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CURSO DE DIREITO
ENGENHEIRO COELHO SP
2008
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ENGENHEIRO COELHO SP
2008
2
SUMÁRIO
1. Introdução ................................................................................................................... 3
1. Introdução
Segundo DINIZ1, NICOLAU2 e PEREIRA3 o ser humano, sendo um ser social, une-se
com outros da mesma espécie, que possuem objetivos comuns, para que consiga atingir seus
objetivos mais facilmente. Esses grupos se organizam por afinidade de objetivos que podem
ser sociais, religiosos, familiares, esportivos, culturais ou mesmo empresariais. Com a
necessidade de esses grupos assumirem personalidade própria, diferente da dos seus
componentes, para que pudessem participar da vida jurídica, surge o conceito de pessoa
jurídica. Esse instituto traz a essas pessoas, características básicas já existentes nas pessoas
físicas, a saber: personalidade e capacidade jurídicas, o que possibilita a elas assumirem
obrigações e possuírem direitos.
GONÇALVES4 considera que apesar das pessoas jurídicas terem existência distinta da
de seus membros, esse recurso, em certas situações, tem sido mal utilizado por pessoas
desonestas para prejudicar a terceiros. Isso é feito utilizando-se a pessoa jurídica como uma
“capa” para proteger esses negócios escusos. Ainda segundo NICOLAU5, “Quando o Poder
Judiciário tentava resgatar os direitos dos lesados, os sócios de má-fé acobertavam-se sob o
manto da pessoa jurídica, esquivando assim seu patrimônio pessoal da ‘persecução judicial’”.
Obviamente que isso não pode ser permitido, pois mesmo o instituto da pessoa jurídica
deve se enquadrar na busca da paz e justiça sociais que, em última instância representam a paz
e a justiça em relação a seres humanos.
Para que situações como a citada anteriormente possam ser corrigidas, é necessário
que o patrimônio das pessoas físicas que constituem uma pessoa jurídica seja atingido. Nasce
então a Teoria da Desconsideração da Pessoa Jurídica.
1
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro: Teoria Geral do Direito Civil. 22. ed. São Paulo. Saraiva, 2005.
cap. 3.
2
NICOLAU, Gustavo René. Desconsideração da Pessoa Jurídica. Revista da Faculdade de Direito da Fundação Armando
Alvares Penteado, São Paulo: FAAP, v. 4, n. 4, p. 123-145, 2007.
3
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil. 19. ed. Rio de Janeiro. Forense, 2002. cap. 11.
4
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil: Parte Geral. 7. ed. São Paulo. Saraiva 2000. P. 58-67.
5
NICOLAU, Gustavo René. Desconsideração da Pessoa Jurídica. Revista da Faculdade de Direito da Fundação Armando
Alvares Penteado, São Paulo: FAAP, v. 4, n. 4, p. 123-145, 2007.
4
pessoas jurídicas, as principais teorias com as respectivas correntes teóricas que explicam a
função desse instituto, aspectos formais ligados à sua constituição e algumas diferenças e
similaridades entre a pessoa física e a jurídica.
Importante lembrar que esse trabalho não se propõe a discutir com profundidade o
assunto da pessoa ou mesmo pessoa jurídica, mas fornecer uma base para que o leitor possa
compreender o tema principal.
6
BRASIL. Lei n º 8.078, de 11 de setembro de 1990. Dispõe sobre a proteção do consumidor e dá outras providências.
Diário Oficial da União, 12 set. 1990 retificado em 10 jan. 2007. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8078.htm>. Acesso em 19 out. 2008.
7
BRASIL. Lei nº 8.884, de 11 de junho de 1994. Transforma o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) em
Autarquia, dispõe sobre a prevenção e a repressão às infrações contra a ordem econômica e dá outras providências. Diário
Oficial da União, 13 jun. 1994. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/CCIVIL/LEIS/L8884.htm>. Acesso em 19 out.
2008.
8
BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Diário Oficial da União, 11 jan. 2002.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406.htm>. Acesso em 19 out. 2008.
5
2. Personalidade Jurídica
2.1. Conceito
Interessante a abordagem que VENOSA9 que utiliza para abordar o tema: “O homem,
ser humano, é dotado de capacidade jurídica. No entanto, é pequeno demais para a realização
de grandes empreendimentos. Desde cedo percebeu a necessidade de conjugar esforços [...]”.
Pela definição de RODRIGUES10: “Pessoas jurídicas [...] são entidades a que a lei
empresta personalidade [...] com personalidade diversa da dos indivíduos que os compõem,
capazes de serem sujeitos de direitos e obrigações na ordem civil”.
LISBOA12 define pessoa jurídica como “[...] entidade diversa da pessoa natural, [...]
solenemente constituída pela vontade de outras pessoas, físicas ou jurídicas, com
personalidade e patrimônio próprios e distintos dos de seus constituintes [...].”
9
VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: Parte Geral. 2. ed. São Paulo. Atlas, 2002. cap. 13.
10
RODRIGUES, Silvio. Direito Civil: Parte Geral. 34. ed. São Paulo. Saraiva, 2006. cap. 5.
11
GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo Curso de Direito Civil: Parte Geral. 2. ed. São Paulo,
Saraiva, 2002. cap. 6.
12
LISBOA, Roberto Senise. Manual de Direito Civil: Teoria Geral do Direito Civil. 3. ed. São Paulo. Revista dos Tribunais,
2003. cap. 22.
13
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro: Teoria Geral do Direito Civil. 22. ed. São Paulo. Saraiva, 2005.
cap. 3.
14
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil. 19. ed. Rio de Janeiro. Forense, 2002. cap. 11.
6
2.2. Teorias
Para LISBOA18, dentre as principais teorias que tentam explicar a natureza da pessoa
jurídica destacam-se a negativista, a da ficção, a organicista, a institucionalista e a da
realidade.
15
GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo Curso de Direito Civil: Parte Geral. 2. ed. São Paulo,
Saraiva, 2002. cap. 6.
16
VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: Parte Geral. 2. ed. São Paulo. Atlas, 2002. cap. 13.
17
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil. 19. ed. Rio de Janeiro. Forense, 2002. cap. 11.
7
A seguir uma breve descrição das mesmas, bem como as principais correntes teóricas
que as adotam:
a) Teoria Negativista
Segundo essa teoria, não existe pessoa jurídica. Dentro da mesma, podemos encontrar
as seguintes correntes: Equiparação – a pessoa jurídica não é uma nova pessoa, mas
um patrimônio que é equiparado à pessoa física; Propriedade Coletiva – a pessoa
jurídica é uma simples forma de manifestação com o exterior; Proteção das Riquezas –
não existem direitos subjetivos, a pessoa jurídica é vinculada à proteção de situações
de vínculo das riquezas aos diversos fins; Centros de Deveres – pessoa jurídica não é
uma pessoa, mas o centro de deveres e faculdades jurídicas.
PEREIRA19 considera que Propriedade Coletiva é uma corrente teórica e não uma
teoria sobre a natureza jurídica da pessoa jurídica.
b) Teoria da Ficção
Destacam-se nessa teoria: Teoria da Ficção Social – existe pessoa jurídica, porém
somente o homem pode ser sujeito de uma relação jurídica; Personalista – a
personalidade não reside na pessoa jurídica, mas nas pessoas que a integram;
Equiparação – pessoa jurídica é um patrimônio equiparado no seu tratamento jurídico
à pessoa física; Propriedade Coletiva – pessoa jurídica é a personalidade das pessoas
físicas que a constituíram, destina-se um patrimônio em co-propriedade em favor de
todos os membros.
c) Teoria Organicista
Nessa teoria, confere-se à pessoa jurídica animus e corpus, tal como sucede com a
pessoa natural. Pessoa jurídica é uma unidade orgânica que não se confunde com o
conjunto das pessoas naturais.
18
LISBOA, Roberto Senise. Manual de Direito Civil: Teoria Geral do Direito Civil. 3. ed. São Paulo. Revista dos Tribunais,
2003. cap. 22.
19
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil. 19. ed. Rio de Janeiro. Forense, 2002. cap. 11.
8
d) Teoria Institucionalista
Segundo essa teoria, há uma instituição anterior à da própria pessoa jurídica, que a
constitui como organização social destinada a preencher finalidades úteis para a
comunidade.
e) Teoria da Realidade
LISBOA21 destaca que “A pessoa jurídica somente se inicia mediante o ato solene do
registro de sua ata constitutiva, acompanhada do seu contrato social ou do seu estatuto
associativo, no cartório público pertinente.”
O Código Civil22 define que é condição para a existência legal das pessoas jurídicas de
direito privado o respectivo registro do ato constitutivo.
20
LISBOA, Roberto Senise. Manual de Direito Civil: Teoria Geral do Direito Civil. 3. ed. São Paulo. Revista dos Tribunais,
2003. cap. 22.
21
LISBOA, Roberto Senise. Manual de Direito Civil: Teoria Geral do Direito Civil. 3. ed. São Paulo. Revista dos Tribunais,
2003. cap. 22.
9
Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado
com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando
necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se
no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo.
Mesmo não sendo foco desse trabalho, mas sendo de extrema relevância ao assunto
específico, lembra-se que o Art. 46 do Código Civil23 define os itens necessários ao registro
da pessoa jurídica.
Isso não deve servir como incentivo para que existam organizações sem o devido
registro legal, pois como advertem GAGLIANO e PAMPLONA FILHO:
Cumpre advertir ainda que o registro de uma sociedade que haja atuado
durante determinado período de tempo irregularmente não tem efeito
retrooperante para legitimar os atos praticados nesse interstício. Durante esse
período, pois, a responsabilidade dos sócios é pessoal e ilimitada.
22
BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Diário Oficial da União, 11 jan. 2002.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406.htm>. Acesso em 19 out. 2008.
23
BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Diário Oficial da União, 11 jan. 2002.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406.htm>. Acesso em 19 out. 2008.
24
BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Diário Oficial da União, 11 jan. 2002.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406.htm>. Acesso em 19 out. 2008.
25
BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Diário Oficial da União, 11 jan. 2002.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406.htm>. Acesso em 19 out. 2008.
10
a) Diferenças
A mais básica diferença entre os tipos de pessoa está no seu nascimento. O registro da
pessoa jurídica se dá por um ato constitutivo, pois é a partir desse ato que essa pessoa passa a
existir, já a pessoa física, tem seu registro na forma de um ato declaratório, pois a mesma
passa a existir a partir do seu nascimento, cabendo apenas ao sistema jurídico seu
reconhecimento.
b) Similaridades
26
VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: Parte Geral. 2. ed. São Paulo. Atlas, 2002. cap. 13.
27
VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: Parte Geral. 2. ed. São Paulo. Atlas, 2002. cap. 13.
28
VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: Parte Geral. 2. ed. São Paulo. Atlas, 2002. cap. 13.
29
LISBOA, Roberto Senise. Manual de Direito Civil: Teoria Geral do Direito Civil. 3. ed. São Paulo. Revista dos Tribunais,
2003. cap. 22.
11
A pessoa jurídica tem sua esfera de atuação ampla, não se limitando sua
atividade tão-somente à esfera patrimonial. Ao ganhar vida, a pessoa jurídica
recebe denominação, domicílio e nacionalidade, todos atributos da
personalidade. Como pessoa, o ente ora tratado pode gozar de direitos
patrimoniais (ser proprietário, usufrutuário etc.), de direitos obrigacionais
(contratar) e de direito sucessórios, já que pode adquirir causa mortis.
PEREIRA32 destaca que apesar de alguns juristas defenderem que penas como
cassação de autorização de funcionamento, suspensão ou extinção da pessoa jurídica poderem
30
LISBOA, Roberto Senise. Manual de Direito Civil: Teoria Geral do Direito Civil. 3. ed. São Paulo. Revista dos Tribunais,
2003. cap. 22.
31 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: Parte Geral. 2. ed. São Paulo. Atlas, 2002. cap. 13.
32
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil. 19. ed. Rio de Janeiro. Forense, 2002. cap. 11.
12
ser caracterizadas como punição de caráter criminal, sua posição é contrária, defendendo que
como entidade abstrata, a pessoa jurídica não pode ser criminalmente responsabilizada.
Apesar de, geralmente, serem colocadas como similares as capacidades das pessoas
físicas e das pessoas jurídica, PEREIRA33 defende que isso não passa de equívoco,
destacando as diferenças de capacidade entre os dois tipos de pessoas:
33
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil. 19. ed. Rio de Janeiro. Forense, 2002. cap. 11.
34
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil. 19. ed. Rio de Janeiro. Forense, 2002. cap. 11.
35
GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo Curso de Direito Civil: Parte Geral. 2. ed. São Paulo,
Saraiva, 2002. cap. 6.
36 BRASIL. Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998. Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de
condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências. Diário Oficial da União, 13 fev. 1998. Disponível
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9605.htm>. Acesso em 19 out. 2008.
13
Essa teoria, conforme informado por RODRIGUES40, está prevista no sistema legal
americano onde é conhecida como disregard theory ou disregard of the legal entity, ou ainda
pela locução lifting the corporate veil, ou seja, erguendo-se a cortina da pessoa jurídica.
37
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro: Teoria Geral do Direito Civil. 22. ed. São Paulo. Saraiva, 2005.
cap. 3.
38
LISBOA, Roberto Senise. Manual de Direito Civil: Teoria Geral do Direito Civil. 3. ed. São Paulo. Revista dos Tribunais,
2003. cap. 22.
39
VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: Parte Geral. 2. ed. São Paulo. Atlas, 2002. cap. 13.
40
RODRIGUES, Silvio. Direito Civil: Parte Geral. 34. ed. São Paulo. Saraiva, 2006. cap. 5.
14
Segundo SOUZA41, o mesmo conceito pode ser encontrado no sistema jurídico italiano como
superamento della personalitá guiridica e no alemão como durchgriff der juristichen person.
41
SOUZA, Vanessa Ribeiro Corrêa Sampaio Souza. Desconsideração da Personalidade Jurídica: Teoria e Legislação no
Brasil. Revista da Faculdade de Direito de Campos, v. 7, n. 9, 2006. Disponível em:
<http://www.fdc.br/Arquivos/Mestrado/Revistas/Revista09/Artigos/Vanessa.pdf>>. Acesso em: 19 out. 2008.
42
GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo Curso de Direito Civil: Parte Geral. 2. ed. São Paulo,
Saraiva, 2002. cap. 6.
43
GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo Curso de Direito Civil: Parte Geral. 2. ed. São Paulo,
Saraiva, 2002. cap. 6.
44
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro: Teoria Geral do Direito Civil. 22. ed. São Paulo. Saraiva, 2005.
cap. 3.
15
situações, no que atina aos efeitos de garantir a desvinculação da responsabilidade dos sócios
da sociedade.”
3.2 Situações
45
BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Diário Oficial da União, 11 jan. 2002.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406.htm>. Acesso em 19 out. 2008.
46
BRASIL. Lei n º 8.078, de 11 de setembro de 1990. Dispõe sobre a proteção do consumidor e dá outras providências.
Diário Oficial da União, 12 set. 1990 retificado em 10 jan. 2007. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8078.htm>. Acesso em 19 out. 2008.
16
c) Teoria da Aparência
47
BRASIL. Lei nº 8.884, de 11 de junho de 1994. Transforma o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) em
Autarquia, dispõe sobre a prevenção e a repressão às infrações contra a ordem econômica e dá outras providências. Diário
Oficial da União, 13 jun. 1994. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/CCIVIL/LEIS/L8884.htm>. Acesso em 19 out.
2008.
48
LISBOA, Roberto Senise. Manual de Direito Civil: Teoria Geral do Direito Civil. 3. ed. São Paulo. Revista dos Tribunais,
2003. cap. 22.
49
LISBOA, Roberto Senise. Manual de Direito Civil: Teoria Geral do Direito Civil. 3. ed. São Paulo. Revista dos Tribunais,
2003. cap. 22.
50
LISBOA, Roberto Senise. Manual de Direito Civil: Teoria Geral do Direito Civil. 3. ed. São Paulo. Revista dos Tribunais,
2003. cap. 22.
17
se justifica pela prática do ato por quem não tinha poderes para assim agir, apesar de aparentar
tal condição.”
3.4 Jurisprudência
Sobre o Art. 50. do Código Civil51, as Jornadas de Direito Civil promovidas pelo
Centro de Estudos da Justiça Federal emitiu os seguintes enunciados52:
51
BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Diário Oficial da União, 11 jan. 2002.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406.htm>. Acesso em 19 out. 2008.
52
PRÓ-CONCURSO: DICA: ENUNCIADOS DAS JORNADAS DE DIREITO CIVIL. Disponível em:
<http://proconcurso.blogspot.com/2007/09/dica-enunciados-das-jornadas-de-direito.html>. Acesso em 19 out. 2008.
18
4. Implicações da Desconsideração
[...] a norma não limita a desconsideração aos sócios, mas também a estende
aos administradores da pessoa jurídica. Esse dispositivo pode se constituir
em um valiosíssimo instrumento para a efetivação da prestação jurisdicional,
pois possibilita, inclusive, a responsabilização dos efetivos “senhores” da
empresa, no caso – cada vez mais comum – da interposição de “testas-de-
ferro” (vulgarmente conhecidos como “laranjas”) nos registros de contratos
sociais, quando os titulares reais da pessoa jurídica posam como meros
administradores, para efeitos formais, no intuito de fraudar o interesse dos
credores.
b) Celeridade Processual
53
GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo Curso de Direito Civil: Parte Geral. 2. ed. São Paulo,
Saraiva, 2002. cap. 6.
54
GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo Curso de Direito Civil: Parte Geral. 2. ed. São Paulo,
Saraiva, 2002. cap. 6.
19
a) Insegurança Jurídica
Segundo NICOLAU57:
[...] toda defesa exarcebada acaba por prejudicar quem se busca proteger.
Levar a proteção do consumidor às últimas conseqüências, [...] significa
desestimular o impulso para a criação de novas pessoas jurídicas e de novos
fornecedores, o que por sua vez desestimula a concorrência e coloca o
consumidor nas mãos dos poucos “sobreviventes” de um marcado já famoso
pela rara sobrevivência diante de fatores como a tributação explosiva, a
concorrência com produtos piratas, o pagamento de “um funcionário a mais
para os cofres públicos a cada funcionário efetivamente contratado” e da
condescendência estatal com o mercado ilegal.
55
BRASIL. Lei n º 8.078, de 11 de setembro de 1990. Dispõe sobre a proteção do consumidor e dá outras providências.
Diário Oficial da União, 12 set. 1990 retificado em 10 jan. 2007. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8078.htm>. Acesso em 19 out. 2008.
56
NICOLAU, Gustavo René. Desconsideração da Pessoa Jurídica. Revista da Faculdade de Direito da Fundação Armando
Alvares Penteado, São Paulo: FAAP, v. 4, n. 4, p. 123-145, 2007.
57
NICOLAU, Gustavo René. Desconsideração da Pessoa Jurídica. Revista da Faculdade de Direito da Fundação Armando
Alvares Penteado, São Paulo: FAAP, v. 4, n. 4, p. 123-145, 2007.
20
5. Considerações Finais
Qualquer distorção que coloque em risco a justiça social que deve ser preservada pelo
ordenamento jurídico deve ser corrigida.
Isso não pode ser diferente com o instituto da pessoa jurídica que, pelos motivos
apresentados e por definição, possui independência patrimonial e operacional em relação às
pessoas que a constituíram.
A partir da constatação de que esse instituto estava sendo utilizado por pessoas
motivadas por má fé para lesar outras pessoas, houve a necessidade da matéria ser tratada de
tal forma que as pessoas que se sentissem lesadas pudessem ter seu dano reparado de uma
maneira pouco onerosa.
A Teoria da Desconsideração da Pessoa Jurídica é uma boa resposta para esse tipo de
distorção jurídica. Permitir que o patrimônio daqueles que utilizaram o instituto da pessoa
jurídica para encobertar ações ilícitas seja atingido é uma forma mais do que razoável para
sanar o problema.
Obviamente que a mesma não pode ser utilizada indiscriminadamente sob o risco de
colocar em risco a segurança jurídica, base sobre a qual está apoiada toda a sociedade bem
como suas relações jurídico-sociais.
21
6. Referências Bibliográficas
BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Diário Oficial da
União, 11 jan. 2002. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406.htm>. Acesso em 19 out. 2008.
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro: Teoria Geral do Direito Civil. 22.
ed. São Paulo. Saraiva, 2005. cap. 3.
GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo Curso de Direito Civil:
Parte Geral. 2. ed. São Paulo, Saraiva, 2002. cap. 6.
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil: Parte Geral. 7. ed. São Paulo. Saraiva 2000. P.
58-67.
LISBOA, Roberto Senise. Manual de Direito Civil: Teoria Geral do Direito Civil. 3. ed. São
Paulo. Revista dos Tribunais, 2003. cap. 22.
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil. 19. ed. Rio de Janeiro. Forense,
2002. cap. 11.
RODRIGUES, Silvio. Direito Civil: Parte Geral. 34. ed. São Paulo. Saraiva, 2006. cap. 5.
VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: Parte Geral. 2. ed. São Paulo. Atlas, 2002. cap. 13.