Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Este tema é muito interessante, pois diferentemente dos outros ramos jurídicos, a
maioria dos direitos trabalhistas são indisponíveis, eis que fruto de conquistas da classe
trabalhadora, não é permitida sua negociação, ou somente permitida se feita com a
presença de representação sindical. Consiste, portanto, de caso de restrição legal às
liberdades individuais.
Há uma retração na autonomia da vontade. Exige-se uma série de requisitos para que
se reconheça a validade dessas negociações, na seara trabalhista.
Não houve novidades sobre esse tema, de forma que com relação à aula que
anteriormente estava disponibilizada no site, eu acrescentei mais dados que pude
coletar, mas dentro da linha que já constava no resumo anterior.
. Renúncia é o fato pelo qual o titular do direito declara a vontade de se desfazer dele,
ou de não aceitá-lo (Orlando Gomes). A renúncia é negócio jurídico unilateral que
determina o abandono irrevogável de um direito dentro dos limites estabelecidos pelo
ordenamento jurídico.
. É atividade voluntária unilateral, que não precisa do concurso de outra vontade para
produzir o resultado buscado.
. Süssekind entende que esses direitos, nascidos do ajuste dos contratantes (contrato
de trabalho), são renunciáveis, desde que não haja proibição legal, inexista vício de
consentimento e não importe prejuízo ao empregado. E pontua como irrenunciáveis os
direitos que a lei, as convenções coletivas, as sentenças normativas e as decisões
administrativas conferem aos trabalhadores, salvo se a própria lei admitir e não houver
vício de consentimento ou prejuízo ao empregado.
7.0. MOMENTO EM QUE OS DIREITOS NÃO PODEM SER OBJETO DE RENÚNCIA (antes,
durante e mesmo depois da cessação do contrato de trabalho):
. A crítica a essa tese é que embora seja certo não mais existir ao momento da renúncia
o estado de submissão que possa determinar uma excessiva sujeição do empregado ao
empregador, ainda resta um ‘temor reverencial’, além do que o empregado, em geral,
não está inteirado de seus direitos. Ademais, é muito freqüente, na vida cotidiana que o
trabalhador, depois de terminada a relação, uma vez que, geralmente, se encontra sem
ocupação e sem a certeza de retribuição continuada, tendo de se preocupar com
necessidades imediatas, está propenso a aceitar, sem discussão, o pequeno capital
oferecido, como meio para solucionar imediatamente o que lhe aflige. Se não mais age
o temor da despedida, influi para determinar o consentimento a normal impossibilidade
de esperar o resultado de uma controvérsia judicial que constrange o trabalhador a
transações desastrosas para conseguir a vantagem de uma cobrança segura e imediata.
Autores como Süssekind e Délio Maranhão entendem que não adianta proibir a renúncia
quando da contratação, se na dispensa a mesma for permitida.
. Nas raras hipóteses em que é admitida, a renúncia, para ser válida, depende da
capacidade do renunciante, inexistência de vício de consentimento e objeto lícito. Há,
ainda, de ser expressa (tem de corresponder a atos; não pode ser presumida). Porque
constituem exceção, a renúncia e a transação de direitos não podem ser tacitamente
manifestadas, e não comportam interpretação extensiva.
. O instituto não é visto com bons olhos por boa parte dos doutrinadores, eis que é
considerada medida temerária em países de grandes desigualdades e de fragilidade dos
sindicatos profissionais. Concordo com eles.
. Ao judiciário cabe coibir os abusos que por ventura ocorram nessas transações, hoje
autorizadas pela Constituição Federal (em pontos específicos).
. O STF e o TST admitem a transação de direitos trabalhistas. Seus requisitos são: res
dúbia (coisa duvidosa) e concessões recíprocas. É necessário que haja concessões
mútuas de qualquer teor. Concessões feitas só por um dos interessados é renúncia ou
reconhecimento do direito do outro. Tudo conceder sem nada receber não é transigir.
. O art. 8º, 2ª parte, da Lei nº 7.788/89, dispõe que “Nos termos do inciso III, do art.
8º, da Constituição Federal, as entidades sindicais poderão atuar como substitutos
processuais da categoria, não tendo eficácia a desistência, a renúncia e a transação
individual”.
. Não pode renunciar benefícios, quem é carente deles (ao indício de renúncia, deve-se
em regra admitir a presença de coação).