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Cuidados de Enfermagem ao

Doente com Aparelho Gessado

Os aparelhos gessados são dispositivos rígidos de imobilização externa que


envolvem uma região do corpo, de forma a mantê-la numa posição adequada. São
usados no tratamento de fracturas e, em certas situações, na imobilização após uma
cirurgia ortopédica.

Os doentes do foro músculo-esquelético são cada vez mais frequentes devido,


em grande parte, a acidentes com veículos motorizados, quedas, acidentes decorrentes
de práticas desportivas e recreativas. A imobilização das fracturas, para além de as
estabilizarem, permite o alívio da dor, diminui a hemorragia, evita complicações
vasculares e nervosas e combate o risco de choque.
Segundo LIDDEL (1994), um aparelho gessado é um dispositivo utilizado para a
imobilização externa de uma parte do corpo. É rígido e molda-se à região à qual é
aplicado. É utilizado para imobilizar e estabilizar uma fractura reduzida, corrigir
deformidades, aplicar uma pressão uniforme nos tecidos moles subjacentes e
proporcionar apoio ou estabilidade às articulações enfraquecidas.
Normalmente, os aparelhos gessados permitem a mobilização precoce do doente,
promovendo a sua autonomia mas restringindo o movimento da área do corpo afectada.

Cuidados de Enfermagem

Antes da colocação do aparelho gessado

► Preparação do ambiente e do material necessário


- O ambiente deve ser calmo, agradável, aquecido, sem ruídos.

Material necessário à execução de um aparelho gessado

● Ligaduras de algodão laminado;


●Ligaduras de Cambric;
● Ligaduras de gesso;
● Ligadura de Gersy;
● Luvas;
● Recipiente com água tépida;
● Lâmina de bisturi;
● Serra eléctrica de gesso;
● Marquesa;
● Rx do doente;
● Material de penso.
► Preparação psicológica

- Visa diminuir a ansiedade e responder ao défice de conhecimentos acerca do esquema


terapêutico, por isso o Enfermeiro deve:
● Solicitar a colaboração do doente;
● Explicar as complicações e sensações que podem surgir;
● Esclarecer acerca de todos os procedimentos.

► Preparação Física

● Higiene correcta da zona a envolver, pois reduz a incidência de soluções de


continuidade da pele;
● Tricotomia se necessário;
● Avaliação do estado da pele e tecidos moles (estado neurovascular, grau e
localização de edemas, equimoses, presença de escoriações e soluções de continuidade);
● No caso de existirem feridas no local, onde se vai aplicar o gesso, estas devem
ser protegidas com um penso estéril após lavagem e desinfecção. Deve ser aberta uma
“janela” após a secagem do gesso para a execução dos pensos;
● Envolver a região com ligadura de algodão laminado e almofadar as zonas de
pressão de forma a proteger a pele e nervos superficiais de compressões nas
proeminências ósseas;
● Manter o alinhamento do membro.

Acções de enfermagem a prestar quando


da execução de um aparelho gessado

Acções de Enfermagem Justificação

1 – Cobrir as zonas não afectadas do 1 – Evita a exposição excessiva e o contacto


doente. de outras partes do corpo com o material de
gesso.

2 – Apoiar a região afectada. 2 – Minimiza o movimento, mantém a


redução e o alinhamento; diminui o
desconforto.

3 – Manter o alinhamento do membro 3 – Reduz a incidência de complicações


afectado durante a execução do (consolidação viciosa, contracturas,
procedimento. pseudoartrose).
4 – Durante a execução do gesso apoiar não 4 – Evita complicações. Permite uma
com os dedos mas sim com superfícies pressão uniforme ao longo de todo o
planas das mãos. aparelho gessado.

5 – Aplicar uniformemente, com 5 – Cria um aparelho liso, sólido e bem


movimentos contínuos, mantendo contacto contornado. Facilita aplicação regular e
constante com a parte corporal. permite modelar correctamente o gesso para
um apoio adequado.
6 – Finalizar o aparelho tendo em atenção 6 – Reforçar o aparelho, protege a pele de
as bordas regulares (regularizar e remodelar escoriações, garante uma aplitude plena de
com bisturi ou serra de gesso) e reforçar ao movimento das articulações livres.
nível das articulações e nos pontos onde o
aparelho irá suportar maiores pressões.

Sinais de compromisso neurocirculatório:

■ Dor;
■ Edema;
■ Mudança de coloração (palidez ou cianose);
■ Pulsos periféricos diminuídos ou ausentes;
■ Parestesias;
■ Perda motora ou sensorial;
■ Extremidades frias;
■ Preenchimento capilar mais lento;
■ Sensação de aperto/constrição.

Após a execução do Aparelho Gessado


► Prestar cuidados de higiene das zonas não envolvidas pelo gesso;
► Expor a área gessada ao ar de forma a permitir a secagem. Um aparelho gessado seco
fica branco e brilhante, ressonante, inodoro e rígido, enquanto um húmido fica
acinzentado, produz um som mudo ao ser repercutido, transmite a sensação de
humidade e possui mau cheiro. Por isso não se deve cobrir o gesso com roupa, pois
restringe a evaporação, dificulta a secagem e não permite avaliar sinais de compromisso
neurocirculatório;
► Manter o membro alinhado e elevado (cerca de 10cm, não deve ficar mais alto que o
nível do coração, a fim de promover a circulação arterial);
► Avaliar sinais de compromisso neurocirculatório.

Outros Cuidados

► Ter em atenção a administração de analgésicos que possam mascarar situações de


dor provocada por ulceração;
► Na presença de sinais de compromisso neurocirculatório avisar o médico e proceder
à gypsiotomia; abrir também a ligadura de algodão subjacente até se observar a pele.
Ter em atenção que poderá ser necessária uma fasciotomia;
► Higiene cuidada de forma a manter o gesso seco, limpo e livre de odores
desagradáveis;
► Auxiliar o doente nas actividades diárias, promovendo o auto cuidado;
► Observar a pele adjacente ao gesso de forma a avaliar irritação, desconforto e
detectar zonas de pressão. Fazer limpeza dessas áreas e massajar com pomada
protectora;
► Promover uma boa mobilidade de forma a manter a mobilidade das articulações, o
tónus muscular, prevenir a atrofia dos músculos e os mais diversos problemas nos
vários aparelhos, através da execução de movimentos activos e passivos, contracções
isométricas e isotónicas;
► Não cobrir o gesso com produtos plásticos ou de borracha, pois provoca condensação
e humidade;
► Informar o médico caso o gesso se quebre.

Preparação para a alta

A preparação para a ala é um critério de qualidade. O Enfermeiro deve fazer


ensino sobre alguns aspectos fundamentais que o doente deve ter em conta no
domicílio, tais como:
► Não introduzir objectos debaixo do gesso (para combater o prurido por exemplo);
► Deve poder fazer a extensão/flexão das articulações livres sem causar dor ou feridas
com o gesso;
► Contrair regularmente os músculos para evitar a sua atrofia;
► No caso de dor persistente debaixo do gesso consultar de imediato o médico;
► Em repouso elevar o membro afectado (cerca de 10 cm) para evitar o edema;
► Vigiar o calor, coloração e sensibilidade das extremidades afectadas, no caso de
alterações consultar o médico;
► Não molhar o gesso;
► Enquanto se tiver o gesso não é permitido conduzir veículos motorizados, praticar
actividades violentas, colocar revestimentos no gesso;
► No caso de febre, calafrios, dor no tórax, dificuldade respiratória, consultar o
médico.
Remoção do gesso

Preparação psicológica
- Explicar ao doente como e onde a serra de gesso será usada e as sensações esperadas.
- Esclarecer que a serra produz vibrações, porém nenhuma dor ou corte (exemplificar na
palma da mão).

Execução:
1. Informar que o pó do gesso pode irritar os olhos;
2. Empurrar a lâmina firme e suavemente através do aparelho, ter o cuidado de não
permanecer muito tempo com ela no mesmo lugar quando se efectua o corte;
3. O aparelho é cortado por uma série de movimentos alternados de pressão e
lineares ao longo da linha de corte.

Após a retirada do gesso:


● Higiene cuidada da área exposta;
● Avisar o doente para a necessidade de executar movimentos com cuidado;
● Motivar o doente para a realização de movimentos activos e passivos de forma a
fortalecer o tónus muscular e melhorar a amplitude articular;
● Massajar a pele e tecidos moles com substância gorda.

Bibliografia

COELHO, Isabel; SEABRA, Rosa - Sinais Vitais, nº42, Maio 2002.

ROCHA, Maria – Sinais Vitais, nº18, Maio 1998.

OLIVEIRA, Patrícia; CHAREPE, Zaida - Nursing, nº200, Junho 2005.

CROWTHER, Christy – “Cuidados Primários em Ortopedia”, Lusociência, 2ª edição,


Lisboa, 2002.
Trabalho realizado por:
Helena Fernandes

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