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AVESSOS
CURITIBA
2010
GIOVANNA GARCIA DE LIMA
AVESSOS
CURITIBA
2010
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................. 6
4. INTERNET ....................................................................................................... 33
5. PRODUTO ........................................................................................................ 45
7. CRONOGRAMA .............................................................................................. 71
REFERÊNCIAS ................................................................................................... 72
ÍNDICE DE ANEXOS
ANEXO A .............................................................................................................. 77
ANEXO B............................................................................................................... 79
ANEXO C............................................................................................................... 85
ANEXO D .............................................................................................................. 87
ANEXO E ............................................................................................................... 89
ÍNDICE DE TABELAS
TABELA 1 ............................................................................................................. 51
TABELA 2 ............................................................................................................. 55
ÍNDICE DE FIGURAS
FIGURA 1 .............................................................................................................. 64
FIGURA 2 .............................................................................................................. 65
FIGURA 3 .............................................................................................................. 65
FIGURA 4 .............................................................................................................. 71
RESUMO
O trabalho em questão visa a explorar o percurso da crônica e da Internet ao
longo dos anos, destacando as respectivas mudanças e desdobramentos. Ao
analisar esses dois elementos de uma forma mais aprofundada, percebe-se que o
blog é um veículo originado a partir do surgimento da internet que compartilha
muitas semelhanças com a crônica, como a liberdade de forma e conteúdo, a
representação como panorama de um período e capacidade de serem ferramentas
importantes para gerar discussões. No mundo contemporâneo, o jovem pós-
moderno é o que mais está em contato com a internet, especialmente com os
blogs. O objetivo foi mesclar os benefícios propostos pela crônica com os
referentes aos blogs, a fim de gerar reflexão sobre temas atuais.
PALAVRAS-CHAVE
Blog; Crônica, Internet, Jornalismo, Jovem pós-moderno, Virtual, Web.
ABSTRACT
This thesis intends to explore chronicle and Internet course over the years,
highlighting the respective changes and outspreads. When analyzing these two
elements more deeply, it is observed that the blog is a vehicle originated from
Internet appearance, which shares many similarities with chronicles as form and
content freedom, representation as a perspective of a period and capacity of being
an important tool to bring out argumentations. In the contemporary world, the
post-modern young people are the ones most related to Internet, especially with
blogs. The purpose was to mix the benefits proposed by chronicles with the ones
regarding blogs in order to provide reflections about current matters.
KEYWORDS
Blog; Chronicle, Internet, Journalism, Post-modern young people, Virtual, Web.
1. INTRODUÇÃO
8
2. OPINIÃO NO JORNALISMO BRASILEIRO
Não que a informação/ notícia estivesse ausente das páginas. Mas a forma como era
apresentada é que era diferente. As reportagens não escondiam a carga panfletária,
defendendo explicitamente as posições dos jornais (e de seus donos) sobre os mais
variados temas. (..)Antes de ir ao verdadeiro assunto da matéria, os textos faziam
longas digressões, relacionando-a com a linha de pensamento do veículo (..) Não havia
objetividade ou impacialidade (...)
9
Posteriormente, o próprio Pena (2005) esmiúça essa polêmica,
concluindo que esses dois valores não existem até os dias de hoje.
Uma nova etapa do jornalismo começou aí. O espaço para a opinião e
informação foram divididos dentro do jornal. A informação ganhou uma parte
significativa, visto que propunha um conteúdo padronizado, feito especialmente
para o consumo, como observa José Marques de Melo (1994, p.23): “O
jornalismo informativo afigura-se como categoria hegemônica, no século XIX,
quando a imprensa norte-americana acelera seu ritmo produtivo, assumindo
feição industrial e convertendo a informação de atualidade em mercadoria.
Carlos Eduardo Lins da Silva (1991, p.61) completa: “os jornais passaram a
vender um produto (a notícia) a um público e a vender o seu público a
anunciantes interessados em aumentar a venda de seus próprios produtos”.
Uma análise que merece ser colocada é de Carlos Chaparro lembrada por
Felipe Pena (2005) que explica que a reserva de espaços destinados para a
opinião contribui para a confusão da população. Isso acontece porque as pessoas
acreditam que quando se trata de informação, imagina-se um conteúdo puro,
isento o ponto de vista do jornalista. “A divisão entre notícias e comentários não
representou uma separação entre informação e opinião, mas entre dois tipos de
texto, um com uma estrutura formal argumentativa, outro com estrutura formal
narrativa” (apud PENA, 2005 p. 52)
Sabe-se que as mudanças feitas no jornalismo norte-americano condiziam
com as transformações da sociedade, da economia e da política do país.
Schudson (apud SILVA, 1991, p.61) explica com clareza o contexto pelo qual
os Estados Unidos estavam passando:
Nesse período, o país foi transformado de uma república mercantilista liberal ainda
calcada em valores aristocráticos, em uma democracia de mercado igualitária, onde
dinheiro tinha um novo poder, o indivíduo uma nova postura e a busca de auto-
interesse uma nova honra.. Uma democratização da vida estava em progresso. Com
isso, eu quero dizer simplesmente que mais pessoas estavam ingressando num nexo de
dinheiro e crédito e se transformando em investidores e em consumidores de bens
produzidos fora das esferas do domicílio e que suas atitudes e suas ambições sendo
crescentemente condicionadas por este fato.
10
Como conseqüência desse processo, houve o surgimento de jornais de
notícia. Esses novos modelos de jornais colaboraram para a expansão da
sociedade de mercado pelas seguintes formas:
11
profissionalização dos jornalistas, a utilização da publicidade e a solidificação
da economia de empresa (2002).
Como já foi dito, isso não quer dizer que a opinião limitou-se a ficar
somente no espaço destinado a ela. Tomando emprestadas as idéias de José
Marques de Melo (1994), não importa qual seja o artifício narrativo utilizado,
cada processo jornalístico terá uma dimensão ideológica própria. Toda
subjetividade, interpretação, opinião, enfim, todo lado homem continuava lá, em
cada letra, em cada olhar, em cada linha proposta pelo jornalista.
Apesar disso, com o passar do tempo, do desenvolvimento cada vez
maior dos jornais e também com a transformação dos leitores, foi natural
surgirem variados estilos de escrita e diferentes linguagens a serem utilizadas.
Como de costume, os estudiosos buscaram catalogar cada um desses novos
estilos a fim de mapear o sujeito para a leitura do jornal, como explica Melo
(1994, p. 26):
Pelo menos, essa é a tendência corrente nos países capitalistas, onde o jornalismo
torna-se cada dia mais um negocio poderoso e suas formas de expressão buscam
adequar-se aos desejos dos consumidores ou equipara-se aos padrões das mensagens
não-jornalísticas que fluem através do mass media.
2.1.Classificação de gêneros
12
humano e informação pela imagem; jornalismo interpretativo que foca a
reportagem em profundidade e por último jornalismo opinativo - composto pelo
editorial, artigo, crônica, opinião ilustrada e opinião do leitor.
Na visão de Melo (1994, p. 60), a classificação feita por Beltrão não se
ateve ao estilo, estrutura narrativa e técnica de codificação de cada gênero, “mas
obedeceu ao senso comum que rege a própria atividade profissional,
estabelecendo limites e distinções entre as „matérias‟.” Beltrão levou em
consideração apenas a questão funcional dos gêneros: a informação,
interpretação e opinião. O pesquisador deixou de lado as especificidades de cada
gênero.
Para remover essa lacuna, Melo sugere uma nova classificação de
gêneros visando a produção jornalística do Brasil. O estudioso levou em conta a
Geografia, o contexto sociopolítico, a cultura, os modos de produção e a
corrente de pensamentos. De acordo com o autor, é necessário reunir os gêneros
em categorias que dizem respeito à intencionalidade dos relatos através de que
se configuram. Duas vertentes são identificadas por ele, a primeira diz respeito a
reprodução do real e leitura do real. “Reproduzir o real significa descrevê-lo
jornalisticamente a partir de dois parâmetros, o atual e o novo. Ler o real
significa identificar o valor do atual e do novo” (MELO, 1994, 62). A segunda
procura catalogar os gêneros a partir da natureza estrutural dos relatos
observáveis nos processos jornalísticos. Dessa maneira, o autor não se refere
leitura especificamente à estrutura do texto, sons ou imagem que representem a
realidade. “Tomamos em consideração a articulação que existe do ponto de vista
processual entre os acontecimentos (real), sua expressão jornalística (relato) e a
apreensão pela coletividade (leitura)” ( MELO, 1994, p. 64).
Nesse sentido, a classificação feita por Melo (1994) é dividida em
jornalismo informativo do qual fazem parte a nota, notícia, reportagem e
entrevista e jornalismo opinativo: editorial, comentário, artigo, resenha, coluna,
crônica, caricatura e carta.
Alguns gêneros se confundem dentro dessa classificação proposta pelo
autor. Mesmo se perguntarmos para um cidadão que está familiarizado com
13
jornalismo ele terá dificuldades em diferenciar comentário e artigo, por
exemplo. Isso acontece porque os gêneros têm características semelhantes.
Entretanto, pode-se que dizer que a crônica é facilmente reconhecida, pois é a
única que mescla elementos do jornalismo e da literatura, com uma leveza e
coloquialismo peculiares. Além de, sobretudo, dar uma imensa liberdade ao
autor.
O folhetim vai ser completado com a rubrica “variedade”, que é cunha por onde
penetra a ficção, na forma de contos e novelas curtas. O passo decisivo é dado quando
Girardin, utilizando o que já vinha sendo feito para os periódicos, decide publicar
ficção em pedaços. Está criado o máximo chamariz „continua no próximo número‟(...)
14
Na década de 1840, o feuilleton-roman alcança seu ápice com Eugéne Sue
e Alexandre Dumas. O sucesso da publicação aumentou a tiragem dos jornais e
irritou os críticos – que consideravam os escritos uma literatura industrial.
Segundo Cristiane Costa (2005, p. 239) “o gênero ficou rotulado como
subliteratura, por sua relação intrínseca com a nascente indústria cultural”. O
folhetim é definido por muitos especialistas como o primeiro produto da
indústria cultural que estava surgindo.
15
A crônica pela própria etmologia – chronos/crônica – é um gênero colado ao tempo.
Se em sua acepção original, aquela linhagem dos cronistas coloniais, ela pretende-se
registro ou narração dos fatos em sua ordenação cronológica, tal, como estes
pretensamente ocorreram de gato, na virada do século XIX para o século XX, sem
perder seu caráter de narrativa e registro, incorpora uma qualidade moderna: a do lugar
conhecido à subjetividade do narrador” (apud COSTA, p. 246 e 247)
16
Híbrido por natureza, o folhetim não seguia um modelo, mas vários: o romance em
folhetim, capaz de manter sua integridade literária quando reunido em livro o
mirabolante folhetim folhetinesco, uma obra aberta cujas soluções oscilavam ao gosto
do leitor; além do ensaio, da crítica e da crônica. O conceito de folhetim muda de
sentido ao longo do tempo e até na obra de um mesmo autor, tornando difícil sua
definição em regras rígidas, como, por exemplo, ficção e não ficção. O que se pode
dizer com certeza é que originalmente palavra feiulleton se referia não a um estilo,
mas um espaço geográfico preciso, o rodapé do jornal, quase sempre na primeira
página.(2005, p.239,240)
A diferença entre crônica e folhetim não se resume apenas a uma questão semântica,
mas se estabelece na relação que ambos mantêm com o espaço jornalístico. Neste
sentido, a crônica marca uma certa evolução estético-semântica, através das diversas
linguagens que o cronista incorpora ao seu texto. O folhetim, ao contrário, permanece
marcado pela referencialidade do texto jornalístico ou pelo grau de literariedade,
quando assume as características do romance ou até mesmo da opinião jornalística.
(2004, p. 40)
Acho que foi no decênio de 1930 que a crônica moderna se definiu e consolidou no
Brasil, como gênero bem nosso, cultivado por um número crescente de escritores e
jornalistas, com seus rotineiros e os seus mestres. Nos anos 30 se afirmaram Mário de
Andrade, Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade, e apareceu aquele que de
certo modo seria o cronista, voltado de maneira praticamente exclusiva para este
gênero: Rubem Braga. (1980, p. 9)
17
Rubem Braga é um nome corajoso e essencial quando o assunto é crônica
brasileira. Braga foi o único que praticou somente esse gênero e foi o que mais
trouxe transformações para o mesmo. Davi Arrigucci explica:
[Braga] forjou, na verdade, uma forma literária única, feita com a mescla de elementos
variados, vindos até onde se pode perceber, da antiga tradição do narrador oral (...) e
da bagagem do cronista moderno, associado à imprensa e experimentando na labuta
das grandes cidades de nosso tempo. (1987, p.55)
18
2.4. Escritores (e) jornalistas
19
repórter fez uma enquete1 com os principais intelectuais do país. Foram
analisadas 11 entrevistas e 26 cartas de autores responderam a cinco perguntas,
originalmente enviadas a mais de cem pessoas. Alguns anos depois, essas
respostas foram reunidas no livro “O momento literário”. Atualmente, o livro é
visto como um documento fundamental sobre a vida intelectual brasileira na
virada do século XX. O resultado dessa pesquisa feita por João do Rio foi
empate técnico: dos 37 intelectuais que responderam ao questionário, 10
afirmaram que o jornalismo prejudica a vocação literária, 10 disseram que não,
11 responderam que tanto ajuda quanto atrapalha e seis não quiseram ou
souberam responder.
Retomando a indagação de João do Rio, a autora propõe uma pergunta
difícil de ser respondida: “Estaria o trabalho burguês assalariado aniquilando o
artista, desinteressado e boêmio? Ou, ao contrário, abrindo as portas da fama,
prosperidade e do coração dos leitores?” (2005, p. 25).
A idéia de que somente a literatura é a arte pura e digna surgiu com a
massificação dos jornais, como detalha Costa:
21
Além de ser demasiadamente caro publicar um livro, enquanto o jornal
tinha um público abrangente, a literatura contava com poucos e raros leitores. O
jornal sempre foi mais acessível, levando em consideração o preço e a
linguagem. A dificuldade imensa de viver de literatura até hoje frustra grande
parte dos escritores. Costa completa: “presos à visão ambivalente do escritor
como um intelectual aristocrata ou um marginal da sociedade burguesa, eles não
vêem que produzem seus livros contra essas determinações e ao mesmo tempo,
graças a elas.” (2005, p. 37) Ou seja, as frustrações dos escritores são seu
próprio ofício e matéria, visto que também possuem (como o jornalismo)
dependência com o sistema vigente para que possam ter público renda e seus
livros publicados.
Até hoje jornalistas (e) escritores estão presos entre a arte e o mercado, o
tempo e o dinheiro, a escrita livre e a escrita condicionada.
22
os cronistas misturam realidade como ficção. “A associação de ideias, o jogo de
palavras e conceitos, as contraposições, misturam o real e o imaginário como
forma de fazer realçar o primeiro”. (LETRIA; GOULÃO apud MELO, p. 149).
Não se pode negar também que ela é um gênero jornalístico, pois nasceu
do jornal e faz parte dele. Sobretudo, se utiliza da contemporaneidade e do
cotidiano como inspiração. A própria imprensa é matéria da crônica. Melo
analisa: “(...) a crônica obedece as três condições essenciais de qualquer
atividade jornalística: atualidade, oportunidade e difusão coletiva.” (1994, p.
159). Entretanto, por inúmeras vezes ela parece despreocupada, diferente do
resto do jornal. Para Marcelo Coelho (2002) a crônica pode servir como um
outro avesso da notícia, insistindo na “desimportância” enquanto as notícias
tentam mostrar o relevante de tudo.
Existem milhares de definições de crônica encontradas país afora –
algumas inclusive de próprios cronistas. Assim como são essas definições,
variadas e contraditórias são as crônicas. Estas podem ser tudo que quiserem:
esclarecedoras, vagas, polêmicas, conservadoras, cotidianas, ficcionais, ácidas,
doces. Enquadrá-las em uma classificação única seria uma grande injustiça com
a originalidade do escritor.
23
3. JOVEM PÓS-MODERNO
3.1 Modernidade
24
universo moderno é, como colocou Marx, estar onde “tudo é sólido e se
desmancha no ar”.
A corrente iluminista que permeou a época pregava a ideia do progresso.
A modernidade tem uma ligação visível com a Revolução Francesa, explorando
conceitos como liberdade-igualdade-fraternidade. Segundo Touraine (1994. p.
139): “O pensamento modernista se apoia na correspondência afirmada entre a
libertação do indivíduo e o progresso histórico”. Através do uso da razão era
possível chegar a uma excelência individual, controlar as forças da natureza e
promover o bem estar da humanidade.
Em sua dissertação de mestrado, “Hipertexto: universo em expansão”,
Isabela Lara Oliveira explica as contradições em relação ao projeto de
modernidade:
(...) os vários princípios interagindo entre si não foram capazes de cumprir com as
propostas modernas que visavam, entre outros objetivos, a prosperidade social a partir
do desenvolvimento da técnica, da ciência aplicada e do livre mercado. Se por um lado
a ciência e a técnica avançaram, talvez, além do esperado, a contrapartida de
prosperidade social e cultural não se concretizou (OLIVEIRA, 1999).
3.2 Pós-modernidade
26
crescimento. A quantidade bruta de dados disponíveis se multiplica e se
acelera.”
Os novos conceitos que rondavam o mundo fizeram com que fossem
desenvolvidas novas definições, como ciberespaço e cibercultura. Entende-se
por ciberespaço, segundo estudos de Pierre Levy (1999, p.17) “(...) o novo meio
de comunicação que surge da conexão mundial dos computadores.” A
cibercultura, por sua vez, especifica “o conjuto de técnicas (materiais e
intelectuais), de práticas, de atitudes, de modos de pensamento e de valores que
de desenvolvem juntamente com o crescimento do ciberespaço” (1999, p. 17).
O mesmo autor conclui: “As tecnologias digitais surgiram, então, como a
infraestrutura do ciberespaço, novo espaço de comunicação, de sociabilidade, de
organização e transação, mas também novo mercado de informação e
conhecimento” (1999, p.32).
O fenômeno da industrialização também fez com que surgissem funções
inter-relacionadas: os meios de comunicação de massa, a cultura de massa e
indústria cultural (COELHO, 2000). A sociedade passou a comprar cada um dos
seus valores, inclusive os culturais.
27
O mercado dita as regras de toda produção artística e da moda. Quem dá as regras é
este monstrengo devorador de economias chamado capital (...). A produção estética
integrou-se à produção de mercadorias. Desta forma, a arte passa a integrar um
sistema cultural onde o mercado produz um tipo de leitor-ouvinte-espectador-
consumidor que são um só (...) (PONTES , 2007).
29
estruturam nossas megalópoles”. O período atual, ou seja, a pós-modernidade, é
caracterizado pelo neotribalismo.
30
Sabe-se que esse jovem pós-moderno está inserido no mundo de novas
tecnologias. Ele tende a ter intimidade com o computador, Internet e de seus
dispositivos. Deste modo, ele está acostumado com o fluxo intenso de
informações propagadas pela mídia e pelos mecanismos de comunicação. A
bibliografia no campo da definição específica de um perfil do jovem pós-
moderno como leitor é escassa, entretanto é possível chegar a algumas
conclusões gerais, e dessa forma incluí-los nas classificações de Lúcia Santaella,
através de uma análise do livro “Navegar no ciberespaço – O perfil cognitivo do
leitor imersivo” (2004). O uso desse livro se deu porque a autora explora como
tema principal o leitor que está familiarizado com a informação em rede. O
jovem pós-moderno certamente pode ser incluído nesse grupo.
Santaella (2004) pontua que os meios virtuais possuem uma diversidade
de maneiras de veicular seu conteúdo e o leitor, então, interage nesse
plurissensorial (imagens, sons, textos, vídeos, etc). Segundo a autora, esse leitor
pode ser divido em três classificações: leitor contemplativo (ou mediativo),
leitor movente (ou fragmentado) e leitor imersivo (ou virtual); lembrando que,
como a atualidade sugere um cumulativo de posturas, um não anula a existência
do outro, embora sejam organizados por períodos.
O leitor contemplativo surge no Renascimento e faz parte da idade pré-
industrial. É o leitor do livro impresso, de uma imagem fixa, no qual a leitura é
de manuseio, de intimidade. É disciplinado e está predisposto a dedicar-se à
leitura. O segundo leitor, movente, é o do mundo em constante movimento, um
mundo híbrido, cheio de signos. Esse leitor é filho da Revolução Industrial,
nasce com a tiragem diária dos jornais e em um universo que engloba também o
telefone, cinema e a fotografia. Esse perfil é o que lê fatias do cotidiano e a
informação (e a percepção da mesma) e retém a notícia somente no tempo que
ela perdura. O leitor movente é marcado pelo transitório, pelo cenário instável
das cidades (SANTAELLA, 2004). Já o leitor imersivo se ajusta aos novos
ritmos que vão surgindo, o que é bem sintetizado por Analu Andriguetti:
31
A evolução dos perfis dos leitores está relacionada principalmente ao aumento das
linguagens e mídias envolvidas no processo de comunicação e à velocidade em que
este acontece. A leitura imóvel, atenta, passa pelo transtorno das imagens em
movimento, do controle remoto da TV e dos videoclipes frenéticos para chegar à
virtualidade do ciberespaço, que requer um usuário ativo (...) sempre plugado. (2007,
in FERRARI, p. 97-98)
32
4. INTERNET
O resultado foi uma arquitetura de rede, que como queriam seus inventores, não pode
ser controlada partir de nenhum centro e é composta por milhares de computadores
autônomos com inúmeras maneiras de conexão, contornando barreiras eletrônicas.
2
Sputnick: Satélite artificial lançado pela União Soviética.
33
A Internet teve sua primeira denominação como ARPANET - Advanced
Research and Projects Agency ou Agência de Pesquisas em Projetos
Avançados. O que inicialmente era para ser um sistema para manter em
segurança as informações do país, tomou proporções cada vez maiores. “O
tráfico de dados cresceu rapidamente e entre os novos usuários havia
pesquisadores universitários com trabalhos na área de segurança e defesa.”
(FERRARI, 2003, p.15). Através do backbone3 da ARPANET (na tradução
literal espinha dorsal), foi possível estabelecer interligações entre subredes
conectadas a esse sistema. Além de utilizarem a rede, que era privilégio de
poucos, eles dedicavam-se a expandir essa nova forma de comunicação.
A invasão de cientistas e universitários para a rede separou os fins
militares. Foi liberado, nesse momento, o acesso para cientistas de todas as
instâncias. Em 1983 houve a divisão entre ARPANET dedicada a fins
científicos e a MILNET – responsável pelas questões militares. Outras redes,
como a CSNET e BITNET surgiram, oferecendo acesso para outras
organizações e universidades que lidavam com a área da pesquisa no país.
Porém, a ARPANET ainda servia com backbone desse sistema. Durante a
década de 1980, surgiria então uma rede que substituiria a ARPANET nessa
função de espinha dorsal, a ARPA-INTERNET – que posteriormente foi
intitulada de INTERNET.
O ano de 1989 foi marcante para a cronologia da Internet. Tim Berners
Lee, pesquisador e cientista do Conseil Européen pour La Recherche Nucléaire
(Conselho Europeu de Pesquisas Nucleares) inventou O World Wide Web
(WWW), um sistema de informações organizado de modo que junta todos os
outros sistemas de informação disponíveis na Internet.
Logo surgiram outros mecanismos que facilitariam ainda mais o acesso a
rede, como a linguagem de marcação de hipertexto (HTML) e os navegadores.
3
Backbone: “(inf) Do ing., literalmente “espinha dorsal”. Principal segmento de interligação de uma
grande rede de computadores, formada por diversas redes menores ligadas entre si. Os backbones
estabelecem conexões rápidas entre as maquinas, que pode se comunicar em qualquer lugar do mundo.
Hábackbones feitos por fibra ótica, cabo coaxial,links de rádio etc” (BARBOSA;RABAÇA, 2002, p.
54).
34
A partir desse momento o acesso a internet tomou proporções inimagináveis no
mundo todo.
A Internet tem tido um índice de penetração mais veloz do que qualquer
outro meio de comunicação na história: “Nos Estados Unidos, o rádio levou
trinta anos para chegar a sessenta milhões de pessoas, a TV alcançou esse nível
de difusão em 15 anos; a Internet o fez em apenas três anos após a criação da
teia mundial” (CASTELLS, 2006 p.493). Atualmente a Internet aparece como o
meio de comunicação em maior crescimento. E cada dia, se torna mais viável o
acesso ao mundo virtual.
4
Dados retirados da matéria “Veja os números do Twitter” Disponível em:
http://info.abril.com.br/noticias/mercado/veja-os-numeros-do-twitter-21032010-3.shl Acesso em
novembro de 2010.
5
Dados retirados da pesquisa: Indicadores mensais. Disponível em:
http://www.cetic.br/usuarios/ibope/tab02-01-2010.htm Acesso em novembro de 2010.
36
nova ferramenta ou meio promete colocar em xeque o seu próprio futuro. No
entanto, o fenômeno digital atinge em cheio o coração do fazer jornalístico”
Reparando, no contexto mundial, o New York Times foi o primeiro jornal a
lançar sua versão online. Segundo Luciana Moherdaui (2000, p.21):
O início da era da informação digital se dá nos Estados Unidos, no final dos anos
1980. Na época, a transposição da produção jornalística para a internet estava
resumida aos serviços de notícias específicas para um segmento do público, oferecidos
por provedores como a America Online.
(...) O jornalismo digital é uma síntese de todas as mídias, com as vantagens visuais da
TV, a mobilidade do rádio, a capacidade de detalhamento e análise do jornal e da
revista, e a interatividade da multimídia - esses elementos tornam promissor o
jornalismo na Web e podem representar uma revolução para a atividade.
37
Uma questão que vale o destaque é que o mérito do “furo” não é mais
exclusividade do jornalista depois da consolidação da Internet. Qualquer
indivíduo tem a possibilidade de descobrir a “última notícia” e divulgá-la.
Em relação ao público consumidor da informação digital encontra-se o
indivíduo que já possui uma familiaridade com computador e que já passou das
barreiras da forma de comunicação da grande mídia. Para Analu Andrigueti :
4.3. Blog
6
Disponível em http://www1.folha.uol.com.br/folha/informatica/2001-ibrands-
pesquisa_sexo_instrucao.shtml> Acesso em novembro de 2010.
38
Foi em 1999 que os primeiros blogueiros começaram sua jornada. A
“Pitas” lançou a primeira ferramenta de manutenção de sites via Web. No
mesmo ano, foi lançado o Blogger. Adriana Amaral et al (2008) afirma que
sucesso desses sistemas para os mais diversos usos se deu devido à facilidade de
publicação e manutenção – visto que não exigiam conhecimento da linguagem
HTML. Alguns anos mais tarde, já existiam blogs com todo tipo conteúdo. A
heterogeneidade é um traço marcante quando se fala desse tipo de ferramenta
Chris Anderson destaca a revolução causada pelos blogs:
39
partir do olhar subjetivo dos escritores (apud Amaral, et al, 2008). Outro ponto,
colocado por Amaral ( et al, 2008) é que perceber o blog como artefato cultural
significa considerá-lo também um virtual settlement (ou comunidade virtual)
“uma vez que são eles o repositório das marcações culturais de determinados
grupos e populações no ciberespaço, nos quais é possível, também, recuperar
seus traçados culturais.” (Amaral et al, 2008, p.4 ). Relações sociais são
estabelecidas, portanto, através dessa participação dos indivíduos no mundo
virtual.
Por falta de conhecimento ou puro preconceito, o senso comum ainda
rotula os blogs como meros diários virtuais.
7
Internet Blog Serial Number: http://ibsn.org/
40
Ana Sofia Bentes Marcelo completa, lembrando as vantagens dessa
ferramenta do mundo virtual:
(...) [os jornalistas] buscam uma escrita mais leve, menos informativa e mais ficcional
do que aquela que realizam no seu dia-a-dia. (...) a verdade é que os blogs acabam
sendo um meio caminho entre a ficção e a informação, entre o jornalismo e o escrito
íntimo, isso quando não misturam uma coisa com a outra.
43
Denise Schittine (2004, p. 90) destaca a formação de nichos no campo da
Internet: “A aldeia global da visão de Macluhan se vê dividida em pequenos
grupos, grupos que se agregam em torno de interesses comuns”.
No que diz respeito à segmentação, o seguinte trabalho pretende atingir um
nicho de mercado, ou seja, um mercado que tem a demanda inexplorada.
Marcos Cobra (2001) define nichos de mercado como oportunidades de
mercado. Foi detectado que um não existe no mercado um produto com as
especificidades propostas pelo blog em questão.
44
5. O PRODUTO
9
Facebook: rede social que reúne milhões de usuários em todo o mundo. Fonte: autora.
45
Outro ponto importante é que a maioria das pessoas que responderam a
pesquisa (74%) disseram passar mais de quatro horas acessando a Internet.
(ANEXO B, p. 78). Esse grupo que passa várias horas do dia utilizando a grande
rede é o que interessa ao produto.
O ineditismo da proposta está em criar um blog que contenha unicamente
o gênero crônica, direcionado para jovens. Depois de uma análise nos endereços
eletrônicos, foi percebido que não existe um site ou blog com o gênero em
questão direcionado para esse público. Dessa forma, trata-se de um nicho –
grupo cujos desejos não estão sendo atendidos.
A escolha pelo blog como produto como destinado a divulgação das
crônicas se concretizou pelas semelhanças do blog com o gênero crônica e
também pelo crescimento cada vez maior da Internet como meio de obtenção de
informação e formação de opinião, principalmente para os jovens. Foi
confirmado que o público alvo do produto tem familiaridade com o universo
virtual bem como o uso da Internet como meio fundamental para obtenção de
informação. Segundo a pesquisa 100% dos entrevistados utilizam a Internet para
leitura.
Também segundo o questionário, observou-se que dentro do campo da
Internet, os blogs são os veículos mais utilizados, com 86%. Portanto, o produto
em questão condiz com os hábitos de leitura do público que pretende atingir. Já
que o blog é o veículo que tem mais preferência entre os internautas, existem
chances concretas de o produto ser consumido.
Apesar desses pontos vantajosos, foi constatado também esses jovens,
apesar de ter um contato íntimo com a Internet, ficam divididos no que diz
respeito ao quesito “ler crônicas pela internet”. 54% dos entrevistados disseram
que não leem crônicas na grande rede, enquanto 46% falaram que tem o
costumem de lê-las. Encontra-se aqui uma oportunidade, de conquistar essa fatia
de entrevistados que não tem o hábito de ler o gênero em questão.
Para essa parcela que respondeu que não costuma ler crônicas na internet,
foi perguntado o motivo – a resposta podia ser quantitativa e qualitativa. As
alternativas eram: não há linguagem interessante; não há assuntos relevantes;
46
não há um layout chamativo; não há familiaridade com o gênero e outros –
resposta aberta. A opção “Outros” foi a mais escolhida, com 41%. Várias
pessoas preferiram não explicar quais eram os “outros motivos”.
Entre as que responderam, cinco revelaram que não há conforto em ler pelo
computador, quatro afirmaram não conhecer blogs de crônicas, três disseram
não ter interesse, dois responderam não ter hábito de ler crônicas e outros dois
falaram que a maioria dos sites se apropria de mais de um gênero e que não há
divulgação de um blog unicamente de crônicas. As outras respostas foram
ignoradas por serem irrelevantes. Dentro das alternativas fechadas, 41%
marcaram a opção “não há familiaridade com o gênero”, 18% “não há assuntos
relevantes”, 16% não há um layout chamativo e 14% como “não há linguagem
interessante”.
Para suprir essas lacunas e tentar atrair esse público que não lê crônicas
pela internet vão necessárias algumas medidas. A primeira dela é trabalhar com
textos curtos com cerca de 2500 caracteres. J. B Pinho (2003) no livro
“Jornalismo de Internet: Planejamento e produção da informação on-line”
coloca os textos curtos como orientação para redatores da área digital. Além
disso, sabe-se que os leitores distraem muito fácil nesse universo virtual. A
produção de crônicas curtas é um artifício que visa “segurar” esse público que
não considera confortável a leitura pelo computador. A segunda medida é
familiarizar esses indivíduos que não conhecem o gênero, através da divulgação
em redes sociais a cada nova atualização do blog. Além disso, um layou10t
atrativo vai ser desenvolvido para despertar interesse e motivar o público a
consumir o conteúdo publicado no blog. A última medida é produzir textos que
tenham uma linguagem condizente com o público jovem a fim de aproximá-lo e
satisfazê-lo. A produção de textos livres de amarras jornalísticas também irão
trazer benefícios para o leitor no que diz respeito a estética. Sabe-se que as
crônicas contribuem para melhorar a legibilidade dos temas abordados pela
mídia. Pretende-se explorar os recursos lingüísticos que favoreçam a
10
Layout: Parte visual, design, de uma página da Internet.
47
legibilidade a fim de tornar a leitura uma atividade mais interessante e
prazerosa.
Discutir os temas das entrelinhas da grande mídia através da crônica traz o
público para perto do universo do texto. A pluralidade do gênero permite uma
riqueza de sentidos e significados. A crônica motiva o leitor, assim como a
literatura, a degustar o texto de acordo com sua experiência de vida, sua visão de
mundo e preferências pessoais. Ao mesmo tempo, ela segue alguns passos do
jornalismo prezando o lado humano, mostrando novos caminhos e perspectivas
sociais e culturais e de alteridade.
Através do uso do blog, será possível atrair o jovem que faz parte de
produzir um conteúdo altamente segmentado. Sabe-se, por exemplo, que os
portais têm o objetivo de agradar variados leitores, sendo muitas vezes bastante
imparciais. O blog, ao contrário, se propõe a atrair a atenção de um público
específico, nesse caso os jovens.
Ademais, uma consideração importante pode ser feita através da análise
das respostas fornecidas pela pergunta aberta: “você se encaixa em alguma tribo
urbana?” A maioria das pessoas deixou a resposta em branco ou escreveu “não”.
Constatou-se assim o público em questão vê o fato de fazer parte de uma tribo
urbana como pejorativo. Portando, o blog vai ser desenvolvido para um grupo
que não se sente inserido em nenhuma tribo ou para aquele que se sente inserido
ao mesmo tempo em várias tribos urbanas.
A escolha do nome (“Avessos”) está relacionada com o fato de a crônica
mostrar o outro lado das notícias e situações. Através dos avessos, do “não-
explícito”, dos elementos incomuns, das entrelinhas é que se constrói uma
crônica.
5.1. Conteúdos
É a aldeia global de McLuhan concretizada muito além do que ele havia previsto. Uma
aldeia repletas de vias duplas de comunicação, onde todos pode construir, dizer,
escrever, falar e serem ouvidos, vistos, lidos. Com o surgimento deste novo meio,
diversos paradigmas começam a ser modificados e nossa sociedade depara-se com
uma nova revolução, tanto ou mais importante do que a invenção da escrita.(..). Ao
mesmo tempo, o advento do ciberespaço, um espaço novo, não concreto, mas
igualmente real sugere uma reconfiguração dos espaços já conhecidos, das relações
entre as pessoas e da própria estrutura de poder.
50
5.2 Concorrentes e diferenciais
Participação dos
leitores
via comentário Muita Pouca Não há opção
Qualidade de
conteúdo Muito boa Boa Boa
Fonte: Autora (2010)
14
Dados retirados do site oficial da revista Trip: http://revistatrip.uol.com.br/. Acesso em novembro de
2010.
55
publicação. Além disso, o contato entre autor e leitor é mínimo, quando não é
nulo. Apesar disso, apenas uma fatia (ainda muito pequena) de escritores
divulgam textos em blogs e compartilham em redes sociais. O contato pode ser
mais fácil nesse sentido. Porém, ainda são poucos escritores que dão essa
abertura para o público. De uma forma geral, o conteúdo proposto nos livros
depende completamente das ideias, experiência de vida e poder intelectual do
autor. A intervenção do público, portanto, é pífia.
Esse tipo de análise consiste no estudo dos fatores que podem interferir
diretamente na concepção do produto, mas que estão fora de controle do
realizador. Deve ser pontuado que “estar fora de controle” não denota um
sentido negativo. Alguns fatores podem auxiliar para o funcionamento do
produto e até mesmo impulsionar o desenvolvimento do blog em questão. Tais
fatores podem ser considerados como macro-ambientais:
- Tecnologia
- Economia
- Cultura
- ProUni
- Repercussão dos assuntos imprensa
- Invisibilidade dos assuntos na imprensa
- Repercussão dos assuntos nas redes sociais
- Interatividade
57
através de medidas governamentais. Segundo uma pesquisa15 feita pela empresa
de estatísticas comScore em maio desse ano, a população online do país
ultrapassa 73 milhões de brasileiros.
Além da democratização cada vez maior da Internet, a economia está
colaborando para o ingresso da rede. Os preços referentes aos notebooks
(computadores portáteis) estão despencando ao longo dos anos. Nesse ano, cerca
em torno de 6,9 milhões de notebooks foram vendidos, segundos dados16 da
Abinee. A expectativa para o ano de 2014 é que em cerca 12 milhões notebooks
sejam comprados, representando, assim 75% do mercado de computadores
pessoais. Em entrevista para a Folha de São Paulo (2010), o diretor de
informática da Abinee Antonio Hugo Valério falou: “Há quatro anos, os
notebooks representavam apenas 8% das vendas gerais de PCs no Brasil. No
próximo ano [2011], a previsão é que os notes representem mais de 50% das
vendas de computadores”.
A rapidez e convergência midiática que a Internet propõe fazem o
indivíduo consumidor das mídias tradicionais migrar para o campo virtual.
Além disso, o sujeito que não se identifica com as outras mídias, pode
encontrar-se no âmbito digital. Grande parte da leitura, da informação, da
opinião, enfim da riqueza cultural dos indivíduos da sociedade atual são fruto do
conteúdo online. Segundo a primeira pesquisa feita pela autora, 100% dos
entrevistados disseram utilizar a internet para a leitura e a maioria dessa leitura é
realizada nos blogs (ANEXO B, p. 78). Dessa forma, a Internet, e em especial o
blog, aparece com uma ferramenta capaz de promover a cultura de uma forma
geral.
Em relação ao público alvo, nota-se que uma mudança está ocorrendo. O
público da universidade particular hoje é mais diversificado, conseqüência do
15
Fonte: Total da população on-line ultrapassa 73 milhões no Brasil. Disponível em:
<http://www1.folha.uol.com.br/tec/759895-total-da-populacao-on-line-ultrapassa-73-milhoes-no-
brasil.shtml> Acesso em novembro de 2010.
16
Fonte: Dados e entrevistas disponíveis em:
<http://economia.ig.com.br/empresas/comercioservicos/consumo+de+notebooks+deve+dobrar+no+brasi
l+em+cinco+anos/n1237781865261.html%3E Acesso em novembro de 2010.
58
trabalho desenvolvido pelo ProUni. O programa universidade para todos
(ProUni) concede bolsas de estudos (parciais ou integrais) em cursos de
graduação e sequenciais em instituições privadas. Tal iniciativa, criada pelo
governo federal em 2004 e institucionalizada em 2005, é dirigida aos estudados
do Ensino Médio da rede pública ou da rede particular na condição de bolsistas
integrais, com renda per capita familiar máxima de três salários mínimos.
Vale lembrar que o ProUni possui também ações conjuntas que visam
manter o estudante nas universidades, como a Bolsa Permanência, o convênio
de estágio MEC/CAIXA e o FIES - Fundo de Financiamento ao Estudante do
Ensino Superior.
Segundo dados17 do site oficial, o programa atendeu desde sua criação até
o processo seletivo do segundo semestre de 2010, 747 mil estudantes, sendo
70% com bolsas integrais. De acordo com gráficos sobre o programa, observa-
se que o número de bolsas ofertadas cresceu de 112.275 no ano de 2005 para
247.643 em 2009.
O site também informa que o ProUni colabora para o cumprimento de
uma das metas do Plano Nacional de Educação, que prevê a oferta de educação
superior até 2011 para, pelo menos, 30% dos jovens de 18 a 24 anos.
Outro fator determinante nesse momento é repercussão e a invisibilidade
dos assuntos na imprensa. Assuntos que já tiveram repercussão podem originar
pautas. Assuntos que não tiveram, por outro lado, podem ganhar representação e
visibilidade nesse processo. Em ambos os casos, a reflexão será incitada.
As redes sociais (como o Twitter e o Facebook) também vão colaborar
nesse processo, podendo gerar temas para serem discutidos nas crônicas.
O que pode ser percebido depois dessa análise nos fatores macro-
ambientais é que a Internet conquista cada vez mais o espaço de meio de
comunicação mais lido. O “Avessos” pode aproveitar-se da familiaridade que os
indivíduos vem com ela (e que tende a aumentar muito mais) para promover a o
gênero crônica, a leitura a reflexão. Além disso, os indivíduos que o blog em
questão pretende atingir (universitários ou formados) estão em volume maior
17
Dados retirados do site do programa: http://prouniportal.mec.gov.br/ Acesso em novembro de 2010.
59
devido a projetos como o ProUni. A repercussão dos assuntos na mídia e nas
redes sociais pode ter bem aproveitada para a produção de crônicas, assim como
a invisibilidade também pode, trazendo para a discussão assuntos
contemporâneos que a imprensa não dá importância ou até mesmo ignora.
60
Optou-se pelos jovens de 18 a 30 anos como público algo justamente por
eles serem o grupo em mais abundância na rede. Além disso, acresceu-se a
vontade da autora de escrever sobre temas com os quais tivesse familiaridade. A
preferência feita por jovens que já estiveram ou ainda estejam na universidade
foi para poder produzir textos mais livres e reflexivos – fugindo dos estereótipos
e do senso-comum. Além de poder “ousar”, tratando de maneira menos
moralista e consequentemente mais liberal algumas temáticas polêmicas, como
drogas e homossexualidade. Outra questão refere-se ao fato de essa fatia de
mercado estar mais familiarizada com algumas ferramentas da linguagem, como
a ironia e o sarcasmo.
O suporte do blog foi feito pela plataforma Wordpress versão 3.0. O
Worpress usa a ferramenta Open Source (código aberto) que permite a
distribuição livre do programa, bem como o incremento de códigos
programação é por qualquer indivíduo possa contribuir para a melhoria do
mesmo. Além disso, o suporte possibilita que customizações em um novo
design e modificações repentinas sejam feitas com rapidez e facilidade. O
Wordpress também conta com uma grande quantidade de plugins18 – que
integram outras mídias ao blog, como Twitter, por exemplo. Outro destaque é
que o Wordpress possibilita a garantia de direitos autorais sob os textos
publicados no blog.
O layout e a programação foram desenvolvidos pelo web designer Daniel
Imaeda. As linguagens utilizadas no Avessos são XHTML. CSS e PHP. Em
relação às linguagens de programação, a autora tem um conhecimento muito
básico. Caso seja necessária alguma mudança no blog, portanto, a autora pode
pedir auxílio para o web designer que vai estar disponível para qualquer ajuste
que precise ser feito.
Vale lembrar que uma análise nos concorrentes indiretos e substitutos foi
feita para buscar o melhor desempenho e resultados do produto em questão
(PÁGINA 49).
18
Plugins: programas de computadores que oferecem recursos adicionais a outros programas,
oferecendo alguma funcionalidade específica.
61
Em um último momento, observa-se que um fator imprescindível para o
sucesso do Avessos diz respeito às atualizações constantes. A autora se propõe a
produzir e publicar textos pelo menos duas vezes por semana. Vale lembrar que
as crônicas serão comportamentais e a escolha do tema vai ser feita tendo como
base a primeira pesquisa feita pela autora.
19
Link: “(inf, int, tc) 3. Ligação entre páginas ou informações de um mesmo site ou diferentes sites. Os
links, recursos característicos da linguagem de hipertexto, aparecem nos documentos como palavras
grafadas em destaque (sublinhadas ou em cor diferente) do restante do texto. 4. Cada uma das ligações
de hipertexto que estão embutidas em um documento de hipermídia, permitindo que o usuário salte de
um pedaço de informação para outro item relacionado, não importando onde ele esteja armazenado.
Nessa acepção, diz-se tb. âncora e hiperlink.” (BARBOSA e RABAÇA, 2002, p. 433).
63
5.4.2 Escolha de fontes e cores
FIGURA 1
64
FIGURA 2
FIGURA 3
65
5.5 Descrição e viabilidade financeira
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Não havia como fugir dessa realidade: os jovens leem mais pela internet.
Utilizar alguma outra mídia não iria atender os interesses e hábitos de consumo
do público. Tal fato foi confirmado a partir da primeira pesquisa realizada
(ANEXO B, p. 78), em que 100% das pessoas entrevistadas afirmam que
utilizam a internet para a leitura. Nesse contexto, os blogs têm um papel
importante nesse universo virtual, tornando-se cada vez mais ferramentas
responsáveis pelo repertório dos indivíduos, seja para entretenimento e/ou
formação de opinião.
A escolha pelo gênero crônica foi feita nos primórdios, nos tempos de
pré-projeto. Textos jornalísticos da imprensa costumam ser secos, sem vida.
Somente por meio da crônica era possível explorar singularidades, oralidades,
67
informalidades e obter maior liberdade em relação a forma e o conteúdo do
texto.
Um fato que foi percebido via pesquisa é que muitos jovens ainda não
leem crônicas (ANEXO B, p.78). A ideia é mostrar essa possibilidade para o
jovem, torná-lo familiarizado e até mesmo íntimo dessa modalidade tão rica e
plural.
A parte mais difícil desde o primeiro projeto foi me ater à linguagem
científica. Tantas formalidades, principalmente durante a fundamentação
teórica, me levaram à exaustão. Quando pensava em desistir, lembrava do
escritor Charles Bukowski dizendo: “se você for tentar vá até o fim, senão nem
comece” e voltava ao trabalho.
Apesar de cansativa, a experiência foi prazerosa. Foram tantos
conhecimentos adquiridos que não saberia nem pontuá-los. A parte “jornalistas
(e) escritores” talvez tenha tido um gosto mais saboroso.
Foi confirmado através da fundamentação teórica que a crônica realmente
se difere (e muito) dos outros gêneros. Em nenhum outro campo do jornalismo
poderia ter essa liberdade em relação à escrita. Outra constatação importante é
que a crônica e o blog compartilham muitas características, como a liberdade já
citada, o poder de explorar a criatividade, o dinamismo, a pluralidade de estilos
e temáticas, e a capacidade de segmentação. Ambos também atuam como
ferramentas que podem ser usadas para fazer uma análise de certo tempo e são,
indubitavelmente, instrumentos capazes de gerar a discussão e formar opinião.
Por meio das aulas do Sérgio Czajkowski Júnior e posteriormente da
fundamentação teórica, foi possível perceber que estava lidando com um nicho,
isso é, uma demanda que não estava sendo explorada. Não existe no campo da
Internet um produto exclusivamente com o gênero crônica direcionado para
jovens que estão ou já estiveram na universidade. Os blogs de crônicas já
existentes têm uma linguagem mais ampla e obtém sucesso por serem escritos
por pessoas já renomadas. Dirigir o produto para um grupo específico fez com
que o produto chegasse muito próximo dos seus interesses e desejos.
68
Sabe-se que a crônica tem uma parcela importante de opinião, da visão
do indivíduo que escreve. Agradar o público em sua totalidade seria uma tarefa
impossível. Falo isso com toda sinceridade, por mais clichê que isso possa
parecer. Nem sempre o público concordou com meu ponto de vista em algumas
crônicas, apesar disso, foi percebido que a linguagem e conteúdo chamavam de
fato sua atenção. Portando, mesmo discordando, o público mostrava interesse
em ler o que era publicado.
Uma dificuldade durante a fundamentação teórica que merece ser citada é
a escassez de teóricos para o assunto “O jovem e a leitura”. Não foi encontrado
material específico para suprir essa lacuna. A saída encontrada foi analisar o
livro “Navegar no ciberespaço - O perfil cognitivo do leitor imersivo”, da Lucia
Santaella. A obra não trata especificamente do leitor jovem, mas pode ser
utilizada pois trata do indivíduo que está familiarizado com o universo virtual. O
jovem tende a ser o indivíduo que tem mais contato com meio, já que cresceu
durante essa explosão e democratização da tecnologia. Certamente, ele é o que
mais utilizou esses benefícios da inclusão digital.
Outro ponto que foi confirmado, através da fundamentação teórica e da
primeira pesquisa (ANEXO B, p.78) é que os jovens não apreciam ser rotulados
em tribos. Isso se deve principalmente à exposição da mídia de forma pejorativa
das tribos urbanas. Foi proposta a seguinte pergunta: “Você se encaixa em
alguma tribo urbana?” A maioria dos entrevistados respondeu “não” ou deixou
em branco. Observando esse quadro, foi percebido que era impossível dirigir o
trabalho usando as tribos urbanas como enquadramento para esses jovens. Na
produção das crônicas, tentei ao máximo propor um conteúdo mais livre,
direcionando para esse jovem pós-moderno, que tem a pluralidade como
característica marcante.
Esse trabalho não poderia ser realizado sem as referências e a ajuda da
premiada (com direito a ambiguidades) da Luísa Barwinski. O Paliteiro foi uma
bússola em diversos momentos do projeto.
Após a primeira publicação no Avessos foi confirmado, como na
primeira pesquisa (ANEXO B, p.78) , que muitos comentários não são feitos no
69
blog propriamente dito. Recebi opiniões e elogios especialmente no Twitter.
Além disso, várias pessoas compartilharam o endereço do blog também via rede
social. Isso foi extremamente gratificante.
Minha intenção é continuar publicando crônicas nesse endereço mesmo
após a apresentação para a banca. Essa continuação pode ser feita pelo menos
por um ano – período em que não se faz necessária a renovação do pagamento
do domínio. O reconhecimento do público e a capacidade de promover
discussões me movem para o prolongamento do projeto.
A princípio possuía o desejo de realizar um livro de crônicas como
projeto final. Escrevo, não só crônicas, e todo escritor quer ter um livro
publicado. O orientador me alertou: “Os jovens leem mais blogs do que livros” e
decidi mudar o projeto, de livro para blog. Um pouco desconfiada, fui
explorando ao longo dos meses esse caminho. Mantendo um pouco de distância
das minhas certezas, percebi que o livro é só um detalhe. Existem outras formas
do jornalista-escritor ser publicado, uma delas é através dos blogs.
Depois de todo esse processo, percebo que não teria como ser de outra
forma. Para o Avessos atingir o público-alvo almejado, era preciso uma mídia
contemporânea, dinâmica, interativa e eficaz como o blog. Antigos
(pré)conceitos meus já foram quebrados. Através da divulgação dessas crônicas,
espero que os jovens possam quebrar muitos outros.
70
6. CRONOGRAMA
FIGURA 4
Quadro de ações JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
Elaboração de pesquisa
bibliográfica
Elaboração do projeto
Protocolo do projeto
Correção baseada
nas anotações do
professor
Produção de um esboço
da fundamentação teórica
Protocolo da primeira
versão da fundamentação
teórica
71
Pesquisa quantitativa e
qualitativa para
desenvolvimento do blog
Lançamento do blog
Produção no blog
Redação final sobre o
produto
Fonte: Autora (2010)
REFERÊNCIAS
72
ARAUJO, Artur Vasconcellos. A notícia que é notícia: o blog
jornalístico. Disponível em: <
<http://www.nuted.ufrgs.br/objetos/2005/obj_blog/conceito.pdf>Acesso em
10/06/10.
CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra S/A, 2006.
CASTELLS, M.; RAMÓN, F.; FREIRE, P.; GIROUX, H.; MACEDO, D.;
WILLIS, P. (orgs). Novas perspectivas Críticas em Educação. Porto Alegre:
Artes Médicas, 1996.
73
COELHO, Teixeira. O que é a Indústria Cultural. São Paulo: Editora
Brasiliense, 2000.
COSTA, Cristiane. Pena de Aluguel. São Paulo: Cia das Letras, 2005.
75
PROUNI. Programa Universidade para todos. Apresenta informações e dados
sobre o programa. Disponível em: http://prouniportal.mec.gov.br/ Acesso em
09/10/10.
76
de Ciência Humanas e Socieidas Aplicadas da Universidade positivo. UP,
Curitiba, 2008.
4
7. Se marcou "Outros", quais?
__________________________
78
ANEXO B – RESULTADO DO QUESTIONÁRIO QUANTITATIVO E
QUALITATIVO PARA DESENVOLVIMENTO DE BLOG DE
CRÔNICAS ( VIA GOOGLE DOCS)
79
80
81
82
83
84
ANEXO C- PESQUISA QUANTITATIVA PARA ANÁLISE DO
CONTÉUDO DOS CONCORRENTES
( )Nunca li
( )Muito boa
( )Boa
( )Regular
( )Baixa
( )Nunca li
( )Muito boa
( )Boa
( )Regular
( )Baixa
( )Nunca li
( )Muito boa
( )Boa
( )Regular
( )Baixa
85
5.Em relação a Revista Trip, como você analisa o seu conteúdo?
http://revistatrip.uol.com.br/
( )Nunca li
( )Muito boa
( )Boa
( )Regular
( )Baixa
( )Nunca assisti
( )Muito boa
( )Boa
( )Regular
( )Baixa
( )Nunca assisti
( )Muito boa
( )Boa
( )Regular
( )Baixa
86
ANEXO D – RESULTADO DA PESQUISA QUANTATIVA PARA
ANÁLISE DO CONTEÚDO DOS CONCORRENTES (VIA GOOGLE
DOCS)
87
88
89
ANEXO E
AUTORIZAÇÃO
_____________________________________
Marcelo Lima
90