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GAIOLA

É muito cativante poder relacionar-se com as pessoas em um nível diferente do que


ocorre no agitado dia-a-dia que insistimos manter em nossas vidas.

Como podemos ser diferentes do que nos acostumamos a ser pelo vício da auto-
proteção e frieza do não envolvimento.

É só abaixar um pouco a intensidade da luz, colocar uma boa música de fundo, e posso
até dizer que é possível observar a verdadeira natureza das pessoas expandir-se alem
dos limites, não só físicos, mas principalmente das amarras emocionais que nos
envolvem.

Não estou agora interessado em me apoiar em algumas das muitas teorias ou técnicas
para discorrer ou explicar como surgem, quais as causas, não, apenas quero olhar com
olhos simples e se possível ingênuos, para como uma criança frente ao novo me
surpreender e aprender.

Como se fugíssemos de uma verdade, o que somos, mudamos postura física, forçamos
expressões faciais, impostamos a voz , nos modificamos como o nosso ser não fosse
forte ou esperto o suficiente para se relacionar com o dito mundo, ou a realidade.
Quanto esforço e energia desperdiçadas em mau uso, pois observamos que essa
brincadeira de esconde-esconde perverte o livre fluxo das energias, fazendo-as
agitadas ou completamente estagnadas, ferindo e marcando o físico, construindo
rugas, localizadas porções de massa adiposa aqui e acolá, rigidez nas articulações de
pés, joelhos, dedos e uma incrível quantidade de desequilíbrios posturais. Isso se
focarmos a atenção apenas na matéria física que nos embala.

É muito esforço a toa, pois o que aprisionamos em nossos sentidos na maioria das
vezes foi provocado por alguma incompreensão ou má avaliação de acontecimentos, e
por alguns instantes de desconforto e sofrimento, nos condenamos a um longo tempo
de penitencias.

E nos instantes que por uma suave penumbra acompanhada de uma doce música
descuidadamente nos permitimos relaxar, é como se experimentássemos um
admirável novo mundo, onde o Ser como um pássaro que percebe a porta da gaiola
aberta aventura-se no jardim da vida.

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