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Exs:
a) - apelação (CPC, arts. 513 a 521);
b) - agravo (CPC, arts. 522 a 529);
c) - embargos infringentes (CPC, arts. 530 a 534);
d) - embargos de declaração (CPC, arts. 535 a 538);
e) - recurso ordinário constitucional (arts. 539 e 540);
f) - recurso especial (CPC, arts. 541 a 543-B);
g) - recurso extraordinário (CPC, arts. 541 a 543-C);
h) - embargos de divergência em recurso especial ou em recurso extraordinário (CPC, art. 546);
i) - recurso “inominado” (semelhante ao agravo de que trata o art. 522 do CPC) nos casos de tutela de
urgência no âmbito dos JEF’s (arts. 4º e 5º da Lei n. 10.259/2001);
j) - recurso “inominado” (semelhante à apelação de que trata o art. 513 do CPC), contra sentença terminativa
ou definitiva, excetuados os casos de homologação de conciliação ou de laudo arbitral, proferida no âmbito
dos juizados estaduais (Lei n. 9.099/95, art. 41);
k) - recurso “inominado” (semelhante à apelação de que trata o art. 513 do CPC), contra sentença definitiva
proferida no âmbito dos JEF’s, excetuados os casos de homologação de conciliação ou de laudo arbitral (arts.
1º e 5º da Lei n. 10.259/2001 c/c o art. 41 da Lei n. 9.099/95);
l) - embargos infringentes de alçada (art. 34 da Lei n. 6.830/80).
2.2 ações autônomas de impugnação: dão origem a um novo processo, cujo objetivo é impugnar
uma decisão judicial.
Exs.:
a) - ação rescisória;
b) – “querela nullitatis”, para vícios transrescisórios;
c) - embargos de terceiro;
d) - mandado de segurança contra ato judicial (interpretação “a contrario sensu” da norma contida no art. 5º,
II, da Lei n. 12.016/09);
e) – “habeas corpus” contra ato judicial;
f) - reclamação constitucional para o STF, para a preservação da sua competência e garantia da autoridade
das suas decisões (art. 102, I, “l”, da CF, arts. 13 a 18 da Lei n. 8.038/90 e, na forma do art. 13 da Lei n.
9.882/99, o RISTF);
g) - reclamação constitucional para o STJ , para a preservação da sua competência e garantia da autoridade
das suas decisões (art. 105, I, “f”, da CF e arts. 13 a 18 da Lei n. 8.038/90);
h) - arguição de descumprimento de preceito fundamental (art. 102, § 1º, da CF e art. 5º, § 3º, da Lei n.
9.882/99).
2.3 sucedâneos recursais: não são recursos, nem ações autônomas de impugnação.
Exs.:
a) - remessa necessária (CPC, art. 475);
b) - pedido de suspensão de segurança (art. 15 da Lei n. 12.016/09 e art. 25 da Lei n. 8.038/90);
c) pedido de suspensão dos efeitos de medida liminar concedida em ação cautelar, ação popular ou ação civil
pública (art. 4º, § 1º, da Lei n. 8.437/92);
d) - pedido de suspensão dos efeitos de medida antecipatória dos efeitos da tutela (art. 1º da Lei n. 9.494/97
c/c o art. 4º da Lei n. 8.437/92);
e) - correição parcial;
f) - impugnação a execução fundada em título judicial com base no art. 475-L, I, do CPC (que é uma espécie
de “exceptio nullitatis”);
g) - pedido de reconsideração (CPC, art. 527, parág. ún.).
Há quem chame de sucedâneo recursal todo meio de impugnação de decisão judicial que não for
recurso, incluindo, aí, as ações autônomas de impugnação.
3. CONCEITO DE RECURSO.
É o meio que a lei põe à disposição das partes, do Ministério Público ou de terceiros para viabilizar,
voluntariamente, dentro da mesma relação jurídica processual, a invalidação, a reforma, a integração ou
o aclaramento de uma decisão judicial.
4. NATUREZA JURÍDICA DO RECURSO.
4.1 ação autônoma de impugnação de conteúdo constitutivo negativo (é posição minoritária,
defendida por Gilles, na Alemanha; Betti, Provinciali e Mortara, na Itália; e Guasp, na Espanha);
4.2 continuação do exercício do direito de ação, bem como do direito de exceção, em fase do
procedimento (Nelson Nery Júnior, no Brasil; Rocco, na Itália);
4.3 continuação do exercício do direito de ação, bem como do exercício do direito de defesa,
mediante a deflagração de um novo procedimento [que é secundário, podendo ser incidental (ex.:
agravo) ou sucessivo (ex.: apelação) e homogêneo (ex.: recurso em procedimento de conhecimento)
ou heterogêneo (ex.: recurso em procedimento de execução ou cautelar)].
Esta classificação traz como defeito evidente o fato de existir o recurso ordinário constitucional, cuja
fonte legal é a própria CF (arts. 102, II, “a”, e 105, II, “b” e “c”). Destarte, malgrado rotulado de
“ordinário” pelo próprio legislador constituinte, de acordo com a classificação proposta tal recurso seria
um recurso “extraordinário”. É importante, todavia, lembrar que há doutrinadores que aludem aos
recursos especial e extraordinário como espécies do gênero recurso extraordinário.
Observe-se que se restar irrecorrido capítulo principal de uma decisão de mérito calcada em cognição
exauriente, da preclusão resultará a coisa julgada material, o que implicará que o capítulo principal
irrecorrido ficará imune até mesmo ao efeito translativo dos recursos.
6.2.2. recursos totais: o recorrente se insurge contra a íntegra do conteúdo da decisão que poderia
ser por ele impugnado.
6.3. quanto à vinculação da fundamentação:
6.3.1. recursos de fundamentação livre: a admissibilidade não está atrelada a qualquer tipo de
exigência quanto à fundamentação. Exs: apelação, agravo, embargos infringentes e recurso ordinário
constitucional;
6.3.2. recursos de fundamentação vinculada: a admissibilidade está atrelada a exigências legais
quanto ao tipo de fundamentação. Exs: embargos declaração, RE, REsp e embargos de divergência
em RE e em REsp.
6.4. quanto às relações dos recursos entre si:
6.4.1. recursos independentes ou autônomos: a admissibilidade independe da existência ou da
admissibilidade de outro recurso interposto pela parte contrária. Todos os recursos podem ser
interpostos autonomamente;
6.4.2. recursos dependentes ou subordinados: a admissibilidade depende da existência e da
admissibilidade de outro recurso interposto pela parte contrária. Exs: apelação, embargos
infringentes, RE e REsp quando interpostos na forma adesiva.
6.5. quanto ao fim colimado pelo recorrente:
6.5.1. recursos de reforma: fundamenta-se em error in judicando;
6.5.2. recursos de invalidação: fundamenta-se em error in procedendo;
6.5.3. recursos de integração ou aclaramento: fundamenta-se em omissão, contradição ou
obscuridade.
6.6. quanto ao órgão julgador recursal:
6.6.1. recursos devolutivos: o juízo do mérito recursal é exclusivo de órgão julgador distinto do
órgão prolator da decisão recorrida;
6.6.2 recursos regressivos: o juízo do mérito recursal é exclusivo do órgão prolator da decisão
recorrida;
6.6.3 recursos mistos: o juízo do mérito recursal pode ser objeto de apreciação pelo órgão prolator
da decisão recorrida, que, se não reformar o decisum, abre oportunidade para que o juízo do mérito
seja feito por órgão julgador distinto.
São dotados tanto de efeito devolutivo como de efeito regressivo. Nestes casos, a doutrina alude a um
efeito devolutivo diferido, visto como o efeito tipicamente devolutivo somente acontecerá se o órgão
prolator da decisão recorrida não reformar o “decisum” da sua lavra.
Exs.: apelação nos casos dos arts. 296, caput, e 285-A, § 1º, do CPC e agravos retido e de instrumento
para tribunal inferior (CPC, arts. 523, § 2º, e 529).
7. DESISTÊNCIA DO RECURSO.
7.1 oportunidade: desde a interposição até o início do julgamento.
7.2 conteúdo: parcial ou total.
7.3 impossibilidade de submissão a condição ou termo.
7.4 eficácia:
7.4.1 independe de anuência do recorrido para produzir efeitos (CPC, arts. 501 e 158, caput);
7.4.2 independe de homologação judicial para produzir efeitos (CPC, art. 158 e seu parág. ún.);
7.4.3 em caso de litisconsórcio unitário, depende da desistência dos demais litisconsortes.
7.4.4 é fato impeditivo do exercício do direito de interpor idêntico recurso contra a mesma
decisão, mesmo que ainda exista prazo para tanto.
Para desistir de recurso interposto, o advogado não necessita de poderes especiais do seu cliente,
visto como o ato de desistência de recurso se inclui dentre aqueles que podem ser praticados com
base na cláusula de poderes gerais para o foro. A alusão a desistência, contida no “caput” art. 38 do
CPC, refere-se à desistência do exercício do direito de ação, e não à desistência de um recurso. É só
lembrar que a interposição de recurso é ato comum do procedimento e, assim sendo, a prevalecer a
tese da necessidade de poderes especiais, também seriam necessários poderes especiais para não
recorrer, haja vista que os efeitos produzidos pela desistência do recurso são absolutamente os
mesmos decorrentes da não interposição dele.
O juízo de admissibilidade é formado sobre a validade do ato jurídico recursal. Por isso, é sempre
prévio em relação ao juízo do mérito do recurso. Guarda com o juízo de mérito, uma relação de
preliminaridade: se o juízo de admissibilidade for negativo o juízo de mérito não ocorrerá. Assim, o
juízo de admissibilidade recursal tem por objeto a verificação das exigências que o sistema jurídico
impõe para que o ato de interposição do recurso seja válido. Já o juízo de mérito é formado sobre o
cotejo entre o que foi postulado pelo recorrente (a tutela recursal) e os motivos existentes para que
a postulação seja acolhida, acolhida em parte ou rejeitada. A tutela recursal, recorde-se, será de
invalidação, de reforma, de integração ou de aclaramento. Não importa que o pleito formulado e os
motivos para que seja ele acolhido, acolhido em parte ou rejeitado versem sobre direito processual
ou direito material. Por isso, nem sempre o mérito do recurso corresponde ao mérito da demanda .
9.2 competência.
9.2.1 regra geral: tanto do órgão julgador a quo, prolator da decisão recorrida, que processa o
recurso, como do órgão julgador ad quem, que julga o recurso.
Lembrar que, em regra, os recursos são interpostos junto ao próprio órgão prolator da decisão
recorrida, que é incumbido de processá-lo e enviá-lo para o órgão julgador “ad quem”, já
processado. A exceção a esta regra é o agravo de instrumento de que tratam os arts. 524 a 527 do
CPC.
10.1.1.1 - recorribilidade do ato decisório: para que o recurso interposto seja cabível, é preciso,
primeiro, que o ato decisório seja recorrível. Este é o requisito a que a doutrina costuma se referir
simplesmente como recorribilidade.
Vale lembrar que há decisões irrecorríveis, como a decisão que releva a aplicação da pena de
deserção (CPC, art. 519, parág. ún.), a decisão do relator que converte o agravo de instrumento em
agravo retido (CPC, art. 527, II, e seu parág. ún.) e a decisão do relator que atribui efeito
suspensivo ao agravo de instrumento ou que antecipa, no todo ou em parte, os efeitos da tutela
recursal (CPC, art. 527, III, e seu parág. ún.).
10.1.1.2 - escolha de um dos recursos previstos em lei: somente é cabível um dos recursos que
conste do elenco legal. Tais exigências são conseqüências dos princípios da unirrecorribilidade (ou
da singularidade ou da unicidade) e da taxatividade, que regem a teoria geral do recursos. Este
requisito é comumente referido na doutrina como taxatividade.
Quanto à unirrecorribilidade (ou singularidade ou unicidade) a regra é a de que não é possível a
interposição simultânea de mais de um recurso contra a mesma decisão. A multiplicidade de
interposições implicará a inadmissibilidade do(s) recurso(s) cuja(s) peça(s) foi(ram) protocolizada(s)
depois da apresentação da primeira peça recursal. A exceção é a possibilidade legal de
interposição do RE e do RESP no caso de decisão que desafie ambos os recursos simultaneamente .
10.1.1.3 - adequação do recurso escolhido: o recurso escolhido deve ser o adequado para
impugnar a decisão. Trata-se de requisito comumente rotulado de adequação.
10.1.2 - legitimidade.
Em regra, a legitimidade recursal é das partes. Em situações específicas, também podem ser
legitimados para recorrer o Ministério Público (quando atua como “custos legis”) e o terceiro
prejudicado (CPC, art. 499). Ver, a respeito, o enunciado n. 99 da súmula da jurisprudência
dominante do STJ.
Tem legitimidade independente e concorrente com a das partes. Tal legitimidade, porém, somente
exsurge nos feitos em que a sua atuação for necessária como fiscal da lei (CPC, art. 82). Ver, a
respeito, o enunciado n. 99 da súmula da jurisprudência dominante do STJ.
Inclui-se no conceito de terceiro, para fins recursais, apenas as pessoas que, até o momento da
prolação da decisão, ainda não se incorporaram à relação jurídica processual. Cumpre ao terceiro,
ao recorrer, demonstrar o nexo de interdependência entre o seu interesse jurídico de recorrer e a
relação jurídica submetida à apreciação judicial (CPC, art. 499, § 1º).
10.1.3 - interesse.
Tal como se dá com o interesse de agir, o interesse recursal está atrelado à idéia de utilidade.
Haverá interesse se a interposição do recurso for útil para o recorrente. Tal utilidade, realce-se,
pode estar não apenas na reversão de um quadro de sucumbência, mas na possibilidade de o
recorrente obter uma melhora da sua situação jurídica por meio do recurso. E também tal como se
dá com o interesse de agir, a utilidade se revelará em duas vertentes: o interesse-necessidade e o
interesse-adequação. Sucede que, no que se refere aos recursos, o interesse-adequação foi melhor
acomodado pela doutrina no bojo do estudo do cabimento do recurso. Resta, pois, aferir o
interesse recursal sob a ótica da necessidade, apenas. Assim, haverá interesse se, para obter uma
situação mais vantajosa do que aquela resultante da decisão, a interposição do recurso for
necessária. Destarte, não há interesse se não for possível a obtenção de uma situação
objetivamente mais vantajosa para quem pretende recorrer, bem como se, para a obtenção de tal
situação mais vantajosa, existir um outro caminho, que não o recursal. É por isso que não é
admissível recurso do pronunciamento judicial que ordena a citação: malgrado a ordem citatória
pressuponha, implicitamente, uma decisão positiva quanto ao juízo de admissibilidade do exercício
do direito de ação, as questões relativas a tal regularidade podem ser levantadas em sede de
contestação. O mesmo raciocínio é aplicável em relação ao pronunciamento judicial que ordena a
expedição do mandado monitório.
10.1.3.1 - decisões com duplo fundamento: não há interesse recursal se o recorrente ataca apenas
um fundamento e o outro, por si só, é suficiente para sustentar a decisão. Ver, a respeito, o
enunciado n. 283 da súmula da jurisprudência dominante do STF e o enunciado n. 126 da do STJ.
Ex.: na ação popular (art. 18 da Lei n. 4.717/65) e nas ações coletivas que versem sobre direitos
difusos ou coletivos em sentido estrito (CDC, art. 103, I e II) a coisa julgada material se forma
“secundum eventum probationis”. Assim, se o pedido for rejeitado por insuficiência de prova, o réu
- que venceu a causa – pode recorrer para que o órgão julgador “ad quem”, mantendo a
conclusão da sentença, reforme o seu fundamento, de modo a reconhecer que houve esgotamento
das provas, única maneira de ficar ele, réu, protegido pela coisa julgada material.
Trata-se de pressuposto negativo. Para que o recurso seja admissível há certos fatos que, por
gerarem a extinção do direito de recorrer ou o impedimento do exercício do direito de recorrer, não
podem ter acontecido.
Exs.:
a) - a renúncia ao direito de recorrer (CPC, art. 502);
b) - a aceitação, expressa ou tácita, da sentença ou da decisão (CPC, art. 503 e seu parág. ún.);
Lembrar que, nos feitos em curso pelos Juizados Especiais Federais, não há prazo diferenciado para a
prática de qualquer ato processual pelas pessoas jurídicas de direito público, inclusive para a
interposição de recurso (art. 9º da Lei n. 10.259, de 12 de julho de 2001).
O ato de interposição do recurso deve atender aos requisitos formais previstos na lei.
Exs.:
a) - os recursos devem ser interpostos, em regra, por petição escrita (CPC, arts. 506, parág. ún., 514,
524, 525, 536, 541, 542; art. 34, § 2º, da Lei. 6.830/80; art. 42 da Lei n. 9.099/95), sem possibilidade
de interposição por simples cota nos autos;
b) - o agravo retido das decisões proferidas na audiência de instrução e julgamento deve ser oral (CPC,
art. 523, § 3º);
c) - os embargos de declaração nos feitos dos Juizados Especiais Cíveis podem ser interpostos por
escrito ou oralmente (art. 49 da Lei n. 9.099/95);
d) - a petição de interposição deve conter a indicação do órgão julgador ao qual é dirigida (CPC, arts.
514, 524, 531, 536 e 541);
e) – no recurso extraordinário o recorrente deverá demonstrar, em preliminar do recurso, a existência
de repercussão geral (CPC, art. 543-A, § 2º);
f) - outros requisitos formais: CPC, arts. 514, I a III; 524, I a III; 525, I e II; 536; e 541, I a III, e seu
parág. ún.
10.2.3 - preparo.
O recorrente deve efetuar o adiantamento das despesas relativas à interposição do recurso, que
envolve a taxa judiciária e as despesas de remessa e de retorno dos autos.
10.2.3.1 - necessidade: se a lei o exigir. Há recursos para os quais a lei não exige o preparo, ora
por motivos de ordem objetiva (exs.: CPC, art. 522, parág. ún.; CPC, art. 544,§ 2º; e Lei n. 6.830/80,
art. 34), ora por motivos de ordem subjetiva (ex.: os casos de gratuidade da justiça e os previstos
no art. 511, § 1º, do CPC, a que se acrescem as situações do Distrito Federal e das fundações
públicas);
10.2.3.2 - oportunidade:
a) regra geral: a comprovação se dá no momento da interposição (CPC, art. 511).
b) exceções:
I) nos Juizados Especiais Cíveis o preparo pode ser feito até 48 horas após a interposição do
recurso contra a sentença (art. 42, § 1º, da Lei n. 9.099/95);
II)-na Justiça Federal o preparo da apelação pode ser feito até cinco dias após a interposição recurso
(art. 14, II, da Lei n. 9.289/96).
10.2.3.3 - deserção: decorrente da ausência de preparo (CPC, art. 511, caput) ou da falta de
complementação, no prazo de 5 dias, do preparo insuficiente (CPC, art. 511, § 2º).
10.2.3.4 - relevação da deserção (CPC, art. 519, parág. ún.): norma para a apelação, mas que se
aplica a todos os recursos, como conseqüência das normas contidas no art. 183 e seus §§ do CPC.
Por ocasião da formação do juízo de mérito, o órgão julgador recursal define se o recurso deve ser,
ou não, provido.
11.3 - objeto: verificação quanto a se o fato jurídico alegado autoriza a invalidação, a reforma, a
integração ou o aclaramento da decisão recorrida.
11.3.1 invalidação: constatação de que, ao decidir, o juízo prolator da decisão recorrida incorreu
em error in procedendo.
Há “error in procedendo” quando a decisão não é formalmente perfeita, por lhe faltar um requisito
essencial (a fundamentação, por exemplo) ou por ser fruto de um procedimento defeituoso (por
exemplo, esteou-se em documento apresentado por uma das partes, à qual a outra não teve
acesso). Havendo “error in procedendo” o órgão julgador do recurso - que de tal situação pode
tomar conhecimento de ofício - não chega, em regra, a examinar se a decisão aplicou corretamente
o direito. A questão relativa à ocorrência, ou não, de “error in procedendo”, guarda, pois, com a
questão alusiva à ocorrência de “error in judicando” a ela vinculada, uma relação de preliminaridade.
11.3.2 - reforma: constatação de que, ao decidir, o juízo prolator da decisão recorrida incorreu
em error in judicando.
11.3.4 -aclaramento: constatação de que, ao decidir, o juízo prolator da decisão recorrida incorreu
em obscuridade ou em contradição.
Há obscuridade quando da decisão não se consegue extrair o seu exato sentido. Há contradição
quando a decisão contém proposições inconciliáveis entre si.
Vale lembrar que a remessa necessária (CPC, art. 475) não é recurso, mas um sucedâneo recursal
(ver item 2.3). Observe-se que, a depender do ponto a partir do qual se examine, ela pode ser vista
como mero requisito para que, nos casos previstos em lei, a coisa julgada se forme, como também
pode ser considerada uma condição para que a sentença proferida naquelas situações possa produzir
os seus efeitos.
É o efeito que mais está vinculado à polêmica relativa à identificação do “dies a quo” para a
propositura da demanda rescisória (ver item sobre juízo de admissibilidade dos recursos).
Nos casos em que o recurso possui os efeitos regressivo e devolutivo, de modo a que o efeito
devolutivo somente possa se operar após o efeito regressivo, é comum falar-se que em efeito
devolutivo diferido (ver item 6.6.3). Neste passo, observe-se, apenas por curiosidade, que esta
situação ocorre com o agravo retido (CPC, art. 523, § 2º), mas não acontece com o agravo de
instrumento a que se referem os arts. 522, “caput”, e 524 a 529.
Decorre do julgamento do recurso. A decisão proferida pelo órgão julgador recursal pode expandir os
seus efeitos para outro capítulo da própria decisão recorrida, para além da própria decisão recorrida
ou, ainda, para além da pessoa do recorrente.
A decisão proferida por ocasião do julgamento do recurso expande seus efeitos para outro capítulo
da própria decisão recorrida. Por exemplo, ao apreciar uma apelação interposta contra sentença de
mérito que rechaçou uma preliminar de litispendência, o tribunal dá provimento ao recurso para
acolher a alegação de litispendência feita pelo recorrente. Pelo efeito expansivo objetivo interno,
outra aspecto da mesma decisão recorrida foi atingido: o julgamento do mérito da causa.
A decisão proferida por ocasião do julgamento do recurso expande seus efeitos além da própria
decisão recorrida. Por exemplo, ao julgar um recurso de agravo de instrumento o tribunal invalida ou
reforma uma decisão que foi seguida, no processo, de outra decisão, dependente da primeira. Pelo
efeito expansivo objetivo externo a outra decisão, que é distinta da decisão recorrida, foi atingida.
A decisão proferida por ocasião do julgamento do recurso expande seus efeitos para além da pessoa
do recorrente.
A decisão proferida por ocasião do julgamento do recurso expande seus efeitos para além da pessoa
do recorrente, atingindo quem já integra a relação jurídica processual. Por exemplo, num caso de
litisconsórcio unitário, apenas um dos litisconsortes recorre e logra êxito no recurso interposto (CPC,
art. 509). Pelo efeito expansivo subjetivo interno, o outro litisconsorte restou atingido pelo
julgamento do recurso.
A decisão proferida por ocasião do julgamento do recurso expande seus efeitos para além da pessoa
do recorrente, atingindo quem não integra a relação jurídica processual. Por exemplo, alegando a
invalidade da sentença em razão da necessidade de formação de um litisconsórcio que não foi
formado, o recorrente obtém êxito no recurso interposto. Pelo efeito expansivo subjetivo externo, a
pessoa que deveria integrar e ainda não integra a relação jurídica processual restou atingida.
14 INCIDENTE DE ADESÃO.
Consiste na interposição de apelação, embargos infringentes, RE ou REsp, pela parte que, malgrado
titular de interesse recursal, se dispunha a não recorrer e que somente recorre porque a outra parte
recorreu. O recurso interposto por meio do incidente de adesão diz-se dependente, subordinado,
contraposto ou adesivo ao outro recurso, que é dito independente, autônomo ou principal.
14.1 natureza: procedimento recursal secundário. É uma mera forma de interposição de recurso.
14.2 pressupostos de admissibilidade.
14.2.1 pressupostos gerais de todos os recursos.
14.2.1.1 cabimento (CPC, art. 500, II):
a)- apelação (neste ponto deve também ser incluído o ordinário constitucional para
o STJ, previsto na CF, art. 105, II, “c”, c/c o art. 109, II, ambos em cotejo com o art. 539, II, “b”, do
CPC, e que também é rotulado de apelação pelo art. 36, I, da Lei n. 8.038/90);
b)- embargos infringentes;
c)- RE;
d)- RESP.
O recurso adesivo deve ser sempre da mesma espécie recursal do recurso principal. A tal respeito,
ver, abaixo, como exceção a esta regra, comentário sobre o recurso especial/extraordinário adesivo
cruzado (item 14.3).
Não se admite recurso adesivo do recurso “inominado” previsto no art. 41 da Lei n. 9.099/95, já que
tal recurso não se confunde com o recurso de apelação. Também não se admite recurso adesivo de
remessa necessária, pois esta não tem natureza recursal.
14.2.1.2 legitimidade: somente das partes (não têm legitimidade o Ministério Público,
quando atua como custos legis, nem o terceiro prejudicado).
14.2.1.3 interesse: sem peculiaridades.
Em regra, não existe interesse recursal para discutir apenas o fundamento da decisão, manifestando,
porém, concordância com a conclusão. Ver, a respeito, porém, os itens 10.1.3.2 e 14.3
É admissível - malgrado não atenda à melhor técnica - que o recurso adesivo integre a mesma peça
de contra-razões do recurso principal.
A doutrina admite caso de recurso adesivo condicionado não apenas a um juízo de admissibilidade
positivo para o recurso independente, mas também ao exame do próprio mérito do recurso
independente. Ver, abaixo, comentário sobre o recurso especial/extraordinário adesivo cruzado (item
14.3).
Criação doutrinária voltada para proteger os interesses da parte que não teria, num primeiro momento,
interesse recursal para RE ou para RESP, mas que pode passar a ter tal interesse se a outra parte lograr
êxito no RE ou no RESP que interpôs. Explica-se: um tribunal inferior dá provimento a uma apelação
fundamentada em questão constitucional e em questão infraconstitucional, mas rejeita um dos dois
fundamentos, acolhendo o outro. O apelante não tem, pois, interesse recursal para RE ou para RESP,
pois foi integralmente vencedor. Todavia, a outra parte recorre, por meio de RE ou de RESP (a
depender de qual foi o fundamento acolhido pelo tribunal inferior). Se a parte sucumbente no tribunal
inferior vier a lograr êxito no seu RE ou no seu RESP a parte que era vencedora ver-se-á na difícil
situação de não mais poder se utilizar de recurso algum para impugnar a decisão do tribunal inferior,
na parte em que houve rejeição a um dos seus fundamentos. Neste caso, entende parte da doutrina
que é cabível o recurso especial/extraordinário adesivo cruzado. Note-se que, nesta hipótese, não só
o recurso adesivo não é da mesma espécie do recurso independente, como a sua admissibilidade
estará vinculada não apenas à admissibilidade do recurso principal, mas ao próprio julgamento positivo
do mérito do recurso principal. É o que se chama, também, de recurso adesivo condicionado.