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ESCOLA SANTA TEREZINHA _____ /_____ /2011

Professor(a): Disciplina:

Turma:
EST Aluno(a):

Tipo: Bimestre:

SIMULADO

Conto de mistério

Com a gola do paletó levantada e a aba do chapéu abaixada, caminhando


pelos cantos escuros, era quase impossível a qualquer pessoa que cruzasse com ele
ver seu rosto.
No local combinado, parou e fez o sinal que tinham já estipulado à guisa de
senha. Parou debaixo do poste, acendeu um cigarro e soltou a fumaça em três
baforadas compassadas. Imediatamente um sujeito mal-encarado, que se encontrava
no café em frente, ajeitou a gravata e cuspiu de banda.
Era aquele. Atravessou cautelosamente a rua, entrou no café e pediu um
guaraná. O outro sorriu e se aproximou:
Siga-me! - foi a ordem dada com voz cava. Deu apenas um gole no guaraná e
saiu. O outro entrou num beco úmido e mal iluminado e ele - a uma distância de uns
dez a doze passos - entrou também.
Ali parecia não haver ninguém. O silêncio era sepulcral. Mas o homem que ia
na frente olhou em volta, certificou-se de que não havia ninguém de tocaia e bateu
numa janela. Logo uma dobradiça gemeu e a porta abriu-se discretamente.
Entraram os dois e deram numa sala pequena e enfumaçada onde, no centro,
via-se uma mesa cheia de pequenos pacotes. Por trás dela um sujeito de barba
crescida, roupas humildes e ar de agricultor parecia ter medo do que ia fazer. Não
hesitou - porém - quando o homem que entrara na frente apontou para o que entrara
em seguida e disse: "É este".
O que estava por trás da mesa pegou um dos pacotes e entregou ao que
falara. Este passou o pacote para o outro e perguntou se trouxera o dinheiro. Um
aceno de cabeça foi a resposta. Enfiou a mão no bolso, tirou um bolo de notas e
entregou ao parceiro. Depois virou-se para sair. O que entrara com ele disse que
ficaria ali.
Saiu então sozinho, caminhando rente às paredes do beco. Quando alcançou
uma rua mais clara, assoviou para um táxi que passava e mandou tocar a toda pressa
para determinado endereço. O motorista obedeceu e, meia hora depois, entrava em
casa a berrar para a mulher:
- Julieta! Ó Julieta... Consegui.
A mulher veio lá de dentro enxugando as mãos em um avental, a sorrir de
felicidade. O marido colocou o pacote sobre a mesa, num ar triunfal. Ela abriu o pacote
e verificou que o marido conseguira mesmo. Ali estava: um quilo de feijão.

Sérgio Porto - Stanislaw Ponte Preta

1. Em relação ao gênero literário “conto” marque a alternativa incorreta:


a. É uma obra de ficção, portanto fora da realidade.
b. No conto o autor cria um clima de acontecimentos de imaginação
usando elementos que se relacionam para dar uma veracidade à
narrativa.
c. O conto possui uma narrativa curta em comparação aos outros gêneros
literários aos romances e novelas.
d. O conto por se tratar de um gênero literário em que se passa uma
narrativa ficcional não possui os elementos básicos de uma narrativa.
e. Uma característica do conto é que em sua estrutura há poucos
personagens, acontecimentos breves e sem grandes complicações.

2. Marque a alternativa correta em relação ao texto lido acima “Conto de mistério”:

a. A narrativa se passa em apenas um ambiente o qual é apresentado


pelo autor no início do texto.
b. Os personagens envolvidos na história são três, sendo o homem que
compra o feijão o personagem coadjuvante.
c. O texto é narrado em 3º pessoa, além do narrador ser observador,
também tem uma certa onisciência.
d. O discurso direto nesse texto se dá de forma única, apenas com o uso
do uso de travessões.
e. O momento de clímax ocorre quando o homem recebeu o pacote e
entregou o dinheiro.

3. Faça a relação correta da estrutura da narrativa:

a. ( ) Introdução ou apresentação inicial


b. ( ) Complicação
c. ( ) Climax
d. ( ) Desfecho

I. É a parte do enredo na qual se desenvolve o conflito


II. É a solução dos conflitos, boa ou má, com final feliz ou não.
III. Onde são apresentados os fatos e os personagens. É a parte em que
se situa o leitor diante do que irá ler.
IV. É o momento culminante da história. Ele é o ponto de referência para
as outras partes do enredo, que existem em função dele.

A sequência correta corresponde à letra:

a. II – III – IV – I
b. III – I – IV – II
c. I – III – II – IV
d. IV – II – III – I
e. I – II – III – IV

4. Numere os acontecimentos abaixo de 1 a 6 na sequência em que eles


aparecem no filme “Narradores de Javé”:

( ) Passam então a realizar um trabalho de memória, evocando lembranças,


imaginando um passado épico, uma “história grande” do Vale de Javé, com
heróis forjados e requisitados pelos homens – Indalécio – e pelas mulheres
mais ousadas - a Maria Dina

( ) E, nessa trama que visa buscar as origens de Javé, aparecem múltiplos


elementos da memória individual e coletiva, como por exemplo, a história dos
gêmeos, presente nos mitos de origem dos povos indígenas brasileiros.

( ) Ao entrevistar vários dos moradores mais antigos, Antônio Biá percebeu


que todos contavam a história "puxando a sardinha" para as suas respectivas
famílias. E a graça reside no fato da memória oral privilegiar alguns detalhes
que favorecem uns em detrimento de outros. Como diz o nosso Biá: "uma coisa
é o fato acontecido, outra é o fato escrito".

( ) Biá, revela aos moradores o que pensa: para ele, o livro não salvará o
povoado da inundação. Biá diz:
O que nós somos é um povinho desmilingüido que quase não escreve o
próprio nome, mas inventa histórias de grandeza pra esquecer a vidinha rala,
sem futuro nenhum! E ocês crê mesmo que os homens vão parar a represa e o
progresso por um bando de analfabeto? Não vão, não. Isso é fato. É científico!.

( ) Diante da ameaça concreta de inundação de suas terras e sem nenhuma


documentação formal que comprove que elas lhes pertencem, surge a
necessidade de usar a escrita.

( ) Zaqueu, interpretada por Nelson Xavier, sugere a seus conterrâneos que


eles devem transformar Javé em patrimônio tombado, e esclarece:
Porque se Javé tem algo de bom são as histórias de origem, dos guerreiros lá
do começo, dos casos que "ocês" vivem contando e recontando. E isso, gente,
é história de patrimônio, história grande, acontecimento de fazer arregalar os
olhos de morador de muita cidade e capital!

Marque a alternativa que apresenta a sequência correta:

a. 436521
b. 543621
c. 354612
d. 463215
e. 345612

5. A respeito do filme “Narradores de Javé” assinale com a alternativa correta:

Numa das cenas finais do filme, Antônio Biá (José Dumont), revela aos moradores o
que pensa: para ele, o livro não salvará o povoado da inundação. Biá diz:
O que nós somos é um povinho desmilingüido que quase não escreve o próprio nome,
mas inventa histórias de grandeza pra esquecer a vidinha rala, sem futuro nenhum! E
"ocês crê" mesmo que os homens vão parar a represa e o progresso por um bando de
"analfabeto"? Não vão, não. Isso é fato. É científico!...

O desabafo de Biá pode dar margem a várias interpretações, exceto:

a. Ele próprio duvida das histórias que ouviu para registrar no livro e,
como não há prova cabal do que foi dito, põe em xeque a credibilidade
dos casos passados de geração em geração;
b. Ao fazer isso, Biá acredita que todo o esforço de registro será em vão,
pois os "castelos de areia" construídos pelos narradores de Javé se
desmancharão rapidamente nas águas da hidrelétrica;
c. Dessa maneira, a personagem não coloca em questão a situação de
abandono e crédito em relação à identidade de povos inseridos em
culturas marcadamente escritas.

d. Ao crer que o povo da cidadezinha não terá voz diante dos “homens”
que vão construir a represa, ele revela como gente humilde e casos
contados oralmente podem ser desvalorizados pela História, pela
ciência e pelo desenvolvimento e podem até deixar de existir
socialmente;

e. Nenhuma das alternativas está correta

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