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UNIVERSIDADE POSITIVO

Curso de Comunicação Social – Habilitação Jornalismo

AVESSOS

GIOVANNA GARCIA DE LIMA

CURITIBA
2010
GIOVANNA GARCIA DE LIMA

AVESSOS

Trabalho de conclusão de curso apresentado


como requisito parcial à obtenção de grau de
Bacharel em Comunicação Social – Habilitação
em Jornalismo ao Setor de Ciências Humanas e
Sociais Aplicadas, da Universidade Positivo, sob
orientação do professor Marcelo Lima

CURITIBA
2010
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................. 6

2. OPINIÃO NO JORNALISMO BRASILEIRO .............................................. 9

2.1 CLASSIFICAÇÃO DE GÊNEROS ................................................................. 12

2.2 O SURGIMENTO DO FOLHETIM: INSPIRAÇÃO FRANCESA ................ 14

2.3 PANORAMA HISTÓRICO: DO FOLHETIM À CRÔNICA ......................... 15

2.4 ESCRITORES (E) JORNALISTAS................................................................. 19

2.1 CRÔNICA ATUAL.......................................................................................... 22

3. O JOVEM PÓS-MODERNO .......................................................................... 24

3.1 MODERNIDADE ............................................................................................ 24

3.2 PÓS-MODERNIDADE .................................................................................... 25

3.3 INDÚSTRIA CULTURAL .............................................................................. 27

3.4 JOVEM PÓS-MODERNO ............................................................................... 28

3.5 DEFINIÇÕES DE TRIBO ............................................................................... 29

3.6 JOVEM E A LEITURA ................................................................................... 30

4. INTERNET ....................................................................................................... 33

4.1 INTERNET NO BRASIL................................................................................. 35


4.2 JORNALISMO DIGITAL................................................................................ 36

4.3 BLOG ............................................................................................................... 38

4.4 CARCTERÍSTICAS DO BLOG ...................................................................... 41

4.5 SEGMENTAÇÃO: A DESCOBERTA DE UM NICHO ................................ 43

5. PRODUTO ........................................................................................................ 45

5.1 CONTEÚDOS .................................................................................................. 48

5.1.1 CRÔNICAS NA INTERNET........................................................................ 49

5.2 CONCORRENTES E DIFERENCIAIS .......................................................... 50

5.3 ANÁLISE MACRO E MICRO AMBIENTAL ............................................... 57

5.3.1 ANÁLISE MACRO AMBIENTAL .............................................................. 57

5.3.2 ANÁLISE MICRO AMBIENTAL .............................................................. 60

5.4 DESCRIÇÃO E VIABILIDADE TÉCNICA.................................................. 62

5.4.1 ESTRUTURA DO LAYOUT ...................................................................... 62

5.4.2 ESCOLHA DE CORES E FONTES ............................................................ 63

5.5 DESCRIÇÃO E VIABILIDADE FINANCEIRA ........................................... 65

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................... 67

7. CRONOGRAMA .............................................................................................. 71

REFERÊNCIAS ................................................................................................... 72
ÍNDICE DE ANEXOS

ANEXO A .............................................................................................................. 77

ANEXO B............................................................................................................... 79

ANEXO C............................................................................................................... 85

ANEXO D .............................................................................................................. 87

ANEXO E ............................................................................................................... 89

ÍNDICE DE TABELAS

TABELA 1 ............................................................................................................. 51

TABELA 2 ............................................................................................................. 55

ÍNDICE DE FIGURAS

FIGURA 1 .............................................................................................................. 64

FIGURA 2 .............................................................................................................. 65

FIGURA 3 .............................................................................................................. 65

FIGURA 4 .............................................................................................................. 71
RESUMO
O trabalho em questão visa a explorar o percurso da crônica e da Internet ao
longo dos anos, destacando as respectivas mudanças e desdobramentos. Ao
analisar esses dois elementos de uma forma mais aprofundada, percebe-se que o
blog é um veículo originado a partir do surgimento da internet que compartilha
muitas semelhanças com a crônica, como a liberdade de forma e conteúdo, a
representação como panorama de um período e capacidade de serem ferramentas
importantes para gerar discussões. No mundo contemporâneo, o jovem pós-
moderno é o que mais está em contato com a internet, especialmente com os
blogs. O objetivo foi mesclar os benefícios propostos pela crônica com os
referentes aos blogs, a fim de gerar reflexão sobre temas atuais.

PALAVRAS-CHAVE
Blog; Crônica, Internet, Jornalismo, Jovem pós-moderno, Virtual, Web.

ABSTRACT
This thesis intends to explore chronicle and Internet course over the years,
highlighting the respective changes and outspreads. When analyzing these two
elements more deeply, it is observed that the blog is a vehicle originated from
Internet appearance, which shares many similarities with chronicles as form and
content freedom, representation as a perspective of a period and capacity of being
an important tool to bring out argumentations. In the contemporary world, the
post-modern young people are the ones most related to Internet, especially with
blogs. The purpose was to mix the benefits proposed by chronicles with the ones
regarding blogs in order to provide reflections about current matters.

KEYWORDS
Blog; Chronicle, Internet, Journalism, Post-modern young people, Virtual, Web.
1. INTRODUÇÃO

A Internet revolucionou os padrões de comunicação como nenhum outro


veículo fez até hoje. Todas as plataformas – imagens, sons e textos - encontram-
se em um só lugar. E com uma série de vantagens além da praticidade: rapidez,
dinamismo, variedade de formatos e de conteúdos.
Inserido nesse contexto multifacetado da Internet, existem os blogs,
ferramentas de fácil publicação que ganharam popularidade logo depois de que
surgiram, no final da década de 90. Inicialmente, eram tratados como meros
diários virtuais. Ao longo dos anos, ganharam força e solidez, tornando-se uma
das principais mídias usadas para leitura nos tempos atuais.
O panorama da geração de hoje pode ser percebido através de uma
análise nos conteúdos dispostos nos blogs. Mas não são somente os blogs que
funcionam como um panorama de um tempo.
A crônica, que inicialmente funcionava somente como registro histórico,
hoje, tem muitas outras funções, mas continua sendo um objeto de representação
de cada época. Para se saber a cultura, os costumes, o palavreado, os ídolos, a
cultura de um certo período basta procurar uma crônica referente a tal momento.
Desde o registro histórico até os dias de hoje, a crônica já passou pela
mão de diversos escritores (e) jornalistas. Como fonte de sustento ou por próprio
prazer, o gênero conquistou pela mistura singular entre literatura e jornalismo.
Muitos dizem que é um gênero mais leve, mas isso não quer dizer
superficialidade. A intenção dos cronistas é instigar a reflexão através das
entrelinhas das situações do cotidiano.
A crônica é acima de tudo, um gênero mais livre. E liberdade, tem muito
a ver com os jovens. A pós-modernidade abre caminhos para que o jovem
desfrute da liberdade.
O produto em questão – o blog Avessos - procura atender os interesses
desse jovem pós-moderno que está ou já esteve na universidade, promovendo
crônicas que ampliem as discussões.
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O nome do blog foi escolhido por fazer referência a um lado “inverso” da
notícia divulgada pelos meios de comunicação. A intenção é mostrar um sentido
diferente para situações rotineiras e sugerir novas reflexões sobre modelos de
comportamento.
O objetivo principal do trabalho foi produzir um blog de crônicas que,
com sua linguagem familiar e coloquial, contribua para a discussão dos jovens
em temas ligados ao comportamento.
A seleção de alguns possíveis temas ligados ao comportamento que
podem ser usadas para a produção de crônicas foi feita através de pesquisa
(ANEXO B, p. 78). Novos assuntos podem, dependendo das pautas que forem
surgindo na mídia convencional, das temáticas que forem tratadas como
invisíveis pela imprensa, da repercussão das notícias ou situações nas redes
sociais ou por meio da participação dos leitores.
Entre os objetivos específicos, o Avessos visa a motivar o
questionamento sobre temas em pauta na imprensa e também assuntos que de
certa forma são ignorados por ela. Dessa forma, criam-se novas pautas a serem
discutidas. Vale lembrar que as redes sociais também vão colaborar com esse
processo, sugerido questões para serem exploradas nas crônicas.
Outro objetivo específico diz respeito à intenção de promover
legibilidade nos textos, fornecendo uma fonte de leitura informal e alternativa à
mídia de massa. A ideia é sugerir aos leitores relatos não-usuais, diferentes,
singulares. Mas também, e talvez mais importante, instigar a reflexão sobre os
padrões de comportamento impostos pela sociedade.
Assim como a matéria, a reportagem, o artigo de opinião e a entrevista, a
crônica pode representar a complexidade do mundo exterior – papel que é
inerente ao jornalismo.
A intenção é produzir relatos não-usuais, capturando e reproduzindo
através dos textos, singularidades do cotidiano.
A escolha pelo blog como produto e meio de divulgação das crônicas se
deu em primeiro momento pelo crescimento cada vez maior da Internet como
meio de obtenção de informação, principalmente para os jovens. Outro motivo
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é o intenso poder de segmentação encontrado nessa ferramenta. Diferente dos
veículos da mídia tradicional, o blog não tem pretensão de ser imparcial. Para
Raquel Recuero (2003), a personalização gera empatia e debate pelo motivo dos
leitores saberem que é a opinião de um indivíduo comum e não uma “fonte
todo-poderosa”.
Outra qualidade fundamental o blog é que ele promover uma a
aproximação entre emissor e receptor. O leitor pode comentar a cada nova
publicação. Tal atitude, quando usada com inteligência pelo autor, pode
influenciar diretamente na produção de conteúdo e na qualidade do que é
publicado.
Enquanto tantos incentivos fazem se intensificar o acesso a internet, a
venda dos jornais despenca. Antônio Candido (1980) defende que a crônica é
filha do jornal, que somente quando a tiragem começou a ser diária é que
efetivamente a crônica surgiu. O veículo que já foi o principal meio de
comunicação hoje tem dúvidas se irá sobreviver. Um ponto positivo nessa
questão, é que a crônica não perdeu sua consagração. Uma boa parcela dos
jornais parece sustentar suas vendas graças aos colunistas (e) cronistas.
Aproveitando-se dos benefícios propostos pelo gênero crônica e pela
popularização do blog, principalmente entre os jovens, nasce o Avessos. Depois
de duas pesquisas e algumas análises em relação aos concorrentes, foi percebido
que nenhum possui deles as características do produto em questão. A proposta é
que o público colabore através de comentários ou via rede social, fim de
promover um blog que traga satisfação. Alterações no projeto podem acontecer
a qualquer momento caso haja necessidade.
A primeira parte do trabalho foi realizada através da elaboração da
fundamentação teórica e corresponde aos seguintes capítulos: A opinião no
jornalismo brasileiro; Jovem pós-moderno e Internet. Durante a segunda etapa,
foram feitas análises para o desenvolvimento do blog Avessos. Tais
constatações podem ser encontradas no último capítulo, intitulado de “Produto”.

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2. OPINIÃO NO JORNALISMO BRASILEIRO

Jornalismo e opinião sempre andaram juntos. É curioso pensar que nos


primeiros momentos dentro da tão sonhada faculdade de jornalismo, escuta-se
muito sobre a importância e dever da imparcialidade. Entretanto, quando se
estuda esse terreno da comunicação mais a fundo acaba-se por descobrir que a
imparcialidade é um mito. O homem é um ser parcial e subjetivo, repleto de
valores, preconceitos, dúvidas, julgamentos, experiência de vida. O jornalista
não deixa de ser humano para atuar em sua profissão. A escolha das palavras, de
fontes, de ângulos, de títulos, enfim, todas as escolhas feitas por esse homem-
jornalista (ou jornalista-homem) transformam-no em um indivíduo
indubitavelmente parcial e subjetivo.
Os jornais norte-americanos do início do século XIX trouxeram essa onda
de imparcialidade e objetividade sob influência da ciência. A tentativa era de
superar o período de sensacionalismo anterior através do espírito científico pelo
respeito pelos fatos empíricos, dando rigor às técnicas de apuração e tratamento
de informação (LAGE, 2000).
Antes disso, até 1830, os jornais americanos ofereciam serviços a
partidos políticos. Ciro Marcondes Filho (2002, p.11) define esse período como
primeiro jornalismo. “É a época de ebulição do jornalismo político-literário, em
que as páginas impressas funcionam como caixa acústica da ressonância,
programas político-partidários, plataformas de políticos (...)”. Além disso, é
importante destacar que nesse período os fins econômicos eram secundários.
Nas palavras de Felipe Pena (2005, p.41):

Não que a informação/ notícia estivesse ausente das páginas. Mas a forma como era
apresentada é que era diferente. As reportagens não escondiam a carga panfletária,
defendendo explicitamente as posições dos jornais (e de seus donos) sobre os mais
variados temas. (..)Antes de ir ao verdadeiro assunto da matéria, os textos faziam
longas digressões, relacionando-a com a linha de pensamento do veículo (..) Não havia
objetividade ou impacialidade (...)

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Posteriormente, o próprio Pena (2005) esmiúça essa polêmica,
concluindo que esses dois valores não existem até os dias de hoje.
Uma nova etapa do jornalismo começou aí. O espaço para a opinião e
informação foram divididos dentro do jornal. A informação ganhou uma parte
significativa, visto que propunha um conteúdo padronizado, feito especialmente
para o consumo, como observa José Marques de Melo (1994, p.23): “O
jornalismo informativo afigura-se como categoria hegemônica, no século XIX,
quando a imprensa norte-americana acelera seu ritmo produtivo, assumindo
feição industrial e convertendo a informação de atualidade em mercadoria.
Carlos Eduardo Lins da Silva (1991, p.61) completa: “os jornais passaram a
vender um produto (a notícia) a um público e a vender o seu público a
anunciantes interessados em aumentar a venda de seus próprios produtos”.
Uma análise que merece ser colocada é de Carlos Chaparro lembrada por
Felipe Pena (2005) que explica que a reserva de espaços destinados para a
opinião contribui para a confusão da população. Isso acontece porque as pessoas
acreditam que quando se trata de informação, imagina-se um conteúdo puro,
isento o ponto de vista do jornalista. “A divisão entre notícias e comentários não
representou uma separação entre informação e opinião, mas entre dois tipos de
texto, um com uma estrutura formal argumentativa, outro com estrutura formal
narrativa” (apud PENA, 2005 p. 52)
Sabe-se que as mudanças feitas no jornalismo norte-americano condiziam
com as transformações da sociedade, da economia e da política do país.
Schudson (apud SILVA, 1991, p.61) explica com clareza o contexto pelo qual
os Estados Unidos estavam passando:

Nesse período, o país foi transformado de uma república mercantilista liberal ainda
calcada em valores aristocráticos, em uma democracia de mercado igualitária, onde
dinheiro tinha um novo poder, o indivíduo uma nova postura e a busca de auto-
interesse uma nova honra.. Uma democratização da vida estava em progresso. Com
isso, eu quero dizer simplesmente que mais pessoas estavam ingressando num nexo de
dinheiro e crédito e se transformando em investidores e em consumidores de bens
produzidos fora das esferas do domicílio e que suas atitudes e suas ambições sendo
crescentemente condicionadas por este fato.

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Como conseqüência desse processo, houve o surgimento de jornais de
notícia. Esses novos modelos de jornais colaboraram para a expansão da
sociedade de mercado pelas seguintes formas:

(..) com os anúncios, ampliaram a oferta de bens de consumo e incentivaram a


produção e venda desses produtos; ao se transformarem eles mesmos em produto de
consumo de massa, abriram uma nova frente de negócios e de mobilização e
acumulação de capital, como vendedores de informações lidas por milhares de
pessoas, se converteram em poderosos agentes veiculadores de ideologia, ajudando a
construir a hegemonia cultural dos valores do livre mercado. (SILVA, 1991, p.62)

Pouco mais de um século depois, o Brasil começa a adotar os passos da


imprensa norte-americana. Na década de 1940, depois de passar um tempo nos
EUA, o brasileiro Pompeu de Souza, que na época era chefe de redação do
Diário Carioca começou a realizar modificações no jornal, visando a
objetividade. Em 1950, o Diário Carioca lançou o primeiro manual de redação e
estilo escrito por Pompeu de Souza, cujo título era “Regras de redação do Diário
Carioca”. Além disso, o lead é adotado como uma norma. O mesmo jornal
também foi o que criou o copydesk – uma espécie de grupo de revisores de
matérias que seguiam os mandamentos do manual do jornal.
O modelo brasileiro que começou a ser incorporado nesse período seguiu
muitas das características do norte-americano. Entre elas estão: a utilização da
ordem direta, a linguagem simples, as frases curtas, o uso modo verbal no
indicativo. Sobretudo, a utilização do lead (um parágrafo introdutório que deve
responder seis perguntas essenciais – quem, que, quando, onde, como, e por
que) respondendo a demanda de rapidez da sociedade industrial. Outro destaque
(que acompanha o lead) é a pirâmide invertida – uma narração feita seguindo a
relevância das informações. Essas duas técnicas de estruturação dos textos
deveriam ser utilizadas com o intuito de o leitor não precisar chegar ao fim de
uma matéria – caso não tivesse tempo - para saber o que estava acontecendo.
Ciro Marcondes Filho no livro “Comunicação e Jornalismo: A saga dos
cães perdidos” categoriza essa fase (de 1830 a 1900) como segundo jornalismo.
Nesse período, o conceito de imprensa de massa é utilizado, com a

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profissionalização dos jornalistas, a utilização da publicidade e a solidificação
da economia de empresa (2002).
Como já foi dito, isso não quer dizer que a opinião limitou-se a ficar
somente no espaço destinado a ela. Tomando emprestadas as idéias de José
Marques de Melo (1994), não importa qual seja o artifício narrativo utilizado,
cada processo jornalístico terá uma dimensão ideológica própria. Toda
subjetividade, interpretação, opinião, enfim, todo lado homem continuava lá, em
cada letra, em cada olhar, em cada linha proposta pelo jornalista.
Apesar disso, com o passar do tempo, do desenvolvimento cada vez
maior dos jornais e também com a transformação dos leitores, foi natural
surgirem variados estilos de escrita e diferentes linguagens a serem utilizadas.
Como de costume, os estudiosos buscaram catalogar cada um desses novos
estilos a fim de mapear o sujeito para a leitura do jornal, como explica Melo
(1994, p. 26):

Pelo menos, essa é a tendência corrente nos países capitalistas, onde o jornalismo
torna-se cada dia mais um negocio poderoso e suas formas de expressão buscam
adequar-se aos desejos dos consumidores ou equipara-se aos padrões das mensagens
não-jornalísticas que fluem através do mass media.

As novas empresas jornalísticas que surgiam necessitavam de


classificações para se manterem organizadas, situando e satisfazendo o público.

2.1.Classificação de gêneros

Alguns estudiosos optaram por aprofundar-se classificando os gêneros


mesmo com a impossibilidade de classificação exata e absoluta. No completo
livro de José Marques de Melo (1994), “A opinião no jornalismo brasileiro”,
percebe-se que mundo afora muitos se dedicaram a realizar essa catalogação.
Entretanto, no país, segundo Melo, somente um pesquisador fez essa divisão:
Luiz Beltrão. As três categorias propostas por Beltão (apud MELO, 1994) são:
jornalismo informativo, que engloba a notícia, reportagem, história de interesse

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humano e informação pela imagem; jornalismo interpretativo que foca a
reportagem em profundidade e por último jornalismo opinativo - composto pelo
editorial, artigo, crônica, opinião ilustrada e opinião do leitor.
Na visão de Melo (1994, p. 60), a classificação feita por Beltrão não se
ateve ao estilo, estrutura narrativa e técnica de codificação de cada gênero, “mas
obedeceu ao senso comum que rege a própria atividade profissional,
estabelecendo limites e distinções entre as „matérias‟.” Beltrão levou em
consideração apenas a questão funcional dos gêneros: a informação,
interpretação e opinião. O pesquisador deixou de lado as especificidades de cada
gênero.
Para remover essa lacuna, Melo sugere uma nova classificação de
gêneros visando a produção jornalística do Brasil. O estudioso levou em conta a
Geografia, o contexto sociopolítico, a cultura, os modos de produção e a
corrente de pensamentos. De acordo com o autor, é necessário reunir os gêneros
em categorias que dizem respeito à intencionalidade dos relatos através de que
se configuram. Duas vertentes são identificadas por ele, a primeira diz respeito a
reprodução do real e leitura do real. “Reproduzir o real significa descrevê-lo
jornalisticamente a partir de dois parâmetros, o atual e o novo. Ler o real
significa identificar o valor do atual e do novo” (MELO, 1994, 62). A segunda
procura catalogar os gêneros a partir da natureza estrutural dos relatos
observáveis nos processos jornalísticos. Dessa maneira, o autor não se refere
leitura especificamente à estrutura do texto, sons ou imagem que representem a
realidade. “Tomamos em consideração a articulação que existe do ponto de vista
processual entre os acontecimentos (real), sua expressão jornalística (relato) e a
apreensão pela coletividade (leitura)” ( MELO, 1994, p. 64).
Nesse sentido, a classificação feita por Melo (1994) é dividida em
jornalismo informativo do qual fazem parte a nota, notícia, reportagem e
entrevista e jornalismo opinativo: editorial, comentário, artigo, resenha, coluna,
crônica, caricatura e carta.
Alguns gêneros se confundem dentro dessa classificação proposta pelo
autor. Mesmo se perguntarmos para um cidadão que está familiarizado com
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jornalismo ele terá dificuldades em diferenciar comentário e artigo, por
exemplo. Isso acontece porque os gêneros têm características semelhantes.
Entretanto, pode-se que dizer que a crônica é facilmente reconhecida, pois é a
única que mescla elementos do jornalismo e da literatura, com uma leveza e
coloquialismo peculiares. Além de, sobretudo, dar uma imensa liberdade ao
autor.

2.2.O surgimento do folhetim: inspiração francesa

A versão brasileira da crônica, inicialmente chamada de folhetim, teve


como modelo a imprensa francesa da década de 1830. O feuilleton-roman
(romance-folhetim) como era chamado inicialmente foi concebido por Émile de
Girardin, que notou a necessidade de transformar o jornal em um produto
democrático. Para isso, mudanças haviam de ser além de financeiras –
barateando o custo dos jornais através do uso da publicidade - e lingüísticas,
tornando a escrita mais acessível.
Convém lembrar que desde o início do século XIX já existia o feuilleton
(folhetim), que propunha assuntos mais leves que o resto do jornal, investindo
em variedades. Críticas literárias, anúncios, resenhas teatrais e receitas
culinárias faziam parte do feuilleton, que estava situado no rodapé do jornal.
Marylise Meyer (1996, p. 23) explica como se deu a glorificação do folhetim:

O folhetim vai ser completado com a rubrica “variedade”, que é cunha por onde
penetra a ficção, na forma de contos e novelas curtas. O passo decisivo é dado quando
Girardin, utilizando o que já vinha sendo feito para os periódicos, decide publicar
ficção em pedaços. Está criado o máximo chamariz „continua no próximo número‟(...)

O romance espanhol Lazarillo de Tormes é o primeiro romance-folhetim


publicado, 1836. No final do mesmo ano, Giradin encomenda para Honoré de
Balzac uma novela para ser publicadas aos pedaços, La vielle fille (A Menina
Velha).

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Na década de 1840, o feuilleton-roman alcança seu ápice com Eugéne Sue
e Alexandre Dumas. O sucesso da publicação aumentou a tiragem dos jornais e
irritou os críticos – que consideravam os escritos uma literatura industrial.
Segundo Cristiane Costa (2005, p. 239) “o gênero ficou rotulado como
subliteratura, por sua relação intrínseca com a nascente indústria cultural”. O
folhetim é definido por muitos especialistas como o primeiro produto da
indústria cultural que estava surgindo.

2.3. Panorama histórico do país: do folhetim à crônica

Jornalista é quem tem habilidade para narrar um fato. José Marques de


Melo explica que do ponto de vista histórico, a crônica significa uma narração
de fatos (1994). Os primeiros cronistas, dessa forma, podem ser considerados
jornalistas. Há quem diga - Jorge de Sá, por exemplo – que a crônica brasileira
existia desde a época de Pero Vaz de Caminha. Nessa época, porém, ela
funcionava unicamente como registro histórico. Era simplesmente uma narração
cronológica. De acordo com Soares Amora (apud CASTRO e GALENO, 2005
p. 140) falta valor artístico na „literatura de informação sobre o novo mundo‟.
Para ela, os cronistas desse período estavam mais preocupados em conquistar
riquezas do que em obter glorificações com a literatura. Entretanto, mesmo sem
intenções de reconhecimento com a escrita, foram os viajantes os primeiros
jornalistas. “Foi com esse sentido de relato histórico que a crônica chegou ao
jornalismo. Trata-se de um embrião da reportagem. Ou seja, uma narrativa
circunstanciada sobre os fatos observados pelo jornalista num determinado
espaço de tempo” (MELO, 1994, p. 147).
A idéia de tempo sempre foi ligada intimamente com a crônica:

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A crônica pela própria etmologia – chronos/crônica – é um gênero colado ao tempo.
Se em sua acepção original, aquela linhagem dos cronistas coloniais, ela pretende-se
registro ou narração dos fatos em sua ordenação cronológica, tal, como estes
pretensamente ocorreram de gato, na virada do século XIX para o século XX, sem
perder seu caráter de narrativa e registro, incorpora uma qualidade moderna: a do lugar
conhecido à subjetividade do narrador” (apud COSTA, p. 246 e 247)

O conceito de crônica como gênero literário inicia-se com o folhetim. “O


cronista literário deixa, assim de ser o intérprete da visão das classes
dominantes, para ser o porta-voz dos sentimentos do homem comum, fazendo
da crônica o relato de fatos e episódios que a historiografia tradicional não
registrava”. (COUTINHO, 2008). Segundo José Marques de Melo (1994), o
folhetim era um espaço semanal destinado ao registro dos acontecimentos. Os
responsáveis por esse registro eram os escritores.
A primeira aparição pelo país do folhetim foi em 1838, com a publicação
de O capitão Paulo, de Alexandre Dumas, traduzida por J. C. Muzzi. (MEYER,
1996, p. 32). De acordo com Afrânio Coutinho (apud MELO 1994) o folhetim
nasceu com autores brasileiros com Francisco Otaviano em 1852 e
posteriormente teve nomes como José de Alencar, Manuel Antônio de Almeida,
Machado de Assis, Raul Pompéia e Coelho Neto. O folhetim conquista o
público do país e vai se transformando desde a definição de costumes e modos
até ferramenta incentivadora da leitura. “Ler o folhetim virou hábito familiar,
tanto na Corte quanto nos serões das províncias, e durante sua leitura oral era
permitida a presença das mulheres e a participação dos analfabetos, que eram a
maioria (SODRÉ, 1977, p. 279)”.
Ao estudar a trajetória histórica da crônica, Antonio Candido (1980)
conclui que a crônica que existe hoje não nasceu do jornal, porém, somente
quando ele teve tiragens diárias e disponibilizou um conteúdo acessível é que
ela ganhou de fato vida. O mesmo autor define a crônica como “filha do jornal e
da era da máquina”.

Cristiane Costa (2005) explica as influências dos diversos tipos de


folhetim usados como modelo para o formato do folhetim brasileiro:

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Híbrido por natureza, o folhetim não seguia um modelo, mas vários: o romance em
folhetim, capaz de manter sua integridade literária quando reunido em livro o
mirabolante folhetim folhetinesco, uma obra aberta cujas soluções oscilavam ao gosto
do leitor; além do ensaio, da crítica e da crônica. O conceito de folhetim muda de
sentido ao longo do tempo e até na obra de um mesmo autor, tornando difícil sua
definição em regras rígidas, como, por exemplo, ficção e não ficção. O que se pode
dizer com certeza é que originalmente palavra feiulleton se referia não a um estilo,
mas um espaço geográfico preciso, o rodapé do jornal, quase sempre na primeira
página.(2005, p.239,240)

É somente na segunda metade do século XIX que o conceito de folhetim


realmente se firma: “com a fundamental participação de escritores jornalistas do
porte de Joaquim Manuel de Macedo e José de Alencar, que deram início a uma
raça de „cães vadios, livres farejadores do cotidiano, batizados com outro nome
de vale-tudo: crônica”. (COSTA, 2005, p. 247).

Para Wellignton Pereira (2004), a diferença consiste na evolução


estético-semântica que a crônica foi adquirindo ao longo dos anos:

A diferença entre crônica e folhetim não se resume apenas a uma questão semântica,
mas se estabelece na relação que ambos mantêm com o espaço jornalístico. Neste
sentido, a crônica marca uma certa evolução estético-semântica, através das diversas
linguagens que o cronista incorpora ao seu texto. O folhetim, ao contrário, permanece
marcado pela referencialidade do texto jornalístico ou pelo grau de literariedade,
quando assume as características do romance ou até mesmo da opinião jornalística.
(2004, p. 40)

Segundo Antônio Candido (1980, p.7): “Aos poucos o “folhetim” foi


encurtando e ganhando certa gratuidade, certo ar de quem está escrevendo à toa,
sem dar muita importância. Depois, entrou francamente pelo tom ligeiro e
encolheu de tamanho, até chegar ao que é hoje”.
O mesmo autor propõe o período histórico da solidificação da crônica no
país:

Acho que foi no decênio de 1930 que a crônica moderna se definiu e consolidou no
Brasil, como gênero bem nosso, cultivado por um número crescente de escritores e
jornalistas, com seus rotineiros e os seus mestres. Nos anos 30 se afirmaram Mário de
Andrade, Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade, e apareceu aquele que de
certo modo seria o cronista, voltado de maneira praticamente exclusiva para este
gênero: Rubem Braga. (1980, p. 9)

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Rubem Braga é um nome corajoso e essencial quando o assunto é crônica
brasileira. Braga foi o único que praticou somente esse gênero e foi o que mais
trouxe transformações para o mesmo. Davi Arrigucci explica:

[Braga] forjou, na verdade, uma forma literária única, feita com a mescla de elementos
variados, vindos até onde se pode perceber, da antiga tradição do narrador oral (...) e
da bagagem do cronista moderno, associado à imprensa e experimentando na labuta
das grandes cidades de nosso tempo. (1987, p.55)

O próprio cronista afirma “A verdade não é o tempo que se passa, a


verdade é o instante” (BRAGA apud SÁ 2001, p.12). Através do relato do
fugaz, da retratação de memórias, da preocupação com a narrativa e do lirismo
reflexivo ele mudou o rumo desse gênero no país. A crônica nunca mais foi a
mesma depois de Rubem Braga.
É importante destacar que mesmo com o passar das décadas os textos de
Braga não ficaram empoeirados em um canto qualquer do país. Isso se dá (além
do fato de ele ser um cronista no mais puro sentido da palavra) pois, segundo
Arrigucci, a crônica “parece penetrar agudamente da substância íntima do seu
tempo e esquivar-se da corrosão dos anos(..).” (1987, p. 53).
O coloquialismo e a simplicidade explorados por Braga acrescidos de um
toque pessoal singelo reformularam o conceito de crônica no país.
Ao discutir essa questão, Melo pontua que os cronistas dessa geração
moderna assumem a palpitação e agilidade do jornalismo que estava em
mutação. “A crônica moderna gira permanentemente em torno da atualidade,
captando com argúcia e sensibilidade o dinamismo da notícia que permeia toda
produção jornalística” (1994, p. 154).
Dessa forma, entende-se que para que o formato do texto crônica
chegasse ao que é hoje foi necessário perpassar diversos fatores, desde o
temporal ao literário, fazendo com que esse gênero se tornasse, finalmente,
ímpar.

18
2.4. Escritores (e) jornalistas

A matéria-prima tanto de escritores como dos jornalistas é a palavra. As


atividades começaram juntas no país, em 1808, com a autorização da publicação
de impressos, fruto da vinda da Coroa Portuguesa. (COSTA, 2005).
Inicialmente, os escritores tinham uma relação harmoniosa com a imprensa. Ela
oferecia capital para os literatos, enquanto estes recebiam reconhecimento. É
importante destacar que o jornalismo aproveitou-se a literatura para sua difusão,
através dos folhetins feitos pelos escritores. Assim com a literatura aproveitou-
se do jornalismo, obtendo divulgação em um período que era extremante caro
publicar um livro.
Posteriormente, a relação entre jornalismo e literatura foi ficando
conturbada, principalmente pela profissionalização e do jornalismo e do outro
lado a frustração de uma vivência especialmente literária, que conseguisse ligar
a publicação de livros a algo rentável. O abismo entre esses dois gêneros
começou a tomar grandes proporções, como destaca Cristiane Costa: “Uma vez
demarcadas as fronteiras, a literatura será identificada com alta cultura e o
jornalismo com a cultura de massa” (2005, p.14).
Existe uma questão chave que engloba toda essa discussão: falta mercado
para literatura no Brasil. A impossibilidade de trabalhar em tempo integral com
a escrita aterroriza os escritores há muito tempo. Ser escritor sempre foi deixado
para segundo plano. Em primeiro lugar, vem a ideia de uma profissão que seja
de fato rentável. Inglês de Souza (apud COSTA, 2005 p. 23) destaca o fato de
não só os jornalistas serem frustrados com a dificuldade de se tornar um escritor
profissional: “também há diretores e amanuenses de secretaria e outros
rabiscadores de papel que são excelentes poetas e grandes romancistas. O que
não quer dizer que a burocracia seja fator bom para a arte literária”.
Cristiane Costa (2005) analisa a dicotomia “jornalismo X literatura”
seguindo um caminho percorrido por João do Rio. Em 1904, o escritor e

19
repórter fez uma enquete1 com os principais intelectuais do país. Foram
analisadas 11 entrevistas e 26 cartas de autores responderam a cinco perguntas,
originalmente enviadas a mais de cem pessoas. Alguns anos depois, essas
respostas foram reunidas no livro “O momento literário”. Atualmente, o livro é
visto como um documento fundamental sobre a vida intelectual brasileira na
virada do século XX. O resultado dessa pesquisa feita por João do Rio foi
empate técnico: dos 37 intelectuais que responderam ao questionário, 10
afirmaram que o jornalismo prejudica a vocação literária, 10 disseram que não,
11 responderam que tanto ajuda quanto atrapalha e seis não quiseram ou
souberam responder.
Retomando a indagação de João do Rio, a autora propõe uma pergunta
difícil de ser respondida: “Estaria o trabalho burguês assalariado aniquilando o
artista, desinteressado e boêmio? Ou, ao contrário, abrindo as portas da fama,
prosperidade e do coração dos leitores?” (2005, p. 25).
A idéia de que somente a literatura é a arte pura e digna surgiu com a
massificação dos jornais, como detalha Costa:

Se na fase dos grandes publicistas, como Hipólito da Costa; dos políticos-jornalistas


escritores- como José Bonifácio; e mesmo na dos pollígrafos, como Olavo Bilac, os
dois tipos de homens de letras ocupavam praticamente o mesmo espaço no jornal e na
vida literária, a partir da virada do século XX a literatura se constituiu como um
campo separado, em que um ideal de arte pura e desinteressada se contrapõe à
possibilidade de profissionalização, sinônimo de massificação, do texto jornalístico
(2005, p. 13)

Esse processo fica mais intenso entre as décadas de 20 e 50, coincidindo


com o primeiro “boom” do mercado editorial brasileiro e com o impressionante
crescimento dos jornais (COSTA, 2005). A partir desse momento, as atividades
foram empiricamente separadas. “Curiosamente, será por meio do trabalho na
imprensa de um Oswald de Andrade, de um Carlos Drummond de Andrade e de
um Graciliano Ramos, a partir dos anos 20, que a literatura (ou antes,
beletrismo) será expulsa das páginas dos jornais” (2005, p. 15). Esses escritores
consagrados vão ser incorporados como mão-de-obra interna, especialmente
como copidesques, consertando vícios e defeitos do texto jornalístico. (COSTA,
1
Enquete detalhada: COSTA, Cristiane. Pena de Aluguel. São Paulo: Cia das Letras, 2005.
20
2005). Tudo isso visando o modelo objetivo e imparcial de jornalismo,
importado da imprensa norte-americana.
A fim de atualizar a discussão de João do Rio, Cristiane Costa propôs a
seguinte pergunta: "Trabalhar em jornal é bom ou mau para quem deseja ser
escritor?". A indagação foi conduzida a 30 jornalistas cujas atuações têm sido
pautadas pelo exercício da literatura. Arnaldo Bloch, Bernardo Carvalho,
Bernardo Ajzenberg, Luiz Ruffato, Michel Laub, Marçal Aquino, Fernando
Molica, José Castello e outros escritores jornalistas forneceram respostas. A
pesquisa feita por Costa deu origem a uma discussão teórica, que resultou na
tese de doutorado "Jornalistas escritores no Brasil", defendida em junho na
Escola de Comunicação da UFRJ, sob a orientação do professor Muniz Sodré
(2005, p. 345). “Por mais que tenha entrevistado jornalistas escritores
contemporâneos, vasculhando vidas e obras dos que não estão mais vivos,
garanto ser impossível formular uma resposta”, explica a autora. E completa:
“Cada momento literário ou jornalístico tem seus próprios dilemas. Cada autor,
uma forma de lidar com o problema”.
Entretanto, é preciso esclarecer que o jornalismo não é o grande vilão,
como revela a autora em uma colocação excelente:

O jornalismo costuma ser a porta de entrada, a formula de divulgação e ate a instancia


de consagração de seus nomes. No entanto, muitos permanecem presos ao mito de que
o verdadeiro escritor é quem consegue ser artistas em tempo integral, sem
concessões.Não se dão conta de que se trata de um personagem social construído pela
mesma modernidade que os aproxima e afasta de seus objetivos, integrando-os ao
campo literário, mas obrigando-os a vender seu tempo e seu talento. (2005, p.36 - 37)

A necessidade de ganhar dinheiro, de transformar o tempo em dinheiro


revolucionou as forma de fazer jornalismo. Houve a profissionalização do
jornalista, o que não aconteceu com o escritor. Essa questão é analisada por
Costa (2005, p. 27):

O movimento é circular. O desenvolvimento da imprensa é o indício do aumento da


população escolarizada, da expansão do mercado de bens culturais e de sua
democratização no Brasil. Ele alimenta-se de uma crescente população de jovens
literatos sem fortuna, que incentivados pela valorização social da figura do escritor,
vão tentar „viver de uma arte que não pode fazê-los viver.

21
Além de ser demasiadamente caro publicar um livro, enquanto o jornal
tinha um público abrangente, a literatura contava com poucos e raros leitores. O
jornal sempre foi mais acessível, levando em consideração o preço e a
linguagem. A dificuldade imensa de viver de literatura até hoje frustra grande
parte dos escritores. Costa completa: “presos à visão ambivalente do escritor
como um intelectual aristocrata ou um marginal da sociedade burguesa, eles não
vêem que produzem seus livros contra essas determinações e ao mesmo tempo,
graças a elas.” (2005, p. 37) Ou seja, as frustrações dos escritores são seu
próprio ofício e matéria, visto que também possuem (como o jornalismo)
dependência com o sistema vigente para que possam ter público renda e seus
livros publicados.
Até hoje jornalistas (e) escritores estão presos entre a arte e o mercado, o
tempo e o dinheiro, a escrita livre e a escrita condicionada.

2.6. Crônica atual

É impossível chegar a uma conclusão definitiva sobre como é realmente a


crônica brasileira nos dias de hoje. Sabe-se, por exemplo, que ela não funciona
unicamente como um registro histórico, apesar de poder ser usada para ilustrar o
comportamento, a linguagem, o pensamento, enfim os costumes de uma época.
Sabe-se também que ela não é como um folhetim – denso e longo – mas pode
ter alguma dessas características eventualmente. O que se pode concluir é que a
crônica atual dá uma imensa autonomia para o cronista no momento da criação.
Essa autonomia completa para o escritor só é permitida na literatura. Os
gêneros jornalísticos dificilmente, ou nunca, dão uma liberdade (política,
ideológica, social, cultural, lingüística) tão ampla. Lourenço Diaféria (apud
MELO, 1994, p. 161) discorre magistralmente sobre essa liberdade: “a crônica é
aquele pedaço da imprensa onde se cultiva a sensação de que o mundo continua
livre- como os pardais, as nuvens e os vagabundos”. Além disso, como os
romancistas, que se utilizam de pretextos da vida para construírem uma história,

22
os cronistas misturam realidade como ficção. “A associação de ideias, o jogo de
palavras e conceitos, as contraposições, misturam o real e o imaginário como
forma de fazer realçar o primeiro”. (LETRIA; GOULÃO apud MELO, p. 149).
Não se pode negar também que ela é um gênero jornalístico, pois nasceu
do jornal e faz parte dele. Sobretudo, se utiliza da contemporaneidade e do
cotidiano como inspiração. A própria imprensa é matéria da crônica. Melo
analisa: “(...) a crônica obedece as três condições essenciais de qualquer
atividade jornalística: atualidade, oportunidade e difusão coletiva.” (1994, p.
159). Entretanto, por inúmeras vezes ela parece despreocupada, diferente do
resto do jornal. Para Marcelo Coelho (2002) a crônica pode servir como um
outro avesso da notícia, insistindo na “desimportância” enquanto as notícias
tentam mostrar o relevante de tudo.
Existem milhares de definições de crônica encontradas país afora –
algumas inclusive de próprios cronistas. Assim como são essas definições,
variadas e contraditórias são as crônicas. Estas podem ser tudo que quiserem:
esclarecedoras, vagas, polêmicas, conservadoras, cotidianas, ficcionais, ácidas,
doces. Enquadrá-las em uma classificação única seria uma grande injustiça com
a originalidade do escritor.

23
3. JOVEM PÓS-MODERNO

3.1 Modernidade

O termo moderno é bem mais antigo que a modernidade, segundo


Harvey. O projeto de modernidade (denominação feita por Habermas) entrou
em vigor no século XVIII, através de um extremo esforço dos iluministas para
“desenvolver a ciência objetiva, a moralidade e a lei universais e arte autônoma
nos termos da própria lógica interna delas”. (HABERMAS apud HARVEY,
1989, p.23). Diversas pessoas trabalhando livremente deveriam buscar a
emancipação humana. O período era caracterizado pelo extremo racionalismo
superando antigos mitos e superstições. Teixeira Coelho (2005) explica que o
projeto da modernidade estaria na distinção clara entre três domínios que antes
estavam imbricados num único: ciência, arte e moral e com o aparecimento
posterior, de outras áreas autônomas, com a lei e a política. Coelho (2005, p. 20)
completa:

O projeto dos iluministas consistiu em firmar os campos distintos em que o


pensamento e a ação poderiam exercitar-se: a fé de um lado, a verdade (da ciência) de
outro, o comportamento em seus círculos próprios e a arte por sua conta.

Segundo Harvey, “„A Modernidade‟, escreveu Baudelaire em seu artigo


seminal „The painter of modern life‟ [O pintor da vida moderna, publicado em
1863], „é o transitório, o fugidio, o contingente; é uma metade da arte, sendo a
outra o eterno e o imutável” (1989, p. 21). O mesmo autor lembra: “há
abundantes evidências a sugerir que a maioria dos escritores „modernos‟
reconheceu que a única coisa segura na modernidade é sua insegurança.”
(HARVEY, 1989, p. 22) Berman (1982, p.111) lembra que fazer parte do

24
universo moderno é, como colocou Marx, estar onde “tudo é sólido e se
desmancha no ar”.
A corrente iluminista que permeou a época pregava a ideia do progresso.
A modernidade tem uma ligação visível com a Revolução Francesa, explorando
conceitos como liberdade-igualdade-fraternidade. Segundo Touraine (1994. p.
139): “O pensamento modernista se apoia na correspondência afirmada entre a
libertação do indivíduo e o progresso histórico”. Através do uso da razão era
possível chegar a uma excelência individual, controlar as forças da natureza e
promover o bem estar da humanidade.
Em sua dissertação de mestrado, “Hipertexto: universo em expansão”,
Isabela Lara Oliveira explica as contradições em relação ao projeto de
modernidade:

(...) os vários princípios interagindo entre si não foram capazes de cumprir com as
propostas modernas que visavam, entre outros objetivos, a prosperidade social a partir
do desenvolvimento da técnica, da ciência aplicada e do livre mercado. Se por um lado
a ciência e a técnica avançaram, talvez, além do esperado, a contrapartida de
prosperidade social e cultural não se concretizou (OLIVEIRA, 1999).

A razão visando acima de tudo o desenvolvimento na ciência é uma


característica marcante desse período.

3.2 Pós-modernidade

Nas últimas décadas do século XX ocorreram mudanças significativas na


sociedade. As marcações modernas se diluíram abrindo espaço para a
característica principal e fundamental desse período nomeado como pós-
moderno: o efêmero. Outro ponto que é indispensável sublinhar é que há uma
rejeição aos valores desenvolvidos no período iluminista bem como das práticas
racionais universalizantes.
Os pesquisadores não chegaram em um acordo para intitular esse
período, como explica Sérgio Czajkowski Júnior (2006): “Muitos o chamam de
Pós-Modernidade (ANDERSON, 1999; LYON, 1988; LYOTARD, 1998;
25
HARVEY, 1989), Era da Informação (LYON, 1992), Sociedade do
Conhecimento (LÉVY, 1994) ou então Sociedade em Rede (CASTELLS,
1999)”.
Não há uma preocupação em solucionar questões existenciais e
vangloriar o uso da razão. Bauman (2001) firma que a sociedade pós-moderna
possui especificidades como o descrédito, o escárnio e a perda da busca intensa
por ambições, deixando de lado, então, as características modernistas que
buscavam, acima de qualquer outra coisa, o progresso da sociedade. A constante
mutação do indivíduo e seus ideais e as diferentes formas de percepção da
realidade são parte desse contexto.
Vale lembrar que durante a Segunda Guerra Mundial e as décadas
seguintes foram descobertas novas tecnologias na área eletrônica (como o
transistor e o primeiro computador programável) que revolucionaram os três
ramos da tecnologia – microeletrônica, computadores e telecomunicação
(CASTELLS, 2006, p. 76).
As mudanças impostas pela pós-modernidade se consolidaram na década
de 70, como ressalta Manuel Castells: “(...) as novas tecnologias da informação
difundiram-se amplamente, acelerando seu desenvolvimento sinérgico e
convergindo em um novo paradigma.” (2006, p. 76). A industrialização e o
capitalismo são fatores concomitantes dessa década, e daí em diante, gerando
uma explosão de novas tecnologias e intensificando a sociedade de consumo,
como observa Holgonsi Soares Gonçalves Siqueira (2002) no terceiro capítulo
de sua tese de Doutorado „ “Pós-modernidade, Política e Educação”: “As novas
formas referentes ao consumo estão relacionadas com os meios de comunicação,
com a alta tecnologia, com as indústrias da informação (buscando expandir uma
mentalidade consumista, a serviço dos interesses econômicos) e com as
maneiras de ser e de ter do homem pós-moderno.” (2005)
Ademais, as áreas da comunicação e da informação ganharam prioridade,
como afirma Pierre Levy (1999, p. 13): “As telecomunicações geram esse novo
dilúvio por conta da natureza exponencial, explosiva e caótica de seu

26
crescimento. A quantidade bruta de dados disponíveis se multiplica e se
acelera.”
Os novos conceitos que rondavam o mundo fizeram com que fossem
desenvolvidas novas definições, como ciberespaço e cibercultura. Entende-se
por ciberespaço, segundo estudos de Pierre Levy (1999, p.17) “(...) o novo meio
de comunicação que surge da conexão mundial dos computadores.” A
cibercultura, por sua vez, especifica “o conjuto de técnicas (materiais e
intelectuais), de práticas, de atitudes, de modos de pensamento e de valores que
de desenvolvem juntamente com o crescimento do ciberespaço” (1999, p. 17).
O mesmo autor conclui: “As tecnologias digitais surgiram, então, como a
infraestrutura do ciberespaço, novo espaço de comunicação, de sociabilidade, de
organização e transação, mas também novo mercado de informação e
conhecimento” (1999, p.32).
O fenômeno da industrialização também fez com que surgissem funções
inter-relacionadas: os meios de comunicação de massa, a cultura de massa e
indústria cultural (COELHO, 2000). A sociedade passou a comprar cada um dos
seus valores, inclusive os culturais.

3.3. Indústria Cultural

O termo “Indústria Cultural” foi cunhado por Max Horkheimer


e Theodor W. Adorno para criticar as produções culturais, que, para os autores
circundavam apenas a obtenção de lucros. Os dois teóricos faziam parte da
Escola de Frankfurt, criada em 1924, foi fortemente influenciada pelas
concepções marxistas.
A indústria cultural surgiu com os primeiros jornais e a cultura de massa
com a publicação do folhetim (em meados do século XIX) - e outros
mecanismos de interação dentro dos mesmos. O capital estava presente em cada
aspecto da sociedade e determinava até mesmo a personalidade dos indivíduos.

27
O mercado dita as regras de toda produção artística e da moda. Quem dá as regras é
este monstrengo devorador de economias chamado capital (...). A produção estética
integrou-se à produção de mercadorias. Desta forma, a arte passa a integrar um
sistema cultural onde o mercado produz um tipo de leitor-ouvinte-espectador-
consumidor que são um só (...) (PONTES , 2007).

A produção de cultura valorou todo tipo de informação que divulgaria, ou


seja, o conhecimento, a crítica e a expressão foram transformados em alienação
e conformismo social. O indivíduo acabou por perder a identidade própria e a
consumir uma proposta de fuga da realidade e prazer que retiraria sua
capacidade de reflexão sobre si mesmo e o meio (COELHO, 2000).
As características da Indústria Cultural se fortaleceram ainda mais com a
intensificação do capitalismo. Atualmente, o indivíduo é ainda bastante
influenciado por essa indústria, que instrui sua maneira de pensar (ou não
pensar) e agir. Ou seja, a identidade do sujeito é diretamente ligada à Indústria
Cultural.
Em relação a identidade do cidadão pós-moderno, pode-se dizer que ela
não é bem estruturada e portanto, variável: “Esse processo produz o sujeito pós
moderno, (...) como não tendo uma identidade fixa essencial ou permanente. A
identidade tornou-se uma „celebração móvel: formada e transformada
continuamente em relação às formas pelas quais somos representados ou
interpelados nos sistemas culturais que nos rodeiam.” (HALL, 2003, p. 12-13).
Essa inconstância nas identidades é extremamente visível nos jovens dos dias
atuais.

3.4. Jovem pós moderno

As concepções atuais referentes aos jovens são inúmeras. Os conceitos


são múltiplos, não havendo uma regra geral ou definições fixas. Henry Giroux
(1994) afirma que essa nova geração de jovens têm identidade híbrida,
influenciados diretamente pela cultural ocidental e suas tecnologias de
comunicação, bem como com as práticas culturais locais e espaços públicos
plurais. Giroux (1994) prossegue dizendo que há nessa idade a perda da fé nos
discursos modernos de trabalho e emancipação, o imediatismo como forma de
28
viver, experiência do tempo e espaço como comprimidos e fragmentários, pouca
segurança psicológica, econômica ou intelectual.
A perda total de utopias é um ponto inerente. Como diz Hery Giroux, “
(..) faz-se difícil imaginar qualquer tipo de luta coletiva” (apud CASTELLS,
1994, p.74).Um outro ponto essencial é que os jovens pós-modernos de uma
forma geral tentam delongar a passagem para a fase adulta. “(...) Entrar na vida
adulta no final deste século significa perder a esperança e tentar adiar o futuro
em vez de aceitar o desafio moderno de tentar construí-lo”, explica Giroux
(apud CASTELLS,1994, p. 74).
É impossível possuir uma personalidade sólida no período atual, devido
às milhares de influências constantemente sofridas pelos jovens. Stuart Hall(
2003,p.13) explica bem essa questão: “(...) à medida em que os sistemas de
significação e representação cultural se multiplicam somos confrontados por
uma multiplicidade desconcertante e cambiante de identidades possíveis, com
cada uma das quais poderíamos nos identificar – ao menos temporariamente”.
Essa personalidade instável forma grupos de jovens que dividem interesses em
comum - as tribos.

3.5. Definições de tribo

A industrialização intensa promoveu o êxodo rural. As chances de


emprego estavam nas grandes cidades. Buscando uma melhor condição de vida,
muitos migraram para as metrópoles, que ficaram cada vez mais abarrotadas de
gente. Adiantando algumas décadas, percebe-se que ritmo frenético das cidades
saturou o indivíduo, além de desencadear problemas como a violência urbana, o
desemprego, a desigualdade econômica e social. Esse indivíduo buscou se
inserir em um contexto de socialização com outras pessoas que tivessem os
mesmos interesses e inquietações. Michel Maffesoli (2000, p.70), o primeiro a
usar a expressão tribo para grupos sociais urbanos, usou tal definição: “(..)
diversas redes, grupos de afinidades e de interesse, laços de vizinhança que

29
estruturam nossas megalópoles”. O período atual, ou seja, a pós-modernidade, é
caracterizado pelo neotribalismo.

[...] o neotribalismo é caracterizado pela fluidez, pelos ajuntamentos pontuais e pela


dispersão. E é assim que podemos descrever o espetáculo da rua nas megalópoles
modernas. O adepto do jogging, o punk, o look retrô, os “gentebem”, os animadores
públicos, nos convidam a um incessante travelling. Através de sucessivas
sedimentações constitui-se a ambiência estética da qual falamos.E é no seio de uma tal
ambiência que, pontualmente, podem ocorrer essas “condensações instantâneas”
(Hocquenghem-Scherer), tão frágeis, mas que, no seu momento são objeto de forte
envolvimento emocional (MAFFESOLI, 2000, p. 107).

José Guilherme Cantor Magnani (2005) revela que a expressão ganhou


divulgação e notoriedade principalmente pelo livro “O tempo das tribos,” escrito
por Maffesoli em 1987. Além disso, Magnani fala que a expressão “tem apelo e
é imediatamente reconhecida, especialmente pela mídia” .Ao produzir
estereótipos relacionados às tribos, a mídia transforma o mecanismo de
integração em reproduções de rótulos do senso comum.
José Machado Pais e Leila Maria da Silva Blass (2004) discorrem sobre
essa questão no livro “Tribos urbanas: produção artística e identidades”. Para os
autores, o próprio sentido etimológico do termo “tribo” tem um significado
pejorativo.

Com efeito, tribo é um elemento de composição de palavras que exprime a ideia de


atrito (do grego tribé), isto é, a resistência de corpos que se opõem quando se
confrontam. Esta dimensão de resistência grupal, subtantivamente ligada à ideia de
atrito, encontra-se presente no fenômeno das tribos urbanas. Aliás, em muitas palavras
da família tribo a ideia de atrito está presente. Não é certamente por acaso que muitos
grupos de jovens levam com o apodo de tribo. É que suas condutas são vistas como
desalinhadas, confrontativas, exóticas. De facto, a designação de “tribo juvenil” é
usada para traduzir sociabilidades juvenis que pautam vivências consideradas
“desestruturadas” contestáveis, subservidas (2004, p.13)

Deste modo, é essencial deixar de lado o rótulo imposto pela mídia e


compreender que a existência de grupos contribui para o desenvolvimento do
jovem, no sentido que promove a alteridade.

3.6. O jovem e a leitura

30
Sabe-se que esse jovem pós-moderno está inserido no mundo de novas
tecnologias. Ele tende a ter intimidade com o computador, Internet e de seus
dispositivos. Deste modo, ele está acostumado com o fluxo intenso de
informações propagadas pela mídia e pelos mecanismos de comunicação. A
bibliografia no campo da definição específica de um perfil do jovem pós-
moderno como leitor é escassa, entretanto é possível chegar a algumas
conclusões gerais, e dessa forma incluí-los nas classificações de Lúcia Santaella,
através de uma análise do livro “Navegar no ciberespaço – O perfil cognitivo do
leitor imersivo” (2004). O uso desse livro se deu porque a autora explora como
tema principal o leitor que está familiarizado com a informação em rede. O
jovem pós-moderno certamente pode ser incluído nesse grupo.
Santaella (2004) pontua que os meios virtuais possuem uma diversidade
de maneiras de veicular seu conteúdo e o leitor, então, interage nesse
plurissensorial (imagens, sons, textos, vídeos, etc). Segundo a autora, esse leitor
pode ser divido em três classificações: leitor contemplativo (ou mediativo),
leitor movente (ou fragmentado) e leitor imersivo (ou virtual); lembrando que,
como a atualidade sugere um cumulativo de posturas, um não anula a existência
do outro, embora sejam organizados por períodos.
O leitor contemplativo surge no Renascimento e faz parte da idade pré-
industrial. É o leitor do livro impresso, de uma imagem fixa, no qual a leitura é
de manuseio, de intimidade. É disciplinado e está predisposto a dedicar-se à
leitura. O segundo leitor, movente, é o do mundo em constante movimento, um
mundo híbrido, cheio de signos. Esse leitor é filho da Revolução Industrial,
nasce com a tiragem diária dos jornais e em um universo que engloba também o
telefone, cinema e a fotografia. Esse perfil é o que lê fatias do cotidiano e a
informação (e a percepção da mesma) e retém a notícia somente no tempo que
ela perdura. O leitor movente é marcado pelo transitório, pelo cenário instável
das cidades (SANTAELLA, 2004). Já o leitor imersivo se ajusta aos novos
ritmos que vão surgindo, o que é bem sintetizado por Analu Andriguetti:

31
A evolução dos perfis dos leitores está relacionada principalmente ao aumento das
linguagens e mídias envolvidas no processo de comunicação e à velocidade em que
este acontece. A leitura imóvel, atenta, passa pelo transtorno das imagens em
movimento, do controle remoto da TV e dos videoclipes frenéticos para chegar à
virtualidade do ciberespaço, que requer um usuário ativo (...) sempre plugado. (2007,
in FERRARI, p. 97-98)

Este leitor também chamado de virtual tem variadas percepções e


sensações, e decodifica sinais e rotas a partir de um simples toque ao mouse.
Tudo é revolucionário: desde as maneiras de deter esse leque de possibilidades à
escolha de suportes para os mesmos (SANTAELLA, 2004). O leitor imersivo
possui liberdade de escolha e iniciativa de buscas de direções e rotas que sendo
exploradas levam a outras no ciclo grandioso da hipermídia. Está entregue ao
imediatismo que o computador permite e à ilimitação de canais que a Internet
propõe.
Se for considerado o jovem um leitor imersivo em potencial e
agregarmos essa característica à questão das comunidades cibernéticas e a
necessidade notória da identificação e de pertencimento a um grupo, abrimos
então uma outra discussão: a da existência das tribos eletrônicas. Maffesoli
(apud SCHULLER, 2008, p.47) define esse novo segmento: “Na Internet o
aspecto interativo predomina sobre o utilitário (...) o essencial está em
reconhecer-se, em ver-se, em fazer parte de uma comunidade presencial ou
virtual.” A informática possibilita uma temporalidade próxima entre essas tribos
e o conteúdo divulgado, além de ser uma matriz comunicacional de
configurações e objetivos diversos, podendo fazer surgir um tribalismo
ocasional ou estendido. Além disso, há na rede também uma lei de oferta-
procura, o que contribui para as oportunidades desse espírito coletivo que tem
acesso a ela (MAFFESOLI, 2000).
A exploração de um segmento específico na área virtual facilita a
abordagem de temas com os quais o leitor possui familiaridade, sendo assim há
uma colaboração mútua para o aprimoramento da ferramenta utilizada.

32
4. INTERNET

A crônica consolidou-se graças ao jornal impresso. Esse veículo que por


tanto tempo foi principal e até mesmo única fonte de informação da sociedade
está em uma gravíssima crise O desenvolvimento de novos meios de
comunicação fizeram a venda dos jornais despencarem. Nas últimas décadas,
surgiu um revolucionário veículo que reduziu ainda mais as chances do veículo
impresso de reerguer-se. Esse novo veículo é a Internet, o único meio capaz de
juntar todas as características das mídias em uma só plataforma.
Essa nova mídia surgiu oficialmente na década de 1960, fruto de uma
ousadia imaginada pelos da militares norte-americanos da Agência de Projetos
de Pesquisa Avançada (ARPA) do Departamento de Defesa dos Estados Unidos.
A Guerra Fria estava em vigor e os guerrilheiros temiam a destruição do sistema
norte-americano pelos soviéticos, caso houvesse uma guerra nuclear. Os centros
de alta tecnologia dos EUA ficaram assustados com o lançamento do primeiro
Sputnick2, em fins da década de 1950. Se algum centro importante fosse
atingido, as informações secretas poderiam ser roubadas. O cientista Manuel
Castells (2006, p.44) ilustra bem a consequência dessa empreitada:

O resultado foi uma arquitetura de rede, que como queriam seus inventores, não pode
ser controlada partir de nenhum centro e é composta por milhares de computadores
autônomos com inúmeras maneiras de conexão, contornando barreiras eletrônicas.

2
Sputnick: Satélite artificial lançado pela União Soviética.
33
A Internet teve sua primeira denominação como ARPANET - Advanced
Research and Projects Agency ou Agência de Pesquisas em Projetos
Avançados. O que inicialmente era para ser um sistema para manter em
segurança as informações do país, tomou proporções cada vez maiores. “O
tráfico de dados cresceu rapidamente e entre os novos usuários havia
pesquisadores universitários com trabalhos na área de segurança e defesa.”
(FERRARI, 2003, p.15). Através do backbone3 da ARPANET (na tradução
literal espinha dorsal), foi possível estabelecer interligações entre subredes
conectadas a esse sistema. Além de utilizarem a rede, que era privilégio de
poucos, eles dedicavam-se a expandir essa nova forma de comunicação.
A invasão de cientistas e universitários para a rede separou os fins
militares. Foi liberado, nesse momento, o acesso para cientistas de todas as
instâncias. Em 1983 houve a divisão entre ARPANET dedicada a fins
científicos e a MILNET – responsável pelas questões militares. Outras redes,
como a CSNET e BITNET surgiram, oferecendo acesso para outras
organizações e universidades que lidavam com a área da pesquisa no país.
Porém, a ARPANET ainda servia com backbone desse sistema. Durante a
década de 1980, surgiria então uma rede que substituiria a ARPANET nessa
função de espinha dorsal, a ARPA-INTERNET – que posteriormente foi
intitulada de INTERNET.
O ano de 1989 foi marcante para a cronologia da Internet. Tim Berners
Lee, pesquisador e cientista do Conseil Européen pour La Recherche Nucléaire
(Conselho Europeu de Pesquisas Nucleares) inventou O World Wide Web
(WWW), um sistema de informações organizado de modo que junta todos os
outros sistemas de informação disponíveis na Internet.
Logo surgiram outros mecanismos que facilitariam ainda mais o acesso a
rede, como a linguagem de marcação de hipertexto (HTML) e os navegadores.
3
Backbone: “(inf) Do ing., literalmente “espinha dorsal”. Principal segmento de interligação de uma
grande rede de computadores, formada por diversas redes menores ligadas entre si. Os backbones
estabelecem conexões rápidas entre as maquinas, que pode se comunicar em qualquer lugar do mundo.
Hábackbones feitos por fibra ótica, cabo coaxial,links de rádio etc” (BARBOSA;RABAÇA, 2002, p.
54).
34
A partir desse momento o acesso a internet tomou proporções inimagináveis no
mundo todo.
A Internet tem tido um índice de penetração mais veloz do que qualquer
outro meio de comunicação na história: “Nos Estados Unidos, o rádio levou
trinta anos para chegar a sessenta milhões de pessoas, a TV alcançou esse nível
de difusão em 15 anos; a Internet o fez em apenas três anos após a criação da
teia mundial” (CASTELLS, 2006 p.493). Atualmente a Internet aparece como o
meio de comunicação em maior crescimento. E cada dia, se torna mais viável o
acesso ao mundo virtual.

4.1. Internet no Brasil

No país, as primeiras aparições da Internet foram em 1988, conectando


universidades e centros de pesquisa do Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre
a instituições nos Estados Unidos. No mesmo ano, o Instituto Brasileiro de
Análises Econômicas e Sociais (Ibase) começou a testar o AlterNex o primeiro
serviço brasileiro de internet que não tinha intuitos nem governamentais – como
no caso do primeiro momento da Internet nos EUA – nem acadêmicos.
Segundo Moura (2002. p. 22) a AlterNex foi “o primeiro serviço internacional
de correio de conferências eletrônicos no Brasil, operado por uma entidade
privada, utilizando um sistema básico que, em breve, comportaria a Internet”.
No ano de 1989, o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) criou a
RNP (Rede Nacional de Ensino e Pesquisa), com o objetivo de unir essas redes
até então embrionárias e formar uma espinha dorsal a fim de obter uma
abrangência nacional. Dois anos mais tarde, em 1991 foi implantada em
território nacional uma rede que interligaria 11 capitais do país. Nos anos
seguintes, a RNP esforçou-se para mostrar as possibilidades de conexões em
rede que estava aberta para todos os estados brasileiros.
Posteriormente, em 1994, se inicia a exploração comercial da Internet. O
governo concede responsabilidade à Embratel, que fez um teste experimental
35
com cinco mil usuários. Contudo, Moura (2002) destaca o fato de a população
ainda ser leiga em relação ao conceito de Internet. Segundo o autor,
curiosamente, a novela “Explode Coração”, transmitida pela Rede Globo, foi a
responsável por revelar o funcionamento da comunicação em rede por milhões
de brasileiros. Moura (2002, p. 23) explica: “Quase que em conseqüência da
trama televisa, o primeiro “boom” da Internet no Brasil aconteceu ao longo de
1996, tanto pelo crescimento do mercado (que já apontava diversos provedores
de acesso) como pela melhoria dos serviços, graças à Embratel”.
A partir daí, o número de usuários cresceu de forma impressionante.
Dados da empresa pela empresa de estatísticas comScore4 informam que a
quantidade de internaturas no Brasil é ultrapassa 73 milhões. Outra pesquisa5,
realizada pelo Centro de Estudo sobre as tecnologias da Informação e
Comunicação setembro de 2010 concluiu que 32,3 milhões de brasileiros
acessam frequentemente a internet em casa.

4.2. Jornalismo digital

Sabe-se que os primeiros usuários da Internet usavam-na apenas como


correio eletrônico. O surgimento da World Wide Web revolucionou os
conceitos, tornando possível não só a comunicação, como também a
visualização de todo tipo de informação que tivesse disponível na rede através
dos sites. O jornalismo, tendo como principal ferramenta de sustentação a
divulgação de informações, tratou de interagir com esse novo sistema.
André Borges (apud FERRARI, 2007, p.42) faz uma colocação excelente
sobre o impacto do jornalismo digital sobre a imprensa tradicional. “Não é a
primeira vez na história da comunicação – tampouco será a última – que uma

4
Dados retirados da matéria “Veja os números do Twitter” Disponível em:
http://info.abril.com.br/noticias/mercado/veja-os-numeros-do-twitter-21032010-3.shl Acesso em
novembro de 2010.
5
Dados retirados da pesquisa: Indicadores mensais. Disponível em:
http://www.cetic.br/usuarios/ibope/tab02-01-2010.htm Acesso em novembro de 2010.
36
nova ferramenta ou meio promete colocar em xeque o seu próprio futuro. No
entanto, o fenômeno digital atinge em cheio o coração do fazer jornalístico”
Reparando, no contexto mundial, o New York Times foi o primeiro jornal a
lançar sua versão online. Segundo Luciana Moherdaui (2000, p.21):

O início da era da informação digital se dá nos Estados Unidos, no final dos anos
1980. Na época, a transposição da produção jornalística para a internet estava
resumida aos serviços de notícias específicas para um segmento do público, oferecidos
por provedores como a America Online.

Iniciativas isoladas como as do Grupo “O Estado de São Paulo” foram


responsáveis pela entrada das empresas jornalísticas na grande rede. Moherdaui
(2000, p.23) explica: “A expansão do jornalismo digital no Brasil deu-se a partir
do êxito de versões similares de revistas e jornais norte-americanos e ingleses,
em meados de 1995”. No mesmo ano, ocorreu a primeira cobertura completa no
ramo da Internet pelo Jornal do Brasil.
Ligados nesse sistema de acesso a informação que se expandia de forma
surpreendente e consequentemente proporcionavam um mercado em potencial,
os grandes grupos de comunicação brasileiros decidiram conectar-se ao mundo
virtual. Porém, inicialmente, ainda não familiarizados com o nova tecnologia, os
jornais apenas reproduziam o conteúdo da mídia impressa para Internet.
Segundo Ferrari (2006, p.23): “Apenas numa etapa posterior é que começaram a
surgir veículos realmente interativos e personalizados.” O pioneiro nessa
questão de personalização e interatividade foi o norte-americano The Wall Strett
Journal, em „1995.
É curioso pensar que, mesmo tendo passado tanto tempo, alguns jornais
ainda não aprenderam a explorar esses recursos da rede.
J B Pinho (2003, p.113) explica a revolução causada pelo jornalismo feito
na internet:

(...) O jornalismo digital é uma síntese de todas as mídias, com as vantagens visuais da
TV, a mobilidade do rádio, a capacidade de detalhamento e análise do jornal e da
revista, e a interatividade da multimídia - esses elementos tornam promissor o
jornalismo na Web e podem representar uma revolução para a atividade.
37
Uma questão que vale o destaque é que o mérito do “furo” não é mais
exclusividade do jornalista depois da consolidação da Internet. Qualquer
indivíduo tem a possibilidade de descobrir a “última notícia” e divulgá-la.
Em relação ao público consumidor da informação digital encontra-se o
indivíduo que já possui uma familiaridade com computador e que já passou das
barreiras da forma de comunicação da grande mídia. Para Analu Andrigueti :

A evolução dos perfis dos leitores está relacionada principalmente ao aumento de


linguagens e mídias envolvidas no processo de comunicação e à velocidade em que
esse acontece. A leitura imóvel, atenta, passa pelo transtorno das imagens em
movimento do controle remoto da TV e dos videoclipes frenéticos, para chegar à
virtualidade do ciberespaço, que requer um usuário ativo, que busca informação,
sempre plugado a um computador ou a um dispositivo móvel que permita a
transmissão de dados (ANDRIGUETI in FERRARI, 2007, p. 97-98).

Diversos atrativos da web, como a interface, a interatividade e a


personalização de conteúdo – por exemplo, são responsáveis por conquistar esse
novo leitor. Segundo uma pesquisa6 feita pela Folha Online, Datafolha e iBest
em 2001, a porcentagem de internautas brasileiros é maior entre os 14 e 24 anos
(58%). Os indivíduos com idade entre 25 e 34 anos ocupam o segundo lugar,
com 21%. Somente 13% dos internautas têm de 35 a 44 anos.
Existem alguns formatos em que jornalismo na web pode se apoiar para
conquistar esse leitor: sites, portais, fóruns, hotsites, blogs. Dentre essas tantas
possibilidades, o blog aparece como um meio cada vez mais utilizado, por
possuir inúmeras vantagens e ser o mais democrático na rede.

4.3. Blog

6
Disponível em http://www1.folha.uol.com.br/folha/informatica/2001-ibrands-
pesquisa_sexo_instrucao.shtml> Acesso em novembro de 2010.
38
Foi em 1999 que os primeiros blogueiros começaram sua jornada. A
“Pitas” lançou a primeira ferramenta de manutenção de sites via Web. No
mesmo ano, foi lançado o Blogger. Adriana Amaral et al (2008) afirma que
sucesso desses sistemas para os mais diversos usos se deu devido à facilidade de
publicação e manutenção – visto que não exigiam conhecimento da linguagem
HTML. Alguns anos mais tarde, já existiam blogs com todo tipo conteúdo. A
heterogeneidade é um traço marcante quando se fala desse tipo de ferramenta
Chris Anderson destaca a revolução causada pelos blogs:

Embora tenha sido a fotocopiadora que primeiro desmentiu o aforismo de que “o


poder da imprensa só beneficia os donos”, foram os blogs (abreviação de weblóg) que
desencadearam a renascença da editoração amadora. Hoje, milhões de pessoas lançam
publicações diárias para um público que, no conjunto, é maior que o de qualquer
veículo da grande mídia. Por sua vez, os blogs são consequência da democratização
das ferramentas: o advento de softwares e de serviços simples e baratos que facilitam a
tal ponto a editoração on-line que ela se torna acessível a todos (ANDERSON, 2006,
p. 45).

Artus Vasconcellos de Araujo expõe que o termo blog foi um neologismo


criado pelo norte-americano John Barger para “designar seu site, uma home
page pessoal caracterizada por uma coleção de comentários com links para
outras páginas da Internet que terminava com uma seção na qual o autor
mantinha um diário”. (2004, p.1)
Amaral (et al, 2008) baseou-se em diversos autores para chegar à
seguinte conclusão: existem dois tipos de conceituação feitas pelos autores
quando o assunto é blog. A primeira é a estrutural, que diz respeito ao formato
dessa ferramenta. Blood (apud Amaral et al, 2008) afirma que a estrutura é
definida pelos textos com a publicação mais recente no topo da página e a
possibilidade de links que apontam para sites similares. A segunda é a
funcional, tratando os blogs um mecanismo que tem como função primária a
comunicação.
Além disso, Amaral (et al, 2008) destaca a conceituação feita por Nishant
Shah que classifica os blogs como artefatos culturais. Segundo Shah, o blog
representa uma oportunidade de aproximação do contexto sócio-histórico a

39
partir do olhar subjetivo dos escritores (apud Amaral, et al, 2008). Outro ponto,
colocado por Amaral ( et al, 2008) é que perceber o blog como artefato cultural
significa considerá-lo também um virtual settlement (ou comunidade virtual)
“uma vez que são eles o repositório das marcações culturais de determinados
grupos e populações no ciberespaço, nos quais é possível, também, recuperar
seus traçados culturais.” (Amaral et al, 2008, p.4 ). Relações sociais são
estabelecidas, portanto, através dessa participação dos indivíduos no mundo
virtual.
Por falta de conhecimento ou puro preconceito, o senso comum ainda
rotula os blogs como meros diários virtuais.

Muito embora a imprensa insista em considerá-los meros diários online, reduzindo-os


a ferramentas de publicação individual e de celebração do ego, a verdade é que os
blogs são hoje espaços fundamentais de interação e partilha do conhecimento (PRIMO
e SMANIOTTO, 2006).

Um fato que notoriamente nega essa conceituação única de diário virtual


foi o surgimento do IBSN7 (Internet Blog Serial Number), há quatro anos. O
serviço oferecendo um número de indexação que visa garantir o direito dos
autores de um blog sobre as produções literárias postadas e obriga que sejam
feitas referências aos conteúdos publicados.
O blog, portanto, aparece como um objeto capaz de completar a mídia de
massa e mesmo servir como alternativa capaz de promover a discussão de temas
retratados na grande imprensa. André Borges ( In: FERRARI, 2007 ) destaca o
fato da maioria dos blogs jornalísticos se basearem na repercussão das notícias
veiculadas pelo rádio e TV para tecerem seus comentários.
Segundo Amaral (et al, 2008), a utilização do blog também como prática
jornalística contribui para a visibilidade dos assuntos tratados pela mídia:

A percepção dos blogs como espaços de sociabilidade, como constituintes de redes


sociais está presente nesta vertente. Blogs como meios de comunicação implicam
também sua visibilidade enquanto meios de práticas jornalísticas, seja através de
relatos opinativos, seja através de relatos informativos. (AMARAL, et al, 2008, p. 4).

7
Internet Blog Serial Number: http://ibsn.org/
40
Ana Sofia Bentes Marcelo completa, lembrando as vantagens dessa
ferramenta do mundo virtual:

Através dos novos dispositivos o Homem liberta-se de todos os grilhões refereciais


que o aprisionavam no mundo real e aventura-se na criação de novos mundos virtuais.
O Homem lança-se assim numa nova aventura, no âmbito da qual a própria noção de
espaço e tempo é subevertida, protagonizada pelos novos media, disponistivos
tecnológicos que operam a recontextualizaçao comunicacional dos nossos dias
(MARCELO apud RODRIGUES, 2006, p.14).

Merecem atenção algumas dos dispositivos propostos pelo blog, como a


interatividade, proximidade, o dinamismo, a segmentação e a liberdade para o
autor.

4.4. Características do blog

A forma de comunicação que antes era determinada por um único


emissor para vários receptores mudou sua configuração. Agora, o consumidor
de informação virou também emissor. A interatividade, nesse cenário, ganha
vida, com o leitor participando ativamente ao revelar sua opinião. A
pesquisadora Raquel Recuero (2003) expõe que os leitores do blog interagem
ainda mais que os dos jornais online:

(...) os blogs, bem como os jornais online encontram-se imbuídos dela.


[interatividade].Entretanto, os blogs a incorporaram de um modo ainda maior do que
os jornais, que ainda parecem receosos de permitir a interação direta entre
jornalistas/leitores e outros jornalista.

A manifestação do leitor também gera intervenções no espaço público.


Catarina Rodrigues (2006) ressalta que o aparecimento do jornalismo industrial
gerou uma crise no espaço público moderno, “na medida em que os jornais
passaram a ser empresas orientadas para o lucro do que para o debate o e
confronto políticos” (RODRIGUES, 2006, p. 6). Para a autora o blog aparece
como ferramenta capaz de ultrapassar as regras onde assenta o jornalismo,
41
usando como justificativa as regras editoriais e rotinas produtivas. Quebra-se,
portanto, a via de mão única do jornalismo tradicional através da interatividade.
Catarina Rodrigues (2006) constata que no blog a interatividade parece
atingir plenitude. A autora acrescenta que a maioria dos blogs permite
comentários sobre o conteúdo de publicação praticamente em tempo real. Para
Rodrigues (2006, p.28): “Esses dispositivos, acabam por cumprir aquela que
sempre foi uma promessa da web, a comunicação e troca de informação entre as
pessoas, de uma forma instantânea, independente de sua posição geográfica.
Em seu livro “Blog: Comunicação e escrita íntima na internet”, Denise
Schittine (2004, p.150) lembra que um fator indispensável em um blog é dar
atenção ao leitor. “A troca com o público é uma das coisas mais importantes, é
necessário responder aos seus comentários, se basear neles para escrever um
novo texto.”
Além da interatividade, outra característica importante do blog é o
dinamismo. As notícias podem ser publicadas no exato momento em que
acontecem. Novas tecnologias deixam ainda o processo mais rápido.
É necessário abrir um parênteses nesse momento para falar sobre o
Twitter, um serviço de microblog. A ferramenta faz sucesso entre os internautas,
que trocam mensagens curtas – de até 140 caracteres – em tempo real. O Twitter
atingiu cerca de 75 milhões de usuários segundo dados da pesquisa8 feita nesse
ano pelo Sysomos.
No blog em si ou no microblog, o dinasmismo atrai milhares de
indivíduos. Se há alguns anos atrás era necessário ligar o rádio ou a televisão
para saber as últimas novidades, agora, é preciso apenas digitar um endereço
eletrônico no navegador.
Em relação ao formato da escrita pode se dizer que não existem
amarras jornalísticas nesse espaço. Em um jornal, normalmente precisa-se
obedecer a política da empresa jornalística. No blog, adquire-se uma autonomia
e liberdade no quesito opinião. Ademais, o jornalista pode exercer a escrita livre
8
Dados retirados da matéria “Veja os números do Twitter.Disponível em:
http://info.abril.com.br/noticias/mercado/veja-os-numeros-do-twitter-21032010-3.shl Acesso em
novembro de 2010.
42
de padrões como o lead, a formalidade e a objetividade exigida pelos jornais.
Como lembra Denise Schittine (2004, p.156):

(...) [os jornalistas] buscam uma escrita mais leve, menos informativa e mais ficcional
do que aquela que realizam no seu dia-a-dia. (...) a verdade é que os blogs acabam
sendo um meio caminho entre a ficção e a informação, entre o jornalismo e o escrito
íntimo, isso quando não misturam uma coisa com a outra.

A criatividade, portanto, pode ser amplamente explorada nesse veículo.


Assim, a personalidade dos blogueiros ganha destaque. Segundo Efimova e
Hendrick (apud Amaral, et al, 2008) Os blogs são formas de publicação
distintas e tornam uma forma de apropriação do ciberespaço como modo de
expressar a identidade de quem escreve. Efimova e Hendrick (apud Amaral et
al, 2008, p. 5) completam "até mesmo weblogs que não passam de uma coleção
de links e de comentários curtos dizem algo sobre os seus autores" . Ademais, a
segmentação aparece como uma característica essencial quando veículo em
questão é o blog.

4.5 Segmentação: descoberta de um nicho

Não pode ser deixado de lado o poder de segmentação do blog. O leitor


pode encontrar um conteúdo aprofundado sobre seu tema de interesse em um
único lugar, ou até mesmo um resumo do assunto desejado. Dessa forma, os
visitantes contribuem para o desenvolvimento do blog, através da troca de idéias
e opiniões. Além disso, uma linguagem específica pode ser explorada, visto que
o público leitor não terá dificuldades por estar acostumado a tal linguagem. Para
Weisten (1995) existem quatro benefícios principais encontrados na
segmentação de mercado: Projetar produtos que atendam eficazmente às
necessidades do mercado; elaborar estratégias promocionais eficazes e de baixo
custo; avaliar a concorrência, especialmente a posição de mercado da empresa e
prover insights junto às estratégias de marketing atuais.

43
Denise Schittine (2004, p. 90) destaca a formação de nichos no campo da
Internet: “A aldeia global da visão de Macluhan se vê dividida em pequenos
grupos, grupos que se agregam em torno de interesses comuns”.
No que diz respeito à segmentação, o seguinte trabalho pretende atingir um
nicho de mercado, ou seja, um mercado que tem a demanda inexplorada.
Marcos Cobra (2001) define nichos de mercado como oportunidades de
mercado. Foi detectado que um não existe no mercado um produto com as
especificidades propostas pelo blog em questão.

44
5. O PRODUTO

O blog e a crônica compartilham algumas características, como por


exemplo, a informalidade, a atualidade, a personalização, o reflexo como cultura
de um período e a liberdade na forma e conteúdo. Certamente, juntar esse
gênero com o formato irá ter resultados positivos. O produto em questão está
focado em jovens que tem ensino superior incompleto ou completo – de 18 a 30
anos de ambos os sexos.
O público alvo do blog é justamente o que mais acessa a internet. O dado
foi confirmado através da aplicação de uma pesquisa quantitativa e qualitativa
pela autora, que buscou analisar a faixa etária, grau de escolaridade, meios de
informação, hábitos de leitura, se as pessoas lêem crônicas, etc. O questionário
foi publicado na internet através do Twitter e Facebook9 da autora, além de ter
sido divulgado por outras pessoas que integram essas duas redes sociais. O
levantamento de dados foi analisado após ser respondido por 152 pessoas.
(ANEXO B, p. 78)
Com a apuração desse questionário foi possível perceber que a maioria dos
pesquisados estão entre 18 e 30 anos, com 87% da porcentagem total. Além
disso, 63% das pessoas disseram ter o Ensino Superior Incompleto. Em segundo
lugar, aparecem os que têm o Superior Completo, com 20%. Ao analisar esses
números, concluiu-se que essa faixa etária, bem como esse nível de
escolaridade, predominam no âmbito da Internet.

9
Facebook: rede social que reúne milhões de usuários em todo o mundo. Fonte: autora.
45
Outro ponto importante é que a maioria das pessoas que responderam a
pesquisa (74%) disseram passar mais de quatro horas acessando a Internet.
(ANEXO B, p. 78). Esse grupo que passa várias horas do dia utilizando a grande
rede é o que interessa ao produto.
O ineditismo da proposta está em criar um blog que contenha unicamente
o gênero crônica, direcionado para jovens. Depois de uma análise nos endereços
eletrônicos, foi percebido que não existe um site ou blog com o gênero em
questão direcionado para esse público. Dessa forma, trata-se de um nicho –
grupo cujos desejos não estão sendo atendidos.
A escolha pelo blog como produto como destinado a divulgação das
crônicas se concretizou pelas semelhanças do blog com o gênero crônica e
também pelo crescimento cada vez maior da Internet como meio de obtenção de
informação e formação de opinião, principalmente para os jovens. Foi
confirmado que o público alvo do produto tem familiaridade com o universo
virtual bem como o uso da Internet como meio fundamental para obtenção de
informação. Segundo a pesquisa 100% dos entrevistados utilizam a Internet para
leitura.
Também segundo o questionário, observou-se que dentro do campo da
Internet, os blogs são os veículos mais utilizados, com 86%. Portanto, o produto
em questão condiz com os hábitos de leitura do público que pretende atingir. Já
que o blog é o veículo que tem mais preferência entre os internautas, existem
chances concretas de o produto ser consumido.
Apesar desses pontos vantajosos, foi constatado também esses jovens,
apesar de ter um contato íntimo com a Internet, ficam divididos no que diz
respeito ao quesito “ler crônicas pela internet”. 54% dos entrevistados disseram
que não leem crônicas na grande rede, enquanto 46% falaram que tem o
costumem de lê-las. Encontra-se aqui uma oportunidade, de conquistar essa fatia
de entrevistados que não tem o hábito de ler o gênero em questão.
Para essa parcela que respondeu que não costuma ler crônicas na internet,
foi perguntado o motivo – a resposta podia ser quantitativa e qualitativa. As
alternativas eram: não há linguagem interessante; não há assuntos relevantes;
46
não há um layout chamativo; não há familiaridade com o gênero e outros –
resposta aberta. A opção “Outros” foi a mais escolhida, com 41%. Várias
pessoas preferiram não explicar quais eram os “outros motivos”.
Entre as que responderam, cinco revelaram que não há conforto em ler pelo
computador, quatro afirmaram não conhecer blogs de crônicas, três disseram
não ter interesse, dois responderam não ter hábito de ler crônicas e outros dois
falaram que a maioria dos sites se apropria de mais de um gênero e que não há
divulgação de um blog unicamente de crônicas. As outras respostas foram
ignoradas por serem irrelevantes. Dentro das alternativas fechadas, 41%
marcaram a opção “não há familiaridade com o gênero”, 18% “não há assuntos
relevantes”, 16% não há um layout chamativo e 14% como “não há linguagem
interessante”.
Para suprir essas lacunas e tentar atrair esse público que não lê crônicas
pela internet vão necessárias algumas medidas. A primeira dela é trabalhar com
textos curtos com cerca de 2500 caracteres. J. B Pinho (2003) no livro
“Jornalismo de Internet: Planejamento e produção da informação on-line”
coloca os textos curtos como orientação para redatores da área digital. Além
disso, sabe-se que os leitores distraem muito fácil nesse universo virtual. A
produção de crônicas curtas é um artifício que visa “segurar” esse público que
não considera confortável a leitura pelo computador. A segunda medida é
familiarizar esses indivíduos que não conhecem o gênero, através da divulgação
em redes sociais a cada nova atualização do blog. Além disso, um layou10t
atrativo vai ser desenvolvido para despertar interesse e motivar o público a
consumir o conteúdo publicado no blog. A última medida é produzir textos que
tenham uma linguagem condizente com o público jovem a fim de aproximá-lo e
satisfazê-lo. A produção de textos livres de amarras jornalísticas também irão
trazer benefícios para o leitor no que diz respeito a estética. Sabe-se que as
crônicas contribuem para melhorar a legibilidade dos temas abordados pela
mídia. Pretende-se explorar os recursos lingüísticos que favoreçam a

10
Layout: Parte visual, design, de uma página da Internet.
47
legibilidade a fim de tornar a leitura uma atividade mais interessante e
prazerosa.
Discutir os temas das entrelinhas da grande mídia através da crônica traz o
público para perto do universo do texto. A pluralidade do gênero permite uma
riqueza de sentidos e significados. A crônica motiva o leitor, assim como a
literatura, a degustar o texto de acordo com sua experiência de vida, sua visão de
mundo e preferências pessoais. Ao mesmo tempo, ela segue alguns passos do
jornalismo prezando o lado humano, mostrando novos caminhos e perspectivas
sociais e culturais e de alteridade.
Através do uso do blog, será possível atrair o jovem que faz parte de
produzir um conteúdo altamente segmentado. Sabe-se, por exemplo, que os
portais têm o objetivo de agradar variados leitores, sendo muitas vezes bastante
imparciais. O blog, ao contrário, se propõe a atrair a atenção de um público
específico, nesse caso os jovens.
Ademais, uma consideração importante pode ser feita através da análise
das respostas fornecidas pela pergunta aberta: “você se encaixa em alguma tribo
urbana?” A maioria das pessoas deixou a resposta em branco ou escreveu “não”.
Constatou-se assim o público em questão vê o fato de fazer parte de uma tribo
urbana como pejorativo. Portando, o blog vai ser desenvolvido para um grupo
que não se sente inserido em nenhuma tribo ou para aquele que se sente inserido
ao mesmo tempo em várias tribos urbanas.
A escolha do nome (“Avessos”) está relacionada com o fato de a crônica
mostrar o outro lado das notícias e situações. Através dos avessos, do “não-
explícito”, dos elementos incomuns, das entrelinhas é que se constrói uma
crônica.

5.1. Conteúdos

No questionário (ANEXO B, p. 78) também foi desenvolvida uma


pergunta que estava relacionada aos assuntos que chamam ou chamariam mais
atenção desse público na hora de ler uma crônica. O entrevistado podia escolher
48
quantas alternativas quisesse nessa questão. Em primeiro lugar, ficou “Amor”
com 76%. Em seguida, Sexo, com 66%. Um pouco mais distante está a
Literatura, com 66% e Nostalgia, com 57%. Posteriormente aparecem
“Transtornos psiquiátricos”, com 53% e “Drogas, com 52% e “Preconceito”
com 45%. Os demais temas (como “Jornalismo”, “Família”, “Medicamentos”,
“Trabalho”, “Tecnologia” “Gastronomia” e “Outros” tiveram uma porcentagem
inferior. Para que o resultado almejado seja alcançado esses temas vão aparecer
no conteúdo produzido.
. Obviamente, a intervenção do leito através dos comentários, emails e
redes sociais pode originar novas crônicas. Sabe-se que o produto em questão
tem um caráter altamente interativo, tornando o receptor do conteúdo uma
espécie de colaborador. Dessa forma, o material publicado vai atender cada vez
mais os interesses e expectativas do público-alvo.
Além disso, a autora vai estar atenta aos conteúdos publicados na
imprensa, nos blogs e nas redes sociais. Pretende-se produzir um conteúdo
altamente relacionado com as pautas contemporâneas.
Não deve ser descartada também a possibilidade de serem utilizadas,
quando a autora considerar interessante, fotografias, ilustrações, charges
relacionados a cada texto.
Vale lembrar que as atualizações do blog vão ser feitas duas vezes por
semana. Esse número foi estabelecido visando não tornar cansativa a leitura pelo
computador. Tal periodicidade também evita que o conteúdo fique monótono,
repetitivo, como muitas vezes ficam as matérias diárias publicadas pelos jornais.

5.1.1 Crônicas na Internet

Sabe-se que a mídia tradicional costumava se utilizar de conceitos como a


centralização, a totalidade, a unanimidade em suas publicações. Alguns teóricos
citam a agenda jornalística para ilustrar esse fato. Felipe Pena (2005, p. 142)
pontua: “A teoria do agendamento defende a ideia de que os consumidores de
49
notícias tendem a considerar mais importantes os assuntos que são veiculados na
imprensa, sugerindo que os meios de comunicação agendam nossas conversas”.
Porém, esse paradigma está sendo destruído. Com o surgimento da Internet
e avanço das novas mídias Novos produtores de conteúdo aparecem nesse
contexto, “roubando” o domínio do que é repercutido e mudando a maneira
unilateral característica comunicação tradicional. Raquel Recuero (2000) explica
bem essa mudança:

É a aldeia global de McLuhan concretizada muito além do que ele havia previsto. Uma
aldeia repletas de vias duplas de comunicação, onde todos pode construir, dizer,
escrever, falar e serem ouvidos, vistos, lidos. Com o surgimento deste novo meio,
diversos paradigmas começam a ser modificados e nossa sociedade depara-se com
uma nova revolução, tanto ou mais importante do que a invenção da escrita.(..). Ao
mesmo tempo, o advento do ciberespaço, um espaço novo, não concreto, mas
igualmente real sugere uma reconfiguração dos espaços já conhecidos, das relações
entre as pessoas e da própria estrutura de poder.

A redução do poder da grande mídia traz como consequência uma


democracia no campo da informação. Recuero (2000) cita o teórico Pierre Levy
que acredita que a Internet pode trazer um futuro mais democrático para a
humanidade. A descentralização do poder, acrescida a ideia de pluralidade de
conteúdos reconfiguram o conceito de comunicação.
As crônicas produzidas no blog, portanto, nem sempre vão citar alguma
notícia ou matéria publicadas na mídia de massa. Novas mídias – como os
blogs e as redes sociais – podem ser utilizadas como fonte para o
desenvolvimento dos textos, já que elas repercutem os assuntos comentados pela
opinião pública. Ou até mesmo, não utilizar referências – já que o blog também
funciona como um produtor de conteúdo. Quebra-se, dessa maneira, o conceito
de agenda jornalística – que sugere que a grande mídia diz aos cidadãos sobre o
que falar. É importante pontuar que não referenciar a mídia de massa não
implica em desenvolver textos vagos ou com temas ultrapassados. Obviamente,
os temas apresentados nos textos vão ser baseados em questões inerentes a
atualidade. Assuntos ainda não discutidos podem dessa forma assim ganhar
visibilidade, gerando novas reflexões.

50
5.2 Concorrentes e diferenciais

Para que o blog alcance o objetivo estipulado, é necessário encontrar um


diferencial, além de torná-lo interessante, competitivo e superior. O diferencial
do “Avessos” diz respeito à um blog somente com o gênero crônica com textos
feitos especialmente para o público jovem. Como se trata de um nicho – um
grupo que tem os desejos não atendidos – não existem concorrentes diretos.
Porém, é necessário fazer uma análise dos concorrentes indiretos e substitutos
para obter um panorama geral, percebendo pontos positivos e eventuais falhas.
Mesmo que não compartilhem a mesma fatia de mercado, os
concorrentes indiretos podem afetar de alguma forma o padrão de consumo dos
consumidores potenciais. Para análise dos concorrentes indiretos, foram
utilizadas respostas dos entrevistados no primeiro questionário (ANEXO B,
p.78). Depois da questão: “Você costuma ler crônicas pela internet” foi colocada
tal pergunta aberta: “Se sim, em quais endereços eletrônicos?” Ao examinar as
respostas da primeira pesquisa quantitativa e qualitativa (ANEXO B, p.78),
alguns concorrentes indiretos foram encontrados. Vale ressaltar que se fez um
exame nos concorrentes indiretos, que se relacionam com os atributos do
produto a fim de perceber quais as qualidades e diferenciais de cada um deles.
(TABELA 1)
Sete dos entrevistados afirmaram ler regularmente o blog do escritor,
jornalista e professor universitário Fabrício Carpinejar11. Seu blog, portanto,
aparece como um forte concorrente indireto. O site “Vida breve12”, que conta
com a participação de diversos cronistas aparece em segundo lugar, citado por
três pessoas. Além disso, a redatora e roteirista Tati Bernardi foi citada por um
dos entrevistados. Apesar de não ser lembrado, seu site13 certamente é um
concorrente indireto, por utilizar uma linguagem que voluntariamente ou não
11
Fabrício Carpinejar publica suas crônicas em: http://carpinejar.blogspot.com/ Acesso em novembro de
2010.
12
Vida Breve conta com 14 colaboradores, entre eles cronistas e ilustradores: http://vidabreve.com/
Acesso em novembro de 2010.
13
Tati Bernadi publica seus textos em: http://tatibernardi.com.br Acesso em novembro de 2010.
51
agrada o universo jovem – muito mais que “Carpinejar” e “Vida breve”, que
produzem um conteúdo mais generalista.
É válido pontuar nesse momento que o site da Tati Bernadi não entra
como um concorrente direto por ter alguns textos que se assemelham mais ao
conto do que a crônica. Além disso, a autora dá ênfase ao tema “Amor” e não
abre espaço para comentários em suas publicações. Dessa forma, conclui-se que
é mais um site de “mão única”, onde há somente um produtor de conteúdo e não
existe um foco no público jovem e em seus interesses e opiniões.
Dentre os quatro concorrentes indiretos citados, “Carpinejar” é o que tem
maior volume de comentários em cada postagem. Provavelmente esse fato se dá
pelo autor já ter reconhecimento devido à publicação de livros.
Através de uma nova pesquisa, dessa vez analisando somente os
concorrentes, foi possível obter dados sobre como o público avalia a qualidade
dos mesmos. (ANEXO D, p. 86). Pôde-se perceber que a maior parte das 124
pessoas que responderam a pesquisa nunca haviam lido os textos dos três
concorrentes indiretos – “Carpinejar”, “Vida Breve” e “Tati Bernadi”. Dentre as
que liam, “Carpinejar” foi o mais bem-votado no quesito qualidade de conteúdo,
considerada “Muito boa” pela maior parte dos entrevistados, com 30%. “Vida
breve” teve a qualidade de conteúdo ponderada pela maioria como “Boa”, por
20% das pessoas. “Tati Bernardi” também foi avaliada como “Boa” em sua
maioria (20%).

CONCORRENTES INDIRETOS – TABELA 1

Veículo/ Carpinejar Vida breve Tati bernardi


Atributo (blog) (site) (site)

Linguagem informal Sim Sim Sim

Layout chamativo Sim Sim Não


Atualizações
constantes Sim Sim Sim
Conteúdo
direcionado Não Não Sim
52
pra jovens

Participação dos
leitores
via comentário Muita Pouca Não há opção
Qualidade de
conteúdo Muito boa Boa Boa
Fonte: Autora (2010)

Os concorrentes substitutos, por sua vez, se relacionam ao mesmo


público, porém, oferecendo um produto diferente. A análise nesse momento
trata do benefício proposto por certo produto que pode afetar o padrão de
escolha do consumidor pelo blog em questão.
Foram analisados, portanto, os seguintes benefícios: linguagem informal,
uso de humor, atualizações constantes, conteúdo direcionado para jovens,
interatividade e qualidade de conteúdo. Para avaliar a qualidade de conteúdo
dos concorrentes, foi utilizada a nova pesquisa citada anteriormente (VER
ANEXO D, p.86). Um ponto que difere os concorrentes substitutos é que a
maioria das pessoas já teve algum contato com a maioria produtos citados,
diferente dos concorrentes indiretos.
Os veículos analisados pela pesquisa foram o Twitter (rede social), a
“Trip” (revista), o “Legendários” e “CQC” (ambos programas de TV). Os
jornais e livros não foram incluídos na pesquisa, pois estão sendo analisados,
nesse momento, de uma forma mais generalista. Eles foram colocados em um
panorama geral, por existem em grande variedade no mercado. Seria difícil
decidir quais são os mais importantes, dependendo, além do gosto pessoal, da
região e forma de pensamento de cada indivíduo.
O Twitter aparece com uma mídia forte em relação aos outros
concorrentes, por apresentar pontos positivos em todos os quesitos examinados.
A rede social – que é uma das mais usadas no país – permite que usuário modele
seu perfil de acordo com seus interesses. Esses certamente podem ser a
linguagem coloquial, o uso de humor e as atualizações constantes. A qualidade
de conteúdo depende da seleção feita pelo usuário. Obviamente o indivíduo não
vai seguir o conteúdo que considera desinteressante ou irrelevante. Segundo a
53
pesquisa feita para analisar os concorrentes, o público considera a qualidade de
conteúdo do Twitter boa de uma forma geral, com 52% das respostas. Outro
ponto que vale destaque no Twitter é a interatividade: os usuários podem trocar
informações e opiniões em tempo real.
A interatividade tem um volume inferior nos outros veículos examinados.
O programa de TV “Legendários” tem bastante interação com o público, usando
o próprio Twitter como ferramenta para obtenção da mesma. Os comentários
dos telespectadores feitos durante o programa via Twitter aparecem na própria
tela da TV. O “Legendários” peca apenas na qualidade de conteúdos,
considerado “Regular” pela maioria das pessoas que assistiram o programa –
30% . A autora fez uma análise do “Legendários” e concluiu que o programa
muitas vezes produz matérias com conteúdos banais ou explorando os temas de
maneira superficial.
O programa de televisão “CQC”, por sua vez, também possui méritos em
relação à linguagem informal, a utilização do senso de humor e acerta em
propostas para agradar o público jovem. No quesito “interatividade”, o “CQC”
dispõe de um espaço para os comentários dos telespectadores via Twitter, que
aparecem no site durante o programa. Além disso, existe um quadro
denominado “Proteste Já”, que divulga os problemas relacionados com as obras
públicas não finalizadas, transporte ineficaz e mau atendimento. No quadro, o
telespectador pode sugerir um pauta para os repórteres realizarem uma matéria
com a questão que ele deseja que seja efetivada ou melhorada. A qualidade de
conteúdo no “CQC” foi avaliada como “Boa” pela maioria dos entrevistados –
40% do total. A autora também examinou tal programa de TV. As matérias do
“CQC” tratam de temas importantes repercutidos durante a semana, com
inteligência e humor. Diversos temas de interesse público – como política,
eleições, manifestações - são explorados de maneiras inusitadas nas reportagens.
Tratando-se de qualidade de conteúdo, a revista “Trip” apresenta um
valor considerável. Com reportagens esclarecedoras, bom uso da coloquialidade
na linguagem e pautas relacionadas a dia-a-dia, a revista é apreciada
especialmente por jovens. As reportagens geram repercussão em redes sociais e
54
colaboram para a formação de opinião. Segundo dados da pesquisa feita pela
autora, o público que já teve contato com a revista, considera a “Trip” como
“Boa” ( 33 %). Em relação à interatividade, caso o indivíduo esteja lendo pela
Internet, ele pode fazer comentários e compartilhar os textos via email ou redes
sociais. Apesar disso, o site da revista não tem grande número de comentários.
No mais, a “Trip” tem periodicidade mensal e já foi eleita por dois anos
consecutivos uma das 10 mais revistas admiradas nos país, em pesquisa 14 feita
pela editora Meio & Mensagem e pela Troiano Consultoria.
Em um aspecto geral, as colunas e crônicas dos jornais – impressos ou
digitais -apresentam uma linguagem mais leve do que a utilizada em outros
espaços inseridos dentro dos jornais. O uso do humor ou não depende de cada
autor. O leitor pode optar por textos com essa característica caso tenha
preferência. As atualizações seguem o ritmo dos jornais, sendo dessa maneira,
constates. A maioria dos textos de colunas ou crônicas não são focadas no
jovem, porém esse público pode ter alguma identificação com os temas ou a
forma com que são escritos. A interação do leitor com o produtor de conteúdo é
pouca, no máximo por meio de comentários ou emails. E, normalmente, o autor
não é influenciado pelas opiniões ao escrever um texto. Apesar disso, a
qualidade de conteúdo é alta, visto que quem escreve para esses jornais são
pessoas experientes, com uma boa formação e com um ótimo poder de
articulação.
Em uma última análise, estão os livros, que aparecem como um meio
importante de leitura, entretenimento, reflexão e formação de opinião. A
linguagem pode ser informal, dependendo totalmente da escolha do leitor. Caso
este prefira um conteúdo mais humorístico, também pode encontrar nos livros.
A variedade é imensa e a opção por um conteúdo direcionado para jovens pode
certamente ser feita. Os pontos negativos dos livros são dois: a demora de
atualizações e a interatividade. Se o leitor tem preferência por um autor X, por
exemplo, vai ter que esperar um bom tempo até ter acesso á sua próxima

14
Dados retirados do site oficial da revista Trip: http://revistatrip.uol.com.br/. Acesso em novembro de
2010.
55
publicação. Além disso, o contato entre autor e leitor é mínimo, quando não é
nulo. Apesar disso, apenas uma fatia (ainda muito pequena) de escritores
divulgam textos em blogs e compartilham em redes sociais. O contato pode ser
mais fácil nesse sentido. Porém, ainda são poucos escritores que dão essa
abertura para o público. De uma forma geral, o conteúdo proposto nos livros
depende completamente das ideias, experiência de vida e poder intelectual do
autor. A intervenção do público, portanto, é pífia.

CONCORRENTES SUBSTITUTOS – TABELA 2


Livros
Twitter Crônicas (impressos
Veículo/ (rede Trip Legendários CQC e colunas ou
Atributo social) (revista) (TV) (TV) (Jornais) digitais)
Linguagem
informal Sim Sim Sim Sim Sim Depende
Uso de humor Sim Sim Sim Sim Depende Depende
Atualizações
constantes Sim Sim Sim Sim Sim Não
Conteúdo
direcionado
para jovens Sim Sim Sim Sim Depende Depende
Muito
Interatividade alta Regular Alta Regular Pouca Nenhuma
Qualidade de Muito Muito
conteúdo Boa boa Regular Boa boa Muito boa
Fonte: Autora (2010)

Depois desse exame detalhado nos concorrentes indiretos e substitutos,


pode-se notar que para que o resultado almejado no blog em questão seja
alcançado é necessário focar-se na produção de conteúdo para os jovens. Nos
concorrentes, muitas vezes não se tem essa pretensão, e quando se tem peca-se
na qualidade de conteúdo e na questão da interatividade. É preciso dar voz ativa
para o público, satisfazendo seus anseios e suprindo suas necessidades.
Para atingir tal objetivo, além de dispor no blog a opção “Comentários”,
o email para contato e a possibilidade de compartilhar o conteúdo via Twitter e
56
Facebook, a autora atender o gosto do público em relação aos temas a serem
explorados nas crônicas. Além disso, será utilizado o Twitter e Facebook – redes
que agradam o público jovem – para divulgar o trabalho e ouvir as opiniões.

5.3 Análise macro e micro ambiental

5.3.1 Análise macro ambiental

Esse tipo de análise consiste no estudo dos fatores que podem interferir
diretamente na concepção do produto, mas que estão fora de controle do
realizador. Deve ser pontuado que “estar fora de controle” não denota um
sentido negativo. Alguns fatores podem auxiliar para o funcionamento do
produto e até mesmo impulsionar o desenvolvimento do blog em questão. Tais
fatores podem ser considerados como macro-ambientais:
- Tecnologia
- Economia
- Cultura
- ProUni
- Repercussão dos assuntos imprensa
- Invisibilidade dos assuntos na imprensa
- Repercussão dos assuntos nas redes sociais
- Interatividade

Sabe-se que o produto em questão está diretamente relacionado com a


tecnologia. Somente com o desenvolvimento da Internet foi possível que os
blogs surgissem. E somente com a democratização da mesma esse meio ganhou
notoriedade. A inclusão digital é uma realidade que vem sendo promovida

57
através de medidas governamentais. Segundo uma pesquisa15 feita pela empresa
de estatísticas comScore em maio desse ano, a população online do país
ultrapassa 73 milhões de brasileiros.
Além da democratização cada vez maior da Internet, a economia está
colaborando para o ingresso da rede. Os preços referentes aos notebooks
(computadores portáteis) estão despencando ao longo dos anos. Nesse ano, cerca
em torno de 6,9 milhões de notebooks foram vendidos, segundos dados16 da
Abinee. A expectativa para o ano de 2014 é que em cerca 12 milhões notebooks
sejam comprados, representando, assim 75% do mercado de computadores
pessoais. Em entrevista para a Folha de São Paulo (2010), o diretor de
informática da Abinee Antonio Hugo Valério falou: “Há quatro anos, os
notebooks representavam apenas 8% das vendas gerais de PCs no Brasil. No
próximo ano [2011], a previsão é que os notes representem mais de 50% das
vendas de computadores”.
A rapidez e convergência midiática que a Internet propõe fazem o
indivíduo consumidor das mídias tradicionais migrar para o campo virtual.
Além disso, o sujeito que não se identifica com as outras mídias, pode
encontrar-se no âmbito digital. Grande parte da leitura, da informação, da
opinião, enfim da riqueza cultural dos indivíduos da sociedade atual são fruto do
conteúdo online. Segundo a primeira pesquisa feita pela autora, 100% dos
entrevistados disseram utilizar a internet para a leitura e a maioria dessa leitura é
realizada nos blogs (ANEXO B, p. 78). Dessa forma, a Internet, e em especial o
blog, aparece com uma ferramenta capaz de promover a cultura de uma forma
geral.
Em relação ao público alvo, nota-se que uma mudança está ocorrendo. O
público da universidade particular hoje é mais diversificado, conseqüência do

15
Fonte: Total da população on-line ultrapassa 73 milhões no Brasil. Disponível em:
<http://www1.folha.uol.com.br/tec/759895-total-da-populacao-on-line-ultrapassa-73-milhoes-no-
brasil.shtml> Acesso em novembro de 2010.
16
Fonte: Dados e entrevistas disponíveis em:
<http://economia.ig.com.br/empresas/comercioservicos/consumo+de+notebooks+deve+dobrar+no+brasi
l+em+cinco+anos/n1237781865261.html%3E Acesso em novembro de 2010.
58
trabalho desenvolvido pelo ProUni. O programa universidade para todos
(ProUni) concede bolsas de estudos (parciais ou integrais) em cursos de
graduação e sequenciais em instituições privadas. Tal iniciativa, criada pelo
governo federal em 2004 e institucionalizada em 2005, é dirigida aos estudados
do Ensino Médio da rede pública ou da rede particular na condição de bolsistas
integrais, com renda per capita familiar máxima de três salários mínimos.
Vale lembrar que o ProUni possui também ações conjuntas que visam
manter o estudante nas universidades, como a Bolsa Permanência, o convênio
de estágio MEC/CAIXA e o FIES - Fundo de Financiamento ao Estudante do
Ensino Superior.
Segundo dados17 do site oficial, o programa atendeu desde sua criação até
o processo seletivo do segundo semestre de 2010, 747 mil estudantes, sendo
70% com bolsas integrais. De acordo com gráficos sobre o programa, observa-
se que o número de bolsas ofertadas cresceu de 112.275 no ano de 2005 para
247.643 em 2009.
O site também informa que o ProUni colabora para o cumprimento de
uma das metas do Plano Nacional de Educação, que prevê a oferta de educação
superior até 2011 para, pelo menos, 30% dos jovens de 18 a 24 anos.
Outro fator determinante nesse momento é repercussão e a invisibilidade
dos assuntos na imprensa. Assuntos que já tiveram repercussão podem originar
pautas. Assuntos que não tiveram, por outro lado, podem ganhar representação e
visibilidade nesse processo. Em ambos os casos, a reflexão será incitada.
As redes sociais (como o Twitter e o Facebook) também vão colaborar
nesse processo, podendo gerar temas para serem discutidos nas crônicas.
O que pode ser percebido depois dessa análise nos fatores macro-
ambientais é que a Internet conquista cada vez mais o espaço de meio de
comunicação mais lido. O “Avessos” pode aproveitar-se da familiaridade que os
indivíduos vem com ela (e que tende a aumentar muito mais) para promover a o
gênero crônica, a leitura a reflexão. Além disso, os indivíduos que o blog em
questão pretende atingir (universitários ou formados) estão em volume maior
17
Dados retirados do site do programa: http://prouniportal.mec.gov.br/ Acesso em novembro de 2010.
59
devido a projetos como o ProUni. A repercussão dos assuntos na mídia e nas
redes sociais pode ter bem aproveitada para a produção de crônicas, assim como
a invisibilidade também pode, trazendo para a discussão assuntos
contemporâneos que a imprensa não dá importância ou até mesmo ignora.

5.3.2 Análise micro-ambiental

Entende-se por análise micro-ambiental as considerações sobre os fatores


que influenciam na concepção de produto que podem ser controladas mais
facilmente pelo realizador. No presente trabalho, podem ser observados tais
pontos:
- Público-alvo
-Domínio da Tecnologia
-Linguagens de programação
-Web design
- Produção de textos
-Concorrentes

A escolha do público alvo se manteve igual ao surgimento do projeto até


sua concretização, com exceção do acréscimo dos jovens já formatos junto ao
público universitário. Tal acréscimo foi realizado após uma pesquisa feita pela
autora, em que se conclui que os indivíduos com Ensino Superior Completo
eram a segunda maioria de usuários da internet, com 20%. Em primeiro lugar,
bem à frente, estava o sujeito com Ensino Superior Incompleto, com 63%. O
jovem já formado não irá prejudicar o desenvolvimento do conteúdo produzido
– já que, olhando para esse contexto de forma geral, ele possui uma “bagagem”
cultural igual ou maior ao univesitário.

60
Optou-se pelos jovens de 18 a 30 anos como público algo justamente por
eles serem o grupo em mais abundância na rede. Além disso, acresceu-se a
vontade da autora de escrever sobre temas com os quais tivesse familiaridade. A
preferência feita por jovens que já estiveram ou ainda estejam na universidade
foi para poder produzir textos mais livres e reflexivos – fugindo dos estereótipos
e do senso-comum. Além de poder “ousar”, tratando de maneira menos
moralista e consequentemente mais liberal algumas temáticas polêmicas, como
drogas e homossexualidade. Outra questão refere-se ao fato de essa fatia de
mercado estar mais familiarizada com algumas ferramentas da linguagem, como
a ironia e o sarcasmo.
O suporte do blog foi feito pela plataforma Wordpress versão 3.0. O
Worpress usa a ferramenta Open Source (código aberto) que permite a
distribuição livre do programa, bem como o incremento de códigos
programação é por qualquer indivíduo possa contribuir para a melhoria do
mesmo. Além disso, o suporte possibilita que customizações em um novo
design e modificações repentinas sejam feitas com rapidez e facilidade. O
Wordpress também conta com uma grande quantidade de plugins18 – que
integram outras mídias ao blog, como Twitter, por exemplo. Outro destaque é
que o Wordpress possibilita a garantia de direitos autorais sob os textos
publicados no blog.
O layout e a programação foram desenvolvidos pelo web designer Daniel
Imaeda. As linguagens utilizadas no Avessos são XHTML. CSS e PHP. Em
relação às linguagens de programação, a autora tem um conhecimento muito
básico. Caso seja necessária alguma mudança no blog, portanto, a autora pode
pedir auxílio para o web designer que vai estar disponível para qualquer ajuste
que precise ser feito.
Vale lembrar que uma análise nos concorrentes indiretos e substitutos foi
feita para buscar o melhor desempenho e resultados do produto em questão
(PÁGINA 49).

18
Plugins: programas de computadores que oferecem recursos adicionais a outros programas,
oferecendo alguma funcionalidade específica.
61
Em um último momento, observa-se que um fator imprescindível para o
sucesso do Avessos diz respeito às atualizações constantes. A autora se propõe a
produzir e publicar textos pelo menos duas vezes por semana. Vale lembrar que
as crônicas serão comportamentais e a escolha do tema vai ser feita tendo como
base a primeira pesquisa feita pela autora.

5.4 Descrição e viabilidade técnica

5.4.1 Estrutura do Layout

O layout do Avessos chama atenção pela ilustração no canto superior


esquerdo. O desenho foi proposto pela autora, por relacionar-se com o conceito
de avesso, condizendo ao título do blog. A ilustração é um homem com a cabeça
cortada ao meio. Dentro da cabeça, existe o cérebro, com alguns objetos em sua
composição como uma caneta, dois cigarros apagados, uma ampulheta, pílulas e
um papel amassado. Os elementos referenciam-se aos pensamentos dos
indivíduos (como a escrita), ficando expostos para provocar o leitor a enxergar
esse “avesso”. Além de fazer referência à contemporaneidade, através da própria
ampulheta que remete a questão de tempo e das pílulas e dos cigarros, elementos
bastante rotineiros na vida dos jovens.
Além disso, a ilustração descrita acima se remete também à autora. Já que
a crônica tem muito da visão pessoal de quem a escreve, se faz necessária essa
identificação. Segundo Aline Damasceno (2005) o layout de um blog funciona
como identificação de seu dono.
Do lado direito do cérebro e abaixo dele, existem literalmente “avessos”,
com fontes e tons de preto variados. Esses “avessos” existem para fazer
referência à diversidade e abrangência.
No centro da coluna de layout, na linha dos olhos de quem visualiza o
blog, existe uma espécie fita crepe (como se ela segurasse o texto) como um
62
menu de navegação, com tais links19: home, perfil, eu indico, contato seguido de
uma barra de busca. Felipe Memória pontua a importância que barra de busca
representa: “o recurso de busca é, reconhecidamente, um dos mais importantes
elementos de interface de um website grande. (...) O ideal seria que todos os
websites (...) oferecessem esse recurso a seus visitantes” (MEMÓRIA, 2005,
p.60).
Abaixo do menu de navegação, encontra-se o conteúdo referente ao
conteúdo do blog. Esse formato de layout de coluna foi escolhido para dar
atenção total ao texto. Em um portal, por exemplo, existem diversas notícias e
artigos em destaque, o que acaba por deixar o leitor aberto para escolha da onde
irá clicar. A coluna central com o texto busca conduzir o público diretamente
para leitura.
Aos lados da coluna central do texto, existe uma flecha estilo “feita à
mão” para que o leitor possa ter contato com publicações mais antigas. O texto
que fica em destaque na página é sempre o mais recente.
Abaixo do texto, estão dispostos dois ícones para o leitor compartilhar a
crônica em seu Facebook e Twitter, caso tenha interesse. Logo abaixo, existe
um link para comentários.
No final da coluna central, abaixo dos comentários, existem duas colunas
com tais links: do lado esquerdo – “Últimos posts” e “Feed” e do lado direito
“Arquivo” e “Páginas”. Esses quatro elementos foram colocados nesse local
para que o leitor tenha fácil acesso a outros textos.
Ao lado direito da coluna central, há uma garrafa de cerveja com o nome
da autora acompanhada por um cinzeiro com alguns cigarros. Sabe-se que a
crônica é um gênero leve, descomprometido, como uma espécie de “conversa de
bar”. Optou-se por esses dois elementos por eles representarem essa
despreocupação, que certamente casa com o gênero em questão.

19
Link: “(inf, int, tc) 3. Ligação entre páginas ou informações de um mesmo site ou diferentes sites. Os
links, recursos característicos da linguagem de hipertexto, aparecem nos documentos como palavras
grafadas em destaque (sublinhadas ou em cor diferente) do restante do texto. 4. Cada uma das ligações
de hipertexto que estão embutidas em um documento de hipermídia, permitindo que o usuário salte de
um pedaço de informação para outro item relacionado, não importando onde ele esteja armazenado.
Nessa acepção, diz-se tb. âncora e hiperlink.” (BARBOSA e RABAÇA, 2002, p. 433).
63
5.4.2 Escolha de fontes e cores

As cores do layout foram pensadas para facilitar a leitura. Optou-se por


não usar o branco por ele causar desconforto nos olhos diante da exposição
excessiva perante a tela do computador.
Como a ilustração é chamativa, as outras cores do layout precisavam ser
neutras, a fim de evitar quaisquer conflitos. A cor da parte de fora da coluna é
creme e a de dentro cinza. O menu de navegação, como é uma fita crepe, possui
um tom puxado para o creme. Vale acrescentar aqui que a cor da fita crepe em
questão é mais escura, por representar um pedaço de fita mais gasto, mais sujo.
Os links do menu de navegação são cinza escuros Porém, quando o
indivíduo seleciona algum item da barra, o link selecionado fica rosa. Esse rosa
é em um tom pastel, acompanhando a cor do cérebro da ilustração. Por fim, a
cor da fonte do texto é um cinza bem escuro, quase preto.
As fontes do layout foram escolhidas para combinar com o conteúdo do
blog. Para os “avessos” ao lado do cérebro, o webdesginer customizou à mão
uma nova fonte. Para o menu de navegação, foi escolhida uma fonte mais básica
do sistema, a Arial.
A fonte do título é Museo 1000. Nesse caso, optou-se por uma fonte mais
expressiva para despertar a atenção do visitante do blog para a leitura do texto.
Para o corpo do texto, foi usada uma fonte com legibilidade, a Geórgia. Para as
colunas com links abaixo do texto, a fonte utilizada foi Verdana.
A combinação desses elementos resultou no layout do Avessos, como
pode ser observado abaixo:

FIGURA 1

64
FIGURA 2

FIGURA 3

65
5.5 Descrição e viabilidade financeira

Não houve custo de hospedagem no blog em questão. O web designer


gentilmente ofereceu a hospedagem que ele tinha para colocar o Avessos no ar.
Caso o número de visualizações fique muito grande e atrapalhe a rapidez, uma
nova hospedagem pode ser adquirida.
O domínio www.avessos.com.br foi adquirido através do registro para
domínios de Internet no Brasil – oferecido pelo site http://www.registro.br/ e
teve um custo de manutenção anual de R$ 30, 00.
O software Wordpress 3.0, usado para suporte, manutenção e
gerenciamento do blog é gratuito, não envolvendo nenhum tipo de custo.
O layout e a programação não tiveram custos, pois a autora se propôs a
escrever releases e realizar outros tipos de trabalho de assessoria de imprensa
para a empresa do web designer como forma de pagamento.
O Avessos não tem finais lucrativos. A manutenção do domínio é anual e
tem um preço reduzido, além ter hospedagem gratuita oferecida pelo (amigo)
webdesigner. Não existe prejuízo, portanto, em manter o blog de uma forma
não-rentável.
A proposta da autora é divulgar seu trabalho como cronista para
conquistar um espaço dentro de uma revista ou um jornal. A autora tem
66
condições de atualizar o blog duas vezes por semana, independente de quaisquer
afazeres.
O link para acesso do produto é www.avessos.com.br.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Não havia como fugir dessa realidade: os jovens leem mais pela internet.
Utilizar alguma outra mídia não iria atender os interesses e hábitos de consumo
do público. Tal fato foi confirmado a partir da primeira pesquisa realizada
(ANEXO B, p. 78), em que 100% das pessoas entrevistadas afirmam que
utilizam a internet para a leitura. Nesse contexto, os blogs têm um papel
importante nesse universo virtual, tornando-se cada vez mais ferramentas
responsáveis pelo repertório dos indivíduos, seja para entretenimento e/ou
formação de opinião.
A escolha pelo gênero crônica foi feita nos primórdios, nos tempos de
pré-projeto. Textos jornalísticos da imprensa costumam ser secos, sem vida.
Somente por meio da crônica era possível explorar singularidades, oralidades,
67
informalidades e obter maior liberdade em relação a forma e o conteúdo do
texto.
Um fato que foi percebido via pesquisa é que muitos jovens ainda não
leem crônicas (ANEXO B, p.78). A ideia é mostrar essa possibilidade para o
jovem, torná-lo familiarizado e até mesmo íntimo dessa modalidade tão rica e
plural.
A parte mais difícil desde o primeiro projeto foi me ater à linguagem
científica. Tantas formalidades, principalmente durante a fundamentação
teórica, me levaram à exaustão. Quando pensava em desistir, lembrava do
escritor Charles Bukowski dizendo: “se você for tentar vá até o fim, senão nem
comece” e voltava ao trabalho.
Apesar de cansativa, a experiência foi prazerosa. Foram tantos
conhecimentos adquiridos que não saberia nem pontuá-los. A parte “jornalistas
(e) escritores” talvez tenha tido um gosto mais saboroso.
Foi confirmado através da fundamentação teórica que a crônica realmente
se difere (e muito) dos outros gêneros. Em nenhum outro campo do jornalismo
poderia ter essa liberdade em relação à escrita. Outra constatação importante é
que a crônica e o blog compartilham muitas características, como a liberdade já
citada, o poder de explorar a criatividade, o dinamismo, a pluralidade de estilos
e temáticas, e a capacidade de segmentação. Ambos também atuam como
ferramentas que podem ser usadas para fazer uma análise de certo tempo e são,
indubitavelmente, instrumentos capazes de gerar a discussão e formar opinião.
Por meio das aulas do Sérgio Czajkowski Júnior e posteriormente da
fundamentação teórica, foi possível perceber que estava lidando com um nicho,
isso é, uma demanda que não estava sendo explorada. Não existe no campo da
Internet um produto exclusivamente com o gênero crônica direcionado para
jovens que estão ou já estiveram na universidade. Os blogs de crônicas já
existentes têm uma linguagem mais ampla e obtém sucesso por serem escritos
por pessoas já renomadas. Dirigir o produto para um grupo específico fez com
que o produto chegasse muito próximo dos seus interesses e desejos.

68
Sabe-se que a crônica tem uma parcela importante de opinião, da visão
do indivíduo que escreve. Agradar o público em sua totalidade seria uma tarefa
impossível. Falo isso com toda sinceridade, por mais clichê que isso possa
parecer. Nem sempre o público concordou com meu ponto de vista em algumas
crônicas, apesar disso, foi percebido que a linguagem e conteúdo chamavam de
fato sua atenção. Portando, mesmo discordando, o público mostrava interesse
em ler o que era publicado.
Uma dificuldade durante a fundamentação teórica que merece ser citada é
a escassez de teóricos para o assunto “O jovem e a leitura”. Não foi encontrado
material específico para suprir essa lacuna. A saída encontrada foi analisar o
livro “Navegar no ciberespaço - O perfil cognitivo do leitor imersivo”, da Lucia
Santaella. A obra não trata especificamente do leitor jovem, mas pode ser
utilizada pois trata do indivíduo que está familiarizado com o universo virtual. O
jovem tende a ser o indivíduo que tem mais contato com meio, já que cresceu
durante essa explosão e democratização da tecnologia. Certamente, ele é o que
mais utilizou esses benefícios da inclusão digital.
Outro ponto que foi confirmado, através da fundamentação teórica e da
primeira pesquisa (ANEXO B, p.78) é que os jovens não apreciam ser rotulados
em tribos. Isso se deve principalmente à exposição da mídia de forma pejorativa
das tribos urbanas. Foi proposta a seguinte pergunta: “Você se encaixa em
alguma tribo urbana?” A maioria dos entrevistados respondeu “não” ou deixou
em branco. Observando esse quadro, foi percebido que era impossível dirigir o
trabalho usando as tribos urbanas como enquadramento para esses jovens. Na
produção das crônicas, tentei ao máximo propor um conteúdo mais livre,
direcionando para esse jovem pós-moderno, que tem a pluralidade como
característica marcante.
Esse trabalho não poderia ser realizado sem as referências e a ajuda da
premiada (com direito a ambiguidades) da Luísa Barwinski. O Paliteiro foi uma
bússola em diversos momentos do projeto.
Após a primeira publicação no Avessos foi confirmado, como na
primeira pesquisa (ANEXO B, p.78) , que muitos comentários não são feitos no
69
blog propriamente dito. Recebi opiniões e elogios especialmente no Twitter.
Além disso, várias pessoas compartilharam o endereço do blog também via rede
social. Isso foi extremamente gratificante.
Minha intenção é continuar publicando crônicas nesse endereço mesmo
após a apresentação para a banca. Essa continuação pode ser feita pelo menos
por um ano – período em que não se faz necessária a renovação do pagamento
do domínio. O reconhecimento do público e a capacidade de promover
discussões me movem para o prolongamento do projeto.
A princípio possuía o desejo de realizar um livro de crônicas como
projeto final. Escrevo, não só crônicas, e todo escritor quer ter um livro
publicado. O orientador me alertou: “Os jovens leem mais blogs do que livros” e
decidi mudar o projeto, de livro para blog. Um pouco desconfiada, fui
explorando ao longo dos meses esse caminho. Mantendo um pouco de distância
das minhas certezas, percebi que o livro é só um detalhe. Existem outras formas
do jornalista-escritor ser publicado, uma delas é através dos blogs.
Depois de todo esse processo, percebo que não teria como ser de outra
forma. Para o Avessos atingir o público-alvo almejado, era preciso uma mídia
contemporânea, dinâmica, interativa e eficaz como o blog. Antigos
(pré)conceitos meus já foram quebrados. Através da divulgação dessas crônicas,
espero que os jovens possam quebrar muitos outros.

70
6. CRONOGRAMA

FIGURA 4

Quadro de ações JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
Elaboração de pesquisa
bibliográfica
Elaboração do projeto
Protocolo do projeto
Correção baseada
nas anotações do
professor
Produção de um esboço
da fundamentação teórica

Protocolo da primeira
versão da fundamentação
teórica
71
Pesquisa quantitativa e
qualitativa para
desenvolvimento do blog

Pesquisa qualitativa para


análise dos concorrentes

Lançamento do blog

Produção no blog
Redação final sobre o
produto
Fonte: Autora (2010)

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WEINSTEIN, Art. Segmentação de mercado. São Paulo : Atlas, 1995

ANEXO A- QUESTIONÁRIO QUANTITATIVO E QUALITATIVO


PARA DESENVOLVIMENTO DE BLOG DE CRÔNICAS

1. Qual sua idade?


( ) Até 18 anos ( ) De 18 a 30 anos ( )Acima de 30 anos

2. Qual seu grau de escolaridade?


( ) Ensino fundamental incompleto
( )Ensino fundamental ( )Ensino Superior
completo Completo
( )Ensino Médio Incompleto ( ) Pós Graduação
( )Ensino Médio Completo Incompleta
( )Ensino Superior ( )Pós-graduado
Incompleto ( )Mestre
( )Doutor(a)
77
3. Qual seu sexo?
( )Masculino ( )Feminino

4. Você se encaixa em alguma tribo urbana?


__________________________

5. Sua leitura se dá por quais meios?


( ) Revistas
( )Jornais impressos
( )Internet
( )Livros
( )Outros

6. Se marcou "Internet", quais veículos costuma utilizar?


( )Portais ( )Jornal Oline
( )Blogs ( )Sites específicos
( )E-books ( )Redes sociais
( )Revista Online ( )Outros

7.Como você fica sabendo das atualizações dos veículos citados na


pergunta anterior?
( )Redes sociais
( )Email
( )RSS
( )SMS
( )Outros

4
7. Se marcou "Outros", quais?
__________________________

8. Quanto tempo você passa acessando a internet diariamente?


( )Até 1 hora
( )De uma a 2 horas
( )De 2 a 3 horas
( )Mais de 4 horas

9. Em que local se dá tal acesso?


( )Casa
( )Trabalho
( )Faculdade
( )Celular
( )Casa de amigos/parentes
( )Lan house

10. Você costuma ler crônicas pela Internet?


( )Sim ( )Não

11. Se sim, em que endereços eletrônicos?


__________________________

12. Se não, por quê?


( ) Não há linguagem interessante
( )Não há assuntos relevantes
( )Não há um layout chamativo
( )Não há familiaridade com o gênero
( )Outros

13. Se marcou “Outros, quais?


______________________________

14. Você costuma comentar, na Internet, os textos que considera


interessantes?
( ) Sim ( )Não

15. Seu comentário se dá:


( )Não comento
( )No próprio site/blog/portal
( )Via rede social
77
( )Via email

16. Quais assuntos te chamam ou chamariam mais atenção na hora de ler


uma crônica?
( )Sexo
( )Amor
( )Família
( )Drogas
( )Tecnologia
( )Jornalismo
( )Literatura
( )Medicamentos
( )Nostalgia
( )Gastronomia
( )Preconceito
( )Transtornos Psiquiátricos
( )Outros

78
ANEXO B – RESULTADO DO QUESTIONÁRIO QUANTITATIVO E
QUALITATIVO PARA DESENVOLVIMENTO DE BLOG DE
CRÔNICAS ( VIA GOOGLE DOCS)

79
80
81
82
83
84
ANEXO C- PESQUISA QUANTITATIVA PARA ANÁLISE DO
CONTÉUDO DOS CONCORRENTES

1.Como você considera a qualidade de conteúdo do blog do Carpinejar?


www.carpinejar.blogspot.com

( )Nunca li
( )Muito boa
( )Boa
( )Regular
( )Baixa

2. Como você considera a qualidade de conteúdo do site Vida Breve?


www.vidabreve.com

( )Nunca li
( )Muito boa
( )Boa
( )Regular
( )Baixa

3. Como você considera a qualidade de conteúdo do site da Tati


Bernardi?
http://www.tatibernardi.com.br/textos.php?id=402&y=2010&tit=Inferno

( )Nunca li
( )Muito boa
( )Boa
( )Regular
( )Baixa

4. Em relação ao Twitter, você acha que tem uma boa qualidade de


conteúdo?
Leve em conta as pessoas que você segue.

( )Não tenho Twitter


( )Muito boa
( )Boa
( )Regular
( )Baixa

85
5.Em relação a Revista Trip, como você analisa o seu conteúdo?
http://revistatrip.uol.com.br/

( )Nunca li
( )Muito boa
( )Boa
( )Regular
( )Baixa

6. Em relação ao programa de TV "Legendários", qual sua opinião sobre


o conteúdo?
Transmitido pela Record aos sábados às 21h45

( )Nunca assisti
( )Muito boa
( )Boa
( )Regular
( )Baixa

7. Em relação ao programa de TV "CQC", o que você pensa sobre seu


conteúdo?
Transmitido pela Band nas segundas às 22h15

( )Nunca assisti
( )Muito boa
( )Boa
( )Regular
( )Baixa

86
ANEXO D – RESULTADO DA PESQUISA QUANTATIVA PARA
ANÁLISE DO CONTEÚDO DOS CONCORRENTES (VIA GOOGLE
DOCS)

87
88
89
ANEXO E

AUTORIZAÇÃO

Eu, Marcelo Lima, professor orientador da aluna do curso de Comunicação


Social com Habilitação em Jornalismo, da Universidade Positivo, autorizo a
aluna Giovanna Garcia de Lima a utilizar os serviços de web desginer de Daniel
Imaeda, para composição de um template para fins didáticos em seu Trabalho de
Conclusão de Curso.

Curitiba, ___ de____________ de 2010.

_____________________________________
Marcelo Lima

90

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