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COLÉGIO PEDRO II

ANÁLISE HISTÓRICA DA PROBLEMÁTICA SÓCIO-


AMBIENTAL DO LIXO URBANO NA CIDADE DO RIO DE
JANEIRO

Ana Clara Derani Da Costa Almeida


Lívia Cristina Dias Vilhena
Nathan Marzulo Maia Martins
Raquel Piedade Moura

Rio de Janeiro
2010
COLÉGIO PEDRO II
UNIDADE ESCOLAR SÃO CRISTÓVÃO III
CURSO TÉCNICO INTEGRADO DE MEIO AMBIENTE

ANÁLISE HISTÓRICA DA PROBLEMÁTICA SÓCIO-


AMBIENTAL DO LIXO URBANO NA CIDADE DO RIO DE
JANEIRO

Ana Clara Derani Da Costa Almeida


Lívia Cristina Dias Vilhena
Nathan Marzulo Maia Martins
Raquel Piedade Moura

Trabalho de pesquisa anual


apresentado à Coordenação de
História.

Rio de Janeiro
2010
“O BICHO

VI ONTEM um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.”

(Manuel Bandeira)
RESUMO

O presente trabalho trata o lixo como um problema atual de origens antigas, mas que
somente ganhou a devida importância há poucos anos atrás, em especial pelos danos causados
ao meio ambiente e à sociedade que foram ocultados ao longo dos anos, sendo os estudos
mais aprofundados sobre esta problemática e, conseqüentemente, as soluções para ela
postergadas até o inevitável confronto com a realidade do problema e seus danos.
Devido a seu crescimento exorbitante e desenfreado, a quantidade de lixo produzida se
torna superior ao limite que a natureza suporta em seus ciclos para metabolizar e reciclar este
lixo, afetando, dessa forma, também as gerações futuras.
Este estudo, também aponta possíveis soluções como coleta seletiva e reciclagem do
lixo urbano doméstico, redução do consumismo, aterro sanitário, incentivos a projetos
ambientais, conscientização e educação ambiental, que deve abranger tanto a população
adulta quanto a jovem, ou seja, recomendações práticas que devem ser adotadas a nível
pessoal, coletivo, institucional e governamental, prezando o desenvolvimento sustentável.
SUMÁRIO

1. Introdução............................................................................................... Pag. 1

2. Revolta da Vacina................................................................................... Pag. 3

3. Industrialização...................................................................................... Pag. 4

4. Nova percepção: Educação Ambiental................................................. Pag. 5

5. Soluções.................................................................................................... Pag. 7

6. Resultados............................................................................................... Pag. 10

7. Conclusão................................................................................................. Pag 12

8. Referências Bibliográficas..................................................................... Pag. 13


LISTA

Figura1: Percentual dos Tipos de Lixo na cidade do Rio de Janeiro..................


Pag. 7
Figura2: Composição do lixo do Rio de Janeiro.................................................
Pag. 8
1

INTRODUÇÃO

1. Introdução ao Projeto
O presente trabalho trata os resíduos e rejeitos humanos ou o lixo, comparando os
períodos da Revolta da Vacina e o atual, que é considerado um problema atual de origens
antigas, mas que só começou a receber a devida importância há poucos anos atrás. A
quantidade excessiva de lixo, de diferentes tipos, produzida é superior a condição que a
natureza pode suportar.
A atual situação, em que principalmente os centros urbanos se encontram, foi causada
devido ao manejo e planejamento inadequados dos rejeitos e resíduos provenientes das ações
humanas.
Desde 1808, época da chegada da família Real Portuguesa ao Brasil, existe o descarte do
lixo de forma errônea e inconseqüente, sendo o lixo (matéria inorgânica e orgânica, incluindo
dejetos humanos) jogado às ruas pelas janelas ou despejados ao mar por escravos de classes
mais abastadas.
Posteriormente, com a valorização da agricultura cafeeira do 2º reinado até fins da
república oligárquica, São Paulo e Rio de Janeiro, principais pólos das culturas de café,
utilizam-se do lucro da economia cafeeira para desenvolver uma industrialização rápida e
intensa, baseado na Revolução Industrial de XVII, sem muitos planejamentos quanto ao
manejo de resíduos e rejeito industriais e para promover integração entre as regiões do país
para escoar seus produtos.
Estes industrializados ganham o mercado consumidor do país, que ainda não possui
coleta de lixo eficiente seja para o orgânico ou inorgânico, dos produtos industrializados,
portanto nem planos de manejo para tal.
O consumo interno incentiva o crescimento das fábricas paulistas e cariocas
fortalecendo o desenvolvimento e a expansão do capitalismo no país, porém nos pólos
econômicos, devido a esta concentração de renda, pode-se dizer que a conscientização sobre
problemas os sócio-ambientais foi mais imediata que nos outros estados.
O aumento populacional nestes pólos devido à migração para o sudeste, na busca por
emprego, promove aumento na produção de lixo que unido ao fato de problemas urbanos
graves por falta de planejamento e organização como: rede insuficiente de água e esgoto,
coleta de lixo precária e condições de moradia insalubres nos cortiços super povoados e
desencadeia a proliferação de doenças devido às péssimas condições ambientais urbanas,
2

como evidenciado pela Revolta da Vacina, uma tentativa radical de resolver os problemas
sócio-ambientais no Rio de Janeiro.
Entretanto as soluções propostas desde aquela época para a problemática de manejo
incorreto de resíduos e rejeito antrópicos tornam-se ineficazes ou incompletas por conta da
rápida consolidação do pensamento capitalista de valorização do lucro e acumulação de
riquezas, que se mantiveram até pouco tempo, quando a polêmica do aquecimento global
gerou uma transição do paradigma não só no Brasil como no Mundo.
Surgindo a percepção do quão perigosos são os problemas ambientais, necessitando
modificar os velhos hábitos e concepções capitalistas, que é essencial para manutenção do
equilíbrio ecológico do planeta e a sobrevivência humana.
Isto tem promovido maior desenvolvimento e defesa do uso de práticas sustentáveis,
valorização da consciência ecológica nas sociedades e conseqüentemente nas empresas que se
adaptam aos novos conceitos para manter o comércio de seus produtos, e a necessidade de
educação ambiental que garantirá a não repetição desses erros no futuro.
3

APRESENTAÇÃO DO PROJETO

2. Revolta da vacina
O presente trabalho trata o lixo como um problema atual de origens antigas, mas que só
começou a receber a devida importância há poucos anos atrás. A quantidade de lixo produzida
pela população nos centros urbanos, focando o Rio de Janeiro, ultrapassa o limite que a
natureza pode suportar.
Uma prova disso foi a Revolta da Vacina, no ano de 1904, em que estourou um
movimento de caráter popular na cidade do Rio de Janeiro. A situação do Rio de Janeiro, no
início do século XX, era precária. A população sofria com a falta de um sistema eficiente de
saneamento básico. Este fato desencadeava constantes epidemias, entre elas, febre amarela,
peste bubônica e varíola. A população de baixa renda, que morava em habitações precárias,
era a principal vítima deste contexto.
A futura Cidade Maravilhosa era, então, pestilenta. A situação era tão crítica
que, durante o verão, os diplomatas estrangeiros se refugiavam em Petrópolis, para
se livrar do contágio. Em 1895, ao atracar no Rio, o contratorpedeiro italiano
Lombardia perdeu 234 de seus 337 tripulantes por febre amarela.1

Preocupado com esta situação, o então presidente Rodrigues Alves, representante da


oligarquia paulista do café, achava que além de vergonha nacional, as condições sanitárias do
Rio impediam a chegada de investimentos, maquinaria e mão-de-obra estrangeira, por esse
motivo colocou em prática um projeto de saneamento básico e reurbanização do centro da
cidade. O médico e sanitarista, Oswaldo Cruz, foi designado pelo presidente para ser o chefe
do Departamento Nacional de Saúde Pública, com o objetivo de melhorar as condições
sanitárias da cidade. O engenheiro Pereira Passos, prefeito da cidade, teve sua participação no
projeto sanitário com a reforma urbana e a derrubada de cerca de 600 edifícios e casas, para
abrir a Avenida Central (hoje, Rio Branco). A ação, conhecida como bota - abaixo, obriga
parte da população mais pobre a se mudar para os morros e à periferia. A campanha de
vacinação obrigatória é colocada em prática em novembro de 1904. Embora seu objetivo
fosse positivo, ela foi aplicada de forma autoritária e violenta. Em alguns casos, os agentes
sanitários invadiam as casas e vacinavam as pessoas à força, provocando revolta nas pessoas.
Essa recusa em ser vacinado acontecia porque grande parte das pessoas não conhecia o que
era uma vacina e tinham medo de seus efeitos. A revolta popular aumentava a cada dia,
impulsionada também pela crise econômica (desemprego, inflação e alto custo de vida) e a
1
NETO, Orlando Blois; MONTEIRO, Felipe; ANDRADE, Marcelo; SILVA, Diego
Lima da e VINICIUS, Marcus. Cinema, espaço e paisagem: A Reforma Passos na cidade do Rio de
Janeiro. Página 2. Universidade Gama Filho.
4

reforma urbana que retirou a população pobre do centro da cidade, derrubando vários cortiços
e outros tipos de habitações mais simples. As manifestações populares e conflitos espalham-se
pelas ruas da capital brasileira com a destruição de bondes, apedrejamento de prédios públicos
e expansão da desordem pela cidade. Em 16 de novembro de 1904, o presidente Rodrigues
Alves revoga a lei da vacinação obrigatória, colocando nas ruas o exército, a marinha e a
polícia para acabar com os tumultos. Em poucos dias a cidade voltava à calma e a ordem.

3. Industrialização
Todo esse processo, ainda em constante crescimento, foi fruto do desenvolvimento e
crescimento da industrialização no Brasil, proveniente dos lucros da economia cafeeira
instaurada no eixo Rio de Janeiro e São Paulo, possuindo o primeiro o título de capital do país
à época e uma maior extensão costeira para a exportação do produto e por tal configurando
fatores de sua industrialização. Essa gera o êxodo rural de nordestinos à procura de melhores
condições de vida, e conseqüentemente, aumento populacional.
“Nos países subdesenvolvidos, ou em vias de desenvolvimento, a migração
do campo para a cidade é tão grande que constitui um verdadeiro êxodo rural. Ela
intensificou-se a partir do surto industrial do Sudeste (...) Entre as causas do êxodo
rural, destaca-se, de um lado, o baixo nível de vida do homem do campo,
ocasionado pelos baixos salários recebidos pelo trabalhador rural, pela falta de
escolas, de assistência médica; de outro, a atração exercida pela cidade, onde parece
haver oportunidade de alcançar melhor padrão de vida.” 2

Porém ao chegarem aos centros urbanos, os nordestinos se depararam com uma


realidade totalmente diferente da esperada, pela falta de qualificação exigida e excesso de
mão de obra disponível, recebiam baixa remuneração e acabaram formando as periferias.
Assim, o Rio de Janeiro adquiriu diversos problemas como o lixo, foco deste trabalho, além
da falta de infra-estrutura e habitação, engarrafamentos, habitação nas encostas, entre outros.
Com a instalação da sociedade capitalista, e o incentivo ao consumo, maus hábitos
foram surgindo. O homem passa a se apropriar da natureza, usufruindo intensamente e
desperdiçando seus recursos, sem pensar no futuro e não planejando o descarte
adequadamente.
A vida começou a exigir maior praticidade por causa do ritmo de acelerado do
cotidiano, e agora atento a uma política sanitarista primitiva que conflui para o advento de
novos produtos, os sintéticos e as embalagens passam a ser super consumidas e rapidamente
descartadas, porém sem um devido planejamento deste são acumuladas gerando graves
2
GEOGRAFIA DO BRASIL: Apostila especial para concursos públicos. Disponível em:
http://www.scribd.com/doc/5316080/GEOGRAFIA-DO-BRASIL. Acesso em: 13 /10/10
5

impactos ambientais, ainda não calculados na época. As indústrias, com a lógica capitalista da
produção incessante e preocupação somente com a venda destas mercadorias produzidas,
passam a despejar seus rejeitos sem nenhum tratamento, poluindo rios e solos.
O modelo econômico atual está baseado na concentração–exclusão de renda.
Ambos os modelos econômicos afetam o meio ambiente. A pobreza pelo fato de só
sobreviver pelo uso predatório dos recursos naturais e os ricos pelos padrões de
consumo insustentáveis (NEIVA, 2001).
Todo o material industrial, doméstico, hospitalar, entre outros, é encaminhado para os
grandes lixões a céu aberto, afastados do centro urbano como uma forma de mascarar o
problema do acúmulo do lixo, ainda não se percebe a importância de separação e classificação
dos diferentes tipos de lixo.
No Brasil, cerca de 85% da população brasileira vive nas cidades. Com isso,
o lixo se tornou um dos grandes problemas das metrópoles. Pela legislação vigente,
cabe às prefeituras gerenciar a coleta e destinação dos resíduos sólidos. De acordo
com o IBGE, 76% do lixo é jogado a céu aberto sendo visível ao longo de estradas
e também são carregados para represas de abastecimento durante o período de
chuvas. (COZETTI, 2001).
Isso gera além da degradação da paisagem, atração de animais causadores de doenças,
mostrando também a degradação humana, em que pessoas desempregadas ou vivendo em
condições precária, subumanas, sem os direitos mínimos ou básicos de vida, buscam no lixo a
sua sobrevivência.
Enquanto o problema do lixo e suas conseqüências podiam ser ocultados, as soluções de
planejamento viáveis eram prorrogada até a percepção do homem de que ele mesmo faz parte
do meio ambiente e por conseguinte está sujeito como qualquer outro ser vivo às mudanças
ambientais ocorre a transição de paradigma, e eleva-se a conscientização e preocupação com
o problema do lixo.

4. Nova percepção: Educação Ambiental


Os problemas ambientais gerados pelo excesso de lixo começam a ser evidenciados no
mundo inteiro a partir da década de 70, mas apenas no final do século XX há uma
consolidação da conscientização de problemas ambientais gerados por ações humanas, tendo
como principal o acumulo de lixo e o aquecimento global. Em 1992, ocorre a ECO-92,
sediada no Rio de Janeiro, exigindo uma maior preocupação com os problemas ambientais e
soluções para estes.
6

Cria-se a Agenda 21 e melhorias na legislação destinada ao meio ambiente, como a lei


nº 9.795, transcrita no capitulo 10 da Legislação Ambiental Brasileira, instituída em 1999 que
torna lei a educação ambiental como componente efetivo na educação brasileira, estando
presente de forma articulada, em caráter formal e não – formal para todos os níveis de
modalidade do processo educativo. Pois somente por uma união de todos os níveis sociais,
intelectuais, técnicos e científicos embasados na proteção, conscientização e soluções aos
problemas ambientais que se pode atingir o tão sonhado desenvolvimento sustentável.
Esta lei baseia-se na declaração da UNESCO de 1987 que estabelece a educação como
um processo de aprendizagem e de ação educativas permanente para formação na consciência
de indivíduos e comunidades a capacidade de percepção de que são parte integrante do meio
ambiente e, portanto são responsáveis por suas ações e as conseqüências destas no ambiente
em que vivem, bem como são suscetíveis às ações provocadas por outros indivíduos com
quem se compartilha o meio, e as conseqüências das ações deles.
Tal processo através de conhecimento, habilidades, experiências e valores impulsionar
determinação ao indivíduo para capacidade de agir individual ou coletivamente na busca por
soluções para problemas ambientais, presentes e futuros.
Dessa forma é concebido que a educação ambiental é parte integrante e essencial do
âmbito sócio-político e conseqüentemente do mundo econômico humano, já que a partir dela
reflete-se a ação individual como uma parcela da coletiva sendo, portanto, todos os indivíduos
responsáveis por incorporar e realizar a construção das sociedades sócioambientalmente
sustentáveis visando a manutenção da vida atual a partir de um uso respeitável dos recursos
naturais e garantindo a vida das gerações futuras pela manutenção da disponibilidade desses
recursos.
A partir dessa declaração internacional, a repetitiva reafirmação dessa e a polêmica atual
dos problemas ambientais desencadeiam uma crescente mobilização pela idéia de proteção e
preservação ambiental e porque tudo no mundo econômico é dependente da sociedade e de
suas preferências empresas passaram a comprar o conceito de sustentabilidade, com a
intenção de contar vantagem sobre as concorrentes e lucrar.
Essa idéia foi apropriada para o marketing com propagandas apresentando produtos
ecologicamente corretos ou projetos apoiados pelas empresas mostrando sua responsabilidade
socioambiental da empresa, embora seja uma questão um pouco contraditória, já que poucas
são as empresas que realmente respeitam o meio ambiente em todos os aspectos possíveis ou
estão engajadas em projetos que efetivamente protegem a natureza.
7

Isto compromete o caráter da proposta ambiental, sendo muitas vezes encontrada


propagandas enganosas que a um cidadão comum, não tão informado sobre o assunto, às
vezes até o mais bem informado, parecem defender e preservar o meio ambiente como a
proposta de plantações de árvores aleatórias, principalmente que não são endêmicas,
apresentando uma grave falha de falta de gestão ambiental e de investimento na plantação de
espécies nativas, pois nem toda espécie exótica promove um impacto benéfico no meio
ambiente.

5. Soluções
Apesar deste alarmante quadro de progresso, desde a Revolta da Vacina, dos problemas
socioambientais desencadeados, principalmente por produção excessiva de lixo pela grande
população humana, e infelizmente não ser possível, devido a nossa estrutura sócio-econômica
complexa, intrínseca e dependente, manter nossas atividades atuais com a consciência
tranqüila de haver o impacto zero ao ambiente, já existem estudos, técnicas e prática que
podem ajudar substancialmente na diminuição da produção de lixo e principalmente seus
impactos.

Devido aos diferentes


tipos de lixo há uma
classificação e planejamento
para cada um deles. Deve-se
considerar os lixos
domésticos ou domiciliares,
industriais, públicos e outros
que são mais específicos,
como os hospitalares,
Figura1: Percentual dos Tipos de Lixo na cidade do Rio de Janeiro
radioativos, nucleares
Percebe-se pelo gráfico acima que a maior parte do lixo produzido no Rio de Janeiro
provém dos domicílios, explicado pelo consumo crescente devido à tendência de aumento
populacional, além da necessidade constante de produtos individualizados e conservados em
pequenas porções.
“...pode-se dizer que nossos lixos domésticos se constituem basicamente de
papéis em geral, embalagens diversas em vidro, metal, plásticos e caixas, além de
8

restos de alimentos (que são a parte orgânica do lixo) e outros eventuais, como
utensílios descartáveis com o uso.” ( PORTUGAL, 2010)
Por esta citação observamos que a maiora parte deste lixo produzido é reciclável ou
reutilizável, sendo a prática destas a melhor solução nas casas através da coleta seletiva.
O lixo público, entretanto, se apresenta como um problema um pouco mais complexo,
pois deriva-se não só da com podas, capinagens, varrições em ambiente públicos de restos
orgânicos por vegetais e animais que vivem neles, mas principalmente pela falta de
conscientização e descaso da população que insiste em poluir a cidade jogando lixo na rua,
retirados nas varrições dos garis.
Pesquisador do aproveitamento energético do lixo, Luciano Basto, da
Coppe/UFRJ, diz que as pessoas precisam entender que, ao jogar lixo no chão,
estão rasgando dinheiro. Para se ter uma ideia, o orçamento da Comlurb para 2010
é de R$850 milhões. Quase a metade disso, R$400 milhões, será empregada
somente na limpeza do lixo público, que consome por mês 12 mil vassouras e
297.500 sacos e ocupa 5.299 garis (2.523 só na varrição). (O GLOBO, 2001)

Em ambos os
lixos domiciliares e
públicos deve
realizada a separação
de orgânicos e
inorgânicos. Os lixos
industriais são
chamados de resíduos
ou rejeito e recebem
tratamentos e destinos
diferenciados de
Figura2: Composição do lixo do Rio de Janeiro
acordo seu tipo
químico, havendo em alguns a possibilidade de reuso ou reutilização para outra função que
não a original. Os rejeito, ou tipos específicos, dificilmente podem ser reaproveitados,
apresentam risco químico, biológico, radioativo, nuclear ou simplesmente sua incineração
pode gerar gases perigosos, oferecem um alto risco à saúde humana e/ ou impacto ambiental
prejudicial, sendo normalmente enviados aos aterros.
9

O gráfico mostra como essas medidas seria eficazes para diminuição do acumulo de lixo
e de impactos ambientais prejudiciais devido ao descarte errôneo ou coma anão adoção de
práticas diferenciadas para cada um dos lixos listados na figura.
A maior concentração de lixo no Rio de Janeiro é de matéria orgânica, que pode ser
usada como adubo natural pela pratica da compostagem. A segunda maior concentração é o
lixo possível de ser reciclado ou reutilizado, que diminue a demanda de produção de novos
produtos, diminuindo a poluição gerada na produção, pois não é necessária, bem como o
acumulo e aumento do volume de lixo a ser descartado.
Restando a menor porção de rejeito que geram impactos pela necessidade, como será
apresentado a seguir pela ocupação de áreas no subsolo mas em quantidade muito menor do
que no caso de todo o lixo ter este mesmo destino, daí a importância da separação deles.
O destino correto para o lixo inútil ou rejeito é o armazenamento em aterros sanitários
que impedem a poluição dos solos, e da água, pois o aterro sanitário evita que o chorume
percole na terra, finda o problema do lixo acumulado em áreas impróprias que entopem as
galerias subterâneas, motivo de enchentes e inundações, pois dificulta o escoamento das águas
pluviais. Impede a atração de animais vetores de doenças, não degrada a paisagem e
possibilita a conversão do gás metano proveniente da decomposição em energia. Não havendo
liberação para atmosfera, o que evitando, conseqüentemente, a magnificação trófica,
decorrente da bioacumulação de substâncias indesejáveis e prejudiciais no organismo
humano, devido a chuvas ácidas que contaminam rios, mares e o alimento humano
proveniente de ambiente aquático. O aterro funciona da seguinte forma:

• O lixo é separado, parte do lixo é reciclada, outra parte (matéria orgânica) é


utilizada na fabricação de adubo, e o restante é encaminhado ao aterro;
• O aterro tem que ser impermeabilizado, para que não polua o solo o subsolo,
nem a água;
• À medida que as camadas de lixo vão sendo preenchidas também vão sendo
isoladas com concreto;
• Os gases tóxicos, principalmente, o metano pode ser convertido em energia;
• Quando o aterro sanitário atinge seu limite, ele é impermeabilizado e sobre ele
podem ser construídos parques, campos e outras áreas de lazer.
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• A incineração também é uma opção, esse processo diminui a quantidade de


lixo e evita transmissão de doenças, porém libera gases tóxicos, inclusive Gases
Estufa.
• Os dejetos (fezes e urina) devem ser encaminhados para a rede de tratamento
de esgoto.
• Deve-se haver também uma campanha de conscientização e educação
ambiental empregando o conceito dos 3R’s (reduzir, reutilizar e reciclar) para a
população em geral. Tudo visando o desenvolvimento sustentável e melhoria da
qualidade de vida.

RESULTADOS

Atualmente o lixo representa um dos maiores problemas para a sociedade, caracterizado


por um acelerado processo de urbanização, altos níveis de consumo e pelos hábitos e modo de
vida da população.
O lixo que não é gerenciado e descartado adequadamente acarreta conseqüências
ambientais, sociais e à saúde publica, entre as quais: a contaminação do solo e das águas, a
proliferação de doenças, desgaste da flora e da fauna, poluição, entre outros.
O fato é que ao passar dos anos a quantidade de resíduos e produtos que se tornam lixo
vem aumentando.

Alguns dados sobre o lixo

No plano mundial:

• No mundo a produção de resíduos sólidos alcança 2 milhões de toneladas por


dia e 730 milhões de toneladas por ano.
• A média de produção de lixo nos países do hemisfério Norte (países mais
ricos) é de 1,9 a 2 kg por pessoa.
• Nos países do hemisfério Sul a média de produção varia em 1,0 kg por pessoa,
podendo chegar a 0,3 kg por dia.
• A produção de resíduos é ligada diretamente a condição socioeconômica.
11

• A China (devido à grande população e ao desenvolvimento acelerado) e os


EUA (por se tratar de uma grande potência) são os maiores produtores de lixo do
mundo, ocupando a primeira e a segunda posição, respectivamente, no ranking de
produção de lixo.

No plano nacional:

• O Brasil produz cerca de 150.000 toneladas de resíduos, por dia.


• Diariamente cada indivíduo gera 1,0 kg de lixo.
• As 13 maiores cidades são responsáveis por 31,9% de todo o lixo urbano brasileiro.
• Segundo pesquisas do IBGE, são coletadas diariamente 125.281 mil toneladas de
resíduos, aonde 30,5% vão para lixões, 22,3% para aterros controlados e 47,1%
vão para aterros sanitários. Sendo assim, no mínimo 52, 8% dos resíduos são
descartados de forma inadequada.
• Os aterros e lixões recebem simultaneamente os resíduos de diferentes origens,
residenciais, hospitalares, industriais e de construção civil. Do total, 2.569 cidades
vazam o lixo hospitalar no mesmo aterro dos resíduos urbanos.
• Do total, 15% dos domicílios brasileiros não têm coleta; portanto, são dispersos
diariamente nas ruas, galerias, cursos d`água 20 mil toneladas de lixo.
• Os resíduos orgânicos representam 69% do total descartado no país. São 14 milhões
de toneladas de sobras de alimentos, devido a procedimentos inadequados durante
a produção, industrialização, armazenagem, transporte e distribuição. Com as
sobras desperdiçadas, 19 milhões de pessoas, poderiam ser alimentadas
diariamente.
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CONCLUSÃO

Desde a chegada da Família Real Portuguesa, o Rio de Janeiro sofre com a urbanização
rápida e desorganizada. Essa desorganização levou a uma série de problemas de higiene
graças à maneira errônea de remoção do lixo e a saúde. A polêmica reurbanização do centro
do Rio a fim de melhorar o aspecto sanitário da cidade e a aplicação da lei da vacina
obrigatória aplicada de maneira violenta levaram a uma crise e uma série de protestos levando
a revogação da lei.
A industrialização, graças à cultura cafeeira, fez com a cidade sofresse um aumento
populacional, a mesma não estava preparada para receber tantos imigrantes nordestinos que
estavam à procura de empregos. Agravando problemas com o lixo e com a saúde.
Quando implementaram o sistema capitalista-consumista no Brasil, o homem exclui o
senso de comunidade e passou a se importar somente consigo, o próprio individuo.
Esquecendo o ciclo da natureza, usurpando seus recursos sem importar-se com o futuro. Essa
mentalidade de consumir mais e mais fez com que os grandes centros urbanos investissem na
coleta e exclusão dos lixos, na maioria das vezes de maneira errada. Esse lixo foi enviado por
muito tempo a rios, lagos e mares ou simplesmente jogados em lixões a céu aberto sem o
devido tratamento (separação) causando contaminação, seja por doenças ou pela presença
substancias nocivas a saúde humana. Pensar no lixo só do ponto de vista da disposição final é
algo restrito e cercado de polêmicas. O foco deveria ser diminuir a geração de lixo, uma
responsabilidade de todos. A sociedade faz parte do problema e da solução: poder público,
empresas e, principalmente, os cidadãos.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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http://www.amon.com.br/. Acesso em: 28 de agosto de 2010

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Ambiente Como Preservar o Planeta Inteiro.

BRASIL, Anna Maria e SANTOS, Fátima; pesquisa de SIMÃO, Leyla K.. Equilíbrio
Ambiental & Resíduos na Sociedade Moderna. 3ª ed. São Paulo: Faarte Editora, 2007.

CLEAN AMBIENTAL. Resíduos. Rio de Janeiro. Disponível em:


http://www.cleanambiental.com.br/. Acesso em: 28 de agosto de 2010

COZETTI, N., Lixo- marca incomoda de modernidade, Revista Ecologia e


Desenvolvimento, 96: 2001.

GALIZA, Meg Coelho Netto. Coleta Seletiva e Reciclagem do Lixo. Referência de 13/ 1999

GEOGRAFIA DO BRASIL: Apostila especial para concursos públicos. Disponível em:


http://www.scribd.com/doc/5316080/GEOGRAFIA-DO-BRASIL. Acesso em: 13 /10/10.

NEIVA, A, MOREIRA, M., COZETTI, N., MEIRELLES, S., NORONHA, S., Mineiro, P.,
Agenda 21, o futuro que o brasileiro quer. Revista Ecologia e Desenvolvimento, 93: 2001.

NETO, Orlando Blois; MONTEIRO, Felipe; ANDRADE, Marcelo; SILVA, Diego


Lima da e VINICIUS, Marcus. Cinema, espaço e paisagem: A Reforma Passos na cidade do
Rio de Janeiro. página 2. Universidade Gama Filho.

O GLOBO. Primeiro Caderno. 1ª Ed. Editoria: Rio de Janeiro. Pg. 18, 2001. Disponível em:
http://www.aarffsa.com.br/noticias/30061004.html. Acesso em: 13/10/10

OLIVEIRA, Carlos Fernandes Reis de. Reciclagem e Coleta Seletiva: Uma Abordagem
Prática. Referencia de17/ 1999

PORTUGAL, Gil. Disponível em: http://www.gpca.com.br. Acesso em: 13/10/10

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