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ÍNDICE
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Apresentação
Olá, me chamo Orly Júnior, mas por costume atendo pelo meu
nome artístico Junior Vondrake.
Júnior Vondrake
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1 - A MENINA DO QUARTO
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muito para que meus olhos se fechassem e eu caísse no
sono.
No meio da madrugada, acordei.
Estava com muita sede e então decidi ir até a cozinha
beber um pouco de água. Sentei-me na cama, antes de me
levantar e levei um susto: Tinha uma menina dormindo
no chão, toda encolhida.
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- Ué, veio dormir no sofá pra que? Não vai me dizer que
queria ouvir nossos gemidos de prazer? – disse Elias,
dando uns tapinhas na minha bunda para me acordar.
- Por que vocês não me falaram que tinham uma menina
aqui? Coitada, ela estava dormindo no chão. Coloquei a
pobre coitada na cama e vim para o sofá. É filha da
emprega?- questionei, mal conseguindo abrir os olhos.
Elias e Marlene se entreolharam confusos.
- Menina? Que menina? Tem menina nenhuma aqui não.
Ta doida? – respondeu Elias.
- Que menina Elisa? - me perguntou Marlene.
- Ah, ta bom. Vão me dizer agora que não tem menina
nenhuma aqui e que eu vi um fantasma?
Me levantei do sofá, toda confiante de que acabaria com
aquela farsa rapidamente, e os conduzi até o quarto e me
surpreendi mais uma vez.
Não tinha menina nenhuma sobre a cama.
- Que menina, Elisa? – perguntou Elias, ironicamente.
Eu me virei para eles com cara de poucos amigos e disse:
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estava “trabalhando” com o namorado e com certeza não
deixaria o bem bom para me espionar no banho.
Não vou mentir que me deixei tomar pelo medo. Sei que
era besteira da minha parte, não são tão supersticiosa
assim, mas... existem coisas que acontecem mesmo
quando agente tenta acreditar do contrário.
FIM
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2 - HORA ERRADA, LUGAR ERRADO
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que vou dar uma passadinha na tua casa.
Renata arregalou os olhos, se amaldiçoando "por falar
demais" e respondeu:
-Na-não por... por favor. Me deixe ir embora. Juro por
Deus que não conto a ninguém sobre você! Por favor, eu
imploro. E-eu moro só numa casa enorme e se você quiser
me fazer algum mal ninguém vai ficar sabendo. Então...
por favor... me deixe ir embora...
O ladrão olhou para ela por alguns segundos e com um
"sorriso escroto" estampado na cara, disse:
- Você é um doce mesmo, né amor? Deve ser granfininha.
Tá até me passando as dicas certas. Você não acha que vou
deixar essa oportunidade passar né? Mas fique fria que se
você for boazinha, só irei fazer um "fisco" pequeno e
depois caio fora. Agora cala a porra da boca e vamos logo,
esse seu chororô já tá me deixando irritado.
E mais uma vez ele arrastou Renata para o carro.
- É bom você me dar as coordenadas direitinho da sua
casa piranha, se não te meto a desgraça aqui mesmo, hein!
Como uma cachorrinha obediente, Renata fez o que ele
mandou e não demorou muito para chegar em sua casa.
O local não era tão enorme quanto ela tinha dito, mas era
grande o suficiente para que ele, caso quisesse, fazer algo
e ninguém ficar sabendo. A casa, por dentro, era grande,
bem arrumada e tinha um ar de privacidade.
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Renata com lágrimas nos olhos acenou positivamente.
- Já é um bom começo.
Ele se aproximou dela.
- É... acho que você tem razão. Agora... a chupadinha.
Renata, sem fazer cerimônia, tirou as calças e abriu as
pernas. O ladrão não hesitou e meteu a cara entre as
pernas dela e, para sua surpresa, ela gostou. Ele tinha uma
língua "gostosa".
Ela pensava em como aquilo podia estar acontecendo com
ela e que com certeza ele não ia ficar só naquilo. Agora
apenas lhe restava aceitar a situação e rezar para que ele
não a machucasse.
- Hummmm... que bocetinha doce você tem. Deve ser
gostoso dar uma metidinha.
Ela não respondeu.
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- Mas fique fria. Irei deixar isso para outro dia. Tá vendo
como honro com minha palavra? E você tá sem homem
mesmo, né sua vagabundinha?
Renata não respondeu.
- Agora veste a calcinha, pelo menos. Não sou de ferro. O
lance é esse: Eu vou te levar até um lugar deserto e te
deixar lá. Só para não ter o risco de você bater o fio para a
polícia assim que eu sair daqui.
Rapidamente ela vestiu a calça. Estava mais aliviada.
- Onde estão os cartões?
- Na outra carteira, na penteadeira - disse ela apontando
para a penteadeira no canto esquerdo do quarto.
Ele foi até a penteadeira e abriu a primeira gaveta, achou a
carteira a pegou.
- Agora, vamos dar um passeio gatinha - disse ele com
olhar de quem adoraria jogá-la na cama e terminar o que
começou.
Os dois foram até o carro, estacionado na frente da casa.
Antes de dar a partida ele disse:
- Quer saber, você vai no porta malas. Só pra não saber
onde eu te deixei. Nada pessoal. Passa a bolsa, celular ou
qualquer coisa que possa te dar vantagem.
Ela fez o que ele mandou.
- Fique aqui, só vou abrir o porta malas para você entrar.
Não quero que algum vizinho xereta me veja te colocando
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dentro do porta malas. Se fizer alguma coisa, te mato.
Ele saiu do carro e abriu o porta malas.
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que ela não estava fazendo aquilo para assustá-lo. Sabia
que seria o próximo.
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lugar tão perigoso quanto este. Está se arriscando. Aqui
não é um lugar para uma mocinha como você. Nem é um
lugar pra mim.
Eu nada respondi.
- Sei que está com medo também. Mas eu não podia me
conformar em te deixar aqui ao invés de tentar te ajudar,
te alimentar um pouco e te deixar dormir num lugar mais
aconchegante do que aqui nesse bosque escuro.
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- Meu nome é Gildete.
Ela permaneceu parada por um tempo, me olhando.
Depois sorriu e me olhou como se estivesse me
convidando para sua casa. Então virou-se e continuou
andando. Eu a segui como um cachorrinho com fome
suplicando por algum resto de comida. Ela percebeu que
eu a acompanhava e diminuiu os passos. Me olhou de
cima a baixo rapidamente e continuou em frente.
- Você tem muita coragem de vir aqui sozinha, seja lá de
onde você tenha vindo – comentou, ela.
- E você, que veio aqui ver uma menina que nem conhece
– retruquei.
- É verdade. Somos duas corajosas – ela falou, sorrindo.
Não andamos muito. Saímos do parque, passamos pela
rodoviária e nos aproximamos do bairro onde ela morava.
Passamos por uns três quarteirões até chegarmos
finalmente em sua casa.
O bairro era simples. A rua não era muito bem asfaltada.
As casas eram simples, não eram grandes e eram
separadas umas das outras, ao contrário de bairros onde
as casas são coladas umas nas outras.
Sua casa fugia um pouco do esquema das demais. Era de
dois andares, bem conservada, e possuía grades enormes
com pontas afiadas em suas extremidades. Pareciam um
pouco enferrujadas em algumas partes, mas no geral era
tudo muito bem conservado.
Ela parou frente ao portão por alguns segundos e então o
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abriu.
Eu... hesitei.
- O que foi? Não tenha medo – ela tentou em confortar.
- Mas... O pessoal da sua família não vai reclamar, não?
Você nem em conhece – insisti, mostrando receio.
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As luzes da casa estavam apagadas. Clarisse abriu a porta
cautelosamente, acendeu a luz da sala e me convidou para
entrar. Pensei na quão doida ela tinha sido para levar uma
completa estranha para sua casa. Mesmo que “tocada”
pela minha situação, será que não tinha passado pela sua
cabeça de que eu poderia ser uma pessoa de índole ruim?
Mas também agradeci a Deus, de todo meu coração, por
tê-la colocado em meu caminho, mesmo que por aquela
noite e por um prato de comida.
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alimentar um pouco?
Eu não respondi nada. Ela me olhou novamente com seu
olhar amigável. Parecia muito feliz pelo fato deu estar ali.
Sorriu, então, aproximou-se da geladeira e pegou uma
tigela com bolo de chocolate e colocou em cima da mesa.
Eu arregalei os olhos e meu estomago soltou um estrondo
tão forte que eu fiquei com medo de acordar os outros da
casa.
Ela sorriu, como sempre sorria.
- Pode comer. Sério! Não tenha medo. Eu não te traria
aqui, se não soubesse o que estou fazendo.
- Alegria de pobre acaba cedo moça. Ta bom demais pra
ser verdade – disse eu enfiando na boca uma pedaço
enorme do bolo e já me preparando para o segundo.
- É... você tem razão. Dura pouco mesmo. Eu costumo
fazer experiências macabras com meninas de rua e esse
bolo está envenenado.
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amplo, com uma cama arrumada, armário, penteadeira e
tinha até banheiro.
Nossa! Era um sonho que eu não queria que terminasse.
Tinha tanto medo de alguém aparecer e me por dali pra
fora, ou então acordar no parque com chuva na cara e ver
que tudo aquilo não passava de alucinação.
Mas não, era real. Aquela menina era um anjo que tinha
vindo até mim, mesmo que fosse só por aquela noite.
Me banhei. Ela me deu roupas para me vestir. E como
estava cansada fui me deitar. Clarisse ficou comigo mais
um pouco, ao meu lado, sentada na cama.
- Sei que você deve estar achando estranho uma completa
desconhecida te pegar na rua e te trazer para dentro de
casa. Mas eu não podia deixar que você ficasse na rua
podendo te ajudar.
- Você traz qualquer um que pode ajudar para dentro de
sua casa? –perguntei, pouco antes de cair no sono.
- Não. Você é especial.
Então cai no sono. O melhor que tive desde que sai de
minha casa.
No outro dia, acordei assustada. Tinha dormido feito uma
pedra e já estava crente que tudo aquilo não passava de
um sonho e que voltaria a realidade. Mas não. Estava
enganada. Eu tinha acordado no mesmo quarto
aconchegante da noite anterior e a menina, Mônica estava
sentada na beira da cama sorrindo pra mim e para uma
outra moça que estava sentada ao meu lado num banco ou
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cadeira.
- Essa é a Gildete Amanda. Clarisse trouxe ela pra cá
ontem. Oi Gildete – me cumprimentou, alegre como
sempre, a menina.
- Oi... – respondi vermelha de vergonha.
Amanda se parecia um pouco com Clarisse. Só que tinha
os cabelos castanhos escuros e os olhos verdes escuros.
Tinhas traços afilados como os da irmã, mas os lábios
eram carnudos e o olhar penetrante, além de mais velha.
Ela me olhava com espanto e admiração. Eu devolvi o
olhar, olhando em seus olhos da mesma forma que olhei
para sua irmã quando me achou no parque.
Ela me fitou por longos segundos, antes de falar:
- Minha irmã disse que você ficaria aqui conosco. Que
tinha vindo de longe para tentar trabalho. Bem, estamos
precisando de uma empregada domestica e babá. Ela falou
para insistir para que você aceite. Pagarei bem. Você
cuidará de minha filha pequena e de Mônica e dos
afazeres da casa que não são grande coisa.Você vai
aceitar... não vai?
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isso? Que dia da semana foi? Por que a senhora não me
falou nada?
- Isso aconteceu há mais de cinco meses, Gildete. Não foi
agora.
- O.. o que? Como assim? Ela... ela foi lá no início da
semana... me achou e me trouxe pra cá. O que a senhora ta
me dizendo? Que brincadeira é essa?
FIM
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5 – GUERRA AO INFERNO
Sim.
Demônios.
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Tinham olhos de fogo incandescente, enormes
mandíbulas, e garras capazes de rasgar a pele humana
como uma faca é capaz de cortar uma maçã.
Teve pesadelos.
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A pobre garota olhou para ele assustada. Seu rosto estava
inundado em lágrimas e ela tremia tanto que parecia ter
uma daquelas disfunções neurais onde um enfermo não
consegue parar de tremer.
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mal a ela. Até parecia que gostava da moça e isso a
assustava cada vez mais.
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Por um momento ele vacilou, enquanto ela chorava e
esperneava.
Logo abaixo jazia seu bebe, ainda ligado a ela pelo cordão
umbilical, com a cabeça esmagada a golpes de marreta e a
garganta cortada e os olhos perfurados, disposto no centro
de um enorme desenho de um pentagrama, com velas
espalhadas ao seu redor.
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Ele, o assassino, voltou para casa, para sua família,
satisfeito por ter livrado o mundo de mais um demônio
disfarçado.
FIM
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REFLEXO NO ESPELHO
FIM
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Agradecimentos.
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