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Anotações Das Auldas D. Trabalho
Anotações Das Auldas D. Trabalho
Tripalium – três palos ou canga que oprimía bois e cavalos que resistiam à marcação a ferro, ou instrumento
de tortura dos escravos e réus de determinados crimes.
Labor – designa esforço, sofrimento.
Travail – do francês, indica tudo o que faz sofrer.
Física – trabalho é a transformação da energia térmica, química ou elétrica. O trabalho é realizado quando é
consumida determinada quantidade de energia. A energia se transforma em trabalho mecânico em nossos
músculos.
Economia – Funda-se na constatação de que o homem para viver necessita de bens econômicos que devem
ser produzidos, destinados a satisfazer necessidades vitais (alimentação, habitação, vestuário). Assim
depende da conjugação de três fatores de produção: Trabalho, capital e natureza (terra).
O trabalho é o emprego que faz o homem de suas forças físicas e morais, para a produção de riquezas ou de
serviços.
Direito – Para Perez Botija o trabalho é compreendido como “a atividade pessoal, prestada mediante contrato,
por conta ou sob direção alheia, em condições de dependência e subordinação.”
Escravidão – É a primeira forma de trabalho decorrente de uma relação de pessoas. Nesta modalidade, o
escravo não possuía direito nenhum, visto que a razão de estar vivo decorria da clemência do seu adversário
em poupar-lhe a vida. Nos primórdios da civilização humana, as guerras entre tribos ou impérios, não se
faziam prisioneiros, sendo eliminados. A escravidão é um avanço em relação a este tipo de organização
social, que segundo Locke, “ a condição perfeita da escravidão nada mais é que o estado de guerra
continuado entre o conquistador legitimo e o cativo.”
Direito Industrial – De origem britânica, pós-revolução industrial. A industria é considerada como fator
relevante na oferta de trabalho.
Direito Operário – Extensivo aos operários em geral, não só da indústria, refere-se ao trabalhador braçal.
Direito Corporativo – Origem no corporativismo italiano, cujo objetivo destina-se à unificação nacional.
Direito Social – Pretende resolver a questão social,o que inclui a Previdência Social. É um Direito que
contrapõe-se ao Direito individual.
Direito do Trabalho – Adotado no I e no II Congresso Internacional de Direito do Trabalho (Genebra, 1957)
No ano de 1956, através da Lei 2724 é alterada a denominação da cadeira na Faculdade de Direito para
Direito do Trabalho, a qual incorpora o direito industrial.
Subjetivista – Tem como vértice os sujeitos ou pessoas a que se aplica e que figuram nas relações jurídicas.
Objetivista – Esta teoria considera o objeto, a matéria disciplinada pelo direito do trabalho e não as pessoas.
Trata do âmbito do direito material do trabalho.
I – as ações oriundas das relações de trabalho, abrangidos os entes de direito público externo e da
administração pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
Direito Civil – O Direito do Trabalho tem sua origem nos moldes dos contratos de Direito Civil, como a locação
de serviços, arrendamento, etc. O Direito Civil é fonte subsidiária do Direito do Trabalho, conforme o disposto
no art. 8º da CLT.
No Brasil o art. 170 da CF/88 estabelece que “é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão,
atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer.”
O Capítulo II da CF/88 trata dos chamados Direitos Sociais, e desta forma estabelece no art. 6º o Direito ao
Trabalho, e elenca no art. 7º uma série de direitos pertinentes aos trabalhadores urbanos e rurais.
Direito Administrativo – Trata da organização do sistema nacional de empregos, da inspeção do trabalho, a
cargo do Ministério do Trabalho e Emprego.
Direito Processual – Define a competência da Justiça do Trabalho, conforme art. 114 da CF/88.
Fonte – No sentido metafórico constitui na “causa donde provém efeitos, tanto físicos como morais.”
Fontes do Direito consubstancia a expressão metafórica para designar a origem das normas jurídicas.
Fontes materiais – Diz respeito ao momento anterior à existência do fenômeno pleno da regra, ou seja,
designa os fatores que conduzem à emergência e construção da regra de Direito.
Fonte material econômica – Vinculada à existência e evolução do sistema capitalista. Revolução Industrial do
Século XVIII. Sistema baseado na grande indústria em oposição às fórmulas produtivas (artesanato e
manufatura). Ocorre a centralização dos empreendimentos capitalistas.
Fonte material sociológica – Diz respeito ao processo de agregação de trabalhadores assalariados, nas
empresas, cidades e regiões do mundo ocidental contemporâneo.
Fonte material político – Diz respeito ao nítido caráter reivindicatório do movimento sindical, como dos
partidos e movimentos políticos operários, reformistas ou de esquerda, atuando mais amplamente no plano
da sociedade civil e do Estado.
Fonte material filosófica – São idéias e correntes do pensamento que, articuladamente entre si ou não,
influíram na construção e mudança do Direito do Trabalho. Neste sentido, a corrente socialista, corrente
trabalhista, corrente corporativista, corrente neoliberal, corrente social-democrata.
Teoria Monista – As fontes formais derivam de um único centro de positivação (Estado) dotado de
coerção/sanção.
Teoria Pluralista – Existência de distintos centros de positivação. Costumes, negociação coletiva trabalhista
(contrato, convenção, acordo).
Fontes formais Heterônomas - São regras de origem estatal. Constituição, leis, medidas provisórias, decretos,
sentença normativa, tratados e convenções internacionais.
Fontes heterônomas – ex: CF/88 - art. 1º, art. 3º, art.6º, art. 7º, art. 8º, art. 9º, art. 10.
Art.1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do
Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
I- a soberania;
II- a cidadania;
III- a dignidade da pessoa humana;
IV- os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V- o pluralismo político.
Parágrafo único. Todo poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou
diretamente, nos termos desta Constituição.
Art.6º São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência
social, a proteção à maternidade e a infância, a assistência aos desamparados, a alimentação, na forma
desta Constituição.
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição
social:
I – relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei
complementar, que preverá indenização compensatória, dentre outros direitos;
II – seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário (lei 7998/90);
VII – garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem remuneração variável;
VIII – décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor da aposentadoria;
XII – salário-família pago em razão do dependente do trabalhador de baixa renda nos termos da lei (lei
4266/63)
XIII – duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a
compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho;
XIV – jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptos de revezamento, salvo
negociação coletiva;
XVI – remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em cinqüenta por cento à do normal;
XVII – gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos , um terço a mais do que o do salário normal;
XVIII – licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com duração de cento e vinte dias;
XX – proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei;
XXI – aviso-prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei;
Art. 9º - É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de
exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender.
Art. 10º - É assegurada a participação dos trabalhadores e empregadores nos colegiados dos órgãos públicos
em que seus interesses profissionais ou previdenciários sejam objeto de discussão e deliberação.
Leis – CLT Dec.Lei 5452/1943, Lei do FGTS 8.036/1990, Lei do Descanso Semanal e Feriados 605/1949, Lei
do Trabalho Portuário 8.630/93.
Tratados e Convenções da OIT – Ex. Convenção 158.
Fontes formais Autônomas – Caracteriza-se pela participação dos destinatários principais das regras
produzidas. (costumes e instrumentos e de negociação coletiva – convenções, acordo e contrato coletivo de
trabalho.)
Convenção e Acordo Coletivo de Trabalho – art. 611 da CLT:
- Convenção Coletiva de Trabalho é o acordo de caráter normativo, pelo qual, dois ou mais sindicatos
representativos de categorias econômicas e profissionais estipulam condições de trabalho aplicáveis, no
âmbito das respectivas representações, às relações individuais de trabalho.
§1º É facultado aos Sindicatos representativos de categorias profissionais celebrar Acordos Coletivos com
uma ou mais empresas da correspondente categoria econômica, que estipulem condições de trabalho,
aplicáveis no âmbito da empresa ou das empresas acordantes às respectivas relações de trabalho.
Art. 8º VI, CF/88 – é obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações coletivas de trabalho.
Art. 18 da Lei 8.630/93 – Os operadores portuários devem constituir, em cada porto organizado, um órgão de
gestão de mão-de-obra do trabalho portuário, tendo como finalidade:
I – administrar o fornecimento da mão-de-obra do trabalhador portuário e do trabalhador portuário avulso;...
Parágrafo único – No caso de vir a ser celebrado contrato, acordo, ou convenção coletiva de trabalho entre
trabalhadores e tomadores de serviços, este precederá o órgão gestor a que se refere o caput deste artigo e
dispensará a sua intervenção nas relações entre capital e trabalho no porto.
Américo Plá Rodrigues, expressa que nos casos de lacunas da lei, os princípios se encontram na base da
integração judicial.
Princípio Protetor
Para Arnaldo Sussekind, em sua obra Instituições de Direito do Trabalho, expressa que o princípio da
proteção resulta das normas imperativas (de ordem pública) que caracterizam a intervenção do Estado no
âmbito da autonomia da vontade
1
Pedreira da Silva, Luiz de Pinho. Principiologia do Direito do Trabalho, p.26.
poder, a supremacia do empregador sobre o empregado. Art.2º CLT – Considera-se empregador a
empresa individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite,assalaria e
dirige a prestação pessoal de serviço.
2- Dependência econômica – Em regra quase absoluta somente coloca sua força de trabalho à
disposição de outrem quem precisa de emprego para sobreviver com o salário que ele propicia. Art. 3º
CLT – Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a
empregador, sob a dependência deste e mediante salário.
3- Pessoalidade – Comprometimento na execução do serviço – O trabalhador se compromete
pessoalmente na execução das atividades determinadas pelo empregador, estando exposto desta
forma a perigos à sua incolumidade moral e física, tais como acidentes ou doenças do trabalho,
assédio moral, etc.
4- Submissão – Ignorância pelo empregado das condições de trabalho e dos seus direitos. A
necessidade do trabalho conduz o trabalhador a se submeter muitas vezes a condições degradantes.
Técnicas de Proteção
– Heterocomposição – Intervenção do Estado nas relações de trabalho com a edição de normas e outras
providências no amparo do trabalhador.
- Autocomposição – Negociação Coletiva, como procedimento destinado à celebração de convenção ou
acordo coletivo de trabalho, conforme art. 114 CF/88.
- Autotutela – Autodefesa dos interesses do grupo mediante à ação direta, sendo singular neste caso a greve,
que é promovida pelos trabalhadores, prevista na Lei 7.783/89 e o Lockout, que é o fechamento da empresa
pelo empregador, artifício proibido pela Lei de Greve.
Jurisprudência – “Com fundamento no princípio de proteção, fundamental do Direito do Trabalho, exige a lei,
sob pena de nulidade do ato, que a rescisão do contrato de empregado com mais de um ano de serviço, seja
feita com assistência do respectivo sindicato da categoria profissional ou do MTE – TRT 12º Região, Rel. Juiz
Umberto Grillo.”
Art. 477 parágrafo 1º - O pedido de demissão ou recibo de quitação de rescisão do contrato de trabalho,
firmado por empregado com mais de um ano de serviço, só será válido quando feito com a assistência do
respectivo sindicato ou perante a autoridade do Ministério do Trabalho.
“É do espírito do Direito do Trabalho que as condições contratuais favoráveis ao empregado não podem ser
afastadas do seu patrimônio jurídico nem mesmo por via legal, já que a lei deve se limitar a resguardar-lhe os
direitos mínimos, nada obstando que as partes avencem negócios jurídicos que ampliem as vantagens legais
garantidas ao trabalhador” (TRT, 9ª Região, rel. Juiz Tobias Macedo).
a) Regra “in dúbio pro operário” – Critério que utiliza o juiz ou intérprete para escolher entre vários
sentidos possíveis de uma norma, aquele que seja mais favorável ao trabalhador.
b) Regra da norma mais favorável – Determina que no caso de haver mais de uma norma aplicável,
deve-se optar por aquela que seja mais favorável, ainda que não seja a que corresponda aos critérios
clássicos de hierarquia das normas.
c) Regra da condição mais benéfica – Critério pelo qual a aplicação de uma nova norma trabalhista
nunca deve servir para diminuir as condições mais favoráveis em que se encontrava um trabalhador.
As regras justrabalhistas são essencialmente imperativas, não podendo de maneira geral ter sua regência
contratual afastada pela simples manifestação das partes.
Art. 9º CLT – Serão nulos de pleno direito os atos praticados com o objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar
a aplicação dos preceitos contidos na presente Consolidação.
Súmula 230 TST – Aviso Prévio. Substituição pelo pagamento das horas reduzidas da jornada de trabalho. É
ilegal substituir o período que se reduz da jornada de trabalho, no aviso prévio, pelo pagamento das horas
correspondentes.
Art. 468 da CLT – Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração das respectivas condições por
mútuo consentimento, e ainda assim desde que não resultem, direta ou indiretamente, prejuízos ao
empregado, sob pena de nulidade da cláusula infringente desta garantia.
A relação objetiva evidenciada pelos fatos define a verdadeira relação jurídica estipulada pelos contratantes.
Segundo Américo Plá Rodriguez significa que em caso de discordância entre o que ocorre na prática e o que
surge de documentos e acordos se deve dar preferência ao primeiro, isto é, ao que sucede no terreno dos
fatos.
Princípio da Continuidade
Conceito – É aquele em virtude do qual o contrato de trabalho perdura até que sobrevenham circunstâncias
previstas pelas partes, ou em lei como idôneas para fazê-lo cessar.
A continuidade não precisa ser absoluta. Considera-se efetivo ou não-eventual o trabalho que não é prestado
todos os dias da semana, mas apenas em alguns deles, de maneira uniforme, em período de tempo fixo. Ex.
Trabalhadores que prestam serviços a clubes apenas alguns dias da semana.
“A prova das alegações incumbe à parte que as fizer (CLT, art 818) A alegação do reclamado de não ter
dispensado o reclamante configura mero jogo de palavras, equivalendo à notícia de que o mesmo deixou,
espontaneamente, o trabalho. Para evitar fraude ao citado preceito normativo, o Judiciário não pode aplicá-lo,
literalmente, devendo conformá-lo ao art. 9º da CLT.”
Princípios Constitucionais
Metodologia de Interpretação
Metodologia de interpretação jurídica
Gramatical (ou lingüística) – É a interpretação que, fundada nas regras e métodos da lingüística e filologia,
constrói-se a partir do exame literal do texto normativo e das palavras que o compõem. O chamado método
gramatical busca o sentido que resulta diretamente do significado próprio e literal das palavras, fazendo do
vocábulo o instrumento básico da interpretação.
O método gramatical ou lingüístico afirma-se como primeiro mecanismo de aproximação do intérprete perante
o texto legal enfocado.
Lógico (ou racional) – É o método de interpretação que busca o significado, coerência e harmonia do texto
legal, socorrendo-se de técnicas da lógica formal. Tal método tem como válido o suposto de que a lei, após
produzida, encarna uma vontade própria; assim deve-se compreender a lei, afastada do conceito de ser mera
exteriorização psíquica de uma pessoa ou entidade. Por esse método, pesquisa-se a ratio legis, a mens legis,
o pensamento contido na lei, ainda que exteriorizado em forma lingüística inadequada.
Sistemático – É o método interpretativo que se caracteriza pela busca de harmonização da norma ao conjunto
do sistema jurídico. Tal método volta-se a produzir uma interpretação vinculada e harmônica ao conjunto do
sistema do Direito. Pelo método sistemático, o processo lógico de interpretação passa a operar em campo
mais vasto de ação: investiga-se também a tendência normativa hegemônica nas diversas normas e diplomas
existentes sobre matérias correlatas, adotando-se tal tendência como uma das premissas centrais implícitas
àquela norma ou diploma interpretado. A partir desse critério apreendem-se, inclusive, com maior clareza, os
aspectos transformadores, retificadores ou continuativos da norma recente perante a ordem jurídica
respectiva.
Teleológico (ou finalístico) – É o método que busca subordinar o processo interpretativo ao império dos fins
objetivados pela norma jurídica. Propõe tal conduta teórica que o intérprete deve pesquisar, na interpretação,
os objetivos visados pela legislação examinada, evitando resultados interpretativos que conspirem ou
inviabilizem a concretização desses objetivos legais inferidos. A legislação tende a enfatizar a conduta
teleológica, ao dispor que o operador jurídico deve observar, no processo interpretativo, os “fins sociais da lei”
(art. 5º da Lei de Introdução ao Código Civil), de maneira que “nenhum interesse de classe ou particular
prevaleça sobre o interesse comum” (art. 8º, caput, CLT).
A conclusão interpretativa deve resultar da convergência do método gramatical – utilizado como primeiro
instrumento de aproximação da norma – com o critério combinado lógico-sistemático e teleológico
Sociológica – Deve-se verificar a realidade e a necessidade social na elaboração da lei e em sua aplicação.
O juiz, ao aplicar a lei, deve ater-se aosfins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum. Art. 5º
LICC e art. 852-I, parágrafo 1º da CLT.
Contrato de Trabalho
Objeto – O objeto direto do contrato de trabalho é a prestação de serviço subordinado e não eventual do
empregado ao empregador, mediante o pagamento de salário. O trabalho autônomo não gera contrato de
trabalho, por faltar o elemento subordinação. (Sérgio Pinto Martins, p. 93)
Natureza – O contrato de trabalho é de natureza privada, por se tratar de uma relação jurídica entre
particulares, de um lado o empregado, pessoa física, de outro o empregador, pessoa física ou jurídica. Pode
ocorrer que o Estado faça parte desta relação, quando admite prestadores de serviços pelo regime da CLT,
não descaracterizando essa situação, porque não foi retirado do âmbito do direito privado.
Continuidade – o contrato de trabalho é um contrato de trato sucessivo, cuja duração se prolonga no tempo.
Quem presta serviços eventualmente não é empregado. O contrato de trabalho em caráter continuado é
distinto dos contratos denominados de instantâneo, cujo exemplo pode-se destacar a compra e venda; e
outro exemplo de contrato que se prolonga no tempo é a locação de imóveis.
Subordinação – O obreiro exerce sua atividade com dependência ao empregador, por quem é dirigido.
Diverge do autônomo, o qual assume o risco do negócio.
Alteridade – Corresponde a prestação de serviços por conta alheia, sem assumir qualquer risco.
Art. 1º Ao empregado doméstico, assim considerado aquele que presta serviços de natureza contínua e de
finalidade não lucrativa à pessoa ou à família, no âmbito residencial destas, aplica-se o disposto nesta Lei.
Art. 3º Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a
empregador, sob a dependência deste e mediante salário.
No entanto, esta característica predispõe a existência de quatro teorias, na qual, revela-se a chamada
eventualidade.
Teoria da descontinuidade – Eventual seria o trabalho descontínuo e interrupto com relação ao tomador
enfocado, portanto, um trabalho que se fracione no tempo, perdendo o caráter de fluidez temporal
sistemática.
Esta teoria foi rejeitada pela CLT, que preferiu a expressão negativa “serviços de natureza não eventual” ao
contrário da expressão positiva “serviços de natureza contínua”.
Ex. Garçom de clube campestre que trabalha diversos meses seguidos, mas apenas em fins de semana ou
feriado.
Este é um exemplo de trabalho descontínuo, porém, não eventual. Neste caso, pode-se caracterizar a relação
de emprego.
Ex. Trabalhador descontínuo doméstico que comparece um ou dois dias por semana ou quinzena na
residência.
Este exemplo é da conhecida diarista, cuja atividade descontínua, embora não eventual, não será
considerada como relação de emprego, uma vez que a lei do trabalho doméstico adota a teoria da
continuidade ao invés da não eventualidade.
Pela teoria da descontinuidade o trabalhador eventual teria rupturas e espaçamentos temporais significativos
com respeito ao tomador de serviços examinado.
Eventual é aquele que depende de acontecimento incerto, casual, fortuito. Os fatos é que revelarão, portanto,
se a tarefa do trabalhador na empresa é eventual ou permanente.
Teoria dos Fins do Empreendimento (ou fins da empresa) – É a mais prestigiada entre as 4 teorias.
Para Délio Maranhão circunstâncias transitórias exigirão, algumas vezes, admita-se o trabalho de alguém que
se destina a atender a uma necessidade, que se apresenta com caráter de exceção dentro do quadro das
necessidades normais do empreendimento. Os serviços prestados serão de natureza eventual e aqueles que
os prestar – trabalhador eventual – não será empregado.
“A aferição da natureza eventual dos serviços prestados há de ser feita tendo em vista os fins normais
da empresa.”
Teoria da fixação jurídica ao tomador dos serviços – Eventual é o que não se fixa a uma única fonte de
trabalho, ou seja, possui uma pluralidade variável de tomadores de serviços.
Analisar a natureza jurídica de um instituto é procurar enquadra-lo na categoria a que pertence no ramo do
Direito. É verificar a essência do instituto analisado, no que ele consiste, inserindo-o no lugar a que pertence
no ordenamento jurídico.
Contrato de trabalho stricto sensu é o negócio jurídico pelo qual uma pessoa física (empregado)se
obriga, mediante o pagamento de uma contraprestação (salário), a prestar trabalho não eventual em proveito
de pessoa, física ou jurídica (empregador), a quem fica juridicamente subordinado.
Teorias contratualista tradicional – A relação empregatícia teria caráter contratual, sendo assimilável a alguma
das figuras contratuais do Direito Civil.
Teoria do arrendamento – locação – aluguel – oriundo do Direito romano.
Locatio operis – locação de obra ou empreitada
Locatio operarum – locação de serviços
Não é assimilável ao arrendamento, pois no contrato de emprego não existe separação entre o
trabalhador e o objeto do contrato, como na locação (locador e coisa).
Teoria da compra e venda – O obreiro venderia sua força de trabalho ao empregador por um preço (salário).
Da mesma forma que o arrendamento, não há separação entre o objeto do contrato (força de trabalho) e o
trabalhador.
Carnelutti faz referência a compra e venda de energia elétrica, em que a energia destinada ao consumidor
não se dissocia da fonte geradora , como no caso do trabalhador e a sua força de trabalho. No entanto, o
trabalho é contratado sem contraprestatividade rigorosa, remunerando-se mesmo sem sua realização efetiva,
como ocorre nos períodos de férias, dias de repouso, intervalos remunerados, tempo à disposição, etc., o que
não ocorre na obrigação comparada.
Teoria do Mandato – Em razão do caráter fiduciário existente entre o empregado e o empregador ocorreria a
assimilação com o contrato de trabalho e neste caso o empregado atuaria como mandatário. A fidúcia ocorre
de forma mais acentuada nos escalões superiores da empresa,sendo que os demais trabalhadores estão em
regime de produção maciça, de cumprimento objetivo do contrato.
Relação de Trabalho – O que prepondera é a situação jurídica objetiva. O simples fato da prestação de
serviços seria o elemento essencial, conforme o disposto por Mário de la Cueva, que afirma o contrato-
realidade.
“Relação de trabalho como situação jurídica objetiva, estabelecida entre um trabalhador e um empregador
para a prestação de um serviço subordinado, qualquer que seja o ato ou a causa de sua origem.”
Art. 4º CLT – serviço efetivo o tempo em que o empregado esteja à disposição do empregador.
Art. 58 1º e 2º CLT tempo in itinere
Institucionalista – A empresa como uma instituição, um corpo social que se impõe objetivamente a um certo
conjunto de pessoas e cuja permanência não se submete a vontade particular de seus membros
componentes.
O trabalhador adere à instituição estando sujeito as regras da instituição.
É o contrato de trabalho cuja vigência dependa de termo prefixado ou da execução de serviços especificados
ou ainda da realização de certo acontecimento suscetível de previsão aproximada. Art.443, parágrafo 1º.
-Considera-se como de prazo determinado contrato de trabalho cuja vigência dependa de termo prefixado ou
da execução de serviços especificados ou ainda da realização de certo acontecimento suscetível de previsão
aproximada.
As atividades abrangidas pelo contrato de trabalho determinado, devem estar especificadas na Carteira de
Trabalho, conforme o disposto no art, 29 da CLT. Deve ser especificada a data de admissão, remuneração e
as condições especiais, onde se inclui o contrato de trabalho determinado.
O contrato de trabalho, conforme o disposto no art. 443, parágrafo 2º, só é válido em se tratando de:
O serviço de natureza transitória é o que é breve, cuja duração é temporária, de caráter efêmero. Um
exemplo desta modalidade de contrato determinado é a contratação de um empregado temporariamente para
atender a um breve aumento de produção em certo período do ano. A transitoriedade é em relação às
atividades do empregador e não do empregado.
b) atividades empresariais de caráter transitório;
São atividades desenvolvidas em determinadas épocas do ano e para determinados eventos, de tal forma
que a constituição da empresa tem a finalidade de atingir estes fins. Desta forma, a transitoriedade diz
respeito a empresa e não ao empregado ou ao serviço. Ex. empresa destinada a fabricar ovos de chocolate
para a páscoa ou empresa que venha a fabricar fogos de artifício para a festa junina.
c) contrato de experiência
É um contrato determinado que tem a finalidade de verificar a adaptação do trabalhador em relação as
atividades que desenvolverá e ao ambiente de trabalho. É uma avaliação mútua, na qual o trabalhador
poderá não concordar em permanecer na atividade que lhe foi atribuída.
Art. 445 parágrafo único - O contrato de trabalho por prazo determinado não poderá ser estipulado por mais
de 2 anos, observadas as regras do art. 451.
Art. 451 – O contrato de trabalho por prazo determinado que, tácita ou expressamente, for prorrogado mais
de uma vez passará a vigorar sem determinação de prazo.
É o pacto empregatício rural a prazo certo cujo termo final seja fixado em função das variações estacionais da
atividade agrária.
Indenização por tempo de serviço – o empregador pagará ao safrista a título de indenização do tempo de
serviço valor correspondente a 1/12 do salário mensal obreiro, por mês de serviço ou fração acima de 14
dias. Diverge do disposto no artigo 477 da CLT, uma vez que este faz referência ao trabalho indeterminado e
a garantia de emprego, conforme o disposto no art. 7, I da cF/88.
É o pacto empregatício urbano a prazo, qualificado pela presença de um construtor em caráter permanente
no pólo empresarial da relação e pela execução de obra ou serviço certo como fator que enseja a prefixação
do prazo contratual.
Indenização nas hipóteses de rescisão antecipada, não se aplicando os artigos 479 e 480 da CLT.