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TEORIA GERAL DOS CONTRATOS

Contrato  acordo de vontade


Princípios do contrato:
• Igualdade das partes  mesmo poder de negociar, expressar sua vontade;
• Autonomia da vontade  esta vontade está no âmbito do privado / temos que levar em conta o
dirigismo contratual;
• Liberdade contratual  este princípio é relativizado frente ao equilíbrio contratual / hoje temos a
possibilidade de revisão dos contratos, tanto pela Teoria da Imprevisão quanto pela Onerosidade
Excessiva;
• Obrigatoriedade 
• Princípio da boa-fé  não pode uma parte tentar ludibriar a outra  antes era subjetiva / agora é
boa-fé objetiva (comportamental)  Temos que entender que o contrato exerçe uma função
social, ou seja, deverá atender aos anseios da coletividade;
• Princípio do consensualismo  o contrato forma-se pelo acordo de vontade das partes; não é
exigido maiores formalidades.

FORMAÇÃO DOS CONTRATOS  PROPOSTA + ACEITAÇÃO = CONTRATO


• Proposta  é o ato de um sujeito que propõe as condições do contrato ao outro. Tem que ser séria,
definitiva e obrigatória (exceções quanto a obrigatoriedade: a aceitação não é declarada no prazo
/ quando a aceitação não é declarada instantaneamente, não existindo prazo / proposta entre
ausentes, sem prazo). Quem faz  proponente, ofertante ou policitante. O lugar onde foi feita a
proposta é o lugar da celebração do contrato.
• Aceitação  quem aceita: aceitante ou oblato. Pode ser expressa ou tácita. A retratação da
aceitação somente se opera quando antes ou junto com a aceitação.

CONTRATO ENTRE AUSENTES  considera-se celebrado quando o oblato expede a aceitação (Teoria
da Expedição).

CLASSIFICAÇÃO
• Unilateral  obrigação para uma das partes;
• Bilateral  obrigações recíprocas;
• Gratuito ou oneroso;
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• Típico e atípico;
• Solene e não solene;
• Comutativo  as partes conhecem as prestações no momento da execução;
• Aleatório  não tem conhecimento do valor ou do recebimento;
• Contratos preliminares X Contratos definitivos  o objeto principal do preliminar é a celebração
do principal / *** o contrato preliminar, desde que registrado no Registro de Imóveis gera direito
real de aquisição e cumprimento das obrigações pelo promitente comprador  é a noviade
do CC.

ARRAS OU SINAL DE NEGÓCIO  é uma determinada prestação que se entrega a uma parte e que
visa firmar o compromisso na celebração do contrato e/ou desistimular o inadimplemento. Podem ser:
• Confirmatórias  destinam a convencer o outro a não desistir do contrato (da celebração); se
houver celebração, aquele sinal é o início do pagamento / se não houver celebração, aquele sinal é
perdido;
• Penitenciais  é um incentivo para que não haja inadimplemento

QUEM DEU ARRAS  se desistir, então perderá;


QUEM RECEBEU ARRAS  se desistir, está obrigado a devolver o valor + perdas e danos / *****
diferente do CC anterior em que estaria obrigado a devolver o dobro.

EVICÇÃO  é a perda da coisa por alguém que a adquiriu de quem não era dono, em decorrência de
decisão judicial.

A............................empresta um carro a.......................B...................e este vende o carro para....................C

O C tem que denunciar à lide o B / o C tem que estar de boa-fé, ou seja, não saber mesmo que B não era o
dono.
• Se assumir os riscos da evicção  terá direito somente ao valor pago;
• Se não assumir os riscos da evicção  terá direito ao valor pago + perdas e danos;

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VÍCIOS REDIBITÓRIOS  são ocultos na coisa / existentes antes da celebração do contrato.
Prazo para reclamar:
• 30 dias à partir da tradição real  bem móvel;
• 1 ano à partir da tradição real  bem imóvel;
• ***** se o vício não puder ser descoberto antes  começa a contar da data da descoberta;

ESTIPULAÇÕES EM FAVOR DE 3.º  exemplo: seguro de vida / o beneficiário pode exigir o seu
direito / não pode ser exigido.

PROMESSA DE FATO DE 3.º  ocorre quando uma das partes promete que um 3.º cumprirá sua
obrigação / se este 3.º não cumpre a obrigação, o outro contratante pode exigir seu direito de quem lhe
devia.

CONTRATO COM PESSOA A DECLARAR  é o contrato em que um dos contratantes não é


conhecido no momento da contratação.

EXTINÇÃO DOS CONTRATOS


• resolução  extinção pelo inadimplemento;
• resilição  extinção pela vontade (uma das partes = denúncia / ambas as partes = distrato);
• rescisão  extinção do contrato quando ele é nulo ou anulável;

CONTRATOS EM ESPÉCIE
DA COMPRA E VENDA (481 e ss) – uma parte tem a obrigação de entregar algo à outra e esta tem a
obrigação de pagar o preço. O objeto a ser entregue não pode seu uma coisa fora do comércio ou
inalienável pela vontade. O preço tem que corresponder à realidade; tem que ser certo. Tem que haver
consentimento entre as partes. Características: não transfere a propriedade por si só; quem transfere é a
transcrição ou a tradição / res perit domino, ou seja, a coisa perece para o seu dono / compra e venda feita
por ascendente a descendente, sem o consentimento dos demais é anulável / compra e venda entre
cônjuges: comunhão universal e comunhão parcial (bens individuais pode / bens comuns não pode),
separação (pode tanto os bens individuais quanto os comuns), participação nos aquestos (bens individuais
pode / comuns não pode) / compra e venda de coisa alheia: pode, com uma condição, que o vendedor
adquira o bem antes da entrega / compra e venda de coisa litigiosa: pode, mas o comprador tem que saber.

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CLAÚSULAS ADJETAS DO CONTRATO DE COMPRA E VENDA
1. RETROVENDA – é a cláusula que permite ao vendedor exigir o bem do comprador / prazo
máximo de 3 anos / *** só vale em casos de bens imóveis / o vendedor tem que restituir ao
comprador tudo aquilo que este gastou com a manutenção da propriedade.
2. VENDA A CONTENTO – cláusula no contrato de compra e venda que permite o desfazimento no
caso de o comprador não ficar satisfeito com a coisa / *** diferente da possibilidade de
arrependimento do Código do Consumidor / esta cláusula tem que estar expressa no contrato / o
comprador tem que justificar o porque que não gostou da coisa.
3. VENDA SOBRE DOCUMENTOS – cláusula inserida no contrato de compra e venda em que o
vendedor compromete-se a entregar o bem simbolizado por um documento / *** é a tradição
simbólica.
4. PREFERÊNCIA, PREVALÊNCIA OU PREMPÇÃO – cláusula que consiste na hipótese em que o
comprador, querendo vender o bem, terá que oferecer, em 1.º lugar, ao antigo vendedor.
5. VENDA COM RESERVA DE DOMÍNIO – cláusula expressa prevista no contrato em que o
domínio da coisa só se transmite após o adimplemento das obrigações do comprador / *** é uma
exceção à tradição.

CONTRATO DE DOAÇÃO (538 e ss) – é o contrato pelo qual alguém cede o uso, o gozo, a fluição, a
propriedade e a posse de um bem ao outro, sem a exigência de uma contra-prestação / exige o acordo de
vontades entre o doador e o donatário (animus donandi) / não há uma contra-prestação, mas poderá existir
um encargo / este encargo não descaracteriza a unilateralidade do contrato / a doaçao feita a um dos
descendentes corresponde à antecipação da legítima / poderá haver a reversão da doação; tal possibilidade
terá que estar expressa no contrato e somente será possível quando o doador tiver vida mais longa do que
a do donatário / extinção: por ingratidão.

CONTRATO ESTIMATÓRIO / DE CONSIGNAÇÃO DE BENS (534 e ss) – alguém que quer vender
um bem utiliza o outro para fazer o oferecimento ao mercado / consignante = dono do bem; obrigação de
pagar a comissão / consignatário = intermediário; quando vender o bem deverá repassar o valor da venda
ao consignante; não pode mudar as condições da venda sem autorização.

CONTRATO DE LOCAÇÃO DE COISAS (565 e ss) – alguém se compromete a ceder o uso, o gozo e a
fluição de um bem a outrem, mediante a pagamento periódico de determinada quantia / o locador tem
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posse indireta do bem e tem que garantir o uso do bem ao locatário / o locatário tem a posse direta do bem
e tem como obrigação pagar os alugueres e usar a coisa conforme o contrato.
Lei 8245/91 locação de imóveis urbanos
• Residenciais – denúncia cheia é a regra / denúncia vazia quando o contrato for superior a 3 anos;
• Comerciais – ver ação renovatória (comercial);
• Temporada – é a única que importa em pagamento antecipado / não precisa proclastinar no tempo.

CONTRATO DE EMPRÉSTIMO (579 e ss)


1. MÚTUO – empréstimo gratuito de coisa fungível / obrigação somente para o mutuário = devolver
coisa do mesmo gênero e na mesma quantidade / é unilateral e real, ou seja, só se aperfeiçoa com a
tradição / *** exceção: mútuo de dinheiro (remunerado / torna-se bilateral / mútuo feneratício).
2. COMODATO – empréstimo gratuito de coisa não fungível, não substituível / é um contrato real,
ou seja, só se aperfeiçoa com a entrega da coisa / a devolução tem que ser do mesmo bem
contratado / havendo mora do comodatário = o comodante poderá estipular um valor a título de
aluguel.

CONTRATO DE EMPREITADA / DE CONSTRUÇÃO (610 e ss) – alguém compromete-se a construir


algo a outrem, mediante remuneração / quem constrói: empreiteiro (pode ser responsável pelo material e
pela mão-de-obra), será sempre responsável pela execução do serviço / quem recebe: dono da obra, que
tem a obrigação de pagar.

CONTRATO DE MANDATO (653 e ss) – alguém representa outro para alguma coisa / é o agir em nome
do outro / o mandante terá que garantir o exercício da representação / o mandatário deve bem representá-
lo / regra geral: gratuíto / é intuito personae / possibilidade de substabelecer (se há permissão = é erro na
escolha / se o contrato é omisso = culpa do substabelecido / se há proibição = o mandatário é responsável).
MANDATO JUDICIAL – ART. 38 CPC – poderes específicos.
NÃO PRECISA DA PROCURAÇÃO – atos urgentes e para evitar a decadência e a prescrição – deverá
exibir o documento no prazo de 15 dias, prorrogável por mais 15.

CONTRATO DE JOGO E APOSTA (814 e ss) – o credor não pode exigir o cumprimento, mas se o
devedor pagar, o pagamento efetuado é válido e eficaz

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CONTRATO DE FIANÇA (818 e ss) – alguém se compromete a garantir o cumprimento de obrigação
alheia.
• Obrigação subsidiária – o fiador responde por último, tem benefício de ordem / poderá haver
exclusão deste benefício, através de previsão expressa, e daí a responsabilidade do fiador torna-se
solidária;
• Impenhorabilidade do bem de família;
• O devedor principal pode ser reembolsado do todo

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