Você está na página 1de 21

Página |8

INTRODUÇÃO

A mídia tem um papel fundamental em uma eleição, ela é responsável por quase a totalidade
da divulgação em massa, além de ser um órgão no qual a população debita confiança e
credibilidade para as notícias que ali venham a ser noticiadas. Daí vem a motivação para esta
pesquisa, teremos como base, para mídia televisionada, os debates e, para a mídia impressa,
principalmente, o Jornal O Globo e a revista Veja.

É esperado conseguir motivar a reflexão dos leitores sobre a política, as eleições, a mídia, o
quê ocorreu em 1989, a Instituição Globo de Roberto Marinho, no tocante ou a desatenção e o
desinteresse, ou a confiança cega dada a estes grupos

No ano de 1989 ocorreu a primeira eleição direta para presidência do Brasil, muitos foram os
candidatos que almejaram o cargo de presidente da república, sendo que somente alguns
conseguiram um percentual significativo para ganhar projeção na mídia, dentre os que não
conseguiram esta projeção temos os candidatos Silvio Santos, substituto de Corrêa pelo PMB,
Marronzinho do PSP e Enéas Ferreira do PRONA. Os principais candidatos, que tiveram
maior presença na mídia e participaram dos debates, foram Fernando Collor de Mello, Luiz
Inácio Lula da Silva, Leonel Brizola, Mário Covas, Paulo Salim Maluf, Guilherme Afif
Domingos, Ulysses Guimarães e Roberto Freire. A pesquisa terá como foco estes candidatos
no primeiro turno e no segundo somente Lula e Collor.

É perceptível que a atuação da mídia em grande parte dos casos é, ao mínimo, tendenciosa,
quando não, chega até ser agressiva e extremamente impositora, quem esta ao lado da mídia
tem seus fracassos e erros pouco comentados ou ocultados, enquanto quem esta contra, estes
podem esperar todo tipo de movimento para prejudicá-los, desde notícias contra suas
ideologias até transmissões de problemas pessoais da vida do político.
Página |9

DESENVOLVIMENTO
1. CANDIDATOS DO PRIMEIRO TURNO

Começa-se o primeiro turno das eleições, surgem diferentes candidatos com as mais
diversas propostas, em pouco tempo alguns tomam a frente nas pesquisas e inicia-se a
separação do grupo dos que terão importância e dos que não terão. Temos como
principais candidatos:

1- Candidato – Ulysses Guimarães


(http://www.senado.gov.br/noticias/verNoticia.aspx?codNoticia=78634&codAplicativo=2)

2- Candidato – Afif Domingos


(http://www.crasp.com.br/index2.asp?secao=52)
P á g i n a | 10

3- Candidato – Roberto Freire


(http://www.brasilcultura.com.br/historia/eleicao-presidencial-de-89-completa-20-anos/)

4- Candidato – Mario Covas


(http://commons.wikimedia.org/wiki/File:M%C3%A1rio_Covas.jpg)
P á g i n a | 11

5- Candidato – Paulo Maluf


(http://www.adusp.org.br/noticias/Informativo/38/inf3809.html)

6- Candidato – Leonel Brizola


(http://www.nosrevista.com.br/2010/07/07/o-indio-e-o-estado-brasileiro/)
P á g i n a | 12

7- Candidato – Fernando Collor


(http://www.brasilcultura.com.br/historia/eleicao-presidencial-de-89-completa-20-anos/)

8- Candidato – Luiz Inácio (Lula)


(http://www.brasilcultura.com.br/historia/eleicao-presidencial-de-89-completa-20-anos/)

2. NOTÍCIAS DO PRIMEIRO TURNO


P á g i n a | 13

Teremos como base para o primeiro turno, a primeira quinzena de outubro do Jornal O
Globo, algumas Revistas Veja do período correspondente a esta fase da eleição e,
também, trechos de cenas interessantes na TV.

2.1. Jornal O Globo

No dia 6 de outubro de 1989 foi publicado no O Globo, setor O País,


pág.3, em matéria “Tumultos marcam visita a Viçosa”, fez-se a cobertura de
um protesto estudantil em que a equipe de Collor reagiu contra supostamente
um grupo de Petistas;
Em mesma página, matéria “Os Desapadrinhados”, coloca-se o PT
como despreparado e só preocupado com o processo de estatizações, deixando
de lado assuntos como educação e segurança, por exemplo;
No dia 7 de outubro tivemos duas matérias, também setor O País, pág.
3, uma, “Collor tenta conquistar apoio do PSDB”, exibe diversos elogios ao
candidato ocupando para mais da metade do espaço da página, outra,
“Segurança do PRN muda comportamento”, feita para justificar a matéria do
dia anterior que trazia a princípio uma critica a Collor;
Dia 8 levanta-se a crítica contra o candidato Afif Domingos, pág. 3,
setor O País, matéria “DIAP vê Afif: um discurso e outra prática”. Neste texto
são utilizados como principais argumentos leis trabalhistas e eleitorais em que
Afif se omitiu ou foi contra, tudo para coloca-lo contra o povo;
Em outra matéria na pág. 3, temos a matéria “Leonel Noriega”, na qual
um colunista, Sebastião Nery, da Tribuna na Imprensa revela diversos casos
relacionados ao Brizola, casos como envolvimento com crime organizado e
com traficantes do Rio de Janeiro;
Na pág. 4, setor O País, vemos uma matéria toda muito bem elaborada e
escrita chamada “O Papel da Imprensa”, nela mostra que o jornal tem o papel
de “ajudar” a população em sua escolha de novo presidente, mostrando qual
dos candidatos é o melhor;

Outra matéria do jornal do dia 8, desta vez da pág. 8, setor O País,


chamada “CIEP: A Polêmica Entre Custo e Eficiência”, o Jornalista César
Benjamin, responsável por avaliar tais projetos de colégios, critica fortemente a
P á g i n a | 14

má elaboração dos CIEPs, que é o cargo chefe da campanha eleitoral de


Brizola;
No dia 9 de outubro, na pág. 2, setor O País, temos duas matérias em
destaque, são elas “Lula Tem Boa Recepção na Favela do Jacarezinho” e
“Partidos Brigam para Aparecer”, a princípio parece-nos finalmente uma
matéria que trata bem o candidato Lula, mas não se engane, de certo modo,
subliminarmente, é relacionado o candidato a bebida e a negociação com
traficantes para entrada na comunidade. A matéria seguinte é clara e evidente,
mesmo em uma boa recepção ocorreram brigas por parte do grupo de esquerda
da Frente Brasil Popular, mostrando sempre os pontos negativos dos
candidatos fora o Fernando Collor;
Dia 11, pág. 2, Setor O País, matéria “Perfil do Eleitor: Um Retrato
Muito Próximo da Caricatura” acompanhada da ilustração (10- Charge Jornal
O Globo)

9- Charge Jornal O Globo – Eleitorado dos Candidatos


(Jornal O Globo, Setor O País, Página 2, Quarta-Feira, 11 de Outubro de 1989)
É apresentado o perfil do eleitorado de cada candidato, o de Ulysses
como os nordestinos, pobres e velhos, personagem com o típico chapéu do
nordeste; o de Maluf como os “Malufistas de São Paulo”, personagem com a
representação dos olhos de louco; o de Afif como o voto do yuppie mineiro
(jovens executivos e alta sociedade), personagem trajando roupa social e
P á g i n a | 15

fumando charuto; o de Brizola como os apaixonados “Brizolistas Gaúchos”,


personagem sentado no chão; o de Freire como as mulheres que simpatizam
com o comunista; chegando então no último candidato apresentado pela
matéria, Fernando Collor, a matéria chega a um nível surpreendente de
parcialidade, não poupando elogios diz: “Fernando Collor, no primeiro lugar
das pesquisas é o mais difícil de ser descrito. Collor é bem votado em todas as
faixas: ricos e pobres, jovens e velhos, homens e mulheres votam nele”, ou
seja, todos votam no Collor, todos gostam do Collor, mas agora nos vem à
pergunta: onde está a descrição do eleitorado de Lula? Sim, se agora você está
pensando que a matéria não fala nada sobre o candidato Luiz Inácio, você
acertou, mas podemos perceber outros detalhes além da omissão da descrição
deste eleitorado, tais como a não aparição do nome de Lula na placa que seu
personagem deveria estar segurando e, também, o fato do eleitorado estar
sendo representado por, aparentemente, um jovem, estudante, inexperiente,
talvez até bobo e despreparado, que é a imagem plantada pelo Jornal na
mentalidade das pessoas com relação ao candidato em questão;
Na página seguinte do mesmo dia, pág. 3, temos mais uma matéria a
destacar, ela se chama “Candidato Lula está Praticamente Empatado com
Brizola”, localizada no setor O País, mostra uma pesquisa feita pelo Ibope para
a TV Globo, que teve como base somente 3.650 eleitores, ou seja, um número
muito pequeno em relação ao eleitorado total do país. Pesquisas com um
número tão pequeno são extremamente sujeitas a fraudes, a manipulações, é
difícil dizer que elas são feitas de maneira justa. Ainda mais observando quão
raro é encontrar alguma pessoa que foi pesquisada;

Também no dia 11 de outubro, na pág. 6, setor O País, matéria


“Candidato Anda a 40 Graus na Ceará”, esta visa aproximar o candidato Collor
da grande massa popular, que é mais humilde, além de mostrar que o
presidenciável não tem frescura em andar no Sol forte por quatro quilômetros;
No dia 12, setor O País, pág. 3, aparece a matéria “PT contra os
pobres”, que critica diretamente o PT e o Lula com a proposta de estatização,
P á g i n a | 16

argumentando que a privatização equaliza os direitos, enquanto a estatização


faz de uma pequena minoria ligada ao governo beneficiada;
No mesmo dia e página (pág. 3), destaca-se outra matéria, “Amato crê
que PT afugentará 800 mil empresários”, nela o então presidente da Federação
e Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP/CIESP), Mario Amato,
fala que a proposta do PT e de Lula é extremamente ultrapassada e traria um
enorme prejuízo para o ramo empresarial;
Também no dia 12, em matérias “Collor: Salário Mínimo de US$ 369
em 94”; “Quatro Reformas Básicas para Estruturar o País”; ”Na Favela,
recepção carinhosa a D. Leda”, ambas na pág. 6, mostram que o candidato
Collor tem propostas de grandes melhorias e também é uma pessoa de família,
trazendo ainda mais esse lado humano;
E mais uma matéria, desta vez pág. 7, chamada “O Futuro é Collor”,
mostra Collor segurando um bebê no alto, o bebê aparece sorridente, ao lado da
imagem mostra-se um slogan associando Collor como presidente, família e
futuro;
No dia 14, setor O País, pág. 4, matéria “Preconceito em Ação”,
mostra-se um texto dissertativo-argumentativo defendendo as privatizações
como modo de governo e criticando ao fim, de maneira sutil, “os que querem
matar a idéia”, ou seja, os que crêem nas estatizações.

Com a análise desses quinze dias de Jornal O Globo já é possível se


aproximar um pouco do objetivo da pesquisa, pois vemos que normalmente é
dedicado, até então, por volta de uma página para fazer elogios ao candidato
Fernando Collor, enquanto o restante tem uma leve cobertura de sua agenda,
que se eu não citasse estaria sendo injusto, mas dando um grande destaque
principalmente para os pontos fracos, as discussões, as “quedas” dos
candidatos ou entre os candidatos fora Collor.
Encerra-se então com grande parte do primeiro turno sendo marcada
por conflitos entre Collor e Afif, Lula e Brizola, a princípio, alterando-se
posteriormente para confrontos entre Lula e Collor, principalmente por suas
diferenças ideológicas.
P á g i n a | 17

10- Charge Jornal O Globo – Confrontos Entre Candidatos


(Jornal O Globo, Setor O País, Página 2, Domingo, 8 de Outubro de 1989)

Charge demonstra confrontos Afif x Collor e Lula x Brizola, enquanto


Ulysses Guimarães, Aureliano Chaves, Mario Covas e Paulo Maluf “chupam o
dedo”, ou seja, não fazem nada.

2.2. Revista Veja

Na Revista Veja, pág. 44, do dia 25 de outubro de 1989, foi feita a


cobertura de um comício de Brizola, que havia ido a Rua da Cinelândia no dia 20
para mostrar que o seu eleitorado era tão grande quanto o de Collor e muito maior
do que o de Lula. No evento foi recebido com muitos aplausos, fogos de artifício e
emoção de seus seguidores;
Após a exibição de diversas frases que marcaram o comício, ditas por Brizola
para ganhar o voto dos seus espectadores, é feita na pág. 45 uma abordagem, que
revela a queda de forças e a não perspectiva da ida do candidato ao segundo turno;
Seguindo, na pág. 46, a revista coloca diversos questionamentos ao candidato
Brizola tais como: qual sua postura quanto ao papel do Estado na economia,
P á g i n a | 18

ampliar as estatais ou privatizá-las; como pretende trabalhar a questão da dívida


externa; como iria realizar as obras do seu cargo chefe, os CIEPs;
Mais adiante, na pág. 48, é mostrado que as eleições de 1989 é um dos eventos
de maior mobilização popular, ficando atrás somente das Diretas Já. Além disso,
também se vê uma pesquisa feita pelo Ibope que mostra Collor com maior número
de eleitores;
Faltando somente algumas semanas para a votação, é noticiado pela Revista
Veja do dia 1º de novembro, a entrada do candidato Silvio Santos na disputa
querendo retribuir ao menos um pouco tudo o que o povo lhe deu;
Na Revista do dia 15 é anunciada então a saída do mesmo Silvio Santos da
eleição, pois o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) considerou o PMB como partido
ilegal;
É extremamente perceptível que a Revista Veja e muito mais imparcial do que
o Jornal O Globo, ela anuncia as notícias, faz a cobertura, mostra o lado negativo,
mas não faz grandes diferenças entre os candidatos. Trazendo então o papel mais
próximo do correto para a atuação da mídia.

2.3. A Mídia Televisiva

Da mídia televisiva podemos destacar, principalmente, duas grandes cenas,


uma delas não é de contexto das eleições, mas aborda algo muito próximo, as duas
são relacionadas ao candidato Leonel Brizola;
A primeira delas se passou no horário eleitoral, a imagem foi retirada do
próprio vídeo do fato:
P á g i n a | 19

11- Brizola Ataca Jornal O Globo


(http://www.tvplayvideo.com/1,9QMOLP_WXJE/)

Brizola ataca fortemente o Jornal O Globo, diz que ele é faccioso, parcial,
determinado a defender coisas que o povo brasileiro abomina, acusa-o de ser o
sustentáculo da ditadura, de ter ajudado a implantar a ditadura e mantê-la, a
ditadura, por sua vez, tornou as organizações Globo o império tão poderoso o qual
se vê atuando até os dias de hoje.
Brizola conclui dizendo que é por isso que ela não o quer na presidência, pois
ele é contra e acabaria com os privilégios que a organização detém.

A outra cena foi transmitida no dia 15 de março de 1994, ela foi surpreendente,
pois Brizola conseguiu graças à justiça que seu direito de resposta fosse ao ar no
JN. Nele expôs como a Rede Globo de televisão age com os candidatos os quais
não são seus aliados.
P á g i n a | 20

12- JN – Direito de Resposta para Brizola


(http://www.tvplayvideo.com/1,ObW0kYAXh-8/)

Encontram-se descritos abaixo alguns trechos da carta de Leonel Brizola ao JN:

“Todos sabem que eu, Leonel Brizola, só posso ocupar


espaço na Globo quando amparado pela justiça, aqui
cita o meu nome para se intrigado, desmerecido e
achincalhado perante o povo brasileiro...”;

“Não reconheço a Globo autoridade em matéria de


liberdade de imprensa e basta para isso olhar a sua longa
e cordial convivência com os regimes autoritários e com
a ditadura de 20 anos que dominou nosso país. Todos
sabem que critico há muito tempo a TV Globo, seu
poder imperial e suas manipulações...”;
P á g i n a | 21

“Em 83, quando construí a passarela, a Globo sabotou,


boicotou, não quis transmitir e tentou inviabilizar de
todas as formas o ponto alto do carnaval carioca.
Também aí não têm autoridade moral para questionar-
me, e mais, reagi contra o Globo em defesa do estado do
Rio de Janeiro, que por duas vezes, contra a vontade da
Globo, elegeu-me como seu representante maior. E isto
é que não perdoarão nunca, até mesmo a pesquisa
mostrada na quinta-feira revela como tudo na Globo é
tendencioso e manipulado.”

“Ninguém questiona o direito da Globo mostrar os


problemas da cidade. Seria antes um dever para
qualquer órgão da imprensa, dever que a Globo jamais
cumpriu quando se encontravam no Palácio Guanabara
governantes de sua predileção.”

“Quando ela diz que denuncia os maus administradores,


deveria dizer sim, que ataca e tenta desmoralizar os
homens públicos que não se vergam ao seu poder. Se eu
tivesse as pretensões eleitoreiras de que tentam me
acusar não estaria aqui lutando contra um gigante como
a Rede Globo.”

“Que o povo brasileiro faça seu julgamento e, na sua


consciência lúcida e honrada, separe os que são dignos e
coerentes daqueles que sempre foram servis,
gananciosos e interesseiros.”

Leonel Brizola

A Rede Globo é muito mais do que ela parece, Brizola nos deu isso em ótimas
palavras.
P á g i n a | 22

3. NOTÍCIAS DO SEGUNDO TURNO

13- Segunda Fase das Eleições de 1989


(http://marcelopazzini.blogspot.com/2009_12_01_archive.html)

Para o segundo turno teremos como base para mídia impressa a


primeira quinzena de dezembro do Jornal O Globo e para mídia televisionada o
último debate, trechos do documentário Muito Além do Cidadão Kane
(Beyond Citizen Kane) e, também, trechos do JN.

3.1. Jornal O Globo

Começa-se já no dia 1 de dezembro, na Capa do Jornal O Globo,


matéria “Collor e Lula levam campanha às ruas”, a distinção do tratamento
com relação aos candidatos, quando descreve as passeatas, cita que durante a
de Collor sofreu agressões de petistas ligados ao candidato Lula;

Adiante, no dia 2 de dezembro, mais uma vez em matéria de capa,


chamada “Para Collor, culpa das agressões no Sul, é de Lula”, apresenta relatos
de que Collor culpa Lula pelas agressões em Caxias do Sul, que levaram o
ferimento de 11 pessoas. O PT, em sua defesa, prometeu provar em 48 horas
que nenhum de seus militantes teve qualquer participação nos incidentes.
P á g i n a | 23

No mesmo dia, na página 6, é mostrado imagens de supostos militantes


Petistas e Pedetistas agredindo e fazendo gestos obscenos contra os membros
do PRN.
Dia 3, pág. 4, setor O País, aparece uma charge em que Lula e Collor se
encaram, sendo que Collor está trajando uma camisa com a imagem do então
Papa João Paulo II, enquanto na camisa de Lula aparecia a imagem de
Gorbatchov, associando o candidato petista ao regime ditatorial.
Dois dias depois, no dia 6, em matéria “Cadeia de Contradições”, o
jornal faz uma série de críticas à atuação de Lula no debate de dias atrás, quase
não citando a atuação de Collor;
No dia 8, na capa do jornal, matéria “O Globo Contesta o Corregedor”,
a notícia defende fortemente que de maneira alguma beneficiou o candidato
Fernando Collor com tempo a mais na propaganda eleitoral televisiva, para isso
faz uso de diversos argumentos;
Alguns dias depois, no dia 11, no setor O País, na matéria “Collor acusa
PT e CUT de radicalismo”, em palavras de Fernando Collor, a matéria
apresenta duras críticas as propostas de governo do PT e do Lula, dizendo que,
se eleito, o governo de Lula será marcado por desordem, fanatismo e loucura,
entretanto, se ele, Collor, for eleito prosperará a concórdia, a união e a
tranqüilidade;
Na capa do jornal do dia 13 de dezembro, matéria “Collor ataca para
garantir vantagens”, aparece então uma suposta ex-companheira de Lula,
chamada Miriam Cordeiro, acusando o candidato de ser racista, ter tentado
fazê-la abortar um filho e ter demorado 11 anos para reconhecer o mesmo;

No dia 14, matéria de capa “Miriam volta a atacar Lula”, relata mais
uma aparição da suposta ex-companheira de Lula do programa eleitoral de
Collor, dizendo desta vez que para cada degrau que Lula subiu na vida, ele
pisou na cabeça de um metalúrgico.
O segundo turno foi marcado por altos conflitos dos candidatos, que
deixaram de assumir a postura de bom nível político, passando para uma
postura extremamente agressiva, tanto na relação profissional, quanto na
relação pessoal.
P á g i n a | 24

3.2. A Mídia Televisiva

A mídia televisiva teve um papel extremamente importante para a


formação e concretização de idéias para alguns eleitores ainda em dúvida, ou
não tão seguros com relação a sua escolha. Só que este “auxílio” não foi feito
da forma devida, imparcial e sem diferenciações, muito distante disso, foi feito
visando trazer os que estavam em dúvida e mesmo os que estavam por votar no
candidato o qual a grande imprensa não apoiava, ou seja, trazer o máximo de
eleitores para o candidato Fernando Collor de Melo.

14- O Polêmico Segundo Debate


(http://ecosdaslutas.blogspot.com/2009/11/1989-ha-20-anos-no-maranhao-era-assim.html)

O Segundo debate foi marcado por diversas agressões entre os


candidatos. Quem teve a oportunidade de assistir o debate inteiro, viu que
ambos os candidatos tiveram um bom desempenho e, em certos momentos,
Lula até se destacou mais do que Collor, entretanto na edição mostrada pelo
Jornal Nacional, que difere até mesmo da edição mostrada mais cedo no
mesmo dia, a do Jornal Hoje. Esta do JN foi extremamente tendenciosa,
mostrando os melhores momentos de Collor e os piores de Lula, falas como a
de Collor:
P á g i n a | 25

“No dia 17, nós vamos dar um não definitivo a bagunça, a baderna, ao
caos, a intolerância, a intransigência, ao totalitarismo, a bandeira vermelha”,
enquanto eram mostrados de Lula momentos em que ele demorou a responder
ou gaguejou durante a fala.
Após a conclusão de tal resumo vem o momento mais impressionante
que podemos utilizar como argumento, o instante em que o instituto de
pesquisa Vox Populi, declara diversas afirmativas, que, segundo eles, foram
feitas por pesquisas telefônicas, dentre elas temos: “Melhor Desempenho”;
“Idéias Mais Claras”; “O Mais Preparado para Governar”; “Melhores Planos”;
“Quem Atacou Mais”;
Todos estes tópicos deram como detentor de maior porcentagem o
candidato Collor e atentem-se mais uma vez, “O Mais Preparado para
Governar”. Como um veículo de imprensa pode mostrar um dado tão
tendencioso a este ponto, julgando com seus próprios meios quem acha o que
irá exercer melhor governo.
Após a então análise, o jornalista diz que ele e seus companheiros
cumpriram seus papeis, como jornalistas “ajudaram” a mostrar todos os fatos
para o povo se certificar qual era o melhor candidato para se votar.
P á g i n a | 26

15- JN – O Mais Preparado


(http://www.viomundo.com.br/opiniao-do-blog/esse-post-e-proibido-para-quem-tem-mais-de-
30-anos-de-idade.html)

16- JN – Nós Fizemos O Nosso Papel


(http://www.youtube.com/watch?v=rJ3rudZ2odA&feature=related)

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
P á g i n a | 27

Com essa trabalho foi evidenciada a atuação, em muitas das vezes, parcial
e tendenciosa visando o mantimento de sua força de influências e benefícios
adquiridos ao longo do tempo.

Essa pesquisa teve como objetivo aumentar a consciência política e crítica


em relação ao papel da mídia e sua verdadeira atuação diante fatos importantes
como eleições presidências.

A metodologia utilizada foi fichar diversos jornais e revistas, além de


programas televisivos relacionados de maneira relevante ao tema e a tese.

REFERÊNCIAS

JORNAL O GLOBO, Rio de Janeiro: Setor O País, Outubro de 1989;

REVISTA VEJA, Rio de Janeiro, Outubro de 1989-. Semanal;

HORÁRIO ELEITORAL, Brasil, Outubro de 1989;

JORNAL NACIONAL, Brasil, Março de 1994;


P á g i n a | 28

JORNAL O GLOBO, Rio de Janeiro, Dezembro de 1989;

SEGUNDO DEBATE ELEITORAL, Brasil, Dezembro de 1989;

JORNAL NACIONAL, Brasil, Dezembro de 1989;

Você também pode gostar