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CENTRO TECNOLÓGICO DA ZONA LESTE

FACULDADE DE TECNOLOGIA DA ZONA LESTE

EVANDRO SANTHIAGO BIASINI

ESTUDO DA RASTREABILIDADE E CERTIFICAÇÃO


DA CARNE BOVINA PARA O AGRONEGÓCIO
ENTRE BRASIL E UNIÃO EUROPÉIA

São Paulo
2008
CENTRO TECNOLÓGICO DA ZONA LESTE
FACULDADE DE TECNOLOGIA DA ZONA LESTE

EVANDRO SANTHIAGO BIASINI

ESTUDO DA RASTREABILIDADE E CERTIFICAÇÃO


DA CARNE BOVINA PARA O AGRONEGÓCIO
ENTRE BRASIL E UNIÃO EUROPÉIA

Monografia apresentada no curso de


Tecnologia em Logística com ênfase em
transporte na FATEC ZL como requerido
parcial para obter o Título de Tecnólogo
em Logística com ênfase em Transporte

Orientador: Prof. Claudio Antonio Gomes

São Paulo
2008
Biasini, Evandro Santhiago
Estudo da Rastreabilidade e Certificação da Carne bovina para
o Agronegócio entre Brasil e União Européia/ Evandro Santhiago
Biasini – São Paulo, SP : [s.n], 2008.
.

Orientador: Prof. Claudio Antonio Gomes.


Monografia (Graduação) – Faculdade de Tecnologia da Zona
Leste.
Bibliografia: f.

CDU 576.72: 578


CENTRO TECNOLÓGICO DA ZONA LESTE
FACULDADE DE TECNOLOGIA DA ZONA LESTE

EVANDRO SANTHIAGO BIASINI

ESTUDO DA RESTREABILIDADE E CERTIFICAÇÃO DA CARNE


BOVINA PARA O AGRONEGÓCIO ENTRE BRASIL E UNIÃO
EUROPÉIA

Monografia apresentada no curso de


Tecnologia em Logística com ênfase em
transporte na FATEC ZL como requerido
parcial para obter o Título de Tecnólogo
em Logística com ênfase em Transporte.

COMISSÃO EXAMINADORA

______________________________________
Prof. Claudio Antonio Gomes.
FATEC

______________________________________

São Paulo, ____ de________ de 2008.


A Deus, acima de tudo...

Aos meus pais, amigos e companheiros de jornada...


AGRADECIMENTOS

Ao meu orientador Prof. Cláudio, que me possibilitou escrever sobre um tema de


grande importância para o país.

A minha mãe e aos meus irmãos, por tudo o que eles fazem e sempre fizeram para
que eu chegasse até aqui.

Ao meu pai (in memorium).

Aos amigos, que mesmo distantes sempre torceram por mim.

Aos professores e colegas de curso, que estiveram juntos comigo durante o


processo de minha formação e me apoiaram dia a dia.

A todos que, com boa intenção, colaboraram para a realização e finalização deste
trabalho.
“A vida é o que lhe acontece enquanto você está ocupado fazendo outros planos.”

John Lennon
BIASINI, Evandro Santhiago. Estudo do processo de rastreabilidade e
certificação da carne bovina para o agronegócio entre Brasil e União Européia,
2008. Monografia (Tecnologia em Logística com ênfase em transportes) – Centro de
Tecnologia da Zona Leste.

RESUMO

O presente trabalho estuda a rastreabilidade e a certificação da carne bovina com


vistas ao atendimento da legislação internacional, as dificuldades de sua
implantação no mercado nacional e sua influência nos resultados do agronegócio
entre Brasil e União Européia. Para isso estão sendo conceituados, o agronegócio, a
pecuária e a rastreabilidade. Também está sendo avaliado o agronegócio sob o
ponto de vista logístico, e a mudança de postura do empresariado nacional perante
as transformações causadas no agronegócio pelo processo de globalização. Para a
avaliação do efeito da não-adequação da produção de carne bovina ao consumo no
mercado europeu, estão sendo consideradas diversas pesquisas realizadas por
diversos autores com pessoas relacionadas direta ou indiretamente ao agronegócio.

Palavras-chave: agronegócio, rastreabilidade, dificuldades de implantação, logística


do agronegócio.
BIASINI, Evandro Santhiago. Study the process of certification and traceability
of beef to the agribusiness between Brazil and the European Union, 2008.
Monograph (Technology in Logistics with emphasis on transport) - Center for
Technology East.

ABSTRACT

This paper studies the certification and traceability of beef in order to attend
international law, the difficulties of its implementation in the domestic market and its
influence on the outcome of agribusiness between Brazil and the European Union.
To do so are being respected, the agribusiness, livestock farming and traceability. It
also is being evaluated under the agribusiness the logistical point of view, and
change of posture of the national entrepreneurs to the changes caused by
agribusiness in the process of globalization. For the evaluation of the effect of non-
suitability of the production of beef consumption in the European market, are being
considered various surveys conducted by various authors with people directly or
indirectly related to agribusiness.

Key-words: agribusiness, traceability, difficulties of implementation, logistics for


agribusiness.
LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 – Participação do PIB do Agronegócio no PIB do Brasil ......................... 22


FIGURA 2 – Quadro comparativo entre o PIB Brasil e o PIB do Agronegócio entre os
anos de 1997 e 2007 .............................................................................. 23
FIGURA 3 – Comparativo entre o volume de venda e as taxas de crescimento anual
dos sete maiores agroexportadores mundiais ....................................... 23
FIGURA 4 – Principais obstáculos a serem vencidos pelos empresários do setor
para o desenvolvimento do agronegócio nacional.................................. 24
FIGURA 5 – Demonstrativo do percentual de responsabilidade creditada aos setores
envolvidos quanto à solução dos gargalos apontados ........................... 25
FIGURA 6 – Plano de investimentos em 2008 ......................................................... 25
FIGURA 7 – Expectativa de crescimento das empresas de agronegócio em 2008 . 26
FIGURA 8 – Hierarquia de utilização dos sistemas de informações logísticos ........ 33
FIGURA 9 – Esquema ilustrativo da cadeia produtiva da carne bovina ................... 36
FIGURA 10 – Modelo de etiqueta utilizada na identificação de bovinos (carcaça) .. 40
FIGURA 11 – Marcação a ferro incandescente diretamente no couro do animal .... 41
FIGURA 12 – Modelo de brinco utilizado na identificação de bovinos ..................... 42
FIGURA 13 – Leitor de informações contidas nos brincos eletrônicos utilizados na
identificação de bovinos ......................................................................... 43
FIGURA 14 – Esquema de um transponder subcutâneo ......................................... 44
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 13

1.1 O problema e sua importância ........................................................................... 14

1.2 Objetivos ............................................................................................................ 15

1.2.1 Objetivo geral .................................................................................................. 15

1.2.2 Objetivos específicos....................................................................................... 15

1.2 metodologia ........................................................................................................ 15

2 O AGRONEGÓCIO ............................................................................................... 17
2.1 Níveis do agronegócio ....................................................................................... 17
2.2 O agronegócio no Brasil .................................................................................... 18
2.2.1 O atual estágio do agronegócio brasileiro ...................................................... 19

2.2.2 Agronegócio: a nova visão ............................................................................. 21

2.2.3 Números do agronegócio brasileiro ................................................................ 22

3 A PECUÁRIA......................................................................................................... 27
3.1 A história da pecuária brasileira ........................................................................ 27
3.2 A nova pecuária brasileira .................................................................................. 28
4 A LOGÍSTICA E AS CADEIAS PRODUTIVAS ...................................................... 30
4.1 Sistemas de informações (SI) ............................................................................ 31
4.2 Os Sistemas de Informações Logísticas - LIS .................................................... 32
4.3 Cadeias de suprimentos: definição .................................................................... 34
4.4 A cadeia produtiva da carne bovina ................................................................... 35
5 RASTREABILIDADE ............................................................................................. 37
5.1 O processo de rastreabilidade ........................................................................... 38
5.2 A rastreabilidade na União Européia .................................................................. 39
5.3 Identificação animal ............................................................................................ 40
5.3.1 Métodos de Identificação................................................................................. 41
5.3.1.1 Marcação a ferro incandescente .................................................................. 41
5.3.1.2 Brincos eletrônicos ....................................................................................... 42
5.3.1.3 Implantes subcutâneos ou intra-rumenais .................................................... 43
5.3.2 Rotulagem ....................................................................................................... 44
5.4 A rastreabilidade no Brasil.................................................................................. 44
6 O SISBOV ............................................................................................................. 46
6.1 O novo SISBOV ................................................................................................. 46
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 49
REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 51

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ............................................................................... 54

ANEXOS ............................................................................................................... 56

ANEXO I ............................................................................................................... 56

ANEXO II .............................................................................................................. 66
13

1 INTRODUÇÃO

O processo de globalização ocorrido nos últimos anos trouxe à tona

a questão da segurança alimentar. Fatores como qualidade de matérias primas,

controles fitossanitários, controle dos processos de produção, industrialização e

distribuição ao consumidor final, tornaram-se obrigatórios para a manutenção da

competitividade no agronegócio mundial.

A carne bovina especificamente chamou a atenção dos

consumidores em 1996, quando foi diagnosticado o primeiro caso da Encefalopatia

Espongiforme Bovina (BSE1), também conhecida no Brasil como “Doença da Vaca

Louca”. Posteriormente, uma variação do distúrbio chamada doença de Creützfeld-

Jacob (CJD2) com atuação em seres humanos, e uma hipotética relação entre esta

com a doença do gado, agravou ainda mais a situação. A incidência dessa doença

e o não rastreamento naqueles rebanhos, na época, ocasionaram uma redução no

consumo de carne bovina de cerca de 25% na Europa (EMBRAPA, 2001).

Desde então, a fim de recuperar a credibilidade no consumo da

carne bovina por parte dos consumidores, autoridades, governos e entidades estão

trabalhando para o desenvolvimento de processos que garantam os novos padrões

de qualidade exigidos.

A União Européia (UE) - um dos maiores consumidores do produto

brasileiro – por meio dos órgãos competentes, implantou medidas para combater o

avanço da doença, que vão desde barreiras comerciais, até programas de abate e

incentivos à sistemas de produção menos intensivos. No entanto, o maior desafio

trazido pela doença, foi a necessidade do desenvolvimento de um sistema que


14

possibilitasse o levantamento de todas as informações relativas aos animais ao

longo de toda a cadeia produtiva.

1.1. O problema e sua importância

Através da resolução nº. 820 de 1997, as autoridades da União

Européia exigem que toda carne produzida, bem como seus subprodutos estejam

inseridos em um programa de identificação e registro que possibilite o levantamento

de todas as informações relativas ao animal, em todos os níveis da cadeia

produtiva, ou seja, desde o seu nascimento até o consumo do produto final. A

resolução se aplica tanto os produtores e as indústrias da própria Europa, quanto

aos seus fornecedores externos (PROJETO IDEA, 2000).

A partir do ano 2000, a Comunidade Européia estabeleceu através

da diretiva nº. 1760/2000 (substituta à nº. 820/97), um sistema de identificação e

registro, com sistemas de rotulagem obrigatória para a carne bovina.

Assim, é de fundamental importância que os produtores da carne

bovina nacional estejam inseridos neste contexto, de forma a produzir com mais

eficiência, podendo ainda garantir a rastreabilidade do produto de acordo com a

legislação européia para garantir a sua sobrevivência ou permanência no negócio

(EMBRAPA, 2002)
15

1.2. Objetivos

1.2.1. Objetivo geral

O objetivo geral do trabalho consiste em estudar a rastreabilidade e

certificação da carne bovina no Brasil, sua importância para o agronegócio

internacional, e identificar a logística dentro dos processos de rastreabilidade.

1.2.2. Objetivos específicos

Os objetivos específicos deste trabalho são:

• Identificar a importância do agronegócio para a economia

nacional;

• Conceituar a logística do agronegócio;

• Identificar as tecnologias e os processos utilizados na

rastreabilidade da carne bovina

• Estudar a aderência da rastreabilidade da carne nacional à

legislação européia.

1.3. Metodologia

Os dados foram coletados por meio de pesquisa bibliográfica em

livros, revistas especializadas, sítios da internet, a partir dos quais foram buscados

esclarecimentos sobre o assunto abordado, visando uma melhor compreensão dos

aspectos técnicos da rastreabilidade aplicada ao agronegócio.

Foram levantadas as legislações nacional e européia, para dessa


16

forma justificar a aplicabilidade da rastreabilidade ao rebanho brasileiro.

Foram levantados dados estatísticos relacionados ao rebanho

bovino nacional junto aos órgãos competentes, tais como Ministério da Agricultura,

Pecuária e Abastecimento (MAPA), Centro de Pesquisas Agropecuárias (Cepea-

USP) e anuários (ANUALPEC; Anuário EXAME).


17

2 O AGRONEGÓCIO

A primeira definição de agronegócio foi dada em 1957 por John

Davis e Ray Goldberg, professores de economia da Universidade de Harvard, e

surgiu a partir de estudos relacionados às transformações e à reestruturação da

agricultura norte-americana após o período de crise no início do século passado.

Davis e Goldberg definiram o agronegócio como sendo “a soma

total das operações de produção e distribuição de suprimentos agrícolas; as

operações de produção nas unidades agrícolas; e o armazenamento,

processamento e distribuição dos produtos agrícolas e itens produzidos com eles”

(PIZZOLATTI, I. J., 2004, p. 2 apud MEGIDO e XAVIER, 1998, p. 35, grifo do

autor).

Apesar do ano em que foi concebida, a definição de agronegócio

dada por Davis e Goldberg tornou-se muito atual devido à perspectiva sistêmica a

que observa os negócios realizados em torno da agropecuária.

2.1. Níveis do agronegócio

Pizzolatti (2004, p. 2) afirma que o agronegócio ocorre em três

diferentes níveis: “negócios dentro da porteira”, “negócios pré-porteira” e “negócios

pós-porteira”.

Os negócios "dentro da porteira" são os negócios agropecuários

propriamente ditos. Fazem parte desse grupo os produtores rurais – sejam eles

pequenos, médios ou grandes, constituídos na forma de direito fazendeiros ou

camponeses, ou ainda pessoas jurídicas (empresas) – e todas os negócios


18

realizados a partir deles.

Os negócios “pré-porteira” são aqueles sem os quais a atividade

agropecuária não existe. Nesse grupo de negócios estão os fornecedores de

insumos para o processo produtivo, tais como fertilizantes, agrotóxicos, defensivos

químicos, rações, maquinário de diversos portes (tratores, colheitadeiras, dentre

outros), etc.

Os negócios "pós-porteira" são o beneficiamento, a distribuição e o

consumo dos produtos agropecuários.

2.2. O agronegócio no Brasil

Já na época do descobrimento do Brasil, Pero Vaz de Caminha

escreveu: “... em se plantando tudo dá...".

Devido ao território de dimensões continentais, e da boa qualidade

da terra, a economia brasileira sempre esteve voltada para a produção e exportação

de produtos agrícolas.

A partir dos anos 70 até o início dos anos 90, o Brasil experimentou

um período de desenvolvimento para o agronegócio brasileiro, onde o acesso à

Ciência e Tecnologia foi fundamental. Nesse período foi possível o aproveitamento

de regiões antes impensáveis para a agropecuária, possibilitando a oferta de uma

ampla gama de novos produtos ao mercado. Atualmente, produtos oriundos do

complexo de soja, carnes e derivados de animais, açúcar e álcool, madeira (papel,

celulose e outros), café, chá, fumo, tabaco, algodão e fibras têxteis vegetais, frutas

e derivados, hortaliças, cereais e derivados e a borracha natural são itens

importantes da pauta de exportação brasileira. (VILARINHO, 2006).


19

A partir da década de 90, com o surgimento dos blocos

econômicos, a agricultura brasileira passou por várias mudanças, e conheceu além

da estabilização da moeda, a falência das políticas públicas para o campo. Nesse

período, a diminuição do fluxo de recursos públicos para o financiamento das

atividades rurais, aliada à necessidade da busca por ganhos de produtividade

tornaram-se a peça fundamental para a sobrevivência do setor num cenário de

crescente concorrência externa (IGLÉCIAS, 2007). .

Com a abertura do mercado, o Brasil passou repentinamente de um

país fechado e com alta inflação, para uma economia aberta e de inflação

estabilizada, obrigando empresários de diversos setores a reavaliarem o seu

posicionamento perante a concorrência externa.

A entrada de produtos estrangeiros em território nacional

possibilitou além da entrada de divisas e tecnologias diferenciadas, também a

entrada de doenças até então desconhecidas. Nesse momento novos estudos

sobre saúde pública e novas tecnologias tornaram-se fundamentais para garantir a

sobrevivência das empresas brasileiras no mercado internacional.

Dados recentes do desempenho do setor agropecuário mostram a

medida da importância que as atividades rurais têm na atualidade para a economia

brasileira.

2.2.1. O atual estágio do agronegócio brasileiro

Com forte participação em indicadores econômicos, tais como PIB e

emprego, o agronegócio desempenha um papel estratégico no desenvolvimento do

país. A significativa participação do setor nas exportações propicia a entrada de


20

grandes volumes de capital e assim, contribui para o aumento da sua capacidade

de investimento interno. “O agronegócio, portanto, responde por parte da

responsabilidade sobre a busca do crescimento sustentado da economia brasileira”.

(MENDES, 2005, p. 2)

O agronegócio é, hoje, a principal atividade econômica da economia

brasileira e responde por aproximadamente 25% da renda gerada no país.

Com um clima diversificado, chuvas regulares, energia solar

abundante e quase 13% de toda a água doce disponível no planeta, o Brasil tem

388 milhões de hectares de terras agricultáveis férteis e de alta produtividade (22%

das terras agricultáveis do mundo), dos quais 90 milhões ainda não foram

explorados.

A alta tecnologia utilizada no campo garante ao agronegócio

brasileiro eficiência e competitividade no cenário internacional.

A agricultura familiar apoiada nas políticas governamentais

implantadas nos últimos anos excedeu os limites físicos da propriedade. O

gerenciamento de toda a cadeia produtiva, e todas as decisões inerentes à

produção, tais como o que produzir, quanto produzir e de que forma produzir

passaram a não depender somente do agricultor. A demanda por determinados

tipos de produto, agora são determinadas por um mercado consumidor mais

exigente e conhecedor de seus direitos. Os diversos atores envolvidos no processo

produtivo – desde fornecedores até o consumidor final – mantêm-se em

permanente negociação de quantidades, prazos e preços.

Os processos de armazenamento, processamento e distribuição ao

consumidor final constituem o diferencial entre a agricultura de outrora e os


21

complexos agroindustriais atuais, reafirmando a idéia de que as cadeias produtivas

adicionam valor às matérias-primas.

2.2.2. Agronegócio: a nova visão

A atividade agropecuária nacional anteriormente a abertura dos

mercados, era gerida de forma familiar e baseada exclusivamente em decisões

inerentes apenas à produção. Na grande maioria das propriedades rurais não havia

ciência no gerenciamento das atividades.

A pecuária acontecia basicamente com fins especulativos, onde o

gado era comercializado apenas visando o lucro proveniente do aumento quase

diário dos preços (IEL, CNA, SEBRAE, 2000).

No novo cenário nacional trazido pela globalização, foi preciso

mudar a forma de enxergar os processos de forma a garantir a competitividade no

mercado internacional. Para isso, foi preciso começar a avaliar a questão sob dois

pontos de vista distintos: o Supply Chain Management (gerenciamento da cadeia de

suprimentos) e o Commodity Systems Approach – ou CSA (enfoque sistêmico do

produto). O primeiro conceito aborda o gerenciamento dos processos e

mecanismos internos de coordenação das cadeias produtivas, determinados pelos

próprios participantes das cadeias. O segundo enfoca os aspectos macro da

produção, comercialização e distribuição dos produtos, onde são observadas as

políticas locais, legislação e medidas de regulação dos mercados, geralmente

implementadas por órgãos governamentais, entre outros (IEL, CNA, SEBRAE,

2000).
22

2.2.3. Números do agronegócio brasileiro

Observando-se os dados apresentados na tabela 1, pode-se notar

que entre os anos de 1997 e 2007, o PIB do agronegócio manteve uma participação

média de 24,4% ao ano, relativa ao PIB brasileiro.

PIB BR PIB AGRO Agronegócio


Ano
Fonte: IBGE (%)
Agricultura (%) Pecuária (%)
1997 2.355.388 21,29 15,47 5,82

1998 2.364.134 21,33 15,28 6,06

1999 2.309.650 22,24 15,66 6,58

2000 2.248.296 22,87 15,76 7,11

2001 2.249.069 23,26 16,05 7,21

2002 2.248.854 25,31 17,76 7,55

2003 2.106.589 28,79 20,41 8,37

2004 2.199.158 28,28 20,12 8,16

2005 2.295.279 25,83 18,16 7,67

2006 2.451.488 24,30 17,45 6,84

2007 2.558.822 25,11 17,85 7,26

Figura 1: Participação do PIB do Agronegócio no PIB do Brasil.


Fonte: CEPEA (2007)

No ano de 2007 o agronegócio respondeu por 25,11% do PIB

nacional, ou seja, mais do que 25 por cento de toda a riqueza produzida no país.

Em valores absolutos, esse número representa um montante de 642,63 bilhões de

reais. Desse valor, 17,85% é proveniente da agricultura (R$ 456,87 bilhões) e

7,26% da pecuária (R$ 185,75 bilhões).


23

PIB BR PIB AGRO Agronegócio


Ano
Fonte: IBGE Fonte: Cepea-USP/CNA Agricultura Pecuária
R$ Milhões de 2007
1997 2.355.388 501.457 364.348 137.109
1998 2.364.134 504.364 361.161 143.203
1999 2.309.650 513.658 361.600 152.058
2000 2.248.296 514.161 354.243 159.918
2001 2.249.069 523.143 360.997 162.146
2002 2.248.854 569.220 399.444 169.776
2003 2.106.589 606.419 429.998 176.421
2004 2.199.158 621.910 442.451 179.459
2005 2.295.279 592.943 416.886 176.057
2006 2.451.488 595.626 427.859 167.767
2007 2.558.822 642.634 456.877 185.757

Figura 2: Quadro comparativo entre o PIB Brasil e o PIB do Agronegócio entre os anos de 1997
e 2007
Fonte: CEPEA (2007)
Atualmente, o Brasil é o quarto país em volume de vendas

internacionais de produtos agropecuários, e o que apresentou maior taxa de

crescimento entre os anos de 1996 e 2006 (Figura 3).

Taxa anual de
crescimento
PAÍSES VOLUME DE VENDAS (US$ BI) (1996 a 2006)

U Européia – 27 3,40%

Estados Unidos 1,40%

Canadá 2,80%

Brasil 9,40%

China 8,40%

Austrália 2,80%

Argentina 4,50%
0 20 40 60 80 100
Figura 3: Gráfico 1: Comparativo entre o volume de venda e as taxas de crescimento anual dos
sete maiores agroexportadores mundiais.
Fonte: Anuário Exame Agronegócio 2008-2009
24

No entanto, ainda existem muitos obstáculos a serem superados

pelos produtores nacionais para o desenvolvimento pleno do agronegócio e sua

eficiência competitiva no mercado externo. Uma pesquisa realizada com 121

empresários do setor (Anuário Exame Agronegócio, 2008-2009), apontou os

maiores problemas ainda a serem enfrentados pelo agronegócio brasileiro. A

pesquisa foi feita com base em respostas múltiplas. A figura 4 mostra os resultados

da pesquisa.

Figura 4: Principais obstáculos a serem vencidos pelos empresários do setor para o


desenvolvimento do agronegócio nacional.
Fonte: Anuário Exame Agronegócio 2008-2009

Observa-se que dentre os problemas apontados, a questão da infra-

estrutura e logística está em primeiro lugar na opinião dos empresários.

A pesquisa também revela que para uma parte desses empresários,

a solução dos problemas não depende apenas do governo.


25

Figura 5: Demonstrativo do percentual de responsabilidade creditada aos setores envolvidos


quanto à solução dos gargalos apontados.
Fonte: Anuário Exame Agronegócio 2008-2009

Segundo o Anuário Exame Agronegócio (2008), 86% desses

empresários pretendem investir até o final do ano mais do que vêm investido, ou

pelo menos manter o nível dos investimentos realizados no ano passado.

Figura 6: Plano de investimentos em 2008.


Fonte: Anuário Exame Agronegócio 2008-2009

O percentual de crescimento esperado para o agronegócio até o fim

de, na visão dos empresários entrevistados está representado na figura 7.


26

Figura 7: Expectativa de crescimento das empresas de agronegócio em 2008.


Fonte: Anuário Exame Agronegócio 2008-2009

Os resultados obtidos nos últimos 30 anos revelam o real potencial

crescimento do agronegócio brasileiro. A produção de grãos passou de 40 milhões

de toneladas em 1974/75 para 113,5 milhões em 2004/05. O crescimento médio

esperado até 2009/10 é de 12 milhões de toneladas/ ano, o que significaria em

valores absolutos um total de 180 milhões. (DALMÁS, 2008, p. 24 apud MAPA,

2004)
27

3 A PECUÁRIA

Pecuária é nome dado ao conjunto de processos técnicos usados

na domesticação e produção de animais, com objetivos econômicos, feitas no

campo.

A atividade pecuária é na verdade o aperfeiçoamento dos

processos de caça já existentes a cerca de 100.000 anos atrás. Esses processos

consistiam no aprisionamento dos animais após sua captura, para estocá-los vivos

e posteriormente abatê-los. Com essa nova técnica, tornou-se também possível a

administração da reprodução do rebanho.

Nos início da atividade pecuária, o homem ainda nômade, conduzia

seus rebanhos domesticados em suas andanças tornando desnecessária a sua

saída à procura de caça. Ainda assim, existia a necessidade da busca por novas

pastagens para alimentar o rebanho.

Com o surgimento da agricultura por volta de 8000 A.C. na região

do crescente fértil, o homem fixou residência no lugar das suas lavouras, dando

início à atividade criadora dos seus próprios rebanhos.

3.1. A história da pecuária brasileira

A história da pecuária brasileira teve início na capitania de São

Vicente no início do XVI, com a chegada das primeiras cabeças de gado vindas de

Cabo Verde. Em 1550, um novo carregamento chega a Salvador, de onde se

disciparia para outras regiões do Nordeste, principalmente Pernambuco, Maranhão

e Piauí.
28

Nesse período, a “economia” da colônia era voltada exclusivamente

à produção de cana de açúcar, e, portanto, a criação de gado era tida apenas como

uma atividade complementar nos engenhos. Os animais eram usados apenas como

tração nos moinhos.

No entanto a pecuária é uma atividade que demanda muito espaço

para a pastagem dos animais, e com o aumento dos rebanhos houve a necessidade

da expansão para o interior do país. Nesse instante, a criação de gado começa a

tornar-se uma atividade independente da agricultura.

Em 1614 foi realizada a primeira feira de gado, na Bahia, a partir daí

as feiras se tornariam a principal ponte entre as duas atividades, a pecuária e

agricultura. É nesse momento tem início o agronegócio brasileiro. (Portal Infoescola)

Já na primeira metade do século XVIII, a expansão da atividade

pecuária, atinge aos estados do sul. Lá encontra imensas pastagens naturais e

assim, assume o papel da principal atividade econômica da região por muito tempo.

Atualmente as regiões Centro-Oeste, Sul e Sudeste são os

principais produtores de bovinos, sendo o Nordeste o principal produtor de caprinos

e muares. Os ovinos predominam no Sul e os suínos e aves no Sul e Sudeste.

3.2. A nova pecuária brasileira

Com as informações cada vez mais acessíveis, uma nova classe de

consumidores vem surgindo nos últimos anos, cujas exigências em relação a

produtos e serviços diferem daquele anterior a abertura dos mercados. No caso da

carne bovina, demanda passou a ser por produtos com qualidade superior e livres

de qualquer contaminação.
29

Para atender esse novo consumidor e garantir sua permanência no

mercado, uma parcela significativa dos produtores nacionais tem mudado de atitude

e incorporado novas tecnologias aos processos produtivos, causando um reflexo

direto e positivo sobre os resultados (IEL, CNA, SEBRAE, 2000). Outro fator

responsável pela mudança no comportamento dos empresários do setor foi a

estabilidade da moeda nacional. Anteriormente a isso, o gado era produzido

basicamente para fins especulativos. Comprava-se e vendia-se o gado apenas para

a obtenção dos lucros provenientes do aumento constante de preços. (IEL, CNA,

SEBRAE, 2000)

A mudança de atitude dos produtores resultou em um aumento na

produtividade do setor na ordem de 25% entre os anos de 1995 e 2005, enquanto

que no mesmo período a taxa de crescimento do rebanho foi de 9%. O ganho na

produtividade se deu principalmente pela redução na idade de abate dos machos

em nove meses (de 44 para 35 meses de idade), além do aumento em 4,2 pontos

percentuais na taxa de prenhes (de 66,6% para 70,8%). (ANUALPEC, 2006)

No entanto, esse aumento de produtividade da pecuária bovina

brasileira não reflete a situação geral dos pecuaristas nacionais, pois os sistemas

de produção dos bovinos são muito heterogêneos no que se refere à adoção de

novas tecnologias.

Prova disso é que, em 2006 foram abatidas 5,4 milhões de cabeças

criadas em regime de pecuária intensiva (suplementação alimentar balanceada,

confinamento e semi-confinamento), dentro de um total de 47,1 milhões de cabeças

abatidas no mesmo ano (ANUALPEC, 2007).


30

4 A LOGÍSTICA E AS CADEIAS PRODUTIVAS

Embora os processos sempre estivessem inseridos no contexto

empresarial, cada atividade dentro desses processos foi tratada por muito tempo,

de forma isolada.

Para Lambert (1998), as várias denominações dos processos

dentro da logística, tais como administração de materiais, distribuição física,

logística de distribuição, etc., se deve a esse tratamento desagregado que era dado

à logística em seu início.

Lambert (1998), afirma ainda que essa visão desagregada dos

processos baseava-se apenas na gestão das transferências físicas de materiais do

ponto de origem ao ponto de consumo.

Bowesox e Closs (2001) afirmam que até a década de 50 não havia

uma definição formal de logística.

Segundo Ballou (2001), a primeira vez que a logística foi

conceituada e referenciada bibliograficamente relatando as vantagens da

coordenação dos processos empresariais (logística integrada) data de 1961.

No entanto, dentro dos processos agropecuários, a primeira idéia

de integração dos processos é creditada a Ray e Goldberg (1957), que afirmaram

que cada uma das atividades relacionadas à produção agrícola, e também a própria

atividade produtiva não podem ser vistas de forma isolada. (Portal do Agronegócio)

A idéia definida pelos autores, apesar do ano em que foi concebida

é muito atual. Segundo Fleury et al. (2000, p. 27), a é logística um paradoxo, pois

apesar de ser um conceito antigo, em termos gerenciais é um conceito muito


31

moderno.

4.1. Sistemas de informações (SI)

O objetivo de um SI é armazenar, tratar e fornecer informações de

tal modo a apoiar as funções ou processos de uma organização. (DCC –

UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS, 20-?)

Um SI é composto de um subsistema social e de um subsistema

automatizado. No primeiro estão as pessoas, processos, informações e

documentos. O segundo compreende os meios automatizados (máquinas,

computadores, redes de comunicação) que interligam os elementos do subsistema

social. (DCC – UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS, 20-?)

Dessa forma, pode-se afirmar que um SI não é apenas um software,

visto que compreende além do hardware, as pessoas que o operam, e os dados

(input) que serão analisados e as informações geradas (output).

As pessoas que não usam computadores também fazem parte do

sistema, pois são geradoras de informações, e também podem ser guiadas pelos

processos de planejamento e análise de sistemas. Dessa forma, também

necessitem ser observadas.

Num ambiente real, os aspectos sociais interferem e muito no

funcionamento do sistema de informação. Os processos podem sofrer desvios em

razão de aspectos sociais não bem controlados.

O Analista de Sistemas é o responsável pela definição dos

parâmetros de manipulação do SI, pelas informações que o SI manipulará, pelos

processos e pessoas que farão parte do SI, pelas máquinas que serão usadas nos
32

processos e o inter-relacionamento entre os vários SI na organização.

4.2. Os Sistemas de Informações Logísticos - LIS

Segundo Fleury et al. (2000, p. 286), a logística possui em sua

estrutura vários elementos informacionais, configurando desta forma um intenso

fluxo de informações. A análise dos elementos dessa cadeia logística, do histórico

das transações, e de todas as informações pertinentes ao processo, permite a

determinação de importantes características de controle.

Uma cadeia logística estruturada é uma das premissas para a

diferenciação competitiva, nesse sentido, os sistemas de informações logísticas

fornecem subsídios para o controle tático e operacional da cadeia. Para Fleury et al.

(2000, p. 285), um sistema de informação logística aliado a um sistema de

informação gerencial é fundamental para a definição e operacionalização dos

modernos conceitos de Cadeias de suprimentos.

De acordo com Ballou (1993, p. 279), os sistemas de informações

logísticos são a parte dos sistemas de informação gerencial (SIG), que processam

apenas as “informações especificamente necessárias a administração logística”.

Os sistemas de informações logísticos podem ser separados em quatro níveis como

mostra a figura 8.
33

Figura 8: Hierarquia de utilização dos sistemas de informações logísticos


Fonte: Ballou (1993)

No nível da alta administração, os sistemas de informações

gerenciais são utilizados como base para a tomada de decisões, sejam elas

políticas, estratégicas ou de planejamento.

A média gerência utiliza os sistemas de informações logísticos para

lidar com os problemas táticos, tais como seleção de transportadoras, arranjo físico

de armazéns e planejamento de espaço e transporte com sazonalidade. A

necessidade do auxílio de um software se dá pelo fato de grande parte das

decisões táticas serem de alta complexidade.

Em nível de supervisão, ocorre a coleta de informações relativas

aos procedimentos logísticos da empresa, para serem repassadas aos níveis

hierárquicos mais altos.

O nível operacional, é aquele de onde são retiradas as informações

que sustentarão a tomada de decisões de todas as áreas da empresa. De acordo

com Nazário (1999) a informação flui com grande rapidez neste nível e deve haver

ênfase na eficiência do sistema de informação.


34

A tendência da Gestão da logística e de operações, de acordo com

Dornier (2000), é cada vez mais investir em processamento de dados, sistemas de

informação e recursos de telecomunicação para a melhor gerência dos fluxos

físicos.

As informações que são capturadas e processadas pelos sistemas

de informações logísticos podem ser usadas segundo Dornier (2000, p. 584) para:

• Prever, antecipar e planejar,

• Garantir que as operações possam ser rastreadas no tempo

e que produtos possam ser localizados,

• Controlar e relatar as operações completas.

4.3. Cadeia de suprimentos: definição

Para o Council of Supply Chain Management Professional (CSMP,

2007), gestão logística é a parte da cadeia de suprimentos que planeja, implanta e

controla a eficiência, efetividade do escoamento do estoque e fluxo reverso de

bens, serviços e informações relacionadas ao ponto de origem e ao ponto de

consumo, com o objetivo de atender as restrições de serviço.

Segundo Mendes (2005, p. 7 apud FARINA e ZYLBERTSZTAJN,

1996, P. 4, grifo do autor), “o sistema agroindustrial é entendido como um nexo de

contrato e apóia-se em uma cadeia produtiva, abrangendo segmentos antes, dentro

e depois da porteira”.

Silva (2005), afirma que cadeia produtiva, de forma simplificada

pode ser definida como “um conjunto de elementos que interagem em um processo
35

produtivo para a a oferta de produtos ou serviços ao mercado consumidor.”

Assim, os sistemas agroindustriais podem ser associados à idéia de

cadeias de suprimentos, pois se consideradas as etapas inseridas nos últimos anos,

na questão da administração da produção agrária, podem-se observar

procedimentos interligados que agregam valor às matérias primas, gerando um

diferencial competitivo para as organizações.

4.4. A cadeia produtiva da carne bovina

A cadeia de carne bovina ocupa posição de destaque no contexto da


economia rural brasileira, ocupando vasta área do território nacional
e respondendo pela geração de emprego e renda de milhões de
brasileiros. O conjunto de agentes que a compõe apresenta grande
heterogeneidade: de pecuaristas altamente capitalizados a pequenos
produtores empobrecidos, de frigoríficos com alto padrão
tecnológico, capazes de atender a uma exigente demanda externa, a
abatedouros que dificilmente preenchem requisitos mínimos da
legislação sanitária. (MAPA/SPA, 2007, p. 19)

Produtores de
insumos

Produtor Rural

Indústrias de 1ª e 2ª transformação

Atacadistas e Varejistas Empresas do


Distribuidores ramo

CLIENTE
Mercado Externo Mercado Externo

Figura 9: Esquema ilustrativo da cadeia produtiva da carne bovina


Fonte: Elaborada pelo autor.

Na Figura 8 estão representados de forma simplificada, todos os


36

subsistemas da cadeia produtiva carne bovina. Podem ser observados

fornecedores de insumos (sub-sistema de apoio), matérias primas (produção

agropecuária), industria beneficiadora (sub-sistemas de industrialização), processos

de distribuição (subsistema de comercialização) e consumo (subsistema de

consumo). Nessa cadeia está implícito também o fluxo físico de materiais, bem

como o fluxo das informações inerentes aos processos.


37

5 RASTREABILIDADE

Rastreabilidade ou Traceability é a capacidade de rastrear, ou seja,

seguir um rastro de algum objeto, indivíduo, veículos ou mercadorias.

Para proceder ao rastreamento das carnes, é necessário um

sistema de identificação dos animais, carcaças, corte e subprodutos, em suas

embalagens e configurações de armazenagem e transporte, em todos os estágios

da cadeia de suprimentos. Os número de identificação devem ser registrados e

aplicados de maneira padronizada, de forma que seja possível uma interligação

entre eles. (MSCTF, 2000)

É necessário fazer a distinção entre os termos Tracking

(acompanhamento) e Tracing (rastreamento).

O primeiro conceito refere-se a capacidade de seguir o trajeto de

uma unidade específica de produto ao longo da cadeia enquanto ele é transferido

entre organizações. O acompanhamento do produto geralmente é feito para

controle dos estoques, controle de logística, controle de validade do produto.

O segundo consiste em identificar a origem de um produto com

base nos registros efetuados acima do ponto de origem. A finalidade da

rastreabilidade dos produtos é a investigação de reclamações, o recall de produtos.

No caso da carne bovina, a finalidade da rastreabilidade é determinar a origem do

animal, ou lote de animais. Dessa forma é possível identificar toda e qualquer

ocorrência anormal nos processos produtivos.


38

5.1. O processo de rastreabilidade

Um processo efetivo de rastreabilidade bovina envolve tanto o

acompanhamento do produto quanto seu rastreamento, baseados em um sistema

de rotulagem com numeração registrada, que permite identificar a origem do

produto no ponto de venda e todo o seu histórico pregresso até a origem. Para que

isso seja possível, é necessário que a carcaça, os cortes e os subprodutos estejam

rotulados em todos os estágios da cadeia produtiva. Dessa forma, a rastreabilidade

tem como premissa a participação de todos os integrantes da cadeia produtiva, de

modo que seja possível interligar o fluxo físico de produtos às relações a ele

pertinentes.

A numeração de identificação deve ser precisamente aplicada e

gerenciada, de modo que as empresas componentes da cadeia sejam capazes de

identificar os produtos que estão entregando aos clientes e o que estão recebendo

de fornecedores. Nem todas as ocorrências devem ser transmitidas pelos

integrantes ao longo da cadeia, devendo apenas ficar registrados no banco de

dados da entidade reguladora. Os dados que devem ou não ser transmitidos fica a

cargo da legislação.

A transmissão dos dados ao longo da cadeia pode ser feita através

do sistema EANCOM®EDI. A maneira como os dados são transmitidos, permite a

rápida identificação dos produtos por meio de informações padronizadas através de

terminais eletrônicos (computadores).


39

5.2. A rastreabilidade na União Européia

A rastreabilidade na União Européia é regulamentada pela

resolução CE nº 1760/2000 (ANEXO I), substitua à resolução CE nº 820/97. A

resolução CE nº 1760/2000 instituiu um sistema de identificação e registro de

bovinos e de rotulagem da carne e subprodutos cárneos, de modo a possibilitar a

rastreabilidade ao longo de toda a cadeia produtiva. As normas de execução da

resolução CE nº 1760/2000 constam da resolução CE nº 1825/2000.

A resolução CE nº 1825/2000 institui a rotulagem de produtos

provenientes de abate, utilizando-se uma numeração que possibilite a relação do

produto no ponto de venda com o animal que o originou. A numeração-chave

utilizada para identificação deve ser a mesma ao longo de toda a cadeia, e pode ser

o número do brinco ou o número do lote de carcaças e cortes cárneos.

A numeração chave baseada na simbologia de códigos de barra

padrão UCC/EAN – 128 é composta pelos seguintes elementos:

• AI – indicador de aplicação (21 para o número do brinco);

• AI (10) – para o número do lote;

• AI (01) – para o número do artigo/ produto, diferente para

cada nível de mercado. Ex. O matadouro identifica os cortes

primários, a indústria beneficiadora identifica os cortes

comerciais;

• AI (310x) – para o peso do produto em kg.

Na padronização utilizada pela UCC/ EAN – 128, ainda é possível

identificar dados como data de fabricação, embalagem, validade dos produtos,


40

identificação de unidade logística (caixa, blister, pack), país de origem.

Para o cumprimento da resolução CE nº 1825/2000, ainda é preciso

identificar a empresa da qual a carne foi adquirida (AI 412) e o país de origem (AI

422).

Figura 10: Modelo de etiqueta utilizada nas identificação de bovinos (Carcaça)


Fonte: GIM-Magazine (2007)

5.3. Identificação Animal

A identificação pode ser feita através de brincos numerados que

permitam a leitura visual ou por leitura ótica, ou ainda por dispositivos RFID (Radio

Frequency Identification). A leitura através de códigos de barra e RFID possuem a

vantagem da leitura automática da identidade do animal no momento da entrada no

matadouro.

A identificação dos bovinos na União Européia compreende os

seguintes elementos:
41

• Brinco de identificação individual do animal nas duas orelhas;

• Banco de dados informatizado;

• Passaporte animal contendo o histórico de cada animal;

• Registros individuais mantidos em cada propriedade.

5.3.1. Métodos de identificação

Atualmente, os métodos de identificação mais utilizados pelos

produtores nacionais têm sido as tatuagens na face interna do pavilhão auricular, as

marcas a ferro quente e a utilização de brincos numerados/ com transponders.

No entanto, a diversidade de raças e modalidades de manejos

desses métodos, além da constante ocorrência de erros na leitura dos números,

tem motivado a procura por métodos mais eficientes.

5.3.1.1. Marcação a ferro incandescente

No caso da marcação a ferro incandescente, a leitura da

numeração marcada é, muitas vezes, dificultada devido ao tipo da pelagem do

animal (longo, escuro), tornando-a excessivamente trabalhosa e ineficiente. O

mesmo ocorre com a tatuagem no pavilhão auricular.

Figura 11: Marcação a ferro incandescente diretamente no couro do animal


Fonte:
42

5.3.1.2. Brincos eletrônicos

Os brincos eletrônicos são compostos de um chip,

aproximadamente do tamanho de uma cabeça de alfinete e é ligado a uma antena

com um fio de cobre. Toda informação que o chip carrega (número) é captada por

outra antena, que pode estar instalada no mangueiro onde passa o gado e vai

alimentar um programa de computador (software). O sinal também pode ser

captado através de RFID por leitoras manuais similares àquelas encontradas nos

supermercados, que armazenam as informações coletadas e as descarregam no

computador do escritório da fazenda. O software faz o gerenciamento do rebanho.

Esse sistema permite a identificação imediata de cada animal

individualmente. Para a verificação em campo, o pesquisador deve possuir ma

leitora portátil, para armazenar as informações, e uma antena (ou um bastão) de

captação de ondas eletromagnéticas, que poder ser fixada no mangueiro ou cercas.

Por se tratar de um aparelho eletrônico, “instalado” no bovino, este

garante a permanência do número sem nenhuma alteração. Os brincos eletrônicos

não perdem a validade, e seu número poderá ser lido sempre que consultado.

Figura 12: Modelo de brincos utilizados na identificação de bovinos


Fonte: Revista Rural nº 99 (2006)
43

Figura 13: Leitor de informações contidas nos brincos eletrônicos utilizados na identificação
de bovinos
Fonte: Revista Rural nº 99 (2006)

5.3.1.3. Implantes subcutâneos ou intra-rumenais

Os transponders utilizados na identificação dos animais devem ser

do tipo apenas para leitura (read only) e programados na fábrica (one time

programable – OTP) que não permitam a alteração dos números.

Os transponders devem ser de fáceis de serem implantados no

corpo do animal, bem como de serem resgatados no momento do abate. Devem

ser suficientemente potentes para serem "lidos" a uma distância mínima de um

metro e a uma velocidade compatível com o animal em marcha acelerada;

Tanto os transponders como as leitoras estáticas ou portáteis

devem ser padronizados de acordo com as Normas Internacionais ISO 11784 e ISO

11785. Essa padronização garante que a “leitura” da numeração de identificação


44

ocorrerá independente da marca dos transponders ou da leitora.

Figura 14: Esquema de um transponder subcutâneo.


Fonte: D4 Identificação animal – Destron + Fearing (2002).

5.3.2. Rotulagem

A rotulagem obrigatória na união européia visa interligar os estágios

pelos quais a carne passou dentro da cadeia produtiva. Dessa forma devem constar

no rótulo de identificação do animal, dados como:

• Nº do brinco (AI – 251);

• Nº do lote (AI – 10);

• País de nascimento (AI – 422);

• País onde se deu a terminação (AI – 423);

• País onde se deu o abate (AI – 424);

• País onde se deu a desossa (AI – 425).

5.4. A rastreabilidade no Brasil

Com um sistema efetivo de controle sanitário individual é possível

fazer um levantamento de quais vacinas e medicamentos o animal recebeu durante


45

a vida, as datas que foram aplicadas, além do custo relativo a esse manejo na vida

do animal.

A rastreabilidade da carne bovina permite ao empresário brasileiro

estar apto a participar do mercado externo, com a vantagem de produzir com custos

menores que seus concorrentes (Junqueira Filho, 2001).

Uma identificação rápida e segura dos animais possibilita ainda o

gerenciamento patrimonial mais eficaz do rebanho na empresa rural, visto que

problemas de roubos são freqüentes em áreas de criação extensiva (Pires, 2000).

A crise provocada pela encefalopatia espongiforme bovina (“doença

da vaca louca”), afetaram gravemente o comércio e reafirmaram a necessidade de

melhorar os métodos para o rastreamento de animais vivos e seus derivados,

especialmente quando são objetos de intercâmbios comerciais de âmbito

internacional.

Para atendimento da legislação internacional que exige a

certificação animal, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA)

publicou a Instrução Normativa no 1, de 9 de janeiro de 2002 (BRASIL, 2002), a

qual institui o Sistema de Identificação e Certificação de Origem Bovina e Bubalina

(SISBOV). Segundo a mesma, o SISBOV é gerenciado pela Secretaria de Defesa

Agropecuária (SDA), que expedirá instruções complementares necessárias para a

implementação do sistema.
46

6 O SISBOV

O SISBOV – Sistema Brasileiro de Identificação e Certificação de

Origem Bovina e Bubalina, tem como objetivo identificar, registrar e monitorar,

individualmente, os bovinos e bubalinos nascidos no Brasil ou importados.

O SISBOV constitui-se de uma série de ações, medidas e

procedimentos para caracterizar a origem, o estado sanitário, a produção e a

segurança dos produtos de origem bovina ou bubalina, objetivando regulamentar o

rastreamento no Brasil. Essa iniciativa é resultado de uma demanda que se iniciou

na União Européia após a crise da “doença da vaca louca” em 1996, e vem se

expandindo entre os principais países e regiões de produção e importação. Nesse

contexto, têm sido estabelecidos códigos de comercialização internacional da carne

bovina, observando-se os requerimentos sanitários como garantia à sua segurança

para o consumo.

As orientações normativas do Sisbov caracterizam as regras para

credenciamento de entidades certificadoras do sistema de rastreabilidade. Para seu

atendimento, a certificadora deve estruturar um sistema ou banco de dados, para

gerenciar um conjunto de informações, por rebanho, com identificação individual de

cada animal e seu rebanho de origem, o mês de nascimento ou data de seu

ingresso na propriedade, sexo, aptidão, sistema de criação e de alimentação, e

informações referentes ao controle sanitário a que o animal foi submetido.

6.1. O novo SISBOV

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA –

visando estabelecer normas para a produção de carne bovina com garantia de


47

origem e qualidade, publicou a Instrução Normativa n° 17, em 14/07/2006, com

nova estrutura operacional para o Serviço de Rastreabilidade da Cadeia Produtiva

de Bovinos e Bubalinos – SISBOV . (SDC/ABIEC/CNA/ACERTA, 2006)

A adesão ao novo sistema é voluntária, salvo nos casos em que a

obrigatoriedade de adesão para a comercialização para mercados que exijam a

rastreabilidade.

Com a nova normativa, surge o conceito de Estabelecimento Rural

Aprovado no SISBOV, que terá como principais requisitos:

• Cadastro de Produtor

• Cadastro da Propriedade

• Protocolo Básico de Produção

• Termo de Adesão ao SISBOV

• Registro dos Insumos Utilizados na Propriedade

• Identificação individual de 100% dos bovinos e bubalinos da

propriedade

• Controle de Movimentação de Animais

• Supervisão de uma única certificadora credenciada pelo MAPA, e

• Vistorias Periódicas pela Certificadora

De acordo com as novas regras, todos os bovinos e bubalinos dos

Estabelecimentos Rurais Aprovados no SISBOV serão, obrigatoriamente,

identificados individualmente, cadastrados na Base Nacional de Dados, com o

registro de todos os insumos utilizados na propriedade durante o processo

produtivo.
48

Trata-se de um grande avanço, uma vez que, a partir de 2009, só

será permitido o ingresso de bovinos e bubalinos nos Estabelecimentos Rurais

Aprovados no SISBOV se oriundos de outros Estabelecimentos na mesma

condição. O Sistema permitirá a atualização das informações entre o Órgão

Executor da Sanidade Animal nos Estados e a Certificadora do Estabelecimento

Rural Aprovado no SISBOV, credenciada pelo MAPA.


49

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O agronegócio vem assumindo um importante papel ao logo dos

anos, com a profissionalização das cadeias produtivas.

A gestão eficiente de processos e informações, bem como do fluxo

físico de materiais dentro do agronegócio, torna-se cada dia mais indispensável

para a sobrevivência do setor no mercado internacional, visto que uma

administração eficiente das cadeias produtivas permite reduzir custos, aumentar a

produtividade e dessa forma, garantir a competitividade das organizações.

A abertura dos mercados foi de extrema importância para o

amadurecimento do agronegócio brasileiro, permitindo o desenvolvimento da

maturidade do empresariado do setor e da mesma forma, o desenvolvimento de

tecnologias.

A criação de gado bovino tem se desenvolvido a passos largos, e

com ela, uma cadeia de empresas fornecedoras de bens e serviços voltados para a

o agronegócio, entre elas, encontram-se as certificadoras da carne bovina.

A rastreabilidade da carne bovina é um conceito relativamente novo

quando comparado a outros países, e no Brasil ainda tem muito a se desenvolver,

tendo em vista as divergências culturais, econômicas e sociais do empresariado

brasileiro. A heterogeneidade nos modos de produção contribui para o fato.

Mesmo depois da implantação do SISBOV, ainda não existe uma

infra-estrutura de recursos humanos capaz de fiscalizar e instruir o pecuarista nos

procedimentos e normas a serem seguidos. Isso faz com que uma grande parte dos

pecuaristas continuem atuando na contramão das exigências do mercado.


50

A rastreabilidade é um processo complexo, que depende

fundamentalmente do sucesso na obtenção de mudanças no comportamento dos

operadores e também dos consumidores. Acima de tudo a rastreabilidade é um

processo de conscientização do agricultor e de todos os demais envolvidos nas

cadeias produtivas de alimentos, que a rastreabilidade além de ser uma forma de

controle, também é uma forma de controlar os processos em tempo real e assim

garantir a sustentabilidade e a competitividade de toda a cadeia.


51

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56

ANEXOS

ANEXO I - REGULAMENTO (CE) Nº 1760/2000


Do Parlamento Europeu e do Conselho, de 17 de Julho de 2000.
Estabelece um regime de identificação e registro de bovinos e relativo à rotulagem da
carne de bovino e dos produtos à base de carne de bovino.

Alterado por:

Regulamento (CE) nº 1791/2006 do Conselho de 20 de Novembro de 2006

Altera:

Revoga o Regulamento (CE) nº 820/97 do Conselho

17 de Julho
Versão Set/2007 2

TÍTULO I - Identificação e registro de bovinos

Artigo 1º

1.Todos os Estados-Membros devem estabelecer um regime de identificação e registo de


bovinos, em conformidade com o disposto no presente título.
2.O presente título aplica-se sem prejuízo das regras comunitárias de erradicação ou
controlo de doenças e do disposto na Diretiva 91/496/CEE e no Regulamento (CEE) nº 3508/92.
No entanto, as disposições constantes da Diretiva 92/102/CEE, que se referem especificamente
aos bovinos, deixam de ser aplicáveis a partir da data em que os animais devam ser identificados
em conformidade com o presente título.
Artigo 2º
Para efeitos do disposto no presente título, entende-se por:
— “animal” um bovino na acepção do nº 2, alíneas b) e c), artigo 2º da Diretiva
64/432/CEE;
— “exploração, qualquer estabelecimento, construção, ou, no caso de uma exploração
agrícola ao ar livre, qualquer local situado no território de um Estado-Membro, em que os animais
abrangidos pelo presente regulamento sejam alojados, criados ou mantidos,
— “detentor”, qualquer pessoa singular ou coletiva responsável pelos animais, a título
permanente ou provisório, nomeadamente durante o transporte ou num mercado,
— “autoridade competente”, a autoridade central ou as autoridades de um Estado-
Membro responsáveis pela, ou incumbidas da, execução de controles veterinários e aplicação do
presente título, ou, no que respeita ao controle dos prêmios, as autoridades incumbidas da
aplicação do Regulamento (CEE) nº 3508/92.
Artigo 3º
O regime de identificação e registro de bovinos deve incluir os seguintes elementos:
57

a)Marcas auriculares para identificar individualmente os animais;


b)Bases de dados informatizadas;
c)Passaportes de animais;
d)Registros individuais mantidos em cada exploração.
A Comissão e a autoridade competente do Estado-Membro interessado devem ter acesso
a toda a informação abrangida pelo presente título. Os Estados-Membros e a Comissão devem
tomar as medidas necessárias para assegurar o acesso a estes dados por todas as partes
interessadas, incluindo as organizações de consumidores que tenham um interesse particular e
sejam reconhecidas pelo Estado-Membro, desde que sejam asseguradas a confidencialidade e a
proteção dos dados, previstas na legislação nacional.
Artigo 4º
1. Todos os animais de uma exploração nascidos ou destinados a trocas comerciais intra-
comunitárias após 31 de Dezembro de 1997, devem ser identificados através de uma marca
auricular, aprovada pela autoridade competente, aplicada a cada orelha.
Em derrogação a este requisito, os animais nascidos antes de 1 de Janeiro de 1998,
destinados a trocas comerciais intra-comunitárias após essa data, podem ser identificados até 1
de Setembro de 1998 em conformidade com o disposto na Diretiva 92/102/CEE. Em derrogação
ao primeiro parágrafo, os animais nascidos antes de 1 de Janeiro de 1998, destinados, após essa
data, a trocas comerciais intra-comunitárias com vista ao abate imediato, podem ser identificados
até 1 de Setembro de 1999 em conformidade com o disposto na Diretiva 92/102/CEE.
Os bovinos destinados a acontecimentos culturais e desportivos (exceto feiras e
exposições) podem ser identificados não através de uma marca auricular, mas sim por um regime
de identificação que ofereça garantias equivalentes e tenha sido reconhecido pela Comissão.
2. A marca auricular deve ser aplicada num prazo a determinar pelo Estado-Membro,
contado a partir da data do nascimento do animal e em qualquer caso, antes de o animal
abandonar a exploração em que nasceu. Esse prazo não deve ser superior a 30 dias, até 31 de
Dezembro de 1999, nem superior a 20 dias, após essa data.
Contudo, a pedido de um Estado-Membro e nos termos do nº 2 do artigo 23º, a Comissão
pode determinar as circunstâncias em que os Estados-Membros podem prorrogar o prazo
máximo.
Nenhum animal nascido após 31 de Dezembro de 1997 pode ser transferido de exploração
a menos que tenha sido identificado em conformidade com o disposto no presente artigo.
3. Todos os animais importados de países terceiros que tenham passado os controles
estabelecidos na Diretiva 91/496/CEE, e permaneçam no território comunitário devem ser
identificados na exploração de destino através de uma marca auricular que observe os requisitos
do presente artigo, dentro de um prazo a determinar pelo Estado-Membro, nunca superior a 20
dias após os referidos controles, e, em todo o caso, antes de abandonarem a exploração.
Contudo, não é necessário identificar o animal se a exploração de destino for um
matadouro situado no Estado-Membro em que tais controles são efetuados, e se o animal for
abatido no prazo de 20 dias após os mesmos controles.
58

A identificação original estabelecida pelo país terceiro deve ser registrada na base de
dados informatizada prevista no artigo 5º ou, caso se não encontre ainda plenamente operacional,
nos registros previstos no artigo 3º, juntamente com o código de identificação atribuído pelo
Estado-Membro de destino.
4. Todos os animais provenientes de outros Estados-Membros devem conservar as
respectivas marcas auriculares originais.
5. Nenhuma marca auricular pode ser removida ou substituída sem a autorização da
autoridade competente.
6. As marcas auriculares devem ser atribuídas à exploração, distribuídas e aplicadas aos
animais de acordo com a forma estipulada pela autoridade competente.
7. Até 31 de Dezembro de 2001, o Parlamento Europeu e o Conselho, agindo com base
num relatório da Comissão acompanhado de eventuais propostas e nos termos do artigo 95º do
Tratado, tomarão uma decisão sobre a viabilidade da introdução de medidas de identificação
eletrônica, tendo em conta os progressos alcançados neste domínio.
Artigo 5º
A autoridade competente dos Estados-Membros deve criar bases de dados informatizadas,
em conformidade com o disposto nos artigos 14º e 18º da Diretiva 64/432/CEE.
As bases de dados informatizadas devem encontrar-se plenamente operacionais até 31 de
Dezembro de 1999, data após a qual devem armazenar todos os dados requeridos ao abrigo da
diretiva supracitada.
Artigo 6º
1. A partir de 1 de Janeiro de 1998, a autoridade competente deve emitir um passaporte
para cada animal que tenha de ser identificado em conformidade com o disposto no artigo 4º, no
prazo de 14 dias a contar da notificação do seu nascimento, ou, no que respeita aos animais
importados de países terceiros, no prazo de 14 dias após a notificação da sua re-identificação pelo
Estado-Membro em causa, em conformidade com o nº 3 do artigo 4º. A autoridade competente,
desde que observe as mesmas condições, pode emitir passaportes para animais provenientes de
outros Estados-Membros. Nesse caso, o passaporte que acompanha o animal à sua chegada
deve ser entregue à autoridade competente, que o devolverá ao Estado-Membro de emissão.
A autoridade competente na República Checa, na Estônia, em Chipre, na Letônia, na
Lituânia, na Hungria, em Malta, na Polônia, na Eslovênia ou na Eslováquia deve, a partir da data
da adesão, emitir um passaporte para cada animal que tenha de ser identificado em conformidade
com o disposto no artigo 4º, no prazo de 14 dias a contar da notificação do seu nascimento, ou, no
que respeita aos animais importados de países terceiros, no prazo de 14 dias a contar da
notificação da sua re-identificação pelo Estado-Membro em causa, nos termos do nº 3 do artigo 4º.
A autoridade competente na Bulgária e na Romênia deve, a partir da data da adesão,
emitir um passaporte para cada animal que tenha de ser identificado nos termos do disposto no
artigo 4º, no prazo de 14 dias a contar da notificação do seu nascimento, ou, no que respeita aos
animais importados de países terceiros, no prazo de 14 dias a contar da notificação da sua re-
identificação pelo Estado-Membro em causa, nos termos do nº 3 do artigo 4º.
59

Contudo, a pedido de um Estado-Membro e nos termos do nº 2 do artigo 23º, a Comissão


pode determinar as circunstâncias em que o prazo máximo pode ser prorrogado.
2. O animal deve ser acompanhado do respectivo passaporte em todas as suas
deslocações.
3. Em derrogação ao disposto no nº 1, primeiro período, e no nº 2, os Estados-Membros:
— que disponham de uma base de dados informatizada que a Comissão considere
plenamente operacional em conformidade com o disposto no artigo 5º, podem estabelecer que o
passaporte apenas deva ser emitido em relação aos animais destinados a trocas comerciais intra-
comunitárias e que os animais apenas devam ser acompanhados dos respectivos passaportes
quando sejam transferidos do território desse Estado-Membro para o território de outro Estado-
Membro, caso em que o passaporte deve conter informação proveniente da base de dados
informatizada.
Nesses Estados-Membros, o passaporte que acompanha um animal importado de outro
Estado-Membro deve ser entregue à autoridade competente no ato da sua chegada, podem, até 1
de Janeiro de 2000, autorizar a emissão de passaportes coletivos para efetivos que circulem no
interior do Estado-Membro em causa, desde que tais efetivos tenham a mesma origem e o mesmo
destino e sejam acompanhados de um certificado veterinário.
4. Em caso de morte de um animal, o detentor deve devolver o passaporte do animal à
autoridade competente no prazo de sete dias após a sua morte. Se o animal for enviado para o
matadouro, o operador do matadouro será responsável pela devolução do passaporte à
autoridade competente.
5. No que respeita aos animais exportados para países terceiros, o último detentor deve
entregar o passaporte à autoridade competente do local de onde o animal for exportado.
Artigo 7º
1. Todos os detentores de animais, com exceção dos transportadores, devem:
— manter um registro atualizado,
— logo que a base de dados informatizada se encontre plenamente operacional, notificar à
autoridade competente, num prazo fixado pelo Estado-Membro e compreendido entre três e sete
dias, todas as deslocações de e para a exploração e todos os nascimentos e mortes de animais
na exploração, bem como as respectivas datas.
Contudo, a pedido de um Estado-Membro e nos termos do nº 2 do artigo 23º, a Comissão
pode determinar as circunstâncias em que os Estados-Membros podem prorrogar o prazo máximo
e prever regras específicas aplicáveis às deslocações dos bovinos para pastagens de Verão em
diversos locais de montanha.
2. Se for caso disso e em conformidade com o disposto no artigo 6º, imediatamente após a
chegada e antes da partida de cada animal da exploração, todos os detentores de animais devem
preencher o passaporte e assegurar que este acompanhe o animal.
3. Todos os detentores devem prestar à autoridade competente, mediante pedido, todas as
informações referentes à origem, à identificação, e, se necessário, ao destino dos animais que
possuíram, mantiveram, transportaram, comercializaram ou abateram.
60

4. O registro deve observar o formato aprovado pela autoridade competente, ser manual
ou informatizado, encontrar-se sempre, mediante pedido, à disposição da autoridade competente
durante um período mínimo a determinar pela autoridade competente, nunca inferior a três anos.
Artigo 8º
Os Estados-Membros devem designar a autoridade responsável pela aplicação do
presente título.
Os Estados-Membros devem informar-se mutuamente e informar a Comissão da
identidade dessa autoridade.
Artigo 9º
Os Estados-Membros podem cobrar aos detentores as despesas dos regimes referidos no
artigo 3º e os controles referidos no presente título.
Artigo 10º
As medidas necessárias à execução do presente título são aprovadas pelo procedimento
de gestão a que se refere o nº 2 do artigo 23º. Essas medidas devem abranger, em especial:
a) As disposições referentes às marcas auriculares;
b) As disposições referentes ao passaporte;
c) As disposições referentes ao registro;
d) O nível mínimo de controles a efetuar;
e) A aplicação de sanções administrativas;
f) As disposições transitórias necessárias para facilitar a aplicação do presente título.

TÍTULO II - Rotulagem da carne de bovino e dos produtos à base de carne de bovino

Artigo 11º
Os operadores ou organizações, tal como definidos no artigo 12º, que:
— Sejam obrigados, nos termos do disposto na secção I do presente título, a rotular a
carne de bovino a todos os níveis de comercialização,
— Pretendam, nos termos do disposto na secção II do presente título, rotular carne de
bovino no ponto de venda por forma a fornecer informações que não estejam previstas no artigo
13º relativas a certas características ou condições de produção da carne rotulada ou do animal de
que provém, devem fazê-lo em conformidade com o disposto no presente título.
O presente título é aplicável sem prejuízo da legislação comunitária pertinente,
designadamente em matéria de carne de bovino.
Artigo 12º
Para efeitos do disposto no presente título, entende-se por:
— “carne de bovino”, os produtos com os códigos NC 0201, 0202, 0206 10 95 e 0206 29
91,
— “rotulagem”, a colocação de um rótulo em uma ou mais peças individuais de carne ou
na respectiva embalagem ou, no caso dos produtos não pré-embalados, a informação adequada,
por escrito e bem visível, prestada ao consumidor no ponto de venda,
61

— “organização”, um grupo de operadores do mesmo ramo ou de diferentes ramos do


comércio de carne de bovino.
SECÇÃO I - Regime comunitário de rotulagem obrigatória da carne de bovino
Artigo 13º. Normas gerais
1. Os operadores e organizações que comercializem carne de bovino na Comunidade
devem rotulá-la em conformidade com o disposto no presente artigo.
O regime de rotulagem obrigatória deve assegurar uma relação entre, por um lado, a
identificação da carcaça, do quarto ou das peças de carne de bovino e, por outro lado, o animal
específico, ou, se tal bastar para verificar a exactidão da informação constante do rótulo, o grupo
de animais em causa.
2. O rótulo deve conter as seguintes indicações:
a) Um número ou código de referência que assegure a relação entre a carne de bovino e o
animal ou os animais. Este número pode ser o número de identificação do animal específico de
que a carne provém ou o número de identificação relativo a um grupo de animais;
b) O número de aprovação do matadouro em que o animal ou grupo de animais foi abatido
e o Estado-Membro ou país terceiro em que se encontra estabelecido o matadouro. A indicação
deve ser feita nos seguintes termos: «Abatido em: (nome do Estado-Membro ou do país terceiro)
(número da aprovação);
c) O número de aprovação do estabelecimento de desmancha em que a carcaça ou grupo
de carcaças foi desmanchado e o Estado-Membro ou país terceiro em que se encontra
estabelecido. A indicação deve ser feita nos seguintes termos: «Desmancha em: (nome do
Estado--Membro ou do país terceiro) (número da aprovação).
3. No entanto, até 31 de Dezembro de 2001, os Estados-Membros que disponham de
dados suficientes no regime de identificação e registo de bovinos, previsto no título I, podem
decidir que, no que respeita à carne de bovino de animais nascidos, criados e abatidos nos seus
territórios, os rótulos devam incluir igualmente elementos de informação suplementares.
4. O regime obrigatório previsto no nº 3 não deve conduzir à perturbação do comércio
entre os Estados-Membros. As medidas de implementação aplicáveis nos Estados-Membros que
pretendem aplicar o disposto no nº 3 requerem a aprovação prévia da Comissão.
5.
a) A partir de 1 de Janeiro de 2002, os operadores e organizações devem incluir
igualmente nos rótulos as seguintes indicações:
i) o Estado-Membro ou o país terceiro de nascimento,
ii) os Estados-Membros ou os países terceiros em que se processou a engorda,
iii) o Estado-Membro ou o país terceiro em que ocorreu o abate.
b) Contudo, se a carne de bovino provier de animais nascidos, criados e abatidos:
i) no mesmo Estado-Membro, a indicação pode ser «origem:(nome do Estado-Membro),
ii) num mesmo país terceiro, a indicação pode ser «origem:(nome do país terceiro).
Artigo 14º. Derrogações do regime de rotulagem obrigatória Em derrogação do nº 2,
alíneas b) e c) e do nº 5, alínea a), sub-alíneas i) e ii), do artigo 13º, os operadores ou
62

organizações que produzam carne de bovino picada devem indicar no rótulo produzida em: Nome
do Estado-Membro ou do país terceiro, consoante ao local de produção da carne, e origem
quando o Estado ou os Estados em questão não sejam o Estado de preparação da carne.
A obrigação prevista no nº 5, alínea a), sub-alínea iii), do artigo 13º é aplicável a esta carne
a partir da data de aplicação do presente regulamento.
Todavia, esses operadores ou organizações podem completar o rótulo da carne de bovino
picada com:
— uma ou várias das indicações previstas no artigo 13º, e/ou
— a data de produção da carne em questão.
Se necessário, com base na experiência adquirida e em função de eventuais
necessidades, poderão ser adotadas disposições semelhantes para a carne cortada e para as
aparas, nos termos do nº 2 do artigo 23º Artigo 15º. Rotulagem obrigatória da carne de bovino
proveniente de países terceiros em derrogação do artigo 13º, a carne de bovino importada para a
Comunidade relativamente à qual não se encontra disponível toda a informação prevista no artigo
13º, nos termos do artigo 17º, deve ser rotulada com a indicação: «origem: não-CE» e «local de
abate:
(nome do país terceiro)».
SECÇÃO II - Regime de rotulagem facultativa
Artigo 16º. Normas gerais
1. No que respeita aos rótulos que contêm indicações diferentes das previstas na secção I
do presente título, cada operador ou organização deve apresentar, à autoridade competente do
Estado-Membro em que ocorre a produção ou venda da carne de bovino em questão, um caderno
de especificações para aprovação. A autoridade competente pode igualmente estabelecer
cadernos de especificações a utilizar no Estado-Membro em causa, desde que a sua utilização
não seja obrigatória. Os cadernos de especificações de rotulagem facultativa devem indicar:
— as informações a incluir no rótulo,
— as medidas a tomar para assegurar a exatidão das referidas informações,
— o sistema de controlo que será aplicado em todas as fases da produção e da venda,
incluindo os controles a efetuar por organismos independentes reconhecidos pela autoridade
competente e designados pelos operadores ou organizações. Estes organismos devem satisfazer
os critérios estabelecidos na norma européia EN 45011,
— no que respeita às organizações, as medidas a tomar em relação a qualquer membro
que não tenha cumprido os cadernos de especificações.
Os Estados-Membros podem decidir que os controles de um organismo independente
podem ser substituídos por controles de uma autoridade competente. A autoridade competente
deve, nesse caso, dispor do pessoal qualificado e dos recursos necessários para executar os
controles necessários.
As despesas dos controles previstos na presente secção são custeadas pelos operadores
ou organizações que utilizam o regime de rotulagem.
2. A aprovação de um caderno de especificações pressupõe a caução da autoridade
63

competente, obtida com base na análise pormenorizada dos elementos referidos no nº 1, do


funcionamento correto e fiável do sistema de rotulagem e, em especial, do seu sistema de
controlo. A autoridade competente deverá rejeitar quaisquer cadernos de especificações que não
assegurem a relação entre, por um lado, a identificação da carcaça, do quarto ou das peças de
carne de bovino e, por outro lado, o animal específico, ou, se tal bastar para verificar a exatidão da
informação constante do rótulo, os animais em causa.
Serão igualmente rejeitados os cadernos de especificações que prevejam rótulos com
informação enganosa ou pouco clara.
3. Se a carne de bovino for produzida e/ou comercializada em dois ou mais Estados-
Membros, as autoridades competentes dos Estados-Membros em questão analisarão e aprovarão
os cadernos de especificações que lhes forem apresentados, desde que as informações neles
contidas digam respeito às operações que se realizem no respectivo território. Neste caso, as
aprovações emitidas por qualquer Estado-Membro devem ser reconhecidas por todos os outros.
Se, dentro de um prazo a fixar nos termos do nº 2 do artigo 23º, calculado a contar do dia
seguinte à data de apresentação do pedido, não tiver sido recusada ou concedida a aprovação e
não tiverem sido solicitadas quaisquer informações complementares, considera-se que os
cadernos de especificações foram aprovados pelas autoridades competentes.
4. Quando as autoridades competentes dos Estados-Membros em questão aprovarem os
cadernos de especificações propostos, os operadores ou organizações em causa poderão rotular
a carne de bovino, desde que o rótulo contenha o seu nome ou logotipo.
5. Em derrogação do disposto nos nºs 1 a 4, a Comissão, nos termos do nº 2 do artigo 23º,
poderá prever, para casos específicos, um processo de aprovação acelerado ou simplificado,
tratando-se designadamente de carne de bovino em pequenas embalagens para venda a retalho
ou de peças de carne de bovino de primeira categoria, em embalagens individuais, rotuladas num
Estado-Membro de acordo com um caderno de especificações aprovado e introduzidas no
território de outro Estado-Membro, na condição de não ser acrescentada qualquer informação ao
rótulo de origem.
6. Um Estado-Membro decide não autorizar o nome de uma ou várias das suas regiões,
designadamente quando o nome de uma região:
— pode gerar confusões ou criar dificuldades de controle,
— está reservado para carnes de bovino no âmbito do Regulamento (CE) nº 2081/92.
Se for concedida uma autorização, o nome da região será completado com o nome do
Estado-Membro.
7. Os Estados-Membros informam a Comissão da aplicação do presente artigo,
designadamente da informação indicada nos rótulos. A Comissão informa aos outros Estados-
Membros, no âmbito do Comitê de Gestão de Carne de Bovino, referido no nº 1, alínea b) do
artigo 23º e, se necessário, nos termos do nº 2 do artigo 23º, poderão ser aprovadas regras
relativas a esta informação, podendo designadamente ser impostas limitações.
Artigo 17º.
Regime de rotulagem facultativa de carne de bovino proveniente de países terceiros
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1. Se a produção de carne de bovino se efetuar, parcial ou totalmente, num país terceiro,


os operadores e organizações poderão rotular a carne de bovino de acordo com o disposto na o
presente secção, desde que, além de respeitarem o disposto no artigo 16º, tenham obtido para os
seus cadernos de especificações a aprovação da autoridade competente designada para este
efeito por cada país terceiro em questão.
2. A validade a nível comunitário de qualquer aprovação emitida num país terceiro está
condicionada à notificação prévia à Comissão, por esse país terceiro, dos seguintes elementos:
— autoridade competente designada,
— procedimentos e critérios que a autoridade competente deve observar ao analisar o
caderno de especificações,
— cada um dos operadores ou organizações cujos cadernos de especificações foram
aceites pela autoridade competente.
A Comissão deve transmitir estas notificações aos Estados-Membros. Se, com base nas
notificações supra mencionadas, a Comissão chegar à conclusão de que os procedimentos e/ou
critérios aplicados num país terceiro não são equivalentes às normas estabelecidas no presente
regulamento, deve decidir, após consulta do país terceiro em causa, que as aprovações desse
país terceiro não são válidas na Comunidade.
Artigo 18º. Sanções
Sem prejuízo de qualquer medida tomada pela própria organização, ou pelo organismo de
controle independente previsto no artigo 16º, caso se comprove que um operador ou uma
organização não cumpriu o caderno de especificações referido no nº 1 do artigo 16º, os Estados-
Membros podem retirar a aprovação prevista no nº 2 do artigo 16º, ou impor condições
suplementares a satisfazer para que a aprovação possa ser conservada.
SECÇÃO III - Disposições gerais
Artigo 19º. Normas de execução
As medidas necessárias à execução do presente título são aprovadas nos termos do
procedimento de gestão a que se refere o nº 2 do artigo 23º.
Essas medidas devem abranger, em especial:
a) A definição da dimensão do grupo de animais referida no nº 2, alínea a, do artigo 13º;
b) A definição de carne de bovino picada, de aparas de carne de bovino e de carne de
bovino cortada a que se refere o artigo 14º;
c) A definição de indicações específicas que podem constar dos rótulos;
d) As medidas necessárias para facilitar a transição da aplicação do Regulamento (CE) nº
820/97 para a aplicação do presente título;
e) As medidas necessárias para a resolução de problemas práticos específicos.
Tais medidas, caso sejam devidamente justificadas, podem derrogar certas partes do
presente título.
Artigo 20º. Designação das autoridades competentes
Os Estados-Membros devem designar a autoridade ou as autoridades competentes
responsáveis pela aplicação do presente título até 14 de Outubro de 2000.
65

Artigo 21º
Até 14 de Agosto de 2003 a Comissão apresentará ao Parlamento Europeu e ao Conselho
um relatório e, se for caso disso, propostas adequadas relativas ao alargamento do âmbito de
aplicação do presente regulamento aos produtos transformados que contenham carne de bovino
ou produtos à base de carne de bovino.
TÍTULO III - Disposições comuns
Artigo 22º
1. Os Estados-Membros devem tomar todas as medidas necessárias para assegurar a
observância do disposto no presente regulamento. Os controles previstos devem efetuar-se sem
prejuízo de quaisquer outros a que a Comissão possa proceder ao abrigo do artigo 9º do
Regulamento (CE, Euratom) nº 2988/95.
Quaisquer sanções impostas pelo Estado-Membro a um detentor devem ser proporcionais
à gravidade da infração. As sanções podem envolver, se tal se justificar, restrições à circulação de
animais de ou para a exploração do detentor em causa.
2. Os peritos da Comissão, conjuntamente com as autoridades competentes:
a) Verificam se os Estados-Membros estão a cumprir as disposições do presente
regulamento;
b) Efetuam controles no local a fim de assegurar que os controles são realizados de
acordo com o presente regulamento.
3. O Estado-Membro em que se efetua o controlo deve prestar aos peritos da Comissão
todo o apoio de que estes possam necessitar no desempenho das suas tarefas.
O resultado dos controles efetuados deve ser discutido com a autoridade competente do
Estado-Membro em causa antes de o relatório final ser elaborado e posto a circular.
4. Sempre que considere que o resultado dos controles o justifica, a Comissão deve rever
a situação no Comitê Veterinário Permanente referido no nº 1, alínea c), do artigo 23º A Comissão
pode adotar as decisões necessárias nos termos do nº 3 do artigo 23º.
5. A Comissão deve acompanhar a evolução da situação. À luz dessa evolução e nos
termos do nº 3 do artigo 23º, a Comissão pode alterar ou revogar as decisões referidas no nº 4.
6. Se necessário, as normas de execução do presente artigo devem ser adotadas nos
termos do nº 3 do artigo 23º.
Artigo 23º
1. A Comissão é assistida:
a) Na execução do artigo 10º, pelo Comitê do Fundo Europeu de Orientação e Garantia
Agrícola, a que se refere o artigo 11º do Regulamento (CE) nº 1258/1999 do Conselho;
b) Na execução do artigo 19. o , pelo Comité de Gestão de Carne de Bovino, criado no
artigo 42º do Regulamento (CE) nº 1254/1999 do Conselho;
c) Na execução do artigo 22. o , pelo Comité Veterinário Permanente, criado pela Decisão
68/361/CEE do Conselho.
2. Sempre que se faça referência ao presente número, são aplicáveis os artigos 4º e 7º da
Decisão 1999/468/CE, tendo-se em conta o disposto no artigo 8º da mesma. O período previsto no
66

nº 3 do artigo 4º da Decisão 1999/468/CE é de um mês.


3. Sempre que se faça referência ao presente número, são aplicáveis os artigos 5º e 7º da
Decisão 1999/468/CE, tendo-se em conta o disposto no artigo 8º da mesma.
O período previsto no nº 6 do artigo 5º da Decisão 1999/468/CE é de três meses.
4. Os comitês aprovarão os respectivos regulamentos internos.
Artigo 24º
1. É revogado o Regulamento (CE) nº 820/97.
2. As referências ao Regulamento (CE) nº 820/97 devem entender-se como sendo feitas
ao presente regulamento, de acordo com a tabela de correspondência que consta do anexo.
Artigo 25º
O presente regulamento entra em vigor no terceiro dia seguinte ao da sua publicação no
Jornal Oficial das Comunidades Européias. O presente regulamento é aplicável à carne de bovino
proveniente dos animais abatidos a partir de 1 de Setembro de 2000.

ANEXO II - INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 1, DE 9 DE JANEIRO DE 2002

O MINISTRO DE ESTADO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO, no uso


da atribuição que lhe confere o art. 87, parágrafo único, inciso II, da Constituição, tendo em vista a
necessidade de caracterizar o rebanho bovino e bubalino no território nacional, assim como a
segurança dos seus produtos, e considerando os autos do Processo no 21000.005160/2001-12,
resolve:
Art. 1o Instituir o SISTEMA BRASILEIRO DE IDENTIFICAÇÃO E CERTIFICAÇÃO DE
ORIGEM BOVINA E BUBALINA - SISBOV, em conformidade com o disposto no Anexo da
presente Instrução Normativa.
Art. 2o O SISBOV será gerenciado pela Secretaria de Defesa Agropecuária, que expedirá
instruções complementares necessárias para a implementação do sistema.
Art. 3o Caberá à Coordenação-Geral de Modernização e Informática da Subsecretaria de
Planejamento, Orçamento e Administração normalizar e implementar os procedimentos técnicos,
na sua área de competência, que possibilitem a operacionalização do SISBOV na rede de
informática do MAPA.
Art. 4o Esta Instrução Normativa entra em vigor na data de sua publicação.

MARCUS VINICIUS PRATINI DE MORAES

ANEXO - SISTEMA BRASILEIRO DE IDENTIFICAÇÃO E CERTIFICAÇÃO DE ORIGEM


BOVINA E BUBALINA

1. Definição - O Sistema Brasileiro de Identificação e Certificação de Origem Bovina e


Bubalina - SISBOV é o conjunto de ações, medidas e procedimentos adotados para caracterizar a
origem, o estado sanitário, a produção e a produtividade da pecuária nacional e a segurança dos
alimentos provenientes dessa exploração econômica.
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2. Objetivo - Identificar, registrar e monitorar, individualmente, todos os bovinos e


bubalinos nascidos no Brasil ou importados. Os procedimentos adotados nesse sentido devem ser
previamente aprovados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA.
3. Âmbito de aplicação - Esta normativa aplica-se, em todo o território nacional, às
propriedades rurais de criação de bovinos e bubalinos, às indústrias frigoríficas que processam
esses animais, gerando produtos e subprodutos de origem animal e resíduos de valor econômico,
e às entidades credenciadas pelo MAPA como certificadoras.
4. Registro de animais e propriedades - Conjunto de procedimentos utilizados para a
caracterização dos bovinos, bubalinos e das propriedades rurais no interesse da certificação de
origem, do controle do trânsito interno/externo, dos programas sanitários e dos sistemas
produtivos.

5. Competências
5.1. Secretaria de Defesa Agropecuária- SDA/MAPA - Órgão responsável pela
normalização, regulamentação, implementação, promoção e supervisão da execução das etapas
de identificação e registro individual dos bovinos e bubalinos do rebanho brasileiro e
credenciamento de entidades certificadoras, cujos dados resultantes serão inseridos no Cadastro
Nacional do SISBOV.
5.2. Entidades certificadoras - Organizações governamentais ou privadas credenciadas,
responsáveis pela caracterização das propriedades, seleção e identificação dos animais para
efeito de registro e inserção dos dados individuais de cada animal no SISBOV.
6. Processo de identificação - Procedimento que utiliza a marcação permanente no
corpo do animal ou a aplicação de dispositivos internos ou externos, que permitam a identificação
e o monitoramento individual dos animais, aprovados e autorizados pela SDA/MAPA.
7. Documento de identificação - Documento de identificação individual que acompanhará
o animal durante toda a vida, do nascimento ao abate, morte natural ou acidental, registrando as
movimentações ocorridas, resultantes de transferências ou sacrifício emergencial.
8. Controle Operacional
8.1. Base de dados informatizada - A base de dados será nacional e terá caráter oficial,
ficando o gerenciamento de suas informações a cargo da SDA/MAPA e a responsabilidade
técnico-operacional de informática por conta da CMI/SPOA/MAPA.
Deverá conter informações atualizadas de animais, propriedades rurais e agroindústrias,
todos identificados, registrados e cadastrados no SISBOV pelas entidades credenciadas.
8.2. Controle da identificação e movimentação dos animais registrados - Os animais
registrados no SISBOV terão sua identificação controlada pelas entidades certificadoras
credenciadas, devendo no Documento de Identificação constar:
8.2.1. Identificação da propriedade de origem;
8.2.2. Identificação individual do animal;
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8.2.3. Mês do nascimento ou data de ingresso na propriedade;


8.2.4. Sexo do animal e aptidão;
8.2.5. Sistema de criação e alimentação;
8.2.6. Registro das movimentações;
8.2.7. Comprovação de informação adicional para a certificação;
8.2.8. Dados sanitários (vacinações, tratamentos e programas sanitários).
8.3. No caso de animais importados, deverão ser identificados o País e propriedade de
origem, datas da autorização de importação e de entrada no País, números de Guia e Licença de
Importação e propriedade de destino.
8.4. No caso de morte natural, acidental ou sacrifício do animal, o respectivo Documento
de Identificação deverá ser devolvido à entidade certificadora emitente.
8.5. No caso de abate, compete aos frigoríficos devolver ao Serviço de Inspeção Federal
do MAPA os Documentos de Identificação dos animais.
9. Prazos para registro de propriedade - Toda propriedade rural cuja atividade seja a
pecuária bovina ou bubalina deverá integrar o SISBOV, nos prazos a seguir especificados:
9.1. Criatórios voltados à produção para o comércio internacional com os países membros
da União Européia deverão integrar o SISBOV até o mês de junho de 2002. A partir desta data,
essa condição constituirá requisito indispensável para habilitar-se à exportação para aquele
mercado;
9.2. os criatórios que exploram animais cuja produção esteja voltada para os demais
mercados importadores, o prazo constante do subitem anterior será dezembro de 2003.
A partir desta data, essa condição constituirá requisito indispensável para habilitar-se à
exportação para aqueles mercados;
9.3. todos os criatórios produtores de bovinos e bubalinos localizados nos estados livres de
febre aftosa ou em processo de declaração integrarão o Sistema, no máximo, até dezembro de
2005; os criatórios dos demais estados, até dezembro de 2007;
9.4. faculta-se, em todos os casos, a adesão voluntária em prazos anteriores aos
estipulados nos subitens precedentes.
10. Informações gerais
10.1. A identificação de animais ou grupos de animais integrantes do SISBOV deverá ser
codificada, a fim de possibilitar o acompanhamento da movimentação exigido pelo próprio
Sistema.
10.2. As especificações e as condições necessárias à identificação deverão ser
submetidas à aprovação da SDA/MAPA.
10.3. Os registros dos bovinos e bubalinos deverão estar sempre à disposição dos órgãos
competentes do MAPA e da entidade certificadora credenciada que cadastrou a propriedade rural.
10.4. As informações sobre movimentações de entrada e saída de animais devem ser
feitas pelos proprietários rurais às entidades certificadores logo após a transferência, morte natural
ou acidental, ou encaminhamento ao abate ou sacrifício do animal.
11. Credenciamento - As organizações interessadas em participar do SISBOV como
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entidades certificadoras submeterão à SDA/MAPA projeto para implantação e controle


operacional, visando à homologação e credenciamento, instruído com os seguintes documentos:
11.1. Requerimento de Credenciamento;
11.2. Contrato Social Registrado em Junta Comercial;
11.3. Termo de Compromisso para cumprimento das normas e requisitos do MAPA,
firmado pelo representante legal e pelo responsável técnico; e
11.4. Descrição e Modelo do Processo de Identificação e Sistema Operacional.
12. Infrações e Penalidades - As entidades certificadoras credenciadas, as propriedades
rurais e as agroindústrias identificadas e registradas no SISBOV que não cumprirem as regras
estabelecidas pelo MAPA poderão, além da responsabilização civil e penal, sofrer as seguintes
penalidades:
12.1. advertência por escrito, com desclassificação dos dados relativos aos animais da
propriedade, para efeitos de identificação e certificação oficial;
12.2. suspensão do reconhecimento de dados oficiais de identificação e certificação, pelo
tempo requerido para a solução do problema;
12.3. exclusão do SISBOV.
13. Auditoria - A SDA/MAPA estabelecerá os procedimentos de auditoria, visando a
assegurar a correta avaliação quanto ao cumprimento das metas e objetivos inseridos no SISBOV,
particularmente nas questões de certificação.

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