A Constituição Federal e a reserva legal florestal
A Constituição Federal de 1988 assegura a todos o direito a gozar de um
ambiente ecologicamente equilibrado, é o que dispõe o caput do artigo 225 que impõe ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. O direito ao meio ambiente caminha pelas quatro gerações de direitos humanos já que diz respeito à sobrevivência do próprio planeta Terra e só pode ser garantido dentro de uma perspectiva solidária da humanidade. A Reserva Florestal Legal constitui um dos meios para concretizar esse escopo, já que refere se a um espaço territorialmente protegido com caráter de inalterabilidade. É com o objetivo de preservar áreas de florestas nativas que a Constituição estabelece que os entes da federação são concorrentes para legislar matérias referentes a florestas, porem quando se trata de Reserva Legal sua edição será da competência da União, já que são normas gerais que incide somente sobre propriedades privadas, estando aquelas pertencentes ao Estado desobrigadas de observá-la. Excepcionalmente admite-se que os Estados podem suplementar a legislação federal sobre essas reservas, isto é, podem acrescentar normas mais severas, mas não podem exigir menos do que a norma federal. Quanto a execução das normas protetoras da Reserva Florestal Legal, cujo tratamento é destacado daquele dispensado à competência legiferante, inexiste qualquer hierarquia entre União e Estados, devendo prevalecer o Direito que melhor proteger o meio ambiente, quer seja ele federal, estadual ou, até mesmo, municipal, caso se faça presente algum interesse local. Quando se trata de verdadeiro espaço especialmente protegido, a Reserva Florestal Legal não pode ter sua área diminuída ou alterada, senão por autorização legal, não sendo hábil para suprir a vontade da lei qualquer ato de particular ou da Administração Pública, incluindo os decretos, portarias e resoluções do Poder Executivo. Vale salientar que a Reserva Florestal Legal atende a três princípios constitucionais: o cumprimento da função social da propriedade, a utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e a preservação do meio ambiente, cujo equilíbrio ecológico é direito assegurado às presentes e futuras gerações.