VIII ECO 10DEMAIODE2011 Diário do Minho

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eroporto Francisco Sá Car-
neiro, 8 da manhã.
Jorge, um jovem empre-
sário, caminha apressada-
mente para a porta de embarque
do seu voo. Junto à porta estavam
já centenas de pessoas, expectantes
para rumarem a Faro.
No entanto, os passageiros são infor-
mados que o voo 975, com destino
a Faro, se encontra atrasado devido
a problemas com o avião que se
encontra ainda a fazer a viagem Faro
– Porto.
Jorge aproveita o atraso para dar
uma vista de olhos aos seus emails.
Com uma vida preenchida pelo tra-
balho e dedicação à família, Jorge
aproveita todos os momentos para
pôr o trabalho em dia. Com tanto
para fazer, nem dá conta do passar
do tempo. São 10h30 e os passagei-
ros são finalmente chamados para
embarque imediato. Com bilhete
de embarque prioritário, Jorge é
um dos primeiros a entrar no avião,
sentando-se nas últimas filas à jane-
la, como é seu hábito.
Fora do avião, assistia-se a uma mo-
vimentação anormal. Comandante e
pessoal de terra travavam uma acesa
discussão. Não havia tempo a per-
der, vinte minutos era o máximo que
o avião podia estar na plataforma do
aeroporto uma vez tratar-se de um
voo “low-cost”.
Pelas 11h00, e quando ainda alguns
passageiros tomavam o seu lugar, o
avião faz as primeiras movimenta-
ções em direcção à pista. O pessoal
de bordo rapidamente fornece as
informações de segurança e, em
poucos minutos, o avião já estava
no ar. Por norma, a viagem demora
entre 45 a 50 minutos, tal como
informado pelo comandante mas,
por vezes, devido a atrasos, o piloto
tenta recuperar o tempo perdido no
ar, e completa-se a viagem em 30
minutos.
Após uma hora de viagem, e já com
algum stress à mistura, Jorge co-
meça a avistar terra através da sua
janela. Estranho – pensa Jorge. Algo
não está bem nesta rota. O avião
costuma seguir rumo a sul passando
por Lisboa, e depois segue para o
interior do Alentejo, directo a Faro.
Não mais de 15 minutos depois,
Jorge começa a avistar areia, muita
areia, e não era das belas praias do
Algarve. Era um deserto.
Furioso, Jorge dirige-se ao pessoal
de bordo para obter informações,
quando lhe é dito que, devido a
uma avaria no painel de instrumen-
tos, o avião tinha saído da sua rota,
mas que o comandante tinha tudo
sob controlo.
Rapidamente, o “stress” generalizado
dá lugar a um ambiente de pânico.
Algo de grave se passaria com aque-
le voo. Minutos mais tarde, o avião
começa a descrever uma volta de
180º, estava a voltar para trás. Atra-
vés dos altifalantes da cabina, o co-
mandante anuncia um atraso de 30
minutos face ao previsto, pedindo
desculpa pelo incómodo.
O P I N I Ã O Sem comida, com os nervos à flor da
pele, o pessoal de bordo desespera-
ILÍDIO FARIA va na tentativa de acalmar os passa-
DIRECTOR DA FIDUCIAL
ILIDIO.FARIA@FIDUCIAL.COM
geiros. Eram quase 13 horas quando
finalmente é avistada terra outra
vez, sendo que, desta feita, pareciam
de facto as praias do Algarve. O
avião começa a perder altitude em
círculos. O coração dos passageiros
Nas asas batia forte em uníssono. O pânico e
a incerteza apoderavam-se cada vez
do mais de todos os ocupantes daquele
voo. Quanto mais diminuía a altitu-
empreendedorismo de, mais Jorge se enterrava na cadei-
ra. Com grande esforço e de forma
descontrolada, o avião acabou por
aterrar em Faro.
Já com uma manhã de negócios
perdida, Jorge dirige-se ao balcão
da companhia para reclamar e pedir
o reembolso do dinheiro do voo, ao
que lhe respondem que, como não
fez seguro opcional, não tem direito
a nada. Sem paciência para discus-
sões ou reclamações, Jorge dirige-se
ao balcão do rent-a-car. Simpatica-
mente, a recepcionista pede-lhe os
seus documentos e número de voo.
“Voo 975” – adianta Jorge, entre-
gando os documentos. “Parabéns!”
- responde-lhe a recepcionista – “O
senhor está vivo! “. A mulher de-
senvolve o comentário e dá-lhe a
conhecer que, devido à crise, a com-
panhia pela qual Jorge voou, cortou
nos gastos de manutenção e de
pessoal e que, de momento, muitos
aviões voavam sem painel de instru-
mentos e sem co-piloto.
Grande parte dos empreendedores
assemelha-se a esta companhia área
de baixo custo. Lançam os negócios
sem definir destino e rota, não pos-
suem qualquer tipo de indicadores
de medição de desempenho da sua
actividade, e julgam-se igualmente
senhores dos céus, pensando não
necessitarem da ajuda de terceiros
para a condução dos seus negócios.
Em Portugal, cerca de 30% das em-
presas morrem no primeiro ano de
actividade e, no final do segundo
ano, esse número situa-se abaixo
dos 50%. E você, em que voo pre-
tende voar? www.formspring.me/
ilidiofaria

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|Praça lisboeta
viveu um dia de perdas
Sinais de desentendimento e de ruptura entre os líderes da
União Europeia marcaram o dia de ontem e condicionaram
a negociação nas principais praças europeias, numa altura
em que a reestruturação da dívida grega e a revisão dos
resgates da Irlanda e da Grécia parecem estar em cima da
mesa. Tudo piorou depois de a Standard & Poor’s ter reduzi-
do o ‘rating’ grego.
Em Lisboa, o PSI 20 acompanhou as perdas e deslizou
0,58% para 7.768,53 pontos, com a banca a cair mais de 2%.
O BPI liderou as perdas e tombou 3,03%, enquanto o BES e
o Banif deslizaram 2,72% e 2,06%, respectivamente. O BCP
acompanhou e perdeu 1,42% para 0,55 euros.
A Galp também pressionou o índice de referência, ao
desvalorizar 1,3%, contrariando a tendência positiva dos
mercados energéticos, onde o ‘brent’ apreciava 2%. O Diário
Económico avançou ontem que os italianos da Eni querem o
alemão Jochen Weise para suceder a Ferreira de Oliveira na
presidência executiva da petrolífera portuguesa.
Nota ainda para os títulos da EDP Renováveis, que perde-
ram 0,75%, bem como a Sonaecom, que recuou 1,23%.
Em sentido contrário negociou a REN, que valorizou 0,87%
no dia em que negoceia em ex-dividendo. A energética
mostrou ontem, após o fecho do mercado, as contas do
primeiro trimestre. Os analistas antecipam um lucro de 34,6
milhões de euros, mais 38% face ao período homólogo do
ano passado.
A travar maiores perdas no índice de referência estiveram
ainda a PT (0,6%) e a EDP (0,15%).
A marcar o dia esteve uma série de contradições em torno
de uma possível revisão do programa de ajustamento da
Grécia, para evitar a reestruturação da dívida do país. Os
líderes da UE dão cada vez mais sinais de nervosismo e de
desentendimento numa altura em que a união política é
apontada como um dos principais problemas da região.