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Autocarro 141

Esta e a história do Sandro, um marginal que assalta um autocarro comercial brasileiro e faz reféns os
seus passageiros.
Este incidente dramático abre caminho para reflectirmos sobre os problemas sociais que
desencadearam este sequestro violento, deixando-nos perceber as origens e o passado recente do
jovem.
Este rapaz vem de um grupo de pessoas desfavorecidas, condicionadas socialmente e mutiladas
psicologicamente, que faz da rua o seu lar. É na rua e na falta de equidade social que o
comportamento de risco do Sandro se desenvolve, roubando muitas vezes por necessidade.
A discriminação está sempre presente, faz parte do quotidiano, o que impulsionado pelas carências
físicas e emocionais despoleta a criminalidade e a violência extrema.
É deste ambiente que surge o sequestro do autocarro, revelando-nos uma força policial mal habilitada
tecnicamente e culturalmente para um dialogo eficiente.
A situação exigia o auto-controle e uma policia comedida na acções, porem essa mesma contenção
e imposta pelos media no terreno, que transmitiam o acontecimento em directo para todo o pais,
movimentando toda a opinião publica e fabricando o próprio “show” noticioso, acentuando os
sentimentos públicos em relação á atitude do jovem.
O social senso comum é remetido e alertado para os problemas que originam esta violência e para os
“sandros” nas cidades brasileiras. O jovem tenta concretizar o desejo de aceitação á medida que se
tornava mais poderoso no autocarro. Este foi o seu momento, teve a atenção que nunca tivera.
A maquina dos “midia “alimentando a avidez humana na desgraça alheia enchendo as sociedades de
sentimentos dúbios e paradoxais.
Será que a culpa foi totalmente do Sandro, ou será este um produto de uma sociedade desonesta e
bestialmente desigual.
Em suma e não desculpabilizando tais actos de violência, assistimos a luta do Sandro contra o mundo
que o condenara.
O rapaz morreu.
Sede C.B.

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