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A despedida por justa causa do empregado com estabilidade provisória por justa causa, desde que

estabilidade provisória comprovada a falta grave. A título de demonstração


constata-se que a própria CF aponta expressamente como
excludente de estabilidade do dirigente sindical e gestante
Não é incomum se deparar com o empregador inseguro
a "justa causa".
porque um de seus empregados tornou-se provisoriamente
estável. Por certo que toda espécie de estabilidade
temporária tem uma justificativa e fundamento legal Com exceção dos dirigentes sindicais, do dirigente de
sensato e pertinente, mas infelizmente os efeitos que o Cooperativa de Empregados, dos representantes dos
estado de "estabilidade" provoca ao empregado e trabalhadores no Conselho Curador do FGTS, no Conselho
empregador, muitos vezes é constrangedor e alarmante, Nacional de Previdência Social, ou nas Comissões de
colocando em risco toda a confiabilidade que até então Conciliação Prévia (art. 625-B, parágrafo 1º CLT), os demais
ocorria na relação de emprego havida entre ambos. estáveis, seguindo-se a tendência de pronunciamentos
jurisprudenciais, em princípio, podem ser dispensados por
justa causa, sem a necessidade de instauração de inquérito.
Importante ressaltar que a estabilidade, mesmo que
provisória, está sempre vinculada a uma condição, que
normalmente está prevista em lei, em norma coletiva ou em Respeitadas a caracterização e limitação da justa causa, a
cláusula contratual. Comprovada a condição imposta, o falta grave se identifica expressamente na constituição
empregador deve manter o empregado nos termos elencada no artigo 482 da CLT e merece minuciosa análise,
determinados até que cesse o seu direito de garantia de para respectiva aplicabilidade, em se tratando de
emprego. empregado com estabilidade provisória.

Mas, infelizmente, não é sempre que a manutenção do Urge, porém, ponderar que para dispensar por justa causa o
empregado que encontra-se temporariamente estável empregado no gozo de estabilidade provisória, não basta a
permanece tranqüila, como deveria ser. Não se sabe ocorrência de ato que o empregador julgue subjetivamente
exatamente se determinados "estáveis" sentem-se com ser grave. Deve restar configurada de modo objetivo a falta
muito poder, ou se ainda julgam-se inatingíveis, mas é certo grave conforme a previsão legal, para que o empregador
que alguns deles se transformam e passam a comportar-se possa dispensar aquele empregado.
estranhamente, a ponto de muitas vezes prejudicar o GESTANTE – JUSTA CAUSA – A estabilidade provisória
trabalho até então desenvolvido. Nestas ocasiões o garantida à empregada gestante a protege contra
empregador se sente acuado, olvidando que os estáveis despedida arbitrária ou sem justa causa, todavia,
também têm de cumprir com suas obrigações legais, sob demonstrado nos autos o justo motivo para o
pena de romper o direito do referido estabilitário. despedimento, calcado nas hipóteses previstas no art. 482
da CLT, resta correta a conduta empresarial, merecendo ser
mantido o decisuma quo. (TRT 10ª R. – RO 1825/2001 – 3ª
Qualquer empregador pode se deparar com um empregado
T. – Relª Juíza Márcia Mazoni Cúrcio Ribeiro – DJU
que adquira estabilidade provisória. Dentre as
18.01.2002)
determinações legais mais comuns em empresas privadas,
tem-se o dirigente da CIPA e gestante (o artigo 7º, inciso I,
c.c. artigo 10 do ADCT); o acidentado (artigo 118 da lei
8.213/91, o portador de doença profissional (equiparada ao GESTANTE – ESTABILIDADE – LICENÇA – A empregada
acidente do trabalho - art. 132 do Decreto 2.171/97); o despedida sem justa causa não tem direito à garantia de
dirigente ou representante sindical (artigo 543, parágrafo 3º emprego ou à indenização correspondente se não informa
da CLT, e inciso VIII do artigo 8º da CF; os dirigentes de seu estado de gravidez ao empregador e somente ajuíza a
cooperativas (lei 5.764/71, art. 55), os titulares ou suplentes ação após o parto. (TRT 12ª R. – RO-V . 8291/2001 –
da representação dos trabalhadores no Conselho Nacional (02877/2002) – Florianópolis – 1ª T. – Relª Juíza Sandra
ou no Conselho Curador do FGTS (art. 3º do parágrafo 7º da Márcia Wambier – J. 18.03.2002)
lei 8.213/91 e art. 3º do parágrafo 9º da lei 8.036/90 e
representantes dos trabalhadores nas Comissões de
Conciliação Prévia (art. 625-B, parágrafo 1º CLT).
ESTABILIDADE PRÉ-APOSENTADORIA – DISPENSA SEM JUSTA
CAUSA OBSTATIVA À AQUISIÇÃO DO DIREITO – Presume-se
No tocante a estabilidade do aidético, importante relevar obstativa a dispensa sem justa causa de trabalhador que
que ainda existem duas correntes quanto a sua está às vésperas da aquisição do direito à estabilidade
aplicabilidade. Alguns doutrinadores sustentam o direito da convencional. Não se cogita de atribuir a dispensa apenas
estabilidade com fundamento no inciso I do artigo 7º da CF, ao exercício do poder potestativo do empregador, tanto
no princípio da não-discriminação no trabalho (inclusive o menos quando se trata de empregado de conduta
previsto no artigo 1º da lei 9.029/95, e nos direitos irrepreensível, a quem faltam pouco mais de seis meses
securitários garantidos ao empregado aidético, relevando o para implemento das condições para aquisição do direito à
equilíbrio do mais fraco na relação do trabalho. Corrente estabilidade prevista em norma coletiva. Configurada a
diversa sustenta que não há estabilidade do empregado criação de óbice, pelo empregador, impõe-se sua
aidético por ausência de previsão legal. condenação em indenização substitutiva do período
estabilitário previsto convencionalmente. (TRT 9ª R. – RO
05312/2001 – (06761/2002) – Relª Juíza Marlene T. Fuverki
Além das previsões legais, é muito comum a predominância
Suguimatsu – DJPR 05.04.2002)
de cláusulas normativas que concedem estabilidade a
determinados empregados, como aqueles que estão
próximos da aposentadoria, ou em idade de prestação de
serviço militar, ou ainda que esteja em processo de ESTABILIDADE – EMPREGADA GESTANTE – INEXISTÊNCIA DE
transferência de local de trabalho. COMUNICAÇÃO AO EMPREGADOR – Inexiste violação de
garantia de emprego prevista na letra b" inciso II do art. 10
Não se pode desprezar também as negociações coletivas e do Ato das Disposições Constitucionais Transitó-rias, quando
contratos individuais que garantem o emprego a o empregador, desconhecendo o estado gravídico da
respectivos empregados em situações específicas. empregada, a despede sem justa causa. (TRT 12ª R. – RO-
V . 7507/2001 – (02287/2002) – Florianópolis – 2ª T. – Rel.
Juiz Dilnei Ângelo Biléssimo – J. 01.03.2002)
Pois bem, efetivada e reconhecida a estabilidade, seja qual
for a sua natureza, e havendo qualquer atitude incomum
por parte do "estável", o empregador precisa e deve
identificar a existência ou não de falta grave. ESTABILIDADE – CIPA – JUSTA CAUSA – INQUÉRITO PARA
APURAÇÃO DE FALTA GRAVE – DESNECESSIDADE –
Adequada exegese do parágrafo único do art. 165 da CLT e
O pronunciamento jurisprudencial é pacificado no sentido da alínea b do inciso II do ADCT é contrária à
de proteger o empregador que dispensa o empregado com obrigatoriedade da instauração de inquérito para apuração
de falta grave cometida por empregado eleito para integrar
CIPA. Dentre as hipóteses de estabilidade provisória que
exige tal formalidade, prevista para a demissão dos
empregados detentores da estabilidade decenal, não se
encontra incluída a estabilidade do cipeiro eleito. (TRT 15ª
R. – Proc. 33734/00 – (11675/02) – 5ª T – Rel. Juiz José
Antônio Pancotti – DOESP 18.03.2002 – p. 83)

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