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Propedêutica Abdominal

Marcello Scattolini

Médico Assistente
Disciplina de Clínica Médica - UNIFESP

marcello.scattolini@gmail.com
Introdução

 70% dos diagnósticos gastrenterológicos


são feitos com a história clínica

 90% associando-se ao exame físico

 Exames subsidiários podem se tornar


desnecessários ou confundidores
Exame físico abdominal
Sequência do exame:

1) Inspeção
2) Ausculta
3) Percussão
4) Palpação
Inspeção
 Estática
– Paciente posições ortostática e decúbito dorsal.
– Tipos de abdome
– Abaulamentos, retrações, cicatrizes
– Pele e anexos
– Turgência venosa
 Dinâmica
– Hérnias (importância da expiração e expiração forçada)
– Respiração
– Movimentos peristálticos
– Pulsações (aortismo x dilatação aneurismática)
Inspeção
A presença de peristaltismos visíveis em região
mesogástrica no indivíduo magro com abdome
flácido pode ser normal.

Abdome rígido + peristaltismo visível (ondas de Kussmaul) =


OBSTRUÇÃO !

Síndrome de Koenig ou tumor fantasma


Inspeção
Existe possibilidade de apenas com inspeção aliada à
percussão, determinar se um tumor é intra-abdominal e
ainda se é ou não retro-peritonial.
Inspeção

Para diferenciar aumento do volume abdominal


como sendo primariamente intra-abdominal ou
apenas parietal, observa-se a posição da cicatriz
umbilical.
Circulação Colateral
“tipo cava” x “tipo porta”
Ausculta

• Ambiente tranquilo
• Permanência por 2 minutos

Recomenda-se executar a
ausculta antes da palpação para
evitar aumento involuntário do
peristaltismo.
Percussão

 Técnica

 Sequência

 O que é esperado
Percussão

• Objetividade
• Ouvido do examinador < 1m
• Até 3 repetições
• Sequenciais
Percussão
Sinal de Jobert
A presença de timpanismo na região da linha hemiclavicular
direita onde normalmente se encontra macicez hepática,
caracteriza pneumoperitônio.

T6-T12
Traube
Espaço de Traube
Espaço semilunar do sexto ao décimo primeiro espaços intercostais, tendo
como limites: gradeado costal, baço, pâncreas, cólon, rim e estômago.
Normalmente quando percutido apresenta timpanismo.

T6-T12
Palpação
Palpação
 Superficial

 Profunda (técnica deslizante de Hausman)

 Específicas ( estômago, íleo terminal, ceco, cólon, rim, psoas)

 Manobras especiais

 Órgãos que só são palpados em condições patológicas:


– Bexiga (desde que vazia)
– Apêndice cecal
– Vesícula biliar
– Flexuras do cólon
– Delgado
– Baço
Descompressão brusca x Sinal de Blumberg

Presença de peritonite provoca dor tanto à compressão


quanto à descompressão podendo ser, por vezes, mais
desconfortável à descompressão.
Palpação
Abaulamentos localizados exigem exame em posição
ortostática a fim de avaliar mobilidade e em ambas
fases da respiração.
Psoas
12a vértebra torácica até trocanter menor do fêmur
Flexão da coxa sobre quadril
Psoas

Sinal de Lapinsky*
Fígado

- Percussão (hepatimetria)
- Palpação
- Técnicas (11 descritas)
- Posições
Percussão dígito-digital
intensamente dolorosa,
localizada e circunscrita
consiste o Sinal de
Torres-Homem,
característico de abscesso
hepático.
Técnica de Lemos-Torres
Técnica de Mathieu
Baço
 Percussão

 Espaço de Traube

 Palpação
– Posições especiais ( Shuster)
Baço
Baço
Baço
Baço
Importância
Para diferenciar à palpação a
esplenomegalia de um tumor
renal devemos atentar para:
1) Presença de chanfraduras
2) Aumento em aspecto de “vírgula”
3) Cólon (flexura) permanece
profundamente ao baço.
Importância
Baço infeccioso agudo (malária, endocardite)
Volume aumentado (até 3-4 cm), mole, borda cortante e
extremamente doloroso
Baço “crônico” (esquistossomose, linfomas, malária)
Volume aumentado, duro, borda romba e indolor
Baço “crônico” (LMC, mielofibrose, leishmaniose)
Volume muito aumentado (até FID), borda romba, duro, indolor

Superfície: lisa hipertensivo, inflamatorio


irregular linfomas
Rim

• Limitação propedêutica devido a


posição retroperitonial (pólo
inferior)
• Palpação pelo método de Israel
Rim
Giordano x Punho percussão de Murphy

Aumento unilateral: tumor ou hidronefrose


Aumento bilateral: hidronefrose, rins policísticos
Pâncreas
 Propedêutica limitadíssima;
 Sinal de Grey-Turner e Sinal de Cullen
Pâncreas
Vesícula Biliar
 Palpável quando há
grande aumento de
volume
 Sinal de Murphy
Ascite
 Inspeção

 Percussão
– Toque retal (abaulamento fundo de saco de Douglas) (<300mL)

È o método mais precoce para diagnóstico de ascite !!!


– Teste da macicez móvel (0,3 a 1L)
– Semicírculo de Skoda) (1-3L)
– Teste da onda líquida ( Piparote – Peteleco) (>3L)

 Palpação pelo rechaço


Ascite
Aorta abdominal

Na presença de sopro, obrigatória ausculta de


ilíacas e femorais.
Aorta abdominal
Sinais Propedêuticos
 Sinal de Murphy
 Sinal de Giordano
 Sinal de Torres-Homem
 Sinal de Blumberg
 Sinal de Jobert
 Sinal Grey-Turner
 Sinal de Cullen
 Descompressão Brusca
Abdome Agudo

Dor localizada na região abdominal que seja


suficiente para fazer com que o paciente
procure auxílio médico e que não tenha
diagnóstico prévio, com duração inferior a 6-
24h.
Abdome Agudo
Abdome Agudo
Causas clínicas que levam a quadro semelhante de
abdome agudo:
 Uremia

 Cetoacidose diabética

 Insuficiência adrenal

 Crise falcêmica

 Porfiria Aguda Intermitente


Caso Clínico
Paciente M.S. , 30 a, médico, chega ao PS com
queixa de nó nas tripas há 15 minutos.
Na anamnese foi verificado que o paciente não
apresentava doenças prévias e que a dor abdominal
teve início súbito, de fortíssima intensidade, sem
fatores de melhora ou piora, acompanhado de dor
torácica tipo pleurítica.
Caso Clínico
Nos antecedentes foi encontrado apenas uso
de AINH para lombalgia.

Ao exame: regular estado geral, FC=110,


f=24, PA=160x90, SaO2=99%, MV+ bilat.
sem RA, abdome com defesa importante, DB +,
sem visceromegalias e RHA -
Abdome Agudo

A radiografia de
abdome em posição
ortostática revelou...
Caso Clínico

Para aqueles que não


viram a alteração na
radiografia anterior...
Hipótese Diagnóstica
Propedêutica sem fronteiras...

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