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Crônica do incerto.

No início era um imbuído de um sonho quase intangível, nem mesmo sabia o que
poderia ser ou se poderia ser alguma coisa.
Começam os desafios e outros vêm compor aquela realidade irreal, enquanto o tempo
vai passando. O que era insólito se transforma numa mega estrutura de dar inveja, neste
percurso mágoas vão se solidificando e o segundo mais fraco, à sombra transforma
mágoa em rancor cultivado anos a fio.
Trancado em sua insignificância o rancoroso não desabrocha seu sentimento
simplesmente por ser um ser totalmente limitado, incompetente, viscoso e amargurado
ofuscado pela estrela de maior grandeza que lhe faz sempre arrastar pela penumbra.
Eis que surge a voz do incerto que estimula novos caminhos a trilhar. Pegando no ponto
fraco dos detentores do poder, perder poder. Destila seu canto de sereia doce e
entorpecente desnudando um mundo novo muito mais potente e sólido.
Tanto o primeiro quanto o segundo não sabem o que virá. Ira se abate e sucumbe o mais
fraco e canto doce se torna fel que contamina os terceiros que nem sabiam de nada.
A triunfal trajetória até aqui corre sério risco de descambar para derrocada e posterior
redenção de quartos ou quintos escrupulosos ou não, eis que o melodrama toma
contornos carnais onde lobo é cordeiro e este é serpente em busca do pote de ouro, ao
final tudo se resume ao pote de ouro.
Sentado nos milhões ser não chega a ser um ser, é sim poder e pode tudo inclusive
estancar o rio que irriga a incompetência. Valor no ter só pode levar o segundo ao
mundo metafísico onde crença é fato e real se torna abstrato, não basta ter tem que
comprar o impagável. Dentre as contradições nenhuma chega ao absoluto, o fato a priori
importa apenas que entre os feridos e os sobreviventes todos perdem, pior para o que
desencadeou a espiral.
O ciclo não tem fim nem volta ao antes, resta esperar o crime passional que se avizinha.

Leonardo Vitor S. C. Vale

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