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Ecompo

Introdução à Sociologia
Profª Marta
Introdução à Sociologia

 Estudo da ordem e desordem social:

É preciso dizer, primeiramente, que a Sociologia é ou pretende ser uma ciência.


Ora, como toda ciência, a Sociologia parte do pressuposto de que existe certa
ordem nos fenômenos que estuda; uma ordem que pode ser descoberta, descrita e
compreendida. Assim a física supõe a existência de uma ordem por trás das
propriedades gerais da matéria, e a Astronomia supõe uma ordem no sistema dos
corpos celestes.
Da mesma forma, a Sociologia preocupa-se em descobrir, descrever e
compreender a ordem que se manifesta na vida social. Diariamente, os membros
de agrupamentos sociais sem que haja caos, sem que a organização social entre
em colapso. Explicar como isto ocorre é descobrir e compreender a ordem social.
É claro que isto não implica que os sociólogos devam aprovar ou justificar a
ordem existente em qualquer sociedade; um sociólogo com idéias capitalistas pode
se opor radicalmente à ordem social socialista.
É hoje um dos grandes problemas que a sociologia enfrenta. Porém, não é
porque a Sociologia tem um interesse maior pela ordem social que ela veja a vida
social como coisa estática. Ao contrário, um panorama da história universal mostra
que os agrupamentos humanos se encontram em permanente transformação.
A existência de vida social organizada supõe a obediência a normas, mas
também envolver uma variedade de desvios das normas, ou seja, de ações
tendentes a mudar de alguma forma a organização social. E desordem não significa
necessariamente caos.
É impossível estudar a ordem sem estudar também a desordem, não é porque
há ordem que não haverá desordem, nem vice-versa. A desordem só é possível se
a ordem existe e é obedecida, e diante desta pode-se perceber o comportamento
desordeiro. Por isso, não se deve dar mais atenção a um mais que o outro. De
semelhante modo, você só reconhece a ordem porque há uma desordem. Através
destes comportamentos se conhece uma nação, pois, cada uma possui
características específicas que a tornam única, e através da ordem mantém sua
cultura.
Sem dúvida, o fato de os agrupamentos humanos serem capazes de preservar
sua organização, enquanto os indivíduos passam, não poderia deixar de interessar
à Sociologia. Acontece, porém, que essa continuidade, para começar, não exclui
em absoluto a mudança social. Mesmo uma organização tão antiga como a Igreja
Católica registra uma dose considerável de mudanças em seus quase 2000 anos de
história – e certamente não teria durado tanto se não tivesse mudado para se
adaptar aos novos tempos.
Sociedades ditas “primitivas”, como as dos índios brasileiros, também são
citadas como exemplo de extraordinária continuidade social, apesar de não
sabermos muito sobre o seu passado, por não terem uma escrita.
De resto, tanto a continuidade como a mudança supõem ordem e desordem
social. Assim, a história milenar da Igreja Católica – para retomar o exemplo
anterior – não registra apenas fatores de ordem como comunidade de fé, respeito
a hierarquia, apego às tradições, mas também fatores de desordem como inúmero
cismas, dispustas doutrinárias, atos de rebeldia.
Desse moso, se quiséssemos resumr numa frase o principal problema da
Sociologia, poderíamos dizer:
A Sociologia trata de explicar a ordem e a desordem social.

 Estudo da interdependência:

É claro que a etimologia da palavra está longe de ser suficiente para nos
fazer entender o que é a Sociologia. Dizendo que a Sociologia é o estudo da
sociedade, a definiçã o etimoló gica nos leva naturalmente a perguntar: e o que é
esta sociedade estudada pela sociologia?
Em vez de entrarmos no círculo vicioso: a Sociologia, diríamos nó s, define-
se como ciência da sociedade, enquanto que a sociedade, por sua vez, precisa
ser definida pela Sociologia...
Definiremos Sociologia como: o estudo dos homens em interdependência.
Embora seja muito simples, nossa definiçã o permite dar um decidido passo à
frente: com ela podemos distinguir claramente a Sociologia de outras ciências
que estudam os homens como indivíduos, ou mesmo enquanto conjutos de
indivíduos, mas sem se preocupar com a sua interdependência no sentido
indicado. Nã o se trata de homens isolados, mas inseridos em uma comunidade.
É como a ética que julga a moral, a diferença é que ela julga o homem
individualmente. Tem um princípio peculiar e real: A sua liberdade termina
quando a minha começa. Esta relaçã o social, para sobreviver, necessita ser
está vel, previamente estabelecida com relaçõ es de cooperaçã o harmoniosa e
mú tua. As açõ es do homem diante da sociedade a edifica ou a destró i. Por isto,
podemos concluir que a sociologia, em parte, é a aplicaçã o da ética.

 Cidadania em todos os seus aspectos

A cidadania é exercida por cidadã os, indivíduos que tem consciência de seus
direitos e deveres e participam ativamente de todas as questõ es da
sociedade em que estã o inseridos. A idéia de cidadania ativa é ser alguém
que cobra, propõe e pressiona o tempo todo. O cidadão precisa ter consciência
de seu poder(Herbert de Souza – o cidadã o Betinho -, maior símbolo
brasileiro da construçã o da cidadania ativa). Segue uma linha de raciocínio
globalizado de que o que acontece no mundo me afeta direta ou
indiretamente, e por este motivo preciso conhecer para poder tomar uma
decisã o consciente diante do meio em que vivo para que haja ordem. A
cidadania está profundamente ligada com os direitos humanos, uma longa e
penosa conquista de humanidade, que teve seu reconhecimento formal com
a Declaraçã o Universal dos Direitos do Homem, aprovada em 1948 pela
organizaçã o da Naçõ es Unidas (ONU):

o Direitos humanos e cidadania


Observe algumas declaraçõ es dos direitos humanos, compare com
seus pró prios dados de realidade a prá tica da cidadania no Brasil, em
sua cidade, e no mundo:
-Todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e respeito;
-Todo homem que trabalha tem direito a uma remuneraçã o justa;
-Todo homem tem direito a alimentaçã o, vestuá rio, habitaçã o e
cuidados médicos;
-Todo homem tem o direito de ser reconhecido como pessoa perante
a lei;
-Todo homem tem direito à instruçã o;
-Todo homem tem direito à segurança social;
Embora a palvra cidadania possa ter vá rios sentidos, atualmente
sua essência é ú nica: significa o direito de viver decentemente.
Observe agora algumas declaraçõ es dos Direitos da Crianças:
-Direito à igualdade, sem distinçã o de raça, religiã o ou
nacionalidade;
-Direito a um nome e a uma nacionalidade
-Direito a ser socorrido em primeiro lugar, em caso de catá strofe;
-Direito ao amor e à compreensã o por parte dos pais e da sociedade;
As condiçõ es da infâ ncia podem indicar o nível de desenvolvimento
de um país e permitem fazer projeçõ es de como estará a situaçã o
futuramente: por trá s de cada criança abandonada existe no mínimo
um adulto abandonado; essa criança que hoje vive nas ruas
provavelmente irá gerar, quando adulta, outras crianças
abandonadas. Gerando muitos desses casos, a sociedade está
negando as necessidades bá sicas de vida a essas pessoas. O grau de
cidadania que uma sociedade oferece, sem dú vida alguma, é maior
quando mais itens dos direitos humanos estã o presentes. Condiçõ es
da infâ ncia indicam o nível de desenvolvimento de cidadania no país,
assim como, a assistência prestada aos idosos. Estes dois sã o os
extremos frá geis da sociedade, que necessitam de nossos mais belos
valores e cuidados.
o Conceitos de Cidadania
Historicamente, o conceito primitivo de cidadania estava
profundamente ligado ao Burguês, nã o ao povo todo. Já aí há uma
separaçã o entre o homem urbano e o rural, considerando que a
palavra cidadã o referia-se somente aos que moravam na cidade.
Analogicamente, cidadania, veio substituir os termos burguês e
burgo. Como termo legal, cidadania é mais uma identificaçã o do que
uma açã o. Politicamente, significa compromisso ativo,
responsabilidade. Confira as palavras que Gilberto Gimenstein
escreveu sobre este assunto: “Cidadania é o direito de ter uma idéia
e poder expressá -la. É de votar em quem quiser sem
constrangimento. É processar um médico que cometa um erro. É
devolver um produto estragado e receeber o dinheiro de volta. É o
direito de ser negro sem ser descriminado, de praticar uma religiã o
sem ser perseguido. Há detalhes que parecem insignificantes, mas
revelam está gios de cidadania: respeitar o sinal vermelho no
trâ nsito, nã o jogar papel na rua, nã o destruir telefones pú blicos. Por
trá s desse comportamento está o respeito à coisa pú blica”.
Analise também as palavras de Dermeval Saviani: “ Cidadã o é, pois,
aquele que está capacitado a participar da vida da cidade e,
extensivamente, da vida da sociedade”.

o Aspectos jurídicos sociológicos e éticos da cidadania


Isto diz respeito a que, o Estado deve produzir bens e serviços
sociais – como educaçã o, saú de, e previdência social- para serem
distribuídos gratuitamente aos membros da sociedade. Sã o bens ou
serviços que nã o podem ser individualizados.
A sociedade contemporâ nea, constituída em torno da informaçã o,
deve proporcionar em maior quantidade o que mais se deve
valorizar numa democracia: igualdade e liberdade.
A política de igualdade incorpora a igualdade formal, uma
conquista do período de constituiçã o dos grandes estados nacionais.
Seu ponto de partida é o reconhecimento dos direitos humanos e o
exercício dos direitos e deveres da cidadania. Ela deve:
-Promover a igualdade entre desiguais, através da educaçã o,
da saú de pú blica, do emprego, e outros benefícios sociais.
-Combater todas as formas de preconceito e discriminaçã o,
seja por motivo de rala, sexo, religiã o, cultura, condiçã o econô mica, ...

o Cidadania ameaçada
A cidadania está ameaçada, e isso é uma realidade principalmente
nos países pobres e emergente. Para a restauraçã o da cidadania é
preciso acrescentar à sociedade um terceiro setor aos dois já
conhecidos, que sã o o setor privado, das empresas, e o setor pú blico,
do governo. O terceiro seria um setor social autô nomo. Organizações
não-governamentais sã o exemplos disso. Estas associaçõ es
mobilizam e estimulam comportamentos solidá rios.

 Instituições sociais
Conjunto de regras e procedimentos padronizados socialmente
reconhecidos, aceitos e sancionados pela comunidade e que tem grande valor
social. Assim, instituiçã o é o que está instituído, constituído, sedimentado na
sociedade. Sã o os modos de pensar, de sentir e de agir que a pessoa encontra
preestabelecidos e cuja mudança se faz lentamente, muitas vezes com dificuldades.
Servem principalmente para satisfazerem as necessidades da sociedade.
Há uma diferença quase imperceptível entre grupo social e instituiçã o
social. Grupos sociais se referem a indivíduos com objetivos comuns, envolvidos
num processo de interaçã o mais ou menos contínuo. Já as instituiçõ es sociais se
referem a regras de procedimentos dos diversos grupos. Veja alguns exemplos:
o Família
A família pode ser definida como um tipo de agrupamento social
primá rio, cuja estrutura em alguns aspectos varia no tempo e no
espaço. Essa variaçã o pode ser quanto ao nú mero de casamentos, à
forma de casamento, ao tipo de família e aos papéis familiares. Em
relaçã o ao nú mero de casamentos podem ser: monogâ micos e
poligâ micos. O primeiro aceita apenas um cô njuge, ora indissolú vel,
ora também se aceita o divó rcio.
As formas de casamento se definem por endogamia e exogamia.
Respectivamente, casamentos com pessoas do mesmo grupo, ou
tribo, e casamento com alguém fora do grupo.
Existem dois tipos de famílias, as conjugais, formadas por marido,
esposa e filhos, a outra é a família consangü ínea, que reú ne além do
casal e dos filhos, outros parentes: avó s, netos, nora, etc.
Entre as funçõ es da família encontramos:
função sexual e reprodutiva, que garante as satisfaçõ es das
necessidades sexuais dos cô njuges e perpetuam a espécie humana;
função econômica, assegura os meios de subsistência e bem-
estar dos membros;
função educacional, responsá vel pela aprendizagem da criança
dos valores e padrõ es culturais da sociedade.
Ultimamente, os papéis familiares estã o transitando, ora de um ora
para outro: o pai começou a fazer mais serviços domésticos, e a
mulher passou a trabalhar fora para sustentar o lar. Também, vemos
as crianças envolvidas nisso, quando sã o forçadas a trabalhar pelo
mesmo motivo.
o A igreja
A religiã o é um fato social universal, sendo encontrada em toda
parte e desde os tempos mais remotos. A religiã o é uma instituiçã o
sem paralelo: enquanto a origem de todas as outras instituiçõ es pode
ser encontrada em necessidades físicas do ser humano, a religiã o nã o
corresponde a nenhuma necessidade física. A religiã o inclui a crença
em poderes sobrenaturais ou misteriosos. Essa crença está associada
a sentimentos de respeito, temor e veneraçã o, e se expressa em
atitudes pú blicas destinadas a lidar com esses poderes. As três
principais religiõ es monoteístas sã o: o cristianismo, o judaísmo, e o
islamismo.
o O Estado
Em qualquer sociedade, o Estado é a instituiçã o social que tem a
exclusividade, o monopó lio da violência legítima; e assim é porque a
lei lhe confere o direito de recorrer à violência, caso seja necessá rio.
Estado é a naçã o com um governo.
O poder e a autoridade centralizam-se de maneira mais clara no
Estado. Ele executa suas funçõ es por meio da lei, apoiado em ú ltima
instâ ncia no uso da força. Constitui-se de três elementos: o
territó rio(sua base física), a populaçã o(habitantes do territó rio)e o
governo(grupo de pessoas colocadas à frente dos ó rgã os
fundamentais do Estado e que em seu nome exercem o poder
pú blico).
O estado possui três tipos de poderes:
-Executivo – executa as leis
-Legislativo – elabora as leis
-Judiciário – distribui a justiça e interpreta a constituiçã o
Pode também assumir vá rias formas de governo:
-monarquia – o governo é exercido pelo rei, que herda o
poder,
e o mantém até sua morte ou renú ncia;
- República – o poder é exercido por representantes eleitos
periodicamente pela populaçã o;
- Ditadura – uma só pessoa, o ditador, impõ e a sua vontade e
dispõ e de poder ilimitado.

 As origens do subdesenvolvimento
Há alguns indicadores socioeconômicos que definem se uma nação ou país estão
em subdesenvolvimentos como PIB, renda per capita, índice de mortes infantis. Os
países desenvolvidos são conhecidos também como países periféricos – aqueles
que mantiveram ou mantém uma relação de dependência econômica ou política
com os países centrais, que são os grandes centros industrializados. A origem deste
subdesenvolvimento pode ser vis exatamente nas relações econômicas e políticas
desses países com as nações metropolitanas ao longo da história. Talvez, o que
tenha ajudado também nesta desigualdade, em relação à colonização, foram os
tipos de colônia. Havia a colonização de povoamento e a de exploração. Na
primeira, a nação que cria a colônia tem o objetivo de seu país estar também no
lugar da colônia, fazendo uma versão do país em outros lugar. É o caso dos EUA,
que foi colonizado deste jeito pela Inglaterra. Já o método de colonização para
exploração, como o nome já diz, é para que o país fundador recebesse todo o lucro
que a colônia produzisse, não significa que na colônia de povoamento não
houvesse impostos, havia, mas eram muito baixos se comparados com a
colonização por exploração.

Conclusão
Através destas informações, podemos ver claramente que sociologia influencia
diretamente o nosso conviver com a sociedade que nos cerca. Nos leva a entender
que não somos seres isolados, e nos convida a uma olhada a nossa volta, deixando
um pouco de fazer somente o que penso sem olhar nas conseqüências para o
próximo. Que por sinal, foi isto mesmo que Jesus ensinou enquanto estava aqui na
Terra. Nos mostra o modo pelo qual nos relacionamos como país, nação ou raça. E
busca entender na essência a necessidade da formação de uma tradição para que
uma comunidade seja de fato chamada de sociedade.
Uma das coisas que mais me chamou a atenção foi que nós somos os burgueses
hoje. Na história, eles controlavam a economia do país, e saber que o termo
cidadão foi usado para substituir esta antiga posição, espanta pelo fato de que nós
realmente temos o poder em nossas mãos, apesar de não bem entendido pela
maioria.
Bibliografia:
Introdução à Sociologia (GALLIANO)
Introdução à Sociologia(OLIVEIRA, Pérsio Santos de)
Publicado pela editora Ática, no ano 2000.

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