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FACULDADE DE DIREITO
NOVEMBRO/ 2010
UNIVERSIDADE CATÓLICA DO SALVADOR – UCSal
FACULDADE DE DIREITO
NOVEMBRO/ 2010
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
1. Conceito de Orçamento Público
2. Natureza Jurídica do Orçamento Público
3. Orçamento Público - Instrumento de Ação do Estado
4. Ciclo Orçamentário
a) Elaboração da proposta orçamentária
b) Discussão e Aprovação da Lei do Orçamento
c) Execução Orçamentária e Financeira
d) Controle
PRINCÍPIOS ORÇAMENTÁRIOS
1. Princípio da Unidade
2. Princípio da Universalidade
3. Princípio da Anualidade
4. Princípio da Exclusividade
5. Princípio da Não-Afetação da Receita
6. Princípio do Equilíbrio Orçamentário
7. Princípio do Equilíbrio Regional
8. Princípio da Especificação
RECEITAS PÚBLICAS
1. Conceito Legal e Doutrinário
2. Classificações
DESPESAS PÚBLICAS
1. Conceito Legal e Doutrinário
2. Classificações
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
INTRODUÇÃO
a) autorizar as despesas
b) prever a arrecadação
1ª Etapa:
Entre os meses de janeiro e maio, na Secretaria de Orçamento Federal - SOF, é
desenvolvida a análise da série histórica da execução dos últimos exercícios, para
definição dos limites de gastos por unidade orçamentária da União.
2ª Etapa:
No mês de junho, os órgãos setoriais apresentam uma proposição detalhada
relativa às suas programações em:
Atividades - envolvendo o montante de recursos necessários para assegurar a
manutenção da execução das ações atualmente desenvolvidas para a prestação de
serviços à comunidade;
Despesas Obrigatórias - relativas a despesas com pessoal, serviço da dívida,
benefícios previdenciários.
3ª Etapa:
Com a estimativa da Receita a ser arrecadada e o montante de gastos projetados
para o exercício na 2ª Etapa, define um limite adicional e o remete aos órgãos para
complementar a sua programação orçamentária, compreendendo:
Expansão de atividades - os valores necessários para expansão dos serviços;
Projetos - gastos requeridos para aumento da capacidade física de atendimento ou
inserção de uma ação nova nas atribuições dos órgãos.
4ª Etapa:
Formaliza o documento final elaborando todos os demonstrativos exigidos pela
Lei Federal no 4.320/64 e pela Lei de Diretrizes Orçamentárias.
No Congresso, deputados e senadores discutem a proposta que o Executivo
preparou, fazem as mudanças que consideram necessárias e votam o projeto. Até à
Constituição de 1988, o Congresso apenas homologava o orçamento tal qual ele vinha
do Executivo. A partir de 1988, deputados e senadores adquiriram o direito de emendar
o orçamento, o que significa que os parlamentares podem propor alterações em
programas e projetos apresentados pelo Poder Executivo, desde que sejam compatíveis
com o Plano Plurianual e a Lei de Diretrizes Orçamentárias. A Constituição determina
que o Congresso deve votar o Orçamento até o encerramento da sessão legislativa de
cada ano.
Depois da aprovação pelo Legislativo, o projeto é enviado ao Presidente da
República para ser sancionado. Após a sanção, transforma-se em lei.
Utilizando o Sistema Integrado de Dados Orçamentários (SIDOR), a Secretaria de
Orçamento Federal acompanha e avalia a execução orçamentária, procedendo a
alterações, através de créditos adicionais, quando necessário. A Secretaria do Tesouro
Nacional registra no Sistema Integrado de Administração Financeira (SIAFI) a
execução orçamentária realizada pelos órgãos da administração pública.
4. Ciclo Orçamentário
d) Controle
PRINCÍPIOS ORÇAMENTÁRIOS
Existem princípios básicos que devem ser seguidos para elaboração e controle do
orçamento, que estão definidas na Constituição, na Lei nº 4.320, de 17 de março de
1964, no Plano Plurianual e na Lei de Diretrizes Orçamentárias.
A Lei nº 4.320/64 estabelece os fundamentos da transparência orçamentária no
seu artigo 2º:
Clássicos Unidade
Universalidade
Anualidade
“Modernos”
Exclusividade
Não-afetação da receita
Equilíbrio Orçamentário
Equilíbrio Regional
Especificação
1. Princípio da Unidade
a) Orçamento Fiscal
b) Orçamento de Investimento das Estatais
c) Orçamento da Seguridade Social
2. Princípio da Universalidade
Está previsto também no art. 165, §5o da CF/88. Significa a inclusão de todas as
rendas e despesas dos Poderes, fundos, órgãos e entidades da administração direta e
indireta.
Um exemplo. O art. 158, IV da CF/88 estabelece que 25% da arrecadação do
ICMS pertence aos municípios. No quadro das receitas o Estado deverá escriturar até a
parte da arrecadação que será transferida aos municípios.
3. Princípio da Anualidade
4. Princípio da Exclusividade
8. Princípio da Especificação
RECEITAS PÚBLICAS
3
Ver redação do art. 167, II da CF/88.
4
Lei 4320/64
1. Conceito Legal e Doutrinário
Receita X Ingresso
Receita X Patrimônio
6
Apesar do conceito doutrinário de receita pública, a lei 4320/64 inclui os empréstimos públicos (compulsórios ou voluntários), na
categoria de receitas de capital. A advertência é feita pelo prof. Kiyoshi Harada (Ob. cit., p. 20).
eminência. Há também o imposto extraordinário de guerra previsto no art. 154, II da
CF/88.
Receitas Originárias são aquelas que resultam da atuação do Estado, sob regime
de direito privado, na exploração da atividade econômica.
O que caracteriza a receita originária é a sua percepção pelo Estado,
absolutamente despido de poder coercitivo próprio, porque atua sob regime de direito
privado, como uma empresa privada na busca do lucro.
É claro que a submissão ao regime de direito privado não significa o total
afastamento das normas de direito público, pois o Estado jamais poderia se afastar de
uma normatividade específica, destinada à preservação do interesse público.
Patrimoniais:
Imóveis/Móveis: exploração de bens dominiais, foros,
Receitas Originárias
laudêmios, etc.
Preço Público: é uma obrigação ex voluntae. Seu regime
jurídico é de direito privado, informado pelo princípio da
autonomia da vontade. É a prestação pecuniária que é
exigida como remuneração de serviços públicos
inessenciais.
Compensações Financeiras: estão previstas no art. 20, § 1º da
CF/88. Possuem a natureza de indenização pela perda de
recursos naturais.
Tarifas
Não é tributo;
Regime de direito privado;
Remunera serviço inessencial;
Não é compulsória.
Nas Receitas Derivadas o Estado se utiliza de seu jus imperii para retirar de seus
súditos parcelas de suas riquezas para a consecução de seus fins, visando .o bem estar
geral. Derivadas são as receitas provenientes da economia privada, representadas pelo
tributo, pelos ingressos parafiscais e pelas multas.
7
Kiyoshi Harada. Ob. cit., p. 29.
Tributos:
Receitas Derivadas Impostos;
Taxas;
Contribuições de melhoria.
Ingressos Parafiscais
Multas e Penalidades
Ingressos Tributários
8
Art. 3º CTN.
Em razão da taxa ser um tributo vinculado, a competência para institui-las se
relaciona com a competência político administrativa da entidade, pois só será legítima a
cobrança dessa espécie tributária se houver serviço ou exercício do poder de polícia.
União: art. 21 e 22 da CF/88;
Estados e DF: art. 25, § 1o da CF/88 (competência residual);
Municípios: art. 30 CF/88.
Empréstimos compulsórios são tributos decretados exclusivamente pela União,
por lei complementar, para atender despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade
pública, guerra externa ou sua eminência, ou, no caso de investimento público de caráter
urgente e de relevante interesse nacional, hipótese em que deverá ser obedecido o
princípio da anterioridade. O produto de sua arrecadação fica vinculado à despesa que
fundamentou a sua instituição.
Contribuição de melhoria é espécie tributária que tem por fato gerador atuação
estatal apenas mediatamente referida ao contribuinte. É devida em decorrência da
realização de obra pública da qual decorre valorização para o proprietário. A
contribuição de melhoria é de competência comum. Pode ser instituída pela pessoa
jurídica que realizar a obra de que decorra a valorização imobiliária.
As contribuições especiais são tributos afetados a finalidades específicas e se
dividem em:
Contribuições Sociais: destinam-se a acudir as necessidades financeiras dos
sistemas oficiais de previdência e assistência social;
Contribuições Interventivas: destinam-se a fornecer recursos às políticas de
intervenção do Estado no campo econômico e social;
Contribuições Corporativas: destinam-se a garantir o financiamento dos órgãos
corporativos, tais como os sindicatos e órgãos de representação classista.
Trabalhadores
Receita de jogos
Multas e Penalidades
A lei 4320/64 não adotou a distinção doutrinária entre receita e ingresso. O art. 11
da lei classifica como receita ingressos que pela doutrina são considerados meros
ingressos. É o que ocorre com os empréstimos compulsórios.
Ademais, o art. 56 da lei consagra o princípio da unidade de tesouraria, pelo
qual todo ingresso de dinheiro deve ser centralizado no tesouro público e classificado
como receita.
Assim sendo, todo recurso que ingressa nos cofres públicos será considerado
receita, e será classificado como receitas de capital ou receitas correntes, conforme o
artigo11.
DESPESAS PÚBLICAS
9
Ricardo Lobo Torres. Ob. cit., p. 148.
10
Hugo de Brito Machado. Curso de Direito Tributário. Malheiros. p. 45.
O Estado tem por fim último a satisfação das necessidades públicas.11 Como no
Estado moderno não mais existe a requisição de bens e serviços dos súditos, e, nem a
colaboração gratuita destes no desempenho de funções públicas – salvo em algumas
hipóteses excepcionais em serviços temporários12 - surge a necessidade do Estado
arrecadar recursos e promover despesas públicas para o regular funcionamento dos
serviços públicos.
Com o surgimento do liberalismo e das conquistas democráticas, os indivíduos e
seus bens tornaram-se intocáveis pelo Estado a não ser nos limites balizados pela lei.
Aparece, então, a despesa pública como forma de controle do legislativo sobre os gastos
da Administração. Não há, portanto, realização de despesa sem prévia autorização
legislativa através da previsão orçamentária.
A maior parte dos doutrinadores acolhem o conceito de despesa pública
formulado por Aliomar Baleeiro. Segundo este autor a despesa pública pode significar
duas coisas: “Em primeiro lugar, designa o conjunto dos dispêndios do Estado, ou de
outra pessoa de direito público, para o funcionamento dos serviços públicos”. Pode,
também, significar “a aplicação de certa quantia, em dinheiro, por parte da autoridade
ou agente público competente, dentro de uma autorização legislativa, para a execução
de fim a cargo do governo”13.
2. Classificações
A Lei 4320/64 classifica as despesas por um critério preponderantemente
econômico, pois as divide em despesas correntes e despesas de capital. É uma
classificação que leva em conta o impacto da despesa na economia.
11
São as necessidades coletivas encampadas pela lei.
12
V.g. membros de mesas receptoras e apuradoras de eleições e jurados.
13
Aliomar Baleeiro. Uma introdução à Ciência das Finanças. Rio de Janeiro. Forense. 1994. p. 65.
Despesas Correntes (manutenção/operação dos serviços):
- subvenções sociais;
- subvenções econômicas.
Despesa Pública14 Despesas sem contraprestação (distribuição feita sem critério pela lei): v. g.
pensionistas e juros.
Auxílios;
Contribuições;
Amortização da divida pública (principal).
OBS:
14
Ver art. 12 e ss. da lei 4320/64.
1) Transferências: a Administração retira recursos de um setor e aplica em outro.
2) Em relação aos programas especiais de trabalho a lei 4320/64, em seu art. 20,
excepciona o princípio especificidade ao permitir dotações globais.
Unidade Orçamentária
Elementos
15
Lei 4320/64.
Procedimento da Despesa
O empenho é o ato que reserva recursos de uma dotação orçamentária para uma
dada despesa. A soma dos empenhos deve ser igual à dotação, salvo nas hipóteses de
16
Ver art. 58 e ss. da Lei 4320/64.
17
Ver art. 47 da Lei 4320/64.
18
Ver art. 58 e ss da Lei 4320/64.
19
Kiyoshi Harada Compêndido financeiro. São Paulo. Resenha Tributária.1994.p.17.
empenho global18 e por estimativas19, que constituem exceções ao princípio pelo qual o
empenho deve expressar o valor exato da despesa.
A lei diz que o empenho “é o ato emanado de autoridade competente que cria
para o Estado obrigação de pagamento pendente de implemento de condição”. Mas na
verdade o empenho não cria a obrigação de pagamento pois não é fonte de obrigação. O
empenho, na realidade, apenas reserva recursos para determinada despesa.
A liquidação é o segundo momento legal da despesa pública. Consiste na
verificação do direito adquirido pelo credor, na verificação do implemento de condição.
É a fase pela qual a Administração verifica o cumprimento da obrigação por parte
do contratante.
Por fim, há o pagamento pelo qual o credor recebe o seu crédito e dá a respectiva
quitação.
Na prática, porém, a despesa pública percorre caminho um pouco mais longo e
com algumas outras fases.
Dispositivos Constitucionais
Precatórios
19
20
Ver art. 47 da Lei 4320/64.
21
Art. 37, XXI da CF/88.
O nosso sistema jurídico adota um regime especial para a execução por quantia
certa contra a Fazenda Pública. Tal regime é todo construído a partir da premissa de que
os bens públicos são inalienáveis e, por conseguinte, impenhoráveis.
A execução por quantia certa contra a Fazenda Pública terá no polo passivo
apenas pessoas jurídicas de direito público (administração direta, autarquias e fundações
públicas). O regime especial não se aplica quando o executado for uma empresa pública
ou sociedade de economia mista.
Tal regime se refere apenas às execuções por quantia certa. As execuções para
entrega de coisa e de obrigação de fazer e não fazer seguem o regime comum, ainda que
executada seja a Fazenda Pública22.
23
Alexandre Freitas Câmara. Lições Preliminares de Direito, p. 297
A ordem cronológica é aferida a partir do momento em que o precatório é
recebido, autuado e registrado no Tribunal.
No orçamento deverão constar as dotações referentes ao pagamento dos
precatórios. A dotação é global, sendo certo que não deverão constar os números de
registro e os nomes dos beneficiários. A despesa referente a precatórios é classificada
como corrente, nos termos da Lei 4320/64.
Os valores constantes no precatório deverão ser atualizados pelo Tribunal até a
data da ordem de pagamento. A Administração, ao liberar a verba no exercício seguinte,
poderá atualizar os valores. Mas se não o fizer, o credor deverá requerer a expedição de
precatório suplementar
Caso não seja observada a ordem cronológica o credor preterido poderá pedir o
seqüestro da quantia depositada em favor daquele que recebeu em desconformidade
com a ordem estabelecida. Isto não ocorrerá, no entanto, se a quantia já tiver sido
levantada. Uma parte minoritária da doutrina entende que o sujeito passivo do seqüestro
poderá ser a Fazenda Pública ou o servidor faltoso.
OBS:
a) Quando uma Fazenda Pública executa outra, utilizar-se-á a execução do art. 730 do
CPC e não a da lei 6830/80.
b) O STJ entende que o art. 730 do CPC não impede a execução provisória contra a
Fazenda Pública.
c) Os bens das empresas públicas e das sociedades de economia mista não serão
penhoráveis quando a lei assim determinar ou estiverem afetados à execução do
serviço.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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vigor, Vade Mecum. 7ª ed. São Paulo: Saraiva, 2009.
__________. Constituição da República Federativa do Brasil:1988. 32ª ed.
Brasília: Edições Câmara, 2010.
BALEEIRO, Aliomar. Uma introdução à Ciência das Finanças. Rio de Janeiro:
Forense, 1994
CÂMARA, Alexandre Freitas. Lições de Direito Processual Civil. 20ª ed. Rio
de Janeiro: Lumen Juris, 2010
CASTRO, Róbison Gonçalves de. Apostila de Processo Orçamentário
Brasileiro. Brasília, 2001.
GORDILHO, Flávia Falcão. Apostila Resumo Gastos Públicos. Itabuna-Ba,
2010.
HARADA, Kiyoshi. Compêndido Financeiro: Resenha Tributária. São Paulo,
1994.
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2010.
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Malheiros, 2010.
SIMPROFAZ. Apostilas do Curso de Direito Financeiro. Salvador-Ba, 1999.
TORRES, Ricardo Lobo. Curso de Direito Financeiro e Tributário. 13ª ed.
revisada e atualizada Rio de Janeiro: Malheiros, 2006.