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Conhecendo as Forças

Que forças atuam na carga durante o transporte


A amarração da carga deve ser feita para as condições
normais de viagem. Porém a condição normal de viagem não
deve ser entendida como tranqüila e com direção controlada
com a distância e velocidades adequadas.

Amarração da carga deve ser feita para “viagem normal”, e


isto também inclui frenagens bruscas, mudanças
repentinas de direção e más condições de conservação das
estradas, ruas e avenidas.
Considerando que a amarração da carga deve ser efetuada de
acordo com estas considerações, todas as medições e
cuidados devem ser verificados, pois ninguém sabe ou
imagina o que pode ocorrer durante o transporte, mesmo em
pequenas e curtas distâncias.

As seguintes forças podem ocorrer em viagens normais e corriqueiras:

Na direção do deslocamento 0,8 G corresponde à 80% do peso da carga (c = 0,8)

Nas laterais (máximo) 0,5 G corresponde à 50% do peso da carga (c = 0,5)

Para trás (máximo) 0,5 G corresponde à 50% do peso da carga (c = 0,5)

O peso (P)

O peso é a força pela qual um corpo é atraído pela Terra


verticalmente ao solo.

Ela é calculada multiplicando-se o valor da massa em kg pelo


valor da aceleração da gravidade (g = 9,81 m/s²) P = m x g

A força de massa (F)

A força de massa, também chamada de inércia ou força centrífuga


é a força que neutraliza a mudança de estado de movimento.

Ela é calculada multiplicando-se o valor da massa pelo valor da


aceleração. F = m x a

Obs.: Durante o cálculo relativo à segurança da carga, a força de


inércia é geralmente representada pelo conceito de força de
massa, sendo utilizado o fator de aceleração correspondendo ao
peso, por exemplo, 0,5 P

A força de atrito (Fat)

A força de atrito tem um papel primordial na fixação da carga.


Atua entre a carga e a superfície de carregamento, impedindo o
movimento. É feita a diferenciação entre atrito estático – com o
coeficiente de atrito estático (µestático) com o coeficiente de
atrito cinético (µ).

O atrito estático ocorre, por exemplo, quando a carga deve ser


deslocada em relação à superfície de carregamento. O atrito
cinético se apresenta quando já existe um movimento, por
exemplo, entre a carga e a superfície de carregamento. Esta
última é menor que o atrito estático.

Durante o cálculo da segurança da carga, é considerado apenas o atrito cinético. A dimensão da força de atrito dependerá do
Peso “P” da carga e do coeficiente de atrito cinético (µ).

Ela é calculada multiplicando-se o valor do coeficiente de atrito pelo valor do peso. Fat = µ x P
Para melhor compreendermos, se o coeficiente de atrito entre a carga e o assoalho é µ=0,2 e a carga possui um peso de
1.000 daN (= 1.000 kg), ela é "presa" pela força de atrito somente em 0,2 x 1.000 daN = 200 daN (=200 kg) e uma força de
800 daN deverá ser aplicada para amarrar à carga com segurança ao veículo de transporte.

Se o coeficiente de atrito entre a carga e o assoalho é µ=0,6 (por exemplo quando utilizando uma manta anti-deslizante) a
mesma carga é "presa" com 0,6 x 1.000 daN = 600 daN, e agora somente uma força de 400 daN deverá ser aplicada para
amarrar à carga com segurança ao veículo de transporte.

Concluímos que, com a utilização de mantas anti-deslizantes, teremos uma redução de até 50% de cintas de amarração (com
amarração por atrito) ou amarrações de menores dimensões (com amarração diagonal).

Amarração por Atrito


A utilização da amarração por atrito, um
método associado à força, está amplamente
disseminada, visto que é facilmente vista nas
rodovias brasileiras, porém sem o respaldo
técnico necessário para garantir a estabilidade
e imobilidade da carga durante o transporte.

A amarração por atrito (ou para baixo),


realmente se realiza através do uso de cintas
de amarração que são tensionadas sobre a
carga.

Através da força de pré-tensionamento, as


cintas de amarração atuam verticalmente em
relação à carga e a superfície de
carregamento, produzindo força de
compressão e aumento do atrito, de modo que
as forças atuantes durante o transporte não
consigam mover a carga.

A força de pré-tensionamento aplicada deverá ser mensurada através de um


dispositivo medidor de tensão, uma vez que a norma EN 12.195-2
recomenda um máximo de 50% da força de tração admissível (LC) na forma
de força de pré-tensionamento.

(Por exemplo, para um conjunto de capacidade 2.500 daN, a força máxima


de pré-tensionamento não poderá exceder 1.250 daN).

Outro ponto importante é que a norma EN 12.195-2 especifica que os


conjuntos de amarração utilizados neste tipo de amarração sejam
identificados em suas etiquetas com seu STF (Força de Tensão Padrão), que
é o valor do pré-tensionamento atingido na cinta de amarração com uma
força manual na alavanca da catraca SHF (Força de Tensão manual) de 50
daN = 50 kgf.

Detalhe de etiqueta de identificação do conjunto de amarração

O cálculo da força de tensionamento Fv se realiza por meio da fórmula simplificada, quando o ângulo de inclinação α varia
de 90º à 83º:
Onde,
Fv = Força de Pré-Tensão
c = Coeficiente de aceleração: para frente 0,8, para os lados 0,5 e para trás 0,5
μ = coeficiente de atrito cinético
P = Peso da carga
K = coeficiente:
- 1.5 sem deslizadores de canto
- 2.0 com deslizadores de canto.

O ângulo de inclinação α

Uma eficiente força de pré-tensão na amarração por atrito depende, dentre outros fatores, do ângulo α da cinta de
amarração.

Faixas de atuação – Ângulo


Ilustração do ângulo α
α
Com um ângulo de amarração α variando entre 90º à 83º, uma ótima força de pré-tensão nas cintas
é obtida.

Um ângulo de amarração α inferior à 83º deve ser considerado para cálculo das tensões;

Um ângulo de amarração α inferior à 30º não deve ser utilizado em amarração por atrito.
Obs.: Para um ângulo de amarração de 90º, a força de pré-tensionamento possui 100% de eficiência. Para um ângulo de
amarração de 30º, a força de pré-tensionamento possui somente 50% de eficiência.

Caso tenhamos deslizadores de cantos, podemos assumir que a tensão aplicada no lado da catraca também será conseguida
do outro lado e, desta forma conseguiremos duas vezes o valor da pré-tensão da catraca que estamos utilizando. (k=2)

Caso não tenhamos deslizadores de cantos, a tensão aplicada no lado oposto da catraca será de 50% do valor obtido no lado
em que está a catraca. ( k=1,5).

Amarração Direta
A Amarração Direta consiste em fixar a carga diretamente ao veículo de transporte.

Um dos tipos é a Amarração Diagonal:

Conexão direta ao veículo assim como na carga por meio de Amarração Diagonal:
Neste tipo de amarração, podemos reduzir a quantidade de
amarrações de 8 para 4, devido à adição do ângulo
longitudinal β e do ângulo transversal α, ao ângulo vertical.

Com a ajuda da Amarração Diagonal, é possível fixar a


maioria das cargas pesadas. Com este método, os pontos de
amarração são posicionados na superfície do assoalho do
caminhão e na própria carga. Os conjuntos de amarração
(cintas, cabos de aço ou correntes) ficam conectados entre
esses pontos de amarração e, em contraste com a
Amarração por Atrito, são levemente tensionados e
esticados por meio do aperto manual.

Neste caso, o fato de uma carga ficar fixada de forma


suficiente dependerá, em sua maioria, da capacidade de
carga (LC) dos conjuntos de amarração utilizados.

As forças de fixação exigidas resultam do escorregamento


da carga durante a viagem. Uma vez que a amarração
absorve diretamente as forças produzidas pelos movimentos
do veículo (acelerações, desacelerações e forças
centrífugas), usa-se como base de cálculo a tensão permitida
dos equipamentos utilizados (cintas, cabos de aço ou
correntes).

O cálculo da capacidade de carga LC de cada um dos quatro equipamentos à serem utilizados, se realiza por meio da
fórmula simplificada (retirada da EN 12.195-2):

Podemos verificar que, na Amarração


Diagonal, teremos dois ângulos, α e β.

O ângulo α é medido entre o equipamento de


amarração e a superfície de carregamento.

O ângulo β é medido entre o equipamento de


amarração e o eixo longitudinal da superfície
de carregamento.

Uma vez conhecendo-se estes ângulos, temos


que retirar das tabelas as relações
trigonométricas dos mesmos, que no caso do
ângulo α será o seno e o cosseno e no caso do
ângulo β apenas o cosseno.

Para obtermos os maiores níveis de segurança e as menores capacidades de carga


dos conjuntos de amarração, o ângulo α deverá permanecer no intervalo de 20º a 65º
e o ângulo β deverá permanecer no intervalo de 6º a 55º.

Outro tipo é a Amarração Inclinada:


Conexão direta ao veículo assim como na carga por meio de Amarração Inclinada (longitudinal e/ou transversal):

Neste tipo de amarração, como podemos ver na ilustração acima, a possibilidade de deslocamento da carga é bloqueada no sentido
longitudinal ou transversal.

Analisando o bloqueio no sentido longitudinal, existe a possibilidade da carga mover-se em curvas no sentido transversal e vice-
versa.

Desta forma, a Amarração Inclinada é totalmente eficaz quando utilizamos 8 conjuntos de amarração, sendo 4 no longitudinal e 4 no
transversal, o que em muitas situações é considerado trabalhoso e de alto custo.

A estabilidade da carga
De acordo com a norma EN 12.195-1 e a norma alemã VDI 2700, a carga
deve ser amarrada contra a possibilidade de tombamento lateral.

Sabemos que no transporte rodoviário a força de massa Fg lateral é de 0,5,


ou seja, 50% do peso da carga tende à se deslocar nas curvas e
movimentos do caminhão.

Ao calcular a estabilidade lateral, uma fator de perda de 0,2 deve ser


adicionado.

Isto significa que a carga que não é estável para os lados deverá ser segura
por 0,7 Fg (0,5 + 0,2), o que equivale a 70% do seu peso contra
tombamento.

Uma carga é estável se a distância do centro de gravidade até a


extremidade de tombamento (Bs) dividida pela altura do centro de
gravidade (Hs) é maior que o coeficiente de aceleração (c) ao qual a carga
deve ser amarrada em sentido contrário.

A carga é estável se:

Para frente: Bs dividido por Hs = maior que 0,8

Para os lados: Bs dividido por Hs = maior que 0,7

Para trás: Bs dividido por Hs = maior que 0,5

A amarração de cargas instáveis deve ser feita levando em consideração:

Amarração contra deslizamento;

Amarração contra tombamento;

Se a carga é segura através da amarração por atrito, as cintas utilizadas deverão ao mesmo tempo cumprir os dois passos
acima.

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