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circula não havendo grande controle como se pode facilmente depreender pelos
atentados de 11 de setembro nos Estados Unidos da América. Esta globalização
serve para os mais fracos se equipararem aos mais fortes pois tudo se consegue
adquirir através desta grande autoestrada informacional do mundo que é a
Internet. Outro dos aspectos negativos é a grande instabilidade econômica que se
cria no mundo, pois qualquer fenômeno que acontece num determinado país
atinge rapidamente outros países criando-se contágios que tal como as epidemias
se alastram a todos os pontos do globo como se de um único ponto se tratasse.
Os países cada vez estão mais dependentes uns dos outros e já não há
possibilidade de se isolarem ou remeterem-se no seu ninho pois ninguém é
imune a estes contágios positivos ou negativos. Como aspectos positivos, temos
sem sombra de dúvida, a facilidade com que as inovações se propagam entre
países e continentes, o acesso fácil e rápido à informação e aos bens. Com a
ressalva de que para as classes menos favorecidas economicamente,
especialmente nos países em desenvolvimento, esse acesso não é "fácil" (porque
seu custo é elevado) e não será rápido.
o 5 anos atrás
o Denuncie
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Introdução
Já para Celso Pinto, o exemplo do que pode ser entendido como globalização é:
"O furacão financeiro que veio da Ásia, passou pela Europa, Estados Unidos
e chegou ao Brasil, teve pelo menos uma vantagem didática. Ninguém
pode mais alegar que nunca ouviu falar da globalização financeira. Até
poucos meses, é provável que poucos soubessem onde ficava a Tailândia
ou Hong Kong. Hoje muita gente sabe que um resfriado nesses lugares
pode virar uma gripe aqui. Especialmente se fizer uma escala em Nova
York." 2
Na verdade, o efeito globalizante pode ser visto sob aspectos negativos e positivos,
a depender da ótica com que é olhado. Para um país como os Estados Unidos da
América a situação global é excepcional, pois lhe dá condições de gerir e ingerir,
fluir e influir nos mais diversos pontos do universo em tempo real. Há 24.000
povos no mundo. Há 6.809 línguas no mundo e evidentemente não são todos
que podem gozar dos privilégios da globalização. Para países em situação de
miserabilidade a globalização é aterradora, representa ingerência externa, interfere
no cultivo das tradições, permite comparações que muitas vezes não são benéficas
e acabam por atrapalhar planos e metas governamentais. Para os países em
desenvolvimento a mundialização é uma faca de dois gumes. O primeiro, afiado
para cortar as possibilidades de que sejam acobertadas suas misérias e mazelas,
seus problemas de corrupção, de má gestão da coisa pública, do desgoverno, uma
vez que as notícias transitam em tempo real e não mais como dantes. O segundo
gume, afiado para cortar o isolamento às vezes pretendido e propiciar uma
abertura para os demais países do mundo e assim gerar possibilidades reais de um
entrelaçamento social, político, cultural e comercial.
Nesse ensaio dos efeitos gerados pela globalização aparecem as relações
comerciais, inicialmente formadas entre países fronteiriços para depois transpor
distâncias e criar um mercado efetivamente global, em que é possível perceber
claramente a necessidade de que todos procurem parceiros para seu
desenvolvimento.
O NAFTA (North American Free Trade Área) é uma zona de livre comércio entre os
países da América do Norte: Estados Unidos, Canadá e México. No caso de
formação de uma união aduaneira hemisférica em 2005 (ALCA), os países do
NAFTA também serão incluídos nela, tanto que já participam das negociações.
Decorridos pouco mais de cinco anos de sua implementação, o intercâmbio
comercial entre os países aumentou, o que significa o aumento do saldo de suas
balanças comerciais, especialmente no caso do México.
A União Européia é resultado de uma tentativa bem sucedida da segunda metade
do século XX. Mas tudo começou em 1951, quando seis Nações devastadas pela
guerra decidiram unir suas matérias-primas industriais de carvão e de aço para
evitar a guerra entre elas. A Constituição de base desta Comunidade, o Tratado de
Roma, entrou em vigor em 1958. A UE é formada por 15 países, mas apenas 11
adotaram a moeda única, o euro: França, Alemanha, Itália, Espanha, Portugal,
Luxemburgo, Áustria, Grécia, Bélgica, Reino Unido, Irlanda, Holanda, Dinamarca,
Suécia e Finlândia. A união monetária foi aprovada pelo Tratado de Maastricht, em
1991.
A ALCA (Área de Livre Comércio das Américas) é uma proposta dos EUA de
integração comercial que, se concluída, abrangerá todos os países das Américas,
com exceção de Cuba. Os países-membros da ALCA terão, entre si, preferências
tarifárias. O objetivo é que as tarifas para o comércio intrabloco sejam reduzidas
até que fiquem zeradas, facilitando o fluxo de bens e serviços na região.
Sem sombras de dúvidas que neste tempo o maior desafio, quando se trata do
assunto globalização e blocos econômicos, é o processo de criação da ÁREA DE
LIVRE COMÉRCIO DAS AMÉRICAS - ALCA, cuja proposta visa aglutinar em
torno de seu projeto 34 países e todos os blocos econômicos existentes e cujos
membros ou parceiros estejam dentre do contorno estabelecido para sua
abrangência - do Alaska à Terra do Fogo. Esta arrojada pretensão, que tem como
mola propulsora os Estados Unidos da América e os demais países que junto com
ele compõem o NAFTA - México e Canadá tem encontrado barreiras de toda
ordem, podendo destacar as relativas ao temor de vários estados em se tornarem
reféns desse processo que por muitos está sendo chamado de anexação, volta ao
colonialismo, entrega de soberania, estratégia hegemônica de dominação
americana, absorção e não integração, e muitas outras denominações que em
nada auxiliam no desenvolvimento do projeto, mas que têm sua importância no
momento em que chamam a atenção para vários aspectos que precisam ser mais
bem discutidos pelos estados chamados à sua composição.
Nesse sentido o cuidado deve ser maior, valendo inclusive o estudo de viabilidade
de uma reserva de mercado por um período necessário para que as indústrias
brasileiras possam se adequar e chegar a uma condição de igualdade de tecnologia
e produção com os demais países, e, em especial, com os Estados Unidos da
América, que, como já dissemos, é o mentor e maior interessado nesse processo.
Conclusão
Referências Bibliográficas
Zygmunt
Bauman
"Ou encontramos o modo de controlar as forças globais
liberadas e, no momento, desenfreadas, ou desmoronaremos,
mais cedo do que tarde, todos juntos."
Para o cientista social, não há como negar que a Terra é hoje “um
planeta abarrotado e intercomunicado”. Na por ele chamada
‘modernidade sólida’, as ameaças para a existência humana eram
mais óbvias. “Era óbvio, por exemplo, que alimento, e só alimento,
era o remédio para a fome”.
Uma coisa é certa – o triunfo do novo modo de vida (ou seja, o estado
de modernização permanente, obsessiva e compulsiva) não conseguiu
tornar a crueldade menos freqüente e suas vítimas menos numerosas.
Mas as condições que precipitam a crueldade se modificaram no curso
da história moderna. Você mencionou o genocídio nazista, o
nascimento do terrorismo global e a amplamente espalhada miséria
humana de uma só vez – mas esses fatos têm raízes diferentes.
Genocídios nazistas (e também comunistas) foram o cúmulo do que
chamo de busca ‘moderna sólida’ por uma linha de chegada para o
tumulto aflitivo da mudança perpétua; por uma ordem definitiva, um
Reich milenar, uma sociedade completamente purificada (das raças do
mal ou classes do mal), completamente regulada e administrada na
qual nenhuma nova mudança seria solicitada ou bem recebida.
Conforme Hannah Arendt apontou, a ‘tendência totalitária’ foi um
traço endêmico de um estágio da história humana, e a maior ameaça
foi a perspectiva de um estado todo-poderoso detentor de uma
soberania ilimitada e indivisível sobre a vida e a morte de seus
indivíduos. Desastres humanitários dos nossos tempos de
‘modernidade’ líquida brotam, ao contrário, da crescente lacuna entre
nossa dependência mútua, que já é global, e das agências de ação
(política) efetiva, que permanecem locais. Até agora, a globalização
foi puramente negativa: apenas as forças que negligenciam leis e
modos de vida locais, ignoram fronteiras e esvaziam soberanias
(forças como o capital, as finanças, o comércio, a criminalidade, a
violência, o tráfico de drogas e de armas etc.) globalizaram-se, mas
instituições de representação política, legislações, poderes judiciário e
executivo e controle democrático permanecem, assim como antes,
confinados ao domínio do estado-nação – muito estreito para se opor
ou lidar efetivamente com problemas produzidos globalmente. Daí a
acelerada polarização de condições e perspectivas de vida, acoplada
com a proliferação de sentimentos tribais e guerras, massacres e
genocídios (de vizinhanças) locais. Para os problemas globais do
nosso tempo, não há soluções locais praticáveis, mas não há até
agora forças capazes de articular e impingir soluções tão globais
quanto os problemas…
BAUMAN: Não sei o que esses ?acadêmicos? têm em mente. Até agora, nossa
globalização é totalmente negativa. Todas as sociedades já estão abertas.
Não há mais abrigos seguros para se esconder. A ?globalização negativa?
cumpriu seu papel, mas sua contrapartida ?positiva? nem começou a atuar.
Esta é a tarefa mais importante em que o nosso século terá que se
empenhar. Espero que um dia seja cumprida. É questão de vida ou morte da
Humanidade!
?As pessoas não são excluídas porque são más, mas porque outros
demonstram ser mais espertos na arte de passar por cima dos outros.
Todos são avisados de que não têm capacidade de permanecer porque existe
uma cota de exclusão que precisa ser preenchida?
Civilização sem tempo para refletir.
BAUMAN: A civilização moderna não tem tempo nem vontade de refletir sobre
a escuridão no fim do túnel. Ela está ocupada resolvendo sucessivos
problemas, e principalmente os trazidos pela última ou penúltima tentativa
de resolvê-los. O modo com que lidamos com desastres segue a regra de
trancar a porta do estábulo quando o cavalo já fugiu e provavelmente já
correu para bem longe para ser pego. E o espírito inquieto da modernização
garante que haja um número crescente de portas de estábulos que precisam
ser trancadas. Ocasiões chocantes como o 11 de Setembro, a tsunami na
Ásia, (o furacão) Katrina, deveriam ter servido para nos acordar e fazer
agir com sobriedade. Chamar o que aconteceu em Nova Orleans e redondezas
de ?colapso da lei e ordem? é simplista. Lei e ordem desapareceram como se
nunca tivessem existido.
BAUMAN: Certamente. Isso fica ainda pior quando os gigantes do século XXI,
China, Índia, Brasil, entram no ?processo de modernização?. O número de
?pessoas desnecessárias? crescerá. E aí há o grande problema que mais cedo
ou mais tarde teremos que enfrentar: capacitar ou não China, Índia e
Brasil a imitar o modelo de ?bem-estar? adotado nos Estados Unidos em uma
época em que ?modernização? ainda era um privilégio de poucos? Para dar
vazão, seriam necessários três planetas, mas nós só temos um para dividir.
Um dos mais importantes compositores brasileiros, Chico Buarque de
Holanda, afirmou que ?uma nação grande e forte é perigosa, mas que uma
nação grande, forte e ignorante é ainda mais perigosa?. Ter uma nação
grande, forte e ignorante no comando do mundo ? como parecem ser os
Estados Unidos da Era Bush ? não pode acirrar ainda mais o ?refugo? dos
seres humanos?
BAUMAN: Lamento não conhecer Chico Buarque: ele toca no cerne da questão.
Até onde vai a situação de nosso planeta com um único superpoder,
confundido e subjugado pela ilusão de sua repentina ilimitada liberdade? A
elevação súbita dos Estados Unidos à posição de superpotência absoluta e
uma incontestada hegemonia mundial pegou líderes políticos americanos e
formadores de opinião desprevenidos. É muito cedo para declarar a natureza
deste novo império e generalizar seu impacto no planeta. Seu comportamento
é, possivelmente, o fator mais importante da incerteza definida como ?Nova
Desordem Mundial?. Um império estabelecido pela guerra tem que se manter
por guerras. Acabamos de ver isso no Iraque, apesar de todos saberem que
era óbvio que bombardear e invadir o país não aniquilaria o terrorismo.
www.oglobo.com.br/cultura
Casamento resistente à fluidez
Não deixa de ser irônico que um intelectual que estude e escreva tanto
sobre a fluidez dos relacionamentos amorosos na pós-modernidade esteja
casado há tantos anos. Há quase seis décadas, Zygmunt e Janina Bauman
dividem uma casa, três filhas e a paixão pela sociologia. Freqüentemente
convidado para fazer palestras e conferências ao redor do mundo, Zygmunt
Bauman recusa as propostas por uma razão tão singela quanto romântica: com
a saúde um pouco debilitada, Janina não pode acompanhá-lo em suas
incursões fora da Inglaterra.