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CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO

TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA

PRINCÍPIOS FÍSICOS E TECNOLÓGICOS DA FORMAÇÃO DAS IMAGENS

Tomografia vem do grego tomo que significa corte ou secção e grafia que
significa representação gráfica. Então tomografia é a obtenção de imagens de
cortes ou secções de algum objecto.

Uma imagem de Tomografia Computadorizada (TC) é uma apresentação da


anatomia de uma fatia fina do corpo desenvolvida por múltiplas medidas de
absorção de raios-X feitas ao redor da periferia do corpo. Ao contrario da
Tomografia Linear, onde a imagem de um corte fino é criada mediante
borramento da informação de regiões indesejadas, a imagem da TC é construída
matematicamente usando dados originados apenas da seção de interesse. A
geração de tal imagem é restrita a cortes transversais da anatomia que são
orientados essencialmente perpendiculares à dimensão axial do corpo. A
reconstrução da imagem final pode ser realizada no plano transaxial.

Uma imagem por TC representa a anatomia de uma fatia transaxial do corpo obtida por várias medidas de atenuação dos raios -X.

Os princípios básicos de funcionamento permanecem os mesmos até hoje, com


um tubo de raios-X que gira em torno do paciente, emitindo radiação de forma
constante através de um feixe extremamente colimado. Esta radiação atravessa o
paciente e atinge uma camada de detectores no lado oposto do tubo. Que
convertem a radiação em sinais elétricos, os quais são enviados a um
computador que os transformam em imagem através de complexos cálculos
matemáticos.

A - Feixe colimado e camada de detectores. B - Formação da imagem.


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A ampola de raios-X empregada na TC é semelhante à utilizada em estudos


radiológicos convencionais. Porém os raios são filtrados de maneira que se
obtenha apenas radiação de alta energia. Nos tomógrafos atuais, o feixe de
radiação é colimado de modo a formar um leque com espessura de limites
precisos, e que pode ser ajustado pelo operador antes da realização do exame
(Ex.: 1mm, 2mm, 3mm, 5mm, 8mm, 10mm ... de acordo com o fabricante do
aparelho). A espessura da imagem que iremos obter é a mesma da espessura do
feixe de raios-X pré-programado. Nesta imagem estarão incluídas todas as
estruturas que o feixe atravessou durante a realização do exame. É como se
tivéssemos cortado uma “fatia” do paciente.

Da esquerda para a direita, representação da “fatia” obtida com a TC, imagem coronal mostrando o local do corte e a imagem axial obtida.

O conceito fundamental na TC é que a estrutura interna de um objeto pode ser


reconstruída a partir de múltiplas projeções do objeto. A radiação atravessa cada
fileira e coluna de blocos, onde a radiação transmitida é medida. A informação é
transformada em impulso elétrico e transmitida ao computador, que processa os
dados e forma a imagem. Um corte tomográfico é representado na tela do
monitor por pontos bidimensionais chamados pixels, e tridimensionais chamados
voxels.

Voxel Pixel
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Quando o feixe de raios-X atravessa o paciente, ele sofre menor ou maior


atenuação, dependendo da constituição dos tecidos em que ele incide; após,
atinge os detectores no lado oposto do tubo. Estes detectores transformam as
diversas intensidades de radiação em impulsos elétricos de diferentes valores, os
quais são transferidos para um computador. Quanto menor a atenuação da
radiação pelo paciente, mais radiação irá incidir nos detectores e,
conseqüentemente, maior o valor do impulso elétrico gerado.

A área onde está o paciente é dividida, virtualmente em quadrados, formando


uma grade. Cada quadrado é denominado pixel. Como o tubo de raios-X gira em
torno do paciente, a radiação incide em diversos ângulos em cada quadrado. O
computador então, através de complexos cálculos matemáticos, consegue
estipular o quanto de radiação cada pixel atenua.

A grade que é formada pelos pixels tem sempre um formato quadrado ou


retangular e é denominada matriz. Ela é descrita por dois valores (por exemplo,
512x512) que indicam quantos pixels formam os lados desta área. Multiplicando-
se esses valores, teremos o número total de pixels formando aquela área.
Quando adicionamos a espessura do corte à área do pixel, temos um voxel
(cubo).

À direita, temos a representação de um pixel, e a esquerda, quando adicionamos a espessur a do corte à área do pixel, temos um voxel (cubo).

Quanto maior o número de pixels atribuídos para uma determinada área, menor o
tamanho dos mesmos, e conseqüentemente maior a definição da imagem.
Assim,quando se deseja melhorar a definição de uma determinada imagem,
pode-se aumentar o número de pixels. Isso é feito aumentando-se a matriz da
imagem. Porém, com maior número de pixels, o computador demora mais para
processar os dados, ficando mais lenta a formação da imagem, o que aumenta o
tempo de exame.
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De outra forma, se aumentarmos a área onde iremos aplicar uma matriz sem que
se aumente o número de pixels, estes irão apenas aumentar de tamanho; isso
também reduz a definição da imagem.

Como cada pixel da imagem representa a média das densidades de um volume


(voxel), pode acontecer que duas áreas contíguas de densidades distintas sejam
incluídas no mesmo corte com as mesmas coordenadas espaciais. Isso causa
um artefato chamado efeito de volume parcial. Um exemplo são áreas de menor
e maior atenuação no parênquima cerebral, que na realidade denotam a inclusão
da extremidade dos ventrículos na espessura do corte, e as estruturas ósseas
que se encontram bem próximas do parênquima, sendo incluídos no mesmo
voxel.

Como cada imagem gerada no aparelho possui uma espessura, o voxel nada
mais é do que um cubo cuja altura é formada por tal espessura de corte e os
lados pelo quadrado da grade-pixel.

Outro conceito muito importante é o FOV (Field of view – campo de visão).

Quando colocamos o paciente na mesa de exame, o aparelho entende que toda


a área entre o cubo e os detectores está sendo examinada, e a ela aplica uma
matriz fixa (Fig.1- imagem da esquerda). Mantendo-se o mesmo número de
pixels, para que se possa aplicar uma matriz fixa a toda essa área, é necessário
que cada pixel tenha um tamanho maior, degradando a qualidade da imagem.
Para que isso não aconteça, informamos ao aparelho qual o tamanho e o local
que se deseja estudar; assim, o computador aplicará a matriz somente a esta
área, que chamamos de campo de visão – FOV (Fig. 1- imagem da direita). Isso
aumenta sensivelmente a qualidade da imagem. Portanto, para que se tenha um
exame de maior resolução, deve-se usar menor FOV possível.

Para o mesmo paciente e uma mesma matriz (mesmo número de pixels), à esquerda temos um FOV grande e à direita um FOV pequeno.
Observe que o tamanho dos pixels diminui consideravelmente com a redução do FOV, aumentando a resolução da imagem.
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Como já vimos cada estrutura no corpo humano tem uma densidade diferente,
determinando atenuações diversas aos raios-X. Os coeficientes de atenuação na
Tomografia Computadorizada são medidos em unidades Hounsfield (UH). Nesta
escala, é atribuído o valor 0 para a água e de -1000 para o ar e esses valores são
representados na imagem por tons de cinza; a partir desses dois valores é que
são obtidos os dos demais tecidos. Assim, quanto maior o grau de atenuação de
uma determinada estrutura, mais branca ela irá aparecer na imagem e, quanto
menor o seu efeito de atenuação, mais preta.

Essa escala tem uma amplitude muito grande, chegamos a mais de 3.000 tons de
cinza. Como o olho humano não tem a capacidade de distinguir todos esses tons,
é necessário que se trabalhe com apenas uma parte da escala. Isso é possível
regulando-se, no comando do aparelho, a amplitude (Window Width – WW) da
janela, ou seja, o número de tons de cinza que se deseja trabalhar. Quanto maior
for o número de tons de cinza, menor a diferença entre suas tonalidades e menos
contraste perceberemos entre as estruturas; quanto menor a janela, menor o
número de tons de cinza e, conseqüentemente, maior o contraste. Por exemplo,
quando escolhemos uma amplitude de janela de 300, isto quer dizer que iremos
trabalhar com 300 tons de cinza.

O nível da janela (Window Level - WL) deve ser o valor do tom de cinza
correspondente ao da densidade média da estrutura que se deseja estudar. Por
exemplo, a densidade do parênquima pulmonar em um adulto varia de -700 a
-900 UH; portanto, o nível da janela a ser escolhido deve estar entre esses dois
valores (em geral, -800).

Juntando-se os conceitos de amplitude e nível de janela, deve-se observar que,


quando se determina uma janela com amplitude de 300UH e um nível de 50UH,
por exemplo, isso significa que os valores da escala com que se está trabalhando
vão de -100UH a +200UH, ou seja, 150UH para baixo e 150UH para cima do
nível.

Como cada tecido tem uma densidade relativamente constante, a noção dos seus
valores de referência facilita a interpretação das alterações. Os valores
aproximados de alguns tecidos estão representados na tabela abaixo.
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TECIDO DENSIDADE (UH)

AR -1000
PULMÃO -900 A -400
GORDURA -300 A -50
LÍQUIDO CEFALORRAQUIDIANO 0 A 10
RIM 20 A 40
PÂNCREAS 25 A 55
MÚSCULO 35 A 50
BAÇO 35 A 55
FÍGADO 45 A 75
SANGUE COAGULADO 70 A 90
SANGUE VENOSO 50 A 60
OSSO ESPONJOSO 130 A 250
OSSO CORTICAL >250
METAL > 3.000

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