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ANTROPOLOGIA
(Cultura e Seus Significados)
Antropologia Cultural
Novembro de 2010
Os Múltiplos Sentidos de Cultura
Por fim, talvez a concepção mais genérica diga que cultura é tudo aquilo que o homem vivencia,
realiza, adquire e transmite por meio da linguagem.
Esta concepção, pela amplitude de sua definição, inclui varias das idéias antes vistas, mas traz
novos problemas, o "homem em coletividade", "pensar", ou "posicionar-se perante o absoluto", a
cultura tem sua própria lógica e certa descontinuidade em relação à natureza, certa autonomia, e dá ao
homem características de comportamento que vão além do comportamento animal.
Pensar representa o sistema ideológico da cultura, o conjunto de idéias, a lógica e a filosofia que
são inerentes na cultura. A cultura é um sistema que ordena o pensar, mas também o agir, o modo de
relacionar-se, de seus participantes e também os valores que justificam tudo isso.
Psicologia e Sociologia derivadas do empirismo radical, como o behaviorismo, que já foi muito
poderosa na academia americana, realçam o aspecto comportamental e interativo dos indivíduos para a
compreensão da sociedade. Já os funcionalistas defendem a proposição de que a sociedade é como um
organismo em que tudo está inteirado e todas as partes têm uma função, como num modelo
matemático, os indivíduos em si ou em grupo não passariam de funções do conjunto. Para a escola
estruturalista francesa o indivíduo é a mera representação ou manifestação da dinâmica do coletivo.
A reprodução cultural se dá por vários meios, sendo fundamental a reprodução física dos
homens a cultura está assentada em uma coletividade, que tem por obrigação biológica se reproduzir e
o faz por meios físicos e culturais. A morte de um povo representa a morte de uma cultura, mas não
necessariamente a morte de todos os aspectos dessa cultura, não se pode dizer que ainda exista a
cultura romana antiga, mas a língua latina é uma entidade ainda utilizada em alguns fins, costumes
originalmente romanos continuam a ser praticados entre as culturas influenciadas ou derivadas da
cultura romana, por exemplo, na Europa, nas Américas e alhures.
Na verdade, todos os aspectos de uma cultura devem funcionar para sua conservação, devemos
entender que cada cultura tem um ritmo próprio de reprodução, de conservação e de mudança, uma
dinâmica. Se esse ritmo for intensificado, corre-se o risco de a cultura perder sua estabilidade e se
transformar em algo bastante diferente. Podemos dizer que as culturas se relacionam umas com as
outras, a cultura brasileira se relaciona com a cultura norte-americana ou com as culturas indígenas.
Na antropologia costuma-se chamar de "empréstimo" cultural, por exemplo, o uso brasileiro da calça
jeans, que foi "inventada" e era um item material da cultura americana. A antropologia usa o termo
"aculturação" para expressar esse processo de relacionamento e de incorporação de itens culturais de
uma cultura por outra como o caso dos italianos no sul do Brasil, ou dos japoneses em São Paulo,
porém, há que se entender que o processo aculturativo não é inexorável, irreversível, pois acontece de
haver uma reação cultural que faz com que um determinado povo se retraia e volte a ser algo próximo
do que era antes.
A dinâmica própria de cada cultura é afetada pelo relacionamento entre os povos, organizados
como nações e estados. Não há efetivamente culturas superiores ou inferiores, como em uma escala
evolucionária. No mundo atual, a convivência positiva entre culturas se dá sob uma série de princípios
filosóficos, de caráter humanista, tal como delineados na Carta e em diversas resoluções da ONU, por
outro lado, a convivência negativa entre culturas existiu no passado e continua a existir, embora se diga
sempre que isso se deve à competição entre nações, não a uma incompatibilidade entre culturas.
Cultura e Sociedade
Esses conceitos são geralmente usados juntos, não como sinônimos, mas como equivalentes de
fato, elas compartilham muitos sentidos e se operam de maneira semelhante. Sociedade compreende o
conjunto dos indivíduos, não como soma populacional indiferenciada, senão agrupados em situações
comuns de existência. Falando em atitudes e visões de mundo, falamos em cultura. Assim, a sociedade,
em suas parcialidades ou em sua totalidade, se rege pela cultura, por um modo de ser coletivo que é
partilhado por seus membros. A antropologia reconhece a existência de sociedades em que o grau de
participação dos indivíduos nos bens materiais e simbólicos é quase eqüitativo. Ninguém, nenhuma
família teria mais participação, econômica, que outra. Em tais sociedades, que chamamos de igualitárias,
as categorias sociais estariam restritas a famílias, linhagens, grupos de idade, grupos ritualísticos, etc.. A
maioria esmagadora das sociedades no mundo atual é desigualitária, isto é, o grau de participação nos
bens e valores da cultura se dá de forma desigual entre os indivíduos, entre as famílias e entre outras
categorias sociais.
Para os sociólogos que tratam das sociedades desiguais, a definição mais simples de sociedade
seria um sistema mais ou menos coerente de classes sociais que se relacionam entre si, e essa relação é
intrinsecamente conflituosa, portanto, sociedade é um todo de indivíduos agrupados em categorias
sociais, a cultura teria uma função muito importante: dar coesão, integridade, ao que é necessariamente
dividido, a cultura seria aquilo que passa por cima dessas diferenças e faz todos se sentirem um só.
Cultura e Subculturas
Usamos a palavra subcultura com uma ponta de indecisão, esperando que esse "sub" não
denote inferioridade, e sim parcialidade. Tal raciocínio poderia chegar ao paradoxo de dizer que não
existe cultura, só subculturas, ou expressões culturais localizadas no tempo e no espaço, por exemplo,
quando reconhecemos a diversidade cultural no Brasil: as expressões culturais do Nordeste, as variações
gaúchas, mineiras, cariocas, caipiras e negras, podemos ao mesmo tempo dizer que há uma cultura
brasileira que representa todas elas e que existe em cada uma delas o que podemos chamar de
expressões culturais de subculturas.
Tradição, Folclore
Tradição seria tudo aquilo cultural que uma coletividade reconhece como sendo essencial para
sua identidade, e que vincula sua existência atual com seu passado. Tradição se confunde com folclore,
palavra de origem inglesa que quer dizer "conhecimento popular". Folclore se restringe a ritos, mitos,
crenças, ditados, festas e festivais que um dia foram importantes (no passado) e que hoje estão restritas
a comunidades menores, folclore já foi visto como uma ciência humana, um ramo autônomo da
antropologia, significava a pesquisa, a descrição, o registro e a sistematização dos costumes populares.
Ethos, Etos
A palavra ethos só foi usada teoricamente a partir do antropólogo inglês Gregory Bateson,
quando, na década de 1930, tentou explicar a singularidade do modo de sentir o mundo e de se
comportar de acordo com princípios, normas e valores reconhecidos do povo Iatmul. Décadas após a
palavra foi novamente utilizada para o mesmo fim, porém nunca emplacou no meio antropológico.
Cultura e Civilização
Para os antropólogos não são sinônimas, mas se complementam numa certa hierarquia: cultura
corresponderia à realidade vivenciada de um povo; civilização corresponderia a uma síntese ou
desdobramento político de uma ou mais culturas que se relacionam num determinado território e num
intervalo de tempo.