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da educação
o trabalho educativo
em pesquisa
maria lúcia de oliveira
(org.)
(IM)PERTINÊNCIAS
DA EDUCAÇÃO
MARIA LÚCIA DE OLIVEIRA
(Org.)
(IM)PERTINÊNCIAS
DA EDUCAÇÃO
O TRABALHO EDUCATIVO
EM PESQUISA
© 2009 Editora UNESP
Cultura Acadêmica
Praça da Sé, 108
01001-900 – São Paulo – SP
Tel.: (0xx11) 3242-7171
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I31
(Im)pertinências da educação : o trabalho educativo em pesquisa / Maria
Lúcia de Oliveira (org.). – São Paulo : Cultura Acadêmica, 2009.
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-7983-022-8
1. Psicanálise e educação. 2. Psicologia educacional. 3. Educadores
– Formação. 4. Prática de ensino. 5. Pesquisa educacional. I. Oliveira,
Maria Lúcia de.
09-6219. CDD: 370.15
CDU: 37.015.3
Editora afiliada:
SUMÁRIO
Apresentação 7
Maria Lúcia de Oliveira
100
80
60
DE+
40
DE–
20
0
I+ I– A+ A–
Teste CAT
Grupo DE+ (n=23) Grupo DE– (n=14)
Imagos Protetoras 67% 0%
Imagos Negligentes 0% 37,5%
Imagos Agressivas 33% 62,5%
70
60
50
40
DE+
30
DE–
20
10
0
Prot. Negl. Agr.
Figura 2 – Porcentagem de sujeitos nos Grupos DE+ e DE–, classificados nas três sub-
categorias (Imagos protetoras, Imagos negligentes e Imagos Agressivas), da categoria
Imagos Parentais do CAT.
(IM)PERTINÊNCIAS DA EDUCAÇÃO 13
Referências bibliográficas
Fantasiar é preciso?
4 Como puderam ser analisadas por Propp (1984). Analisando 100 contos russos,
o autor encontrou 31 funções que se articulavam de forma lógica e rígida.
(IM)PERTINÊNCIAS DA EDUCAÇÃO 25
As teorias infantis
Toda criança solicita que lhe contemos uma mesma história inú-
meras vezes. O pedido de conte outra vez é uma forma de ela dominar
níveis inconscientes de experiências emocionais e elaborá-las. A partir
34 MARIA LÚCIA DE OLIVEIRA
Imaginário Corruptível
Fantasiar é pisar em solo movediço, pedir às
pedras que nos desculpem por pisarmos em suas ca-
beças e de repente lançar voo rumo à passagem se-
creta do coração e pousar na lua a bordo de um me-
teorito. É um quebrar de barreiras sociais, porque
na imaginação não entram incisos, leis, decretos,
atos institucionais. A ordem maior habita cada cri-
ança! E diria mais, a ordem maior é uma criança,
porque é colorida, viva, sensível, autêntica e real.
Pelos sonhos imaginários a passagem é livre de tari-
fas alfandegárias mas, quando alguém burla a lei
inventando leis, a brincadeira continua, pois agora
sou o juiz e vocês os advogados que defenderão
flores falantes do crime cometido. E se as flores não
falarem, é bem possível que o exalar do seu perfume
componha uma partitura, cuja melodia conduzirá
à absolvição. Porque a fantasia é a mais plena
manifestação de liberdade. Fantasiando, a criança
pode segurar o mundo e transformá-lo em massa
de modelar, guardando os continentes no bolso e
engolindo os oceanos junto com as refeições. Porque
o real existe para ser transformado em fantástico e o
fantástico não existe, subsiste por entre as varinhas
de condão que insistem em trazer-nos de volta à
realidade. Quisera fazer desaparecer apenas com
um olhar mágico sobre o universo, quisera pisotear
o não, acariciar o sonho, sonhar com o chão, mas
nunca mais, nunca mais realizar o sonho. Porque
o mundo estraga a fantasia, não aceita viver de
mentirinha ou simplesmente abrigar outra vida
dentro da própria mente. E melhor fantasticar o
sonho a torná-lo real, pois o que se vê nos basti-
dores é tão importante quanto o próprio espetáculo
contemplado pela plateia programada a dizer não.
Katia Murray Hernandes,
“Sob o olhar da fantasia”7
Referências bibliográficas
Filme
As professoras e o lúdico
com você mesmo, brincar é você se abrir para coisas novas, brincar é
compartilhar aquilo que você sabe, aquilo que você aprende, aquilo
que você entende, e aquilo que você não sabe, brincar é transmitir
para as pessoas o que você está sentindo, a alegria que você está
sentindo ou a tristeza, ou a ansiedade, brincar é colocar para fora a
ansiedade, o medo, é a angustia, é o sentimento, brincar para mim
é tudo isso [...]. (Ana)
Quero dizer assim: que na teoria, a criança do pré não teria que
estar sendo obrigada a se alfabetizar, ler e escrever, mas a família e as
atividades que em geral são feitas pelo professor seguem uma linha,
então é isso, é trabalho com letras e escrita. (Carla)
[...] você está brincando mas você está aprendendo, você está apren-
dendo é... dependendo do tipo da brincadeira ela está te propondo
alguma coisa, você não está brincando por brincar, você não está ali
sem, assim, sem saber o porquê, porque toda brincadeira tem um
porquê. (Elaine)
Considerações finais
Referências bibliográficas
Introdução
Metodologia
Resultados
Discussão
Referências bibliográficas
São Paulo, 1993. 1994. 181f. Tese (Doutorado em Saúde Pública) – Uni-
versidade de São Paulo, Faculdade de Saúde Pública, São Paulo, 1994.
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percepções de alunos e professoras de uma escola de primeiro grau. 2000.
240f. Dissertação (Mestrado) – Universidade de São Paulo, Faculdade
de Medicina de Ribeirão Preto, Ribeirão Preto, 2000.
FELICIANO, K. V. de O. Prevenção da Aids entre jovens: conflitos entre dis-
cursos técnicos e a prática cotidiana de escolares da região metropolitana
do Recife. 2001. 108f. Tese (Doutorado em Medicina) – Universidade
de São Paulo, Faculdade de Medicina, São Paulo, 2001.
FREUD, S. Três ensaios sobre a teoria da sexualidade. Edição Standard
Brasileira. Rio de Janeiro: Imago, 1996. (Obras psicológicas completas
de Sigmund Freud, v.7).
FRUET, M. S. B. Adolescência, sexualidade e Aids. 1995. 113f. Disserta-
ção (Mestrado em Educação) – Universidade Estadual de Campinas,
Faculdade de Educação, Campinas, 1995.
GALLACHO, J. C. A orientação sexual em um trabalho integrado de educa-
ção e saúde: estudo analítico-descritivo e documental de um programa de
intervenção. 2001. 120f. Dissertação (Mestrado em Educação Escolar)
– Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências e Letras, 2001.
GERMANO, M. I. S. Ações de promoção da saúde relacionadas à prevenção
da Aids em unidades do sistema estadual de ensino de São Paulo. 1998.
76f. Dissertação (Mestrado em Saúde Pública) – Universidade de São
Paulo, Faculdade de Saúde Pública, São Paulo, 1998.
GODOY, M. L. A. Representação social de adolescentes sobre Aids e sua
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ção) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 1999.
GONÇALVES, F. M. Formação de professores e prevenção à Aids: carac-
terísticas pessoais e profissionais de uma professora que desempenha
um trabalho que interfere na vida dos alunos. 2002. 72f. Dissertação
(Mestrado em Educação) – Pontifícia Universidade Católica de São
Paulo, São Paulo, 2002.
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Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 1999.
LIMA, R. C. R. Aids e ensino: possibilidades. 1995. 100f. Dissertação (Mes-
trado em Educação) – Universidade Estadual de Campinas, Faculdade
de Educação, Campinas, 1995.
(IM)PERTINÊNCIAS DA EDUCAÇÃO 95
Referências bibliográficas
Filme
nejado, na escola o diretor não deixava: “Aqui não pode ser”. Então,
é por isso que eu estou dizendo que a vontade, o esforço apenas não
levam a pessoa a ser professor, é preciso também algumas condições
objetivas, institucionais, de recursos estruturais etc., da escola.
Mas vou dar uma ideia dos tipos de estudos que eu tenho feito,
que venho fazendo (Chakur, 1995a, 1996, 2000, 2001). Não acho que
o papel do professor é só dar aula, que para ser professor é só saber dar
aula. Claro que é necessário dominar o conteúdo, é necessário. Mas
há muito mais coisas que atualmente são exigidas do professor e que
realmente eu acho que fazem parte do seu papel. Em outra ocasião
(Chakur, 2000), já arrolei algumas condutas, atitudes e habilidades
que me parecem centrais ao papel do professor:
– Os professores têm que ter algumas habilidades que podemos
chamar de técnico-pedagógicas, por exemplo, saber quais são
os objetivos que ele pode colocar para suas aulas, para sua
disciplina, para a série com que está lidando, como vai avaliar.
Então, são estas habilidades que todo professor precisa ter.
– Outro traço é a competência em habilidades psicopedagógicas,
no sentido de que ele tem que conhecer um pouco o perfil
daqueles alunos com quem vai lidar: são crianças de que ida-
de? São adolescentes? Então, ele tem que saber interagir com
gerações que não são a dele.
– Responsabilidade social é outra coisa, ele tem que saber que
está cuidando da cidadania das novas gerações, não é isso?
Não é apenas o dar aula, como eu falei, nem ensinar um certo
conteúdo.
– O compromisso político; eu tenho a impressão de que o principal
é defender uma mudança social, as transformações sociais que
levem a superar as nossas desigualdades.
– Outro elemento do papel do professor seria o engajamento na
rotina institucional; acho que o professor tem que saber que
deve preencher uma papeleta, tem que saber dos horários, das
normas da escola, que, inclusive, existem as normas gerais para
qualquer escola, mas há escolas que têm suas normas próprias;
116 MARIA LÚCIA DE OLIVEIRA
então, ele tem que aprender a lidar com elas, não é? Para poder
justamente fazer o controle com seus alunos.
– E investimento na própria formação, que eu acho fundamental,
e é o que vocês estão fazendo. O professor precisa crescer, não
pode parar no tempo, porque a escola não para no tempo. Vocês
veem que de vez em quando baixa um pacote e a gente tem que
acompanhar um pouco, o mínimo que seja, mesmo que a gente
não concorde. Às vezes a gente faz coisa com que não concorda.
Referências bibliográficas
Filme
4 Piaget, ao tratar dos diferentes tipos de abstração, o faz a partir de quatro catego-
rias: abstração empírica, pseudoempírica, reflexiva e refletida. Já neste trabalho,
o pesquisador ateve-se a duas categorias: a empírica (centrada nos observáveis
do objeto ou da ação) e a reflexiva (incluindo a pseudoempírica – centrada nas
relações construídas pelo sujeito e não “apenas” retirada dos observáveis).
5 Segundo Piaget, todo conhecimento (incluindo o físico e o social) pressupõe
a atividade do sujeito, sendo, portanto, sua fonte só parcialmente externa ao
sujeito.
128 MARIA LÚCIA DE OLIVEIRA
6 Não obstante as suas especificidades, estes tipos de conhecimento não são au-
toexcludentes, mas podem intervir juntamente na construção ou demonstração
de um conhecimento qualquer. Assim, ao afirmar, por abstração empírica,
que um bloco “é vermelho” o sujeito está evidenciando não só a presença do
conhecimento físico (ao centrar-se em uma das propriedades do objeto), mas
também do conhecimento social (ao valer-se de uma nomenclatura adquirida
e admitida socialmente).
(IM)PERTINÊNCIAS DA EDUCAÇÃO 129
O não importismo
A fabulação
Após Jes ter construído uma rua com casinhas em ordem cres-
cente, o pesquisador lhe propôs questões relativas ao lugar destas
na fileira.
(IM)PERTINÊNCIAS DA EDUCAÇÃO 137
Crença sugerida
Crença espontânea
Crença desencadeada9
10 Como visto, o sujeito pode compensar uma perturbação por três tipos de con-
duta, sendo apenas a beta que evidencia novas construções na organização do
pensamento ou do sistema cognitivo.
146 MARIA LÚCIA DE OLIVEIRA
Naj: “Balas.”
P: “Tem alguma outra carta que faria você ganhar do Luc?”
Naj: “Ah, tem. Pode ser ‘balas’ e ‘balas de abacaxi’.”
11 Neste texto Piaget propõe também uma diferenciação entre os termos indivíduo
e personalidade (pessoa), considerando a autonomia como a marca deste último.
150 MARIA LÚCIA DE OLIVEIRA
A autonomia moral
A autonomia intelectual
And: “Eu tinha pensado que dava cinco porque a gente é cinco.”
Rod: “É, mas não é assim,... é só metade pra cada, cada folha
dá pra dois... Ó, tio, dá três folhas que eu mostro pra eles como dá
certo.”
Luc: “Eu acho que o Rod tá certo. Dá três folhas que a gente
reparte.”
P: “O que vocês acham?”
As crianças: “Dá três folhas que a gente vai ver se dá certo.”
Referências bibliográficas
[...] não como depósito de rejeição consciente, mas como uma grande
usina a trabalhar ininterruptamente o grande arsenal de matéria
prima onto e filogenética e de tal engenho e arte, que, no encontro
com o outro produzirá as diferentes configurações com que cons-
tituímos e percebemos o mundo, transubstanciando-o. (Gomes;
Godoy, 1995, p.85)
O contexto e as pesquisas
***
Referências bibliográficas
EQUIPE DE REALIZAÇÃO
Coordenação Geral
Marcos Keith Takahashi