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Colelitíase

- Introdução
- Exame do Paciente
- Exames Complementares
- Abordagem Terapêutica
- Conclusão
- Referências Bibliográficas

"Os distúrbios que afetam a vesícula biliar (VB) variam desde cálculos
assintomáticos até cólicas biliares, colecistite, coledocolitíase e colangite. A
cólica biliar é causada pela impactação temporária de um cálculo no ducto
cístico ou no ducto biliar comum. Colecistite consiste na inflamação da VB
decorrente de obstrução do ducto cístico ou do ducto biliar comum. O termo
colangite refere-se à infecção da árvore biliar. Colelitíase é definida como a
presença de cálculos na VB – e este será o escopo da discussão ao longo deste
artigo".

Introdução

De um modo geral, estima-se que cerca de 10-20% dos adultos possuam cálculos
biliares. A prevalência da colelitíase é afetada por vários fatores,
incluindo idade (risco aumenta proporcionalmente), etnia (mais comum em
hispânicos, menos freqüente em afro-americanos), sexo (feminino), presença
de comorbidades (p.ex.: anemia falciforme) e fertilidade (gestantes tendem a ser
mais sintomáticas; além disso, a multiparidade é um fator de risco para a
formação de cálculos biliares).

Existem 03 tipos principais de cálculos biliares: (1) de colesterol, (3) pigmentares


e (4) mistos. Os cálculos de colesterol são os mais comuns. Os ácidos biliares, a
lecitina e os fosfolipídios ajudam a manter a solubilidade do colesterol. Contudo,
quando a bile se torna supersaturada com colesterol, ele se cristaliza, formando
um núcleo litogênico. Cálcio e vários pigmentos também podem ser incorporados
ao cálculo.

A hipomotilidade da VB, a estase biliar e a composição química da bile podem


predispor à formação de cálculos biliares. Outros fatores de risco incluem: dieta
rica em gorduras, obesidade, perda ponderal rápida, nutrição parenteral, etilismo
moderado a severo, doenças hemolíticas e uso de estrógenos.

Exame do Paciente

A colelitíase possui 03 estágios clínicos: assintomático, sintomático e associado a


complicações (p.ex.: colecistite, coledocolitíase ou colangite). A maioria dos
casos (60-80%) é assintomática.

Apesar de certos sintomas, tais como flatulência e dor no hipocôndrio direito,


tradicionalmente serem associadas a colelitíase, estas manifestações não são
específicas. Dispepsia e intolerância a alimentos gordurosos também são
consideradas manifestações típicas da colelitíase, mas não costumam desaparecer
após a colecistectomia.
Ao exame físico, os sinais vitais do paciente são completamente normais. A
presença de febre, taquicardia e hipotensão devem levantar a suspeita de
infecções potencialmente graves, incluindo colecistite e colangite.

Exames Complementares

Exames laboratoriais não são necessários nos pacientes assintomáticos. Apenas


cerca de 10-30% dos cálculos biliares são visíveis à radiografia simples do
abdome.

A ultra-sonografia (US) é considerada o exame padrão-ouro, com sensibilidade


de 98% para colelitíase. A ausência de manifestações clínicas e de evidências de
colecistite selam o diagnóstico de colelitíase assintomática – um dado com claras
repercussões terapêuticas. A presença de colecistite é sugerida pelo espessamento
da parede da VB (>2-4 mm), distensão da VB (diâmetro >4 mm, extensão > 10
cm), coleção ou exsudato pericolecístico, e sinal de Murphy ultra-sonográfico
(dor ao pressionar o transdutor diretamente sobre a VB).

A tomografia computadorizada (TC) não é considerada um bom exame para


detecção de cálculos biliares.

Abordagem Terapêutica

Pacientes com colelitíase assintomática detectada incidentalmente devem ser


acompanhados até que o processo se torne sintomático. Não se indica intervenção
cirúrgica para pacientes assintomáticos sem comorbidades.

O tratamento clínico (dissolução oral de cálculos com diâmetro <5 mm utilizando


ácido ursodeoxicólico) raramente é empregado. O índice de recorrência com esta
abordagem é superior a 50%.

Pacientes sintomáticos podem ser operados eletivamente. A cirurgia programada


também pode ser oferecida para pacientes assintomáticos portadores de fatores de
risco significativos, tais como cirrose, hipertensão portal, diabetes melito,
drepanocitose, candidatos a transplante e crianças.

Indivíduos com "Vesícula de Porcelana" ou calcificada devem ser encaminhados


para colecistectomia eletiva devido ao risco de carcinoma (25%).

Conclusão

A Colelitíase é um distúrbio bastante comum, mas menos da metade dos


pacientes se torna sintomática e evolui para indicação de tratamento cirúrgico. O
índice de mortalidade associado à colecistectomia eletiva é de 0,5%, com
morbidade inferior a 10%. Por outro lado, se realizado em regime de emergência,
a colecistectomia apresenta 3-5% de mortalidade e 30-50% de morbidade. Vale
lembrar que aproximadamente 10-15% dos pacientes apresentam coledocolitíase
associada, justificando o investimento na propedêutica pré-operatória para reduzir
complicações relacionadas ao tratamento cirúrgico.

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