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CUIABÁ-MT
2010
ii
LEILANE CRISTINA OLIVEIRA COSTA
APROVADA EM:
Comissão Examinadora
______________________________________ _______________________________
Prof. Ms. Wagner Antônio Trondoli Matricardi Luciano Lanssanova
UFMT/FENF UFMT/FENF
__________________________
Prof. Dr. Diego Tyska Martinez
Orientador – UFMT/FENF
iii
Levantamento fitossociológico de uma área de cerrado sensu stricto no
Parque Nacional de Chapada dos Guimarães
RESUMO
O objetivo deste trabalho foi realizar um levantamento fitossociológico de um trecho de
cerrado sensu stricto, localizado no Parque Nacional de Chapada dos Guimarães, no
município de Chapada dos Guimarães, Mato Grosso, para obter conhecimento sobre a
comunidade arbusto-arbóreo do local, sua estrutura, composição florística e a distribuição das
espécies. O local do estudo se localiza ao lado da Rodovia Emanuel Pinheiro, em um dos
pontos de visitação do parque, conhecido como Monumento de Pedra. Foram alocadas de
forma continua 8 parcelas de 10 m x 10 m (100 m²). Foram incluídos na amostragem todos os
indivíduos com perímetro igual ou superior a 15 cm, medidos a 30 cm de altura em relação ao
nível do solo. Foram amostradas 19 espécies, distribuídas em 12 famílias. A família
Myrtaceae apresentou três espécies, seguida pelas famílias Fabaceae, Malpighiaceae,
Connaraceae, Crysobalanaceae e Vochysiaceae, ambas com duas espécies cada. As demais
famílias apresentaram apenas uma espécie amostrada. As espécies com maior Índice de
Importância foram Davilla nitida (Vahl) Kubitzki, Myrcia crassifolia (Miq.) Kiaersk, Andira
cuiabensis (Benth.) O.Kuntze, Rourea induta Planch. var. induta Baker, Piptocarpha
rotundifolia (Less.) Baker e Pouteria ramiflora (Mart.) Radlk. O índice de Shannon (H’=
2,42) e a similaridade dos registros botânicos pelo coeficiente de Sörensen (média de 56,6)
indicam baixa diversidade e certa similaridade entre os registros. A abundância foi de 2087,5
indivíduos por hectare, sendo considerada alta para as condições de cerrado. A correlação
entre diâmetro e altura por pares de indivíduos da mesma espécie variou de 0,32 a 0,81,
demonstrando que algumas espécies apresentam boa relação entre estes caracteres, enquanto
outros não se relacionam bem, devido a forma da árvore, geralmente com ramificação baixa.
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SUMÁRIO
RESUMO ............................................................................................................................. iv
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 1
4. CONCLUSÃO ................................................................................................................... 12
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................................12
ANEXOS .................................................................................................................................15
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LISTA DE TABELAS E FIGURAS
vi
1. INTRODUÇÃO
Mato Grosso é um estado extenso e com uma rica diversidade, tanto nas
formações vegetais, quanto na fauna, abrangendo três grandes biomas brasileiros – Amazônia,
Cerrado e Pantanal (SILVEIRA & BORGES, 2009).
O Bioma Cerrado ocupa aproximadamente 2 milhões de km² representando 22%
do território brasileiro (FERNANDES et al., 2003), concentrando um terço da biodiversidade
nacional e ainda 5% da flora e da fauna mundial (FALEIRO et al., 2008).
Este bioma é composto por diversos tipos de vegetação, sendo predominante o
cerrado sensu stricto, fitofisionomia que ocupa aproximadamente 70% do bioma cerrado
(ASSUNÇÃO & FELFILI, 2004), crescendo em solos profundos e bem drenados. Ocorre
geralmente em faixas extensas e continuas, possuindo uma camada herbácea gramínea e um
estrato lenhoso com altura variando de 3 a 5 m, com cobertura arbórea entre 10 a 60%, com
árvores baixas, inclinadas, tortuosas, com ramificações irregulares e retorcidas, distribuídas
aleatoriamente sobre o terreno em diferentes densidades. Não sofrem com a restrição hídrica
durante a estação de seca, período em que ocorrem as queimadas (FELFILI & SILVA
JUNIOR, 2001; RIBEIRO & WALTER, 1998).
No período da seca é comum a ocorrência de queimadas no cerrado, seja por
causa natural ou antrópica, sendo esta última a maior responsável pelas queimadas, este fogo
se torna importante para a manutenção de algumas espécies, pois auxilia a abertura dos frutos
e assim a liberação de sementes (COUTINHO, 1977).
O Estado do Mato Grosso possui 92 unidades de conservação, porém muitas
dessas unidades não possuem informações a respeito da estrutura da vegetação e de sua
composição florística (MEIRA NETO & SAPORETTI JÚNIOR, 2002). Levantamentos
florísticos e fitossociológicos têm fornecido informações importantes que permitem a
elaboração e planejamento de propostas para recuperação de áreas que sofreram alguns
distúrbios (FIEDLER et al., 2004). Fatores como a alta diversidade, pequena porcentagem de
áreas protegidas aliados à forte pressão sofrida por este bioma, mostram a importância de se
conhecer a diversidade biológica contida nesse ambiente, permitindo a avaliar as perdas nas
áreas alteradas e sugerir medidas de conservação dessa diversidade.
1
Os levantamentos fitossociológicos além de fornecerem informações quantitativas
sobre a estrutura horizontal e vertical da vegetação promovem o conhecimento das variações
fisionômicas e estruturais sofridas pelas comunidades vegetais ao longo do tempo e espaço
(SCOLFORO, 1993).
Os diversos trabalhos sobre levantamentos fitossociológicos e florísticos visam
quantificar quais famílias são mais representativas de uma área, como está a ocupação de cada
espécie, sua influência na comunidade e sua ocorrência em vários pontos distintos da área;
como é feito no trabalho de Oliveira-Filho, Scolforo e Melo (1994), onde analisaram uma área
através dos índices fitossociológicos: densidade por área, densidade relativa, freqüência
absoluta, freqüência relativa, dominância relativa, índice de valor de importância.
Medidas de abundância e de distribuição das espécies são essenciais, quando se
objetiva conhecer a estrutura da vegetação e construir uma base teórica que subsidie seu
manejo, conservação ou a recuperação de áreas similares (VILELA et al., 1993).
Vegetações de natureza distintas requerem a adoção de metodologias apropriadas
que reflitam suas características morfológicas e estruturais. Uma proposta metodológica é a
implantação de parcelas permanentes que são áreas demarcadas em determinada vegetação,
para o monitoramento das mudanças que ocorrem em sua estrutura fitossociológica, na
diversidade, na biomassa, taxas de crescimento, recrutamento, mortalidade e muitas outras
variáveis (FELFILI et al., 2005). Para que uma amostragem seja representativa ela deve
englobar uma porção de sua composição florística, possuindo uma pequena variação para os
parâmetros estruturais como densidade, área basal e volume (FELFILI & SILVA JUNIOR,
2001). Assim deve-se estar atento ao tamanho das parcelas, para que elas possam cobrir o
máximo de diversidade paisagística de cada fitofisionomia em cada área.
O objetivo desse trabalho foi conhecer a estrutura, a composição florística e a
distribuição de espécies do componente arbóreo-arbustivo de uma área do Cerrado sensu
stricto, localizado no Parque Nacional de Chapada dos Guimarães, do município de Chapada
dos Guimarães - MT.
2. MATERIAL E MÉTODOS
2.1. Área de Estudo
2
O estudo foi desenvolvido em uma área de cerrado sensu stricto, no Parque
Nacional de Chapada dos Guimarães, localizado no município de Chapada dos Guimarães,
Mato Grosso, aproximadamente nas coordenadas 15º23’38,37’’S e 55º50’07,17’’O
(GOOGLE EARTH). A área avaliada localiza-se na parte elevada do parque e, segundo a
classificação de Köppen, o clima inclui-se na categoria Cw, caracterizado por uma estação
chuvosa do mês de outubro a março e um período de seca do mês de abril a setembro
(IBAMA, 2005). O solo do local possui característica argilo-arenoso acinzentado.
3
preparado, este material foi levado ao Herbário da Universidade Federal de Mato Grosso
(UFMT) e identificado por um especialista conforme o Sistema de Cronquist.
4
Dominância: É estimada através do somatório das áreas basais dos troncos, normalmente
sendo expressa em m²/ha. Pode ser absoluta, dada pelo somatório das áreas basais de todos os
indivíduos (m²); e pode ser relativa, que é a participação percentual de uma espécie no total de
área basal variando entre 0 a 100%.
Dominância Absoluta. = g/ha
Dominância Relativa = [(g/ha)/ (G/ha)] * 100
Onde:
g = área transversal de cada espécie por hectare (m²/ha)
G = área basal por hectare (m²/ha)
H’ = -∑ pi lnpi
Onde:
pi = ni/N, ou seja, a abundância relativa da i-ésima espécie por área;
ni = número de indivíduos da espécie i;
N = número total de indivíduos.
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Ks =
Onde:
a é o número de espécies no registro A;
b é o número de espécies no registro B;
c é o número de espécies comuns a ambos os registros.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
7
Celastraceae (Hippocrateaceae) 50,00 7,55 12,50 5,26 0,33 3,58 16,39
Ebenaceae 12,50 1,89 12,50 5,26 0,06 0,65 7,80
Lythraceae 12,50 1,89 12,50 5,26 0,05 0,59 7,74
TOTAL 662,50 100,00 237,50 100,00 9,22 100,00 300,00
Nota: FA= freqüência absoluta, FR= freqüência relativa, Ab.A= abundância absoluta, Ab.R=
abundância relativa, DA= dominância absoluta, DR= dominância relativa e IVI=
índice de valor de importância.
Nos trabalhos de Meira Neto & Saporetti Junior (2002), Barbosa (2006),
Assunção & Felfili (2003) e Felfili et al. (2000), avaliando áreas de cerrado , também foram
registradas estas famílias.
Os parâmetros fitossociológicos por espécie estão descritos na Tabela 3. A espécie
que apresentou o maior IVI foi a Davilla nitida, seguida de outras espécies como Myrcia
crassifolia, Andira cujabensis, Rourea induta e Piptocarpha rotundifolia.
Dentro da família Dilleniaceae a espécie Davilla nitida é uma das mais freqüentes
dentro do cerrado, sendo, neste estudo, a espécie com maiores valores para abundância,
freqüência e dominância, apesar de não apresentar indivíduos com diâmetro muito elevado, a
quantidade de indivíduos fez com que se sobressaísse perante as outras espécies. O alto valor
para freqüência também pode representar que a área possui as condições especificas para o
seu desenvolvimento, visto que as parcelas não se encontram em locais distintos.
Em trabalhos de levantamentos fitossociológicos de autores como Assunção &
Felfili (2003), Felfili et al. (2000), Silva et al. (2000), Carvalho et al. (2007), onde foram
amostrados indivíduos pertencentes a família Dilleniaceae, não houve registro da espécie
Davilla nitida.
Dos 167 indivíduos amostrados, 5 eram árvores mortas e 15 eram árvores sem
folha, sendo este último número reduzido para 9 após o inicio das chuvas, quando foi feito
retorno para se verificar se já haviam emitido brotação. As 5 árvores mortas tinham PAP de
18cm a 46,5cm.
Este trabalho apresentou uma abundância de 2087,5 indivíduos por hectare, com o
diâmetro mínimo de inclusão de 5 cm a 0,30m do nível do solo, muito superior ao encontrado
no trabalho de Felfili et al., 2000, que obteve uma abundância de 995 indivíduos por hectare
com o diâmetro mínimo de inclusão de 5 cm porém medido ao nível do solo.
8
Os valores de IVI para Myrcia crassifolia, Andira cujabensis, Rourea induta,
Piptocarpha rotundifolia e Pouteria ramiflora confirmam a presença dessas espécies no
cerrado sensu stricto, sendo também amostradas em outros trabalhos.
As espécies da família Vochysiaceae apesar de serem representativas em outros
trabalhos (SILVA et al., 2000; FELFILI et al., 2000) neste talvez por aspectos climáticos,
altitude ou devido ao solo, apresentaram baixos valores para os parâmetros fitossociológicos.
9
único indivíduo, o que pode significar raridade ou indicar que o local apresenta exatamente as
condições necessárias para o seu estabelecimento.
Foram registrados 9 indivíduos sem folhas, devido ao trabalho ter sido realizado
no período de seca, o que impossibilitou a identificação destes.
As espécies amostradas apresentaram diâmetros pequenos a 0,30m do solo,
conseqüentemente obtiveram valores de área basal baixo.
A curva espécie-área (Figura 1) mostra que a utilização de três parcelas é
suficiente para amostrar a maioria das espécies, nas condições de estudo. Após a terceira
parcela, só ocorreu aumento no número de espécies a partir da 6ª parcela, com acréscimo de
apenas uma espécie por parcela, demonstrando uma tendência de estabilização.
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20
Número de espécies
15
10
0
P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8
Número de Parcelas
2
y = 4,7216Ln(x) + 9,7411 R = 0,9416
10
A similaridade média entre parcelas, pelo índice de Sorensen (Tabela 5), foi de
56,6, com mínima de 35,3 e máxima de 71,42, indicando certa similaridade entre os registros
botânicos para as espécies.
Correlação Perímetro e
Espécies
Altura
11
Salacia crassifólia 0,81
Vochysia rufa 0,72
4. CONCLUSÃO
5. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
FIEDLER, N.C.; AZEVEDO, I.N.C. de; REZENDE, A.V.; MEDEIROS, M.B. de;
VENTUROILI, F. Efeito de incêndios florestais na estrutura e composição florística de
uma área de cerrado sensu stricto na Fazenda Água Limpa - DF. Revista Árvore, n.28,
p.129-138. 2004.
FERNANDES, A.; MARIMON JUNIOR, B. H.; POMINI E.; LIMA, L. F.; RIBEIRO, R.
Métodos de campo em Ecologia – Composição floristica, diversidade e estrutura de uma
área do Cerrado sensu stricto do Parque Estadual da Serra de Caldas, GO. 2003.
SILVEIRA, E., A.; BORGES, H., B., N. Guia de Campo: caracterização de tipologias
vegetais de Mato Grosso. Cuiabá – MT, ed. Carlini & Caniato, 2009.
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ANEXO
TABELA 6. Diâmetros e Alturas das espécies amostradas no cerrado sensu stricto no município de
Chapada dos Guimarães.
Diâmetro a 30 cm Altura (m)
Espécie
Média Mínimo Máxima Média Mínimo Máxima
Andira cujabensis 9,01 9,07 12,41 3,29 2,40 4,80
Bowdichia virgiloides 20,69 - - 7,50 - -
Byrsonima intermedia 5,89 - - 1,90 - -
Byrsonima sp. 6,96 4,77 9,07 3,12 2,30 3,50
Connarus suberosus 5,09 - - 2,50
Couepia aff. Uiti 5,89 - - 1,50
Couepia grandiflora 8,81 6,68 11,14 3,28 2,80 3,80
Davilla nitida 7,23 4,77 11,78 2,52 1,40 4,00
Diospyros hispida 7,80 - - 2,80
Lafoense pacari 5,25 4,77 5,73 2,00 2,00 2,00
Morta 8,66 5,73 14,80 3,50 2,50 5,00
Myrcia albotomentosa 6,77 4,77 10,19 2,96 1,75 5,00
Myrcia crassifolia 6,47 3,77 8,12 1,88 1,25 2,60
Myrcia sp. 6,05 - - 2,50 - -
Piptocarphia rotundifolia 6,86 4,77 9,55 2,16 1,20 2,80
Pouteria ramiflora 6,80 4,77 8,91 2,54 1,60 3,50
Rourea induta 6,20 4,93 7,96 1,96 1,50 2,80
Rourea suberosus 7,32 - - 2,50 - -
Salacia crassifolia 7,96 6,53 11,30 2,56 2,10 3,00
Sem folha 6,98 5,41 9,23 3,00 1,75 4,80
Vochysia cinamomia 7,16 - - 3,20 - -
Vochysia rufa 7,43 6,68 8,59 2,43 1,70 3,10
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