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Escola Profissional Gustave Eiffel - Arruda dos Vinhos

Curso de Práticas de Acção Educativa (Tipo 2) – 1º ano


Disciplina de Acompanhamento de Crianças
Módulo 1.1: Desenvolvimento Infantil e relacionamento
empático afectivo
Ficha nº

Desenvolvimento Infantil

Factores que Influenciam o Desenvolvimento

 O desenvolvimento humano é um processo de crescimento e


mudança a nível físico, do comportamento, cognitivo e emocional
ao longo da vida. Em cada fase surgem características específicas.
As linhas orientadoras de desenvolvimento aplicam-se a grande
parte das crianças em cada fase de desenvolvimento. No entanto,
cada criança é um indivíduo e pode atingir estas fases de
desenvolvimento mais cedo ou mais tarde do que outras crianças
da mesma idade, sem se falar, propriamente, de problemáticas.

 Para entender o desenvolvimento infantil é necessário saber que


factores interferem nesse processo. As
influências do meio, tanto as do ambiente
interno (aspectos biológicos e psicológicos)
como as externas (ambiente social),
começam a actuar mesmo antes do
nascimento e continuam durante toda a vida
dos indivíduos.

Aspectos Biológicos e Psicológicos


Criança

Tendências Hereditárias (propensão a determinada


doença, inteligência, etc.);
Constituição Física (alto, baixo, cor dos olhos, cabelo,
etc.);
Sexo (menino ou menina);

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Personalidade (introvertido, extrovertido, etc.).

 Nível Sócio Económico;


 Status (profissão dos pais, etc.);
Família

 Religião e cultura;
 Casamento – divórcio;
 Forma de comunicação entre pais e filhos,
relacionamentos sociais e interpessoais;
 Veículo de comunicação – media (TV, Internet, Jornais,
revistas).

 Estruturação e Organização (condições e relações


político-sociais e económicas, particular e púbica);
 Ideologia, Filosofia, Religião;
 Proposta pedagógica e Metodológica de Ensino;
Escola

 Avaliação da Aprendizagem e Comportamento (provas,


regras, disciplina);
 Professores;
 Colegas;
 Actualização (evolução científica e tecnológica,
estímulos, material de apoio, laboratórios, etc.).

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Sociedade

 Contexto Histórico (desenvolvimento e realidade social);


 Ideologias, Leis e Justiça;
 Cultura e Religião;
 Política, Economia …
 Educação e Tecnologia …

Desenvolvimento Infantil

Distinção: Crescimento e Desenvolvimento

Maturação e Aprendizagem
Da mesma forma que a tecnologia foi evoluindo com o passar do
tempo, a visão que temos da criança também foi se modificando e
ampliando com as novas tendências e teorias científicas a respeito de seu
desenvolvimento. Visão histórica da Criança.
Crescimento -> refere ao aspecto quantitativo das proporções do
organismo, ou seja, trata-se das mudanças das dimensões corpóreas, como
peso, altura, perímetro cefálico, etc.
Desenvolvimento -> refere às mudanças qualitativas, tais como
aquisição e o aperfeiçoamento de capacidades e funções, que permitem à
criança realizar coisas novas, progressivamente mais complexas, com uma
habilidade cada vez maior.
O crescimento termina em determinada idade, quando esta alcança a sua

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maturidade biológica, enquanto o desenvolvimento é um processo que


acompanha o homem através de toda a sua existência.
Rogers, Maslow e outros teóricos, afirmam que, tal como ocorre com
as plantas que, mesmo em locais insalubres1 lutam em busca do sol e da
vida, embora os meios lhe sejam adversos, nós, os seres humanos, temos
um impulso inerente ao organismo como um todo para nos direccionarmos
ao desenvolvimento das nossas capacidades tanto quanto for possível, quer
sejam físicas, intelectuais ou morais, em conjunto, sendo a finalidade ou
propósito do desenvolvimento a "auto-realização.
O desenvolvimento abrange processos fisiológicos, psicológicos e
ambientais contínuos e ordenados, ou seja, segue determinados padrões
gerais. Tanto o crescimento como o desenvolvimento produzem mudanças
nos componentes físicos, mental, emocional e social do indivíduo,
independentemente de sua vontade. As mudanças ocorrem segundo uma
ordem invariante. Por exemplo: antes de falar a primeira palavra a criança
balbucia. Antes de formar uma frase completa com sujeito, predicado e
complemento, ela usa frases monossílabas. O mesmo acontece com a
marcha. Antes de andar, a criança senta e engatinha. Essa sequência segue
um padrão de evolução e da mesma forma acontece em outras áreas do
desenvolvimento.
Apesar das diferenças individuais de cada criança, há evidências de
que o processo maturacional, a sequência dos estágios evolutivos e a
direcção do desenvolvimento são comuns a todos os seres humanos em
todos os lugares e em todos os tempos de sua história (1988).
Embora todas as crianças progridam com certos padrões, a idade em
que cada uma se torna capaz de executar actividades novas e a maneira
como as executa, varia de uma para outra. Por exemplo: uma criança pode
desenvolver-se de uma forma lenta, rápida, regular ou irregular em vários
aspectos da sua vida. E esta é uma das várias razões para se afirmar que

1
Doentio; não salubre.

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uma criança não deve ser comparada com outra, pois cada uma segue um
estilo próprio e um ritmo peculiar de desenvolvimento.
Durante toda a sua vida, o ser humano tem de se ajustar às
mudanças causadas pelas transformações do seu próprio corpo e pelos
factores do meio em que vive, e isto depende de dois aspectos básicos:
MATURAÇÃO E APRENDEIZAGEM.
É importante fazer a distinção entre crescimento e desenvolvimento,
maturação e aprendizagem, para saber o que esperar da criança em cada
estádio e não exigir dela determinada atitude ou comportamento que não
está de acordo com seu grau de maturidade.
Maturação -> é o processo através do qual ocorre a mudança e o
crescimento progressivo, nas áreas física e psicológica do organismo
infantil. Subjacentes a tais mudanças, existem factores intrínsecos
transmitidos por hereditariedade, que constituem parte do equipamento
congénito do recém-nascido.
Equipamento congénito2 -> é a totalidade da dotação de origem
filogeneticamente pré-formada e herdada do recém-nascido (características
e tendências que a criança traz ao nascer) seja física ou psicológica.
A hereditariedade estabelece os limites fisiológicos e psicológicos sobre os
quais o ambiente actuará. As modificações orgânicas ou psíquicas
resultantes da maturação são relativamente independentes de condições,
experiência ou prática, originados do ambiente externo, ou seja, trata-se de
tendências inatas. Neste caso, o ambiente actua apenas no sentido de
propiciar condições para que a maturação se dê completamente, mas
sozinho nada poderá criar no indivíduo.
O amadurecimento não pode ocorrer no vácuo3, por isso pressupõe as
condições ambientais normais, que lhe possibilitem a sua concretização. Por
exemplo: há evidências de que a falta de estímulo normal do meio

2
Que nasce com a pessoa; Inato.

3
Que não contém nada; que não se acha ocupado por coisa alguma.

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determina retardamento ou retrocesso no amadurecimento das funções


intelectuais. (1971).
A maturidade ocorre no momento em que o organismo está pronto
para a execução de determinada actividade e não se limita ao estado
adulto. Em qualquer fase da vida, podemos falar em maturidade. Por
exemplo, a criança que anda com um ano de idade, apresenta maturidade
nesta função, porém não existe apenas maturidade física, mas também
maturidade mental, social, emocional, sexual, enfim maturidade geral da
personalidade.
Aprendizagem -> é a mudança sistemática do comportamento ou da
conduta, que se realiza através da experiência e da repetição e depende de
factores internos e externos, ou seja, de condições neuropsicológicas e
ambientais.
É oportuno lembrar que se a criança não está madura para executar
uma determinada actividade, não poderá aprendê-la, pois não disporá de
condições para a sua realização.
Toda aprendizagem depende da maturação (condições orgânicos e
psicológicas) e das condições ambientais (cultura, classe social, etc.).
É através da aprendizagem que o homem desenvolve os
comportamentos que o possibilita viver, e actualmente, estudiosos afirmam
que este processo se inicia mesmo antes do nascimento.
Pessoas preocupadas com a saúde e educação da criança e que
desejam compreendê-la, necessitam acompanhar o seu desenvolvimento,
aprender "ver e ouvir", observar a criança tendo em atenção as suas
necessidades, sentimentos e capacidades. Se percebermos a criança como
ela é, evidentemente a compreenderemos, porém esta tarefa não é tão fácil
como imaginamos. Isto exige de nós, conhecimentos, sensibilidade e
flexibilidade. Cada criança apresenta um estilo e um ritmo próprio de
evolução e além disso é preciso considerar também o meio ambiente
(social, económico, cultural, etc.), no qual ela está inserida.

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Se o seu filho tem hoje, apenas um mês de vida, um ano, quinze ou


dezoito, não importa. Para compreendê-lo e amenizar4 conflitos e
frustrações, é necessário descobri-lo como um ser individual com
capacidades, necessidades e sentimentos próprios. E isto é um grande
desafio. A informação a respeito do seu desenvolvimento é importante, no
sentido de facilitar a acção dos pais em cada etapa, oferecendo os
estímulos correctos e sobretudo não exigindo determinados
comportamentos ou desempenhos incompatíveis com a fase de
amadurecimento em que a criança se encontra.
A teoria do desenvolvimento dá as directrizes, pois descreve as várias
fases que é comum no processo de amadurecimento de todos os indivíduos
e isto garante certa previsibilidade, o que nos possibilita avaliar cada
criança, bem como orientar os seus pais ou educadores.
Parece óbvio que o conhecimento a respeito do desenvolvimento
serve de apoio para os pais e todos aqueles que trabalham com crianças,
visto que estas informações contribuem para estimular e respeitar o seu
potencial, mas gostaria de enfatizar que este conhecimento não é suficiente
para garantir o bem-estar emocional e psicológico da criança e de seus pais,
pelo fato da grande complexidade que é o ser humano e o universo que o
rodeia.
Os pais não se devem sentir culpados perante um problema
apresentado pelo seu filho, pois qualquer indivíduo, inclusive e
especialmente a criança, em algum estádio da sua existência, seja por
causas externas ou internas, pode tornar-se sensível e vulnerável e
consequentemente desequilibrar-se, criando ora uma doença no corpo
(gripes, resfriados, infecções, etc.) ou bloqueios e perturbações no
desenvolvimento, tenham ou não os pais cometido erros.

4
Tornar ameno, aprazível.

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