Você está na página 1de 20

CURSOS ON-LINE – DIREITO CIVIL – CURSO BÁSICO

PROFESSOR LAURO ESCOBAR

APRESENTAÇÃO

Caros Alunos
Sou graduado e pós-graduado pela Pontifícia Universidade Católica de São
Paulo (PUC/SP). Fui Procurador do Estado de São Paulo (de 1.984 a 1.992) e
atualmente sou Juiz de Direito (desde 1.993). Há mais de vinte anos venho
acompanhando os concursos públicos, nas mais diferentes áreas. Também
desde 1.983 dou aulas. Acabei me especializando em Direito Civil, matéria em
que possuo algumas obras publicadas.
Minha intenção é ministrar um curso totalmente direcionado para
concursos, de forma clara e objetiva, fornecendo o máximo de informação
possível ao aluno. Cada aula conterá a matéria referente ao ponto do edital,
explicando de forma simples o conteúdo programático. Assim, mesmo uma
pessoa que não seja formada em Direito terá plena condição de acompanhar a
aula e entender tudo o que foi ministrado. No entanto não podemos fugir de
algumas complexidades, pois estas costumam cair nos exames. Costumamos
dizer que os examinadores gostam de pedir nas provas “as exceções de uma
regra”. E darei uma atenção especial a elas, chamando a atenção do aluno
quando um ponto do edital é mais exigido no concurso e onde pode ocorrer a
famosa “pegadinha”. Após apresentar a matéria da aula, faço um quadro
sinótico que é o resumo da matéria, dada em aula. Este é um “esqueleto da
matéria”. A experiência nos mostra que este quadro é suma importância, pois se
aluno conseguir guardar este quadro, saberá situar a matéria e completá-la de
uma forma lógica e seqüencial. Portanto o mesmo deve ser lido, mesmo que o
aluno tenha entendido a matéria dada. É uma forma de fixação da aula.
Finalmente, no final de cada aula fornecerei alguns testes, que já caíram em
concursos anteriores, com a finalidade de revisar o que foi ministrado, fixar
ainda mais a matéria.
Qualquer dúvida que o aluno tenha referente à matéria será encaminhada
ao fórum deste site, para que seja sanada. Assim, as perguntas dos alunos e as
minhas respostas ficarão permanentemente abertas para todos os matriculados
do curso, enriquecendo, ainda mais, o nosso projeto.
Acreditando ser este trabalho uma importante ferramenta para o
conhecimento e aprimoramento nos estudos, desejo a todos votos de pleno
êxito em seus objetivos.
Lauro Ribeiro Escobar Jr.

1
www.pontodosconcursos.com.br
CURSOS ON-LINE – DIREITO CIVIL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR LAURO ESCOBAR
AULA 0: DAS PESSOAS NATURAIS

O primeiro capítulo do Código Civil se refere às Pessoas. Todo concurso


que exige Direito Civil coloca este ponto no Edital. É fundamental saber bem
esta matéria. Portanto aconselhamos o aluno a acompanhar esta aula com o
Código Civil na mão. Especialmente dos artigos 1o ao 78.
Vamos então iniciar. Podemos conceituar pessoa como sendo todo ente
físico ou jurídico, suscetível de direitos e obrigações. É sinônimo de sujeito
de direito. Nesta aula vamos nos ater à Pessoa Natural, deixando a Pessoa
Jurídica para a próxima. Nesta aula vamos falar sobre a personalidade (início,
individualização e fim) capacidade e emancipação.

Comecemos pela Personalidade. O artigo 1º do Código Civil prevê: “Toda


pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil”. Assim, o conceito de
Pessoa inclui homens, mulheres e crianças; qualquer ser humano sem
distinção de idade, saúde mental, sexo, cor, raça, credo, nacionalidade, etc. Por
outro lado o conceito exclui os animais, que gozam de proteção legal, mas não
são sujeitos de direito, os seres inanimados, etc.

Os examinadores de concursos públicos gostam muito de pedir sinônimos


nas provas. Portanto, sempre que possível irei mencionar sinônimos de uma
palavra. Mesmo correndo o risco de ser repetitivo. Mas é melhor ser repetitivo e
fazer com que o aluno grave a matéria e fornecer o máximo de conceitos
possível, do que omitir determinado ponto. Falo isso porque há pouco tempo vi
uma questão cair em uma prova indagando “qual a diferença, para os efeitos de
gozo de direitos na ordem civil, entre o autóctone e o ádvena”. A questão era
simples, mas se o aluno não soubesse o significado de tais palavras, não
acertaria a questão. Autóctone (ou aborígine) é o que nasceu no País. E ádvena
é o estrangeiro. Assim a questão queria saber qual a diferença entre o brasileiro
e o estrangeiro quanto ao gozo de direitos. Resposta: no Direito Civil nenhuma,
pois ambos são considerados sujeitos de direitos e obrigações. Além disso, o
Direito (especialmente o Civil) usa muitas expressões em latim. Estas
expressões não estão nas leis. É doutrina. Mas costuma cair. Por isso irei
fornecendo as expressões em latim, com sua tradução e real significado. Da
mesma forma explicarei as posições doutrinárias que são adotadas pelos
examinadores, orientações jurisprudenciais, súmulas, etc.

Voltemos... No Brasil, a personalidade jurídica inicia-se com o


nascimento com vida, ainda que por poucos momentos (Teoria da
Natalidade). Preste atenção nisto: se a criança nascer com vida, ainda que
por um instante, adquire a personalidade. Para se saber se nasceu viva e em
seguida morreu, ou se nasceu morta, é realizado um exame chamado de
docimasia hidrostática de Galeno, que consiste em colocar o pulmão da criança
morta em uma solução líquida; se boiar é sinal de que a criança chegou a dar
pelo menos uma inspirada e, portanto, nasceu com vida; se afundar, é sinal de

2
www.pontodosconcursos.com.br
CURSOS ON-LINE – DIREITO CIVIL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR LAURO ESCOBAR
que não chegou a respirar e, portanto, nasceu morta. Atualmente a medicina
dispõe de técnicas mais modernas e eficazes para tal constatação.
Não caiam em “pegadinhas”. Esta questão, apesar de simples tem caído
muito, inclusive em concursos na área jurídica. Sempre é colocada uma
alternativa dizendo que a personalidade se inicia com a concepção (gravidez) da
mulher, ou que a criança tem de ter viabilidade (possibilidade de vida), ou que
deva ter “forma humana” e até que ela se inicia com o “corte do cordão
umbelical”. Tudo isso é bobagem para nosso Direito. Nascer com vida é ter
respirado. Respirou... então nasceu com vida e a personalidade se iniciou.

Nascituro é o que está por nascer. É o ente que foi gerado ou concebido,
mas ainda não nasceu. Não tem personalidade jurídica, pois ainda não é pessoa
sob o ponto de vista jurídico. Apesar de não ter personalidade jurídica, a lei põe
a salvo os direitos do nascituro desde a concepção. Ele tem expectativa de
direito. Exemplo: pai morre deixando mulher grávida; não se abre inventário até
que nasça a criança ⎯ o nascituro tem direito ao resguardo à herança. Os
direitos assegurados ao nascituro estão em estado potencial, sob condição
suspensiva: só terão eficácia se nascer com vida.

Adquirindo a personalidade (que consiste no conjunto de caracteres


próprios da pessoa, sendo a aptidão para adquirir direitos e contrair
obrigações), o ser humano adquire o direito de defender o que lhe é próprio,
como sua integridade física (vida, alimentos, etc.), intelectual (liberdade de
pensamento, autoria científica, artística e intelectual), moral (honra, segredo
pessoal ou profissional, opção religiosa, sexual, etc.). Lembre-se: a dignidade é
um direito fundamental, previsto em nossa Constituição, que também prevê que
são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas,
assegurando o direito de indenização pelo dano material ou moral decorrente
dessa violação. Os direitos da personalidade (leia o art. 11 do CC) são
absolutos, intransmissíveis, indisponíveis, irrenunciáveis e imprescritíveis.
Acompanhe os próximos artigos:
O artigo 12 prevê a possibilidade de exigir que cesse lesão a direito da
personalidade, por meio de ação própria, sem prejuízo da reparação de
eventuais danos materiais e morais suportados pela pessoa. A nova lei prevê
também a possibilidade de defesa do direito do morto, por meio de ação
promovida por seus sucessores.
O artigo 13 e seu parágrafo único prevê o direito de disposição de partes,
separadas do próprio corpo em vida para fins de transplante, ao prescrever que,
“salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do próprio corpo,
quando importar diminuição permanente da integridade física, ou contrariar os
bons costumes. O ato previsto neste artigo será admitido para fins de
transplante, na forma estabelecida em lei especial”. É possível, também, com
objetivo científico ou altruístico a disposição gratuita do próprio corpo, no todo
ou em parte, para depois da morte, podendo essa disposição ser revogada a
qualquer momento.

3
www.pontodosconcursos.com.br
CURSOS ON-LINE – DIREITO CIVIL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR LAURO ESCOBAR
Note agora que os artigos 16 a 19 do Código Civil tutelam o direito ao
nome contra atentado de terceiros, expondo-o ao desprezo público, ao ridículo,
acarretando dano moral ou patrimonial.
O artigo 20 tutela o direito à imagem e os direitos a ele conexos
(também artigo 5º, XXVIII, “a” da Constituição Federal), que se refere ao direito
de ninguém ver seu rosto estampado em público ou mercantilizado sem seu
consenso e o de não ter sua personalidade alterada material ou
intelectualmente, causando dano à sua reputação. Há certas limitações do
direito de imagem, com dispensa da anuência para sua divulgação (ex.: pessoa
notória – desde que não haja abusos, pois sua vida íntima deve ser preservada;
exercício de cargo público, etc.).
Tutela, também, o Código Civil em seu artigo 21 o direito à intimidade
prescrevendo que a vida privada da pessoa natural é inviolável (ex.: violação de
domicílio, correspondência, conversas telefônicas, etc.).
É de se esclarecer finalmente, que o Código Civil não exauriu a matéria. A
enumeração exposta é exemplificativa, deixando ao Juiz margem para que
estenda a proteção a situações não previstas expressamente.
Ficou bem claro até aqui que a personalidade tem início com o nascimento
com vida, mas a lei põe a salvo os direitos do nascituro. Falemos agora sobre a
individualização da pessoa natural. Esta se dá pelo: a) nome –
reconhecimento da pessoa na sociedade; b) estado – posição na sociedade
política; c) domicílio – lugar da atividade social. Vamos comentar um a um
desses temas.
A) Nome é o sinal exterior pelo qual se designa e se reconhece a pessoa
na família e na sociedade. Trata-se de direito inalienável e imprescritível,
essencial para o exercício de direitos e cumprimento das obrigações. Também é
conferido às pessoas jurídicas. É protegido pela lei. São elementos constitutivos
do nome:
• Prenome ⎯ próprio da pessoa, pode ser simples (ex.: João, José,
Rodrigo, Laura, Aparecida, etc.) ou composto (ex.: José Carlos, Antônio
Pedro, Ana Maria, etc.).
• Patronímico - ou nome de família, ou apelido de família, ou sobrenome
⎯ identifica a procedência da pessoa, indicando sua filiação ou estirpe,
podendo ser simples (ex.: Silva, Souza, Lobo, etc.) ou composto (ex.:
Alcântara Machado; Lins e Silva, etc.).
• Agnome ⎯ sinal distintivo entre pessoas da mesma família, que se
acrescenta ao nome completo (ex.: Júnior, Filho, Neto, Sobrinho).
Há outros elementos facultativos como o cognome (apelido ou epíteto),
pseudônimo ou codinome (para o exercício de uma atividade específica – cantor,
ator, autor, etc) e axiônimo (que representam os títulos de nobreza,
eclesiástivos ou acadêmicos – Duque, Visconde, Bispo, Mestre, Doutor, etc),
mas não tenho visto estas expressões caírem em concursos.

4
www.pontodosconcursos.com.br
CURSOS ON-LINE – DIREITO CIVIL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR LAURO ESCOBAR
Em princípio o nome é imutável. No entanto o princípio da
inalterabilidade do nome sofre exceções em casos justificados (mais rigorosos
em relação ao prenome e mais elásticos em relação ao sobrenome). A lei e a
jurisprudência admitem a retificação ou alteração de qualquer dos elementos.
Vamos examinar alguns exemplos que vêm caindo em concursos:
⎯ expuser seu portador ao ridículo ou situações vexatórias - artigo 55,
parágrafo único da Lei de Registros Públicos - em princípio os nomes exóticos ou
ridículos não podem ser registrados, o oficial do Registro Público pode se recusar
a registrar; mas se o forem podem ser alterados.
⎯ houver erro gráfico evidente (ex.: Nerson, Osvardo, etc.) - artigo 58,
parágrafo único da Lei de Registros Públicos.
⎯ causar embaraços comerciais ⎯ homônimo - adição de mais um
prenome ou do patronímico materno.
⎯ uso prolongado e constante de um nome diverso do que figura no
registro ⎯ inclusive adicionando apelido ou alcunha (ex.: Luiz Inácio Lula da
Silva, Maria da Graça Xuxa Meneghel, etc.).
⎯ união estável ⎯ a lei permite que a companheira adote o patronímico
do companheiro, se houver concordância deste.
⎯ primeiro ano após a maioridade ⎯ a lei permite a alteração,
independentemente de justificação, desde que não prejudique o patronímico
(art. 56 da L.R.P.).
⎯ casamento – cuidado com esse item. Atualmente o art. 1.565, §1º CC
permite que qualquer dos nubentes acrescente ao seu o sobrenome do outro
Outros exemplos: adoção, reconhecimento de filho, legitimação, divórcio,
separação judicial, serviço de proteção de vítimas, etc.

B) Estado Civil - é definido como sendo o modo particular de existir.


Pode ser encarado sob 3 (três) aspectos:
• Individual ou físico ⎯ idade (maior ou menor), sexo, saúde mental e física,
etc.
• Familiar ⎯ indica a situação na família:
⎯ quanto ao matrimônio: solteiro, casado, viúvo, separado ou divorciado.
⎯ quanto ao parentesco consangüíneo: pai, mãe, filho, avô, irmão, primo,
tio, etc.
⎯ quanto à afinidade: sogro, sogra, genro, nora, cunhado, etc.
• Político ⎯ posição da pessoa dentro de um País: nacional (nato ou
naturalizado), estrangeiro, apátrida. Como disse acima, os examinadores
gostam de sinônimos. Já vi cair em um concurso a palavra heimatlos como
sinômimo de apátrida.
O estado civil é a soma de qualificações da pessoa. É uno e indivisível,
pois ninguém pode ser simultaneamente casado e solteiro; maior e menor, etc.
Regula-se por normas de ordem pública. Por ser um reflexo da personalidade,
não pode ser objeto de comércio; é um direito indisponível, imprescritível e
irrenunciável. As ações tendentes a afirmar, obter ou negar determinado estado

5
www.pontodosconcursos.com.br
CURSOS ON-LINE – DIREITO CIVIL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR LAURO ESCOBAR
são chamadas ações de estado (ex.: investigação de paternidade, divórcio,
etc.), também personalíssimas.
C) Domicílio – Este é o item que requer maior cuidado do aluno. Dos três
elementos da individualização da personalidade, o Domicílio é o mais importante
e que tem maior incidência nas provas. Principalmente em relação ao domicílio
necessário como veremos logo a sergiur.
O conceito de domicílio surge da necessidade legal que se tem de ficar as
pessoas em determinado ponto do território nacional. É, como regra, no foro de
seu domicílio que o réu é procurado para ser citado. Exemplo: se eu ingresso
com uma ação, onde essa ação deve ser proposta?? Resposta – no domicílio do
réu. Se uma pessoa morre, onde deve ser proposta a ação de inventário? No
último domicílio do “de cujos” (falecido). E assim por diante... O conceito de
domicílio está sempre presente em nosso dia-a-dia, mesmo que não
percebamos.
Cumpre, inicialmente, fazer a seguinte distinção:
• residência ⎯ é o lugar em que o indivíduo habita com a intenção de
permanecer, mesmo que dele se ausente temporariamente; é uma
situação de fato.
• domicílio ⎯ é a sede da pessoa, tanto física como jurídica, onde se
presume a presença para efeitos de direito e onde exerce ou pratica,
habitualmente, seus atos e negócios jurídicos. É o lugar onde a pessoa
estabelece sua residência com ânimo definitivo de permanecer; é um
conceito jurídico.

Regra básica - O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece


residência com ânimo definitivo (art. 70 do Código Civil). É também domicílio da
pessoa natural, quanto às relações concernentes à profissão, o lugar onde esta é
exercida (art. 72 do CC).

Outras regras: Pessoa com várias residências, onde alternativamente viva -


domicílio é qualquer delas ⎯ pluralidade domiciliar. Pessoa sem residência
habitual, sem ponto central de negócios (ex.: circenses, ciganos) - domicílio é o
lugar onde for encontrado.

É importante saber as espécies de domicílio. É comum cair algo dessa


classificação em concursos. Para não confundir veja os seguintes conceitos de
domicílio com atenção:
1 - Voluntário ⎯ escolhido livremente pela própria vontade do indivíduo
(geral) ou estabelecido conforme interesses das partes em um contrato
(especial).
2 - Legal ou necessário ⎯ a lei determina o domicílio em razão da condição ou
situação de certas pessoas. Assim:
• incapazes (sobre incapacidade veja mais adiante) ⎯ têm por
domicílio o de seus representantes (pais, tutores ou curadores).

6
www.pontodosconcursos.com.br
CURSOS ON-LINE – DIREITO CIVIL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR LAURO ESCOBAR
• servidor público ⎯ domicílio no lugar onde exerce
permanentemente sua função.
• militar em serviço ativo ⎯ lugar onde servir; apenas o militar da
ativa possui domicílio necessário.
• preso ⎯ lugar onde cumpre a decisão condenatória.
• oficiais e tripulantes da marinha mercante ⎯ marinha mercante
é a que se ocupa do transporte de passageiros e mercadorias. O
domicílio legal é no lugar onde estiver matriculado o navio. Navio
nacional é o registrado na capitania do porto do domicílio de seu
proprietário.
• o agente diplomático do Brasil que, citado no estrangeiro, alegar
extraterritorialidade, sem indicar seu domicílio no país, poderá ser
demandado no Distrito Federal ou no seu último domicílio.
3 - Domicílio contratual, foro de eleição ou cláusula de eleição de foro ⎯ é o
domicílio eleito, escolhido pelas partes contratantes para o exercício e
cumprimento dos direitos e obrigações. Este é o que mais tem caído em
concursos. É o chamado domicílio voluntário especial (art. 78 CC). Não
prevalece o foro de eleição quando se tratar de ação que verse sobre imóveis;
neste caso a competência é o da situação da coisa. Há forte corrente
jurisprudencial que nega o foro de eleição nos contratos de adesão,
entendendo ser cláusula abusiva, pois prejudica o consumidor, uma vez que o
obriga a responder ação judicial em local diverso de seu domicílio (“é nula a
cláusula que não fixar o domicílio do consumidor”).

Uma questão muito comum em concursos é: uma pessoa pode ter mais
de uma residência? E mais de um domicílio? A resposta está no artigo 71: se a
pessoa tiver diversas residências, onde, alternadamente viva, considerar-se-á
domicílio seu qualquer delas. Portanto é possível a pluralidade de residências e
domicílios.

Já falamos sobre o início e individualização da personalidade. Vamos agora


nos ater ao fim da personalidade.
A personalidade da pessoa natural acaba com a morte. Verificada a morte
de uma pessoa, desaparecem, como regra, os direitos e as obrigações de
natureza personalíssima, sejam patrimoniais ou não. Os direitos não
personalíssimos (em especial os de natureza patrimonial) são transmitidos aos
seus sucessores. Vamos falara sobre as “espécies de morte”:
Morte Real - A personalidade termina com a morte física (real), deixando de
ser sujeito de direitos e obrigações (mors onmia solvit – a morte tudo resolve).
A morte real se dá com o óbito comprovado da pessoa natural, com ou sem o
corpo. A prova da morte se faz com o atestado de óbito ou pela justificação em
caso de catástrofe e não encontro do corpo.
Se um avião explode matando todos os passageiros, há o óbito
comprovado de todos; entretanto, provavelmente não teremos os corpos de
todos. Mesmo assim houve a morte real (ex.: Ulisses Guimarães foi declarado

7
www.pontodosconcursos.com.br
CURSOS ON-LINE – DIREITO CIVIL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR LAURO ESCOBAR
morto na Comarca de Ubatuba - Lei de Registros Públicos - 6.015/73 - Art. 88 -
“Poderão os juízes togados admitir justificação para o assento de óbito de
pessoas desaparecidas em naufrágio, inundação, incêndio, terremoto ou
qualquer outra catástrofe, quando estiver provada a sua presença no local do
desastre e não for possível encontrar-se o cadáver para exame”).

Morte Presumida - Além da morte real, existe também em nosso Direito a


morte presumida, que ocorre quando a pessoa for declarada ausente.
Ausência é o desaparecimento de uma pessoa do seu domicílio, que deixa de
dar notícias por longo período de tempo e sem deixar procurador para
administrar seus bens (art. 22 CC). Os efeitos da morte presumida são
patrimoniais e alguns pessoais. A ausência só pode ser reconhecida por meio de
um processo judicial composto de três fases: a) curadoria de ausentes (ou de
administração provisória); b) sucessão provisória; c) sucessão definitiva.
Ausente uma pessoa, qualquer interessado na sua sucessão (e até
mesmo o Ministério Público) poderá requerer ao Juiz a declaração de ausência e
a nomeação de um curador. Durante um ano deve-se expedir editais
convocando o ausente para retomar a posse de seus haveres. Com a sua volta
opera-se a cessação da curatela, o mesmo ocorrendo se houver notícia de seu
óbito comprovado.
Se o ausente não comparecer no prazo, poderá ser requerida e aberta a
sucessão provisória e o início do processo de inventário e partilha dos bens.
Nesta ocasião a ausência passa a ser presumida. Feita a partilha seus
herdeiros (provisórios e condicionais) irão administrar os bens, prestando
caução, (ou seja, dando garantia que os bens serão restituídos no caso do
ausente aparecer). Nesta fase os herdeiros ainda não têm a propriedade;
exercem apenas a posse dos bens do ausente.
Após 10 (dez) anos do trânsito em julgado da sentença de abertura da
sucessão provisória, sem que o ausente apareça (ou cinco anos depois das
últimas notícias do ausente que conta com mais de 80 anos), será declarada a
morte presumida. Nesta ocasião converte-se a sucessão provisória em
definitiva. Os sucessores deixam de ser provisórios, adquirindo o domínio e a
disposição dos bens recebidos, porém a sua propriedade será resolúvel. Se o
ausente retornar em até 10 (dez) anos seguintes à abertura da sucessão
definitiva terá os bens no estado em que se encontrarem e direito ao preço que
os herdeiros houverem recebido com sua venda. Se regressar após esse prazo
(portanto após 21 anos de processo), não terá direito a nada.

O art. 1.571, §1º do CC prevê que a presunção de morte por


ausência pode por fim ao vínculo conjugal, liberando o outro cônjuge
para convolar novas núpcias.

Em casos excepcionais pode haver a morte presumida sem declaração


de ausência (art. 7º do CC):
• extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida.

8
www.pontodosconcursos.com.br
CURSOS ON-LINE – DIREITO CIVIL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR LAURO ESCOBAR
• desaparecido em campanha ou feito prisioneiro e não foi encontrado
até dois anos após a guerra.

Comoriência - esta é uma “palavrinha” que vem caindo muito em concursos,


pois ela não faz parte de nosso dia a dia. É o instituto pelo qual se considera que
duas ou mais pessoas morreram simultaneamente, sempre que não se puder
averiguar qual delas pré-morreu. Leia agora o art. 8º do Código Civil: “Se dois
ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguar se
algum dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamente
mortos”. Resumindo, comoriência é presunção de morte de duas ou mais
pessoas (ex.: avião que cai matando todos os passageiros). Também é chamada
de morte simultânea.
Aplica-se este instituto sempre que entre os mortos houver relação de
sucessão hereditária. Se os comorientes forem herdeiros um dos outros, não
haverá transferência de direitos entre eles; um não sucederá o outro. Suponha-
se o caso de mortes simultâneas de cônjuges, sem descendentes e sem
ascendentes, mas com irmãos. Pelo instituto da comoriência, a herança de
ambos é dividida à razão de 50% para os herdeiros de cada cônjuge, se o
regime de bens do casamento for o da comunhão universal.

São efeitos do fim da personalidade: dissolução do vínculo conjugal e


matrimonial; extinção do poder familiar; extinção da obrigação de alimentos
com o falecimento do credor (no caso de morte do devedor, os herdeiros deste
assumirão a obrigação até as forças da herança); extinção dos contratos
personalíssimos, etc.
Observe que a morte não aniquila com toda a vontade do de cujus
(falecido). Sua vontade pode sobreviver por meio de um testamento. Ao
cadáver, é devido respeito; militares e servidores podem ser promovidos post
mortem; permanece o direito à imagem, à honra, aos direitos autorais, etc.

Quanto ao item Personalidade entendemos que a matéria ficou exaurida.


Passemos agora ao estudo da Capacidade que é aptidão da pessoa para
exercer direitos e assumir obrigações, ou seja, de atuar sozinha perante o
complexo das relações jurídicas.
Embora baste nascer com vida para se adquirir a personalidade, nem
sempre se terá capacidade. A capacidade, que é elemento da personalidade,
pode ser classificada em:
• de direito ou de gozo ⎯ própria de todo ser humano, inerente à
personalidade e que só perde com a morte. É a capacidade para adquirir direitos
e contrair obrigações. "Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem
civil" (artigo 1º do Código Civil).
• de fato ou de exercício da capacidade de direito ⎯ isto é, de
exercitar por si os atos da vida civil.

9
www.pontodosconcursos.com.br
CURSOS ON-LINE – DIREITO CIVIL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR LAURO ESCOBAR
Toda pessoa tem capacidade de direito, mas pode não ter a
capacidade de fato, pois pode lhe faltar a plenitude da consciência e da vontade.
A capacidade de direito não pode ser negada ao indivíduo, mas pode sofrer
restrições quanto ao seu exercício (ex.: o “louco”, por ser pessoa, tem
capacidade de direito, podendo receber uma doação; porém não tem capacidade
de fato, não podendo vender o bem que ganhou).
Quem tem as duas espécies de capacidade tem a capacidade plena.
Quem só tem a de direito tem capacidade limitada. Incapacidade é a restrição
legal ao exercício dos atos da vida civil. Pode ser absoluta ou relativa.
Legitimação consiste em saber se uma pessoa tem (ou não) capacidade
para exercer pessoalmente seus direitos. Cerceiam a legitimação, a saúde
física e mental, a idade e o estado. A falta de legitimação não retira a
capacidade e se supre pelos institutos:
• da representação ⎯ para os absolutamente incapazes.
• da assistência ⎯ para os relativamente incapazes.
Considerada a legitimação, as pessoas podem ser absolutamente
incapazes ou relativamente incapazes conforme veremos a seguir:

1) ABSOLUTAMENTE INCAPAZES
Quando houver proibição total do exercício do direito do incapaz,
acarretando, em caso de violação, a nulidade do ato jurídico (art. 166, I do
CC). Os absolutamente incapazes possuem direitos, porém não podem exercê-
los pessoalmente. Há uma restrição legal ao poder de agir por si. Devem ser
representados. São absolutamente incapazes (leia agora o art. 3º do CC):
a) Os menores de 16 (dezesseis) anos ⎯ critério etário ⎯ devem ser
representados por seus pais ou, na falta deles, por tutores. São chamados
também de menores impúberes. O legislador entende que, devido a essa
idade, a pessoa ainda não atingiu o discernimento para distinguir o que pode ou
não fazer. Dado o seu desenvolvimento intelectual incompleto, pode ser
facilmente influenciável por outrem.

b) Os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o


necessário discernimento para a prática dos atos da vida civil - pessoas
que, por motivo de ordem patológica ou acidental, congênita ou adquirida, não
estão em condições de reger sua pessoa ou administrar seus bens. Abrange
pessoas que têm desequilíbrio mental (ex.: demência, paranóia, psicopatas,
etc.). Para que seja declarada a incapacidade absoluta neste caso, é necessário
um processo de interdição.

A interdição se inicia com requerimento dirigido ao Juiz feito pelos pais,


tutor, cônjuge, qualquer parente ou o Ministério Público. O interditando será
citado e convocado para uma inspeção pessoal pelo Juiz, assistido por
especialistas. O pedido poderá ser impugnado pelo interditando. Será realizada
uma perícia médico-legal e posteriormente o Juiz pronuncia o decreto judicial

10
www.pontodosconcursos.com.br
CURSOS ON-LINE – DIREITO CIVIL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR LAURO ESCOBAR
que poderá interditar a pessoa. O decreto judicial de interdição deve ser inscrito
no Registro de Pessoas Naturais, tendo, a partir daí, efeito erga omnes (ou
seja, relativamente a todos). A senilidade (velhice), por si só, não é causa de
restrição da capacidade de fato. Poderá haver interdição se a velhice originar de
um estado patológico, como a arteriosclerose, hipótese em que a incapacidade
resulta do estado psíquico e não da velhice.

c) Os que, mesmo por causa transitória, não puderam exprimir sua


vontade – é uma expressão abrangente, que alarga as hipóteses de
incapacidade absoluta. Inclui o surdo-mudo que não pode manifestar sua
vontade. Se puder exprimir sua vontade, pode ser considerado relativamente
capaz ou até plenamente capaz, dependendo do grau de sua expressão, embora
impedidos de praticar atos que dependam de audição (ex.: testemunha em
testamento). Inclui, também, pessoas que perderam a memória, embora de
forma transitória, pessoas em estado de coma, etc.

É muito importante notar que o Código Civil não estende a incapacidade:


a) ao cego (que somente terá restrição aos atos que dependem da visão, como
testemunha ocular, testemunha em testamentos, etc.; além disso não poderá
fazer testamento por outra forma que não seja a pública); b) ao analfabeto; e
c) à pessoa com idade avançada.

2) RELATIVAMENTE INCAPAZES
A incapacidade relativa diz respeito àqueles que podem praticar por si os
atos da vida civil, desde que assistidos. O efeito da violação desta norma é
gerar a anulabilidade do ato jurídico, dependendo da iniciativa do lesado. Há
hipóteses em que, mesmo sendo praticado sem assistência, pode o ato ser
ratificado ou convalidado pelo representante legal, posteriormente. São
relativamente incapazes:
a) Maiores de 16 anos e menores de 18 anos ⎯ sua pouca
experiência e insuficiente desenvolvimento intelectual não possibilitam a plena
participação na vida civil. São também chamados de menores púberes.
Os menores, entre 16 e 18 anos, somente poderão praticar certos atos
mediante assistência de seus representantes, sob pena de anulação. No
entanto há atos que o relativamente incapaz pode praticar mesmo sem
assistência: casar, necessitando apenas de autorização; fazer testamento;
servir como testemunha em atos jurídicos, inclusive em testamento; requerer
registro de seu nascimento, etc.
É muito comum cair nos concursos a seguinte afirmação: o menor, entre
16 e 18 anos, não pode, para eximir-se de uma obrigação, invocar a sua idade
se dolosamente a ocultou quando inquirido pela outra parte, ou se, no ato de
obrigar-se, espontaneamente se declarou maior. Isto é previsto no artigo 180
do CC.

11
www.pontodosconcursos.com.br
CURSOS ON-LINE – DIREITO CIVIL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR LAURO ESCOBAR
b) Ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por
deficiência mental, tenham o discernimento reduzido – alarga-se os casos
de incapacidade relativa decorrente de causa permanente ou transitória. Deve
haver processo de interdição. Neste processo, averiguando-se que a pessoa
encontra-se em situação tal que o impede de exprimir totalmente a sua
vontade, pode-se declarar a incapacidade absoluta.
c) Excepcionais, sem desenvolvimento mental completo – abrange
os mentalmente fracos, surdos-mudos e os portadores de anomalia psíquica que
apresentem sinais de desenvolvimento mental incompleto. Também haverá
regular processo de interdição.
d) Pródigos ⎯ são os que dilapidam, dissipam os seus bens ou seu
patrimônio, fazendo gastos excessivos e anormais. Trata-se de um desvio de
personalidade e não de alienação mental. Devem ser interditados e, em
seguida, nomeia-se um curador para cuidar de seus bens. Ficam privados,
exclusivamente, dos atos que possam comprometer seu patrimônio.
O pródigo interditado não pode (sem assistência): emprestar, transigir,
dar quitação, alienar, hipotecar, agir em juízo, etc. Todavia, pode: exercer atos
de mera administração, casar-se (no entanto se houver necessidade de pacto
antenupcial haverá assistência do curador, pois o ato nupcial pode envolver
disposição de bens), exercer profissão, etc.

Cuidado com questões referentes aos silvícolas (silva – selva; íncola


– habitante - os que moram nas selvas e não estão adaptados à nossa
sociedade), a finalidade da lei é protegê-los, bem como os seus bens. O atual
Código Civil não os considerou como incapazes, devendo a questão ser regida
por lei especial (art. 4º, parágrafo único do CC). A Lei 6.001/73 (Estatuto do
Índio) coloca o silvícola e sua comunidade, enquanto não integrado à comunhão
nacional, sob o regime tutelar. O órgão que deve assisti-los é a FUNAI. A lei
estabelece que os negócios praticados entre um índio e uma pessoa estranha à
comunidade, sem a assistência da FUNAI é nulo (e não anulável). No entanto
prevê que o negócio pode ser considerado válido se o silvícola revelar
consciência do ato praticado e o mesmo não for prejudicial. Para a emancipação
do índio exige-se: idade mínima de 21 anos, conhecimento da língua
portuguesa, habilitação para o exercício de atividade útil, razoável conhecimento
dos usos e costumes da comunhão nacional e liberação por decisão judicial.

Tutela e Curatela
Embora esse tema se refira ao Direito de Família, gosto de falar sobre ele
aqui. Nem todos os editais exigem o Direito de Família. Mas tutela e curatela
são pontos que podem cair tanto na Parte Geral do Direito Civil, como no Direito
de Família. Assim, é melhor falar sobre o tema duas vezes (se o edital pedir
também o Direito de Família) do que não falar sobre o tema.
A tutela é um instituto de caráter assistencial que tem por finalidade
substituir o poder familiar. Protege o menor (impúbere ou púbere) não
emancipado e seus bens, se seus pais falecerem ou forem suspensos ou
12
www.pontodosconcursos.com.br
CURSOS ON-LINE – DIREITO CIVIL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR LAURO ESCOBAR
destituídos do poder familiar, dando-lhes representação ou assistência no plano
jurídico. Pode ser oriunda de provimento voluntário, de forma testamentária, ou
em decorrência da lei.
A curatela é um encargo (munus) público previsto em lei que é dado para
pessoas maiores, mas que por si sós não estão em condições de realizar os
atos da vida civil pessoalmente, geralmente em razão de enfermidade ou
deficiência mental. O curador deve reger e defender a pessoa e administrar seus
bens. Decorre de nomeação pelo Juiz em decisão prolatada em processo de
interdição. Costuma-se dizer que a natureza da decisão é constitutiva com
eficácia declaratória. Os atos praticados depois da decisão são nulos ou
anuláveis conforme o interdito seja absoluta ou relativamente incapaz. É
possível invalidar ato negocial antes da interdição desde que se comprove a
existência da insanidade por ocasião da efetivação daquele ato, posto que a
causa da incapacidade é a anomalia psíquica e não a sentença de interdição.

Representação e Assistência
O instituto da incapacidade visa proteger os que são portadores de uma
deficiência jurídica apreciável. Essa forma de proteção é graduada:
Representação ⎯ para os absolutamente incapazes. Estas pessoas estão
privadas de agir juridicamente e serão representadas. Ex.: um rapaz, com 15
anos, não pode vender um apartamento de sua propriedade. Mas este imóvel
pode ser vendido através de seus pais que irão representar o menor. No ato da
compra e venda este nem precisa comparecer.
Assistência ⎯ para os relativamente incapazes. Estas pessoas já podem atuar
na vida civil. Alguns atos podem praticar sozinhos; outros necessitam de
autorização. Ex.: um rapaz, com 17 anos, já pode vender seu apartamento. Mas
não poderá fazê-lo sozinho. Necessita de autorização de seus pais. No ato de
compra e venda ele comparece e assina os documentos, juntamente com seus
pais.
Atenção Pessoal - por meio da representação e assistência, supre-se
eventual incapacidade, e os negócios jurídicos realizam-se regularmente.

Curador Especial - se houver conflito de interesses entre o incapaz e seu


representante legal o Juiz deve nomear um curador especial para proteger o
incapaz.

3) CAPACIDADE PLENA
A incapacidade termina, via de regra, ao desaparecerem as causas que a
determinaram. Assim, nos casos de loucura, da toxicomania, etc., cessando a
enfermidade que a determinou, cessa também a incapacidade (segundo Clóvis
Beviláqua – Comentários ao Código Civil). Em relação à menoridade, a
incapacidade cessa quando o menor completar 18 anos. Dessa forma, torna-
se apto a exercer pessoalmente todos os atos da vida civil sem necessidade de
ser assistido por seus pais. Não se deve confundir a capacidade civil, com a
imputabilidade (responsabilidade) penal, que também se dá aos 18 anos.

13
www.pontodosconcursos.com.br
CURSOS ON-LINE – DIREITO CIVIL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR LAURO ESCOBAR
Falamos sobre a Personalidade e a Capacidade. Falta agora, para terminar
esta aula, falar sobre a Emancipação.
Emancipação ou antecipação dos efeitos da maioridade é a aquisição da
capacidade plena antes dos 18 anos, habilitando o indivíduo para todos os atos
da vida civil. A emancipação é irrevogável e definitiva.

Adquire-se a emancipação (leia agora o artigo 5º do Código Civil):


• por concessão dos pais ou de um deles na falta do outro (emancipação
parental ou voluntária) - neste caso não é necessária a homologação do Juiz.
Deve ser concedida por instrumento público e registrada no Cartório de
Registro Civil das Pessoas Naturais. O menor deve ter, no mínimo, 16 anos
completos. Admite-se a emancipação unilateral (um dos pais) se um deles já
faleceu, foi destituído do poder familiar, etc.
• por sentença do Juiz ⎯ em duas hipóteses: a) quando um dos pais não
concordar com a emancipação, contrariando a vontade do outro; há um conflito
de vontade entre os pais quanto à emancipação do filho; b) quando o menor
estiver sob tutela. O tutor não pode emancipar o menor. Evita-se a emancipação
destinada para livrar o tutor do encargo. A emancipação é feita pelo Juiz, se o
menor tiver 16 anos, ouvido o tutor, depois de verificada a conveniência para o
bem do menor.
• pelo casamento ⎯ a idade nupcial do homem e da mulher é de 16 anos (art.
1.511 CC, exigindo-se autorização de ambos os pais, enquanto não atingida a
maioridade). Não é plausível que continue incapaz, depois de casado. O
divórcio, a viuvez e a anulação do casamento não implicam o retorno à
incapacidade. No entanto o casamento nulo faz com que se retorne à situação
de incapaz (se o ato foi nulo, a pessoa nunca foi emancipada, posto que não
produz efeitos e é retroativo), salvo se contraído de boa-fé (nesse caso a pessoa
é considerada emancipada).
• por exercício de emprego público ⎯ deve ser efetivo; excluem-se,
portanto, os diaristas, contratados e os nomeados para cargos em comissão. Há
entendimento que deve ser funcionário da administração direta (excluindo-se,
assim, os funcionários de autarquias e de entidades paraestatais). Há pouca
aplicação prática, pois os concursos, como regra, exigem idade mínima de 18
anos.
• por colação de grau em curso de ensino superior ⎯ também há pouca
aplicação prática devido a nosso sistema de ensino.
• por estabelecimento civil ou comercial ou pela existência de relação de
emprego com economias próprias ⎯ é necessário ter ao menos 16 anos,
pois revela suficiente amadurecimento e experiência desenvolvida. No entanto,
na prática, há dificuldade para se provar "economia própria".
Obs. - serviço militar ⎯ hipótese prevista em lei especial - faz com que cesse
para o menor de dezessete anos a incapacidade civil, apenas para efeito do

14
www.pontodosconcursos.com.br
CURSOS ON-LINE – DIREITO CIVIL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR LAURO ESCOBAR
alistamento e sorteio militar. Também nunca vi questão deste tipo cair em
concurso.
Veja uma questão interessante que já caiu em diversos concursos,
misturando conceitos de Direito Penal e Civil. Uma pessoa se casa com 16 anos.
Um ano depois, acaba matando seu cônjuge. Ela vai responder criminalmente?
Resposta – a emancipação só diz respeito aos efeitos civis. Portanto, para o
Direito Penal essa pessoa continua menor (e, portanto, considerada
inimputável), ficando sujeita não ao Código Penal, mas ao Estatuto da Criança e
Adolescente.
Outra questão: uma pessoa menor se casou. Tornou-se, portanto,
capaz. Logo a seguir se divorcia. O divórcio faz com que a pessoa retorne ao
estado de incapaz? Resposta – pela nossa Lei, não! Isto é, uma vez alcançada a
emancipação, esta não pode ser mais revogada, a não ser em casos
especialíssimos, como vimos acima.

Vamos agora apresentar um Resumo do que foi falado na aula de hoje,


cujo tema foi PESSOA NATURAL (ou PESSOA FÍSICA)

1 - Conceito – ser humano considerado como sujeito de obrigações e direitos.


Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil (art. 1ºCC)

2 - Personalidade ⎯ conjunto de capacidades da pessoa. Direitos de


Personalidade – arts. 11 a 21 do CC.

a) início ⎯ nascimento com vida – resguardo dos direitos do nascituro

b) individualização -
- nome – reconhecimento da pessoa na sociedade
- estado – posição na sociedade
- domicílio – lugar da atividade social – arts. 70 a 78 CC – domicílio
necessário – art. 76.
c) fim
- morte real com ou sem o corpo
- morte presumida - efeitos patrimoniais e alguns pessoais
- ausência – sucessão provisória e definitiva - arts. 22 a 39 do CC

d) comoriência – presunção de morte simultânea de duas ou mais pessoas – art.


8º CC

3 – Capacidade
a) de direito ⎯ própria de todo ser humano
b) de fato ⎯ exercício dos direitos. Subdivide-se:

15
www.pontodosconcursos.com.br
CURSOS ON-LINE – DIREITO CIVIL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR LAURO ESCOBAR
Absolutamente Incapazes
a) menores de 16 anos
b) enfermidade ou deficiência mental sem discernimento
c) mesmo por causa transitória, não puderem exprimir a vontade

Relativamente Incapazes
a) maiores de 16 e menores de 18 anos
b) ébrios habituais, viciados em tóxico e os que por deficiência mental
tenham discernimento reduzido
c) excepcionais sem desenvolvimento completo
d) pródigos

Os absolutamente incapazes são representados e os relativamente são


assistidos por seus representantes legais.

Capacidade Plena ⎯ maiores de 18 anos e emancipados


4 – Emancipação – artigo 5º e parágrafo único CC (concessão dos pais,
sentença do Juiz, casamento, emprego público efetivo, colação de grau e
estabelecimento civil ou comercial com economias próprias).

Testes

1 - Assinale a alternativa incorreta:

a) A incapacidade relativa, ao contrário da incapacidade absoluta, não afeta a


aptidão para o gozo de direitos, uma vez que o exercício será sempre possível
com a representação.
b) A emancipação do menor pode ser obtida com a relação de emprego que
proporcione economia própria, desde que tenha 16 anos completos.
c) Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação da ausência se for
extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida.
d) A mulher pode casar-se com 16 anos, desde que com autorização do pai ou
responsável.

2 – De acordo com o Código Civil, os direitos inerentes à dignidade da


pessoa humana são:
a) absolutos, intransmissíveis, irrenunciáveis, ilimitados e imprescritíveis;
b) relativos, transmissíveis, renunciáveis, limitados;
c) absolutos, transmissíveis, imprescritíveis, ilimitados, renunciáveis,
impenhoráveis;

16
www.pontodosconcursos.com.br
CURSOS ON-LINE – DIREITO CIVIL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR LAURO ESCOBAR
d) inatos, absolutos, intransmissíveis, renunciáveis em determinadas situações,
limitados e imprescritíveis.

3 - Sobre os direitos de personalidade, pode-se afirmar que:

a) A pessoa jurídica não é titular de tais direitos, por não ser detentora de
honra.
b) São renunciáveis, podendo seu exercício sofrer limitação voluntária.
c) É permitida a disposição livre e onerosa do próprio corpo, para quaisquer fins.
d) Embora sejam intransmissíveis, o direito de exigir sua reparação transmite-se
aos sucessores.

4 - Quanto ao evento morte, assinale a alternativa incorreta:


a) A morte presumida ocorre quando a pessoa for declarada ausente.
b) A comoriência é a presunção de morte simultânea entre duas ou mais
pessoas que faleceram na mesma ocasião, quando não der para verificar qual
deles foi o precedente.
c) Natimorto é criança que ao nascer com vida, adquiriu a personalidade, e
expirou minutos depois.
d) A morte civil, que é uma das formas de término da personalidade jurídica de
uma pessoa, não aceita pelo Direito Civil Brasileiro.
e) Excepcionalmente, se estiver ausente o corpo do de cujus, mas houver
certeza de seu falecimento, a certidão de óbito poderá ser lavrada e a morte
real declarada.

5 - São consideradas absolutamente incapazes pela atual legislação


civil:
I - os menores de 16 anos;
II - os maiores de 80 anos;
III – os silvícolas;
IV – os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiveram o necessário
discernimento para a prática desses atos;
V – os que, por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade.

a) os itens I, II e IV são considerados corretos.


b) somente o item I está correto.
c) os itens I, IV e V estão corretos.
d) somente o item V está incorreto.
e) todas as alternativas estão corretas.

17
www.pontodosconcursos.com.br
CURSOS ON-LINE – DIREITO CIVIL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR LAURO ESCOBAR

6 - É considerada como uma das formas de emancipação:


a) o contrato de trabalho.
b) o ingresso em curso superior.
c) o exercício do direito ao voto.
d) o casamento.
e) a concessão do tutor mediante instrumento público.

GABARITO COMENTADO

1 – Alternativa incorreta – letra “a” – Observe que a questão pede


que seja assinalada a alternativa incorreta. A letra “a”, realmente está errada
pois a incapacidade relativa é suprida pela assistência e não pela
representação. A alternativa “b” está correta pois o artigo 5º, inciso V do CC
permite a emancipação pela existência de emprego, desde que tenha 16 anos
completos. A letra “c” também está correta pois o artigo 7º permite a
declaração de morte presumida sem decretação de ausência na hipótese
narrada na questão. Finalmente a letra “d” também está correta pois tanto a
mulher como o homem podem se casar com 16 anos, necessitando, para tanto,
de autorização dos pais. Acrescente-se que celebrado o casamento com 16 anos
ocorre a emancipação, cessando a incapacidade e ficando o menor habilitado
para a prática de todos os atos na vida civil.

2 – Alternativa correta – letra “a” – O art. 11 do CC prescreve: “Com


exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são
intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação
voluntária”. Nas demais alternativas tem sempre pelo menos uma palavra
errada: a letra “b” todas as palavras estão erradas; na “c” está errada a palavra
renunciáveis; e na “d” renunciáveis e limitados.

3 – Alternativa correta - letra “d” - Observe que o artigo 11 (que


analisamos na questão anterior) prescreve que os direitos de personalidade são
intransmissíveis. Mas o próprio artigo faz a ressalva: “com exceção dos casos
previstos em lei”. Veja como o examinador gosta das “exceções”. Por isso esse
artigo deve ser combinado com o artigo 943 do CC que prescreve que “o direito
de exigir reparação e a obrigação de prestá-la transmitem-se com a herança”. A
letra “a” está totalmente errada, pois o artigo 52 do CC assegura às pessoas
jurídicas a mesma proteção cabível para a proteção da personalidade; a letra
“b” está errada pois os direitos da personalidade, como vimos, são
irrenunciáveis; a “c” também está errada. Os artigos 13 e 14 regulam o tema e
veja o que dispõe o art. 14: “É válida, com objetivo científico, ou altruístico,
a disposição gratuita do próprio corpo, no todo ou em parte, para depois da

18
www.pontodosconcursos.com.br
CURSOS ON-LINE – DIREITO CIVIL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR LAURO ESCOBAR
morte”. Assim a disposição do próprio corpo deve ser gratuita e para fins
específicos (e não qualquer finalidade, como ficou na questão).

4 – Alternativa incorreta – letra “a” – A morte presumida pode ser


declarada sem a declaração de ausência, como vimos na primeira questão –
veja o artigo 7º do CC. Reveja também a matéria dada em aula referente a
morte presumida. Possui diversos detalhes que merecem uma releitura. Note
como esse tema vem caindo em concursos. A alternativa letra “b” está perfeita
– veja o artigo 8º que define comoriência. Da mesma fora a letra “c” –
natimorto é aquele que nasceu morto; veio à luz, com sinais de vida, mas, logo
a seguir morreu. A letra “d” também está correta. Atualmente, no Brasil, não
existe mais a morte civil, que era a perda da personalidade e da capacidade
civil em vida, geralmente para pessoas condenadas criminalmente (também em
relação aos escravos). A pessoa estava viva fisicamente, mas morta
juridicamente... era uma loucura. Mas havia previsão legal disso nas Ordenações
do Reino. No entanto, em nosso direito embora não haja mais a previsão legal
da morte civil, esta deixou resquícios, como nos casos de exclusão de herança
por indignidade do filho, “como se ele morto fosse” veja o art. 1.816 do CC.

5 – Alternativa correta - letra “c” – O artigo 3º arrola as pessoas que são


absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil: I - os
menores de dezesseis anos; II - os que, por enfermidade ou deficiência mental,
não tiverem o necessário discernimento para a prática desses atos; III - os que,
mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade. Portanto o
que está previsto no I e IV está correto. O maior de 80 anos, como vimos, por si
só não é incapaz. Só será considerado incapaz se a velhice originar um estado
patológico, como a arteriosclerose, hipótese em que a incapacidade resulta do
estado psíquico e não da velhice propriamente dita. A palavra “silvícola” não
consta mais do Código Civil. Este fala no índio e determina que sua capacidade
será regulada pela legislação especial (Estatuto do Índio).

6 – alternativa correta - letra “d” – O artigo 5º C arrola as hipóteses de


emancipação, sendo certo que o casamento é uma delas. Um contrato de
trabalho (letra “a”) por si só, não emancipa ninguém. Veja a “pegadinha” da
letra “b”: é a colação de grau em ensino superior que emancipa e não o ingresso
em curso superior. Por isso as questões não podem ser lidas de forma afoita.
Tenha calma: leia todas as alternativas com atenção, vá eliminando as mais
absurdas e somente ao final da leitura atenda de todas as alternativas assinale a
que entende como correta. Quanto ao exercício ao direito de voto não há
previsão legal; logo está errada. Finalmente deve ser esclarecido que o tutor
não pode emancipar seu representado, pois desta forma ele estaria se livrando
de uma obrigação legal. Neste caso a emancipação é feita pelo Juiz, se o menor
tiver 16 anos, ouvido o tutor, depois de verificada a conveniência para o bem
do menor. Assim quem emancipa é o Juiz e o tutor deve ser apenas consultado
sobre a possibilidade.

19
www.pontodosconcursos.com.br
CURSOS ON-LINE – DIREITO CIVIL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR LAURO ESCOBAR

20
www.pontodosconcursos.com.br

Você também pode gostar