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Ao defendermos a tese de que Esu, dentro do complexo tradicional yorubá,

assume a posição de primordialidade, baseamo-nos em situações probatórias,


partes essenciais do culto e da teologia, mostrando sua singularidade.
Singular porque se mostra no princípio como pedra. E a pedra se forma da
condensação da terra , elemento mais reverenciado da criação e que, de uma ou
outra forma, participa ativamente da composição de tudo o que existe. Isso pode
ser lembrado em diversos mitos da criação , como o de Esu Yangi, primeiro a ser
criado, em forma de pedra primordial.
A partir daí, podemos dizer que sem a pedra (Ota) não existe a possibilidade de
culto aos Orisa. Por isso temos a obrigatoriedade de assentar o Orisa em pedra
(ou de algum material resultante dela).
Ogun , por intermédio do fogo, é assentado no ferro que era pedra e se
transmutou.
Singular porque , segundo a tradição, Ajalá molda os homens em barro , onde
Obatala insere o Bara, que é o Esu do movimento. Também no Ikomojade
(cerimônia pela qual se dá o nome à criança recém-nascida), o pai da criança
coloca o pé da mesma na terra, apresentando-a ao mundo.
Ao final da vida, Iku nos reduz à essência, viramos, no fim, a terra de que nos
originamos.
Outro aspecto importante são os nomes as funções de Esu, mostrando sua
importância dentro do complexo, sua atribuições e as formas como deve ser
cultuado: Esu Yangi: o primordial na criação; Esu Okoto (representado pelo caracol
agulha) que representa o desenvolvimento. Existem, ainda, os epítetos (formas
elogiosas e respeitosas de tratamento), que nunca podem ser confundidos com os
nomes de Esu. Tiriri, Alaketu, Akesan, são alguns deles.
Por fim, Esu não pode ser entendido de forma maniqueísta, como a civilização
cristã e européia tende a fazer, pois, segundo a teologia yorubá, Esu se comporta
como o executor da vontade divina, como o fiscalizador dos atos dos Orisa. Nada
parecido com o demônio cristão, referência européia para Esu.

ESU A PEDRA PRIMORDIAL DA TEOLOGIA YORUBA


ESU OTA ORISA
Esu a pedra fundamental do Orisa
ESU OFI OKUTA DIPO IO
Esu transforma o sal em pedra

1. “O PRINCIPIO ERA A PEDRA”

Em todos os momentos da vida dos afro-descendentes que cultuam Orisa, a terra


é o elemento mais importante a ser reverenciado e, em conseqüência disso , a
pedra, o fruto da condensação da terra, a desagregação particulada e formadora
do microcosmo Yoruba.
Essa singularidade pode ser vista na gênese Yoruba, amplamente documentada,
por diversos autores.
Olodunmarê após um tempo imemorial de inércia resolve criar o mundo, e sua
primeira criação é a pedra primordial chamada por ELE de Esu Yangi e ,
posteriormente, de Esu Obasin, cultuado até os dias de hoje em Ile Ifé.
Pode-se dizer que sem pedra “Ota” não há Orisa.
KOSI OKUTA
KOSI ORISA
“Sem pedra
Sem Orisa”
KOSI ESU
KOSI ORISA
“Sem Esu
Sem Orisa”

Todo Orisa tem que, obrigatoriamente, ser assentado em uma pedra ou em algum
material que dela tenha vindo; exemplo: o ferro em que se assenta Ogun é a
transmutação da pedra, transformada em ferro por intermédio do fogo. Dessa
forma pode-se dizer que Ogun é assentado na pedra.
Outro aspecto interessante é que o corpo humano é composto de vários
elementos, e entre eles um dos mais importantes é o barro modelado por Ajala,
onde, posteriormente, é inserido por Obatala o Bara, o ESU do movimento.
Outro aspecto de grande importância relacionado à terra é o Ikomojade (imposição
de nome ou batismo). Nele o pai pega a criança e coloca o pé dela sobre a terra
fofa, especialmente preparada para o momento, recitando o seguinte verso de Ifa:
Yoruba
Ilé

1. A o gbe omo, ao fi ese omo naa te ile,


2. A o wa wure bayi pe,
3. Ile ree o,
4. Ile ogere,
5. Ile ni a nte ki a to te omi,
6. A ki nbinu ile ki a maa te,
7. Bi o ba nrin nile ki omo araye ma binu re,
8. A ki nbale sowo ki a padanu,
9. Gbogbo ohun ti o ba dawole lori,
10.Ile aye yi,
11.ko ni padanu.
Português
Terra

Os pais pegam a criança e colocam o pé dela sobre a terra, iniciando a recitação.


Eles chamam o nome da criança e falam:
1. (Nome da criança) Aqui está a terra,
2. A terra que está espalhada pelo universo,
3. É nela que se pisa primeiramente,
4. Antes de se pisar na água.
5. Ninguém que tenha ódio da terra,
6. Priva-se de pisar nela.
7. Quando você anda sobre a terra,
8. Os seres humanos não terão ódio de ti.
9. Todos que fazem negócios com a terra lucram com ela,
10. Tudo que você se propor a fazer na sua vida,
11. Não será em vão, você lucrara na vida.

Portanto, é muito claro que Esu foi criado por OLODUNMARÊ, da matéria
primordial e divina da qual, posteriormente, ELE fez todos os Orisa. A mesma
matéria que daria forma à toda existência divina, assim como toda a humanidade
que, um dia, Ikú “a Morte” devolverá à esta lama primordial.
Assim, Yangi é o primeiro ser criado da existência e passa a ser o símbolo primal
dos elementos criados.
Yangi é conhecido como “Esu Agba” , o Ancestral primordial, e seus
assentamentos mais antigos e tradicionais eram simples pedras de laterita
vermelha, colocadas no chão, onde eram feitas suas oferendas e sacrifícios.
Em alguns lugares, como a Orita Meta ou a Encruzilhada de Três caminhos, a
laterita vermelha está cercada por 7, 14 ou 21 pedaços de ferro enferrujados.
Na cidade de Ile Ife, pode-se ver o assentamento de Esu Yangi como o descrito
acima.
Para se chegar a casa de OBATALA, entra-se em uma rua que vai exatamente até
a entrada, e acerca de 10 metros antes da entrada, a rua principal abre-se em
duas outras ruas laterais, formando um (Y), no meio do vértice do (Y) está a casa
de OBATALA, e na ponta do vértice o assentamento de Yangi, um montículo de
cimento armado com uma laterita fincada no alto.
Yangi é por excelência o símbolo da existência diferenciada e, em conseqüência
disso, o elemento dinâmico que leva à propulsão, à mobilização, à transformação e
ao crescimento.
Ele é o principio dinâmico de tudo que existe e do que virá existir.
2. OS MÚLTIPLOS NOMES E FUNÇÕES DE ESU

Um mito relata como, em função de seu poder, Esu se descontrola, e começa a


devorar toda a preexistência, sendo então obrigado por Orunmila, após uma longa
perseguição, a vomitar tudo de volta.
Tendo sido cortado em milhares de pedaços, transforma-se no + 1, ou em 1
multiplicado pelo infinito. Neste caso, ele é Esu Okoto, o Caracol agulha, cuja
estrutura óssea espiralada parte de um ponto único, abrindo-se para o infinito, e
nos dá a idéia do crescimento, da evolução e da multiplicação, tendo-se tornado o
símbolo da restituição e da recomposição, tornando-se Oba Baba
Esu, o Rei e o Pai de todos os Esu, gerados por seus pedaços.
Durante muitos anos conviveu-se com uma pretensa superioridade cultural, racial,
religiosa na África e na região dos Yoruba que provocou guerras étnicas, fato que
repercute ainda nos dias de hoje. A suposta ação evangelizadora desarticulou
sofisticadas estruturas religiosas, imprimindo aspectos negativos e demoníacos à
imagem de Esu que, ainda hoje, habitam o universo religioso e pratico dos mais
renomados Baba/Iya.
A perda dos valores primais africanos foi causada, sobretudo, pela escravidão, e
posteriormente pela miscigenação com as seitas espiritas cristãs, permitindo assim
que os mais sérios seguidores do Orisa ressaltem os aspectos negativos dos
demônios, referindo-se a Esu como:
Exu Lucifer, Exu Tranca Rua das Almas, Exu sete poeiras do inferno, Exu Rei das
sete encruzilhadas, ou mudam seu sexo, Exu Pomba Gira ou Exu Maria Padilha.
Os nomes e atributos deste importante Orisa do panteão Yoruba não permitem
interpretações errôneas como as perpetuadas pela inércia e ignorância de
pseudos experts em cultura Yoruba.

Nomes Atributos
ESU YANGI o primeiro da criação, a laterita vermelha
ESU AGBA Aquele que é o ancestral
ESU IGBA KETA O dono da cabaça, o igba odu
ESU OKOTO O dono da evolução, o caracol
ESU OBASIN O pai de todos os Esu
ESU ODARA O Esu da felicidade
ESU OJISE EBO O Esu que leva as mensagens ao orisa

ESU ELERU O Esu que leva o carrego dos iniciados


ESU ENUGBARIJO O Esu que trás a prosperidade
ESU ELEGBARA O Esu que detém o poder da transmutação
ESU BARA O Esu dono do movimento do corpo humano
ESU OLONAN O dono de todos os caminhos
ESU OLOBÉ O dono da faca ritual
ESU ELEBÓ O Esu que recebe as oferendas
ESU ODUSO O Esu que vigia os oráculos
ESU ELEPO O Esu do azeite de dendê
ESU INA O Esu do fogo ( saudado no ipade )

Poderia-se fazer uma lista imensa dos nomes de Esu ancestrais cultuados no
Brasil e África, mas esse exercício é desnecessário no momento.
O mais importante é destacar as funções desses Esu ancestrais nos rituais:
ϖ Esu Yangi:
É o princípio de tudo, a própria memória de Olodunmarê, seu criador.
ϖ Esu Agba ou Esu Agbo:
É o nome que mostra sua ancianidade; ele é o mais velho e, por conseqüência, o
pai que é retratado no mito em que Orunmila o persegue através dos nove Orun.

ϖ Esu igba keta


É o terceiro aspecto mais importante de Esu que está ligado ao número três, a
terceira cabaça onde ele é representado pela figura de barro junto aos elementos
da criação.
ϖ Esu ikorita meta:
É ligado ao encontro dos caminhos ou a encruzilhada; o encontro de três ruas
( Y ).
Esu Okoto:
É o representado pelo caracol agulha, mostra a evolução de tudo que existe sobre
a terra, e está ligado ao Orisa Aje Saluga, o antigo Orisa da riqueza dos Yoruba.
ϖ Esu Obasin:
É por este nome é conhecido e cultuado em Ile Ifé.
ϖ Esu Odara:
É o que, se satisfeito através do sacrificio, traz a felicidade ao sacrificante.

ϖ Esu Ojisé ébó:


É ele que observa todos os sacrifícios rituais e recomenda sua aceitação, levando
as súplicas a Olodunmarê.
ϖ Esu Eleru:
É o que leva os carregos dos iniciados (Erupin)
ϖ Esu Enugbarijo:
É o que devolve a todos o sacrificio em forma de benefícios.
ϖ Esu Elegbara:
É o todo poderoso que transforma o mal em bem, cujo poder reside na
transformação das coisas.
ϖ Esu Bara:
É um dos mais importantes aspectos de Esu, pois ele é o Esu do movimento do
corpo humano, infundido no corpo pré-hunamo, ainda no Orun por Obatala, sendo
”assentado” no momento da iniciação, junto com o Ori e o Orisa individual.
ϖ Esu Lonã:
É o senhor de todos os caminhos do mundo.
ϖ Esu Olobé:
É dono do obé (faca), tem que reverenciado ao começar todos os sacrifícios, onde
a faca é necessária.
ϖ Esu Élébó:
É o carregador de todos os Ébo.
ϖ Esu Odusô ou Olodu:
É ele que tem seu rosto retratado no Opon Ifa, e vigia o Babalawo para que este
não minta; é o que vigia os oráculos ( Opélé-Ikin-Erindilogun )
ϖ Esu Elepo:
É ele que recebe o sacrificio do azeite de dendê.
ϖ Esu Inã:
É um dos aspectos mais importantes deste Esu primordial, é presidir o Ipade,
sendo o dono do fogo.
É a Esu Inã que os Babalorisa/Iyalorisa se
dirigem no começo do Ipade, uma das mais importantes cerimônias do ritual afro-
descendente religioso:
E Inã mojuba
Inã Inã Mojuba Aiye
Inã mojuba
Inã Inã Mojuba Aiye...etc.
Outra forma de se dirigir a Esu, e que causa certa confusão, é quando seus
acólitos a ele se dirige por seus EPITETOS que , por serem mais comuns,
transformaram-se erroneamente em nomes: Exemplo;
Esu Tiriri
Esu Akesan
Esu Lode
Esu Barabo
Esu Alaketu
Esu Ijelu
Esu Bara lajiki
Esu Marabo...etc.

DA PEDRA A PEDRA

A ação repressiva dos cristãos europeus e, posteriormente, latino-americanos


sobre os africanos, escravos e seus descendentes forjou o sincretismo entre os
Orisa e os Santos Católicos.
Consequentemente, Esu e o diabo cristão na sua forma mais primitiva,
teologicamente, assim sendo, a idéia de um Esu reelaborado pelos cristãos e,
essencialmente maléfico e tenebroso, é inconcebível na Teologia e na cosmovisão
Yoruba, que não tem um ``inferno´´ declarado, e os homens não são punidos a
post mortem.
Muito embora, existam lendas e mitos populares onde Esu é retratado como
manhoso, trapaceiro ou encrenqueiro.
Se Esu for reverenciado com o Ebo designado nada disso será verdadeiro e a sua
suposta imagem de
malignidade, decorrente dessas lendas, cairá por terra.
Na verdade, Esu é o Executor Divino, punindo aqueles que descumprem o
sacrificio prescrito, recompensando aqueles que o fazem.
Ele nada faz por conta própria. Está sempre servindo de elemento de ligação entre
OLORUN e Orunmila ou então servindo aos Orisa.
Segundo a Teologia Yoruba, nenhum ser divino pode punir um Ara aiye “ser da
terra”, diretamente, sem a consulta a Olodunmarê.
Diversos Itan Ifa nos dão conta que Esu também é encarregado por OLORUN para
vigiar os Orisa no Aiye.
Isso só pode ser feito porque ele é imparcial no seu papel de Executor Divino, é
por isso que todos os devotos de todos os Orisa sacrificam para Esu, por
recomendação de Ifa, nos tempos de dificuldades, buscando dessa forma sua
intermediação com Olodunmarê.
E, para que os Babalawo não se excedam ou mintam na prescrição dos ébó, o
próprio Esu na qualidade de
Odusó sempre estará presente no jogo, cuidando para que o Iwa “caráter” do
consulente e do Babalawo não sejam maculados.
Esu reporta-se diretamente a OLORUN e mantém um inter-relacionamento com os
Orisa e com os Egungun “ancestrais”.
Ele não é vingativo e nada executa por sua própria conta, apenas cumpre
fielmente as ordens de OLORUN, conforme os ditames do Iwa contido no Ori
individual, destino escolhido por cada Ori no Ipori Orun ``Lugar em que o ser
humano é preparado´´.
E necessário, o mais depressa possível, esquecer, “desumbandizar” e
“deskardekizar” as religiões de matriz africanas, pois não se pode
viver com o paradigma de bem e mal, inexistente nessas religiões.
Em síntese, transmutar, teologicamente, a pedra primordial em pedra angular
sobre a qual se sustenta a cosmografia tradicional Yoruba.
Oga Gilberto de Esu
Ésú Akérèkóro
Nome civil: Gilberto A Ferreira
Nome religioso: Oga Gilberto de ESU
Olosun do Ile Iya Mi Osun Muiywa
Oluwo do Ile Asiwaju Lati Osun Muiwa
Asogba ni Ile Yeye Ofá Biomin
Balogun ni Ile Egungun
Presidente do Conselho de ética do International Congress of Orisa tradition and
Culture.
Pesquisador da Tradição Yoruba.
Articulista e consultor de assuntos afro-brasileiro para diversos órgãos nacionais e
internacionais, com artigos publicados no Brasil e exterior.
Presidente fundador do Afosé Ile Omo Dadá (SP).
Idealizador de diversos movimentos e jornais do segmento afro-brasileiro em São
Paulo.
Consultor de assuntos Afro-Brasileiros para a Fundação Palmares.

Postado por OGA GILBERTO DE ESU às 7:09 AM 1 comentários Links para esta
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REFLEXÃO SOBRE A RELIGIÃO DOS ORISA

Durante 400 anos temos vivido toda espécie de massacre e violência externa
contra nossa religião. Durante 400 anos temos nos lamentados e chorado em
função desses fatos, mas nada temos feito para muda-los. Nos acomodamos com
as migalhas oferecidas e atiradas ao chão pelos ``aliados piedosos ", que nos
permitem fazer o sincretismo com seus deuses poderosos.
Nos atiramos a elas famélicos e subnutridos, pois o que nos foi legado é na
realidade uma sub-religião, e com o passar dos anos só confirmamos, na medida
em que desprezamos nossa língua, nossa liturgia, nossos cultos, nossos
sacramentos e aceitamos a dos outros.
Desde o dia em que nascemos, na realidade já o fazemos na religião e cultura
alheia, por falta de esclarecimento de nossos mais velhos, nossos filhos são
levados a sacerdotes de outra religião para receber seus nomes, da mesma forma
nos mesmos já adultos nos casamos em outra religião por falta de um cerimonia
própria ou do sacramento necessário na nossa.
Nossos ritos de passagens mais importantes o batismo e o casamento foram
esquecidos por nossos mais velhos, em função do massacre violento a que foram
submetidos, mas isso não serve de desculpa para que façamos o mesmo hoje em
dia, pois estamos na era do conhecimento.
Hoje temos acesso a todo tipo de informações e podemos sem maiores problemas
comprar a literatura necessária na livraria mais proxima ou estabelecer contato
com yorubas que convivem no Brasil.
É fato que no "Candomblé" a religião e a cultura são orais e assim deve continuar
se depender de nossos Agba, pois foi dessa forma que o segredo foi preservado,
mas hoje não tem mais propósito o oralismo desproposital pois ele esta na
realidade causando mal ao nosso futuro como religião, se é que queremos passar
a essa categoria.
Alguns exemplos de nossa falta de respeito com nossa religião.

Nossos filhos casam-se em outra religião, que é a oficial.


Nossos filhos tem nomes cristãos porque também é oficial.
Os filhos de nossos filhos são cristãos porque são batizados na religião oficial,
como eles tambem foram.
Nossos (iawo) iniciados só estão completos após a benção do padre.
Nossos defuntos só ficam em paz, após a missa de 7 dia mandada rezar na
religião católica.
Nossos cultos (festas) mais importante só são iniciados após uma missa rezada
em nossos terreiros por um padre católico.
Nossos terreiros estão locupletados de imagens católicas, hindus, egípcias,
demoníacas, etc. etc. .

E porque tudo isso ?

Nós por acaso não temos como fazer nossos casamentos ?


Não temos como dar nomes a nossos filhos ?
Não temos nossas próprias imagens ?
Será que a água benta do padre é mais poderosa que nosso ASÉ ?

É evidente que anos atras não tínhamos como saber de algumas coisas, mas hoje
torna-se inconcebível continuarmos a faze-las, na medida em que temos as
informações a nosso dispor nas livrarias, ou no contato com os Yorubas que vivem
aqui no Brasil.
E porque não fazemos esse intercâmbio de informações ? Por vergonha de não
saber ? Por medo de aprender ? Por não querer pagar o saber dos outros na
mesma moeda que cobramos o nosso ?
Chegou a hora de reagirmos contra esse tipo de atitude, seja ela de quem for. Se
nossos filhos quiserem casar em outra religião, que vá e fique por lá. Afinal nós
temos como casa-los.
Se os pais de nossos netos quiserem dar a seus filhos nomes cristãos , e batiza-
los na outra religião que é oficial, que o façam, mas deixem nossa religião em paz,
pois nós podemos dar as nossas crianças seus nomes verdadeiros com todo ASÉ
e liturgias necessária, basta que comecemos a faze-lo.
Como disse a Iyalorisa Odé Kaiode. `` Meu tempo é agora ´´ eu tomo a liberdade
de dizer `` O nosso tempo é agora ´´

Oga Gilberto Esu Akerekoro Ferreira


O BATISMO NA SOCIEDADE YORUBA

Na sociedade Yoruba, quando um casal tem um filho os dois, a mãe e o bebê


devem permanecer confinados em um quarto até que a criança receba um nome.
Para os meninos até o nono dia, para as meninas até no sétimo dia e para os
gêmeos no máximo até o oitavo dia. No terceiro dia do nascimento, o pai da
criança chama um Babalawo, que fará o jogo ritual, ( Akosèjaye ).
Esse jogo vai indagar sobre o odu que revelará o futuro da criança. Também serão
conhecidos nesse dia os (ewo), as interdições que a criança deverá seguir para
que sua vida seja feliz. Se o odu que aparecer nessa consulta tem aspectos
negativos e o Babalawo vê um futuro ruim, devera ser realizado um ébó para
afastar e neutralizar essa possibilidade negativa.
O Babalawo ao jogar deverá ver se o Odu Opolé esta em Ire ou Osogbo
respectivamente ( positivo ou negativo ), se positivo (Ire) fazer o ébó prescrito, se
negativo (Osogbo) além do ébó prescrito fazer as oferendas necessárias
imediatamente, e jogar novamente pra ver se o odu aceitou e mudara o destino da
criança, imediatamente conscientizará os pais do problema e os ewo assim como
os ébó que deverão ser feitos sempre que a criança precisar.
No caso da criança ser um Abiku **, o fato já esta esclarecido pelos problemas que
a mãe enfrentou durante a gravides e o nascimento por si só já é a primeira vitória
do Babalawo que cuidou da mãe até esse momento.

IKOMOJADE

Ao decidir o Batismo ( Ikomojade) segundo o rito Yoruba os pais devem seguir


fielmente os ditames de Ifa, que nem sempre são fáceis de seguir, na medida do
possível é importante que o casal tenha casa própria ou um local onde seja
reservado um canto para ser plantada uma árvore.
Se o casal não possuir ainda casa própria o assentamento poderá ser feito na
casa dos avós, e a árvore de preferencia será um a fruteira, grande e copada,
onde será `assentado´´ o umbigo do recém-nascido, é importante também
preparar o material necessário para tal cerimonia, é imprescindível que o medico
seja avisado e esteja acordado com ele para que facilite a obtenção da placenta
que envolveu a criança, é de fundamental importância que a placenta venha junto
com a criança, para que o ``assentamento´´ seja feito.

ORUKÓ
Dar o nome

No dia marcado, a criança estará sob a guarda de uma anciã da família,


possivelmente a avó paterna ou materna. O nome que a criança receberá
geralmente tem origem na circunstancia do seu nascimento Amutoruwa (nome
trazido ao nascer).
Entre os tipos de nomes que indicam as características da criança, temos por
exemplo: sendo gêmeos, Taiwo ( experimentar a vida), que pode ser o primeiro a
nascer, e Kéhinde (ultimo a nascer), no caso de uma mulher bem madura, Ilori, é o
nome que é dado a criança, Ige (para a criança que nasce primeiro com os pés
para fora ao invés da cabeça), Babatunde, se a criança nasce logo após o
passamento do avô e Yiapó se nascer logo após a morte da avó, se for um caso
de Abiku, um dos nomes poderá ser Igi, ou Dada (para aqueles que nascem com
cabelos encaracolados), Olugbodi (para aqueles que nascem com seis dedos).
Babarimisa (será o nome daquele cujo pai morreu sem ver a criança nascer).

O PRIMEIRO NOME
O Oruko-abiso

ORUKO-ABISO é o nome que após o Babalawo realizar o estudo da historia da


família será dado a criança, tais como, a ancestralidade, o Orisa cultuado e a
profissão.
Se a família cultua Ogun o Orisa que preside a sociedade dos ferreiros, caçadores
e agricultores, e o pai é ferreiro o primeiro nome obrigatoriamente mostrara este
compromisso, Ex: Ogundola (Ogun trouxe prosperidade), Agbédédola (a forja
trouxe prosperidade), Odedola* (a caça trouxe prosperidade)*.

O primeiro nome Yoruba é em geral uma associação de duas palavras. Vejamos o


nome Ogundola: Ogun + Dola, o que significa Ogun + prosperidade, literalmente
Ogun trouxe a prosperidade, que acompanhado do Oriki-Orilé, faz referencia à
linhagem da criança.
O segundo nome que também pode ser uma associação de dois fala da linhagem
familiar Ex: 1ºOgun + 2ºDola + 3ºBaba + 4ºLola. Temos então:

1º Ogun – O Orisa que será cultuado pela criança.


2º Dola – O Orisa trouxe a prosperidade.
3º Baba – O pai da criança.
4º Lola – A Honra.

Literalmente o nome deve ser lido da seguinte maneira: Ogun trouxe a


prosperidade e a honra, aos pais e a família.

OBS: *Na cultura Yoruba diferentemente da cultura Afro-Brasileira, o culto do Orisa


Odé esta intrisicamente ligado ao culto de Ogun, daí o nome Odedola ser dado ao
filho de uma pessoa que cultua Ogun. Conforme podemos ver no Ijala Odé, Ogun
é o Rei dos Caçadores ou o (OLODÈ).

MATERIAIS

Para que a cerimônia seja feita, á uma série de materiais que deverão ser
providenciados :

1 – Epo Pupa
2 – Atare
3 – Obi
4 – Orogbo
5 – Eja
6 – Omi Tutu
7 – Oti
8 – Oin
9 – Io
10 – Ebo
11 – Efun
12 – Aró
13 – Osun
14 – Égan
15 – Iya gbe
16 – Kawuri
17 - Ireke

Cada um desses materiais no momento certo será encostado na testa da criança e


os líquidos em seus lábios, sendo que os que não podem ser dados à criança
serão dados à mãe. Cada um desses materiais tem ASE propiciatório próprio que
serão proclamadas através de cânticos e rezas nos momentos em que são
apresentados a criança durante a cerimônia.
Antes de se começar o `` Ikomojade ´´ temos que fazer a oferenda prescrita a
ESU, para que ele presencie e seja amigo da criança que recebera o nome neste
dia,
logo ao terminar a oferenda de ESU. O local onde será realizado deve ser
preparado, além das folhas que vão ser jogadas é importante ter areia de praia
limpa cobrindo o chão, ai então a anciã pega a criança e senta-se no meio da sala,
as pessoas que participarão sentam-se em volta, a Iya Égbé traz, água fresca (
Omi Tutu ) e milho de canjica branca cozido ( Ebo ), e todos cantam a reza a
seguir:

E omode kékéré ényin E ! as crianças pequenas

ényin nse idi kan nla estão fazendo coisas grandes

enyín nse idi kan nla estão fazendo coisas grandes

kawa fun nwon lasé o Nós damos asé a vocês

Awa nse idi kan nla Nós fazemos as coisas grandes

E omode kekere, ényin E ! . . . . . .

Awa nse idi kan nla

Kawa fun nwon lásé o


Awa nse idi kan nla

Obs.: Na frase ( Kawa fun nwon lasé o ) a palavra deve ser mudada na medida em
que o material vai sendo apresentado à criança ou à mãe.
Ex: kawa fun nwon lasé ``obi´´ o.
A Iya Égbé vai jogando o Ebo pela casa toda, inclusive telhado, pedindo que a
calma esteja na casa, em seguida joga água em toda a casa para refrescar e
apaziguar todas a pessoas que estejam presentes na casa.

O INICIO DA CERIMÔNIA

Todos estão prontos para o início do Ikomojade. A mãe com a criança no colo e as
pessoas mais velhas sentadas ao lado, no chão em uma esteira nova estão
depositados os materiais para a oferenda. O Babalawo vai oferecendo a cabeça da
criança os materiais da oferenda e para cada um canta ou reza :

(Yoruba)
Omi :
Omi ni nmu aye toro,
Oun ni a nlo fun gbogbo nka laye,
Omi ko ni pá é lori.
Omi ko si ni gbe é lo,
Bi omi ba balé,
Omi a lepa, wa lepa owo, óla, omo.
A ki nba omi sóta,
Ki a bori,
Wa bori ota ré o,
Omi ni npa ina,
Wa pana oke isoro aye.

(Português)

Água:
É a água que faz a vida se acalmar,
È a água que se usa para tudo na terra,
A água não enganará você.
A água não vai provocar sua morte.
Quando a água cai na terra,
Ela marca a terra e,
assim sua vida será marcada. Pelo dinheiro, prosperidade e filhos.
Ninguém é inimigo da água,
Ninguém vence a água.
Sua cabeça vencera seus inimigos.
A água apaga o calor do fogo.
Você vencerá as dificuldades da vida.

Yoruba

Oyin

(Diga o nome da criança) Oyin ni yi o.


Ki aye re dun titi bi oyin
Dindun didin ni a maa nba afara oyin.
Aye ré yio maa dun,
A ko ni ri oun ibajé ni ile aye ré.

(Português)

Mel

(Diga o nome da criança) Aqui está o mel,


A sua vida será eternamente doce,
O favo de mel esta sempre doce,
A sua vida será sempre doce,
Você vencerá as dificuldades na sua vida.

(Yoruba)
Epo

Epo ni yi,
Asodéró ni,
Aye ré yo lóró,
Wa ni ofo sowo.
Sayo, ati si alafia.

(Português)
Azeite de dendê:

Veja o azeite de dendê


È ele que acalma as coisas,
Sua vida será calma,
Você terá a harmonia e o dinheiro,
a prosperidade, felicidade e saúde.

(Yoruba)
Iyo

Iyo niyi,
lyo ki nba nkan jé,
O ntun nkan se ni,
O ni si ni idi bajé bajé,
Iyo ki de inu ounje ki o ma dun,
Bi o tise de si arin awon obi re yi,
Aye won a dun.
Won o mo e si ola,
Won o mo e si ire,
Afekari aye ni a nfe iyo,
Teru tomo yoo fe o kari aye.

Português
Sal

Aqui está o sal,


O sal não estraga as coisas,
ele conserva as coisas
você não estará no local onde
se estragam as coisas,
quando o sal chega em uma comida,
Ela se torna saborosa,
Agora que você chegou na vida de seus pais,
A vida deles será dócil e terá sabor,
Eles terão você como aquele que traz prosperidade,
Eles terão você como aquele que trás o bem estar,
toda humanidade aceita e gosta do sal,
Toda a humanidade aceitara e gostara de ti.

Yoruba

Ireke:

Ki aye re ni adun,
Ki aye re ni ayo.
Ki aye re ni ola.

Português

Cana de açúcar:

Para que sua vida seja doce,


Para que sua vida tenha felicidade,
Para que sua vida tenha prosperidade.

Yoruba

Obi:

Nome da criança
Obi ni yi o o,
Obi ni nbe iku,
Obi ni nbe arun,
Obi ni nbe ejo,
Oun na ni nbe ota,
A ba e, e gbogbo ohun buruku ile aye.

Português
Obi:

Nome da criança
Aqui esta o obi,
E o obi que aplaca a morte,
E o obi que aplaca a doença,
E o obi que aplaca a intriga,
E ele mesmo que aplaca inimigos e perseguições,
Ele aplaca todo mal que existe no mundo.

Yoruba

Orogbo
Orogbo re o,
nome da criança
Orogbo ni ngbo eni saye,
Wa gbo, wa to laye,
Ki o to lo si ibi ti gba nre,
Aye o ni se é ni Abiku fun awo obi re.

Português

Orogbo

Aqui esta o orogbo


nome da criança
E o orogbo que trás vida longa,
Você terá uma vida longa,
Antes de você ir para o local onde os anciãos vão.
Os seres humanos não farão de você um Abiku para
seus pais (eles não tirarão sua vida com feitiço).

Yoruba
Atare

Atare re o,
Atare ki ndi tire labo,
Odindi ni atare ndi tire,
O ko ni di tire labo,
Opolopo omo ni atare ni,
Wa lomo lopo,
Wa lowo lopo,
Wa ni alafia lopo,
Wa ni ohun gbogbo lopo.

Português

Atare

Aqui esta o atare.


A semente que ela carrega não vem pela metade,
Ela vem completa de semente,
Tudo na vida não será pela metade,
O atare sempre tem muitas sementes,
Você terá muitos filhos,
Você terá muita prosperidade,
Você terá muita saúde,
Você terá muito de tudo.
Como atare tem muitas sementes.

Yoruba

Eja

Ori leja fi nla bu,


Eja ni nbori omi,
lwo (nome da criança)
O maa bori isoro iwaju re.

Português

Peixe

E com a cabeça que o peixe atravessa,


As profundezas das águas,
E o peixe que supera a água,
Você (nome da criança) vai superar todas as dificuldades
que irão aparecer no seu caminho.
Yoruba

Ilé

A o gbe omo, ao fi ese omo naa te ile,


A o wa wure bayi pe,
Ile ree o,
ile ogere,
Ile ni a nte ki a to te omi,
A ki nbinu ile ki a maa te,
Bi o ba nrin nile ki omo araye ma binu re,
A ki nbale sowo ki a padanu,
Gbogbo ohun ti o ba dawole lori,
Ile aye yi,
ko ni padanu.

Português

Terra

Pegam a criança e colocam seu pe sobre a terra,


iniciando a recitação, fala para a criança.
Aqui esta a terra,
A terra que esta espalhada pelo universo,
Que e nela que se pisa primeiramente,
Antes de pisar na água,
Ninguém que tenha ódio da terra,
Priva-se de pisar nela.
Quando você anda sobre a terra,
Que os seres humanos não tenham ódio de ti.
Todos que fazem negócios com a terra lucram com ela,
tudo que você propor a fazer na sua vida,
Não será em vão, você lucrara na vida.

Todos asses elementos trazem tudo de bom que se espera para uma vida bem
aventurada. O obi e utilizado na cerimonia para proteger a criança da doença e da
morte prematura. Atare serve para vencer os inimigos e os obstáculos que irão
surgir ao longo da vida. Outra imagem relacionada ao atare e a deste estar sempre
repleto de sementes no seu interior, representando a fertilidade na vida adulta. O
sal, que e usado na conservação dos alimentos, e voto de longevidade.
A cana-de-açúcar, por ser sempre doce, e usada com sentido similar ao mel de
atrair uma vida dócil. Orogbo também e um símbolo de longevidade. A água
simboliza uma vida plácida e sem atribuições.
O álcool normalmente e usado junto com o atare, e acredita-se que seja capaz de
conduzir a uma outra dimensão, onde as preces tem muito mais força. A terra
representa a relação do homem com a fertilidade, assim é usada para tornar o
indivíduo importante e produtivo como a terra.
Por fim e fixado o nome da criança por meio de uma longa recitação, que pede por
sucesso, saúde e felicidade. A cerimonia acaba em uma grande festividade, com
comida, dança, bebidas e declamações das cantigas da divindade tutelar da
família. No caso de Ogun, a recitação é do tipo Ijala. Durante esses atos
considerados como acontecimentos de jubilo, existem momentos precisos nos
quais pessoas especialmente designadas entoam cânticos do Ijala.

ABIKU

A morte Iku e o nascimento Bi, andam juntos. Uma mulher assim que descubra a
gravides deve imediatamente consultar Ifa, para saber como esta a criança e se
tem perigo da mesma ser um Abiku. Se Ifa confirmar as suspeitas, deve-se agir
imediatamente.

Os pais devem observar antes de tudo os antecedentes da mulher em questão.

1º Se a mulher já teve abortos espontâneos.


2º Se um filho do casal morreu prematuramente.
3º Se a gravides esta sendo problemática.
3º Se a gravida esta perdendo sangue da placenta.
4º Se a mãe da mulher gravida teve filhos mortos ao nascer ou prematuros ou
morreram na tenra idade.

Ifa em diversos itans nos da conta das ameaças de Abiku, portanto temos que ficar
de sobreaviso para poder enfrenta-los.
Nos ensina Ifa que os Abiku antes de chegar a terra fazem seus pactos, para voltar
o mais depressa possível ao Orun.

Quando verem o rosto da mãe pela primeira vês.


Quando verem o rosto do pai.
Quando verem o rosto do irmão mais velho.
Quando nascer seu irmão mais novo.
Se for menina quando completar sete dias.
se for menino quando completar nove dias.
Se for gêmeo um deles morre antes do oitavo dia.
Assim que começar a andar.
Quando seus pais construírem uma casa nova.
Quando der o primeiro sorriso.

Quando acontecer algum desses fatos o pai do Abiku Oloiko, ou sua mãe Janjasa,
exigem que o pacto se cumpra, e ele volte imediatamente ao Orun.
Quando um ABIKU nasce, seu irmão que ficou no Orun, começara a interferir em
sua vida, atormentando-a, aparecendo-lhe em sonhos, a fim de que não se
esqueça dos seus amigos do ORUN e rapidamente volte para eles, conforme o
combinado.
Muitas historias nos são contadas por ORUNMILA sobre os Abiku que, depois de
vários nascimentos foram conservadas vivas, porque seus pais consultarão IFA e
fizeram os Èbó prescritos por Ifa, Colocando ou acrescentando um nome que os
desanimasse de morrer de novo. Usando folhas especificas em seus corpos, para
afastar os irmãos ABIKU, colocando em seus tornozelos SAWOORO e IDE, fazer
em seus corpos pequenos Beere, com um Afosé especialmente preparado para tal
fim, e com este mesmo Afosé fazer um amuleto de couro, chamado ONDE que
será carregado pela criança preso na cintura.
Em alguns casos especiais, é preciso colocar em seus tornozelos pesados Ide e
correntes para que não fujam para o ORUN. Os Ébó devem ser feitos como
recomendados por IFA, cabras, galos, pombos, roupas e chapéus tingidos com
OSUN, alimentos, guizos, búzios, doces, bebidas, a serem entregues em local
próprio e consagrado.
Mas, se apesar dos Ébó, a criança Abiku morrer, é costume entre os Yorubas
marcar seus corpos, mutila-los, separa-los em partes e enterrar em lugares
distintos ou queima-los e enterrar suas cinzas de modo a não se juntarem mais,
para que seus irmãos no ORUN não os reconheçam ou não o aceitem de volta.
Estas crianças devem usar roupas especiais, com enfeites e cores especificas, e
seus nomes são específicos.

ALGUNS NOMES DADOS AOS ABIKU

IGI LOLA – Arvore da felicidade / riqueza

OMOLABAKE - Esta é uma criança para ser mimada.

KUJORE - Deus poupou este aqui.

SIWOKU - Pare de morrer. Tire as mãos da morte.

KALEJAYE - Sente-se e goze a vida.

OMOTUNDE – O filho que voltou.

MAKU - Não morra.

KIKELOMO – Criança feita para ser mimada

MOLOKO - Não tem enxada para enterrar.

AYEDUN - A vida é doce.

AWERO – Aquela que foi banhada para poder ficar

AKAMBI – O guerreiro nasceu

MALOMO- Aquele que não deve voltar para a morte

Os nomes ABIKU negam a morte, e mostram como a vida é alegre e doce de ser
vivida. mostram também como a Terra é bonita e boa para se viver.

NOMES COMUNS
Nomes masculinos

ADENIYI A coroa tem prestigio

AREMU - Tem a cabeça de lider.


ADEKUNLE Honra a cabeça coroada

ADEYEMI A coroa faz o bem

AJETUNMOBI A riqueza trouxe o filho

ABAKUN Todos devem se unir a ele/a.

ABAKE Vamos cuidar de juntos

ABEGUNDE Ele nasceu durante a festividade dos ancestrais e é de Egungun que


recebe a sua força.

ABIDEYI Ele/a nasceu quando o pai estava em viajem.

ABIDODÉ Ele /a nasceu predestinada a ter Ososi como Orisa.

ABIDOSUN Ele/a nasceu para ter Osun como Orisa.

ABIDOYA Ele/a nasceu para ter Oya como Orisa.

ABIFARIN Ele/a nasceu para Ifa.

ABIMBADE Ele nasceu para herdar o trono ou coroa ou o reino.

ABIMBOLU Ele nasceu de novo para se encontrar com os Orisa

ABIMBOYE Ele nasceu com titulo de nobreza.

ABIORO Ele nasceu dentro do culto ou do segredo.

ABIODUN Filho que nasce no fim do ano

ABOSUDE Ele/a nasceu durante a fase da lua nova.

ABOYEDE Ele/a nasceu durante a coroação do rei.

ABOBADE Ele/a nasceu ao chegar o rei.

ABOSUNDE Ele/a nasceu durante o festival de Osun.

ABOYADE Ele/a nasceu durante o festival de Oya.

ADARA Ele/a será sempre positivo(a).

ADEBAJO Seu pai chegou de viagem no reino.

AYO Complemento ( Alegria - Felicidade)

ADEBAYO Ele nasceu para se encontrar com a felicidade.

ADEBANJO Ele é parecido com o rei.

ADEBANJI Ele nasceu ao fundar-se o reino.


ADEBEWON Ele nasceu para ficar em paz com todos.

ADEBINJO Ele nasceu junto com os fundadores do reino.

ADEBINTAN Ele/a que recebeu do reino o apoio para nascer com dignidade.

ADEBIMPE Ele/a que recebeu do reino o apoio para nascer com dignidade.

ADEBOLU Ele veio para se encontrar com os Orisa

ADEBORI Ele veio para vencer.

ADEBODE Ele nasceu para cultuar Odé.

ADEBUNMI Ele nasceu com ajuda do Rei.

ADEDAPO Ele nasceu para se unir com todos.

ADEDELE O poder real chegou em casa.

ADEDEHINDE O dono da coroa chegou por ú1timo.

ADEDIBU Ele nasceu para se tornar grande.

OLANREWAJU O futuro será próspero

ADEMOLA A coroa trouxe a prosperidade

ADESOJI A coroa esta na família

AYODEJI Alegria duas vezes

BABATUNDE Nome dado ao menino que nasce após a morte do avô

BABALOLA Nascido para honra do pai

DADA Nasceu com o cabelo encaracolado

BAYO Encontrou a alegria ou a felicidade

OLUKOLA Honra construída por deus

OLADELE A riqueza entrou em casa

OLAKUNLE A riqueza encheu a casa

OLANIYI Nascido com honra e prestigio

BAMIDELE Venha para casa comigo

OWODELE Trouxe a riqueza pra casa

OLADAPÓ Juntou-se com a riqueza


OGUNDELE Ogun chegou em casa

OGUNBUNMI Ogun me deu um presente

OGUNBIYI Nascido com ajuda de Ogun

BADE Nome próprio das pessoas da família real

OMODARA Filho bom

OGUNSINA Ogun abriu o caminho

OMOYELE É bom ter filhos em casa

OMOLAJA Filho que trouxe a paz

ODEKAYODE Odé trouxe alegria

SANGODEYE Sango me deu o filho

IFALORE Ifa é bondoso

TOKUNBO Nascido em outro país ou do outro lado do mar

Nomes femininos

IYABO Nome dado se nascer após a morte da avó

OLUFUNMILAYO Deus me deu alegria

OLUSOLA Deus trouxe a riqueza

OMOWUNMI A filha que eu gosto

OLUBANKE Deus cuida de min

MONISOLA Nós temos mais riquezas

OLUKEMI Deus toma conta de min

BOSODE Ele nasceu no domingo

ENIOLA Que tem muita honra

OLABISI Que possui muita honra

RONKE Tenho que cuidar dele


OLUTOYIN Eu agradeço a Deus

LOLA Eu tenho muita honra

KOFOWOROLA Não compra a honra com dinheiro

ABENI A filha que vence com a ajuda de Deus

OGA GILBERTO DE ESU

Postado por OGA GILBERTO DE ESU às 6:36 AM 1 comentários Links para esta
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A RESISTENCIA BANTU NO RIO DE JANEIRO

II ECOBANTU

SÃO PAULO

2004
A RESISTENCIA BANTU NO RIO DE JANEIRO

Muito embora, João do Rio, tenha tentado instituir a “bantufobia” no Rio de Janeiro
já no inicio do século, sem duvida suas observações não prosperaram da mesma
forma que a tentativa de Nina Rodrigues de instaurar a “Nagocracia” no Rio não
deu certo.
Pelo menos 70 anos se passam entre estas observações escritas e as minhas. Ao
chegar no Ro de Janeiro na década de 60, fico radicado no município de Nilópolis,
na casa de um famoso Kimbandeiro, falecido recentemente, Jorge Buda ou
Formigão e ai começo a integrar um mundo totalmente diferente onde o linguajar a
forma de vida eram totalmente diferentes de minha vida até então cristã.
Tomo contato com os falares e o modo de vida Bantu, que fora tão combatido por
João do Rio e Nina Rodrigues. Na famosa baixada fluminense proliferavam as
casas de kimbanda, alijadas do antigo estado da Guanabara, onde as tendas
espíritas de umbanda ou centros de mesa branca, passaram a dominar, não estou
falando da Umbanda, mas da Macumba Carioca, no meu entender a verdadeira
herdeira dos falares e dos costumes bantu no Brasil.
Nesta década posso falar que praticamente todo o complexo religioso afro
descendente era composto por Tatas, até mesmo quem não eram iniciados de
Angola / Congo se intitulava Tata.
Tata Londira (João da Gomeia), Tata Diludiamungongo (Ciriaco), Tata
Lesengue(João lesengue), Tata Dewanda (Miguel Grosso) , Tata Fumutinho ( Este
iniciado de jeje).
O terreiro de Jorge era sem duvida um dos herdeiros dessa tradição, sua
hierarquia e a maioria das entidades era eminentemente bantu, ali os Tatas
Kimbandas se reunião para o jongo:
Capistrano, Caneca, Antonio 24 horas, Djalma de Lalu, Mario careca, Clodoaldo,
Sapo, Ferreira, Pai Damião,xxx
As giras de jongo que no começo eram feitas no campo do gericino, com os anos
passaram a ser feitas nas casas, já de macumbas, e os encontros dos
personagens mais raros.

AS ENTIDADES
Jerere Rei de Ganga
Congo Mujongo
Saraganga
Maria Mukangue
Pomba Gira

OS CARGOS
Tata Kimbanda = Chefe do terreiro.
Kambono = Ajudante geral.
Kimboto = Espécie de ajudante para a esquerda.
Samba = Mãe pequena
Candongueiro = Leva e traz noticias.
Mão de Pemba = Riscador de pontos rituais.
Mão de ofa = Mão de faca.

O jongo era eminentemente masculino, não havendo mulheres na roda, o local era
escolhido por um kimbandeiro que convidava os outros.
O anfitrião chegava na frente pra firmar os pontos de segurança e levar o,
cachambu (tambor), a cachaça não podia faltar, tudo pronto era só esperar.
1
Saraganga ae
Saranganga
Abre a gira e fecha os caminhos.
OBS: Abre para os participantes e fecha para a policia.
2
Ai não me mecha na porteira
Ai jongueiro
Eles podem se zangar
Ai jongueiro
Zangando ele chora
Ai jongueiro
Chorando pode matar
Ai jongueiro
3
Zambi é tata
De bande
Zambura ae
4
Jerere é malele
Dis o bumbo gire
O kiganga
Oia ganga com ganga
É maleko
Oia ganga com ganga
O kimbanda
As danças e as demandas seguiam noite adentro até que o ultimo cai-se ou de
bêbado ou derrotado pelo mais forte.

OS FALARAES
Ne jinguin = Sem dinheiro.
Jinbo = Dinheiro.
Neca supo = Órgão sexual masculino.
Neca supo odara = Falo erecto.
Gudia = comer.
Zambi a pombo = Deus.
Kalunga = Cemitério.
Kalunga grande = Mar / Oceano.
Intaba = Cigarro.
Intaba de ungira = Maconha.
Mona oko = Lésbica.
Indunba sem dengue = Prostituta.
Mungo = Sal.
Kuendar = Ir.
Kuendar o akuako = Morrer
Kizila = Proibição.
Marafa = Cachaça.
Pito = Charuto.
Toco = Vela.
Ingoma = Atabaques.
Kiumba = Espirito ruin.
Makaia = Mata / floresta.
Banzo = Preguiça.
Kafofo = Quarto / casa.
Kachanga = Casa.
Kuriar = Beber.
Inguidiar = comer
Mutue / kamutue = cabeça.
Kuenda njira = Ir embora.
Maianga = banho.
Malungo = Irmão.
Bakuro = Ser superior.

Oga Gilberto de Esu


Postado por OGA

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