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CURSOS ON-LINE – DIREITO CIVIL – CURSO BÁSICO

PROFESSOR LAURO ESCOBAR

AULA 04

FATOS E ATOS JURÍDICOS


= PRIMEIRA PARTE =

Já estudamos que existem os sujeitos de Direito (que são as


pessoas) e os objetos do Direito (que são os bens). No entanto o ponto
referente a Bens não está no edital para o Fiscal do Trabalho. Esse
ponto será dado depois, para quem for seguir com o curso (está no
edital para o ICMS/SP).
Hoje veremos o elemento que estabelece a ligação; o vínculo entre
as pessoas tendo como objeto os bens. Esse elemento é o que
chamamos de relação jurídica. As relações jurídicas têm como fonte
geradora os fatos jurídicos. Há sempre um fato que antecede o
surgimento de um direito subjetivo. Fato, portanto, é um evento, um
acontecimento.
O tema “Fatos e Atos Jurídicos” deve ser visto devagar. Por isso,
desmembramos esse tema em duas aulas. Esta primeira é uma aula
introdutória. Costumo fazer isso nas aulas presenciais. Primeiro dou
essa parte teórica. “E bota teórica nisso”. Os alunos costumam achar
essa primeira parte “meio chata”. Mas ela é imprescindível. Vou tentar
torná-la mais agradável... Hoje, o que veremos é base da matéria, que
será importantíssima no futuro, quando analisaremos o Direito das
Obrigações, os Contratos, etc. Os Fatos, Atos e Negócios Jurídicos são
pontos fundamentais para entender as próximas aulas. Por isso damos
essa primeira parte e esperamos os alunos “deglutirem” essa parte
teórica. Leiam e releiam com todo amor e carinho este início. Depois
daremos a segunda parte da aula. Vocês verão como ficará mais fácil
entender. Falaremos hoje de alguns conceitos, classificações, e,
principalmente, prescrição e decadência. Depois, na próxima aula,
passaremos para uma parte mais dinâmica, onde veremos o Negócio
Jurídico e seus elementos constitutivos, além da ineficácia do Negócio
Jurídico.
Comecemos, então. Inicialmente, temos que diferenciar um fato
comum de um fato jurídico. Há fatos que não interessam ao Direito.
Exemplo: quando uma pessoa passeia por um jardim, está praticando
um fato comum, que não sofre a incidência do Direito. Se essa pessoa,

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porém, andar sobre um gramado proibido, causando danos, o fato que


era comum passará a interessar ao Direito. Assim, observem a
seguinte classificação:
• Fato Comum ⎯ ação humana ou fato da natureza que não
interessa ao Direito. Não estudaremos isso, pois, como disse, não
interessa ao Direito (para quê estudar algo que não nos interessa ?).
• Fato Jurídico (em sentido amplo – lato sensu) ⎯ acontecimento ao
qual o Direito atribui efeitos. Ex.: no contrato de locação, locador e
locatário ficam vinculados um ao outro. Desse vínculo surgem
direitos e deveres para ambas as partes. Assim, por enquanto, o que
nos interessa estudar é o Fato Jurídico. Este sim causará reflexos
no campo do Direito.
Baseado no foi dito acima, podemos conceituar os fatos jurídicos
como sendo os acontecimentos, previstos em norma de direito, em
razão dos quais nascem, se modificam, subsistem e se extinguem as
relações jurídicas. Para efeito de memorização dos elementos do Fato
Jurídico que veremos, costumo usar em sala de aula a expressão
A.R.M.E. (Aquisição, Resguardo, Modificação e Extinção) de Direitos.
Aquisição de Direitos - é a conjunção dos direitos com seu titular.
Dessa forma, surge a propriedade quando o bem se subordina a seu
titular. (ex: quando eu acho uma coisa abandonada ou quando eu
compro um determinado objeto de um amigo, etc). Os direitos podem
ser adquiridos de forma originária ou derivada:
a) Originária ⎯ o direito nasce no momento em que o titular se
apropria do bem de maneira direta, sem a participação de outra pessoa
(ex.: pescar um peixe em alto-mar, ocupar coisa abandonada, etc.).
b) Derivada ⎯ se houver transmissão do direito de propriedade,
existindo uma relação jurídica entre o anterior e o atual titular (ex.:
vender um carro ou um imóvel a outra pessoa).
A aquisição ainda pode ser gratuita (não há contraprestação –
ex.: doação) ou onerosa (há uma contraprestação – ex.: compra e
venda, troca).

Resguardo (proteção ou defesa) de Direitos - para resguardar seus


direitos, o titular deve praticar atos conservatórios como: protesto;
retenção ⎯ possuidor de boa-fé que fez benfeitorias necessárias e úteis
na coisa alheia (art. 1.219 CC); arresto ⎯ apreensão judicial de coisa
litigiosa ou de bens para a segurança da dívida; seqüestro ⎯ depósito

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judicial da coisa litigiosa para garantia do direito. Há, também a defesa


preventiva:

a) extrajudicial ⎯ a cláusula penal em um contrato (trata-se da multa


contratual); o sinal (que também é chamado de arras, ou seja, um
adiantamento); a fiança, etc., são medidas que servem para proteger
meus direitos.
b) judicial ⎯ são as ações judiciais para proteção de direitos: Mandado
de Segurança (protege direito líquido e certo); Interdito Proibitório (é
uma ação possessória, conforme veremos no Direito das Coisas).
Caros alunos lembrem-se da máxima: “A todo Direito corresponde
uma Ação que o assegura”. Se houver ameaça ou violação (por ação
ou omissão) a um direito subjetivo, este será protegido por ação
judicial (art. 5º, XXXV da C.F.). Ação é o meio que o titular do direito
tem para obter a atuação do Poder Judiciário, no sentido de solucionar
litígios relativos a interesses jurídicos (art. 3º do C.P.C. - “Para propor
ou contestar uma ação é necessário ter legítimo interesse econômico
ou moral”).
Nós sabemos que no Brasil não podemos fazer “justiça pelas
próprias mãos”, sob pena de cometermos um crime (exercício arbitrário
das próprias razões). Se uma pessoa me deve seis meses de aluguel eu
não posso ir até a casa dele e “dar uns tapas” no devedor. Não! Eu devo
entrar com uma ação de despejo por falta de pagamento. No entanto,
admite-se, excepcionalmente, a autodefesa ou autotutela no caso de
legítima defesa da posse (art. 1.210, §1º do CC), penhor legal, etc.
Veremos isso em outras aulas mais para frente.

Modificação (ou transformação) de Direitos - os direitos podem


sofrer modificações em seu conteúdo, seu objeto e em seus titulares,
sem que haja alteração em sua substância. a modificação do direito
pode ser objetiva ou subjetiva:

a) Objetiva ⎯ atinge a qualidade ou quantidade do objeto ou o


conteúdo da relação jurídica (ex.: o credor de uma saca de feijão aceita
o equivalente em dinheiro).
b) Subjetiva ⎯ substituição do sujeito ativo ou passivo, podendo ser
inter vivos ou causa mortis (ex.: morre o titular de um direito e este se
transmite aos seus sucessores). No entanto, há direitos que não
comportam modificação em seu sujeito por serem personalíssimos.

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Extinção de Direitos – observem, com atenção, as hipóteses de


extinção de direitos:

• perecimento do objeto (anel que cai em um rio profundo e é levado


pela correnteza) ou perda de suas qualidades essenciais (campo de
plantação invadido pelo mar).
• renúncia - quando o titular de um direito, dele se despoja, sem
transferi-lo a quem quer que seja; ele abre mão de um direito que
teria (ex: renúncia à herança).
• abandono – intenção do titular de se desfazer da coisa não querendo
ser mais seu dono.
• alienação – que é o ato de transferir o objeto de um patrimônio a
outro, de forma onerosa ou gratuita.
• falecimento do titular, sendo direito personalíssimo, e por isso,
intransferível.
• confusão – numa só pessoa se reúnem as qualidades de credor e
devedor.
• prescrição ou decadência ⎯ analisaremos mais adiante, ainda na
aula de hoje.

Bem, com isso encerramos esta parte bem introdutória sobre o


Fato Jurídico e seus elementos (A.R.M.E.). Vejamos agora uma
Classificação dos Fatos Jurídicos. Podemos dizer que o Fato Jurídico
se divide em Natural (fato da natureza) e Humano (praticado por nós,
os seres humanos). Cada um destes possui uma subdivisão. Observe o
quadro abaixo. Este quadro é de extrema importância. Daqui para
frente (inclusive na próxima aula) vamos analisar cada item deste
quadro. Portanto, sempre que estiver em dúvida sobre o assunto
tratado, retorne a este quadro.

Fato Jurídico Natural (ou Fato Jurídico em Sentido Estrito)


• Ordinário – normalmente ocorre
• Extraordinário – caso fortuito ou força maior

Fato Jurídico Humano (ou simplesmente ATO)


Veremos estes temas abaixo na próxima aula. Por enquanto, é
importante que se saiba:

• Ato Jurídico em Sentido Amplo (ou Voluntário):

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- Ato Jurídico em Sentido Estrito – os efeitos são os


impostos pela lei (ex; reconhecimento de filho); não há
regulamentação da autonomia privada.
- Negócio Jurídico – os efeitos são os desejados pelas
partes (ex: contratos); há autonomia privada.
• Ato Ilícito (ou Involuntário):
- Civil
- Penal
- Administrativo

Caros alunos. Muito cuidado aqui. Algumas questões costumam


cair sobre o gráfico acima. E isso causa certa confusão ao aluno.
Querem um exemplo? Duas indagações (responda sem olhar o quadro):
O Ato Ilícito é um Ato Jurídico? O Ato Ilícito é um Fato Jurídico? .....
Resposta: basta analisar o gráfico com atenção (agora dê uma olhada
no gráfico) que iremos concluir que o Ato Ilícito é um Fato Jurídico
(humano), porém não é um Ato Jurídico!!!

Continuemos. O primeiro item do quadro que iremos analisar na


aula de hoje é o Fato Jurídico em Sentido Estrito, que a doutrina
também chama de Fato Jurídico Stricto Sensu ou Fato Natural (são
todas expressões sinônimas).
Pois bem. Fato Natural é o acontecimento que ocorre
independente da vontade humana e que produz efeitos jurídicos,
criando, modificando ou extinguindo direitos. Podem ser classificados
em:
Ordinário ⎯ O que há de mais certo em nossa vida?? A morte.
Ela ocorrerá independente de nossa vontade. Portanto é um fato
natural. Lógico que estou falando da morte por causas naturais
(costumo brincar – a morte morrida). Pois um homicídio (brincando
ainda – a morte matada) é um ato ilícito. Da mesma forma são Fatos
Jurídicos Naturais Ordinários: o nascimento, a maioridade, o decurso
de tempo que juridicamente se apresente sob a forma de prazo
(intervalo de dois termos), a usucapião (essa matéria é vista no Direito
das Coisas, quando o edital exigir esse item), a prescrição e a
decadência, etc. Estes últimos temas são importantíssimo e serão
analisados de forma autônoma, ainda nesta aula.
Extraordinário ⎯ são causas ligadas ao caso fortuito (causa
desconhecida - ex.: explosão de uma caldeira em uma usina) ou à força
maior (conhece-se a causa, fato da natureza - ex.: raio que provoca

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incêndio). Há uma imprevisibilidade. Em ambos o caso se configura


uma inevitabilidade do evento e ausência de culpa pelo ocorrido.

Prescrição e Decadência como Fato Jurídico - as obrigações


jurídicas não são eternas. Se eu empresto dinheiro a uma pessoa eu
não posso ficar cobrando a dívida a vida inteira. Eu tenho um tempo
para isso. Se eu não cobrar dentro de um determinado prazo (que é
marcado pela lei), eu não poderei mais cobrar. Assim, fundados na
necessidade de estabilidade social, da certeza do direito e de que as
relações jurídicas não se prorrogam indefinidamente, surgiram os
institutos da prescrição e da decadência.
A questão se liga ao decurso do tempo. Assim, a inércia do titular
de um direito, aliada ao decurso do tempo, faz com que a situação de
afronta ao direito prevaleça sobre o próprio direito.
Desta forma, o credor que não recebe o que lhe é devido tem o
direito de ajuizar uma ação para cobrar o devedor. Mas se deixa de
ajuizar a ação cabível, após certo tempo, perde o direito de fazê-lo,
consolidando-se uma situação contrária a seus interesses por desídia
sua. Há um brocardo em latim, muito conhecido, que diz:
dormientibus non succurrit jus – o direito não socorre aos que
dormem.
O fundamento dessa proteção a situações consolidadas no tempo
(embora contrárias ao direito de alguém) é a paz social, impedindo que
essa pudesse ser conturbada a qualquer tempo por quem se julgasse
prejudicado em algum direito seu. Se a pessoa não cuidou de defender
seu direito a tempo, praticamente “renunciou” a este direito, aceitando
inerte a afronta que lhe era feita. Não se trata de um instituto justo e
nem é esta a preocupação; o que se busca é uma questão de segurança
jurídica, de tranqüilidade. Ninguém se veria seguro em seus direitos, se
a qualquer tempo pudesse vê-los na contingência de serem contestados
por fatos ocorridos há muito tempo.
A Prescrição e a Decadência são causas extintivas decorrentes
do não exercício de um direito durante determinado prazo. Inércia e
decurso de prazo são seus elementos comuns.
Cuidado. O tema Prescrição e Decadência é comum a todas as
matérias do Direito. O Direito Penal, Administrativo, Tributário,
Comercial.... todas elas tratam do tema. É lógico que vamos dar o
enfoque sob a ótica do Direito Civil. Se cair uma questão sobre esse

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tema, veja antes em sua prova, que ramo do Direito está sendo
abordado. Vamos falar primeiro da Prescrição e depois da Decadência.
Antes, gostaria de falar sobre uma curiosidade (até porque já vi cair
isto em vários concursos): o Código Civil anterior não mencionava a
expressão Decadência. Para ele tudo era Prescrição. A doutrina é que
fazia a divisão. Mas não havia um consenso sobre todos os temas. Era
uma bagunça... Hoje a matéria está mais fácil. O Código diz o que é
Prescrição e o que é Decadência. E menciona os prazos de um e outro
Instituto. Além disso, tem uns “macetes” que irão diferenciá-los, que
irei mencionar depois, facilitando, ainda mais este estudo, que
confesso, é bem teórico.

I - DA PRESCRIÇÃO
Prescrição é a perda do direito da pretensão, pela inércia do seu
titular. Segundo Clóvis Beviláqua, prescrição é a perda da ação
atribuída a um direito e de toda a sua capacidade defensiva, em
conseqüência do não-uso dela durante determinado espaço de tempo.
Na vigência do Código anterior falava-se que prescrição era a
perda do direito de ação. Conceitua-se o direito de ação como “um
direito subjetivo público e abstrato dirigido ao Estado em não à parte
contrária”. Assim, por coerência aos ensinamentos processuais, o atual
Código consolidou a idéia de que a prescrição não atinge a ação
propriamente dita, mas apenas a pretensão. Isto porque se pode
ingressar com uma ação, mesmo prescrita, e ser possível sair-se
vitorioso, desde que a outra parte não alegue a prescrição.
Nossa missão aqui é objetiva. O que vem caindo nos concursos.
Evitando discussões doutrinárias e indicando que não se trata de
direito subjetivo público abstrato de ação, o atual Código adotou a tese
da prescrição da pretensão. É isso que interessa. Evite maiores
divagações sobre o tema. Prescrição é a perda do direito da pretensão.
Violado um direito nasce para o seu titular uma pretensão (o prazo
prescricional só se inicia no momento em que é violado o direito). Se
este ficar inerte, tem como pena a perda desta pretensão. É uma
sanção ao titular do direito violado (que foi negligente). Repito: não se
trata de proteger o lesante; trata-se de uma punição ao lesado por sua
inércia. Pela prescrição, se perde o direito de ajuizar a ação, ou seja, se
perde o direito de resolver a pendência judicialmente. Todavia, o direito
em si permanece incólume, só que sem proteção jurídica para
solucioná-lo. Tanto assim que, se alguém pagar uma dívida prescrita,

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não pode pedir a devolução da quantia paga. Isto porque existia o


direito de crédito que não foi extinto pela prescrição. Costuma-se dizer
que o direito prescrito converte-se em obrigação natural, isto é, sem
proteção judicial.

Disposições Gerais sobre a Prescrição – Costumo analisar cada item


sobre a prescrição de forma isolada. É uma maneira bem didática de
dar essa matéria. Assim:

Renúncia (art. 191 CC)


A renúncia à prescrição pode ser expressa ou tácita. E pode ser
feita após a consumação da prescrição, isto é, depois de decorrido o
prazo. A lei não admite a renúncia prévia. Não pode igualmente ser
feita em prejuízo de terceiro.
A renúncia tácita é presumida, a partir de fatos praticados pelo
interessado, incompatíveis com a prescrição (ex.: pagar a dívida, fazer
novação, fazer transação, etc. – vamos ver estes itens na aula sobre
Obrigações).

Alegação (art. 193 CC)


A prescrição pode ser alegada em qualquer fase do processo,
mesmo em grau de recurso pela parte a que aproveita. Não é cabível na
fase de liquidação em processo em fase de execução, nem em fase de
liquidação da sentença. Tem-se entendido que não se pode alegar
perante o Superior Tribunal de Justiça (STJ) e o Supremo Tribunal
Federal (STF), enquanto instâncias especiais e extraordinárias, posto
que somente podem reconhecer de recursos nos quais tenha havido
prévio debate da matéria em outras instâncias (pré-questionamento).
Efeitos
• os particulares, por meio de um contrato, não podem declarar
que um direito é imprescritível. Só a lei pode fazê-lo
• os prazos prescricionais não podem ser alterados, nem
reduzidos, nem aumentados por particulares por acordo de
vontades.
• antes de consumada é irrenunciável.

Pessoas a quem aproveita

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A prescrição pode ser alegada e aproveita tanto às pessoas físicas


como às jurídicas. A prescrição iniciada contra uma pessoa continua a
correr contra seu sucessor (art. 196 CC). Prescrevendo o direito
principal, prescrevem os acessórios.

Declaração de Ofício (ex officio)


O Juiz não pode suprir, de ofício, a alegação de prescrição, salvo
se favorecer a pessoa absolutamente incapaz (art. 194). A regra é que a
prescrição diz respeito a direito dispositivo da parte. Se ela não alegar o
juiz entenderá que houve renúncia tácita. No entanto o juiz pode
reconhecer de ofício em favor do absolutamente capaz, pois se entende
que há um interesse social neste fato.
Importante – Estamos de olho em tudo o que acontece, tentando
nos atualizar ao máximo. Assim, foi recentemente publicada a Lei
11.280 de 16 de fevereiro de 2.006, que revogou o artigo 194. Essa lei
está em vacatio legis (lembram-se desta expressão ? – Aula 01) de 90
dias. Portanto só entrará em vigor em maio. Se o edital sair antes
disso, deve cair como está no texto acima. Mas se o edital sair depois,
simplesmente ignore o texto acima. Ou seja, o Juiz poderá declarar a
prescrição sempre. E não só quando favorecer absolutamente
incapazes.

Requisitos da Prescrição
• existência de uma ação judicial exercitável.
• inércia do titular da ação (não exercício).
• continuidade dessa inércia durante certo lapso de tempo.
• ausência de algum fato ou ato a que a lei confira eficácia
impeditiva, suspensiva ou interruptiva de curso prescricional.
Causas Impeditivas, Suspensivas e Interruptivas
Em princípio, uma vez exigível o direito subjetivo surge a pretensão.
A partir daí começa a correr o prazo prescricional. No entanto a lei
prevê situações em que o prazo sequer inicia seu fluxo, ainda que já
surgida a pretensão (causas impeditivas) ou que suspendem o curso da
prescrição já iniciada (causas suspensivas) ou mesmo fazem com que o
prazo reinicie (causas interruptivas). Vamos ver item por item:

1. Causas Impeditivas (arts. 197, I a III; 198, I e 199, I e II CC)


São as circunstâncias que impedem que o curso prescricional se
inicie. Assim, não corre prescrição:

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• entre os cônjuges na constância da sociedade conjugal; se o


casamento se der após o prazo ter se iniciado, é caso de
suspensão.
• entre ascendentes e descendentes durante o poder familiar.
• entre tutelados ou curatelados e seus tutores e curadores,
durante a tutela ou curatela.
• contra os absolutamente incapazes.
• pendendo condição suspensiva (sobre este tema, veja os
elementos acidentais do Negócio Jurídico, que será
ministrado na próxima aula).
• não estando vencido o prazo.
• quando a ação se originar de fato que deva ser apurado no
juízo criminal não correrá a prescrição antes da respectiva
sentença definitiva (art. 200 CC).

2. Causas Suspensivas (arts. 198, II e III e 199, III CC)


São as circunstâncias que paralisam temporariamente o curso
prescricional. Superado o fato, a prescrição continua a correr,
computado o prazo decorrido antes do fato. Causas que suspendem a
prescrição:

• contra os ausentes do Brasil em serviço público da União,


dos Estados e Municípios.
• contra os que se acharem servindo nas Forças Armadas, em
tempo de guerra.
• pendendo ação de evicção (perda da propriedade para
terceiro em virtude de ato jurídico anterior e de sentença
judicial) suspende a prescrição em andamento.
• ocorrência de fato que torne uma pessoa capaz em
absolutamente incapaz (ex.: tornou-se louco após o inicio do
prazo).
Cuidado: As causas suspensivas e as impeditivas têm o mesmo
regime jurídico. Apenas fazem cessar temporariamente o curso da
prescrição.
Exemplo prático de uma hipótese suspensão do prazo de
prescrição: imaginem um direito qualquer, cujo prazo prescricional
seja de cinco anos. Passaram-se três anos e a pessoa não entrou com a

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ação judicial. Após esse prazo, surge uma causa suspensiva da


prescrição. Neste caso o prazo fica suspenso; fica parado (ex: credor e
devedora se casam – não corre prescrição durante o matrimônio). Ou
seja, durante esse período o prazo não é computado. Posteriormente
aquilo que fez com que o prazo ficasse parado, cessou (ex: o casal se
separa). O prazo volta a correr. O credor tem direito de ingressar com a
ação de cobrança. Mas só pelo prazo que resta, no caso dois anos. O
prazo volta a correr contado da data em que havia parado. Costumo
sempre dar o seguinte quadrinho para se entender melhor o tema:

Suspensão da Prescrição
Ano Ano
1º 2º 3º 4º 5º
Fluxo de prazo Suspensão Cessada a
prescricional de 5 anos, do suspensão, o
onde já decorreram 3 prazo retoma seu
anos. Prazo fluxo pelo saldo
(no caso são 2
anos).

3. Causas Interruptivas (art. 202 a 204 CC)


São as que inutilizam a prescrição iniciada, de modo que o seu
prazo recomeça a correr por inteiro da data do ato que a interrompeu.
A interrupção depende, em regra, de um comportamento do credor,
que deve mostrar interesse no exercício ou proteção do direito. São
causas que interrompem a prescrição:
• pelo despacho do Juiz, mesmo incompetente, que ordenar a
citação, se o interessado a promover no prazo e na forma da lei
processual (art. 219 CPC – “A citação válida torna prevento o
juízo, induz litispendência e faz litigiosa a coisa; e, ainda
quando ordenada por juiz incompetente, constitui em mora o
devedor e interrompe a prescrição”). Assim, há certa
conflitância entre o Código Civil (o despacho do juiz) e o Código
de Processo Civil (a citação em si). A doutrina vem tentando
harmonizar os dispositivos, prevalecendo a tese de que a
interrupção se dá com a citação, porém, com efeito retroativo à

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data da propositura da ação, desde que obedecidos os prazos


fixados na lei processual.
• pelo protesto judicial e/ou cambial destinado a prevenir a
responsabilidade, prover a conservação e ressalva de direitos
ou manifestar qualquer intenção de modo formal; constitui o
devedor em mora.
• pela apresentação do título de crédito em juízo de inventário,
ou em concurso de devedores. A habilitação do credor em
inventário, na falência ou nos autos de insolvência civil,
constitui comportamento que demonstra a intenção de
interromper a prescrição.
• por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor
(ex.: interpelação judicial, notificação judicial, ação pauliana,
ações cautelares de uma forma geral, etc.).
• por qualquer ato inequívoco ainda que extrajudicial, que
importe reconhecimento do direito do devedor (ex.: pagamento
de uma parcela do débito, pedido de prorrogação de prazo, etc.).

Importante: a interrupção da prescrição no Direito Civil só


poderá se dar uma vez (veja o art. 202 do CC).
Exemplo prático de uma hipótese de interrupção do prazo de
prescrição: imaginem novamente um direito qualquer, cujo prazo
prescricional seja de cinco anos. Passaram-se três anos e a pessoa não
entrou com a ação judicial. Após esse prazo, surge uma causa
interruptiva da prescrição (ex; credor ingressa com uma notificação ou
protesta um título de crédito). Neste caso o prazo “zera”, ou seja, volta
à estaca zero. Neste caso, o prazo reinicia o seu curso. A pessoa tinha
cinco anos para exercer o direito. Passaram-se três e não exerceu. Com
a interrupção devolve-se o prazo de cinco anos para ingressar com a
ação principal. Vejam o quadro abaixo que facilita o entendimento da
matéria:

Interrupção da Prescrição
Ano Ano
1º 2º 3º 1º 2º 3º 4º 5º

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Fluxo de um Interrupção Interrompido, o prazo


prazo Do fluirá por mais 5 anos; inicia-
prescricional de se novamente, por apenas
5 anos, onde já Prazo uma vez mais.
decorreram 3
anos.

Quem promove a interrupção ou suspensão ?


A suspensão ou interrupção da prescrição pode ser promovida:
• pelo próprio titular do direito em via de prescrição.
• por quem legalmente o represente.
• por terceiro que tenha legítimo interesse (credores,
herdeiros).
Reflexos da interrupção da prescrição
• a interrupção da prescrição por um credor não aproveita aos
outros, a não ser que sejam solidários.
• a interrupção efetuada contra um co-devedor não prejudica
aos demais devedores, a não ser que estes sejam solidários.
• a interrupção da prescrição contra o principal devedor
interrompe também o prazo prescricional contra o fiador.

Prazos
O prazo da prescrição é o espaço de tempo que decorre entre seu
termo inicial e final. O Código Civil optou por um critério simplificado
de 10 anos para o prazo prescricional geral, tanto para as ações
pessoais como para as reais, salvo quando a lei não lhe haja fixado
prazo menor (art. 205 CC).
Espécies de prazo
a) ordinário (ou comum) – 10 anos em ações pessoais ou reais,
alusivas ao patrimônio do titular da pretensão.
b) especial – prazos mais exíguos para possibilitar o exercício de certos
direitos (art. 206, §§ 1º a 5º CC). Destacamos como mais importantes:
02 (dois) anos quanto à pretensão para haver prestações alimentares, a
partir da data em que se vencerem; 03 (três) anos quanto à pretensão
de reparação civil por ato ilícito; 03 (três) anos quanto à pretensão para
haver o pagamento de título de crédito, a contar do vencimento

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(ressalvadas as disposições de lei especial); 03 (três) anos a pretensão


relativa a aluguéis de prédios urbanos ou rústicos. Citamos ainda:
Prescrevem em 1 (um) ano:
a) a pretensão dos hospedeiros ou fornecedores de víveres
destinados a consumo no próprio estabelecimento, para o
pagamento da hospedagem ou dos alimentos;
b) a pretensão do segurado contra o segurador, ou a deste contra
aquele, contado o prazo:
- para o segurado, no caso de seguro de responsabilidade civil, da data
em que é citado para responder à ação de indenização proposta pelo
terceiro prejudicado, ou da data que a este indeniza, com a anuência
do segurador;
- quanto aos demais seguros, da ciência do fato gerador da pretensão;
c) a pretensão dos tabeliães, auxiliares da justiça, serventuários
judiciais, árbitros e peritos, pela percepção de emolumentos,
custas e honorários;
d) a pretensão contra os peritos, pela avaliação dos bens que
entraram para a formação do capital de sociedade anônima,
contado da publicação da ata da assembléia que aprovar o laudo;
e) a pretensão dos credores não pagos contra os sócios ou
acionistas e os liquidantes, contado o prazo da publicação da ata
de encerramento da liquidação da sociedade.
• Prescreve em 2 (dois) anos:
- a pretensão para haver prestações alimentares, a partir da data
em que se vencerem. Quem for prestar concurso onde caia o Direito de
Família, cuidado com esse prazo. É o que mais cai...
• Prescrevem em 3 (três) anos:
a) a pretensão relativa a aluguéis de prédios urbanos ou rústicos;
b) a pretensão para receber prestações vencidas de rendas
temporárias ou vitalícias;
c) a pretensão para haver juros, dividendos ou quaisquer prestações
acessórias, pagáveis, em períodos não maiores de um ano, com
capitalização ou sem ela;
d) a pretensão de ressarcimento de enriquecimento sem causa;

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e) a pretensão de reparação civil;


f) a pretensão de restituição dos lucros ou dividendos recebidos de
má-fé, correndo o prazo da data em que foi deliberada a distribuição;
g) a pretensão contra as pessoas em seguida indicadas por violação
da lei ou do estatuto, contado o prazo:
- para os fundadores, da publicação dos atos constitutivos da
sociedade anônima;
- para os administradores, ou fiscais, da apresentação, aos sócios, do
balanço referente ao exercício em que a violação tenha sido praticada,
ou da reunião ou assembléia geral que dela deva tomar conhecimento;
- para os liquidantes, da primeira assembléia semestral posterior à
violação;
h) a pretensão para haver o pagamento de título de crédito, a contar
do vencimento, ressalvadas as disposições de lei especial;
i) a pretensão do beneficiário contra o segurador, e a do terceiro
prejudicado, no caso de seguro de responsabilidade civil obrigatório.
• Prescreve em 4 (quatro) anos:
- a pretensão relativa à tutela, a contar da data da aprovação das
contas.
• Prescrevem em 5 (cinco) anos:
a) a pretensão de cobrança de dívidas líquidas constantes de
instrumento público ou particular;
b) a pretensão dos profissionais liberais em geral, procuradores
judiciais, curadores e professores pelos seus honorários, contado o
prazo da conclusão dos serviços, da cessação dos respectivos contratos
ou mandato;
c) a pretensão do vencedor para haver do vencido o que despendeu
em juízo.
Ações Imprescritíveis - a prescritibilidade é a regra. A
imprescritibilidade, a exceção. São imprescritíveis as ações que
versem sobre:
- os direitos da personalidade, como a vida, a honra, o nome, a
liberdade, a intimidade, a própria imagem, as obras literárias,
artísticas ou científicas, etc.

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- o estado da pessoa, como filiação, condição conjugal, cidadania, etc.


(ex.: o filho nascido fora de um casamento pode mover ação de
investigação de paternidade a qualquer momento; não há prescrição
para isso).
- o direito de família no que concerne à questão inerente à pensão
alimentícia, vida conjugal, regime de bens, etc.
- ações referentes a bens públicos de qualquer natureza.
- Ação para anular inscrição do nome empresarial feita com violação
de lei ou do contrato.

II – DA DECADÊNCIA
Decadência é a perda do direito material ou do direito
propriamente dito. Como falei acima, o Código Civil atual apresenta
mais uma inovação quanto ao tema, disciplinando, expressamente, a
decadência nos artigos 207 a 211. Com a decadência, extingue-se o
próprio direito existente, de modo que nada mais resta. Não se
exercendo o direito dentro de certo prazo, tem-se a extinção desse
direito. Se alguém paga débito abrangido pela decadência, tem direito à
restituição, porque não mais existe o direito de crédito. Lembre-se se
alguém pagar algo que estava prescrito não pode pedir de volta o que
pagou. O pagamento valeu. Por que? Porque o Direito existia. Mas se
alguém paga algo em que ocorreu a Decadência, pode pedir o dinheiro
de volta, pois pagou algo que não existe mais. Não há mais o direito.
Enquanto a prescrição atinge a pretensão, a decadência atinge o
próprio direito.
IMPORTANTE - Direito de Ação X Direito Material - Para ficar
bem claro que na Prescrição perde-se o direito à pretensão e na
Decadência perde-se o direito material, costumo sempre diferenciar o
que é um direito material e o que é um direito de ação. Vou
inicialmente usar um exemplo do Direito Penal. A Constituição Federal
estabelece uma série de Direitos e Garantias ao cidadão. Um deles é o
Direito de Locomoção; o direito de ir, vir e permanecer. Logo o Direito
de Locomoção é um direito propriamente dito, é um direito material. Se
uma autoridade viola esse direito, ou seja, determina a prisão da
pessoa de forma ilegal, o que esta pessoa deve fazer?? Ingressar com
uma ação!!! Qual o nome desta ação? – Habeas Corpus. O Habeas
Corpus é, então, uma ação. Direito Material – Liberdade; Direito de
Ação – Habeas Corpus. Outro exemplo, agora no Direito Civil: eu

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empresto determinada quantia de dinheiro a um conhecido. Qual é o


meu direito? De receber o dinheiro que eu emprestei de volta. Este é
meu direito material, meu direito propriamente dito. Se essa pessoa
não paga o que está devendo, está violando meu direito material. Com
isso, “nasce” o meu direito à pretensão. Ou seja, o meu direito de
cobrar o que ele me deve judicialmente. Assim: Direito Material = de
receber o que eu emprestei; Direito de Ação = Ação de Cobrança.
O objeto da decadência é o direito que, por determinação legal ou
por vontade humana (unilateral ou bilateral), está subordinado à
condição de exercício em certo espaço de tempo, sob pena de
caducidade. Como exemplo de decadência convencional citamos a
oferta, em uma loja de eletrodomésticos, de venda válida somente por
alguns dias. Exercido o direito afasta-se a decadência, uma vez que
esta se dá quando o direito não é exercido. Se você não aproveitar a
oferta dentro do prazo marcado, não poderá mais ir à loja para
“aproveitar a oferta”. Esta não existe mais. O direito a essa oferta não
existe mais.
A decadência pode ser argüida em qualquer estado da causa e em
qualquer instância. O Juiz deve decretá-la, mesmo sem provocação
das partes no momento em que a detectar. Falamos que o Juiz age ex
officio. O direito é irrenunciável. Há um interesse social em ver extinto
o direito pelo seu não exercício no prazo previsto em lei. No entanto o
Juiz não pode declarar a decadência de ofício sobre direitos
patrimoniais, porque (neste caso) tendo caráter de ordem privada, é
renunciável, e sua não-argüição pela parte interessada é um dos
modos da renúncia tácita.
A decadência pode ser: a) legal - quando o prazo estiver previsto
na lei; ou b) convencional - quando sua previsão decorrer de uma
cláusula pactuada pelas partes em um contrato (ex.: prazo para o
exercício do direito de arrependimento previsto em um contrato).
Lembre-se que é nula a renúncia à decadência legal pois é matéria de
ordem pública (art. 209 CC)

Efeitos
O efeito da decadência é a extinção do direito em decorrência de
inércia de seu titular para o seu exercício. Extingue o direito,
extinguindo, indiretamente, a ação.
O prazo decadencial corre contra todos. Nem mesmo aquelas
pessoas contra as quais não corre a prescrição ficam livres de seu

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efeito, salvo no caso do art. 198 do CC, pois o prazo não corre contra
absolutamente incapazes.
A decadência, como regra, não se suspende e nem se interrompe e
só é impedida pelo efetivo exercício do direito, dentro do lapso de
tempo prefixado.
Os relativamente incapazes e as pessoas jurídicas têm ação
contra os seus assistentes ou representantes legais que derem causa à
decadência ou não a alegarem oportunamente.

Prazos
Atualmente os prazos prescricionais estão discriminados nos
artigos 205 e 206 do CC. Logo todos os demais prazos estabelecidos
pelo Código são decadenciais. Citamos alguns, de forma
exemplificativa:
• 3 dias – sendo a coisa móvel, inexistindo prazo estipulado para
exercer o direito de preempção (preferência), após a data em que o
comprador tiver notificado o vendedor.
• 30 dias - contados da tradição da coisa para o exercício do
direito de propor a ação em que o comprador pretende o
abatimento do preço da coisa móvel recebida com vício redibitório
ou rescindir o contrato e reaver o preço pago, mais perdas e
danos (art. 445 do CC) ⎯ ação estimatória.
• 60 dias – para exercer o direito de preempção, inexistindo prazo
estipulado, se a coisa for imóvel, após a data em que o comprador
tiver notificado o vendedor.
• 90 dias – para o consumidor obter o abatimento do preço de
bem imóvel recebido com vício.
• 120 dias – prazo para impetrar Mandado de Segurança.

• 180 dias – para o condômino, a quem não se deu conhecimento


da venda, haver para si a parte vendida a estranhos, depositando
o valor correspondente ao preço; direito de preferência, se a coisa
for móvel, reavendo o vendedor o bem para si (art. 513 CC,
parágrafo único); para anular casamento do menor quando não
autorizado por seu representante legal, contados do dia em que
cessou a incapacidade (se a iniciativa for do incapaz), a partir do
casamento (se a proposta for do representante legal ou morte do

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incapaz (se a atitude for tomada pelos seus herdeiros necessários)


– art. 1.555 e §1º; para a anulação de casamento, contados da
data da celebração, de incapaz de consentir (art. 1.560, I CC);
para invalidar casamento de menor de 16 anos, contados para o
menor do dia em que perfez essa idade e da data do matrimônio
para seus representantes legais (art. 1.560, §2º).

• 1 ano – para obter a redibição ou abatimento no preço, se for


imóvel, contado da entrega efetiva (art. 445 CC); para pleitear
revogação de doação, contado da data do conhecimento do doador
do fato que a autorizar (art. 559 CC).

• ano e dia – para desfazer janela, sacada, terraço ou goteira


sobre o seu prédio (art. 1302 CC).

• 2 anos – para mover ação rescisória (art. 495 CPC); para anular
negócio jurídico, não havendo prazo, contados da data da
conclusão do ato (art. 179 CC); para exercer o direito de
preferência se a coisa for imóvel (art. 513, parágrafo único CC);
anulação de casamento se incompetente a autoridade celebrante
(art. 1.560, II CC); para pleitear anulação de ato praticado pelo
consorte sem a outorga do outro, contado do término da
sociedade conjugal (art. 1.649 CC).

• 3 anos – para o vendedor de coisa imóvel recobrá-la, se reservou


a si tal direito, mediante devolução do preço e reembolso das
despesas do comprador (art. 505 CC); exercer direito de intentar
ação de anulação de casamento, contado da data da celebração,
em razão de erro essencial sobre a pessoa do outro cônjuge (art.
1.560, III CC).

• 4 anos – para pleitear anulação de negócio jurídico contado: no


caso de coação, do dia em que ela cessar; no de erro, dolo, fraude
contra credores, estado de perigo ou lesão, do dia em que se
realizou o negócio jurídico; no de ato de incapazes, no dia em que
cessar a incapacidade (art. 178, I, II e III); para intentar ação de
anulação de casamento, contado da data da celebração por ter
havido coação (art. 1.560, IV).

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• 5 anos – impugnar a validade de testamento, contado da data


de seu registro.
Desde o início estamos dizendo que esse curso é dirigido para
Concursos Públicos. Portanto é importante a distinção da prescrição e
da decadência, dos institutos da preclusão e perempção (de natureza
processual, ou seja dentro de um processo já em andamento). Num
curso jurídico não se misturam esses temas em uma aula, “pois eles
nada têm a ver um com o outro”. Mas para efeito de concurso, é
importante, pois o examinador coloca essas palavras em alternativas
diversas, mesmo estando erradas, para confundir. Assim:
Preclusão – é a perda de uma faculdade processual por não ter
sido usado no momento oportuno (ex.: prazo para arrolar testemunhas,
prazo para recorrer da decisão, etc.). Impede que a questão seja
renovada, dentro do mesmo processo.
Perempção – é a perda do direito de ação pelo autor que deu
causa a três arquivamentos sucessivos; também é a extinção da
hipoteca após o transcurso do prazo de trinta anos.

Caros alunos o quadro que veremos adiante é de suma


importância. É a síntese do tema que estamos tratando – Prescrição e
Decadência. Consulte esse gráfico sempre que estiver em dúvida. Se a
dúvida continuar, releia a matéria.

Distinções entre Prescrição e Decadência

Prescrição Decadência
1. Extingue a pretensão (ação). 1. Extingue o direito, atingindo,
indiretamente, a ação.

2. Prazo estabelecido apenas por 2. Prazo estabelecido pela lei ou


lei. vontade das partes.
3. Na decadência decorrente de
prazo legal o Juiz deve
3. Não pode ser declarada de ofício declará-la de oficio,
pelo Juiz nas ações independente de argüição.
patrimoniais; deve ser argüida
pelas partes (salvo se for em 4. A decadência decorrente de

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benefício de absolutamente prazo legal não pode ser


incapaz). Cuidado – lei nova renunciada pelas partes, nem
em vacatio legis revogou este antes, nem depois de
dispositivo consumada.
4. A parte pode não alegá-la. É 5. Corre contra todos, como
renunciável após a consumação. regra.
5. Não corre contra determinadas 6. Não se admite suspensão ou
pessoas. interrupção em favor daqueles
6. Pode ser suspensa, contra os quais não corre
interrompida ou impedida pelas prescrição. Só pode ser
causas previstas na lei (vide obstada a sua consumação
mais adiante). pelo exercício efetivo do direito
ou da ação.
7. Prazo geral de 10 anos (art.
205). Prazos especiais de 1, 2, 3, 7. Não há regra geral para os
4 e 5 anos (art. 206) prazos. Podem ser de dias,
meses e anos. Previstos em
dispositivos esparsos pelo
Código.

Dica de Concurso – Num caso concreto, para saber se o prazo é


prescricional ou decadencial (o examinador pode pedir isso – é muito
comum, inclusive), procure identificar inicialmente se o prazo está nos
artigos 205/206 (prescrição) ou em outro artigo do Código
(decadência). Como vimos, se o prazo estiver nos artigos 205 ou 206 é
caso de prescrição. Se não estiver nestes artigos, será de Decadência.
Após isso verifique a contagem de prazos. Se for em dias, meses ou ano
e dia, o prazo é decadencial. Se o prazo for em anos, poderá ser caso de
prescrição ou de decadência.

Vamos agora apresentar o nosso já famoso quadro sinótico, que é


um resumo do que foi falado na aula de hoje. Esse resumo tem a
função de ajudar o aluno a melhor assimilar os conceitos dados em
aula e também de facilitar a revisão da matéria para estudos futuros.

QUADRO SINÓTICO - DOS FATOS JURÍDICOS

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Fato Comum – Ação humana ou fato da natureza sem repercussão no


Direito.

Fato Jurídico – acontecimento ao qual o Direito atribui efeitos.


A.R.M.E. (Aquisição, Resguardo, Modificação e Extinção) de Direitos.
a) Aquisição de Direitos ⎯ conjunção com seu titular.
b) Resguardo de Direitos ⎯ meios para protegê-los, defendê-los.
c) Modificação de Direitos ⎯ transformação de seu conteúdo ou
titular, sem alteração de sua essência.
d) Extinção dos Direitos ⎯ perecimento, alienação, prescrição e
decadência.

Classificação dos Fatos Jurídicos


1- Fato Jurídico Natural (sentido estrito)
• Ordinário
• Extraordinário

2 - Fato Jurídico Humano


• Ato Jurídico em Sentido Amplo ou Voluntário:
- Ato Jurídico em Sentido Estrito
- Negócio Jurídico
• Ato Ilícito ou Involuntário:
- Civil
- Penal
- Administrativo
Fato Jurídico em Sentido Estrito (ou Natural)
1. Ordinário ⎯ morte, maioridade, prescrição e decadência

2. Extraordinário – inevitabilidade e ausência de culpa


• Caso Fortuito ⎯ causa desconhecida
• Força Maior ⎯ causa conhecida

3. Prescrição
• Perda da Pretensão
• Requisitos
a) impeditivas
• Causas b) suspensivas

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c) interruptivas
• Prazos

4. Decadência
• Perda do Direito em si
• Argüição
• Efeitos
• Prazos

TESTES

Observação Importante - Antes de iniciar a resolução dos testes,


quero deixar bem claro que todos eles já caíram em concursos. Foram
selecionados pela abrangência da matéria e pelo grau de dificuldade.
Realmente não são fáceis. Possuem grande carga de teoria e muitos
são capciosos. Pois é assim que costuma cair nos concursos. Tenho
para mim que não adiantaria nada colocar aqui testes de fácil
resolução. Isso não teria nenhuma valia para o aluno. Bastaria uma
simples leitura da aula dada, mesmo que de forma superficial e todos
eles estariam resolvidos com 100% de aproveitamento. Daria uma falsa
noção de que o aluno aprendeu toda a matéria e que tudo é muito fácil.
Optei por colocar testes mais difíceis. A minha intenção não é
“derrubar” o aluno. Também não é para se fazer uma avaliação do que
foi aprendido em aula. Não se preocupe com o seu grau de acerto das
questões. Na verdade esses testes são um “complemento da aula”. Em
cada teste vou explicando e aprofundando a matéria dada em aula.
Observem que muitos testes mencionam outros pontos do Direito Civil
que ainda não foram explicados (mas serão no seu devido tempo).
Portanto, nos testes, explico melhor o que foi dado em aula. Por este
motivo que cada teste é totalmente comentado, alternativa por
alternativa. Não desanime se você não teve um alto grau de acerto. Isso
é normal. Principalmente nesta matéria que é bem teórica. Neste
estágio de estudo isso não é importante. Esses testes são destinados a
mais uma etapa do aprendizado. Para fixação da matéria.
Principalmente para aqueles não são formados em Direito e que nunca
tiveram contato com essa matéria. Vamos iniciar:

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01 – Assinale a alternativa falsa:

a) Ato jurídico stricto sensu é o que surge como mero pressuposto de


efeito jurídico, preordenado pela lei, sem função e natureza de auto-
regulamento.
b) Um exemplo de Negócio Jurídico é o contrato.
c) Fato jurídico stricto sensu é o acontecimento dependente da vontade
humana que produz efeitos jurídicos, criando, modificando ou
extinguindo direitos.
d) Ato ilícito é o praticado contra disposição de lei podendo ter efeitos
na ordem civil, penal ou administrativo.

02 – Assinale a alternativa CORRETA, dentre as abaixo


enumeradas, no que se refere à classificação dos negócios
jurídicos.

I - Os negócios jurídicos típicos são apenas aqueles disciplinados pelo


Código Civil.
II - Os negócios jurídicos onerosos podem ser comutativos ou
aleatórios.
III - O seguro de vida é um negócio jurídico mortis causa.
IV - A fiança não é um negócio jurídico acessório.
a) Somente II está correta.
b) Todas estão corretas.
c) Somente I e II estão corretas.
d) Somente III está correta.
e) Todas estão erradas

03 – Assinale a alternativa correta:

a) a prescrição é matéria de ordem pública e não pode ser renunciada


pelas partes;

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b) os prazos de prescrição podem ser alterados por acordo das partes;


c) o juiz pode suprir, de ofício, a alegação de prescrição se favorecer a
absolutamente incapaz;
d) a prescrição poderá ser interrompida quantas vezes surgirem as
condições de interrupção descritas no Código Civil.

04 – Não corre a prescrição entre:


a) cônjuges, ainda que divorciados ou separados judicialmente;
contra os que se acharem servindo no exército nacional, em favor
do mandante, contra o mandatário.
b) cônjuges, apenas na constância da sociedade conjugal; contra os
ausentes do Brasil, quando em serviço público; se pendente ação
de evicção.
c) tutelado e tutor, enquanto durar a tutela; contra os índios; se
pendente ação declaratória negativa ou constitutiva de direitos.
d) ascendentes e descendentes durante o poder familiar; entre o
credor pignoratício e o depositante; contra os incapazes, seja a
incapacidade absoluta ou relativa.

05 – Com relação aos institutos da prescrição e da decadência


assinale a alternativa incorreta:

a) O Código Civil em vigor deixou claro o antigo entendimento


doutrinário no sentido de que a prescrição atinge a pretensão;
b) A decadência atinge direitos não-dotados de pretensão;
c) A prescrição é renunciável, expressa ou tacitamente; a decadência
fixada em lei, não;
d) A suspensão da prescrição em favor de um dos credores aos outros
aproveita.

06 – Tício e Caio são credores solidários de Antônio. Estando o débito


prestes a prescrever, Tício notificou Antônio, por via judicial, visando à
interrupção da prescrição. Em seguida, passado o prazo original de
prescrição, Caio propôs ação de cobrança contra Antônio. A dívida:

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a) está prescrita com relação a ambos.


b) está prescrita com relação a Caio, mas não com relação a Tício.
c) está prescrita com relação a Tício, mas não com relação a Caio.
d) não está prescrita com relação a qualquer dos credores.

07 – Se o quantum da pensão alimentícia for fixado judicialmente,


a pretensão para cobrar as prestações não pagas:

a) prescreverá em cinco anos.


b) será imprescritível.
c) prescreverá em dois anos.
d) decairá em três anos.

08 – São imprescritíveis as pretensões que versam sobre:

a) os bens públicos, o estado da pessoa e a cobrança de prestações


alimentares vencidas.
b) a ação para anular inscrição do nome empresarial feita com violação
de lei ou do contrato.
c) o estado da pessoa, os direitos da personalidade e a cobrança de
prestações vencidas de rendas vitalícias.
d) o direito a alimentos e a ação de reparação civil em razão de
contrafação.

09 – É falso afirmar a respeito da decadência:

a) o prazo decadencial como regra não pode ser suspenso ou


interrompido.
b) a decadência sempre pode ser conhecida de ofício pelo Juiz.
c) o prazo decadencial pode ser legal ou convencional.
d) pode haver renúncia à decadência.

10 – Assinale a alternativa incorreta:

a) O direito à integridade física compreende a proteção jurídica ao


corpo humano, quer em sua totalidade, quer em relação a tecidos,

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órgãos e partes do corpo humano suscetíveis de separação e


individualização;
b) O indivíduo é livre para deliberar sobre a concessão ou não de
material para fins de exame de DNA. A negativa, entretanto, gerará
presunção absoluta da veracidade do fato que se pretendia provar;
c) Não basta o adultério da mulher, ainda que confessado, para elidir a
presunção legal de paternidade;
d) Cabe ao marido o direito de contestar a paternidade dos filhos
nascidos de sua mulher, sendo tal ação imprescritível.

GABARITO COMENTADO

01 – Alternativa incorreta – letra “c”. Questão bem de doutrina.


Reveja o quadro fornecido no início da aula. Fato jurídico stricto sensu
(ou Fato Natural) é todo acontecimento natural que produz efeitos na
órbita jurídica. Portanto, o que está errado no enunciado é o
acontecimento dependente da vontade do homem. Se o ato for
provocado pela ação humana, passará a ser qualificado como Ato
Jurídico. A letra “a” está correta, pois o Ato Jurídico em sentido estrito
é aquele que surge como efeito do ato, sendo que este efeito é imposto
pela lei. A letra “b” também está correta: o Negócio Jurídico é aquele
cujos os efeitos são desejados pelas partes, sendo que um contrato é
seu exemplo típico.

02 – Alternativa correta – letra “a”. Somente o enunciado II está


correto. O item II está correto. Os negócios jurídicos onerosos podem
ser comutativos (quando as prestações de ambas as partes são
conhecidas e guardam uma relação de equivalência) ou aleatórios (pelo
menos uma das prestações não é conhecida e pode haver uma não
equivalência entre elas – ex: seguro de um carro). O enunciado I é
muito capcioso, pois negócios jurídicos típicos são aqueles que estão
previstos e disciplinados na lei de uma forma geral. E não só no Código
Civil, como está na questão. Portanto está errado. O enunciado III
também está errado, pois o seguro de vida é um negócio jurídico feito
inter vivos, sob um termo futuro que é o evento morte (em geral ele é

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realizado em vida para gerar efeitos depois da morte). Finalmente o


item IV também está errado: a fiança é um negócio jurídico acessório
que garante um negócio principal. Veremos melhor todos esses itens
nas próximas aulas. Este teste apenas “adiantou” um pouco a matéria
que ainda veremos.

03 – Alternativa correta – letra “c”. Tendo em vista que a prescrição


pode ser renunciada pelas partes (desde que vencida e inexistindo
prejuízo de terceiro), o juiz, de regra, não pode reconhecê-la de ofício,
ou seja, sem ser provocado. Há uma lei que está em vacatio legis e que
irá mudar esse entendimento. O artigo 194 do CC será revogado e o
Juiz poderá reconhecer a prescrição de ofício em qualquer hipótese.
Porém, por enquanto a lei ainda não mudou. A exceção (atualmente)
fica por conta do absolutamente incapaz, que pode ter a prescrição
reconhecida de ofício, somente em seu benefício, conforme previsão do
artigo citado acima. A letra “a” está errada, pois as partes podem
renunciar a prescrição. Como? – Pagando uma dívida prescrita, você
está renunciando a prescrição. A letra “b” também está errada os
prazos prescricionais são fixos, previstos nos artigo 205 (regra geral) e
206 do CC, não podendo ser alterado por vontade das partes. A
prescrição não pode ser interrompida quantas vezes se quiser
(antigamente podia; foi outra modificação introduzida e que já está em
vigor). O artigo 202 determina que a interrupção da prescrição somente
pode ocorrer uma vez.

04 – Alternativa correta – letra “b”. Os artigos 197, 198 e 199 do


CC/02 trazem nove situações que impedem (não começa a correr) ou
suspendem (o seu curso fica paralisado temporariamente) a prescrição.
Confira as hipóteses legais com as opções mencionadas no teste.
Observe que estas hipóteses não devem ser confundidas com as do art.
202, que tratam da interrupção da prescrição (quando o prazo corrido
é inutilizado, reiniciando-se seu cômputo). Não é isso que a questão
quer. Na letra “a” o que está errado é a afirmativa “em favor do
mandante, contra o mandatário”; na letra “c” o Código Civil não fala
expressamente do índio e, além disso, não menciona a frase “se
pendente ação declaratória de direitos”. Na letra “d” está errada a frase
“credor pignoratício e depositante” e também a incapacidade relativa
(ou seja, só não corre a prescrição contra os absolutamente incapazes).

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05 – Alternativa incorreta – letra “d”. A interrupção da prescrição


por um dos credores, somente aproveitará aos outros, se a obrigação
for solidária, conforme determinação do artigo 201, do CC/02. Como a
questão não dizia se a obrigação era solidária, deve ser entendido que
não era, pois solidariedade nunca se presume, decorre de lei ou de
contrato (art. 265, CC/02). Vejam como o teste foi capcioso. Tenho
para mim eu todas as alternativas estariam corretas. Porém a
alternativa “d” está incompleta (e não totalmente errada) cotejando-se
o texto da lei. No entanto a questão foi considerada válida e não foi
anulada. As demais estão corretas. Letras “a” e “b” a prescrição atinge
a pretensão, enquanto a decadência o direito propriamente dito (não
dotados de pretensão). A letra “c” também está correta (veja a questão
03).

06 - Alternativa correta letra “d”. Como regra, a interrupção da


prescrição aproveita somente a quem a promove. Todavia, como vimos
na questão anterior, tratando-se de obrigação solidária ativa (em que
todos os credores são considerados como se fossem apenas um credor),
a interrupção feita por um aproveitará a todos, nos termos do art. 204,
§ 1º, do CC/02. Portanto quando Tício notificou Antônio o prazo
prescricional foi interrompido em relação aos dois credores (e não
somente a quem notificou).

07 – Alternativa correta letra “c”. Não devemos confundir o direito


aos alimentos, que é irrenunciável e imprescritível, com o direito à
cobrança das prestações alimentares, vencidas e não pagas (ou seja,
quando o alimentante já foi condenado ao pagamento e não pagou). A
pretensão de cobrança das prestações alimentares prescreve em 2
anos, conforme previsão do art. 206, § 2º, CC/02.

08 – Alternativa correta letra “b”. O nome empresarial identifica o


empresário e a sociedade no exercício de suas atividades, constituindo
em legítimo direito da personalidade. Devido sua importância, o artigo
1.167 do CC, possibilita que o prejudicado possa, a qualquer tempo,
ingressar com ação (imprescritível) para anular inscrição feita na Junta
Comercial. A letra “a” apenas está errada a frase “cobrança de
prestações alimentares vencidas” (o direito aos alimentos é
imprescritível; no entanto as prestações prescrevem); a letra “c” está
errada a frase “cobrança de prestações vencidas de rendas vitalícias e a

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PROFESSOR LAURO ESCOBAR

“d” ação de reparação civil em razão de contrafação (contrafação


significa reprodução fraudulenta, falsificação).

09 – Alternativa incorreta – letra “b”. Questão capciosa. Como


vimos, a Decadência é a perda do direito em si (do direito material ou
do direito propriamente dito), pela falta de seu exercício, no prazo
previsto em lei ou pelas partes. Classifica-se, portanto, em
convencional (que pode ser renunciada e, portanto, não pode ser
reconhecida ex officio) ou legal (que por ser irrenunciável, pode ser
reconhecida ex offício - conforme disposição do art. 210, do CC/02).
Assim o que está errado é a afirmação “a decadência sempre pode ser
conhecida de ofício”. Como vimos, nem sempre.

10 – Alternativa incorreta – letra “b”. A questão mistura vários


conceitos de diferentes pontos do Direito Civil. A recusa à perícia
médica ordenada pelo juiz, pode suprir, a prova que se pretendia obter
com o exame, por força do contido no art. 232, do CC/02. Todavia,
essa presunção gerada não é absoluta, mas sim relativa (presunção
juris tantum). Se em uma ação de investigação de paternidade o
suposto pai não quiser fazer o exame de DNA o Juiz pode considerá-lo
culpado. Mas isso não quer dizer que já está condenado. Não há uma
presunção absoluta. O Juiz vai analisar todas as provas carreadas aos
autos para formar sua convicção. Mas a recusa ao fazer o exame pode
levar o Juiz a condená-lo. A letra “a” está correta; se tiver alguma
dúvida retorne a aula Pessoas Físicas. Quanto a letra “c” uma mulher
pode considerada adúltera e com isso culpada por uma separação
judicial. Mas isso não implica, automaticamente, mesmo que
confessado pela mulher, que o marido não é o pai dos filhos havidos na
constância da sociedade conjugal. Para tanto é necessário um processo
com esta finalidade (negativa de paternidade). A alternativa “d” está
correta. Os filhos nascidos na constância do casamento presumem-se
que são dos cônjuges. Mas é uma presunção relativa (juris tantum) que
pode ser contestada pelo pai em alguns casos (ex: o marido estava
acometido por doença que lhe impedia de ter filhos - era estéril).

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