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Instituto Municipal de Ensino Superior de Assis – IMESA
SUMÁRIO
3. DENOMINAÇÃO – p. 53
3.1. Introdução – p. 53
3.2. Legislação do Trabalho – p. 53
3.3. Direito Operário – p. 53
3.4. Direito Industrial – p. 54
3.5. Direito Corporativo – p. 54
3.6. Direito Social – p. 55
3.7. Direito Sindical – p. 55
3.8. Direito do Trabalho – p. 55
5. MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM – p. 60
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5.1. Mediação – p. 61
5.2. Arbitragem – p. 62
REFERÊNCIAS – p. 209
A substituição das ferramentas pelas máquinas, da energia humana pela energia motriz e
do modo de produção doméstico pelo sistema fabril constituiu a Revolução Industrial;
revolução, em função do enorme impacto sobre a estrutura da sociedade, num processo de
transformação acompanhado por notável evolução tecnológica.
A Revolução Industrial aconteceu na Inglaterra, na segunda metade do Século XVIII, e
encerrou a transição entre feudalismo e capitalismo, a fase de acumulação primitiva de
capitais e de preponderância do capital mercantil sobre a produção. Completou, ainda, o
movimento da revolução burguesa iniciada na Inglaterra no Século XVII.
Podem-se distinguir três períodos no processo de industrialização em escala mundial:
1760 a 1850 – A Revolução se restringe à Inglaterra, a "oficina do mundo". Preponderam a
produção de bens de consumo, especialmente têxteis, e a energia a vapor.
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1.2. Escravidão
A primeira forma de trabalho foi à escravidão, em que o escravo era
considerado apenas uma coisa, não tendo qualquer direito, muito menos
trabalhista.
1850 a 1900 – A Revolução espalha-se pela Europa, América e Ásia: Bélgica, França, Ale-
manha, Estados Unidos, Itália, Japão, Rússia. Cresce a concorrência, a indústria de bens de
produção se desenvolve, as ferrovias se expandem; surgem novas formas de energia, como
a hidrelétrica e a derivada do petróleo. O transporte também se revoluciona, com a
invenção da locomotiva e do barco a vapor.
1900 até hoje – Surgem conglomerados industriais e multinacionais. A produção se
automatiza; surge a produção em série; explode a sociedade de consumo de massas, com a
expansão dos meios de comunicação. Avançam a indústria química e eletrônica, a
engenharia genética, a robótica
O artesanato, primeira forma de produção industrial, surgiu no fim da Idade Média com o
renascimento comercial e urbano e definia-se pela produção independente; o produtor
possuía os meios de produção: instalações, ferramentas e matéria-prima. Em casa, sozinho
ou com a família, o artesão realizava todas as etapas da produção.
A manufatura resultou da ampliação do consumo, que levou o artesão a aumentar a
produção e o comerciante a dedicar-se à produção industrial. O manufatureiro distribuía a
matéria-prima e o artesão trabalhava em casa, recebendo pagamento combinado. Esse
comerciante passou a produzir. Primeiro, contratou artesãos para dar acabamento aos
tecidos; depois, tingir; e tecer; e finalmente fiar. Surgiram fábricas, com assalariados, sem
controle sobre o produto de seu trabalho. A produtividade aumentou por causa da divisão
social, isto é, cada trabalhador realizava uma etapa da produção.
Na maquinofatura, o trabalhador estava submetido ao regime de funcionamento da
máquina e à gerência direta do empresário. Foi nesta etapa que se consolidou a Revolução
Industrial.
Quatro elementos essenciais concorreram para a industrialização: capital, recursos naturais,
mercado, transformação agrária.
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Em Roma, o trabalho era feito pelos escravos. A Lex Aquilia (284 a.C.
(considerava o escravo como uma coisa). O trabalho era visto como algo
desonroso. A locatio conductio tinha por objetivo regular a atividade de
quem se comprometia a locar suas energias ou resultado de trabalho, em
troca de pagamento. Estabelecia, portanto, a organização do trabalho do
homem livre.
1.3. Servidão
Num segundo momento, surge a servidão. Era a época do feudalismo, em
que os senhores feudais davam proteção militar e política aos servos, que
não eram livres, mas, ao contrário, eram obrigados a prestar serviços nas
terras do senhor feudal.
Essa fase não diferiu muito da escravidão, uma vez que, embora recebendo
certa proteção militar e política prestada pelo senhor feudal dono das terras,
os trabalhadores também não tinham uma condição livre. Eram obrigados a
trabalhar em terras alheias, presos às glebas que cultivavam.
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A partir do Século XVIII, a burguesia começou a se tornar o grupo social mais influente na
sociedade européia, dedicando-se, sobretudo ao comércio e as atividades financeiras.
Muitos banqueiros tornaram-se importantes parceiros de reis, emprestando dinheiro ou
financiando despesas dos exércitos reais. Em troca, recebiam privilégios, como o monopólio
do comércio entre a metrópole e suas colônias.
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Revolução Francesa era o nome dado ao conjunto de acontecimentos que, entre 5 de maio
de 1789 e 9 de novembro de 1799, alteraram o quadro político e social da França. Em
causa estavam o Antigo Regime (Ancien Régime) e a autoridade do clero e da nobreza. Foi
influenciada pelos ideais do Iluminismo e da Independência Americana (1776). Está entre
as maiores revoluções da história da humanidade.
A Revolução é considerada como o acontecimento que deu início à Idade Contemporânea.
Aboliu a servidão e os direitos feudais e proclamou os princípios universais de "Liberdade,
Igualdade e Fraternidade" (Liberté, Egalité, Fraternité), frase de autoria de Jean-Jacques
Rousseau. Para a França, abriu-se, em 1789, o longo período de convulsões políticas do
Século XIX, fazendo-a passar por várias repúblicas, uma ditadura, uma monarquia
constitucional e dois impérios.
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nome vem de Ned Ludlan), caracterizado pela destruição das máquinas por operários.
Para eles, as máquinas eram o principal responsável pela situação de exploração em que se
encontravam.
Enquanto isso, outro tipo de reação começava a se verificar entre os trabalhadores ingleses.
Preocupados com os acidentes de trabalho, com doenças e o desemprego, eles passaram a
unir suas forças e a criar formas organizadas, como associações de auxilio mútuo, com o
objetivo de criar fundos de reserva a serem utilizados nos momentos de necessidade.
Essas formas de organização seriam o primeiro passo para a criação dos sindicatos
trabalhistas, entidades destinadas a lutar pelos direitos do proletariado. Uma vez
organizado em sindicatos, os trabalhadores fariam importantes conquistas, como aumento
de salário, redução na jornada de trabalho, aposentadoria, descanso semanal remunerado,
férias, dentre outras.
A crescente organização dos trabalhadores ingleses assumiria formas políticas de expressão
entre as décadas de 1.830 e 1.840, quando eles reuniram suas reivindicações em um
documento conhecido como Carta do Povo. Nascia o cartismo, primeiro grande movimento
político do proletariado inglês, que conquistou importantes avanços trabalhistas, em 1.833:
o Parlamento inglês aprovou lei limitando em oito horas a jornada de trabalho das crianças;
em 1842, ficou proibido o trabalho de mulheres em minas de carvão; três anos mais tarde,
foi aprovada a redução da jornada dos trabalhadores adultos para dez horas diárias.
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Todos os avanços provocaram enorme euforia entre os capitalistas, os quais enriqueciam
rapidamente. Nem toda população inglesa tinha acesso aos benefícios dessa prosperidade.
Na verdade, boa parte dela composta por trabalhadores, se via excluída de tais benefícios.
As condições de moradia desse grupo social eram das mais precárias, em bairros insalubres,
casas simples e rudimentares. Erguidas em ruas escuras e sem pavimentação, eram mal
ventiladas, não tinham água suficiente e apresentavam péssimas condições sanitárias.
As fábricas não lhes ofereciam condições dignas de trabalho. Eram geralmente locais
úmidos e quentes, desprovidos de ventilação adequada. A alimentação servida era
insuficiente e de péssima qualidade. Por causa disso e das longas jornadas de trabalho, a
expectativa de vida entre os operários era baixa, e a incidência de doenças e acidentes de
trabalho, muito alta.
Por serem considerados mais dóceis do que os homens, os patrões preferiam contratar
mulheres e crianças, muitas delas com quatro ou cinco anos de idade.
A jornada de trabalho era igual para todos, durando de quinze a dezoito horas ininterruptas.
Os operários eram vigiados, de perto, por um superior.
Acidentes provocados pelo cansaço aconteciam com frequência, e não eram perdoados. Em
represália por alguma falta, os trabalhadores sofriam severas punições. As crianças
chegavam a ser chicoteadas.
Sem nenhuma lei que as protegesse contra esse e outros abusos, muitas pessoas
começaram a se recusar a trabalhar nas fábricas. Para evitar essa evasão de mão-de-obra,
o governo inglês adotou diversas medidas repressivas. Assim, o operário que abandonasse
o emprego podia ser acusado por vadiagem e até preso.
O governo também coibiu a mendicância, criando as chamadas workhouses (casas de
trabalho). Para lá eram encaminhados os mendigos e desempregados, os quais eram
obrigados a trabalhar.
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Rerum Novarum : sobre a condição dos operários (em latim, Rerum Novarum significa
"Das Coisas Novas") é uma encíclica escrita pelo Papa Leão XIII, a 15 de maio de 1891. Era
uma carta aberta a todos os bispos, debatendo as condições das classes trabalhadoras.
Wilhelm Emmanuel von Ketteler e Edward Manning tiveram grande influência na sua
composição.
A encíclica trata de questões levantadas durante a Revolução Industrial e as sociedades
democráticas no final do Século XIX. Leão XIII apoiava o direito dos trabalhadores
formarem sindicatos, mas rejeitava o socialismo e defendia os direitos à propriedade
privada. Discutia as relações entre o governo, os negócios, o trabalho e a Igreja.
A encíclica criticava fortemente a falta de princípios éticos e valores morais na sociedade de
seu tempo e laica, uma das grandes causas dos problemas sociais. O documento papal
referia-se alguns princípios que deveriam ser usados na procura de justiça na vida industrial
e sócio-económica, como por exemplo, a melhor distribuição de riqueza, a intervenção do
Estado na economia a favor dos mais pobres e desprotegidos, a caridade do patronato aos
trabalhadores.
A encíclica completou outros trabalhos de Leão XIII durante o seu papado (Diuturnum,
sobre a soberania política; Immortale Dei, sobre a constituição cristã dos Estados e
Libertas, sobre a liberdade humana) para modernizar o pensamento social da Igreja e da
sua hierarquia. Em geral é considerada como o pilar fundamental da Doutrina Social da
Igreja. Pelos sucessores no papado foi denominada de "Carta Magna" do "Magistério Social
da Igreja".
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Quadragesimo Anno é uma carta encíclica do Papa Pio XI, de 15 de maio de 1931, sobre
a restauração e aperfeiçoamento da ordem social em conformidade com a Lei Evangélica no
XL aniversário da Encíclica de Leão XIII, "Rerum Novarum".
Foi escrita como uma resposta à Grande Depressão de 1929.
O Papa Pio XI dá uma grande importância, na sua encíclica, à restauração do princípio
dirigente da economia baseado na unidade do corpo social. Esta unidade não pode basear-
se na luta de classes, como a ordem econômica não deve deixar-se à livre concorrência de
forças, que cai facilmente no esquecimento de seu próprio caráter social e moral.
Considera o livre mercado, em princípio, benéfico, mas não se pode deixá-lo a governar o
mundo e o mundo não deve ser governado apenas pela economia, como mostra a dura
experiência dos trabalhadores, nem tampouco pode converter-se numa ditadura econômica
que se rege por si mesma ou como um fim em si mesma.
A encíclica, no seu texto, reiterava a condenação do comunismo já anteriormente feita pelo
documentos pontifícios que a precederam, bem como o socialismo, inclusive o chamado
"socialismo moderado", que critica duramente, pois é também totalmente incompatível com
a prática e a fé cristã.
Com efeito ali é dito: E se este erro, como todos os mais, encerra algo de verdade, o que os
Sumos Pontífices nunca negaram, funda-se contudo numa própria concepção da sociedade
humana, diametralmente oposta à verdadeira doutrina católica. Socialismo religioso,
socialismo católico são termos contraditórios: ninguém pode ser ao mesmo tempo bom
católico e verdadeiro socialista.
A caridade e a justiça social devem ser a alma da nova ordem, defendida e tutelada pela
autoridade pública. Também são necessárias as institucionais internacionais para uma boa
organização da sociedade.
O texto ataca, através de uma análise lúcida, real e muito forte, a acumulação de poder e
de recursos nas mãos de uns poucos, que os manejam à vontade. Esta realidade tem, como
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consequência, três tipos de luta: a luta pela hegemonia econômica, por apropriar-se do
poder político e entre os diferentes Estados.
Com referência ao capitalismo, a encíclica criticava, com dureza, a livre concorrência do
mercado sem legislação apropriada, especialmente com a mistura e confusão entre o Estado
e a economia, com o esquecimento dos valores morais. São funestos tanto o "nacionalismo
ou imperialismo econômico", como o "internacionalismo" do dinheiro, que só tem pátria em
si mesmo.
A isto chama de "despotismo econômico": É coisa manifesta, como nos nossos tempos não
só se amontoam riquezas, mas acumula-se um poder imenso e um verdadeiro despotismo
econômico nas mãos de poucos, que as mais das vezes não são senhores, mas simples
depositários e administradores de capitais alheios, com que negociam a seu talante. Este
despotismo torna-se intolerável naqueles que, tendo nas suas mãos o dinheiro, são também
senhores absolutos do crédito e por isso dispõem do sangue de que vive toda a economia, e
manipulam de tal maneira a alma da mesma, que não pode respirar sem sua licença.
Propõe-se levar à prática os princípios da reta razão e da filosofia social cristã sobre o
capital de trabalho e sua mútua coordenação. É necessário evitar tanto o individualismo,
como o coletivismo, ponderar com equidade e rigor o caráter individual e social do trabalho,
regular as relações econômicas conforme as leis de justiça comutativa, com ajudas da
caridade cristã e submeter o livre mercado à autoridade pública, sempre que seja esta
última a garantia da justiça social dentro de uma ordem sã para todos.
Todas as propostas da encíclica se centram no regresso à doutrina evangélica, e defende a
sua intemporal validade.
Algumas propostas mais concretas eram:
• Reforma ajustada da economia à razão iluminada pela caridade cristã.
• Colaboração mútua e harmoniosa de todas as atividades humanas na sociedade.
• Reconstrução do plano divino para todos os homens.
• O enriquecimento é lícito sempre que não menospreze os direitos alheios.
• "Lei da temperança cristã" contra os apegos desordenados, que são uma afronta aos
pobres, e que se baseia em “buscar primeiro o reino de Deus e sua justiça".
• Lei da Caridade: muito mais ampla que a pura justiça.
• Igualdade radical de todos os homens na mesma família de filhos de Deus,
encarnado no filho de um carpinteiro, para potenciar mútuo amor entre ricos e
pobres.
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Constituição do México de 1917 (nome oficial: Constitución Politica de los Estados Unidos
Mexicanos que reforma la del 5 de febrero de 1857) é a atual lei suprema da federação
mexicana. Foi promulgada em 5 de fevereiro de 1917, pela Assembleia Constituinte reunida
na cidade de Querétaro, entre 1 de dezembro de 1916 e 31 de janeiro de 1917, entrando
em vigor no dia 1 de maio seguinte. A Assembleia Constituinte foi convocada por
Venustiano Carranza, Primeiro-Chefe do Exército Constitucionalista, encarregado do poder
executivo, em cumprimento do estabelecido no plano de Guadalupe. Subsituiu a
Constituição do México de 1857.
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Foi a primeira constituição da História a incluir os chamados direitos sociais, dois anos antes
da Constituição de Weimar de 1919.
Trata-se de uma constituição anticlerical e liberal, incluindo medidas relativas ao trabalho e
à proteção social, bastante radicais para a época, bem como reformas destinadas a
restringir a posse de explorações mineiras e de terras por estrangeiros. Outrossim, reflete
as diferentes tendências expressas antes e durante a Revolução Mexicana: anticlericalismo,
agrarismo, sensibilidade social, nacionalismo. Anuncia uma reforma agrária e leis sociais. O
poder da Igreja é fortemente reduzido: perda do controle do estado civil e de toda
intervenção social e política, nacionalização dos locais de culto, interdição aos membros do
clero de se candidatarem em eleições, de se exprimirem politicamente, de herdar ou
transmitir heranças. A não-reeleição do presidente e a extinção do cargo de vice-presidente
foram igualmente estabelecidos nesta constituição.
Foi alvo de diversas alterações desde a sua promulgação.
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Levantamento da Secretaria de Inspeção do Trabalho, do Ministério do Trabalho e
Emprego, mostra que R$ 20,3 bilhões referentes a horas-extras podem estar deixando de
ser pagas aos trabalhadores brasileiros anualmente. Ao deixar de registrar o trabalho
adicional de seus empregados, a sonegação à Previdência Social pode chegar a R$ 4,1
bilhões, e ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço mais R$ 1,6 bilhão. Somadas, as
horas-extras trabalhadas e não pagas no Brasil equivalem à carga horária referente a 956,8
mil empregos, que poderiam ser gerados em lugar do trabalho extra não remunerado. O
estudo tem como base o Relatório Anual de Informações Sociais (Rais) do MTE.
Para evitar que os empregados continuem trabalhando de graça para as empresas, o MTE
publicou em agosto de 2009 a Portaria 1.510, que disciplina o registro eletrônico de ponto e
a utilização do Sistema de Registro Eletrônico de Ponto pelas empresas. O novo modo
eletrônico de marcação de entrada e saída dos trabalhadores entrará em vigor em agosto
de 2010. Segundo o ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi, a portaria não tolhe
outras formas de marcação de ponto.
"O controle eletrônico de ponto é opcional. As empresas que não quiserem utilizar o novo
sistema poderão utilizar o sistema antigo", informa Lupi, referindo ao artigo 74 da CLT, que
faculta o uso de registro de ponto manual ou mecânico. Contudo, se o meio eletrônico for
adotado, deverão ser seguidas as instruções da Portaria 1.510.
A principal intenção do novo controle de jornada de trabalho é impedir que os horários
anotados na entrada e saída do expediente de trabalho sejam alterados, como possibilitam
alguns programas de computador disponíveis no mercado atualmente. Os novos relógios de
ponto devem emitir comprovante da marcação a cada registro efetuado, para que os
trabalhadores tenham comprovação do horário de início e fim do expediente.
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que o passo mais importante dado por um país para satisfazer às demandas
das classes trabalhadoras. Seria inútil empenhar-se em encontrar
repercussões que não teve: a Europa não conheceu, em termos gerais,
nossa legislação. A promulgação da constituição alemã de Weimar, unida à
excelente literatura que desde o princípio produziu, fez com que a atenção
do mundo se fixasse principalmente sobre ela. A falta quase total de estudos
sobre o direito mexicano contribuiu também para que fosse ignorado;
apenas uma ou outra referência encontra-se nos autores franceses e
sobretudo nos espanhóis. A exposição histórica comprova que os
legisladores mexicanos se inspiraram em leis de diversos países, França,
Bélgica, Itália, Estados Unidos, Austrália e Nova Zelândia, de tal maneira
que a maior parte das disposições que nela foram consignadas eram
conhecidas em outras nações. Mas a ideia de fazer do Direito do Trabalho
um mínimo de garantias em benefício da classe economicamente fraca e a
de incorporar essas garantias na Constituição, para protegê-la contra
qualquer política do legislador ordinário, são próprias do direito mexicano,
no qual pela primeira vez foram consignadas”.
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Constituição de Weimar (alemão: Weimarer Verfassung) era o documento que governou
a curta República de Weimar (1919-1933), da Alemanha. Formalmente era a Constituição
do estado alemão (Die Verfassung des Deutschen Reiches).
Apesar das fraquezas e ambiguidades assinaladas, e malgrado sua breve vigência, a
Constituição de Weimar exerceu decisiva influência sobre a evolução das instituições
políticas em todo o Ocidente. O Estado da democracia social, cujas linhas-mestras já
haviam sido traçadas pela Constituição mexicana de 1917, adquiriu, na Alemanha de 1919,
uma estrutura mais elaborada, que veio a ser retomada em vários países após o trágico
interregno nazi-fascista e a 2ª Guerra Mundial. A democracia social representou
efetivamente, até o final do Século XX, a melhor defesa da dignidade humana, ao
complementar os direitos civis e políticos — que o sistema comunista negava — com os
direitos econômicos e sociais, ignorados pelo liberal-capitalismo. De certa forma, os dois
grandes pactos internacionais de direitos humanos, votados pela Assembleia Geral das
Nações Unidas em 1966, foram o desfecho do processo de institucionalização da
democracia social, iniciado por aquelas duas Constituições no início do século.
A estrutura da Constituição de Weimar é claramente dualista: a primeira parte tem por
objetivo a organização do Estado, enquanto a segunda apresenta a declaração dos direitos
e deveres fundamentais, acrescentando às clássicas liberdades individuais os novos direitos
de conteúdo social.
Mas foi, sem dúvida, pelo conjunto das disposições sobre a educação pública e o direito
trabalhista que a Constituição de Weimar organizou as bases da democracia social.
Tal como a Constituição mexicana de 1917, os direitos trabalhistas e previdenciários são
elevados ao nível constitucional de direitos fundamentais (art. 157 e seguintes). Nesse
conjunto de normas, duas devem ser ressaltadas. A do art. 162 chama a atenção pela sua
extraordinária antecipação histórica: a preocupação em se estabelecerem padrões mínimos
de regulação internacional do trabalho assalariado, tendo em vista a criação, à época ainda
incipiente, de um mercado internacional de trabalho. No art. 163, é claramente assentado o
direito ao trabalho, que o sistema liberal-capitalista sempre negou. Ele implica, claramente,
o dever do Estado de desenvolver a política de pleno emprego, cuja necessidade, até
mesmo por razões de estabilidade política, foi cruamente ressentida pela recessão dos anos
30.
Nos art. 165 e seguintes foi instituída a participação de empregadores na regulação estatal
da economia. O movimento fascista tomou por base disposições da Constituição de Weimar
para deformá-las, criando a organização corporativa da economia, sob a dominação do
partido único.
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O lema da Carta Del Lavoro era “tudo dentro do Estado, nada fora do
Estado, nada contra o Estado”. Por si, é suficientemente expressivo para dar
a ideia das concepções corporativistas.
disso, diz a Declaração IV, que a finalidade do contrato coletivo de trabalho é a “conciliação
dos interesses opostos dos empregadores e trabalhadores e a sua subordinação aos
superiores interesses da produção.” O contrato coletivo de trabalho é, no dizer de
Carnelutti, “um híbrido, que tem corpo de contrato e alma de lei”.
A Declaração IV, da Carta del Lavoro, estabelece: “No contrato coletivo de trabalho tem a
sua expressão concreta a solidariedade entre os vários fatores da produção, mediante a
conciliação dos interesses opostos dos empregadores e trabalhadores e a sua subordinação
aos superiores interesses da produção.”
No Brasil, o contrato coletivo de trabalho veio a denominar-se convenção coletiva de
trabalho. Prevista pelo art. 7º do Decreto nº 19.770, de 19 de março de 1931, sobre
sindicalização, foi regulada, pela primeira vez, pelo Decreto nº 21.761, de 23 de agosto de
1932, que atribuía à convenção coletiva eficácia restrita aos associados do sindicato,
reservando-se ao Ministério do Trabalho a prerrogativa de estender seus efeitos aos não
associados. Foi posteriormente contemplada na Constituição de 1934, na Carta de 1937, na
CLT e nos textos constitucionais posteriores. A convenção coletiva de trabalho está prevista
no art. 7º, XXVI, da Constituição de 1988, em vigor e no art. 611 e seguintes, da CLT.
Manter a paz social era função básica do Estado fascista. Para evitar que os conflitos entre
empregados e empregadores desembocassem em formas de autodefesa, como a greve e o
lock-out, o que, segundo concepção da doutrina fascista, prejudica a produção, perturba a
ordem pública e infringe o dever social do trabalho. O Estado, síntese superior dos
interesses individuais, resolveu atrair a solução dos conflitos individuais e coletivos para um
órgão também estatal, dando-lhe uma função normativa além da função judicante: a
Magistratura del Lavoro.
Dispõe a Declaração V, da Carta del Lavoro: “A Justiça do Trabalho é o órgão por meio do
qual o Estado intervém para solucionar as controvérsias do trabalho, seja as que concernem
ao cumprimento das convenções e outras normas existentes, seja as destinadas à criação
de novas condições de trabalho.”
Inicialmente contemplada na Constituição Brasileira de 1934, nos mesmos moldes da
Magistratura do Trabalho italiana, a Justiça do Trabalho encontrou ambiente propício no
Estado Novo. Foi efetivamente instituída no Brasil pela Carta outorgada de 1937 que, no
seu art. 139, 1ª alínea, incluiu a Justiça do Trabalho no capítulo concernente à ordem
econômica como órgão do Poder Executivo e um setor do Ministério do Trabalho. Dispôs,
ainda, que a ela não se aplicaria nenhuma das regras da Justiça Comum, inclusive no
tocante à estabilidade dos juízes.
Outra característica herdada da Magistratura del Lavoro diz respeito ao poder normativo da
Justiça do Trabalho. As relações coletivas expressavam a luta de classes. Por isso, o poder
normativo criado pela reforma corporativa italiana, correspondia aos anseios da doutrina
fascista que, abominando a luta de classes, entendia que não era de competência dos
atores sociais resolver seus próprios conflitos de caráter econômico. A solução somente
poderia ser decidida a contento por um órgão superior e imune a controvérsias: o Estado.
Contemplado pela primeira vez na Constituição Brasileira de 1934, o poder normativo da
Justiça do Trabalho foi também adotado pela Carta de 1937 e regulamentado pelo mesmo
Decreto-lei 1.237, de maio de 1939. Adequado à Carta outorgada de 1937 e ao regime
implantado por Getúlio Vargas, na medida em que a Justiça do Trabalho era um órgão do
Poder Executivo e um setor do Ministério do Trabalho, o poder normativo era também
imprescindível ao controle das relações coletivas de trabalho pelo Estado.
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O art. 766, conjugado com o art. 8º, ambos da CLT, expressam bem a influência do
corporativismo italiano sobre a legislação brasileira, ao assegurarem:
“Art. 766. Nos dissídios sobre estipulação de salários, serão estabelecidas condições que,
assegurando justos salários aos trabalhadores, permitam também justa retribuição às
empresas interessadas.”
Art. 8º. As autoridades administrativas e a Justiça do Trabalho, na falta de disposições
legais ou contratuais, decidirão, conforme o caso, pela jurisprudência, por analogia, por
eqüidade e outros princípios e normas gerais do direito, principalmente do direito do
trabalho, e, ainda, de acordo com os usos e costumes, o direito comparado, mas sempre de
maneira que nenhum interesse de classe ou particular prevaleça sobre o interesse público.”
Mantido pela Constituição de 1988 em vigor, atualmente é injustificável o poder normativo
da Justiça do Trabalho, quando se pretende um Estado democrático de Direito com
separação de poderes.
Outros institutos do direito do trabalho e do direito processual do trabalho também
sofreram profunda influência italiana. Assim, por exemplo, o princípio da conciliação, a
estipulação do salário pela Justiça do Trabalho durante o Estado Novo, a remuneração do
trabalho noturno superior ao do diurno, o repouso semanal, as férias anuais remuneradas,
os dissídios do trabalho (espécies, objeto, conteúdo), etc..
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O nacionalismo italiano foi extraordinariamente exacerbado após a Primeira Guerra
Mundial, porque a Itália não conseguira obter, nos tratados do período pós-guerra, algumas
áreas em que estava interessada (caso da Dalmácia, que foi atribuída à Iugoslávia, e de
algumas colônias alemãs na África). As perdas italianas na guerra haviam sido enormes,
com 650.000 mortos e a região de Veneza fora devastada. As recompensas territoriais por
todo esse esforço foram ínfimas. A frustração provocou a exaltação nacionalista e um
desejo ainda maior de conquistas territoriais entre os italianos.
A situação econômica geral depois da guerra era caótica. Os problemas da Itália, tal como
superpovoamento e atraso, foram ainda aumentados pela herança da guerra. Os esforços
militares e industriais durante a luta haviam sido financiados pela emissão monetária (o que
causou a elevação da inflação) e empréstimos exteriores. A dívida externa da Itália era
enorme, e a lira (moeda italiana) estava profundamente depreciada.
Mesmo as indústrias mais sólidas foram abaladas pela crise. O desemprego ressurgiu
agravado pelo declínio da emigração, que fora refreada durante a guerra.
A crise social logo adquiriu um aspecto revolucionário e o número de greves e revoltas
cresceu.
O poder político sentia-se incapaz de debelar a crise. A burguesia sentia-se ameaçada pela
revolta social e pelo crescimento do movimento comunista. Decidiu, por isso, apoiar-se num
grupo político reduzido, mas bem organizado e disposto acabar pela força com a ameaça
revolucionária: os fascistas.
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fora do Estado (Tutto nelle Stato, iente contro lo Stato, nulla al di fuori dello
Stato).
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A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, proclamada em França em 1789, e as
reivindicações ao longo dos Séculos XIV e XV, em prol das liberdades, alargou o campo dos
direitos humanos e definiu os direitos econômicos e sociais.
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Mas, o momento mais importante na história dos Direitos do Homem é o período de 1945-
1948. Em 1945, os Estados tomam consciência das tragédias e atrocidades vividas durante
a 2ª Guerra Mundial, o que os levou a criar a Organização das Nações Unidas (ONU), em
prol de estabelecer e manter a paz no mundo. Foi através da Carta das Nações Unidas,
assinada a 20 de junho de 1945, que os povos exprimiram a sua determinação “em
preservar as gerações futuras do flagelo da guerra; proclamar a fé nos direitos
fundamentais do Homem, na dignidade e valor da pessoa humana, na igualdade de direitos
entre homens e mulheres, assim como das nações, grande e pequenas; em promover o
progresso social e instaurar melhores condições de vida numa maior liberdade”. A criação
das Nações Unidas simboliza a necessidade de um mundo de tolerância, de paz, de
solidariedade entre as nações, que faça avançar o progresso social e econômico de todos os
povos.
Os principais objetivos das Nações Unidas passam por manter a paz, a segurança
internacional, desenvolver relações amigáveis entre as nações, realizar a cooperação
internacional resolvendo problemas internacionais do cariz econômico, social, intelectual e
humanitário, desenvolver e encorajar o respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades
fundamentais sem qualquer tipo de distinção.
Assim, no dia 10 de dezembro de 1948, a Assembleia Geral das Nações Unidas proclamou a
Declaração Universal dos Direitos Humanos. A Declaração Universal dos Direitos Humanos é
fundamental na nossa sociedade. Quase todos os documentos relativos aos direitos
humanos têm como referência esta Declaração, e alguns Estados fazem referência direta
nas suas constituições nacionais. A Declaração Universal dos Direitos Humanos ganhou uma
importância extraordinária, contudo, não obriga juridicamente que todos os Estados a
respeitem e, devido a isso, a partir do momento em que foi promulgada, foi necessário a
preparação de inúmeros documentos que especificassem os direitos presentes na
declaração e assim força-se os Estados a cumpri-la. Foi nesse contexto que, no período
entre 1945-1966, nasceram vários documentos.
Assim, a junção da Declaração Universal dos Direitos Humanos, os dois pactos efetuados
em 1966, nomeadamente O Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos e o Pacto
Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, bem como os dois protocolos
facultativos do Pacto dos Direitos Civis e Políticos (que em 1989 aboliu a pena de morte),
constituem A Carta Internacional dos Direitos do Homem.
P á g i n a | 31
A máquina de fiar permitiu que uma operação, feita por apenas um homem
com um torno, passasse a ser executada mais depressa e por uma série de
fusos.
A fabricação do aço foi outro passo importante, mesmo porque, junto das
indústrias de base, outras se estabeleceram.
regulamentação do trabalho.
Como jamais existiu contrato escrito, o empregador podia dar por terminada
a relação de emprego à sua vontade ou modificá-lo ao seu arbítrio.
O trabalho das mulheres e dos menores foi bastante utilizado sem maiores
preocupações.
A situação das mulheres não era muito diferente. Em fins do Século XVIII
elas trabalhavam em minas, fábricas metalúrgicas e fábricas de cerâmicas. A
tecelagem, no entanto, passou a absorvê-las em maior escala.
Contribuiu muito para esse estado de coisas o emprego cada vez maior da
máquina de coser, inventada por Thimonnier, em 1.830, e que foi usada
com êxito em Paris, e pouco tempo depois aperfeiçoada nos Estados Unidos,
por Elias Howe. Essa máquina não necessitava de qualquer energia
muscular, e permitia a uma mulher fazer o trabalho para o qual antes eram
necessárias 6 ou 7.
As cifras nem sempre são exatas, porém, segundo Alain Touraine e Bernard
Mottez, a Primeira Guerra Mundial precipitou o movimento de penetração
das mulheres nas oficinas.
Arkwright tinha fama de patrão liberal porque não exigia mais de 12 horas,
enquanto a média era de 14 horas diárias.
Assim, a maior parte das leis dessa época destina-se a esses objetivos.
Envolvem, também, uma atitude do Poder Público, que viria a acentuar,
mais tarde, a necessidade de intervenção da defesa do fraco. Aliás, a
primeira lei de importância histórica que revela essa posição do Estado é da
Inglaterra, e data de 1.601. É denominada ‘Lei de Amparo dos Pobres’,
reconhecendo ao desfavorecido o direito de receber auxílio das autoridades
públicas, e que é assim descrita por Arthur Birnie, comentando, também, a
sua emenda de 1.834: A obrigação do Estado, na Inglaterra, de amparar o
indigente nacional foi totalmente reconhecida; entretanto, passando esta
responsabilidade às autoridades locais, o Parlamento evitou a necessidade
de se estabelecer um sistema nacional de auxílio ao sindicato na justa
acepção do termo. A área eclesiástica da paróquia ficou transformada em
unidade administrativa da lei de amparo ao indigente, e cada uma das
paróquias tornou-se responsável pelos pobres que lhe pertenciam. O
desfavorecido tinha direito a ser auxiliado pela paróquia a que estava afeto
ou na qual fora fixado, para usar a expressão adequada. As autoridades
locais, às quais competia cuidar dos pobres, eram os juízes da Comarca.
P á g i n a | 38
Essa lei, no entanto, tornou-se ineficaz, até que em 1.819, Peel, com o
auxílio de Robert Owen, conseguiu a aprovação de uma segunda lei no
mesmo sentido, tornando ilegal o emprego de menores de 9 anos, e
restringindo o horário de trabalho dos adolescentes de menos de 16 anos, a
12 horas diárias, nas prensas de algodão.
Na França:
P á g i n a | 39
Muito embora os fins visados por Vargas fossem de dominação das classes
trabalhadoras -- e não de elevação destas --, nesse período foi
reestruturada a ordem jurídica trabalhista em nosso País, adquirindo
fisionomia que em parte hoje se mantém.
Garantia:
• a liberdade e o pluralismo sindical23 (Art. 120),
• isonomia salarial,
• salário mínimo,
• jornada de 8 horas de trabalho,
• proteção do trabalho das mulheres e dos menores,
• repouso semanal,
• férias anuais remuneradas (§ 1o., do Art. 121).
O Art. 140, da referida Carta, era claro no sentido de que a economia era
organizada em corporações, sendo consideradas órgãos do Estado,
exercendo função delegada de poder público.
23
As CF anteriores adotaram o princípio do sindicato único.
P á g i n a | 46
Com efeito, a CLT não é um código, porque, não obstante a sua apreciável
dimensão criativa, sua principal função foi reunir leis já existentes e não a
criação, como um código, de leis novas.
3. DENOMINAÇÃO
3.1. Introdução
Várias denominações são encontradas para designar nossa matéria.
Encontramos expressões como:
• Legislação do Trabalho,
• Direito Operário,
• Direito Corporativo,
• Direito Social,
• Direito Industrial, etc..
Isso significa que todo o tempo que o empregado demorar para propor a
reclamação trabalhista, depois de ser dispensado sem justa causa, ele
perderá em termos de contagem de tempo para fins de cálculo de direitos
trabalhistas.
4.1.1. Conceito de prescrição
É a perda da exigibilidade do direito, em razão da falta do seu exercício
dentro de um determinado tempo.
O Art. 189, do Código Civil, mostra que a prescrição não é mais a perda do
direito da ação, mas perda da exigibilidade do direito ou da pretensão do
direito.
A dúvida surge em face de a CLT estipular que suas normas não se aplicam
a tais trabalhadores (Art. 7o., ‘a’).
Além disso, a CF não teria se referido à prescrição doméstica, uma vez que o
§ único, do Art. 7o. (que trata das parcelas constitucionais estendidas ao
doméstico) não mencionou o inciso XXIX, do mesmo artigo (que trata da
prescrição).
Hoje parece não mais haver dúvida de que o prazo prescricional aplicável ao
contrato doméstico é aquele próprio do trabalhador urbano, fixado pelo Art.
7o., XXIX, da CF, ou seja, cinco anos, até o limite de dois anos após a
extinção do contrato (prazo estendido até para o rurícola, desde a EC
28/2000).
5. MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM
30
OJ-SDI1-327 DANO MORAL. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. DJ 09.12.2003
(Convertida na Súmula nº 392, DJ 20.04.2005). Nos termos do art. 114, da CF/1988, a
Justiça do Trabalho é competente para dirimir controvérsias referentes à indenização por
dano moral, quando decorrente da relação de trabalho.
NOTA: OJ significa ‘Orientação Jurisprudencial’ do TST.
P á g i n a | 60
Tal orientação, dentro da nossa sistemática, tem-se mostrado cada vez mais
acentuada e, nesse sentido, as recentes reformas efetuadas no Código de
Processo Civil.
5.1. Mediação
Pode-se definir mediação como uma técnica de composição dos conflitos
caracterizada pela participação de um terceiro, suprapartes, o mediador,
cuja função é ouvir as partes e formular propostas.
P á g i n a | 61
5.2. Arbitragem
No Brasil, a arbitragem remonta às Ordenações do Reino de Portugal, no
Século XVII.
Se, por outro lado, de acordo com os usos e costumes, o aviso prévio é de
60 dias e a convenção coletiva fixar a duração do aviso prévio em 30 dias,
prevalecem os usos e costumes, de caráter mais vantajoso33.
34
É correta a anulação de acordo extrajudicial estabelecendo a renúncia, pelo trabalhador,
à multa de 40% do FGTS a que tem direito quando de sua demissão? Para a Primeira Turma
do Tribunal Superior do Trabalho, sim. Por isso, negou recurso de uma empresa que visava,
exatamente, reverter esse entendimento. Trata-se, do caso, de uma funcionária que,
contratada pela empresa, prestava serviços de limpeza e conservação no Hospital
Universitário Antônio Pedro em Niterói (RJ). Com o fim do contrato do hospital com a
empresa, foi oferecido à trabalhadora a possibilidade ser aproveitada nos quadros da nova
contratada. Contudo, para aceitassem a oferta, exigiu-se o desligamento da empresa
anterior e a declaração de que abriria mão da multa de 40% do FGTS. Contra isso, e em
busca de verbas rescisórias não pagas, a auxiliar ingressou com ação trabalhista. A 4ª Vara
do Trabalho de Niterói declarou a nulidade do acordo. O Tribunal Regional do Trabalho da 1ª
Região (RJ), por sua vez, ao analisar recurso da empresa, confirmou o mesmo
entendimento, ou seja, manteve a nulidade do acordo. Insatisfeita, a empresa recorreu ao
TST. Defendeu a validade pelo fato de o acordo ter sido precedido por assembléia e
realizado com anuência e assistência de sindicato de Classe. O relator do processo na
Primeira Turma, ministro Walmir Oliveira da Costa, entretanto, considerou que, apesar de o
Direito do Trabalho admitir a possibilidade de acordos entre empregados e empregadores
(artigo 444 da CLT), nos quais se permite a obtenção de benefícios por meio de concessões
mútuas, as cláusulas contratuais encontram limite na impossibilidade de se transacionar
direitos indisponíveis. Para ele, ficou claro que o acordo extrajudicial realizado pelas partes
tinha por objeto a renúncia à percepção de multa de 40% do FGTS, que constitui direito
indisponível assegurado pela Constituição da República no artigo 7°, I, motivo pelo qual o
ajuste mostrou-se inválido. Assim, a Primeira Turma do TST acolheu por unanimidade o
voto do relator e negou o recurso da empresa. (AIRR-87283/2003-900-01-00.5)
P á g i n a | 66
35
SÚMULA 212-TST - DESPEDIMENTO. ÔNUS DA PROVA (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19,
20 e 21.11.2003. O ônus de provar o término do contrato de trabalho, quando negados a
prestação de serviço e o despedimento, é do empregador, pois o princípio da continuidade
da relação de emprego constitui presunção favorável ao empregado.
P á g i n a | 67
36
Diante da comprovação de que o trabalhador foi obrigado a abrir uma empresa de
consultoria para prestar serviços à ré, a Turma Recursal de Juiz de Fora confirmou a
sentença que reconheceu o vínculo de emprego entre as partes, pelo período de dois anos.
É que foi constatada fraude ao contrato de trabalho e, por isso, a contratação do reclamante
através de pessoa jurídica foi declarada nula. A ré foi condenada a indenizar o autor pelas
despesas com a formalização do contrato de pessoa jurídica e com impostos e taxas pagos
pela empresa constituída com fins ilícitos.
Pelo que foi apurado no processo, o autor trabalhou, de 2003 a 2005, sem anotação da
CTPS, como analista de sistemas, em atividade fim da reclamada, que é a prestação de
serviços na área de processamento de dados. A empregadora pretendia reverter o vínculo
empregatício reconhecido pela sentença, sustentando que, durante esses dois anos, o
reclamante teria lhe prestado serviços como autônomo, através de sua empresa de
consultoria.
Entretanto, ao examinar a prova testemunhal, o relator do recurso, juiz convocado Paulo
Maurício Ribeiro Pires, constatou que o serviço prestado pelo autor não possuía as
características do trabalho autônomo. Os depoimentos das testemunhas revelaram que
havia vários profissionais na empresa prestando serviços através de pessoa jurídica,
incluindo o autor. Ou seja, havia a exigência de que o profissional constituísse uma empresa
para que pudesse trabalhar na reclamada. Uma testemunha, contratada pela ré nessas
condições, afirmou que recebia mais como pessoa jurídica do que como empregada,
evidenciando que a remuneração era maior no período anterior à anotação na CTPS.
Nesse contexto, o relator considerou evidente a conduta ilícita da reclamada com o objetivo
de burlar a legislação trabalhista. Conforme verificou o juiz, o contrato como pessoa jurídica
continha todos os elementos caracterizadores da relação de emprego. Assim, concluindo
que o empregador não pode transferir ao trabalhador os riscos do seu empreendimento, a
Turma manteve a condenação da empresa a ressarcir o reclamante das despesas efetivadas
com a constituição de pessoa jurídica. (RO nº 00105-2008-006-03-00-6)
37
Ao rejeitar (não conhecer) recurso da empresa, a Sexta Turma do Tribunal Superior do
Trabalho manteve, na prática, decisão do Tribunal Regional do Trabalho da 10ª Região
(DF/TO) que reconheceu a relação de emprego entre uma corretora e a seguradora, embora
a legislação específica da categoria profissional (Lei 4.594/1964) vete esse tipo de vínculo.
No caso, o TRT entendeu que a lei não impede "o reconhecimento do vinculo de emprego
entre o vendedor de seguros e a seguradora quando presentes os seus elementos fático-
jurídicos (prestação de serviços por pessoa física com subordinação, pessoalidade, não-
eventualidade e onerosidade)."
Descontente com a decisão do TRT, a seguradora recorreu ao TST, mediante recurso de
revista. Alegou que a corretora mantinha uma relação jurídica de cunho eminente civil, na
qual era autônoma, não sendo, portanto, sua empregada. De acordo com o artigo 17, alínea
"b", da Lei 4.594/64, é vetado aos corretores "serem sócios, administradores, procuradores,
despachantes ou empregados de empresa de seguros". No entanto, o ministro Augusto
César Leite de Carvalho, relator do processo na Sexta Turma do TST, ao não conhecer o
recurso da empresa, argumentou que a decisão do Tribunal Regional "encontra-se
embasada na confissão do preposto (representante da empresa), em depoimentos
testemunhais e na análise do contrato firmado entre as partes".
O ministro ressaltou ainda que a trabalhadora, de acordo com o TRT, foi obrigada a
constituir empresa corretora de seguros com a finalidade de "mascarar" a verdadeira
relação de emprego. "Nesse cenário, inegável que a revisão do julgado somente seria
P á g i n a | 68
É, ainda, o caso do empregado que assina documentos sem saber o que está
possível mediante nova análise do conteúdo fático-probatório constante dos autos, o que é
incabível em recurso de revista, nos termos da Súmula 126 do TST", concluiu o relator.
38
A Vivo S/A. foi obrigada a reconhecer como empregada uma operadora de telemarketing
que prestava serviços por meio de um contrato de terceirização considerado fraudulento. A
Seção I Especializada em Dissídios Individuais do Tribunal Superior do Trabalho decidiu, por
unanimidade, rejeitar os embargos da empresa contra decisão da Quinta Turma do TST e,
assim, ficou mantida a sentença condenatória. (RR-87900-02.2001.5.01.0012)
A empregada trabalhava na empresa mediante convênio com a Fundação Universidade
Estadual do Rio de Janeiro. Nos termos da decisão do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª
Região (RJ), embora objetivasse a implantação, desenvolvimento e avaliação de novas
tecnologias, esse convênio “era um mero ardil para vilipendiar a legislação laboral”, pois
não realizava nenhuma pesquisa nem desenvolvia tecnologia. “Os contratados atuavam
como meros operadores de telemarketing”, registrou o TRT. A empresa acabou sendo
multada, com base no artigo 477, § 8º, da CLT.
39
A 3ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho do Rio Grande do Sul condenou
uma fabricante de produtos ortopédicos a pagar indenização por dano moral no
valor de R$ 20 mil a um trabalhador acusado de desvio de informações sigilosas.
Em primeira instância, o valor havia sido fixado em R$ 3 mil.
Segundo o Tribunal, o trabalhador enviou, para seu e-mail particular, dados
técnicos de fabricação de alguns produtos e a empresa decidiu demiti-lo por justa
causa. Ela alegou violação de segredo industrial e suspeitou que o empregado
usaria as informações para a criação de uma empresa concorrente. Dias depois,
também fixou um cartaz anunciando a despedida "de um funcionário" e os
motivos, como uma forma de alertar os demais empregados para não fazerem o
mesmo. O relator do caso, desembargador João Ghisleni Filho, considerou que as
informações dos e-mails não seriam tão relevantes a ponto de prejudicar a
empresa caso chegassem a terceiros. Até mesmo porque boa parte das
especificações técnicas dos produtos já estava disponível no próprio site da
companhia. O relator ainda considerou improvável que o autor da ação criasse
uma empresa concorrente do porte da reclamada, tendo em vista que recebia
uma remuneração em torno de R$ 1 mil e que, após ser demitido, dedicou-se a
uma atividade completamente distinta, como servente de pedreiro.Além do dano
moral, o TRT reverteu a despedida do empregado para demissão sem justa
causa. Assim, ele receberá valores da rescisão, como aviso-prévio indenizado,
multa de 40% do FGTS, décimo terceiro salário e férias proporcionais com
adicional.
40
Quando o empregado acidentado é experiente e treinado e mesmo assim deixa de
observar os cuidados necessários ao desempenhar tarefa para a qual estava devidamente
qualificado, agindo com imprudência, a culpa é exclusiva da vítima e não cabe indenização
por dano moral ou material. Segundo esse entendimento, a 8ª Turma do Tribunal Regional
do Trabalho da 4ª Região deu provimento ao recurso da empresa para absolvê-la da
condenação ao pagamento de indenização por danos materiais e reparações por danos
morais e estéticos, impostas em primeiro grau.
P á g i n a | 69
trabalho.
b) Conselho de Administração
Exerce função executiva, administrando a OIT. É composto de
representantes de empregados, empregadores e do governo. É ele que fixa
data, local e ordem do dia nas reuniões da Conferência; elege Diretor-Geral
da Repartição Internacional do Trabalho e institui comissões permanentes ou
especiais. Reúne-se três vezes por ano, em Genebra, e é composto,
atualmente, de 56 membros.
42
Em decisão histórica, um grupo de acusados de pagar por sexo com meninas de 12 a 17
anos, na Paraíba, foi condenado pela justiça trabalhista. O TRT decidiu que 11 dos 13
acusados paguem ao Estado uma indenização de R$ 500.000,00. O caso aconteceu em
Sapé, e veio a público em 2007. Políticos, empresários e profissionais liberais foram
acusados de pagar de R$ 20,00 a R$ 100,00 por programas com as crianças e adolescentes.
A ação foi proposta pelo Ministério Público do Trabalho com vase BA Convenção 182, da
OIT, que enquadra a “utilização, o recrutamento ou a oferta de crianças para a
prostituição”. A indenização vai para o Fundo da Infância e da Adolescência do Município.
(Folha, 31/07/2010, C1)
P á g i n a | 72
Não são regras imperativas, mas apenas uma orientação geral. Não criam
direitos e obrigações. Exemplo: Declaração Universal dos Direitos do
Homem, a Carta Social Europeia, etc..
Trata do livre comércio entre os países, mas prevê a livre circulação dos
trabalhadores.
Mais tarde, numa atitude que exigiu um certo grau de abstração, distinguiu
em ente que inicialmente denominou pessoa moral, considerando-o um ser
transcendental aos homens que o constituíram. Daí a divisão entre pessoa
jurídica e pessoa física.
Não é profissional, nesses termos, quem age para si próprio, embora num
trabalho constante. Assim, quem, por diversão, passa a vida ocupado em
misteres que lhe tragam satisfação, não é considerado um profissional.
9.2.2. Empreitada
É um trabalho profissional, mas não é uma relação de emprego, em
princípio, um contrato que, exercido por pessoa física, configura uma relação
de trabalho autônomo, salvo quando desvirtuada de suas características
fundamentais pela inserção automática da subordinação.
43
OJ-SDI1-199 JOGO DO BICHO. CONTRATO DE TRABALHO. NULIDADE. OBJETO ILÍCITO.
ART. 82 E 145 DO CÓDIGO CIVIL. Inserida em 08.11.00.
NOTA: OJ significa “Orientação Jurisprudencial’ do TST.
P á g i n a | 77
Trata-se a regra do Art. 652, ‘a’, III, da CLT, do empreiteiro pessoa física
que, como profissional autônomo, executa, só e pessoalmente (ou, no
máximo, com algum auxiliar), a empreitada, de valor econômico não
elevado.
44
Dono da obra. Responsabilidade subsidiária. Não configuração. Aplicabilidade da
Orientação Jurisprudencial n. 191 da SDI-1. Verificando-se que a hipótese dos autos refere-
se a situação que envolve empreiteiro principal e dono da obra, firmando-se uma relação
jurídica de natureza civil, distinta, portanto, da que ocorre entre o realizador da obra e os
empregados por este contratado, não há razão para responsabilizar o contratante pelos
encargos trabalhistas objeto da condenação, por ausência de dispositivo de lei, conforme
Orientação Jurisprudencial n. 191,da SDI-1 do E. TST (TRT-20a. Região; RO n. 10366-2003-
002-20-00-1-Aracaju-SE; ac. n. 2145/03. Rela. Juíza Suzane Faillce L. Castelo Braço; j.
23/9/2009, v.u.)
45
A Companhia Siderúrgica de Tubarão – CSA foi absolvida da responsabilidade subsidiária
sobre verbas trabalhistas devidas a um empregado de uma empresa terceirizada, que foi
contratada para construir uma fábrica de oxigênio. A empresa havia sido condenada no
Tribunal Regional da 17ª Região (ES), mas a Primeira Turma do Tribunal Superior do
Trabalho reformou a decisão, entendendo que a siderúrgica é apenas dona da obra.
Contrariamente ao entendimento do TRT, que afirmou ser indiferente o fato de a companhia
ser ou não dona da obra – “pois sempre que se contrata uma empresa para prestação de
serviços surge automaticamente a responsabilidade subsidiária” –, o relator da Primeira
Turma, ministro Walmir Oliveira da Costa, explicou que a CSA é, sim, apenas dona de uma
obra certa, destinada à expansão de sua unidade industrial, de forma que não lhe cabe a
responsabilização pelas dívidas trabalhistas dos empregados da empresa que foi contratada
para construir a fábrica. A decisão da Primeira Turma foi por maioria de votos. (RR-1863-
1997-006-17-00.1)
P á g i n a | 79
Pode-se englobar também, neste grupo, a situação pela qual até mesmo
uma pessoa jurídica, de modo comprovadamente eventual e esporádico,
pactue a específica obra ou prestação aventadas.
Durant salienta que o trabalho dos religiosos, para as suas ordens, não visa
a obtenção de um salário. A retribuição que recebem os clérigos por tais
serviços não tem natureza salarial. A atividade ou trabalho é simplesmente o
acessório, cujo principal é o “aperfeiçoamento moral ou a prática de caridade
para com o próximo”.
estipuladas.
de manutenção”.
Sob o ponto de vista da pessoa do atleta, portanto, não existe diferença, por
pequena que seja, entre ele e os demais trabalhadores do comércio, da
indústria ou da agricultura.
O clube esportivo, por sua vez, é uma pessoa jurídica que organiza as
equipes, submetendo-as a um regime efetivo de treinamento, tendo em
vista não somente a prática do esporte pelo esporte, mas, por meio dele, a
realização de um espetáculo público, com fins lucrativos.
O atleta profissional pode ser autônomo. Basta que a sua atividade seja
exercida por conta própria, o que ocorre quando for individual. É o caso do
lutador de boxe, do jogador de tênis, etc..
P á g i n a | 83
Segundo os fiscais, faltam equipamentos de segurança e as condições das moradias não são
adequadas. “A casa tem muita goteira. Na cama, em qualquer parte”, reclamou o
trabalhador rural José Bispo dos Santos.
A maioria dos trabalhadores da propriedade é da região sudoeste, onde a cultura de tomate
é mais difundida. Todos vieram para a região atraídos com ofertas de emprego e alguns
levaram até a família.
As equipes também encontraram cinco menores trabalhando na lavoura. Dois deles, com 13
anos. “Eu recebo R$ 15 por dia”, disse uma das crianças. Edson Rossi é o produtor rural que
arrendou a terra. Ele negou que os menores estejam trabalhando. “Eles não trabalham,
acho que os pais devem ter trazido”, justificou.
Rossi ainda disse que ainda falta acertar o registro de alguns trabalhadores e que tudo está
de acordo com a lei. “Nós encontramos trabalhadores que não recebem sequer um salário
mínimo, sem os equipamentos de segurança. Tudo indica que é trabalho análogo ao
escravo”, ressaltou o gerente regional do trabalho e emprego, Antônio Valerio Morillas
Júnior.
O Ministério do Trabalho pedirá os documentos referentes às contratações para analisar a
situação dos trabalhadores. A investigação será acompanhada pelo Ministério Público
P á g i n a | 85
Pelo Art. 149, do Código Penal, é crime inafiançável reduzir uma pessoa à
condição análoga à de escravo51. Não é preciso que ele esteja acorrentado
para provar essa condição. A pena prevista é de dois a oito anos de prisão,
51
As denúncias sobre casos de trabalho escravo contemporâneo atingem um recorde
histórico no Brasil. É o que mostra o relatório anual "Conflitos no Campo Brasil 2008",
elaborado pela Comissão Pastoral da Terra (CPT). Segundo os dados da CPT, houve 280
ocorrências no ano passado. Até então, o índice mais elevado tinha sido registrado em
2005, com 276 denúncias. Os dados foram divulgados durante a 47ª Assembléia Geral da
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), realizada em Indaiatuba (SP). O encontro
teve início no dia 22 de abril e termina nesta sexta-feira (1º). O relatório da CPT, que
começou a ser publicado de forma sistemática em 1985, também compila diversas
estatísticas sobre conflitos que envolvem o acesso à terra e à água no país. Trata-se do
principal levantamento do país sobre a violência na zona rural que, neste ano, revelou
também a concentração de assassinatos por conflitos no campo na região amazônica.Ao
todo, os casos relatados pela CPT envolveram 7 mil trabalhadores - 86 deles menores de
idade. Houve 5,2 mil libertações. A entidade religiosa e o Ministério do Trabalho e Emprego
(MTE) utilizam metodologias distintas para contabilizar o número de ocorrências. Segundo o
governo, são 5 mil pessoas resgatadas, somando as operações do grupo móvel de
fiscalização e das Superintendências Regionais do Trabalho e Emprego (SRTEs).
O inédito índice de denúncias foi acompanhado por uma intensificação da atividade
fiscalizatória vinda do poder público. O número de libertações só não foi maior que o
registrado em 2007 (5.999) e 2003 (5.223). O ano que passou foi marcado ainda pelo
recorde no número de operações (158), superior às 116 ações realizadas em 2007, que
teve 265 denúncias, segundo a CPT.
P á g i n a | 90
além de multa.
no valor de R$ 200 mil (sem considerar correção e juros dos últimos cinco anos, quando a
ação teve início), além do pagamento de um valor referente ao salário em dobro do ex-
gerente desde sua demissão até a ação ser encerrada (a quantia, nesse caso, pode somar
R$ 800 mil). O banco B. já informou que vai recorrer da decisão do TST.
Nos cálculos dos advogados do ex-gerente, a soma das duas indenizações deve ir a R$ 1,3
milhão, o maior valor já pago por assédio moral e discriminação sexual no país, segundo a
Abrat (Associação Brasileira dos Advogados Trabalhistas).
S. foi funcionário do antigo banco Mercantil de 1982 até 1985, quando a instituição foi
comprada pelo banco B.. Em 1985, após prestar concurso público, foi admitido pelo Baneb
(B. do E. da B.). Em 1999, o banco estatal também foi adquirido pelo B.. "Trabalhei de 1999
até 2004, como gerente-geral de uma agência do B., em um bairro de classe média alta em
Salvador. E posso afirmar que foram os piores cinco anos de minha vida", disse S. Nesse
período, segundo diz, ele foi vítima de assédio moral na presença de vários colegas e
demitido por justa causa em fevereiro de 2004. "Recebi uma carta em que apenas me
informavam que infringi o artigo 482 da CLT [Consolidação das Leis do Trabalho] sem mais
explicações. A Justiça do Trabalho baiana questionou durante um ano o banco, e não me
explicaram as razões da justa causa", disse Santos. O artigo 482 lista 12 razões para a
dispensa por justa causa: embriaguez, ato de improbidade, mau procedimento, violação de
segredo de empresa, entre outros motivos.
Bruno Galiano, um dos advogados de S., diz que a 24ª Vara do Trabalho determinou
indenização de R$ 916 mil por danos materiais e morais e pagamento de salário em dobro,
como determina a lei 9.029, que combate a discriminação.
O TRT da 5ª Região reduziu a indenização para R$ 200 mil e manteve o pagamento do
salário em dobro desde a demissão em 2004 até o fim da ação. O B. recorreu ao TST então
para rever a decisão.
"É uma decisão importante e representa um marco em termos de valores. O Judiciário tem
determinado pagamento de indenizações, em média, de R$ 20 mil a R$ 30 mil por assédio
moral", disse Luiz Salvador, presidente da Abrat.
Luiz Mott, fundador do Grupo G. da B., diz que a decisão do TST mostra sensibilidade do
Judiciário no combate à discriminação. "O Legislativo e Executivo são mais omissos. Em um
país que lidera o ranking de assassinatos a homossexuais, uma decisão como esta manda
um recado: que a discriminação tem de ser punida, inclusive economicamente."
54
O Ministério do Trabalho editou uma portaria proibindo que as empresas façam teste de
HIV em seus funcionários durante os exames médicos periódicos e de admissão. Até então,
a medida só existia na administração pública, mas estava prevista no Programa Nacional
dos Direitos Humanos, lançado no fim do ano passado.
Além do Programa de Direitos Humanos, o governo se baseou na Lei nº 9.029, de 1995,
que proíbe a exigência de atestados de esterilização ou de gravidez de suas funcionárias
durante os exames de admissão. A mesma legislação veta outros tipos de práticas
consideradas discriminatórias, mas não especifica os casos. A medida do Ministério do
Trabalho seguiu também uma portaria interministerial de 1992, que proíbe, no âmbito do
serviço público federal, exigência de teste de HIV, tanto nos exames pré-admissionais
quanto nas consultas periódicas de saúde. O governo ressaltou que as empresas podem
fazer campanhas ou programas que estimulem os funcionários a conhecer seu estado
sorológico de HIV por meio de exames. Entretanto, os testes devem ser feitos de forma
voluntária, sem vínculo com o trabalho e resguardando a privacidade e os resultados.
P á g i n a | 92
O Brasil deveria empregar 851.078 pessoas com deficiência para que a Lei
de Cotas fosse cumprida no País. Até dezembro/2009, entretanto, o total de
deficientes inseridos no mercado era de 152.537, segundo dados do
Ministério do Trabalho.
propriedade.
ANOS 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
NEGROS 22,7 24,3 21,8 22,0 23,6 24,3 22,50 20,8 19,1 17,6
NÃO-
NEGROS 16,1 16,8 15,7 15,1 16,4 17,4 16,4 14,7 13,9 13,3
FONTE: Seade/Dieese, In Folha de São Paulo 19/11/2008, B12
indiscrição.
Nos Estados Unidos, 1/3 dos americanos que usam a internet no trabalho
tem suas atividades on line monitoradas por seus empregadores, segundo a
Privacy Foundation. O controle, pela empresa, do uso da internet pelos
empregados, é possível para evitar o desvio das atividades dos empregados
para fins particulares. As leis americanas permitem esse controle. Os
empregados são antes avisados de que suas atividades serão controladas, e
que a empresa poderá acessar o banco de dados para saber o que foi nele
registrado. A Justiça pode solicitar os e mails trocados por empregados, para
verificar se houve uso adequado ou pessoal.
Orlando Gomes ensina que “a expressão dano moral deve ser reservada
exclusivamente para designar o agravo que não produz qualquer efeito
patrimonial. Se há consequências de ordem patrimonial, ainda que mediante
repercussão, o dano deixa de ser extrapatrimonial”.
Para Savatier, dano moral "é qualquer sofrimento humano que não é
causado por uma perda pecuniária, e abrange todo atentado à reputação da
vítima, à sua autoridade legitima, ao seu pudor, à sua segurança e
tranquilidade, ao seu amor próprio estético, à integridade de sua
inteligência, as suas afeições, etc".
Inúmeras situações, das quais serão dados alguns exemplos, surgem nas
relações de trabalho, suscitando controvérsias:
• a revista pessoal de operárias, que tanto pode ser feita em cabinas e
sempre por empregados do mesmo sexo do empregado revistado,
caso em que não se configura dano moral, como de modo vexatório
expondo o empregado a uma situação humilhante perante os colegas,
hipótese na qual o dano pode caracterizar-se67.
• a informação de abandono de emprego divulgada pelo jornal quando
67
A Quinta Turma do Tribunal Superior do Trabalho aplicou em mais um caso o
entendimento da Corte de que é indevido o pagamento de indenização por danos morais
quando a revista em pertences dos empregados ocorre sem contato físico e sem
discriminação. Desta vez, a decisão beneficiou a empresa. Por unanimidade, o colegiado
deu provimento ao recurso de revista da empresa para excluir da condenação o pagamento
de indenização a um ex-empregado do grupo.
O relator do processo, Ministro Emmanoel Pereira, explicou que a mera inspeção visual de
bolsas, pastas e sacolas de empregados não é suficiente para dar direito à reparação por
dano moral. No processo analisado, segundo o ministro, a revista acontecia sem contato
físico e não tinha caráter discriminatório, ou seja, todos os funcionários eram submetidos à
vistoria dos pertences.
Portanto, na opinião do relator, a conduta da empresa, ao instituir a revista, refletiu apenas um
ato empresarial de caráter generalizado com o objetivo de proteger o seu patrimônio. Assim, não houve
ofensa aos princípios constitucionais da dignidade da pessoa humana ou da presunção de inocência,
como alegado pelo trabalhador.
P á g i n a | 101
A CLT, no Art. 483, declara que constituem justa causa para rescisão do
contrato de trabalho pelo empregado, com direito à devida indenização: e)
praticar o empregador ou seus prepostos, contra ele ou pessoas de sua
família, ato lesivo da honra e boa fama.
Duas são as forma de reparação do dano, elas não excludentes entre si: a
indenização e a retratação, que se requer quando o dano resultar de ato que
repercute perante terceiros, em especial mediante publicação na imprensa.
A Constituição Federal (Art. 5o.) declara que é assegurado o direito de
resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material,
moral ou à imagem68.
Já o Tribunal do Trabalho da 9ª Região (PR) manteve a sentença de primeiro grau que
determinara o pagamento de indenização por danos morais. O Regional não admite
nenhuma modalidade de revista e sugere a adoção de monitoramento por outros meios de
segurança, a exemplo de câmeras no ambiente de trabalho. Para o TRT, a revista, ainda
que visual dos pertences do empregado,desrespeitava o direito à intimidade do trabalhador.
(RR-15405/2007-005-09-00.0)
68
A Segunda Turma do Tribunal Superior do Trabalho rejeitou (não conheceu) recurso de
revista de ex-auxiliar de tesouraria da Transbank Segurança de Valores Ltda. que pretendia
receber indenização por dano moral por ter sofrido revista íntima no período em que
prestara serviços à empresa. A decisão, unânime, seguiu o voto do relator e presidente da
Turma, Ministro Vantuil Abdala. Segundo o relator, o Tribunal Regional do Trabalho da 9ª
Região (PR) concluiu que não existia ato praticado pelo empregador que tivesse
desrespeitado a honra, a imagem, a privacidade e a dignidade do trabalhador. Por isso, o
P á g i n a | 102
No caso, trata-se de uma ação regressiva movida pela empresa contra o ex-empregado,
com o objetivo de cobrar dele o dinheiro que a reclamada gastou por causa do pagamento
de várias indenizações por danos morais, decorrentes de outros processos. De acordo com a
tese da empresa, foi o preposto quem deu causa às condenações. Portanto, ele seria o
verdadeiro e único culpado pelos prejuízos causados. Na ocasião, ele era gerente de vendas
da reclamada e chegou a exercer também a função de diretor. Pelo que foi apurado no
processo, a empresa foi acionada em diversas ações trabalhistas, movidas por ex-
vendedores, com o intuito de obter indenização por danos morais, em virtude do
tratamento desrespeitoso que eles estavam recebendo. Em razão disso, a empresa
entendeu que, se vem sendo condenada a pagar indenização por danos morais em razão de
ato praticado pelo ex-gerente de vendas, teria direito à ação de regresso.
De acordo com os depoimentos das testemunhas, a reclamada sempre promovia reuniões,
com a participação de 20 a 30 vendedores, durante as quais o gerente de vendas
costumava dirigir à plateia palavras de baixo calão. Segundo relatos, o gerente de vendas
tinha o estranho hábito de marcar com um "X" a testa e as mãos dos vendedores que não
cumpriam as metas. As testemunhas informaram ainda que, às vezes, o presidente da
empresa também participava dessas reuniões de "incentivo" e costumava adotar o mesmo
procedimento de dirigir à platéia palavras chulas, chegando, inclusive, a atirar sapatos e
outros objetos nos vendedores. Analisando as provas e os fatos, o relator do recurso,
desembargador Jorge Berg de Mendonça, concluiu que a reclamada conhecia os
procedimentos adotados, consentindo na sua prática.
No entendimento do desembargador, essas práticas violadoras dos direitos humanos não
resultaram apenas da vontade do preposto. Muito pelo contrário, a reclamada demonstrou
que tinha conhecimento desta conduta irregular, pois o seu presidente até participava de
algumas reuniões. Assim, concluiu o magistrado que a empresa não pode pretender
transferir toda a culpa para o preposto, uma vez que ela é a responsável exclusiva pelas
reparações, nos termos do artigo 932, inciso III, do Código Civil. Acompanhando esse
entendimento, a Turma manteve a sentença. (RO nº 00940-2007-095-03-00-4)
74
Em julgamento de recurso ordinário, a Turma Recursal de Juiz de Fora concluiu que o
banco reclamado ultrapassou os limites do seu poder diretivo ao enviar para seu empregado
mensagens eletrônicas contendo palavras agressivas, com o intuito de humilhar,
ridicularizar e desvalorizar a capacidade do trabalhador. No entender dos julgadores, deve
haver equilíbrio na cobrança de metas, sem competição e pressão psicológica. Portanto, a
Turma considerou que esse critério de cobrança de metas adotado pelo banco foi
desproporcional e feriu a honra e a dignidade do reclamante, o que gerou a obrigação de
indenizar.
O bancário relatou que sofria forte pressão e cobrança de seus superiores hierárquicos para
o cumprimento de metas, em clima de constante competição e insegurança, além das
ameaças de seqüestro ocorridas quando prestava serviços no Estado de São Paulo. Segundo
o reclamante, esses fatores lhe acarretaram um quadro de desestabilização psicológica, que
culminou com a necessidade de acompanhamento psiquiátrico. O relator do recurso,
desembargador Heriberto de Castro, reprovou a metodologia hostil utilizada pelo banco para
pressionar o empregado a alcançar metas incondicionalmente e a qualquer custo. As provas
demonstraram que o alto escalão do banco tinha o estranho hábito de remeter e-mails de
conteúdo ofensivo e ridicularizante aos empregados que apresentassem uma produção
considerada insuficiente.
P á g i n a | 106
Tal tática, faz com que a vítima se sinta exatamente da forma que o
assediador deseja, diminuindo-se e colocando-se em uma situação de
fragilidade e insegurança, tendo a sua vontade completamente anulada.
empregador passaria a ter que provar que não está cometendo o assédio.
"Quando as testemunhas ainda estão trabalhando na empresa geralmente não depõem em
favor do colega. Assédio coletivo é mais fácil porque você tem vários empregados com a
mesma queixa", disse Prudente. Como são poucos os trabalhadores com estabilidade no
emprego, as eventuais testemunhas também são dispensadas.
79
Uma indústria de bebidas do Mato Grosso, franqueada da Coca-Cola, foi condenada pela
Justiça do Trabalho a indenizar em R$ 80.000,00 um ex-funcionário que recebeu por cinco
vezes o troféu “tartaruga” e “lanterna”.
As honrarias eram concedidas aos vendedores com os piores resultados semanais, e
entregues diante de outros funcionários. À Justiça, a empresa disse que o objetivo do
prêmio era “motivar” os vendedores.
O funcionário disse que por causa do troféu, era alvo de chacotas advindas dos demais
funcionários.
O juiz disse, na decisão: “Certas empresas tentam aumentar as vendas à custa de
submissão de seus empregados e tratamento humilhante”. (Fonte: Folha, 27/01/2011, C4)
80
A rede varejista Magazine Luiza deverá pagar uma indenização de R$ 100 mil para dez
instituições beneficentes da região de Matão. Além da indenização, os termos do acordo
firmado entre a empresa e o Ministério Público do Trabalho prevêem o fim do assédio moral
e da manipulação do controle de jornada de trabalho. A Justiça do Trabalho deu um prazo
de 60 dias para as doações e, caso não sejam feitas no prazo, a empresa terá de pagar
multa de 50% sobre o valor.
Segundo investigações do procurador Gustavo Rizzo Ricardo, ficou constatado que em uma
das lojas da rede, em Matão, os vendedores eram submetidos a jornadas acima de 12
horas, sem descanso semanal de 24 horas. O MP afirma ainda que eram feitos “acertos” nos
cartões de ponto para evitar o pagamento de horas extras e as condições contratuais eram
alteradas sem o devido consentimento dos trabalhadores.
Quanto ao assédio, o MPT afirma que alguns empregados eram humilhados pela chefia,
além de serem ameaçados constantemente de demissão e pressionados para atingir metas
de produtividade.
Com o acordo, o Magazine Luiza deve conceder, no mínimo, uma hora para refeição e
descanso em jornada acima de seis horas, garantir 24 horas de descanso semanal,
conceder 11 horas de descanso entre duas jornadas, não submeter o trabalhador a mais de
duas horas extras por dia e não alterar o contrato de trabalho sem o consentimento dos
empregados, sob pena de multa de R$ 2 mil por item infringido e por
trabalhador. (Assessoria de Imprensa da Procuradoria do Trabalho da 15ª Região).
81
A 7ª. Turma do Tribunal Superior do Trabalho, ao julgar recurso de revista de um
operador da Vivo, decidiu por unanimidade que o controle do uso do banheiro pelos
empregados que trabalham no call center não configura dano moral contra a imagem ou
intimidade do trabalhador. (RR 2123/2007-013-18-00.8)
P á g i n a | 110
A CLT prevê que algumas das situações que caracterizam o assédio moral no
trabalho são motivos de rescisão indireta do contrato trabalhista.
82
A Oitava Turma do Tribunal Superior do Trabalho reformou decisão do Tribunal Regional
do Trabalho da 12ª Região, e com isso, condenou a empresa O. – S. de G. e V. Ltda.
(prestadora de serviços) e o B. do B. (tomador de serviços), de forma subsidiária, ao
pagamento da indenização por danos morais decorrentes da configuração de assédio sexual
no trabalho, praticado por um gerente do B. do B., a funcionária da prestadora de serviços
de segurança. A condenação, inédita pelo fato de ser a primeira vez que o mérito desse tipo
de questão é julgado no TST, se deu pelos artigos 5º, X, da Constituição Federal e 932, III,
do Código Civil.
No caso analisado, uma funcionária da empresa prestadora a serviço no banco, por diversas
vezes foi assediada pelo gerente de uma das agências da tomadora. Ao relatar o fato ao
fiscal da empresa, ela recebeu a orientação de fazer um relatório sobre ocorrido – e fez.
Logo após, a diretoria do banco tomou conhecimento do caso e apenas deslocou o gerente
para outra agência, com o intuito de resguardar o nome da instituição. Não adotou,
entretanto, outras providências. Diante da situação, a funcionária ajuizou ação na Vara do
Trabalho, buscando obter a reparação do dano sofrido. Acabou sendo demitida da empresa.
P á g i n a | 111
Desta forma o entendimento da Oitava Turma, seguindo o voto da ministra Dora Maria da
Costa, foi o de que com a determinação do pagamento pelos danos morais, “buscou-se
adequar a responsabilidade ostentada pelos empregadores enquanto partícipes e
fomentadores do contrato social e dos valores sociais do trabalho”. Reformou a sentença da
Vara do Trabalho apenas quanto ao valor, reduzindo de 50 mil para 30 mil reais. (TST-RR-
1900-69.2005.5.12.006)
P á g i n a | 112
Para evitar que o assédio sexual na relação de emprego fique sem punição
os tribunais trabalhistas, diferentemente dos criminais, consideram
83
Súmula Vinculante 24 (STF) - Indenização por dano moral decorrente de acidente de
trabalho. Os ministros aprovaram Proposta de Súmula Vinculante que afirma a competência
da Justiça do Trabalho para processar e julgar as causas relativas às indenizações por danos
morais e patrimoniais
"A Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar as causas relativas a
indenizações por danos morais e patrimoniais decorrentes de acidente de trabalho
propostas por empregado contra empregador, alcançando-se, inclusive, as demandas que
ainda não possuíam, quando da promulgação da EC nº 45/2004, sentença de mérito em
primeiro grau".
P á g i n a | 113
trabalho.
84
Acompanhando o voto da desembargadora Alice Monteiro de Barros, a 7ª Turma do TRT-
MG manteve a condenação de uma empresa concessionária de rodovia a pagar a um
trabalhador indenização por dano moral. A empregadora descumpriu o seu dever de
proporcionar um ambiente de trabalho saudável e com as mínimas condições de higiene,
submetendo os seus empregados a condições degradantes. As instalações sanitárias
oferecidas eram precárias, não havia local apropriado para refeições, nem água potável.
A relatora ressaltou que há um capítulo próprio na CLT dispondo sobre a segurança e
medicina do trabalho e prevendo a obrigação de o empregador propiciar aos seus
empregados condições plenas de trabalho, o que inclui segurança, salubridade, higiene e
conforto. Tudo em conformidade com as normas constitucionais que estabeleceram a
dignidade da pessoa humana como um dos fundamentos da República Federativa do Brasil
e proíbem o tratamento desumano ou degradante.
No caso, a prova testemunhal emprestada demonstrou que havia, no local, banheiros
químicos, mas em número insuficiente, uma vez que eram usados tanto pelos trabalhadores
do pedágio, quanto pelo pessoal da obra que estava sendo realizada, sem separação para
homens e mulheres. Como não era feita a retirada dos dejetos, o cheiro era insuportável e
os empregados acabavam tendo que fazer as suas necessidades fisiológicas em um
bambuzal. A água para consumo era levada de casa e, quando acabava, utilizavam a água
de um córrego das proximidades. Não havia local apropriado para refeição e descanso e os
empregados que levavam marmita a esquentavam usando uma lata de sardinha com álcool,
dentro do curral de uma fazenda.
Para a desembargadora, ficou claro o desrespeito à dignidade do trabalhador, em razão da
precariedade do ambiente de trabalho oferecido pela empregadora, em descumprimento do
seu dever legal, o que, certamente, causou dano moral ao reclamante. Com esses
fundamentos, a condenação foi mantida. (RO nº 00212-2009-062-03-00-3)
85
Dezoito famílias foram encontradas em situação degradante na colheita de tomate em um
distrito de São Carlos, em operação realizada na última sexta-feira pelo Ministério Público
do Trabalho e Ministério do Trabalho e Emprego. Cinco menores foram encontrados
trabalhando, incluindo uma criança de 12 anos.
Segundo a Promotoria, as irregularidades foram encontradas numa fazenda no distrito de
Água Vermelha, onde trabalhavam pelo menos 20 pessoas na colheita de tomate. Os
trabalhadores foram encontrados colhendo tomate sem a proteção de luvas, tocas ou
óculos, descalços e em contato direto com agrotóxicos.
Pelo menos cinco menores foram flagrados fazendo o serviço. "Vimos filhos de
trabalhadores ajudando os pais, trabalhando na colheita. Eram crianças descalças, em
situação degradante. É absurdo que, ainda em 2009, em uma região rica como a de São
Carlos, nós encontremos algo grave desse tipo", afirmou o procurador do trabalho de
Araraquara Cássio Calvilani Dalla-Déa.
A blitz também descobriu que o empregador indicava o supermercado em que a compra de
mantimentos ocorria e, para descontar os cheques, o proprietário do estabelecimento
estipulava ágio de 2% a 5% para cada trabalhador.
O Ministério Público do Trabalho deve propor um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta)
ao proprietário da fazenda em que as irregularidades foram encontradas. Caso ele não
aceite, poderá ser acionado na Justiça. De acordo com a Promotoria, o empregador deverá
comparecer à Gerência Regional do Trabalho em São Carlos para se explicar.
86
Fiscais do Governo Federal e do Ministério Público do Trabalho encontraram e resgataram
98 trabalhadores em regime de escravidão, em uma obra que integra o PAC (Programa de
P á g i n a | 115
transtornos
Tumores 0,05% 0,7%
Fonte: Ministério da Previdência Social e Ministério da Saúde. In: Folha de São Paulo
12/11/2008, C5
11.1. Conceito
Estabelece o Art. 442, da CLT, que contrato individual de trabalho é o
acordo, tácito ou expresso, correspondente à relação de emprego. A CLT ora
usa a expressão ‘relação de emprego’ (Art. 2o., § 1o. e Art. 6o.), ora emprega
‘contrato de trabalho’ (Art. 443, 445, 448, 451, 468, 477 e 651, § 3o.), ora
relação de emprego (Art. 477).
11.2. Diferenciação
O contrato de trabalho não se confunde com vários outros contratos de
natureza civil.
A empreitada (locatio operis) é o contrato pelo qual uma das partes faz certa
obra para outra pessoa, mediante o pagamento de uma remuneração fixa ou
proporcional ao serviço realizado. Contudo, se distingue da locação de
serviços pelo fato de na primeira contrata-se um resultado, e na segunda,
uma atividade, embora em ambas haja independência e autonomia na
prestação de serviços. Exemplo de empreitada é o do pedreiro que constrói
uma casa ou um muro. Na empreitada, o empreiteiro tanto pode ser uma
pessoa física, quanto jurídica, enquanto empregado só pode ser pessoa física
(Art. 3o, da CLT). O empreiteiro não é subordinado, enquanto que o
empregado o é.
Assim, mesmo se uma pessoa começar a trabalhar para outra sem que
expressamente nada tenha sido combinado entre ambas, isso só será
P á g i n a | 122
11.4. A C.L.T.
Mostra, o Art. 442, da CLT, uma concepção mista, pois até mesmo equipara
o contrato de trabalho à relação de emprego. Tem, portanto, aspectos
contratualista -- quando faz referência a acordo tácito ou expresso (acordo
de vontades) --, e institucionalistas, quando usa a expressão ‘relação de
emprego’.
P á g i n a | 123
11.5. Objeto
O objeto direto do contrato de trabalho é a prestação de serviço subordinado
e não-eventual do empregado ao empregador, mediante o pagamento de
salário.
11.6. Requisitos
11.6.1. Continuidade
O trabalho deve ser prestado com continuidade. Aquele que presta serviços
eventualmente não é empregado92.
Por outro lado, a CLT é inaplicável ao trabalhador eventual. Seus direitos são
puramente contratuais. Entendemos que essa marginalização é
92
Domésticas que trabalham por até três dias por semana na mesma casa,
independentemente do tempo que mantenham essa rotina, não têm direitos trabalhistas,
como férias e 13º. salário, segundo decisão da 7ª. Turma do TST – Tribunal Superior do
Trabalho. No caso do TST, uma dona de casa de Curitiba teve uma diarista que trabalhava
três vezes por semana e, posteriormente, duas vezes. No total foram 18 anos de trabalho, o
que poderia configurar uma relação de frequência, um dos argumentos usados pelos
tribunais inferiores para dar ganho à doméstica. A empregadora recorreu ao TST. “O vínculo
com o doméstico está condicionado à continuidade na prestação dos serviços, o que não se
aplica quando o trabalho é feito alguns dias por semana”, informou o relator do recurso,
Pedro Paulo Manus. (Fonte: Folha 07/05/2009, B7)
P á g i n a | 125
11.6.2. Subordinação
Subordinação deriva de sub (baixo) e ordinare (ordenar), traduzindo a noção
etimológica de estado de dependência ou obediência em relação a uma
hierarquia de posição de valores93.
11.6.3. Onerosidade
Não é gratuito o contrato de trabalho, mas oneroso. O empregado recebe
salário pelos serviços prestados ao empregador. O empregado tem o dever
de prestar serviços, e o empregador, em contrapartida, deve pagar salários
pelos serviços prestados95.
11.6.4. Pessoalidade
O contrato de trabalho é intuitu personae, ou seja, realizado com certa e
determinada pessoa.
01140-2006-032-03-00-7)
95
SÚMULA 91 – TST - SALÁRIO COMPLESSIVO (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e
21.11.2003. Nula é a cláusula contratual que fixa determinada importância ou percentagem
para atender englobadamente vários direitos legais ou contratuais do trabalhador.
P á g i n a | 127
O empregado somente poderá ser pessoa física, pois não existe contrato de
trabalho em que o trabalhador seja pessoa jurídica, podendo ocorrer, no
caso, locação de serviços, empreitada, etc..
11.6.5. Alteridade
O empregado presta serviços por conta alheia (alteridade). Alteridade vem
do latim alteritas, de alter, outro. É um trabalho sem assunção de qualquer
risco pelo trabalhador, visto que este é todo do empregador96. O empregado
pode participar dos lucros da empresa, mas não dos prejuízos.
Com efeito, isso significa que a prestação de serviços corre por conta alheia
ao prestador.
Isso vale também para o caso do empregador cuja atividade não tenha
intuito econômico, como é o caso do empregador doméstico.
Quando está prestando um serviço para si ou por conta própria, não será
empregado, podendo ocorrer apenas a realização de um trabalho, ou a
configuração do trabalho autônomo.
96
OJ-SDI1-251 DESCONTOS. FRENTISTA. CHEQUES SEM FUNDOS. Inserida em 13.03.02. É
lícito o desconto salarial referente à devolução de cheques sem fundos, quando o frentista
não observar as recomendações previstas em instrumento coletivo.
NOTA: OJ significa ‘Orientação Jurisprudencial’ do TST.
P á g i n a | 128
O Art. 414, da CLT, mostra que as horas de trabalho do menor, que tiver
mais de um emprego, deverão ser totalizadas.
11.7. Características
11.7.1. Bilateral
É bilateral por ser celebrado apenas entre duas pessoas: o empregado e o
empregador.
11.7.2. Consensual
Não é o contrato de trabalho um pacto solene, pois independe de quaisquer
formalidades, podendo ser ajustado verbalmente ou por escrito (Art. 443, da
CLT). Havendo consenso entre as partes, mesmo verbalmente, o contrato de
trabalho estará acordado.
11.7.3. Oneroso
A um dever do empregado corresponde um dever do empregador. O dever
de prestar serviço corresponde ao dever do empregador de pagar salário,
que se constitui num direito do empregado, daí sua comutatividade e
bilateralidade.
11.7.4. Sinalagmático
As partes se obrigam entre si, com a satisfação de prestações recíprocas.
P á g i n a | 129
11.9. Forma
O contrato de trabalho não tem necessariamente uma forma para ser
realizado Pode tanto ser feito por escrito, como verbalmente (Art. 443, da
CLT).
11.10. Duração
Os contratos de trabalho podem ser por prazo determinado ou
indeterminado (Art. 443, da CLT):
• No contrato de prazo determinado as partes ajustam antecipadamente
seu termo.
• No contrato de prazo indeterminado não há prazo para a terminação
do pacto laboral, mantendo-se a duração por tempo indefinido
Esse tipo de contrato não foi bem acolhido pelos doutrinadores, todavia, com
o aumento do desemprego, alguns países começaram a reutilizar o contrato
a prazo como forma de absorção de trabalhadores que não conseguiam
obter emprego, a não ser de modo precário, iniciando-se um período de
crescimento, com a introdução, nas leis, de novas hipóteses permissivas,
que é o quadro atual.
11.11.2. Prazo
O prazo limite do contrato é de até dois anos (Art. 445 e 451, da CLT). Se
esse prazo for ultrapassado, os contratos serão automaticamente
transformados em ‘contrato por prazo indeterminado’. Poderão sofrer
apenas uma única prorrogação, desde que a soma dos dois períodos não
ultrapasse a dois anos.
Não é devido o aviso prévio, eis que somente é cabível nos contratos por
prazo indeterminado (Art. 487, da CLT).
Entre tais consequências está aquela que informa que, nos contratos a
prazo, os institutos da interrupção e suspensão contratuais não produzem os
mesmos efeitos típicos dos contratos indeterminados. Duas posições
principais despontam a esse respeito.
Pode-se falar na existência de uma única exceção a essa regra geral (Art.
442, § 2o., CLT): a derivada dos afastamentos por acidente de trabalho ou
doença profissional.
Se o contrato de experiência vigorar por prazo maior que 90 dias, ele será
automaticamente transformado em contrato por prazo indeterminado.
Poderá ser prorrogado uma única vez (Art. 451, da CLT), contudo, o
somatório dos dois períodos não pode exceder a 90 dias98 99.
Embora previsto pela Lei n. 2.959/56, esse tipo de contrato também não se
afasta das características básicas dos contratos a termo celetistas,
submetendo-se, em princípio, às regras gerais dos contratos a prazo
instituídas pela CLT.
É muito comum nas empresas de construção civil, com respaldo nos Art. 443
e 455, da CLT. São chamados de contratos de empreitada ou
subempreitada, caso em que, apesar da responsabilidade solidária a que se
refere a lei, não se constituem vínculos de emprego entre as empresas
construtoras e o pessoal das empreiteiras secundárias.
11.13.1. Vigência
O prazo de duração desses contratos está vinculado ao término de cada
etapa da obra específica (e não da obra como um todo).
Vale acrescentar que todo contrato que suceder a outro, dentro de seis
meses de outro por prazo determinado, é um contrato por tempo
indeterminado em seu todo (Art. 452, da CLT).
11.13.2. Requisitos
O Art. 1o, da Lei n. 2.959/56, exige que a anotação do contrato por obra
certa na CTPS do obreiro seja feita pelo empregador.
O operário terá direito, ainda, às férias proporcionais, mesmo que não tenha
trabalhado um ano na empresa103 (Art. 147, da CLT).
Por outro lado, o obreiro não fará jus à indenização de 40% do FGTS,
porque não houve despedimento por parte do empregador, mas término do
contrato de trabalho por tempo determinado. (Art. 18, da Lei n. 8.036/90).
103
SÚMULA 171-TST - FÉRIAS PROPORCIONAIS. CONTRATO DE TRABALHO. EXTINÇÃO, DJ
05.05.2004. Salvo na hipótese de dispensa do empregado por justa causa, a extinção do
contrato de trabalho sujeita o empregador ao pagamento da remuneração das férias
proporcionais, ainda que incompleto o período aquisitivo de 12 (doze) meses (art. 147 da
CLT) (ex-Prejulgado nº 51).
P á g i n a | 140
11.14.1. Definição
É aquele prestado por pessoa física a uma empresa, para atender à
necessidade transitória de substituição de seu pessoal regular e permanente
ou a acréscimo extraordinário de serviços.
11.14.2. Contratante
É a pessoa física ou jurídica urbana, cuja atividade consiste em colocar à
disposição de outras empresas, temporariamente, trabalhadores
devidamente qualificados, por elas, remunerados e assistidos.
O Art. 12, da Lei nº. 6.019/74, traz alguns dispositivos esparsos, os quais
estabelecem quais são os direitos aplicáveis ao trabalhador temporário. São
os seguintes:
• remuneração equivalente à percebida pelos empregados da categoria
da empresa tomadora, calculada à base horária, garantida, em
qualquer hipótese, a percepção do salário mínimo (salário equitativo);
• jornada de trabalho de oito horas diárias, com o limite de 44 horas
semanais (Art. 7o., XIII, da CF);
• adicional de horas extraordinárias, não excedentes de duas por dia,
P á g i n a | 143
responsabilidade.
12. DO EMPREGADO
12.1. Definição
É a pessoa física que, com ânimo de emprego, trabalha subordinadamente e
de modo não-eventual para outrem, de quem recebe salário (Art. 3o, c.c. o
Art. 2o, da CLT).
É possível afirmar, também, que é toda pessoa natural que contrate, tácita
ou expressamente, a prestação de seus serviços a um tomador, pessoa
física ou jurídica, a este efetuado com pessoalidade, onerosidade, não-
eventualidade e subordinação.
12.3. Capacidade
Capacidade é a possibilidade de a pessoa ser titular de poderes e de se
obrigar. A aptidão para exercer, por si ou por outrem, atos da vida civil.
Nem sempre, porém, poderá exercê-los pessoalmente; para isso deve ter
capacidade.
Principais benefícios107:
• Aumento de até 30% na produtividade, pois o trabalhador fica mais
focado sofre menos interrupções que no ambiente de trabalho, além
de trabalhar no seu biorritmo;
• Melhoria na qualidade de vida do trabalhador, pois evita a perda de
tempo e o estresse resultantes dos deslocamentos;
• Menor rotatividade, licenças e faltas para o empregador, pois menos
estressado e focado, o trabalhador tende a ter menos problemas de
saúde.
Principais problemas:
• Falta de controle, pois em geral, os órgãos públicos não controlam a
produtividade de seus funcionários e, sem isso, não é possível
implementar o teletrabalho;
106
Só o Citibank tem 301 empregados com horário flexível e 186 que trabalham em casa,
vários deles dando suporte técnico a “clientes internos” da administração e da rede de
agências. Antes de liberar o empregado para trabalhar em casa, o Citibank manda uma
equipe para avaliar e proferir um laudo sobre as condições de trabalho na residência. Eles
tiram fotos do local, medem ruído e conferem as condições ergonômicas de mesas e
cadeiras onde o empregado trabalhará. (In Folha, 26/12/2010, B1).
107
Segundo consultores e órgãos que já adotaram o sistema. (in Folha, 26/12/2010, B1)
P á g i n a | 149
Experiência internacional109:
• Estados Unidos da América – Foi onde começou a prática e hoje há
uma secretaria ligada à Presidência da República para incentivar a
adoção da prática;
• Europa – Em 2.002 foi assinado um acordo incentivando o teletrabalho
nos países membros da UE – União Europeia;
• Costa Rica – Em 2.008 o governo determinou que todos os ministérios
priorizem o teletrabalho. Hoje 14 deles já adotam a prática.
Faz jus a pelo menos um salário mínimo por mês, calculado à base horária.
O empregado doméstico não é regido pela CLT, mas, sim, por lei especial
(Lei n. 5.859/72, regulamentada pelo Decreto n. 73.626/74). Portanto,
antes disso, essa categoria profissional permaneceu, por um longo período,
em constrangedor limbo jurídico, sem direito sequer a salário mínimo e
reconhecimento previdenciário do tempo de serviço.
112
A Primeira Turma do Tribunal Superior do Trabalho negou provimento a um recurso de
revista movido por uma empregada diarista visando ao reconhecimento de seu vínculo
empregatício com uma das residências para as quais prestava serviço.
A faxineira já havia tido seu pedido julgado improcedente tanto pela Vara do Trabalho
quanto pelo Tribunal Regional do Trabalho de Campinas (15ª Região). Na audiência de
instrução do processo na primeira instância, ela havia confessado que era diarista e
prestava serviços em outras residências. O TRT acrescentou ainda, ao julgar o recurso
ordinário, que “a diarista exerce as mesmas atribuições de uma empregada doméstica
recebendo valor superior em relação ao salário de uma doméstica mensalista, não havendo
sequer prejuízo previdenciário, porque a diarista pode recolher a contribuição por meio de
carnê autônomo”. A faxineira, porém, alegava que trabalhava um dia e meio por semana
para a residência havia vários anos, e que tal serviço não podia, no seu entendimento, ser
rotulado de eventual.
O relator do recurso de revista no TST, juiz convocado Vieira de Mello Filho, manteve as
decisões anteriores, lembrando que, para a caracterização do empregado regido pela CLT,
exige-se a prestação de serviços de natureza não eventual, enquanto a Lei nº 5.589/72
exige que o empregado doméstico preste serviços “de natureza contínua”, no âmbito
residencial da família. “Assim, verifica-se que a não eventualidade ou a continuidade dos
serviços é um pré-requisito para a caracterização do vínculo de emprego, seja este
doméstico ou não”. Concluindo, o relator afirma que “o fato de as atividades da faxineira
serem desenvolvidas em alguns dias da semana e com relativa liberdade de horário,
havendo, ainda, vinculação a outras residências, com pagamento ao final de cada dia de
trabalho, demonstra que esta se enquadrava, na verdade, na definição de trabalhador
autônomo”. (RR 577243/1999)
113
No Brasil havia 9,1 milhões de empregados domésticos, em 2.008. Destes, 6,8 milhões
trabalhavam como mensalistas e 2,3 milhões como diaristas. De todos, 6,8 milhões
(27,1%) de mensalistas possuíam vínculo forma de trabalho definido pela CLT. Em 1.992,
634.562 deles dormiam no emprego, número este que foi reduzido para 294.463, em
2.006. O rendimento mensal deles era de R$ 423,93, em janeiro/2007, e passou para R$
453,20, em junho/2008. A jornada de trabalho dos empregados domésticos, em São Paulo,
em 2.007, era de 36 horas; em Belo Horizonte, 37; no Distrito Federal, 40; em Porto
Alegre, 36; no Recife, 45 e em Salvador, 43. Desses trabalhadores, 94% são mulheres;
29,7% contribuem para a Previdência Social; 28,3% recebem auxílio-transporte; 9,8% não
têm escolaridade alguma; 1,9% é sindicalizado e 13,1%têm 11 ou mais de escolaridade.
(Fonte: Folha de São Paulo, 27/08/2008)
P á g i n a | 151
Com efeito, é possível afirmar que o doméstico produz ‘valor de uso’, e não
‘valor de troca’. Trata-se de uma atividade de mero consumo, não-
produtiva, por isso, sem intuito ou conteúdo econômico para o tomador de
serviços.
• licença-paternidade de 5 dias;
• vale-transporte (somente a partir do Decreto n. 95.247/87, do Art. 1o.,
II)
• aviso prévio de no mínimo 30 dias;
• aposentadoria (Art. 7o., § único, da CF);
• licença à gestante, sem prejuízo do salário, com duração de 120 dias,
com estabilidade de mais 30 dias após o seu retorno;
• integração à Previdência Social (já prevista na legislação ordinária
anterior);
• estabilidade no emprego à gestante, desde a confirmação da gravidez,
até cinco meses após o parto (Art. 4o.-A, da Lei n. 5.859/73, conforme
Lei n. 11.324/06).
O Banco Itaú S/A. é uma das empresas que mais contratam deficientes no Brasil, pois
empregam hoje (2008) 2.600 funcionários nessas condições; nenhum com deficiência
intelectual.
Segundo dados do Ministério da Previdência Social, em 2.008, 60.638 segurados foram
inscritos no programa de reabilitação. Contudo, apenas 18.064 retornaram para o mercado
de trabalho. Não há estatísticas de quantos acidentes levam à deficiência.
Com a Lei do Estágio, as empresas têm que reservar, a deficientes, 10% das vagas aos
estudantes. (Fonte: Folha de São Paulo, 14/12/2008, F3)
118
Se diarista, exigir que ela comprove o recolhimento previdenciário mensal à alíquota de
11%.
119
Esta verba foi estabelecida com restrições, seja quanto ao valor (salário mínimo), seja
quanto ao número de parcelas (três). Ver Medida Provisória n. 1986, de 1999, e
subsequentes medidas renovatórias; Decreto n. 3.361, de 1999; Lei de Convenção n.
10.208, de 2.001. Os diplomas legais alteraram o texto da Lei n. 5.859/72, acrescentando-
lhe dispositivos.
P á g i n a | 156
O trabalhador rural não é regido pela CLT, mas, sim, pela Lei n. 5.889/73,
de 08/06/73, regulamentada pelo Decreto n. 73.626/74, de 12/02/74, que
revogou a Lei n. 4.214/63.
P á g i n a | 158
Alguns contratos rurais são regidos pelo Direito Civil, tais como a parceria e
a meação. Esses pactos não são, em princípio, regidos pelo Direito do
Trabalho. No entanto, nos casos em que esses contratos sejam considerados
fraudulentos, por encobrirem um verdadeiro vínculo de emprego
(subordinação), são atraídos para a esfera do Direito do Trabalho.
12.7.1. Definição
É toda pessoa física que, em propriedade rural ou prédio rústico, que presta
serviços de natureza não-eventual a empregador rural, sob a dependência
deste e mediante salário (Art. 2o, da Lei n. 5.889/73).
Assim, será rurícola o lavrador que cultiva uma horta em pleno centro de
São Paulo.
Vale frisar, com efeito, que exerce atividade rurícola o empregador que
realize processo de industrialização em seu estabelecimento rural. O
essencial é que a sua atividade seja agroeconômica, ainda que se valha de
instalações e métodos industriais ou comerciais. Não é, contudo, uma tarefa
fácil fazer tal enquadramento.
Trabalhador autônomo é a pessoa física que exerce, por conta própria, com
habitualidade, no momento que o desejar, de acordo com a sua
conveniência, a uma ou mais pessoas físicas ou jurídicas, atividade
econômica de natureza urbana ou rural, com fins lucrativos ou não,
assumindo os riscos de sua atividade econômica. (Art. 12, V, ‘h’, da Lei n.
8.212/91).
autônomo. Este não é dirigido por aquele, porque presta serviço por conta
própria.
Nada impede, contudo, que o trabalho autônomo possa ser pactuado com
cláusula de rígida pessoalidade, sem prejuízo da absoluta ausência de
subordinação. É o que tende a ocorrer com a prestação de serviços
contratada a profissionais de nível mais sofisticado de conhecimento ou
habilidade, como médicos, advogados, artistas, dentre outros.
No âmbito da União, foi instituído o regime jurídico único pela Lei n. 8.112,
de 11/12/90, que trata de funcionários estatutários.
Por outro lado, a CLT é inaplicável ao trabalhador eventual. Seus direitos são
puramente contratuais. Entendemos que essa marginalização é
injustificável, eis que ele exerce seu trabalho de forma subordinada.
O avulso não presta serviços com pessoalidade, pois o trabalhador pode ser
substituído por outra pessoa. Ao tomador não interessa normalmente que o
serviço seja feito por determinada e específica pessoa, mas que o trabalho
seja realizado. Pouco importa quem irá fazer o trabalho. A relação, portanto,
não é intuitu personae.
12.12. Estagiário
O trabalho do estagiário não está disciplinado na CLT, mas sim, em lei
específica (Lei nº. 6.494/77, regulamentada pelo Decreto nº 87.497/82, e
alterada pela Lei n. 11.788, de 25/09/2008). O Decreto n. 75.778, de
26/05/75 disciplinou o estágio perante o serviço público federal121.
122
Se os pressupostos da Lei do Estágio não forem respeitados pela empresa, o vínculo de
emprego deve ser reconhecido ao estagiário. Com este entendimento, a 8ª Turma do
Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região confirmou a relação formal de emprego entre
um estagiário e o banco em que ele atuava como atendente. Assim, o autor receberá os
valores dos encargos trabalhistas (13º salário, férias remuneradas, gratificação de 1/3,
FGTS, INSS), horas extras, participação nos lucros, bem como as diferenças resultantes da
equiparação salarial com outros colegas da mesma função. A sentença vale apenas para seu
período do estágio, pois, depois de um certo tempo, ele havia sido efetivado com carteira
assinada.
De acordo com as provas dos autos, na época em que era estagiário, o autor não tinha
qualquer tipo de acompanhamento de suas atividades, seja pela empresa ou pela instituição
de ensino, o que contraria a Lei. Também foi reconhecido que a função do estagiário, na
área de atendimento a clientes, era idêntica a de outros empregados com carteira assinada.
Para o relator do acórdão, Juiz Convocado Francisco Rossal de Araújo, esta situação
desvirtua o objetivo do estágio -- a oportunidade de aprendizagem -- passando a consistir
em aproveitamento de mão-de-obra qualificada por menor. Na visão do Magistrado, se o
estagiário recebe tratamento idêntico ao dos empregados, é justo ser reconhecido como tal.
P á g i n a | 166
estagiar, mas não remunera, nem tem vínculo de trabalho com ele. Na, sede em São Paulo,
atende, em média, 500 estudantes por dia e cerca de 10.000 por mês.
P á g i n a | 167
Desde que obedecidas as condições impostas pela lei, o estágio não gera
vínculo empregatício, de qualquer natureza, entre a empresa e o
estagiário124.
124
VÍNCULO DE EMPREGO. ESTAGIÁRIO. Não havendo nexo entre as atividades realizadas
pelo autor e os objetivos do curso de Ciências Jurídicas e Sociais, resta desvirtuada a
finalidade do estágio, consoante o disposto na Lei nº 6.494/77 e no Decreto 87.497/82.
Aplicação do artigo 9º da CLT, mantendo-se a decisão que reconheceu o vínculo. Recurso
desprovido, no item. (TRT - 4ª. R. – Processo no. 00323-2005-029-04-00-6 (RO) - Juíza
Tânia Maciel de Souza - 19/01/2007).
P á g i n a | 168
• de 1 a 5 empregados: 1 estagiário
• de 6 a 10 empregados: 2 estagiários
• de 11 a 25 empregados: 5 estagiários
• acima de 25 empregados: até 20% de estagiários
empregatício.
O trabalho voluntário não poderá, portanto, ser prestado por pessoa jurídica,
mas, apenas por pessoa física, que é o trabalhador.
Mesmo que não exista a elaboração do contrato escrito, o pacto pode ser
verbal ou até tácito, pela continuidade da prestação de serviços, sem
oposição de outra pessoa, mas envolve acordo entre as partes.
12.16. Terceirização
Vários nomes são utilizados para denominar a contratação de terceiros pela
empresa para prestação de serviços ligados a sua atividade-meio133. Fala-se
133
Justiça proíbe Volkswagen de terceirizar produção em fábrica no interior de SP. A Justiça
do Trabalho de São Carlos determinou que a Volkswagen do Brasil se abstenha de contratar
empresas terceirizada para a realização de serviços que configurem sua atividade-fim na
fábrica de São Carlos, especializada na fabricação de motores, além de cumprir as normas
P á g i n a | 172
• OTIMIZAÇÃO DE CUSTOS
A reformulação de processos permite a eliminação ou a redução de
atividades.
• MELHORIA DOS NÍVEIS DE SERVIÇOS
os problemas, como afirma Rugenia Pomi, fundadora da Sextante Brasil. "Esse balanço
serve de alerta para as empresas, ao demonstrar a necessidade de uma preocupação maior
com a gestão desses terceiros", afirma. Segundo ela, muitas companhias já perceberam
que o passivo trabalhista tem impacto na imagem perante o mercado.
Segundo Rugenia, além da elevação já constatada pela pesquisa e da tentativa das
companhias em conter essas ações judiciais, a tendência é que haja uma elevação ainda
maior no número desses processos em decorrência da recente crise econômica mundial.
"Muitos contratos com terceiros foram rompidos e isso já deve resultar em novas ações
trabalhistas", afirma. Independentemente do fator crise, processos desse tipo vêm
crescendo a cada ano, de acordo com a pesquisa. Houve uma elevação de 51% na pesquisa
de 2008 em comparação com 2007 e agora de 53% nos dados obtidos em 2009, com
relação a 2008.
A elevação no número de processos também deve resultar em mais condenações. Isso
porque, em boa parte dos casos julgados, a Justiça do Trabalho vem entendendo que há
responsabilidade dessas companhias, caso a prestadora de serviços não cumpra com sua
obrigação trabalhista. Como a legislação é bem escassa sobre o assunto, os juízes têm se
baseado na Súmula nº 331 do Tribunal Superior do Trabalho (TST), que trata do tema para
condenar essas empresas. A súmula do tribunal estabelece que "o inadimplemento das
obrigações trabalhistas, por parte do empregador, implica a responsabilidade subsidiária do
tomador dos serviços".
Como forma de conter o número de processos sobre esse tema, há um movimento para
desfazer as contratações de mão de obra terceirizada, de acordo com a pesquisa,
principalmente nos serviços ligados aos recursos humanos (RH) das empresas. "As
companhias já perceberam que em alguns setores, apesar de a terceirização aparentar ser
o caminho menos oneroso para as empresas, há um impacto financeiro posterior no seu
negócio por conta das ações judiciais", afirma Rugenia Pomi.
A quantidade de ações sobre esse tema também já reflete no cotidiano dos juízes
trabalhistas. O juiz Rogério Neiva Pinheiro, que atua em Brasília, afirma que tem cinco
pilhas de processos que envolvem terceirização para julgar. "Vejo essas pilhas aumentarem
diariamente. Só este ano, os casos aumentaram cerca de 30%", afirma. Esse acréscimo
com relação a essas ações tem se dado principalmente em consequência da falência de
algumas empresas prestadoras de serviço, segundo a análise do juiz. Essas empresas
deixam de pagar seus funcionários, que por sua vez, recorrem à Justiça, pedindo a
responsabilização subsidiária da tomadora.
Na vara trabalhista onde Neiva atua, há principalmente casos que envolvem empresas
contratadas pelo próprio governo. "Muitas prestadoras de serviços terceirizados que
ganham processos de licitação por oferecer o menor valor pelo serviço, não têm condições
de manter esse contrato. Então quem paga novamente a conta desses funcionários é
próprio governo, com dinheiro público", afirma o magistrado. Na opinião do juiz, a melhor
solução para esse impasse seria encerrar com a terceirização nos contratos públicos. "A
conta desses contratos de terceirização se torna muito mais alta, do que manter
funcionários concursados", afirma.
Para diminuir as chances de que a empresa venha a ser responsabilizada nesses processos
é necessário que a tomadora de serviços controle se a prestadora tem cumprido com todas
as suas obrigações trabalhistas e previdenciárias, segundo o advogado Marcel Cordeiro, do
Neumann, Salusse, Marangoni Advogados. O advogado recomenda que se fixe uma cláusula
no contrato de prestação de serviços chamada de "cláusula de retenção". Essa cláusula
P á g i n a | 174
deve prever que se a empresa contratada não apresentar toda a documentação que
comprove o cumprimento de todas as obrigações trabalhistas na data estabelecida - como o
início de cada mês -, a tomadora de serviços pode suspender o pagamento da prestação e
não poderá ser protestada por isso. "Essa medida consegue mitigar o impacto dessas ações,
já que há a comprovação de que a tomadora acompanhou os pagamentos da empresa",
afirma.
P á g i n a | 175
de dados que presta serviço a banco integrante do mesmo grupo econômico, exceto quando
a empresa de processamento de dados presta serviços a banco e a empresas não bancárias
do mesmo grupo econômico ou a terceiros. (primeira parte - ex-Súmula nº 239 - Res.
15/1985, DJ 09.12.1985; segunda parte - ex-OJs nºs 64 e 126 da SBDI-1 - inseridas,
respectivamente, em 13.09.1994 e 20.04.1998)
136
Cargill é multada em R$ 50 mil por terceirização. Ribeirão Preto, SP - A Cargill foi
condenada, em primeira instância, pela Justiça do Trabalho de Orlândia (SP) a pagar uma
multa de R$ 50 mil por danos morais coletivos decorrentes de irregularidades na
terceirização na unidade da Seara Alimentos, em Nuporanga (SP). A pena ocorreu após a
análise do mérito da ação civil pública ajuizada pelos procuradores do Trabalho de Ribeirão
Preto Silvio Beltramelli Neto e Charles Lustosa Silvestre. A pena, sobre a qual cabe recurso,
prevê ainda multa diária de R$ 1 mil pelo descumprimento da determinação judicial.
Segundo o Ministério Público do Trabalho (MPT), as investigações começaram após denúncia
de possível terceirização irregular por parte da empresa e uma posterior realização de ação
fiscal, na qual auditores da Justiça do Trabalho confirmaram que a Cargill utilizava uma
prestadora de serviços na retirada das aves da granja, no transporte e na entrega até o
abatedouro.
Na unidade de Nuporanga da Seara, a Cargill produz rações, tem uma incubadora e uma
linha de abate de aves. O MPT tentou, em uma audiência, firmar um termo de ajustamento
de conduta (TAC) para que a terceirização acabasse, mas, segundo os procuradores do
trabalho, a empresa não aceitou e alegou que esses serviços são de responsabilidade do
parceiro criador, o granjeiro.
"O modo como foi implementada esta terceirização revela estratégia grosseira e conhecida
no campo das relações trabalhistas, embasada na adoção consciente do sistema de
terceirização de atividade-fim", informou o procurador Beltramelli Neto.
Em uma nova audiência, os procuradores sugeriram a contratação dos funcionários que
recebem e encaminham as aves na linha de abate e a assinatura de um novo TAC, o que
não foi aceito. Ainda segundo o MPT, a Cargill chegou a substituir em seguida a mão de
obra por funcionários da própria empresa, "mas deixou subentendido que, se houvesse
necessidade, lançaria mão da terceirização". Isso gerou a ação civil pública; no segundo
semestre do ano passado, a Justiça do Trabalho concedeu o pedido liminar e, este mês,
condenou a companhia. A Cargill informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que
tem conhecimento do resultado da ação e que irá recorrer da pena.
137
Empregado contratado por uma empresa prestadora de serviços obteve o
reconhecimento de vínculo com uma companhia telefônica, para quem efetivamente
trabalhava. A decisão foi da Oitava Turma do Tribunal Superior do Trabalho, que concluiu
aplicar-se ao caso a Súmula nº 331 da Corte, considerando, em consequência, estar
caracterizada, no caso, a ilicitude da terceirização, o que gera vínculo de emprego com o
tomador de serviços quando comprovado que o empregado ocupava-se de serviços ligados
à atividade-fim da empresa – no caso, a Vivo S/A.
A ministra Peduzzi esclareceu que não se pode conferir a aplicação dos artigos 25 da Lei nº
8.987/95 e 94 da Lei nº 9.472/97 à abrangência do Regional em seu acórdão, porque,
embora tais dispositivos permitam a terceirização, sem que isso configure qualquer tipo de
irregularidade no cumprimento do contrato administrativo celebrado, essa permissão não
impede que se analise a ocorrência de fraude trabalhista da terceirização ilegal, na forma do
artigo 9º da CLT (serão nulos de pleno direito os atos praticados com o objetivo de
desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicação dos preceitos contidos na presente Consolidação).
P á g i n a | 178
(RR-601/2007-007-24-00.0
138
A empresa Ferrovias Bandeirantes S.A. – Ferroban foi responsabilizada pela Sexta Turma
do Tribunal Superior do Trabalho pelo pagamento de débitos trabalhistas a um armador
contratado por meio da empresa Gerência Recursos Humanos e Serviços Temporários Ltda.
A Sexta Turma julgou tratar-se de situação clara de responsabilidade subsidiária, por
considerar ter ocorrido terceirização em torno da atividade estrutural da Ferroban. Com
entendimento diverso, a Justiça do Trabalho de São Paulo concluíra que a Ferroban não
devia ser responsabilizada.
Para o ministro Maurício Godinho Delgado, relator do recurso de revista, a não-
responsabilização da tomadora de serviços só seria possível em casos de contratação
“comprovadamente eventual e esporádica, em que se pactuasse obra específica ou
prestação enfocada”. A Sexta Turma reformou, então, o entendimento regional, pois
considerou que o contrato entre a Ferroban e a FC não foi de empreitada, “pelo menos no
que se refere à acepção dada na esfera trabalhista, já que os serviços contratados ligam-se
diretamente à consecução dos objetivos primordiais da Ferroban (atividade-fim)”. ( RR-
2258/1999-014-15-00.5)
139
SÚMULA 331-TST - CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. LEGALIDADE (mantida) -
Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003.
III - Não forma vínculo de emprego com o tomador a contratação de serviços de vigilância
(Lei nº 7.102, de 20.06.1983) e de conservação e limpeza, bem como a de serviços
especializados ligados à atividade-meio do tomador, desde que inexistente a pessoalidade e
a subordinação direta.
P á g i n a | 179
13. DO EMPREGADOR
13.1. Definição
A CLT dispõe que considera-se empregador a empresa, individual ou
coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria
e dirige a prestação pessoal de serviços (Art. 2o., da CLT).
Consagrada está entre nós a palavra ‘empregador’ que fica afastada outras
expressões que hoje não mais são utilizadas, como ‘patrão’, ‘patrono’, ‘dador
de trabalho’, ‘entidade patronal’, dentre outras utilizadas em outros tempos.
140
Empresa beneficente, sem fins lucrativos, composta por pessoas portadoras ou não de
deficiência. O papel dessa associação viola frontalmente as prescrições contidas em seu
estatuto social, tratando-se de entidade ‘assistencial’ nitidamente a serviço da Volkswagem,
na condição de mera intermediária de mão-de-obra. Desses 320 associados da Avape, que
trabalham na montadora, somente 2 são portadores de necessidades especiais (Folha de
São Paulo, B7, 18/11/2007).
P á g i n a | 180
Prevê o Art. 236, da CF, que o serviço notarial e de registro são exercidos
em caráter privativo. Logo, os funcionários dos cartórios são empregados,
regidos pela CLT. Mostra o Art. 20, da Lei n. 8.935/94, que os escreventes e
outros prepostos dos cartórios são contratados sob o regime da legislação do
trabalho.
Podemos concluir que a CLT não foi taxativa ao indicar os tipos possíveis de
empregador ou de pessoas a ele equiparadas. A leitura de seu Art. 2º.
evidencia que o ponto essencial da definição está no fato de haver
contratação de trabalhadores enquadráveis como empregados, isto é, na
configuração da relação de emprego. Em verdade, chega-se à identificação
do empregador, ou daquele a ele equiparado, por meio da verificação da
presença de empregado.
Empregador rural não é apenas a pessoa que está na área rural. O sítio pode
estar no âmbito urbano e o empregador ser rural. Logo, o importante é a
atividade exercida pelo empregador, atividade agroeconômica, de
agricultura e pecuária.
142
É sociedade cuja totalidade ou parte de seu capital é aplicado em ações de outra
sociedade, gerando controle sobre a administração das mesmas. Por essa forma, assegura-
se uma concentração do poder decisório nas mãos da empresa mãe-holding.
143
OJ-SDI1-191 DONO DA OBRA. RESPONSABILIDADE. Inserida em 08.11.00. Diante da
inexistência de previsão legal, o contrato de empreitada entre o dono da obra e o
empreiteiro não enseja responsabilidade solidária ou subsidiária nas obrigações trabalhistas
contraídas pelo empreiteiro, salvo sendo o dono da obra uma empresa construtora ou
incorporadora.
NOTA: OJ significa ‘Orientação Jurisprudencial’ do TST.
P á g i n a | 184
Portanto, o Art. 10 tem como foco o empregado, enquanto que o Art. 448
visa ao contrato de trabalho.
Podemos aplicar, por analogia, os Art.10 e 448, da CLT, nos casos citados,
pois o empregado não poderá ser prejudicado com as alterações na
empresa.
A ordem jurídica brasileira ainda não tem preceitos tão claros nesse sentido.
Todavia, a CF rejeitou condutas fiscalizatórias e de controle da prestação de
144
Pela primeira vez, em quase meio Século, os funcionários da administração do Vaticano
terão de bater o ponto. A partir de janeiro/2009, todos usarão crachás eletrônicos para
combater o baixo rendimento. O controle de entrada e saída de funcionários foi abolido em
1.960, por determinação do papa João 23. (Fonte: Folha de São Paulo 05/11/2008, B12).
145
A exigência de uma empresa de segurança da Bahia de que seus empregados
mantenham barba e bigode aparados foi tema de discussão na Justiça Trabalhista, e acabou
chegando ao Tribunal Superior do Trabalho. Trata-se de ação civil movida pelo Ministério
Público do Trabalho contra a empresa, por considerar que a exigência seria ofensiva à
dignidade da pessoa humana e, por isso, geraria direito de indenização por dano moral
coletivo.
O relator do processo na Quinta Turma, ministro Emmanoel Pereira, concluiu pela
inexistência de afronta ao dispositivo constitucional. Segundo o relator, a norma não teve
potencial lesivo, tampouco possuiu conteúdo discriminatório, como reiterado pelo MPT. Para
o ministro, a limitação ao uso de barba grande foi medida adequada e proporcional à
disciplina no desempenho de atividade de segurança e transporte de valores, condizente
com a limitação de direitos fundamentais. Dessa forma, concluiu o relator, o texto original
da norma não violou o núcleo essencial da dignidade da pessoa humana e nem fora capaz
de gerar pagamento por danos morais coletivos. (RR-115700-62.2004.5.05.0020)
P á g i n a | 188
DISCRIMINAÇÃOPARAQUATEPARATION METÍLICOENDOSSULFAMCARBOFURANMETAMIDÓFÓS
Culturasabacate, abacaxi, algodão, arroz, aspargo, banana, batata, beterraba, cacau, café, cana-de-
açúcar, chá, citros, coco, couve,
feijão, maçã, milho, pastagens, pera, pêssego, soja, sorgo, trigo e uvaalgodão, alho, arroz,batata, cebola,
feijão, milho, soja e trigoalgodão, cacau, café, cana-de-açúcar e sojaalgodão, amendoim, arroz, banana,
café, cana-de-açúcar, cenoura, feijão, fumo, milho, repolho, tomate e trigo algodão, amendoim, batata,
feijão, soja, trigo, tomate rasteiro com fins industriais Quem exporta para o BrasilArgentina, Malásia,
Taiwan, Reino Unido, DinamarcaChina, DinamarcaAlemanha, Índia, EUAEUA, Japão, AlemanhaChina,
Taiwan
Onde é proibidoUnião Européia, Eslovênia, Suécia, DinamarcaChina, Dinamarca, União EuropéiaUnião
Européia, Sri Lanka, Noruega, Belize, ÍndiaLíbia, União EuropéiaChina, Índia, União
EuropéiaImportações para o Brasil (em tone- ladas)82 t em 2006 581 t em 2007
25.839 t em 2008 (até 31/07)2.360 t em 2006
4.860 t em 2007
2.820 t em 2008 (até 31/7)1.351 t em 2006
2.022 t em 2007
1.027 t em 2008 (até 31/7)1.284 t em 2006
2.177 t em 2007
729 t em 2008 (até 31/7)5.761 t em 2006
7.640 t em 2007
2.840 t em 2008 (até 31/7)Fonte: Siscomex (Sistema Integrado de Comércio Exterior), in Folha de São
Paulo 23/08/2008, C1
ALIMENTOSAMOSTRAS INASATISFA-
TÓRIAS %SUBSTÂNCIA DETECTADA
(ACEFATO)SUBSTÂNCIA DETECTADA (METAMIDOFÓS)SUBSTÂNCIA DETECTADA
(ENDOSSULFAN)Pimentão64Morango36Uva33Cenoura30Alface20Tomate18Arroz 4Feijão 3Fonte:
Anvisa, in Folha 19/06/2010, Cotidiano 2
P á g i n a | 192
DISCRIMI-
NAÇÃOBASF/SP
3ª. MAIOR DO MUNDO NO SETOR
IHARA-
BRAS/SPBAYER/
RJ
2ª. MAIOR DO MUNDOSYNGENTA/
SP
MAIOR DO MUNDO NO SETORNUFARM/
CE
8ª. MAIOR DO MUNDO NO SETORMILENIA/RS
/PR
7ª. MAIOR DO MUNDOLITROS DE AGROTÓ –
XICOS IN –
TERDITA –
DOS
800 MIL
950 MIL
1 MILHÃO
1,15 MILHÃO
2,3 MILHÕES
2,86 MILHÕESDATA FIS –
CALIZAÇÃOMAR/2010AGO/2009SET/2009OUT/2009NOV/2009JUL/2009O QUE AN–
VISA CONS
TATOU
Ingredientes de agrotóxi -
cos com data de va –
lidade ven –
cida, falta de compro –
vacão da
origem de parcelas de
produtos.
Cinco agrotô
xicos com fórmula alte-
P á g i n a | 193
148
Até que legislação específica ou negociação coletiva da categoria disponham em sentido
contrário, a base de cálculo do adicional de insalubridade é o salário-mínimo. Essa é a
conclusão do ministro Guilherme Caputo Bastos, relator de um recurso de embargos de um
grupo de empregados da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan), após análise
das decisões do Supremo Tribunal Federal quanto ao assunto. Os trabalhadores defendiam
a aplicação do salário profissional previsto para o cargo inicial de suas carreiras como base
de cálculo do adicional. (TST- E-RR - 24300-26.2008.5.04.0352)
Em sentido divergente: O TRT aplicou a Súmula Vinculante 04, do STF, e manteve a
condenação ao pagamento do adicional de insalubridade calculado sobre o salário
profissional. O TRT/MG negou provimento a recurso ordinário de uma fundação que
pretendia afastar a condenação ao pagamento de diferenças sobre o adicional de
insalubridade pago erroneamente, durante o contrato, com base no salário mínimo, quando
deveria ser sobre o salário profissional recebido pela empregada.
P á g i n a | 194
15.3.2. Periculosidade
São atividades perigosas aquelas que, por sua natureza ou métodos de
trabalho, impliquem o contato permanente com inflamáveis, explosivos ou
qualquer outra condição de risco acentuado, segundo regulamentação do
Ministério do Trabalho e Emprego.
Portanto, segundo esclarece a relatora, o salário mínimo não pode mais ser utilizado como
base de cálculo do adicional de insalubridade. Acrescenta ainda a juíza que, por aplicação
analógica do parágrafo 1o., do artigo 193, da CLT, o adicional de insalubridade deverá ser
calculado sobre o salário base do empregado. Ou seja, sobre o salário sem os acréscimos
resultantes de gratificações, prêmios ou participações nos lucros da empresa (TRT/3ª
Região - RO nº 00038-2008-020-03-00-6).
149
Ao rejeitar (não conhecer) recurso da WMS Supermercado do Brasil, a Sexta Turma do
Tribunal Superior do Trabalho entendeu que a ausência de laudo técnico não impede que o
juiz possa concluir que o local onde é prestado o serviço seja prejudicial à saúde
(insalubridade) e, com isso, manteve decisão do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª
Região-RS (RR-7100-21.2002.5.04.0221).
Em sentido contrário: Na reclamação trabalhista em que o trabalhador (ou o sindicato,
representando um grupo de trabalhadores) pede o pagamento de adicional de insalubridade
ou periculosidade, o juiz deve designar perito habilitado ou requisitar perícia ao órgão
competente do Ministério do Trabalho. Com esse entendimento, baseado no artigo 195, §
2º, da CLT, a Terceira Turma do Tribunal Superior do Trabalho determinou o retorno de um
processo à Vara do Trabalho, para que se proceda à perícia. (RR 922/2003-101-08-00.9)
P á g i n a | 195
150
As empresas foram condenadas ao pagamento de adicional de periculosidade a um
empregado que trocava cilindros de gás duas vezes ao dia. Esta decisão acabou
prevalecendo, após a Sexta Turma do Tribunal Superior do Trabalho dar provimento a um
recurso de revista interposto pelo trabalhador, restabelecendo a sentença do juiz de
primeiro grau que havia sido reformada por decisão regional.
No caso, o Tribunal Regional do Trabalho da 18ª Região (GO), ao julgar recurso da
empresa, entendeu que a exposição do empregado ao perigo ocorria em tempo
extremamente curto, uma vez que ele levava apenas cerca de dois minutos e trinta
segundos em cada operação de troca do gás e com esses fundamentos, reformou a
sentença de primeiro grau, o que levou o trabalhador a apelar ao TST. Entre outras razões,
alegou haver comprovação por meio de laudo pericial de que o trabalho se dava em
condições perigosas de forma intermitente.
O relator do recurso de revista na Sexta Turma, ministro Aloysio Corrêa da Veiga, conheceu
do recurso por contrariedade à Súmula 364 do TST, que estabelece: "Faz jus ao adicional de
periculosidade o empregado exposto permanentemente ou que, de forma intermitente,
sujeita-se a condições de risco. Indevido, apenas, quando o contato dá-se de forma
eventual, assim considerado o fortuito, ou o que, sendo habitual, dá-se por tempo
extremamente reduzido"
Ao julgar o mérito da questão, o ministro observou que o laudo pericial constatou que o
trabalhador expunha-se ao risco duas vezes por dia, cada uma delas de 2 minutos e 30
segundos, o que soma aproximadamente 5 minutos em área de risco e desconfigura a
hipótese de permanência por tempo extremamente reduzido, como havia sustentado a
empresa.
A "questão é muito subjetiva para se estabelecer o que é tempo reduzido e o que não é
tempo reduzido", manifestou o ministro Aloysio na sessão de julgamento do recurso do
empregado. O certo é que nos termos da Súmula 364 o adicional é devido ao empregado
"exposto permanentemente ou que, de forma intermitente, sujeita-se a condições de risco",
informou o relator. A decisão foi por unanimidade. (RR-145-2007-051-18-00.0)
P á g i n a | 196
16.1. Contribuições
As entidades sindicais têm, como receitas:
• contribuição confederativa (Art 8o., IV, da CF);
• contribuição sindical (Art 8o., IV, e Art. 149, c.c. os Art. 578 a 610 da
CLT);
• contribuição assistencial (Art. 513, “e”, da CLT);
• mensalidade dos sócios do sindicato (Art. 548, “b”, da CLT).
Essa contribuição não tem natureza tributária, não podendo ser exigida dos
trabalhadores não-filiados a sindicato153 154.
152
Tancredo Neves escreveu, e deveria ler, em seu discurso de posse na Presidência da
República: “A legislação sindical brasileira se encontra envelhecida. [...] a unidade sindical
não pode ser estabelecida por lei, mas surgir naturalmente da vontade dos filiados. [...] Os
sindicatos não podem submeter-se à tutela do governo nem subordinar-se aos interesses
dos partidos políticos.” (in Folha, 21/04/2010 A8)
153
PN-119 CONTRIBUIÇÕES SINDICAIS - INOBSERVÂNCIA DE PRECEITOS
CONSTITUCIONAIS – (nova redação dada pela SDC em sessão de 02.06.1998 -
homologação Res. 82/1998, DJ 20.08.1998. "A Constituição da República, em seus art. 5º,
XX e 8º, V, assegura o direito de livre associação e sindicalização. É ofensiva a essa
modalidade de liberdade cláusula constante de acordo, convenção coletiva ou sentença
normativa estabelecendo contribuição em favor de entidade sindical a título de taxa para
custeio do sistema confederativo, assistencial, revigoramento ou fortalecimento sindical e
outras da mesma espécie, obrigando trabalhadores não sindicalizados, sendo nulas as
estipulações que inobservem tal restrição, tornam-se passíveis de devolução os valores
irregularmente descontados."
NOTA: PN significa ‘Precedente Normativo’.
154
OJ-SDC-17 CONTRIBUIÇÕES PARA ENTIDADES SINDICAIS. INCONSTITUCIONALIDADE
DE SUA EXTENSÃO A NÃO ASSOCIADOS. (Inserida em 25.05.1998). As cláusulas coletivas
que estabeleçam contribuição em favor de entidade sindical, a qualquer título, obrigando
trabalhadores não sindicalizados, são ofensivas ao direito de livre associação e
sindicalização, constitucionalmente assegurado, e, portanto, nulas, sendo passíveis de
devolução, por via própria, os respectivos valores eventualmente descontados.
NOTA: OJ significa “Orientação Jurisprudencial’ do TST.
P á g i n a | 198
Essa contribuição tem natureza jurídica de tributo, sendo instituída por lei,
portanto, compulsória para todos os trabalhadores, independentemente da
vontade destes.
A tarefa fica ainda mais difícil quando se trata dos recursos recolhidos
diretamente das empresas. Cerca de 65% da arrecadação do Sesi e do
Senai, por exemplo, vêm de contribuições sociais pagas diretamente por
empresas, não passando pelo caixa da Previdência. O Ministério do
Planejamento não sabe qual é esse montante. Isso não passa pelo SIAFI–
Sistema Integrado de Administração Financeira.
P á g i n a | 200
Foram definidas pela CLT como acordos de caráter normativo pelo qual dois
ou mais sindicatos representativos de categorias econômicas e profissionais
estipulam condições de trabalho aplicáveis, no âmbito das respectivas
representações, às relações individuais de trabalho. (Art. 611)
17.4.1. Autotutela
Ocorre quando o próprio sujeito busca afirmar, unilateralmente, seu
interesse, impondo-o e impondo-se à parte contestante e à própria
comunidade que o cerca. Permite, de certo modo, a coerção por um
particular, em defesa de seus interesses.
155
Na CF de 1.937, a greve era considerada como recurso antissocial, sendo inserida nos
art. 723 e 725 da CLT a proibição total da greve, com pena de suspensão do emprego de
até seis meses ou a dispensa.
A CF de 1.946 reconheceu o direito de greve, estabelecendo que uma lei a regularia.
Em 1.964, o governo ditatorial aprovou a Lei nº 4.330 - Lei de Greve. No entanto, era, na
verdade, uma ‘lei antigreve’.
Somente na CF de 1.988 (art. 9º) que a greve passou a ser reconhecida como um direito
social.
Uma nova Lei de Greve (n. 7.783) foi aprovada em 1989, estando vigente até os dias de
hoje.
As greves possuem três fases:
a) Fase do delito: na industrialização no início do Século XIX, a greve era proibida e seu
exercício era considerado como crime.
b) Fase da liberdade: É o período de ausência de proibição, quando o Estado manteve-se
neutro.
c) Fase do direito: período que o Estado regula a greve como direito subjetivo público,
passando a ser o exercício de um direito.
Apenas para os militares, nos termos do art. 142, inc. IV, da CF, é que as greves ficaram
proibidas.
A Lei nº 7.783/89 refere-se, ainda, à proibição de greve em serviços cuja paralisação cause
prejuízo irreparável ao empregador. Nestes casos, o sindicato, com a empresa, deverão
acertar a forma de manter os serviços mínimos durante a greve.
Há, ainda, uma relação de serviços essenciais considerados de interesse público, em relação
aos quais os sindicatos ficam obrigados a manter os serviços indispensáveis ao atendimento
das necessidades inadiáveis da comunidade. Na mesma relação de restrições à greve
entram os serviços indispensáveis à segurança, transporte coletivo, saúde, alimentação,
energia, água, dentre outros.
P á g i n a | 204
17.4.2. Autocomposição
É a técnica de solução dos conflitos coletivos pelas próprias partes, sem
emprego de violência, mediante ajustes de vontade, sem intervenção de
outros agentes no processo de pacificação da controvérsia.
17.4.3. Heterocomposição
É a técnica de composição do conflito por meio de uma fonte ou de um
poder suprapartes (agente exterior à relação conflituosa original), por estas
admitidas, ou imposto por uma ordem jurídica. Em vez de isoladamente
ajustarem a solução de sua controvérsia, as partes submetem a terceiros a
apreciação de seu conflito, em busca da solução a ser por ele prolatada.
método de autocomposição.
P á g i n a | 205
157
Há doutrinadores que a consideram uma forma de autocomposição.
158
Idem anterior.
P á g i n a | 206
Com efeito, cabe esclarecer, também, que a lei em questão determina que a
composição da comissão empresarial deve ter no mínimo dois e no máximo
dez representantes, devendo sempre ser observado o princípio da paridade,
onde temos metade indicada pelo empregador e metade eleita por escrutino
secreto fiscalizado pelo sindicato profissional. Frise-se, ainda, que a lei
determina igual número de suplentes para a composição da Comissão de
Conciliação Prévia no âmbito empresarial.
REFERÊNCIAS160
MARANHÃO, Délio; CARVALHO, Luiz Inácio B.. Direito do Trabalho. 17. ed.
revista e atualizada. Rio de Janeiro: FGV, 1998.
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito do Trabalho. 23. ed. atualizada. São Paulo:
Atlas, 2006.
CUNHA, Maria Inês Moura S.A. da. Direito do Trabalho. 4. ed. São Paulo:
Saraiva, 2007.
SERSON, José. Curso de Rotinas Trabalhistas. 32. ed. São Paulo: RT, 1992.
160
Para a elaboração deste Manual foram colhidos trechos, na integra, das obras aqui
referenciadas, de sites da internet, que se somaram às experiências profissionais do
professor.
P á g i n a | 210
BARROS, Alice Monteiro de. Curso de Direito do Trabalho. São Paulo: LTr,
2.005
CANÊDO, Leticia Bicalho. A Revolução Industrial. 15. ed. São Paulo: Atual, 1996.
CARDONE, Marly. Advocacia trabalhista. 13. ed. São Paulo: Saraiva, 1.994.
Forense, 1995.
CUEVA, Mario de la. Derecho mexicano del trabajo. México: Porrúa, 1960.
________. Direito processual do trabalho. 25. ed. São Paulo: Atlas, 2006.
P á g i n a | 212
PLÁ RODRIGUEZ, Américo. Los princípios del derecho del trabajo. 2. ed.
Buenos Aires: Depalma, 1990.
RÁO, Vicente. O direito e a vida dos direitos. v. 1, São Paulo: Max Limonad,
1960.