a cegueira do rio, privou da visão cerca de
400 mil africanos. O mosquito-pólvora pode abrigar o protozoário que causa a
leishmaniose. Trata-se de um grupo de doenças incapacitantes, que hoje afligem
milhões de pessoas de todas as idades ao redor do mundo, desfiguram a vítima e muitas
vezes causam a morte. A pulga comum pode transmitir a solitária, a encefalite, a
tularemia e até mesmo a peste, geralmente associada à Peste Negra que em apenas seis
anos dizimou um terço ou mais da população da Europa na Idade Média.
Piolhos, ácaros e carrapatos transmitem diversas formas de tifo, além de outras
doenças. Nas zonas temperadas, carrapatos são os agentes transmissores da
potencialmente debilitante doença de Lyme — a doença mais comum transmitida por
vetor nos Estados Unidos e na Europa. Um estudo sueco revelou que aves migratórias
às vezes transportam carrapatos por milhares de quilômetros, podendo introduzir as
doenças que carregam a novos lugares. ‗Depois dos mosquitos‘, diz a enciclopédia
Britannica, ―os carrapatos são os artrópodes que mais transmitem doenças ao homem‖.
De fato, um único carrapato pode abrigar até três diferentes organismos patogênicos e
transmitir todos eles em uma única picada!
Abaixo seguem maiores informações sobre doenças transmitidas por insetos,
integralmente retiradas do site http://tilz.tearfund.org/Portugues/Passo+a+Passo+31-
40/Passo+a+Passo+33/Informa%C3%A7%C3%B5es+sobre+doen%C3%A7as+transmit
idas+por+insetos.htm. Estas informações foram compiladas por Isabel Carter e baseadas
principalmente nas informações fornecidas em publicações da IAMAT e da OMS e
matérias publicadas por Tropical Disease Research e Control of Tropical Diseases.

Dengue

A dengue é transmitida por mosquitos e, nos últimos anos, ela se tornou um problema
sério de saúde. A dengue aparece especialmente nas áreas urbanas. Estima-se que
ocorrem cerca de 50 milhões de casos de dengue todos os anos (OMS). Também há
uma complicação conhecida como dengue hemorrágica e mais de 40 países ao redor do
mundo já tiveram epidemias. A dengue é transmitida pelos mosquitos Aedes da mesma
maneira que a malária – com exceção de que estes mosquitos picam durante o dia. Eles
se reproduzem na água suja, geralmente devido ao mau saneamento e esgotos das zonas
urbanas. A dengue causa sintomas parecidos com os de uma gripe forte, assim como
febre alta, dores de cabeça, dor atrás dos olhos, dor nas articulações e erupções da pele.
A dengue hemorrágica é uma complicação fatal com febre muito alta, às vezes
acompanhada pelo inchaço do fígado e convulsões. Não existe nenhum tratamento pré-
determinado para a dengue, mas uma boa assistência médica pode freqüêntemente
salvar vidas. Evitar que os mosquitos piquem as pessoas e eliminar os lugares de
reprodução dos mosquitos são as únicas medidas eficazes de controle. Cubra os braços e
as pernas e, se for possível, use um repelente contra mosquitos - especialmente se você
souber que existe uma epidemia na região. existem quatro tipos de virus que podem
causar a doença, o que faz com que seja difícil produzir uma vacina eficaz, mas está
sendo feito progresso nesse sentido.

Filaríase
120 milhões de pessoas ao redor do mundo estão infectadas com esta doença.
CONTÁGIO: Esta doença é transmitida por mosquitos infectados com as larvas de um
verme. Em um terço dos casos conhecidos, as larvas adultas se desenvolvem na corrente
sangüínea e no sistema linfático. Isto pode produzir bloqueios que causam:

 elefantíase (inchaço e aumento dos membros, geralmente das pernas) – 15


milhões de pessoas.
 lesão genital (hidrocela: inchaço do escroto) – 27 milhões de homens
 infecção linfática (dor e inchaço das glândulas linfáticas, freqüentemente com
náuseas, febre e vômitos) – 16 milhões de pessoas.

Nos outros dois terços das pessoas, os danos causados aos seus sistemas linfáticos e
renais poderão passar despercebidos, mas estas pessoas passam por muitos problemas
de saúde e perdem muitos dias de trabalho. Anteriormente, o tratamento era limitado e
apresentava efeitos colaterais sérios. Hoje em dia, há novos medicamentos para tratar a
infecção. No caso da elefantíase, o simples fato de lavar a área com água e sabão e usar
antibióticos é muito eficaz. Uma pesquisa recente constatou que a doença pode ser
controlada de uma maneira bem barata e eficaz através de uma dose anual de
medicamentos (Ivermectin com DEC ou albendazol) que impede que as larvas se
desenvolvam na corrente sangüínea. Custa apenas US $1 para tratar 20 pessoas desta
maneira.

Malária

Estima-se que existam entre 300 a 500 milhões de casos de malária por ano. A malária é
uma das cinco maiores causas de mortalidade entre crianças com menos de 5 anos de
idade. A OMS estima que mais de 1 milhão de crianças e até 1 milhão e meio de adultos
morrem por causa da malária anualmente. 90% das mortes acontecem na África. As
crianças com menos de cinco anos e as mulheres grávidas correm um maior risco de
terem sérios ataques desta doença. A malária é transmitida apenas pelos mosquitos
Anófeles. Podemos diferenciar estes mosquitos dos outros pela maneira como mantêm a
cauda levantada. Quando os mosquitos picam, eles chupam sangue. Se a pessoa picada
pelo mosquito tiver malária, os parasitas encontrados neste sangue se reproduzem e se
desenvolvem no mosquito. Quando o mosquito pica uma outra pessoa, estes parasitas
são injetados com a saliva do mosquito. A pessoa poderá, então, contrair malária. Quase
todos os mosquitos Anófeles se alimentam entre o pôr-do-sol e o nascer do sol. Após se
alimentarem, eles descansam nas paredes ou no teto, enquanto digerem o sangue. As
fêmeas se alimentam com sangue a cada dois ou três dias. O sangue fornece proteínas
para que desenvolvam os seus ovos. Elas depositam os ovos em água raza (poças) ou
lagoas. Os ovos se transformam em larvas, as quais demoram cerca de uma semana para
se tornarem mosquitos adultos. As larvas do mosquito flutuam horizontalmente na água,
o que difere dos outros tipos de larvas. Os sintomas aparecem 10–28 dias depois da
pessoa ter sido picada por um mosquito infectado, podendo variar de pessoa para
pessoa. Alguns sintomas são febre, dores de cabeça, anemia, convulsões (em crianças),
náuseas, vômitos e diarréia. Há uma resistência cada vez maior aos medicamentos mais
comumente encontrados. A quinina e a cloroquina são os medicamentos mais
comumente usados. Se a pessoa atrasar o tratamento, os parasitas da malária se
multiplicarão rapidamente dentro do corpo. Quando se começa a cobrar taxas pelo
tratamento médico, as pessoas geralmente tentam tratamentos tradicionais ou
automedicação antes de irem a uma clínica. Esta demora pode ser fatal. Evite que haja
água empoçada próximo de sua casa. Se houver áreas barrentas próximas de poços ou
bombas, cave esta área com uma profundidade de 1 metro e encha o buraco com pedras
grandes, usando cascalhos e pedras pequenas na superfície. Verifique se existe água
acumulada dentro de latas velhas, vasilhas ou vidros quebrados nos muros. Corte a
grama e os arbustos próximos de sua casa. Plante árvores ‗neem‘ próximo das casas.

Use mosquiteiros tratados sobre as camas ou cortinas nas janelas e portas (veja as
páginas 8 e 9). Tome muito cuidado com os bebês, as crianças pequenas e as mulheres
grávidas. Dê prioridade a este grupo de pessoas se não houver mosquiteiros suficientes.
Uma pesquisa constatou que o uso de mosquiteiros tratados sobre a cama pode reduzir à
metade os casos de malária. Não tome profilácticos (tratamento preventivo), a menos
que sejam recomendados por um médico. Esse tratamento reduz a resistência natural.
As pessoas que passam longos períodos em áreas onde não existe malária, assim como
nas montanhas, ou estudantes que passam algum tempo no exterior, perdem a sua
resistência natural depois de aproximadamente um ano. Se eles retornarem para fazer
visitas curtas, eles devem receber um tratamento profiláctico. Se, entretanto, o retorno
destas pessoas for mais permanente, elas não devem tomar medicamentos preventivos,
mas sim permitir que a sua resistência natural se desenvolva novamente (apesar delas
provavelmente terem alguns ataques de malária durante essse período). Os mosquitos
são atraídos pelas pessoas adormecidas. Os mosquiteiros tratados funcionam como uma
isca. O produto químico contido nos mosquiteiros tratados geralmente é suficiente para
matar os mosquitos. Os mosquiteiros rasgados oferecem pouca proteção. Os
pesquisadores sabem que o melhor lugar para procurar mosquitos bem alimentados é no
interior de um mosquiteiro comum numa casa de aldeia! Os mosquiteiros tratados
ajudam a manter os mosquitos distantes dos furinhos. Os furos e buracos devem ser
remendados assim que forem encontrados. Várias vacinas estão sendo testadas.
Algumas delas parecem ser muito eficazes mas provavelmente vão demorar vários anos
para estas vacinas estarem amplamente disponíveis. Além disso, tem sido muito difícil
encontrar financiamento para as pesquisas.

Febre amarela

A febre amarela é encontrada em muitas partes da África e da América Latina. Ela é


uma doença causada por um vírus e é transmitida por mosquitos. O vírus pode
sobreviver nos seres humanos e nos macacos. A infecção é transmitida através da picada
de um mosquito infectado ou de um mosquito que transporta o sangue infectado de um
humano ou de um macaco. Alguns ataques da doença são menos severos, causando
febre, dores articulares, náuseas, vômitos e dores de cabeça. O paciente geralmente se
recupera e passa a ficar imune aos ataques posteriores. Durante as epidemias, os
sintomas tendem a ser mais severos, com icterícia e hemorragias; até metade das
pessoas infectadas podem morrer. Não há nenhum tratamento, com exceção de uma boa
assistência médica. A vacina dada às pessoas que vivem ou vão ingressar em áreas
infectadas dura dez anos. Alguns governos estão introduzindo esta vacina nos
programas nacionais de imunização. Caso contrário, as medidas de controle são as
mesmas que as usadas contra a malária – procurar proteger as pessoas das picadas dos
mosquitos.
Doença do sono

Na África, cerca de 55 milhões de pessoas estão expostas ao risco de contraírem a


doença do sono (ou tripanossomíase). Apesar desta doença ter sido quase erradicada em
muitos países nos anos 50, ela está alcançando as proporções de uma epidemia hoje em
dia. A falta de medicamentos para o tratamento tem aumentado o contágio e o número
de falecimentos. Esta é uma doença das zonas rurais, onde os casos geralmente não são
relatados e não há tratamento disponível. A doença é transmitida pela mosca africana
(tsé-tsé) – uma mosca grande, com asas em forma de cruz, que vive na margem dos rios,
nas florestas ou em arbustos pequenos. As moscas contraem a infecção ao chupar o
sangue de um animal ou de uma pessoa infectada. Os parasitas se multiplicam na mosca
e são injetados com a saliva em uma outra pessoa. No início da doença do sono, a área
picada pela mosca fica inchada e endurecida. Febre, dores de cabeça, comichão, dores
articulares são os sintomas seguintes dos estágios iniciais. Após várias semanas, o
sistema nervoso do corpo é afetado e a pessoa sente cansaço, tremedeiras, inchaços e o
corpo se deteriora. O comportamento e a disposição do paciente mudam. Durante o dia,
até mesmo comer ou conversar requer um grande esforço devido à exaustão. À noite, o
paciente é incapaz de dormir. Se o paciente não for tratado, ele morre dentro de 6 à 9
meses. Freqüentemente os amigos e familiares do paciente convencem-se de que esta
morte dolorosa deve resultar de feitiçaria ou de loucura. O tratamento é caro e
geralmente requer hospitalização. O medicamento Melarsoprol é o mais comumente
usado. Este é o medicamento mais barato, apesar de custar US $50 por pessoa. No
entanto, a sua produção futura está ameaçada devido à preocupação com os danos ao
meioambiente durante a sua fabricação na Alemanha. Medicamentos alternativos como
o Eflornithine e o Nifurtimox são ainda mais caros (cerca de $200 por tratamento). O
tratamento apresenta riscos mas sem ele, as chances de recuperação são inexistentes. A
remoção do mato pode evitar que as moscas sobrevivam durante a estação seca. As
pessoas não devem se estabelecer nas áreas infestadas pela mosca africana (tsé-tsé).
Armadilhas e inseticidas contra a mosca tsé-tsé podem ajudar a controlar o número de
moscas. Remova cachorros, gado e outros tipos de animais que constituam possíveis
fontes de contágio. As moscas tsé-tsé quase foram erradicadas durante campanhas
realizadas há várias décadas atrás. No entanto, a redução dos gastos governamentais
interromperam as pulverizações em muitas áreas. Hoje em dia, esta doença terrível está
afetando números alarmantes de pessoas.

Leishmaniose

A leishmaniose é um grupo de doenças parasitárias relacionadas que, em conjunto,


afetam 12 milhões de pessoas em 88 países ao redor do mundo. Grandes
movimentações de pessoas – assim como a ocupação de novas regiões nas planícies
tropicais da América do Sul, ou o crescimento da mão-deobra migratória – faz com que
números cada vez maiores de pessoas desprotegidas das zonas urbanas entrem em
contato com a doença nas zonas rurais e aumenta significativamente a propagação da
doença. As pessoas que já contraíram o HIV correm um risco maior de sofrerem
manifestações severas da doença. As doenças são transmitidas por um pequeno
mosquito-pólvora. Somente as fêmeas picam, a fim de se alimentarem com o sangue
para que os seus ovos se desenvolvam. A picada dolorosa desses mosquitos pode
transmitir os parasitas. Esta doença pode apresentar uma série de sintomas:
 Muitas feridas podem se formar em partes expostas do corpo, assim como o
rosto, os braços e as pernas. Estas feridas causam cicatrizes permanentes.
 A infecção pode destruir tecidos no nariz, na boca e na garganta, causando
deformações severas. As vítimas às vezes são expulsas das suas comunidades.
 A infecção pode ser interna, causando febre, perda de peso, inchaço do baço e
do fígado e anemia. Se não for tratada, esta forma da doença freqüentemente
causa a morte. Ela é conhecida como kala-azur.

A infecção pode ser difícil de ser diagnosticada. A doença pode ser tratada, mas isto
deve ser feito nos estágios iniciais. Os medicamentos antimoniais podem ser usados,
mas o tratamento é caro, havendo, muitas vezes, a necessidade de hospitalização. Os
maiores depósitos da infecção são os cachorros e os roedores. Os roedores devem ser
eliminados e os cachorros devem ser testados para verificar se estão infectados com os
parasitas. Se o resultado for positivo, devem ser tratados ou mortos. Elimine os
possíveis lugares de reprodução dos mosquitos, cortando a vegetação, removendo o lixo
ou o entulho de perto das casas. A pulverização de inseticida (especialmente se for feita
simultaneamente) é eficaz. Use mosquiteiros de cama e cortinas tratadas.

Doença de Chagas

Entre 16 e 18 milhões de pessoas estão infectadas com a doença de Chagas nos países
latinoamericanos. Estima-se que cerca de 45.000 pessoas morram por ano por causa
desta doença. Muitas outras mortes podem ocorrer, mas elas são registradas sob outras
causas. A doença é transmitida através de um besouro sanguessuga marrom (castanho),
com um formato oval e de aproximadamente 2cm de comprimento. Estes besouros
vivem em fissuras de casas mal rebocadas, principalmente nas zonas rurais. Os insetos
saem das fissuras durante a noite para se alimentarem com o sangue das pessoas
adormecidas. Eles também são conhecidos como ‗besouros do beijo‘ pois preferem se
alimentar no rosto das suas vítimas, enquanto estão dormindo. Enquanto os besouros
estão se alimentando, os parasitas passam para o sangue da vítima. A infecção é passada
da mãe para o bebê, e pode ser transmitida através de transfusões de sangue. Depois de
uma semana, um inchaço duro e roxo conhecido como ‗chagoma‘ aparece, enquanto o
corpo procura se proteger da infecção local. Alguns parasitas escapam e passam para a
corrente sangüínea, infectando o coração, o cérebro, o fígado e o baço. Duas semanas
depois de serem picados, alguns pacientes, principalmente as crianças, desenvolvem
sintomas gerais, como febre, erupções da pele, inchaço do fígado, do baço e das
glândulas linfáticas. Os adultos têm maior probabilidade de contrair uma infecção do
coração, que leva à morte em 10% dos casos. Estes sintomas podem durar até dois
meses, após os quais os pacientes parecem ficar saudáveis novamente. No entanto, eles
continuam a transportar os parasitas, agindo como uma fonte de infecção para os outros.
Além disso, os parasitas continuam a se multiplicar nos órgãos do corpo –
especialmente no coração – o que geralmente leva à morte dez ou vinte anos mais tarde,
através de doenças do coração. Não existem medicamentos para evitar o contágio. Os
medicamentos benznidazole e nifurtimox são eficazes para matar os parasitas nos
estágios iniciais da infecção. Os métodos tradicionais de controle são baseados na
pulverização das casas com inseticidas. Podemos diminuir o número de lugares onde os
besouros vivem se rebocarmos melhor as paredes, de maneira que fiquem sem fissuras.
Mais recentemente, têm-se usado recipientes para fumigação e tintas que contêm
inseticidas, as quais são comprovadamente mais eficazes e duradouras nos seus efeitos
do que a pulverização. Muitos países da América Latina estão comprometidos em
erradicar esta doença até o ano 2000. Também é importante que os bancos de sangue
sejam monitorizados cuidadosamente. Os mosquiteiros de cama, cobertos com um pano
para evitar que as fezes caiam do telhado e passem através do mosquiteiro, protegem as
pessoas de uma das fontes da infecção, assim como dormir no meio do quarto, distante
das paredes. As vacinas ainda estão em estágios experimentais. Um novo medicamento
(D0870), que tem sido eficaz durante as pesquisas, está sendo testado.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Fundação Nacional de Saúde. Manual de saneamento. 3. ed. rev. - Brasília:


Fundação Nacional de Saúde, 2006.

http://tilz.tearfund.org/Portugues/Passo+a+Passo+31-
40/Passo+a+Passo+33/Informa%C3%A7%C3%B5es+sobre+doen%C3%A7as+transmit
idas+por+insetos.htm. Acesso em: 05 de janeiro de 2011.

PORTAL SÃO FRANCISCO. Insetos Transmissores de doenças. Disponível em:


http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/insetos-transmissores-de-doencas/insetos-
transmissores-de-doencas-1.php Acesso em: 19 de janeiro de 2011.

SAE Itutiutaba. Doenças de veiculação hídrica. Disponível em:


http://www.saeituiutaba.com.br/?arq=101. Acesso em: 05 de janeiro de 2011

VON SPERLING, Marcus. Introdução a qualidade das águas e ao tratamento de


esgotos: Princípios do tratamento biológico de águas residuárias. V. 1. 3 ª Ed. Belo
Horizonte: Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental. UFMG, 2005

12. ESTRUTURAÇÃO DOS SISTEMAS DE SAÚDE E SISTEMA ÚNICO DE


SAÚDE.

Os textos abaixo são de autoria de André Cezar Medici e foram retirados do site:
http://www.tecsi.fea.usp.br/eventos/contecsi2004/BrasilEmfoco/port/polsoc/saude/estsist/sus/index.htm

Evolução da Estrutura do Sistema de Saúde

O sistema de saúde brasileiro no século XX seguiu a trajetória de países latino-


americanos, como México, Chile, Argentina e Uruguai. Com a Lei Eloy Chaves, em
1923, instituiu-se o sistema de Caixas de Aposentadorias e Pensões (CAP's), financiadas
de forma tripartite, pelos empregados, empresas e governo. Estas caixas eram
organizadas por empresas ou categorias profissionais e excluíam muitos segmentos da
população. Embora fosse regulado pelo Estado, o rápido crescimento do sistema de
caixas não permitia ao governo monitorar seu funcionamento, especialmente ao longo
do fim da República Velha (anos 20), quando o Estado era desprovido quase totalmente
de instâncias de fiscalização das ações da sociedade civil.

Com a crise dos anos 30 e o advento da revolução liderada por Getúlio Vargas,
ocorreram muitas mudanças, aumentando o centralismo estatal. Os setores de saúde e
previdência não fugiram a esse movimento. Ao longo dos anos 30, a estrutura das
CAP's foi adicionada pela dos Institutos de Aposentadorias e Pensões (IAP's) autarquias
centralizadas no governo federal, supervisionadas pelo Ministério do Trabalho,
Indústria e Comércio. Estas estruturas, organizadas por ramos de atividade, absorveram
a maioria das antigas CAP's, embora algumas tenham sobrevivido até os anos 60. Ao
longo dos anos 30 foram criados os institutos de marítimos (IAPM), comerciários
(IAPC), bancários (IAPB), estiva e transporte de cargas (IAPTEC) e industriários
(IAPI). Nos anos 40 foi criado o último desses institutos - o dos servidores do Estado.

Durante os anos 40 e 50, a assistência médica prestada pelas CAP's e IAP's aos
trabalhadores formais foi a única disponível. Poucos eram os Estados e Municípios que
dispunham de serviços de assistência médica adequados às necessidades de sua
população. Alguns estabelecimentos filantrópicos mantinham cuidados à saúde para
famílias pobres e indigentes. O Ministério da Saúde, por sua vez, tinha alguns hospitais
especializados em doenças transmissíveis e em psiquiatria.

A assistência médica prestada pelos IAP's apresentava alguns problemas como a


excludência. Muitos trabalhadores formais, bem como os rurais e os do setor informal
urbano, não pertenciam a ramos de atividade ou categorias profissionais cobertas pelos
IAP's e pela estrutura remanescente das CAP's.

A excludência e outras deficiências levaram à unificação das estruturas de


assistência médica dos IAP's, discussão iniciada nos anos 50 e consumada pela Lei
Orgânica da Previdência Social, em 1960. As dificuldades para a unificação dos IAP's
decorreram de compromissos assumidos pelos presidentes Getúlio Vargas, Juscelino
Kubitschek e João Goulart com os sindicatos que dominavam a estrutura administrativa
desses institutos.

O golpe militar de 1964 e o governo autoritário que se instituiu criaram


condições propícias para alterar o sistema de previdência social e assistência médica até
então reinante. Em 1967, no bojo das reformas administrativa, fiscal e financeira, foi
feita também a reforma previdenciária, unificando cinco dos seis IAP's num único
instituto - o Instituto Nacional de Previdência Social (INPS). O sobrevivente Instituto de
Aposentadorias e Pensões dos Servidores do Estado (Ipase) foi extinto nos anos 80 e
suas estruturas de assistência médica incorporadas ao INPS.

O INPS passou a ser responsável pela assistência médica de todos os


trabalhadores formais, que contribuíam na época com 8% de seus salários, adicionados
dos 8% da folha de salários das empresas, independentemente de ramo de atividade ou
categoria profissional. Também passaram a estar cobertos os trabalhadores autônomos
ou empregadores (individualmente) que contribuíssem em dobro para o INPS (16% de
sua renda básica). Essa extensão de cobertura trouxe problemas para as instituições de
assistência médica da previdência social, dado que os estabelecimentos dos antigos
IAP's não davam conta dessa nova clientela do INPS. Foi necessário não apenas ampliar
as instalações de assistência médica da previdência, como também contratar uma rede
maior de estabelecimentos privados que, mediante processos de compra e venda de
serviços médicos por unidade de serviço (US), passariam a integrar a rede de assistência
médica do INPS.

O setor privado, por sua vez, com exceção do filantrópico, calcado nas Santas
Casas e hospitais ligados a ordens religiosas, não contava com uma rede de
estabelecimentos de grande proporção. Seria necessário ampliar esta rede para dar conta
da nova demanda governamental. Boa parte da expansão desta rede foi financiada com
recursos públicos oriundos do Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Social (FAS),
criado em 1974 e formado por recursos das loterias federal e esportiva, bem como por
saldos operacionais da Caixa Econômica Federal (CEF).

Em 1974 foi criado o Ministério da Previdência e Assistência Social, com o


desdobramento do INPS em três institutos: o de Administração da Previdência e
Assistência Social (Iapas), que administrava e recolhia recursos; o INPS, que continuou
com as funções de administração, cálculo, concessão e pagamento de benefícios
previdenciários e assistenciais; e o Instituto Nacional de Assistência Médica da
Previdência Social (Inamps), destinado somente a administrar o sistema de saúde
previdenciária.

O processo consolidou-se, em 1976, com a criação do Sistema Nacional de


Previdência e Assistência Social (Sinpas) e do seu instrumento financeiro, o Fundo de
Previdência e Assistência Social (FPAS). O Sinpas passou a ser composto pelas
seguintes instituições:

- Instituto de Administração da Previdência e Assistência Social (Iapas); -


Instituto Nacional de Previdência Social (INPS); - Instituto Nacional de Assistência
Médica da Previdência Social (Inamps); - Legião Brasileira de Assistência (LBA); -
Fundação Nacional para o Bem Estar do Menor (Funabem); - Empresa de
Processamento de Dados da Previdência Social (Dataprev); - Central de Medicamentos
(Ceme).

De todas essas instituições, duas formavam o subsistema de assistência médica


no âmbito da Previdência Social: o Inamps e a Ceme, destinada a centralizar as compras
e distribuição de medicamentos para as instituições que cuidavam da assistência médica
da previdência social.

A estrutura previdenciária permaneceu praticamente inalterada até meados dos


anos 80 e a ela se somavam os subsistemas compostos pelo Ministério da Saúde e pelos
Estados e Municípios. Com a Constituição de 1988 foi criado o Sistema Único de Saúde
(SUS), que representou a unificação formal de algumas destas estruturas. O SUS
incorporou os hospitais universitários do Ministério da Educação e as redes públicas e
privadas conveniadas de saúde nos Estados e Municípios, formando um sistema que,
teoricamente, tem abrangência nacional.

Sistema Único de Saúde - SUS

Com a Constituição de 1988, as políticas de saúde passaram a ter os seguintes


objetivos e estratégias:

Objetivos:

- Universalização do Atendimento: toda a rede pública própria ou comandada passaria a


atender a população, em caráter universal, sem restrições ou cláusulas de cobertura;
- Eqüidade no Atendimento: além de universal, todos teriam acesso às mesmas
modalidades de cobertura em todo o território nacional;
- Integralidade das Ações: todos teriam acesso à saúde num conceito integral, ou seja,
composto por ações sobre o indivíduo, sobre a coletividade e sobre o meio;

Estratégias:

- Descentralização: a execução dos serviços seria comandada e realizada pelos


Municípios e pelos Estados, minimizando o papel da União;
- Unicidade de Comando: embora descentralizado, o sistema passaria a ter um comando
único em cada esfera de governo, evitando a antiga duplicação de esforços que existia
entre as estruturas do Inamps, do Ministério da Saúde e das secretarias estaduais e
municipais;
- Participação Social: a sociedade participaria da gestão do sistema através de Conselhos
de Saúde organizados em todas as esferas de governo, que teriam funções no campo do
planejamento e fiscalização das ações de saúde.

O SUS integra não apenas as redes federais de saúde, mas também as redes
públicas dos Estados e Municípios, embora os hospitais universitários, por exemplo,
continuem a pertencer à estrutura das universidades e do Ministério da Educação.
Também o subsistema de assistência médica das forças armadas continua isolado, não
integrando o SUS.

O SUS, em nível estadual, passou a ser composto pela fusão dos escritórios
regionais de saúde (antigas superintendências) às secretarias estaduais de saúde,
passando suas ações a estarem subordinadas ao comando das secretarias. No entanto, até
o momento, nem todos os Estados absorveram as redes do Inamps por alegarem
dificuldades relacionadas às despesas de custeio necessárias à manutenção destas redes.
O mesmo se passou com os Municípios, ou seja, poucos deles absorveram os
estabelecimentos do Inamps por razões financeiras e por dificuldades de ordem
operacional.

Os repasses de recursos da União para Estados e Municípios, a partir de 1989,


passaram a ser feitos segundo a prestação de serviços efetivamente realizados em cada
unidade da federação. No caso dos gastos ambulatoriais, os valores eram repassados
segundo critérios per capita. No caso dos valores para o atendimento ambulatorial,
limitava-se o teto de 0,1 internação por habitante/ano em cada Estado/Município, pagos
também após a emissão da fatura do serviço prestado.

O processo de desenvolvimento do SUS tem sido lento e, em certa medida,


prejudicado pela grande crise financeira do setor público em saúde, a partir do governo
Collor de Mello.

REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS

MEDICI, André Cezar. Evolução da Estrutura do Sistema de Saúde. Disponível em:


http://www.tecsi.fea.usp.br/eventos/contecsi2004/BrasilEmfoco/port/polsoc/saude/estsis
t/sus/index.htm Acesso em: 05 de janeiro de 2011.

MEDICI, André Cezar. Sistema Único de Saúde. Disponível em:


www.datasus.gov.br/tabnet/tabnet.htm Acesso em: 05 de janeiro de 2011.

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