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ESCOLA ESTADUAL PAULO JOSÉ DERENUSSON – “Vencendo desafios,

conquistando vitórias”
AVALIAÇÃO DE LÍNGUA PORTUGUESA – 3º 301/302/303
PROF. MARCELO MACIEL DE ALMEIDA
Nome: __________________________________________________________ nº: _____
Data: ______________ Valor: 5,0 pontos Nota obtida: _________
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Leia com atenção o texto abaixo para responder as questões que o seguem:

O Sputnik chinês e a educação


Cláudio de Moura Castro*

16/02/2011

“Ter peninha da pobre criança que não tem vontade de estudar é trocar o conforto emocional de hoje pelo
futuro do filho”

Na década de 50, os Estados Unidos estavam mergulhados na Guerra Fria. Diante da ameaça
russa, os homens construíam abrigos nucleares e as velhinhas procuravam comunistas embaixo da cama.
De repente, desaba o seu mundo. Sobe um foguetaço russo levando o Sputnik1. O primeiro satélite artificial
desintegra a supremacia científica americana. Mas daquele país sempre vieram respostas decididas, como
prêmios Nobel reescrevendo os livros de ciência (aliás, por aqui, ainda há quem não acredite em livros de
qualidade). Logo foram à Lua.
Passam-se os tempos, a Rússia afunda. Mas surge uma nova assombração: a China. Faz um
século, no país desmoralizado pelo ópio e pelo imperialismo, exércitos das grandes potências zanzavam em
seu território, sem que houvessem sido convidados. Canhoneiras americanas patrulhavam o Rio Yangtzé.
Vêm o comunismo, a Revolução Cultural e fomes medonhas. Nas últimas décadas, porém, o país se
recompõe e, poupando 40% do PIB, cresce a taxas espantosas. Nos Estados Unidos, políticas financeiras
levianas tornam o país dependente dos dinheiros chineses e a indústria americana está se mudando para lá.
Mas é ainda pior. O teste do Pisa tornou-se a olimpíada da educação mundial. Enquanto estava a
Finlândia em primeiro lugar, vá lá, quem teme um minipaís que faz celulares? Mas decola um novo Sputnik: o
campeão absoluto no último Pisa é a cidade de Xangai! Enquanto isso, os americanos amargam posições
entre a 15ª e a 31ª (para registro: este ensaio estava pronto quando Obama falou de Sputnik).
Na cacofonia das perplexidades, vira best-seller um livro de Amy Chua (Battle Hymn of a Tiger
Mother). Nele, tim-tim por tim-tim, essa professora sino-americana de direito (em Yale) conta como educou
suas filhas, ao estilo chinês. Entre outras coisas, eram proibidas de participar de teatro, de atividades
extracurriculares, de ver TV ou jogar no computador, de tirar qualquer nota que não fosse A, de obter
qualquer colocação que não fosse o primeiro lugar e de tocar qualquer coisa que não fosse piano ou violino
(e por duas ou três horas de prática diária). Filhos estressados? Enquanto 70% das mães ocidentais temem
as pressões sobre os filhos, 0% das chinesas se preocupa com isso. Se os filhos não se saem bem, é
vergonha para os pais. Para evitarem a desonra, gastam dez vezes mais tempo ajudando os filhos nos
deveres - em comparação com as mães ocidentais.
Para os orientais, nada é divertido ou agradável, até que seja totalmente dominado. Portanto, não se
pergunta à criança se quer estudar, praticar ou se gosta do que está fazendo. É crença deles, gosto se
adquire na prática obsessiva e do sucesso que vem dela. Se malandrava ou tirava notas ruins, Chua era
chamada pela mãe de "lixo". A vergonha foi um santo remédio e não deixou cicatrizes na personalidade. Se
a nota foi menos que A, só pode ser por vadiagem, pois se toma como certo que o filho pode obter os
resultados esperados. Daí as inevitáveis explosões de fúria paternal, sem as preocupações ocidentais de
traumatizar as crianças.
De camarote, assistimos às dúvidas da família americana. Como enfrentará o Sputnik chinês? De um
lado, o medo psicanalítico dos traumas. De outro, os sucessos da linha dura, estilo chinês. Mas e nós, ainda
mais condescendentes com nossos delicados pimpolhos? Até que uma pitadinha de mãe chinesa não seria
má ideia. Com plena tranquilidade de que jamais veremos tais exageros implantados pelos nossos pais
molengões, vejamos algumas boas ideias.
Cabe aos pais ter uma participação muito ativa na educação dos filhos, gastar bom tempo nesses
misteres, bem como ter expectativas ambiciosas e frequentemente comunicadas. Cabe cobrar e ser avaro
nos perdões instantâneos, mas, também, louvar os sucessos. Ter peninha da pobre criança que não tem
vontade de estudar é trocar o conforto emocional de hoje pelo futuro do filho (mais fácil dizer do que fazer!).
É errado acreditar que a educação deve ser sempre leve e divertida. Fica assim, depois que se toma o
gostinho de lidar com assuntos entendidos. Antes, é suor. A melhor maneira de adquirir confiança em si é
aprender o que antes parecia impossível. O papel dos pais é fazer com que isso aconteça, por árduo que
seja.

*Claudio de Moura Castro é economista.


1- Sputnik: Foi o primeiro satélite a ser lançado no espaço, em 1957, acontecimento que marcou a história. Chamou a atenção do
mundo pela grandeza da tecnologia apresentada. Seu tamanho era similar a de uma bola de basquete, pesando cerca de 83,6 kg. Tinha
apenas a função de transmitir um sinal de rádio, que podia ser sintonizado por qualquer rádio amador.
(http://www.brasilescola.com/historia/sputnik.htm, disponível em 22/02/2011)

01- Com base na leitura, justifique o título do texto “O Sputnik chinês e a educação”. Atente-se para a
definição de Sputnik. (0,5)

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02- Qual a função da linguagem predominante no texto? Justifique. (0,5)


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03- Em “Mas daquele país sempre vieram respostas decididas, como prêmios Nobel reescrevendo os
livros de ciência. O termo sublinhado, “daquele país” refere-se a quê? (0,5)

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04- O que foi a Guerra Fria, mencionada no texto? (0,5)


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05- “Nos Estados Unidos, políticas financeiras levianas tornam o país dependente dos dinheiros chineses e
a indústria americana está se mudando para lá”. O termo em destaque pode ser substituído, sem prejuízo,
por: (0,25)
a) leves
b) inconscientes
c) imprudentes
d) despreocupadas
e) desatentas

06- Em “(...) quem teme um minipaís que faz celulares?” O termo em destaque refere-se a: (0,25)
a) Rússia
b) Brasil
c) China
d) Finlândia
e) Japão

07- Onde fica a cidade de Xangai? (0,25)


a) Rússia
b) Brasil
c) China
d) Finlândia
e) Japão
08- “Até que uma pitadinha de mãe chinesa não seria má ideia”. A que se refere esse fragmento do texto.
(0,5)

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09- “Na cacofonia das perplexidades, vira best-seller um livro de Amy Chua (Battle Hymn of a Tiger Mother)”.
A cacofonia é um som desagradável ou obsceno formado pela união das sílabas de palavras contíguas.
Assinale a alternativa onde não ocorre cacofonia: (0,25)
a) Ygor beijou a boca dela.
b) Vou-me já que está pingando. Vai chover!"
c) Este é um instrumento para socar alho.
d) Bata com um mamão para mim, por favor.
e) Eu a amo demais.

10- “Cabe aos pais ter uma participação muito ativa na educação dos filhos, gastar bom tempo nesses
misteres, bem como ter expectativas ambiciosas e frequentemente comunicadas. Cabe cobrar e ser avaro
nos perdões instantâneos, mas, também, louvar os sucessos”. As palavras destacadas, respectivamente,
podem ser substituídas por: (0,25)
a) trabalhos; miserável
b) trabalhos; zeloso
c) zelos; sovina
d) zelos; miserável
e) mistérios; zeloso

11- Qual a sua opinião sobre a educação chinesa? (0,25)


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12- Observe o esquema abaixo, referente às funções da linguagem. (1.0)

Que funções da linguagem há nos textos abaixo? Justifique sua resposta.


TEXTO I TEXTO II
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GABARITO

1- O título “O Sputinik Chinês e a Educação” remete-nos ao desenvolvimento da educação na China,


país que obteve o primeiro lugar na prova PISA. Pode-se inferir que este resultado teve um impacto
grande, comparável ao lançamento do primeiro satélite espacial, o Sputinik.
2- Função referencial, centrada no referente, já que se trata de um texto informativo.
3- Refere-se aos Estados Unidos.
4- Guerra Fria é a designação atribuída ao período histórico de disputas estratégicas e conflitos
indiretos entre os Estados Unidos e a União Soviética, compreendendo o período entre o final da
Segunda Guerra Mundial (1945) e a extinção da União Soviética (1991). Em resumo, foi um conflito
de ordem política, militar, tecnológica, econômica, social e ideológica entre as duas nações e suas
zonas de influência.
Uma parte dos historiadores defende que esta foi uma disputa entre o capitalismo, representado
pelos Estados Unidos e o socialismo, defendido pela União Soviética (URSS). Entretanto, esta
caracterização só pode ser considerada válida com uma série de restrições e apenas para o período
do imediato pós-Segunda Guerra Mundial, até a década de 1950. Logo após, nos anos 1960, o bloco
socialista se dividiu e durante as décadas de 1970 e 1980, a China comunista se aliou aos Estados
Unidos na disputa contra a União Soviética. Além disso, muitas das disputas regionais envolveram
Estados capitalistas, como os Estados Unidos contra diversas potências locais mais nacionalistas.
É chamada "fria" porque não houve uma guerra direta ou seja bélica, "quente", entre as duas
superpotências, dada a inviabilidade da vitória em uma batalha nuclear. A corrida armamentista pela
construção de um grande arsenal de armas nucleares foi o objetivo central durante a primeira
metade da Guerra Fria, estabilizando-se na década de 1960 até à década de 1970 e sendo reativada
nos anos 1980 com o projeto do presidente estadunidense Ronald Reagan chamado de "Guerra nas
Estrelas".
5- c)
6- d)
7- d)
8- O fragmento em questão refere-se, sobretudo, às mães ocidentais, que deveriam esperlhar-se nas
mães chinesas.
9- e)
10- a)
11- pessoal
12- Texto I: Função metalinguística, centrada no código, já que o poema fala da própria arte de fazer
poesia. Texto II: Função conativa ou apelativa, centrada no destinatário ou receptor, já que o texto é
um anúnicio publicitário no qual há um apelo para que se compre o creme dental Kollynos.

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