Você está na página 1de 33

Capítulo 5

LIXIVIAÇÃO (SÓLIDO-LÍQUIDO) E EXTRAÇÃO (LÍQUIDO-LÍQUIDO)

Nesse capítulo discutiremos os métodos de remoção ou separação de um


constituinte sólido ou líquido por meio de um solvente ou solução líquida. Essa técnica é
subdividida em duas categorias. A primeira, denominada de lixiviação ou extração sólido-
líquido, o solvente é utilizado para dissolver um componente solúvel presente numa
mistura com um sólido insolúvel. A segunda, chamada de extração líquida, o solvente é
utilizado para separar dois líquidos miscíveis. Na extração líquida o solvente deve dissolver
preferencialmente um componente da mistura líquida original.

LIXIVIAÇÃO

1- Introdução
Muitas substâncias biológicas, inorgânicas e orgânicas estão presentes em
diferentes misturas com componentes sólidos. Na lixiviação, o solvente puro ou não com
determinadas características, é convenientemente misturado ao sólido previamente
preparado como objetivo de remover um soluto desejável ou indesejável.

Operação de lixiviação aplicada à biotecnologia e ao processamento de alimentos:


• Separação do açúcar da beterraba com água quente;
• Separação de óleo de sementes de cereais (amendoim, soja, algodão, girassol
milho etc) com solventes orgânicos (hexano, acetona, eter, etc);
• Na indústria farmacêutica, muitos produtos são obtidos por lixiviação de raízes de
plantas, talos e folhas);
• Na produção de café solúvel ou instantâneo, as sementes torradas e moídas são
lixiviadas com água.

Operação de lixiviação aplicada à materiais orgânicos e inorgânicos:


Muitos metais importantes encontram-se misturados com uma quantidade muito grande
de constituintes indesejáveis e a lixiviação é utilizada para esses metais como sais
solúveis.
• Sais de cobre são lixiviados de outro minerais de minerais com solução de ácido
sulfúrico ou solução amoniacal;
• Sais de níquel e cobalto são lixiviados com misturas de ácido
sulfúrico+amônia+oxigênio;
• Ouro é lixiviado do mineral com solução aquosa de cianeto de sódio

Etapas preliminares relevantes na operação de lixiviação:


• Preparação do sólido (moagem, corte em lâminas etc)
• Escolha do solvente ou solução extratora (seletividade, toxicidade, operações
posteriores de recuperação e reciclo do líquido)

2- Equipamentos para lixiviação

2.1- Lixiviação com a percolação do solvente ou solução extratora no leito fixo de


partículas, como ilustra a Figura 1 a seguir:
Figura 1- Lixiviação batelada em leito fixo.

2.2- Lixiviação em leito móvel (fluidização homogênea) como ilustra a Figura 2 a seguir:

(a) batelada (b) contínuo


Figura 2- Lixiviação em leito móvel.

2.3- Lixiviação contínua em estágios com fluxos contracorrentes

Os estágios são numerados no sentido do fluxo de sólidos, como ilustra a Figura 3


a seguir. Usualmente, assume-se que o sólido inerte (sólido isento do soluto) é insolúvel
no solvente extrator e que a taxa e sólido inerte é constante ao longo dos estágios. As
partículas retêm uma determinada quantidade de líquido e, essa solução retida que vai
sendo arrastada de um estágio para o outro, para pode ser constante ou variável
dependendo das propriedades dessas partículas (os dados de equilíbrio, obtidos no
laboratório, que vai mostrar essa característica).

Figura 3− Lixiviação contracorrente multiestágios em cascata.

Nomenclatura:
V ≡ taxa de solução ou soluto overflow [kg de solução/tempo ou kg de soluto puro/tempo]

2
L ≡ taxa de solução ou soluto retido [kg de solução/tempo ou kg de soluto puro/tempo]
ya ≡ fração molar de soluto na solução overflow que sai ou em Va
yb ≡ fração molar de soluto na solução ou solvente extrator que entra ou em Vb
xa ≡ fração molar de soluto na solução à entrada ou em La
xb ≡ fração molar de soluto na solução retida esgotada que sai ou em Lb

Linha de Operação Lixiviação em estágio com fluxos contracorrentes

Balanço material global para a solução, no volume de controlada Figura 3:


Vn +1 + L a = Va + L n (1)

Balanço material global para o soluto, no volume de controlada Figura 3:


Vn +1 y n +1 + L a x a = Va y a + L n y n (2)

Explicitando y n +1 da equação anterior, teremos:

⎛ L ⎞ V y − La xa
y n +1 = ⎜ n ⎟ x n + a a (3)
⎝ Vn +1 ⎠ Vn +1

Pontos terminais da Linha de Operação: ( x a , y a ) e ( x b , yb ) e considerando as taxas de


solução, ao longo dos estágios, constantes, então: Ln ≅ L a ≅ L b ≡ L e Vn ≅ Va ≅ Vb ≡ V ; o
que vale dize que L ( V ) é constante.
Cálculo do Número Ideal de estágios para taxa de solução retida underflow constate

a)Linha de Operação:
Massa de solução retida no sólido é independente da concentração de soluto na solução,
assim Ln é constante. Linha de Operação é LINEAR.

b)Linha de Equilíbrio
Como y e x é a fração de soluto na solução (overflow e retida) e como o estágio é de
equilíbrio. Linha de Equilíbrio é LINEAR do tipo y=x, como ilustra a Figura 4.

Figura 4- Linha de Equilíbrio e Linha de Operação para lixiviação para Ln constante.


Constatação importante da Figura 4: y *a = x a e y *b = x b

3
Nesse caso, o Número Ideal de estágios pode ser determinado analiticamente: Expressões
de Kremser
Força motriz (driving force) na lixiviação para a transferência de massa, é: y *n − y n +1
(similar à Absorção gasosa), como ilustra Figura 5.

Figura 5- Força motriz (driving force) na lixiviação para a transferência de massa.

Correlação de Kremser para lixiviação, LO e LE divergentes, por exemplo:

ln ⎢
(
⎡ y
b )
− y*b ⎤ (
⎡ y − y*
⎥ ln ⎢ b b ) ⎤⎥
N= ⎣
(
⎢ y
⎢ a )
− y*a ⎥⎥ (
⎢ y − y*
⎦ = ⎢⎣ a a ) ⎥⎥⎦ para A ≡ L
como m=1,0 então: A ≡
L
⎡ ⎤ ln A mV V
(y
ln ⎢ b
− ya ) ⎥
(
⎢ y*
⎢⎣ b )
− y*a ⎥⎥

Exemplo 1: Extração de parafina/cera de fibra de celulose com querosene. Duas (2)
toneladas por dia de papel contendo parafina devem ser lixiviadas com querosene numa
unidade de extração de estágio com fluxos contracorrentes. Calcular o número ideal de
estágios necessários, considerando que a mistura a ser tratada contém 75% (peso) e
polpa de papel e 25% (peso) de parafina. O solvente extrator contém 0,05 lbm de
parafina/100 lbm de querosene puro (livre de parafina). A polpa de papel após extração é
encaminhada a um evaporador para a remoção do querosene. O evaporador foi projetado
para operar com uma mistura contendo no máximo 0,2 lbm de querosene/100 lbm de
papel puro. A solução overflow esgotada tem 5 lbm de parafina/100 lbm de querosene.
Dados experimentais realizados indicam que o papel retém uma quantidade constante de
solução (parafina+querosene) que é transferida para os estágios. A quantidade retida de
solvente puro é 2,0 lbm de querosene/lbm de fibra de celulose pura.
Solução:
soluto: parafina
solvente: querosene
inerte sólido: papel
Importante: As expressões de Kremser APENAS podem ser aplicadas para a taxa de
solução retida constante, ou seja: L a ≅ Lb ≡ L
Consideração sobre o 1º estágio:
A solução retida no sólido inerte permanece constante, a partir do segundo estágio, o que
vale dizer que La (soluto puro) ≠ L1 (solução retida). Como conclusão dessa constatação,
PODEMOS aplicar a relação de Kremser para N − 1estágios.

4
Como o objetivo é aplicar a correlação de Kremser para N – 1 estágios; devemos calcular
as frações mássicas: x b , y b e y*b ≡ x b e x1 , y 2 e y*2 ≡ x1
Cálculo das frações mássicas nas extremidades e N – 1 de estágios:

Cálculo de yb: (base isenta de soluto)


lbm de parafina 0, 05
yb = = = 0, 0005
lbm de querosene 100
Cálculo de ya: (base isenta de soluto)
lbm de parafina 5
First stage é ideal, assim y a ≡ x1 = = = 0, 05
lbm de querosene 100
Para calcular xb, precisamos conhecer a quantidade de querosene em Lb ????

a) Balanço material global para o querosene (N estágios):


Base de cálculo: 100 lbm papel puro (livre de querosene e parafina) e assumindo que s é
a quantidade em lbm de querosene puro que entra na solução extratora.

Cálculo de xb: (base isenta de soluto)


lbm de parafina 0, 20
x b ≡ y*b = = = 0, 001
lbm de querosene 200
Para calcular y2 precisamos conhecer a quantidade de querosene e parafina em V2:
b) Balanço de massa para a parafina (N estágios):

5
25
Parafina que entra com o papel: 100 × = 33, 3 lbm
75
Parafina que entra com o querosene: 0, 0005 × s
0, 05 lbm de parafina → 100 lbm de querosene
( 0,05/100 ) × s ← s lbm de querosene
Total de parafina que entra: 33,3 + 0, 0005 × s
Parafina que saí com a suspensão esgotada: 0,2 lbm
Parafina que saí com solução overflow:
5, 0 lbm de parafina → 100 lbm de querosene
5
( s − 200 ) × =0,05 × s − 10 ← s − 200
100
Total de parafina que saí: 0, 05 × s − 10 + 0, 2 = 0, 05 × s − 9, 80
Balanço material global para a parafina:
33,
 3 + 0, 0005 ×
s = 0,
 05 ×
s − 9, 80

ou s = 871 lbm de querosene
entrada saida

Cálculo de y2 : (base isenta de soluto)


Precisamos calcular a taxa de solução overflow que deixa o segundo estágio V2 (ver
detalhamento do primeiro estágio):

lbm de parafina
x1 = = 0, 05
200
quantidade de parafina em L1 : 200 × 0, 05 = 10 lbm de parafina
lbm de parafina
ya = = 0, 05
671
quantidade de parafina em Va = 671 × 0, 05 = 33,55 lbm de parafina
Balanço material para a parafina no 1º estágio:
33,33 lbm + mp em Va = 33,55 + 10, então: mp em V2 = 10,22 lbm
10, 22
y2 = = 0, 0117
871
Correlação de Kremser:
L L1 200
A= = = ≅ 0, 23 , portanto A < 1,0 (linhas convergentes). A força motriz
mV 1 × V2 871
localiza-se na fase V, similarmente a absorção gasosa entretanto, a LE encontra-se acima
da LO, o que vale dizer que a força motriz nas extremidades é: y *b − yb ( ) e (y *
2 − y2 )e
( ) ( )
não y b − y*b e y a − y *a como na absorção gasosa:

y 2 = 0, 0117 , y *2 = x1 = 0,05 , y b = 0, 0005 e y *b = x b = 0, 001

6
ln ⎢
(
⎡ y* − y ⎤
2 2 ⎥ ) ⎡ ( 0, 05 − 0, 0117 ) ⎤

N −1 = ⎣ (
⎢ y* − y ⎥
⎢ b b ⎥ )⎦ =
ln ⎢


⎢ ( 0, 001 − 0, 0005 ) ⎦⎥
≅ 3, 00

ln ⎢
(
⎡ y* − y* ⎤
2 b ⎥ ) ⎡ ( 0, 05 − 0, 001) ⎤
ln ⎢ ⎥
⎢ ( y 2 − yb ) ⎥ ⎢⎣ ( 0, 0117 − 0, 0005 ) ⎥⎦
⎢⎣ ⎥⎦
Número Ideal de estágios: N = 3+1=4,0

Cálculo do Número Ideal de estágios para taxa de solução retida underflow


variável
Quando a taxa de solução retida no underflow varia de estágio para estágio, a Linha de
operação para a Lixiviação deixa de ser LINEAR. Para localizar corretamente a LO no
diagrama y versus, devemos obter alguns pontos intermediários ( y n +1 ; x n ) . Com os
pontos intermediários e as extremidades da LO, pode-se encontrar graficamente segundo
o procedimento de McCabe-Thiele. Os pontos intermediários da LO devem ser obtidos por
balanços materiais.

Exemplo 2: Extração de óleo de cereal com benzeno. Óleo de cozinha deve ser
extraído de sementes de cereais numa unidade contínua de extração com fluxos
contracorrentes. A planta deve produzir 1000 kg/hora de farelo ou torta de sementes
pura. O sólido devidamente preparado para a extração contém 400 kg/hora de óleo e 25
kg/hora de benzeno. O solvente extrator “fresco” contém 10 kg/hora de óleo e 655
kg/hora de benzeno. A polpa sólida esgotada no último estágio tem 60 kg de óleo não
extraído. Experimentos conduzidos numa unidade de laboratório indicam que a taxa de
solução retida no farelo depende da concentração de óleo na solução como mostra a
Tabela 1 a seguir. Encontrar

(i) Concentração da solução concentrada ou overflow? ya


(ii) Concentração da solução retida no sólido esgotado no primeiro estágio? xb
(iii) A taxa mássica de solução underflow, retida ou refinado que deixa a unidade
com o sólido esgotado? Lb
(iv) A taxa mássica de solução overflow ou extrato? Va
(v) Número de estágios ideais requeridos na separação? N
Tabela 1: Dados de solução retida no sólido
Concentração Solução retida Concentração Solução retida
kg de óleo/kg de solução kg/kg de sólido kg de óleo/kg de solução kg/kg de sólido
0,00 0,500 0,40 0,550
0,10 0,505 0,50 0,571
0,20 0,515 0,60 0,595
0,30 0,530 0,70 0,620

Solução:
Soluto: óleo; sólido: farelo ou torta e solvente extrator: benzeno
Definições mais convenientes, nesse caso:
x = fração mássica de óleo na solução retida no sólido
y = fração mássica de óleo na solução sobrenadante ou overflow
L = taxa mássica de solução retida no sólido
V = taxa mássica de solução overflow

7
Entrada de solução com o sólido: La = 400 + 25 = 425 de solução/hora
taxa massica de soluto em L a 400
xa = = = 0, 941
taxa massica de soluçao (L a ) 425

Entrada da solução extratora: Vb = 10 + 655 kg de solução/hora


fração mássica de soluto (óleo) na solução “fresca”:
taxa massica de oleo 10
yb = = = 0, 015
taxa massica de soluçao 655

Como determinar o valor de xb ? O VALOR DE xb DEVE SER OBTIDO POR TENTATIVA E


ERRO. , naturalmente x b < x a

Exemplo para x b = 0,10 (estimativa ou tentativa ); da Tabela 1, temos solução retida:


kg de soluçao retida
0,505
kg de solido
kg de soluçao kg de solido ou farelo
Lb = 0,505 × 1000 = 505 kg de solução/h
kg de solido hora
taxa mássica de soluto esgotado com a solução retida = 60 kg/hora
60
xb = = 0,119 (xb calculado maior que o estimado)
505

x b = 0,12 (segunda estimativa para xb); da Tabela 1, temos Solução retida:


kg de soluçao retida
0,507 (interpolação linear)
kg de solido
Lb = 0,507 × 1000 = 507 kg/h de solução
60
xb = ≅ 0,12 (xb calculado igual ao estimado) OK
507

• taxa de benzeno em Lb: 507- 60 = 447 kg/hora


• taxa de óleo na solução overflow ou extrato ?????
• óleo à entrada: 400 (com o sólido)+10 (com a solução extratora) =410
• óleo à saída: óleo no extrato ou overflow (não extraído)+ 60 (esgotado com o
farelo);
• óleo na solução overflow ou extrato: 410 − 60 = 350 kg/hora
• taxa de benzeno na solução overflow/extrato ?????
• benzeno que entra: 655 (solução extratora) + 25 (com o sólido) = 680 kg/hora
• benzeno que saí: Benzeno na solução overflow + 447 (benzeno em LB);
• Benzeno na solução overflow: 680 − 447 = 233 kg/hora

8
óleo na solução overflow + benzeno na solução overflow = Va, assim:
Va = 350 + 233 = 583 kg/hora
350
ya = = 0, 600
583
Repostas para os itens (i) a (iv):
(i) y a = 0, 60
(ii) x b = 0,118
(iii) Lb = 507 kg/hora
(iv) Va = 583 kg/hora

Para determinar o número ideal de estágios (N), temos que determinar pontos
intermediários da LO:
⎛ L ⎞ V y − La xa
y n +1 = ⎜ n ⎟ x n + a a
⎝ Vn +1 ⎠ Vn +1
Exemplo: para x n = 0,50 ; da Tabela 1, temos solução retida: 571 kg de solução/kg de
sólido puro, então:
Ln = 0,571 × 1000 = 571 kg de solução/hora (taxa de solução retida)
Balanço material global no volume de controle: Vn +1 + L a = Va + L n
Vn +1 = 583 + 571 − 425 = 729 kg/hora
Balanço material global no volume de controle para o soluto:
Vn +1 y n +1 + L a x a = Va y a + L n y n ou Vn +1 y n +1 = Va y a + L n y n − L a x a
Vn +1 y n +1 = 571 × 0,5 + 583 × 0, 6 − 400 = 253, 3 kg de óleo/hora
253, 3
y n +1 = = 0, 323
729
Plotando os pontos ( x a ; y a ) , ( x b ; yb ) e ( x n ; yn +1 ) no diagrama y versus x, observa-se
que a LO de operação apresenta uma ligeira curvatura, como pode ser visto na figura a
seguir.

Número Ideal de Estágios


N = 4,0

9
Exercício para casa 1: Extração de sal cobre de mineral. Uma bateria de extratores é
utilizada para extrair CuSO4 de mineral devidamente preparado. A cada hora, uma mistura
contendo 10 toneladas de ganga (inerte sólido); 1,2 toneladas de sulfato de cobre e 0,5
toneladas de água alimenta a bateria de extratores com fluxos contracorrentes. A solução
overflow/concentrada/extrato produzida deve conter 90% (peso) de água e 10% (peso)
de CuSO4. A recuperação de CuSO4 do mineral deve ser de 98%. A água pura é utilizada
como solvente extrator. Dados experimentais realizados mostram que a retenção e água
pura no sólido inerte (ganga) é constante e igual 1 tonelada de ganga pura/2 tonelada de
água pura. Admitindo-se que o equilíbrio é alcançado em cada estágio, calcular o número
IDEAL de estágios. (reposta: 10 estágios IDEAIS)

Solução:
Base: 10 toneladas de ganga inerte
CuSO4 que entra com a ganga: 1,2 toneladas
CuSO4 removido por extração: 0, 98 × 1, 2 = 1,176 toneladas
CuSO4 não removido e esgotado com a ganga: 0, 02 × 1, 2 = 0, 024 toneladas
x e y são as frações mássicas de soluto (CuSO4) em base isenta de soluto (solvente puro)

Consumo de água na bateria de extratores:


2, 0 toneladas de água
• Água que saí com a ganga: 10 toneladas de ganga x =20
1, 0 toneladas de ganga
toneladas de água
90
• Água que saí com a solução overflow 1,176 × = 10,58 toneladas de água
10
• Água que entra com alimentação de sólidos: 0,5 toneladas
• Consumo de água pura na bateria de extratores:
20 + 10,58 − 0,5 = 30, 08 toneladas de água

Cálculo das concentrações terminais da bateria de extratores:

yb = 0
0, 024
xb = = 0, 0012 = y *b
20
1,176
x a = y *a = = 0,1112
10,58
Como determinar ya ??????
m1
xa = = 0,1112 , então: m1=2,224 ton de CuSO4
20
Do balanço de para a H2O e CuSO4 no 1º estágio:

10
2, 2
ya = = 0, 0731
30, 08
Aplicando Kremser:

ln ⎢
(
⎡ y* − y ⎤
a )a ⎥
⎡ ( 0,1112 − 0, 0731) ⎤

N −1 = ⎣(
⎢ b )
⎢ y * − y ⎥ ln ⎢
b ⎥
⎦ =
⎢⎣ ( 0, 0012 − 0 ) ⎦⎥

≅ 8,5 ou N = 10 est. ideais de extração

ln ⎢
( a )
⎡ y* − y* ⎤
b ⎥
⎡ ( 0,1112 − 0, 0012 ) ⎤
ln ⎢ ⎥
⎢ ( y a − yb ) ⎥ ⎢⎣ ( 0, 0731 − 0 ) ⎥⎦
⎣⎢ ⎦⎥

Exercício para casa 2: Extração de óleo de fígado com éter. Uma bateria de extratores
é utilizada para extrair óleo de fígado utilizando éter como solvente extrator. Experimentos
mostram que massa de solução retida pelo material sólido inerte é função da
concentração da solução, como reporta a tabela a seguir. A unidade de extração deve ser
projetada para produzir 100 lbm de sólido esgotado puro e o sólido para a extração
contém 0,043 galão de óleo/1,0 lbm de sólido seco esgotado. Deseja-se uma recuperação
de 95% (peso) de óleo. A solução overflow ou extrato contém 0,65 galões de óleo/galão
de extrato. O solvente extrator (éter) entra puro na bateria de extratores. Quantos galões
de éter são necessários para a separação? Quantos estágios ideais de extração são
necessários?

Solução retida por Concentração da Solução retida por Concentração da


lbm de sólido inerte, solução overflow, lbm de sólido inerte, solução overflow,
galões galões de óleo/ galões galões de óleo/galões
galões solução solução
0,035 0 0,068 0,4
0,042 0,1 0,081 0,5
0,050 0,2 0,099 0,6
0,058 0,3 0,120 0,68

Solução:
x e y = frações volumétricas ou galões de óleo/galões de solução, nas fases L e V,
respectivamente;
Base de cálculo: 100 lbm de sólido esgotados

⎛ galões ⎞
Óleo à entrada da bateria de extratores: ⎜ 0,043
1 lbm de solido ⎟ × 100 lbm de solido =
⎝ ⎠
4,3 galões
Óleo com o sólido esgotado: 0, 05 × 4, 3 = 0,215 galões

11
Óleo com o solução overflow : 0, 95 × 4, 3 = 4,085 galões
EVa = galões de éter como solvente extrator
EVb = galões de éter na solução overflow
EL b = galões de éter na solução retina no sólido esgotado
0, 65 galoes de oleo 4, 085
ya = = então: EVa = 2, 20 galoes de eter
galao de soluçao 4, 085 + EVa
Concentrações terminais na bateria de extratores:
0, 215
y b = 0 (éter puro) e x b = (1)
0, 215 + EL b
y a = 0, 65 e x a = 1, 0
⎛ galoes de soluçao ⎞
Sabe-se que EL b = 100 × ⎜ ⎟ − 0, 215 (2)
kg de solido seco ⎠
⎝

dados de equilibrio

Como na tenho xb e também não tenho Lb então: procedimento iterativo


Estimativa xb , determina-se a solução retida em galões (tabela de dados experimentais)
Calcula-se EL b da Eq. (2) e determina-se x b até a convergência
Valores finais : x b = 0, 055 EL b = 3, 70 galoes de eter
galões de solução
solução retida = 0, 0392
lbm de sólido
Vazões volumétricas de solução Va e L a :
L a = 4,3 galões de óleo
Va = 4,085 +2,20 = 6,285 galões de solução
Como obter pontos intermediários da LO:
⎛ L ⎞ V y − La xa ⎛ L ⎞ 6, 285 × 0, 65 − 4, 3 × 1, 0
y n +1 = ⎜ n ⎟ x n + a a ou y n +1 = ⎜ n ⎟ x n + (3)
⎝ Vn +1 ⎠ Vn +1 ⎝ Vn +1 ⎠ Vn +1
Procedimento para o cálculo de coordenadas da linha de OPERAÇÃO ( x n ; yn +1 )
Estima-se xn < xa
Calcula-se a taxa de solução retida por lbm de sólido seco (Tabela):
⎛ galao de solucao ⎞
Posteriormente calcula-se Ln = 100 lbm de solido × ⎜ ⎟
⎝ lbm de solido ⎠
Do balanço material global para n estágio, teremos: Vn +1 = Va + L n − L a
Substituindo x n , L n e Vn+1 na Eq. (3), encontra-se o valor de y n +1
Exemplo: Para xn = 0,2
galoes de solução
Da tabela temos que solução retida é: 0, 050
lbm de sólido seco
Ln = 0, 050 × 100 = 5, 0 galões de solução
Vn +1 = 6, 285 + 5, 0 − 4, 3 = 6, 985 galões de solução

12
⎛ 5, 0 ⎞ 6, 285 × 0, 65 − 4, 3 × 1, 0
y n +1 = ⎜ ⎟ 0, 20 + = 0,112
⎝ 6, 985 ⎠ 6, 985

xn y n +1
0,20 0,112
0,40 0,285
0,60 0,482
0,68 0,568

N = 8,0 (estágios ideais)

13
LIXIVIAÇÃO

(Outro procedimento de Modelagem − Geankoplis, Capítulo 7)

Definições preliminares:
A = soluto
B = sólido inerte
C = solvente ou solução extratora
kg B kg solido lb solido
N= = =
kg A + kg C kg soluçao lb soluçao
kg A kg soluto
xA = = (líquido overflow/sobrenadante)
kg A + kg C kg soluçao
kg A kg soluto
yA = = (líquido na slurry/underflow)
kg A + kg C kg soluçao

A Figura 1 mostra dados de equilíbrio típicos para a lixiviação. A Figura 1a


ilustra o caso do soluto A infinitamente solúvel no solvente C (óleo de soja +
farelo + solvente).

Figura 1− Diagramas típicos para a lixiviação. (a) linhas de amarração (tie


line) verticais e y A = x A (b); y A ≠ x A tie line não vertical.
14
A Figura 1b mostra o caso que y A > x A , indicando que a ocorrência dos
seguintes efeitos: tempo de contato não foi suficiente e todo soluto não foi
dissolvido; o soluto encontra-se adsorvido no sólido ou ??????.
Obs: Se a linha de underflow ou N vs. yA for LINEAR e HORIZONTAL, indica
que a quantidade de líquido retido no sólido é CONSTANTE para qualquer
concentração de soluto na solução (xA), caso mais simples do livro do
McCabe.

a) Estágio Simples

Balanços materiais no esquema da Figura 2.

Figura 2− Balanços materiais para um estágio simples de lixiviação. (a)


caracterização das correntes (b) balanços materiais.

Global: L 0 + V2 = L1 + V1 = M (1)
Soluto (A): L 0 y A0 + V2 x A2 = L1 y A1 + V1 x A1 = M x AM (2)
⎛ kg solido ⎞ ⎛ kg A + C ⎞
Inerte (B): B = N0 ⎜ ⎟ L0 ⎜ ⎟ + 0 = N1 L1 + 0 = NM M (3)
⎝ kg A + C ⎠ ⎝ h ⎠
Onde:
⎛ kg A + C ⎞
M≡⎜ ⎟ = taxa total da solução no estágio
⎝ h ⎠
x AM e NM são as coordenadas do ponto M no diagrama de equilíbrio do tipo
N vs. y A ou x A (Figura 2b).
O balanço material para o componente C (solvente) NÃO É ÚTIL. A equação
oriunda desse balanço NÃO é INDEPENDENTE, considerando que:
x A + x C = 1, 0 e y A + y C = 1, 0
L 0 + V2 = M Reta que passa por M
L1 + V1 = M reta que passa por M tie line e é VERTICAL porque: x A1 = y A1

15
Exemplo 1: Estágio simples para extração de óleo de flocos de soja.
Numa unidade simples de extração 100 kg de flocos de soja com 20 %(peso)
de óleo são lixiviados com 100 kg de hexano puro. Para N constante,
independente da concentração da solução, e igual 1,5 kg de sólido/kg de
solução localizar o ponto M no diagrama.

Solução:
Dados: V2 = 100 kg (solvente puro), x A2 = 0 e x C2 = 1,0
80 kg solido
B = 80 kg ( inerte ) ; L 0 = 20 kg e N0 = = 4, 0 e y A0 = 1, 0
20 kg soluçao
A curva de equilíbrio para o sistema (óleo de soja + farelo + hexano) na
forma N vs. xA ou yA foi fornecida e para esse sistema, nessas condições,
x A1 = y A1
Substituindo os dados nas equações de balanço, teremos:
Global: L 0 + V2 = 20
N + 100
N = 120 kg = M (1)
oleo com flocos solvente puro
Para o soluto: L 0 y A0 + V2 x A2 = M x AM ou 20 (1) + 100 ( 0 ) = 120 ( x AM ) (2)
20
Da equação (2) teremos: x AM = = 0,167
120
Para o inerte: B = N0 L 0 = 4, 0 ( 20 ) = 80 = NM M = NM (120 ) (3)
80
Da equação (3) teremos: NM = = 0, 667
120
kg solido
Coordenadas do ponto M: x AM = 0,167 e NM = 0, 667
kg soluçao
Linha de amarração (tie line): L1 + V1 = M = 120 ; liga V1 e L1 é vertical
( x A1 = y A1 = 0,167 ) e passa pelo ponto M com mostra a figura abaixo.
kg solido
N0 = 4,0
kg soluçao
kg solido
N1 = 1,5
kg soluçao
kg solido
NM = 0, 667
kg soluçao
y A0 = 1, 0 e x A2 = 0 e
x A1 = y A1 = 0,167

16
b) Lixiviação múltiplos estágios com fluxos contracorrentes

Uma unidade de extração com fluxos contracorrentes é esquematizada na


Figura 3 a seguir:

Figura 3− Lixiviação em estágios com fluxos contracorrentes utilizando


espessadores ( thickeners).

Efetuando o balanço material na unidade com N extratores da Figura 4:

Figura 4− Esquema da unidade de extração com fluxos contracorrentes.

Global em n extratores: Vn+1 + L 0 = V1 + Ln (4)


Soluto em n extratores : Vn+1 x n+1 + L 0 y 0 = V1 x1 + L n yn (5)
Linha de operação; explicitando x n+1 da Eq. (5), teremos:
1 V x − L0 x0
x n+1 = yn + 1 1 (6)
1 + ( V1 − L 0 ) / Ln L n + V1 − L 0
Os pontos extremos ou terminais da LO no diagrama N vs. x ou y são:
( x1; y 0 ) e ( xN+1; yN )
17
Global em N extratores: L 0 + VN+1 + = LN + V1 = M (7)
Soluto em N extratores : L 0 y A0 + VN+1 x AN+1 = LN y AN + V1 x A1 = M x AM (8)
Inerte B em N extratores: B = N0 L 0 = NN LN = NM M (9)
Nas equações anteriores:
⎛ kg A + C ⎞
M = taxa mássica TOTAL da solução nos N extratores ⎜ ⎟
⎝ h ⎠
NM e x AM = coordenadas do ponto M no diagrama N vs. x ou y

A Eq. (7) mostra que L 0 M VN+1 é LINHA RETA


A Eq. (7) mostra que V1 MLN é LINHA RETA

Para um sistema de extração múltiplos estágios, usualmente conhecemos as


taxas de entrada L 0 e VN+1 e as composições dessas correntes y A0 e x AN+1
As coordenadas do ponto M ( x AM;NM ) podem ser obtidas utilizando as
Equações (7) a (9). Assim, o ponto M pode ser localizado no diagrama N vs.
x ou y e, considerando que V1 MLN é uma linha reta pode-se localizar LN e
V1 no diagrama, como ilustra a Figura 5.

Figura 5− Procedimento para obter graficamente o número ideal de estágios


(N) para lixiviação com fluxos contracorrentes.
18
Ponto de Operação (∆)

Balanço global para o estágio 1 (Figura 4): L 0 + V2 = L1 + V1 (10)


Balanço global para o estágio n (Figura 4): L n−1 + Vn+1 = Ln + Vn (11)
Rearranjando a Eq. (10), pode-se obter a diferença de taxas ∆ ( kg / h ) para
os estágios: L 0 − V1 = L1 − V2 = ∆ (12)
O valor desse parâmetro ∆ ( kg / h ) é constante é pode ser aplicado para
todos os estágios: ∆ = L 0 − V1 = Ln + Vn+1 = LN + VN+1 = " (13)
Coordenadas do ponto de operação ∆ (x A∆ ;N∆ )

Balanço material para o soluto A:


L 0 y A0 − V1 x A1 LN y AN − VN+1 x AN+1
x A∆ = = (14)
(L 0 − V1 ) ≡ ∆ (LN − VN+1 ) ≡ ∆
Balanço material para o inerte B (Figura 4):
B 0 = N0 L 0 = NM LM = N∆ L ∆ = B ≡ cons tan te ou,
B N L
N∆ = = 0 0 (15)
L 0 − V1 L 0 − V1
Procedimento gráfico para encontrar o número de estágios:
Linha ∆ L 0 no diagrama N vs. x ou y para determinar V1
Linha de amarração vertical ( x1 ; y1 ) por V1 para determinar L1 (1º estágio)
Linha ∆ L1 no diagrama N vs. x ou y para determinar V2
Linha de amarração vertical ( x 2 ; y 2 ) por V2 para determinar L 2 (2º estágio)
Deve-se repetir esse procedimento até LN+1
De acordo com a Figura 4 ( N=3,5 estágios ideais)

Exemplo 2: Bateria para extração de óleo de cozinha. Uma unidade


multiestágios com fluxos contracorrentes é utilizada para extração de óleo
utilizando benzeno (B3) como solvente. A unidade deve processar 2000 kg/h
de inerte puro, contendo 800 kg de óleo (A) e 50 kg de benzeno (C). A
solução extratora contém 1310 kg de benzeno e 20 kg de óleo. O sólido
inerte esgotado contém 120 kg de óleo não extraído. Ensaios experimentais
de sedimentação, conduzidos num extrator de banca, mostraram que a
quantidade de solução retida no inerte é dependente é da concentração de
soluto na solução. Os dados de N (kg de sólido inerte/kg de solução) e yA (kg
de óleo/kg solução) são mostrados na tabela a seguir:

19
N yA N yA
2,00 0 1,82 0,4
1,98 0,1 1,75 0,5
1,94 0,2 1,68 0,6
1,89 0,3 1,61 0,7

Calcular as quantidades (LN e V1 ) e as concentrações ( y AN e x A1 ) das


correntes de saída da bateria de extratores e o número de estágios (N)
necessários para a separação.

Solução:
Dados:
kg 800
L 0 = 800 + 50 = 850 e y A0 = = 0, 941
h 850
kg 2000
B = 2000 B = N0 L 0 ou N0 = = 2,36 (kg sólido/kg solução)
h 850
kg 20
VN+1 = 1310 + 20 = 1330 e x AN+1 = = 0,015
h 1330
Pode-se locar os pontos ( VN+1 ;L 0 ) no diagrama y vs. x
Coordenadas do ponto M:
L 0 + VN+1 + = 850 + 1330 = 2180 = M
L 0 y A0 + VN+1 x AN+1 = M x AM = 850 × 0, 941 + 1330 × 0,015 = 2180 x AM ou
x AM = 0,376
B = NM M = 2000 = NM ( 2180 ) ou NM = 0, 918

Locação do ponto M: ( 0,376;0, 918 )

Como localizar LN (taxa de solução com o sólido esgotado) ????


120 kg de óleo não extraído saí com o sólido esgotado
NN kg solido/kg soluçao 2000
= = =16,67
y AN kg oleo/kg soluçao 120
Inicialmente deve-se traçar uma reta por,
(N = 0; y A = 0 ) ou seja a origem do diagrama
N vs. x ou y, com inclinação de 16,67. A
intersecção reta com a curva de N vs. y ,
teremos o ponto LN , cujas coordenadas são:
NN = 1, 95 e y AN = 0,118 .

20
⎧⎪Global : LN + V1 = M = 2180

⎪⎩Soluto : LN y AN + V1 x A1 = M x AM = LN ( 0,118 ) + V1 ( 0,60 ) = 2180 ( 0, 376 )
Resolvendo simultaneamente o sistema anterior, tememos:
LN = 1016 kg / h e V1 = 1164 kg / h
Ponto de Operação ∆:
Interseção das projeções das Linhas L 0 V1 e LN VN+1
Linha de amarração vertical ( x1 ; y1 ) por V1 para determinar L1 (1º estágio)
Linha ∆ L1 no diagrama N vs. x ou y para determinar V2
Linha de amarração vertical ( x 2 ; y 2 ) por V2 para determinar L 2 (2º estágio)
Deve-se repetir esse procedimento até LN+1
De acordo com a figura abaixo ( N=3,9 estágios ideais)

21
EXTRAÇÃO LÍQUIDO-LÍQUIDO

Introdução:
Quando a separação por destilação é ineficiente ou muito difícil, a extração líquida é das
principais alternativas a ser considerada. Para separar misturas líquidas cujos
componentes apresentam volatilidade relativa próxima de 1,0 ou substâncias sensíveis
termicamente, pode-se aplicar a extração em substituição à destilação a vácuo, por
exemplo. Na extração utiliza-se a diferença de solubilidade dos componentes em
substituição a diferença de pressão de vapor.

Algumas aplicações de extração:

• Recuperação de penicilina do caldo de fermentação pela extração com solvente


como butil acetato, por exemplo;
• Recuperação de ácido acético de soluções aquosas diluídas (ver propriedades físicas
na tabela abaixo)
Componente Temp. Ebulição (°C)
Ácido acético 118
Água 100
Éter isopropílico 69
• Refino de petróleo: A maior aplicação da extração concentra-se na separação de
produtos oriundos do petróleo que apresentam diferentes estruturas químicas e a
mesma faixa de temperatura de ebulição, como por exemplo: óleos lubrificantes (Tb
>300°C) são tratados com solventes polares com baixa temp. de ebulição como:
fenol, furfural ou metil pirrolidona para extração de aromáticos, deixando no óleo
componentes parafínicos e naftênicos;
• Recuperação de óleo de líquidos residuais no processamento mecânico.

Equipamentos para extração


Os equipamentos para a extração podem operar em batelada ou contínua. Uma
determinada quantidade de líquido (soluto + líquido diluente) é misturada
convenientemente com o solvente extrator, como ilustra esquematicamente a Figura 1 a
seguir.

Figura 1- Esquema simplificado de uma unidade simples de extração batelada.

Fase líquida I: diluente+soluto+solvente


Fase líquida II: diluente+soluto+solvente

22
Figura 2− Torre spray como bico para a distribuição (A) do líquido leve ou light.

Extrato: Fase líquida constituída, predominantemente, pelo solvente + soluto, ou de outra


forma, a fase para onde o soluto se transferiu (usualmente é fase mais leve)
Refinado: Fase líquida de onde se extraiu o soluto (usualmente é fase mais pesada)

Geralmente vários estágios de extração são necessários para uma determinada separação;
então pode-se utilizar misturadores e tanques de separação/decantação com fluxos
contracorrentes como ilustra a Figura 3:

Figura 3− Sistema de extração com misturadores e decantadores.

23
Equilíbrio líquido-líquido para misturas ternárias

As coordenadas do triângulo eqüilátero são utilizadas para representar dados de equilíbrio


para um sistema com três componentes, uma vez que precisamos de três eixos. O
diagrama é a representação gráfica que mostra que os componentes A (solvente) e B
(diluente) e C (soluto). A Figura 3 ilustra as coordenadas do diagrama triangular.
1) triângulo eqüilátero:

Figura 3- Coordenadas do diagrama triangular.


Características do diagrama ternário ou triangular:

a) vértices do triângulo: componentes puros (A, B ou C)


b) lados do triângulo: mistura binárias (A+B, A+C ou C+B)
c) qualquer ponto no interior do digrama ternário: mistura ternária (A+B+C)

Como determinar as composições do ponto genérico M ???


Traçar linhas paralelas ao lado oposto dos vértices do triângulo, passando pelo ponto M.
x A + xB + x C = 0, 40 + 0, 20 + 0, 40 = 1, 0 (ver Figura anterior)
A Figura 4 a seguir, mostra a curva ou envelope que divide região monofásica da região
com duas fases. Mistura original representada pelo ponto M, após agitação, se separa em
duas fases a e b e estão em equilíbrio. A linha de amarração, equilíbrio ou tie line passa
por M a e b. O ponto P é denominado de plait point
Exemplos:
Methyl isobutyl ketone (A)
Water (B)
Acetone (C)

Water (A)
Chloroform (B)
Acetone (C)

Figura 4− Diagrama de equilíbrio líquido-líquido para os componentes A e B parcialmente


miscíveis em C.
Características da Figura 4:

24
a: composição da fase extrato (rica em A) em equilíbrio com b
b: composição da fase refinado (rica em B) em equilíbrio com a
aMb: linha de equilíbrio ou amarração que passa por M
ponto P: plait point igualdade das composições das fases extrato e refinado

2) triângulo retângulo: (ver Figura 5 a seguir)

Figura 5− Diagrama de equilíbrio (triângulo retângulo).


Características da Figura 5:
a: composição da fase extrato (rica em C) em equilíbrio com b
b: composição da fase refinado (rica em B) em equilíbrio com a
aMb: linha de equilíbrio ou amarração que passa por M
ponto P: plait point igualdade das composições das fases extrato e refinado

Exemplos: Sistema 1: Acetona + metil isobutil cetona (MIK) + água à 25 °C, ver Figura 6
a seguir. diluente: água; soluto: acetona e solvente extrator: MIK.

Figura 6- Sistema acetona, MIK e água à 25C.

25
Sistema 2: Anilina + n-heptano + metilciclohexano (MCH) à 25 °C, ver Figura 7 a seguir.
diluente: n-heptano; soluto: MCH: solvente extrator: analina

Figura 7− Sistema anilina, n-heptano e MCH à 25 °C

Exercício Provão 2003


De modo a evitar danos ao meio ambiente, um efluente contendo inicialmente 30% e
massa de acetona e 70% de água é submetido a um processo de extração com metil
isobutil cetona (MIBK). A mistura produzida apresenta 20% de acetona, 47% de água e
33% de MIBK.

a) Calcule a fração de acetona recuperada no extrato, considerando-se um único


estágio de equilíbrio.
b) O que você recomenda para reduzir o teor de acetona no refinado?

Solução: Localização do ponto M no diagrama ternário


xH2O = 0, 47 x acetona = 0, 20 e xMIBK = 0, 33

26
linha de amarração que ponto M (linha contínua não precisa interpolar) e localiza os
pontos a e b

composição do ponto a (extrato): 0,25 de acetona; 0,71 de MIK e 0,04 de água


composição do ponto b (refinado): 0,15 de acetona; 0,04 de MIK e 0,82 de água

Fração de acetona no extrato: 25% (pequena recuperação)

a relação entre as quantidades de Solvente puro (S) e solução F (30% de acetona 70% de
S MF 2, 9
água) pode ser obtida pela regra da alavanca: = = = 0,5 . Para reduzir a o
F S M 5, 8
teor de acetona no refinado, o ponto M deve descer um pouco ou devemos aumentar a
quantidade de solvente extrator na mistura.
Como funciona essa Regra da Alavanca (arm rule)

Balanços matéria no extrator simples:


Global: V + L = M (a)
Componente A: V y A + L x A = M x AM (b)
Componente C: V y C + L x C = M x CM (c)

Combinado as Eqs. (a) e (b), teremos:


L y A − x AM
= (d)
V x AM − x A

27
Combinado as Eqs. (a) e (c), teremos:
L y C − x CM
= (f)
V x CM − x C
Igualando as Eqs. (d) e (f) teremos:
L y C − x CM y A − x AM
= = (g)
V x CM − x C x AM − x A

Assim, L, V e M estão alinhados numa LINHA RETA. Utilizando propriedades de


semelhança de triângulos retângulos, teremos:
L ( kg) seg(VM)
=
V ( kg ) seg(LM)

Extração líquido-líquido em estágios com fluxos contracorrentes

Considerando N extratores com fluxos contracorrentes como ilustra a Figura 8 a seguir:

Figura 8− Sistema de extração com estágios e fluxos contracorrentes.

Definições preliminares relevantes:


V = taxa mássica ou volumétrica de extrato (soluto+diluente+solvente)
L = taxa mássica ou volumétrica de refinado (soluto+diluente+solvente)
y A = fração mássica ou volumétrica de soluto (A) no extrato
x A = fração mássica ou volumétrica de soluto (A) no refinado

A Linha de Operação para a bateria de extratores é obtida de forma clássica, balanço


material nos n primeiros estágios de equilíbrio:
i) global:

28
Vn +1 + L a = Va + L n (1)
ii) para o soluto:
⎛ L ⎞ V y − La xa
y n +1 = ⎜ n ⎟ x n + a a (2)
⎝ Vn +1 ⎠ Vn +1

Na extração líquido-líquido:
Lb ≤ L n ≤ L a e Vb ≤ Vn +1 ≤ Va
Procedimento de McCabe-Thiele para obter o número Ideal (N) de estágios (ver Figura 9):

Do diagrama ternário de equilíbrio: Acetona + metil isobutil cetona (MIK) + água à 25 °C

Figura 9− Diagrama McCabe-Thiele para a extração.

Exemplo: Planta de extração com fluxos contracorrentes para extração: A acetona


(A) deve ser extraída de uma solução aquosa utilizando meti isobutil cetona (MIK) como
solvente extrator à 25 °C. A alimentação é constituída de uma mistura com 40% de
acetona e 60% de água. Solvente puro com quantidade igual ao da solução é utilizada
como solvente extrator. Calcular a número ideal de estágios necessários para remover
99% da acetona presente na alimentação? Qual a composição fina do extrato?

Solução:
Base de cálculo: Vb = 100 umidades de massa de MIK por unidade de tempo
L a = 100 unidades de massa da mistura por unidade de tempo com 40% de (A) ou
L a = 100 = 40A + 60H2O
Sabes-se que as correntes de refinado (Lb) e extrato (Va) são misturas ternárias.
Definições preliminares importantes:
n
n = taxa mássica de H2O no extrato (Va); assim: yH2O,a =
Va
m
m = taxa mássica de MIK no refinado (Lb); assim: xMIK,b =
Lb

A recuperação deve ser de 99%; então:

29
0, 99 × 40 = 39, 6A no extrato (Va)
0, 01 × 40 = 0, 4A no refinado (Lb)
Va = 39, 6A + nH2O + (100 − m ) MIK = 139, 6 + n − m (1)
Lb = 0, 4A + ( 60 − n ) H2O + mMIK = 60, 4 + m − n (2)

Duas equações (1) e (2) e quatro incógnitas: n, m Va e Lb → Procedimento iterativo


infelizmente

1ª estimativa: n e m DEVEM ser valores pequenos, em virtude da elevada recuperação e


como conseqüência n e m podem-se anular nas Equações (1) e (2). Assim:
A em Va 39, 6
y A,a ≅ = = 0, 283
Va 140

A em Lb 0, 4
x A,b ≅ = = 0, 0067
Lb 60
Atenção: Essas estimativas iniciais serão corrigidas após o cálculo de n e m.

Do diagrama ternário: para y A,a = 0, 283 então: yH2O,a = 0, 049


n n 0, 049
yH2O,a = 0, 049 = = , ou ainda n = (139, 6 − m) (1)
Va (139, 6 + n − m ) 1 − 0, 049
0, 049
[Para m muito pequeno ou m  0 (consid. feita anteriormente): n ≅ (139, 6 ) = 7, 2 ]
0, 951
Do diagrama ternário: para x A,b ≅ 0, 007 então: xMIK,b = 0, 02
m m 0, 02
xMIK,b = 0, 02 = = ou m = ( 60, 4 − n) . Substituindo o valor de n
L b ( 60, 4 + m − n ) 1 − 0, 02
0, 02
encontrado anteriormente, teremos: m = ( 60, 4 − 7, 2 ) = 1,1 .
1 − 0, 02
0, 02
Recalculando o valor de n, teremos: n = ( 60, 4 − 7, 2 ) = 7,1
1 − 0, 02
39, 6
Va = 139, 6 + 7,1 − 1,1 = 145, 6 y A,a = = 0, 272
145, 6
0, 4
Lb = 60, 4 + m − n = 60, 4 + 1,1 − 7,1 = 54, 4 x A,b = = 0, 0074
54, 4

Pontos terminais da LO: ( x A,b ; y A,b ) e ( x A,a ; y A,a ) ou ( 0, 0074;0 ) e ( 0, 40;0, 272 )

Como calcular pontos intermediários da LO ????

Estima-se um valor para 0 < y A,n +1 < 0, 272


Exemplo: para y A,n +1 = 0,12
Do diagrama ternário: para y A,n +1 = 0,12 , temos: yH2 0,n +1 = 0, 03 e yMIK,n+1 = 0, 85

Balanços materiais nos n primeiros estágios na bateria de extratores:

30
Global: Vn +1 + 100 = 145, 6 + Ln (3)
Para o soluto: Vn +1 ( y A,n +1 ) + 100 ( x A,a ) = 145, 6 ( y A,a ) + L n ( x A,n ) ou
Vn +1 × 0,12 + 100 × 0, 4 = 145, 6 × 0, 272 + Ln x A,n (4)

Analisando as Eqs. (3) e (4), temos: 02 equações de e 03 incógnitas ( Vn+1 ;Ln e x A,n ) ,
então: Procedimento Iterativo:
1ª estimativa para Vn +1 =117 , considerando que 100 < Vn +1 < 145, 6
Da Eq. (3), Ln = 117 + 100 − 145, 6 = 71,4
14, 4368
Da Eq. (4), 71, 4 ( x A,n ) = 117 × 0,12 + 100 × 0, 4 − 145, 6 × 0, 272 ou x A,n = = 0, 203
71, 4
Como saber se o valor de x A,n está correto? Os valores de Ln ; Vn +1 e x A,n podem ser
recalculados fazendo o balanço para outro componente, como MIK, por exemplo. Para
x A,n = 0, 203 , do diagrama ternário xMIK,n ≅ 0, 03
Fazendo o balanço material para o MIK para os n primeiros estágios da bateria:
Do diagrama ternário, extrato para y A,a = 0, 272 → yMIK,a = 0, 68
Vn +1 ( yMIK,n +1 ) + 0 = L n ( xMIK,n ) + Va ( yMIK,a ) ou Vn +1 ( 0, 85 ) = 71, 4 × 0, 03 + 145, 6 × 0, 68
101,1
Vn +1 = = 118, 9 (revisado)
0, 85
Fazendo o balanço global:
Vn +1 + 100 = 145, 6 + Ln ou Ln = 118,9 + 100 –145,6 = 73,3 (revisado)
Vn +1y A,n +1 + 100x A,a = 145, 6y A,a + Ln x A,n
ou 118, 9 × 0,12 + 100 × 0, 40 = 145, 6 × 0, 272 + 73, 3 x A,n x A,n = 0, 20 OK
ponto intermediário: ( x A,n ; y A,n +1 ) ou ( 0, 20 ; 0,12 )
O procedimento de McCabe-Thiele para determinação do número ideal de estágios de
extração (N), ver figura abaixo:

31
McCabe-Thiele para o exemplo de extração em estágios.
N = 3,4 estágios ideiais

Extração sólido-líquido com fluido supercrítico

A extração supercrítica vem sendo considerada uma técnica atrativa, principalmente no


que diz respeito ao meio ambiente e à qualidade dos produtos, por ser um processo livre
de resíduos e não provocar a degradação do extrato.
Esta nova técnica de extração apresenta a característica de empregar como solvente um
gás denso (fluido supercrítico), além da possibilidade de operar com alta seletividade e
eficiência, permitindo a extração diferencial de solutos.
As principais áreas de aplicação são indústrias de alimentos, farmacêutica, cosmética e
química fina por envolverem produtos de alto valor agregado nos quais a qualidade é
determinante. Ver diagrama de fase para um componente puro na Figura 10.
Acima de uma certa temperatura e pressão os gases passam por um estado intermediário
entre o líquido e o gasoso: tornam-se supercríticos, podendo então agir como solventes. O
CO2, por exemplo, pode dissolver ou incorporar a maioria das moléculas orgânicas. A
principal limitação da extração supercrítica deve-se às dificuldades de se operar, com
segurança, temperaturas e pressões elevadas (às vezes superior a 1000 atm).

32
TP: ponto triplo
CP: ponto crítico
SCF: supercritical fluid
CO2 é muito utilizado na indústria de
alimentos
TC = 31,6 °C
PC = 73,8 bar

Figura 10− Diagrama de fase para um componente puro.

Esquema simplificado de uma unidade de extração sólido-líquido com fluido supercrítico.

33

Você também pode gostar