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060013-01 Completo
060013-01 Completo
MAIO - 1928
Revista de Jfatropofa|ia
Direção de A N T Ô N I O D E A L C Â N T A R A M A C H A D O Gerencia de R A U L BOPP
ENDEREÇO: 13, RUA BENJAMIM CONSTANT - 3.° PAV. SALA 7 - CAIXA POSTAL N.° 1.269 SÃO PAULO
ABRE-ALAS ,— M A N H Ã
RESOLANA Poema
O mormaço é a fumaça da macega.
Ella vae sozinha, tropeçando nas colheitas.
Treme o longe diluído na quentura. Bate-lhe o sol nos hombros. Ella sente que um gosto.
O boi desce a recosta em procura da sombra humano
mas pára logo, abombado. deflora-lhe a bocca e illumina-a de absurdos.
Lá no alto, voando, voando, bebendo o azul, Parece que um choro quer sorrir dentro de si.
subindo sempre — urubu. Parece que o sangue dentro de si quer matal-a
Feliz... e jogar-lhe clarões por cima.
O calor queima a terra, ferve no ar. Aquillo é o universo que se despenha dos seus cabellos.
(Memória de marulhos
gosto de espuma limo areia branca) (Pará) ABGUAR BASTOS
A cabeça do alazão é uma chamma esbelta
cortando o campo a trote largo.
Vejo as orelhas agudas que se movem,
sinto o corpo fremente do cavallo. URA,
E ha tanta harmonia entre o choque dos cascos os films que a s s o m b r a m o m u n d o
e o meu tronco agitado na vibração febril,
que eu compreendo a gloria animal da carreira: REPRESENTANTE
vou!
enrolado na força do sol. Gustavo Zieglitz
(Rio Grande do Sul)
RUA DOS ANDRADAS, 42
Do livro "Giraluz"
AUGUSTO MEYER
S Ã O PAULO
MANIFESTO ANTROPÓFAGO
Só a antropofagia nos une. Social- pobre declaração dos direitos do Só podemos attender ao mundo
mente. Economicamente. Philoso- homem. orecular.
phicamente. A edade de ouro annunciada pela
America. A edade de ouro. E todas Tínhamos a justiça codificação da
Única lei do mundo. Expressão as girls. vingança A sciencia codificação da
mascarada de todos os individualis- Magia. Antropofagia. A transfor-
mos, de todos os collectivismo. De Filiação. O contacto com o Brasil mação permanente do Tabu em to-
todas as religiões. De todos os trata- Carahiba. Oú Villeganhon print ter- tem.
dos de paz. re. Montaigne. O homem natural.
Rousseau. Da Revolução Francesa Contra o mundo reversivel e as
Tupy, or not tupy that is the ao Romantismo, á Revolução Bol- idéas objectivadas. Cadaverizadas.
question. chevista, á Revolução surrealista e O stop do pensamento que é dyna-
ao bárbaro technizado de Keyserl- mico. O indivíduo victima do syste-
Contra toda as cathecheses. ing. Caminhamos. ma. Fonte das injustiças clássicas.
contra a mãe dos Gracchos. Das injustiças românticas. E o es-
Nunca fomos cathechisados. Vive- quecimento das conquistas interio-
Só me interessa o que não é meu. mos atravez de um direito sonam- res.
Lei do homem. Lei do antropófago. bulo. Fizemos Christo nascer na Ba-
hia. Ou em Belém do Pará. Roteiros. Roteiros. Roteiros. Ro-
Estamos fatigados de todos os ma- teiros. Roteiros. Roteiros. Roteiros.
ridos catholicos suspeitosos postos Mas nunca admittimos o nasci-
em drama. Freud acabou com o mento da lógica entre nós. O instincto Carahiba.
enigma mulher e com outros
sustos da psychologia im- Morte e vida das hypothe-
pressa. ses. Da equação eu parte do
Kosmos ao axioma Kosmos
O que atropelava a verdade parte do eu. Subsistência. Co-
era a roupa, o impermeável nhecimento. Antropofagia.
entre o inundo interior e o
mundo exterior. A reacção Contra as elites vegetaes.
contra o homem Em communicação com o solo.
vestido. O cinema
americano informa- Nunca fomos cathechisados.
rá. Fizemos foi Carnaval. O indio
vestido de senador do Império.
Filhos do s o l , Fingindo .de Pitt. Ou figuran-
mãe dos viventes. do nas operas de Alencar cheio
Encontrados e ama- de bons sentimentos portugue-
dos ferozmente, com zes.
toda a hypocrisia
da saudade, pelos im- J á tínhamos o
migrados, pelos tra- communismo. J á tí-
ficados e pelos tou- nhamos a língua
ristes. No paiz da surrealista. A eda-
cobra grande.
de de ouro.
Catiti Catiti
Foi porque nun-
Imara Notiá
ca tivemos gram-
Notiá Imara
maticas, nem col- Desenho de Tarcilu 1928 De um quadre que figurará na sua próxima exposição de Junho
na galeria Pcrcier, em Paris. Ipejú
lecções de velhos
vegetaes. E nunca soubemos o que
era urbano, suburbano, fronteiriço e Contra o Padre Vieira. Autor do A magia e a vida. Tínhamos a re-
continental. Preguiçosos no mappa nosso primeiro empréstimo, para lação e a distribuição dos bens phy-
mundi do Brasil. ganhar commissão. O rei analpha- sicos, dos bens moraes, dos bens di-
Uma consciência participante, beto dissera-lhe: ponha isso no papel gnados. E sabiamos transpor o ínys-
uma rythmica religiosa. mas sem muita lábia. Fez-se o em- terio e a morte com o auxilio de al-
préstimo. Gravou-se o assucar bra- gumas formas grammaticaes.
sileiro. Vieira deixou o dinheiro em
Contra todos os importadores de
Portugal e nos trouxe a lábia, Perguntei a um homem o que era
consciência enlatada. A existência
palpável da vida, E a mentalidade o Direito. Elle me respondeu que
era a garantia do exercício da pos-
prelogica para o Sr. Levy Bruhl
O espirito recusa-se a conceber o sibilidade. Esse homem chamava-se
estudar.
espirito sem corpo. O antropomor- Galli Mathias. Comi-o
fismo. Necessidade da vaccina an-
Queremos a revolução Carahiba. tropofagica. Para o equilíbrio contra Só não ha determinismo - onde ha
Maior que a revolução Francesa. A as religiões de meridiano. E as in-
mistério. Mas que temos nós com
unificação de todas as revoltas ef- quisições exteriores.
isso?
ficazes na direcçâo do homem. Sem
nós a Europa não teria siquer a sua
Continua na Pagina 7
Revista de Antropofagia
SEIS ROETAS
PBDRO-JUAN VIQNALE — Sen- A ascensão de Jorge de Lima é «ma Henrique de Resende, Rosário Fus-
tímiento de Germana — Buenos delícia. De soneto Acendedor de lam- co e Ascanio Lopes — Poemas —
peSes ao poema Essa negra Fulfl. Su- Cataguazes — 1928.
Aires — 1927.
jeito inteligente como poucos soube pro- E' a gente simpática da Verde de Ca-
curar e achou. Abençoado Manuel Ban- taguazes.
Os versos são de uma ternura forte e
deira. Livro naturaline-nte desigual puxando
grave. Muito differente daquele picguis- para três lados.
mo rimado dos poetas que sussurram no Dos Poemas eu separo G. W, B. R.
Gostosura de lirismo vagabundo, alegre, Henrique de Rezende é o mais velho da
rimado dos poetas que sussurram no turma. Engenheiro rodoviário vai anotando
ouvidinho da amada. Pedro-Juan Vignale, levado dos diabos. Dá vontade na gente
de repetir a viajem tendo o poema bem nas margens do caderno de medições e
maestro e entomólogo, ama á moderna. de cálculos os aspectos dos caminhos que
E poeta á moderna. Seus ditirambos em guardado na memória. Separo esse por
ser o meu predileto. Mas não o único êle abre
honra de Germana não são declarações
de namorado bisonho: antes de que tem notável. Rio de Sáo Francisco também como um corda me de veias
me agrada bastante. Bala de Todos os no corpo adusto
fé convencida e invencível num senti-
Santos, Santa Dica, Floriano-Padre Cf- da terra inhospita.
mento muito alto mas palpável. Nada de cero-Lampeão' igualmente têm cousas
dúvidas cruciantes ou queixumcs suspi- que a gente não esquece. Principalmente Não sei se como engenheiro é bom
rados. Nenhuma alusão á morte salva- o primeiro. E do magnífico ChangA pula poeta. Mas sei que como poeta é bom
dora. um bodum danado, rebenta um ritmo engenheiro. Seus veisos são solidamente
Através da mulher o poeta ama a terra infernal. Inútil querer resistir. construídos sobre leito bem empedrado.
onde ela nasceu: esta terra. Sentir uma De vez em quando uma descaida sen- Nem falta o rolo compressor de uma
é sentir a outra. timental ou pueril, livresca, oratória ou auto-crítica severa. E esses caminhos têm
conceituosa que desaponta mas não as- sombras para a gente repousar a vista
En tus manos ávidas tonta da luz das paisagens. A ermida por
traes sombra. Porque não é assim tão facil-
mente que se Tompe com certos cacoetes exemplo: tão comovente e tão bonita.
los cielos dei Brasil literários. Não vê. A cousa é dura como Rosário Fusco é um menino. Está
quê. Não tem importância: Jorge de Li- dito tudo: mistura timidez com audácia,
Ouvindo a voz cállda de trópico é brutalidade com ternura, larga o esti-
que êle vê ma está ficando cada vez mais escovado.
Por isso duvido muito que em seus livros lingue para choramingar no colo de um
futuros apareçam versos como Oraç&o, afecto bom. Tem talento. Quanto a isso
esa tarde paulista não pode haver dúvida. Tem talento, von-
exprimirse Meninice, Poemas dos bons fradinhos,
<A voz da igrejinha e o Painel de Nuno tade de acertar e uma desenvoltura ótima
«obre ei Tietê na qual a gente não pode deixar de pôr a
hasta inundarlo Gonçalves sobretudo.
Agora Essa negra Fulô. E' das cousas maior das conf ianças. Eu gosto muito deste
O" que é positivamente lindo. poeminha — Sala de gente pobre — do
mais .marcantes que a poesia nordestina
Esse contracto de poeta, tão profun- nos tem enviado de muito tempo para qual tomo a liberdade de suprimir o últi-
damente vigoroso com o tema lírico Bra- cá. Essa negra Fulô sim. Bole com a gen- mo verso:
sil ainda nos dará (penso eu) muita cou- te. Pinica a'sensibilidade da gente. Em- Um banco.
sa ótima. bala o sensualismo da gente. Canção e Uma mesa.
história da escravidão sem querer ser. Um quadro: Nossa Senhora
JORGE FERNANDES — Livro de Poesia boa, cheirosa, suarenta, apetito- Outro quadro: São José....
poemas — Natal — 1927. sa, provocadora.
Um lampeão.
A poesia de Jorge Fernandes machuca. Nem ambição de mais coisas.
Ora se deu que chegou
Deante dela fica-se com vontade de gri- (isso já faz muito tempo) Os defeitos de Rosário Fusco são de-
tar como o próprio poeta na Enchente: no bangüê dum meu avô feitos de quem tem dezesete anos. Em
Lá vem cabeçada... uma negra bonitinha geral porque há alguns mais graves que
chamada negra Fulô podem virar crônicos se não forem cura-
E vem mesmo. Poesia bandoleira, vio- dos logo: linguagem meio cá meio lá,
lenta, golpeando a sensibilidade da gente quedazinha paTa o lugar-comum, imagem
que nam o tejú brigando com a cobra: Essa negra Fulôt
de efeito, final arranjadinho. E outros
Léxo! léxo t Essa negra Fulô! mais. Porém eu já disse e repito que em
Ao lado disso uma afeição carnal e Rosário Fusco a gente pode ter sem medo
selvagem pela terra sertaneja como de- muitíssima confiança.
monstra entre outras a explêndida Can- O' Fulô? O' Fulô?
(5o do inverno. E. feitio rjide de dizer (Era a fala da Sinhá Ascanio Lopes também é menino: me-
as cousas. Jorge Fernandes tem a mão chamando a negra Fulô) nino malicioso, gozador, cheio de suben-
dura: tira lascas das paisagens que caem Cadê meu frasco de cheiro tendidos. O principal defeito dele é o mes-
nas unhas dele. MSo de derrubar sem du- que teu Slnhô me mandou? mo de Rosário Fusco: a idade que tem.
vida. Aquella mesma trabalhadeira e lí- — Ah! foi você que roubou! Daí, apesar dele ser brincalhão, certas
rica Mio nordestina que dá o nome a Ah I foi você que roubou! puerilidades sentimentais, o desejo crian-
uma de suas poesias mais características. ça de SCT acarlnhado e o tema tristeza
soando falso nas poesias dele.
Outra cousa: Jorge Fernandes fala uma
língua que nós do Sul ainda não com- O Sinhô foi açoitar A mata é grande demais para o fogo
preendemos totalmente mas sentimos ad- sosinho a negra Fulô. pegar caracteriza bem a sua maneira boa:
mirável. Eu pelo menos não percebo tre- A negra tirou a saia Na modorra enorme do sertão
chos e trechos de várias poesias suas. e tirou o cabeção, os empregados trabalhavam nos eitos da
No entanto gosto deles. O poema Avoetes de dentro dele pulou [roça
por exemplo (não sei se por causa da nuinha a negra Fulô. Cantando cantigas ingênuas.
construcção particularfssima de certas Mas do lado da serra, lá longe, começou
frazes) espanta como o desconhecido. E Essa negra Fulô! [a subir fumaça
é bonito que só vendo. Essa negra Fulô! e as chamas tampaTam as arvores da
O autor do Livro de poemas eviden- [mata.
temente está passando por um período O' Fulô? O' Fulô? O feitor disse que era uma queimada que
doído de auto-crítica de que sairá melho- Cadê, cadê teu Sinhô [saltara o aceiro.
rado com' certeza. Êle mesmo reconhece que Nosso-Senhor me mandou? Ninguém pensou em apagar o fogo.
isso e caçoa de suas remmiscências par- Ah! foi você que roubou No céu os gaviões gritavam assustados.
nasianas. Daí uma porção de pequenos foi você, negra Fulô!
defeitos nas vésperas de completo- desa- _ Ascanio Lopes não deve abandonar
parecimento. Ou eu muito -me engano. Essa negra Fulô! - esse seu feitio de gozador a seco.
O pessoal da Verde é portanto uma
JORGE DÈ LIMA — Poemas e Essa negra Fulô. Pretinha do infermo. surpresa excellente e cuja excelência de
Essa negra Fido — Maceió — Essa negra Fulô. hoje em deante não mais surpreenderá
1927 « 1928. ninguém.
A. de A. M.
A. de A. M.
Revista de Antropofagia
POESIA
FOME
Guilherme de Almeida.
A L Í N G U A T U P Y — PLÍNIO V A L G A D O
A LÍNGUA TUPY mado como idêntico ao homen europeu, também. Liga-se o estudo dos Idiomas á
não resta a menor duvida. Basta ver-se própria historia do homem. Depois de
A língua tupy deve ser estudada com envergando o habito de Christo, e com o Lamarck, G. de Saint Hilaire, Darwin e
um novo critério. A contribuição de todos titulo de Dom, que lhe concede Felippe Spencer, estes assomptos tomam um ou-
os que escreveram grammaticas e dic- IV, o sr. Antônio Camarão, Poty de nas- tro aspecto. A ultima tentativa para redu-
cionarios do idioma falado pelos nossos cimento. .. Aliás, uma bulla papal jà de- zir o indio á forma européa, é, talvez, a
selvagens é certamente muito valiosa, e clarara, após a descoberta do Novo Mun- do nosso chamado indianismo, expressão
serve-nos hoje de inicio para as nossas do, que todos descendiam de Adão e Eva. do romantismo em nossa literatura. Mas
procuras curiosas. Mas os que estudaram Os que estudaram o tupy, desde aquelles essa preoecupação lamartinizante dos
o tupy, nos primeiros séculos da colo- tempos, não podiam ter outra orientação nossos poetas e romancistas teve a van-
nização inspiravam-se num critério arca- que não fosse a do seu século e a das ne- tagem de chamar a gttenção brasileira
dico, do mesmo modo que, considcando c cessidades prementes. para o bugre, cercal-o de uma sympathia
indio, tomavam-no sob o ponto de vista Muita gente depois veio estudando a através da qual pudéssemos chegaT a elle
da catechese. Período de Anchieta, depois lingua de nossos Índios, mas com um cri- e pesquizal-o melhor. E como esse mo-
de Montoya, de Filgueiras. E é preciso tério pratico. São subsídios curiosos. vimento de Gonçalves Dias e José de
notar o caracter, de utilidade pratica im- Abanheenga, quer dizer, lingua de homem, Alencar representa o primeiro passo para
mediata, desses estudos, naquella época. lingua de gente, chamavam os tupys á uma comprehensão melhor do indígena,
O jesuíta tinha necessidade de unificar, sua lingua. 0 missionário foi unificando, é justo perdoarmos a esses escriptores os
tanto quanto possive!, as línguas, num systematizando as pequenas modalidades prejuízos inherentes ao seu tempo. E é
typo geral que servisse aò imperialismo no nheengatú, ou seja lingua bôa. Donde preciso também registrar que, no meio
catechista. E a necessidade da compre- nasceu o tupy-guarany. As outras tribus de muita phantazia, ha expressões fieis
hensão urgente entre catechumenos e ficaram falando o seu nheengahyba, lin- da psychologia selvagem em muitos tre-
evangelizadores. Essa preoecupação uti- gua ruim. Ruim porque não se submettia chos da poesia e do romance românticos.
litária não podia ter sinão uma orien- á reducção clássica do nheengatú. A opinião do nosso historiador Porto
tação grammatical. E sendo o typo hu- Seguro (Vamhagen), tão hostil á pobre
mano dos conquistados reduzido peio do- O critério scientifico para o estudo
das línguas americanas procede de Mar- raça dominada, vem logo contrabatida
gma á equivalência intrínseca do con- pela sympathia de Couto de Magalhães,
quistador, passava para um segundo pla- tius e da sua classificação. O ramo bra-
sileiro, que vem denominado na classifi- de Barbosa Rodrigues, de Baptista Cae-
no o estudo do seu espirito e do 3eu ins- tano a cuja obra podemos juntar o que
tineto, e da lingua do gentio só se to- cação de Frederico Muller "grupo tupy-
guarany", é dividido por Martius em nove tem feito Theodoro Sampaio, Cândido
mavam as conclusões finaes, formas paci- Rondon, Alarico Silveira, e outros.
ficas passivas da traducção. Que o indio, galhos. Parece-me que ha, dahi por dian-
te, uma curiosidade maior em relação ás Novos aspectos nos interessam hoje
como valor psychologico e social era to- na lingua dos nossos selvagens O da «rl-
línguas selvagens. E em relação ao indio.
(Continua na pag. seguinte)
6 Revista de Antropofagia
Contra o servilismo colonial, o tacape inheiguára, Neste rabinho do seu primeiro numero a
"gente de grande resolução e valor e totalmente impa- "Revista de Antropofagia" faz questão de repe-
ciente de sujeição" (Vieira), o heroísmo sem rosrta de tir o que ficou dito lá no principio:
Commendador dos carahybas, "que se oppuzeram a que
Diogo de Lepe desembarcasse, investindo contra as ca- — Ella está acima de quaesquer grupos ou
ravelas e reduzindo o numero de seus tripulantes" tendências;
(Santa Rosa — "Historia do Rio Amazonas"). — Ella acceita todos os manifestos mas não
Ninguém se illuda. A paz do homem americano bota manifesto;
com a civilisação européa é paz nheengahiba. Está no — Ella acceita todas as criticas mas não faz
Lisboa: "aquella apparatosa paz dos nheengahibas não critica;
passava de uma verdadeira impostura, continuando os
bárbaros no seu antigo theor da vida selvagem, dados á — Ella é antropófaga como o avestruz é co-
antropophagia como dantes, e baldos inteiramente da milão;
luz do evangelho." — Ella nada tem que ver com os pontos de
Como se vê, facilimo ser antropophago. Basta eli- vista de que por acaso seja vehiculo.
minar a impostura.
A "Revista de Antropofagia" não tem
Foram estas as conseqüências dos versos ruimzi-
zinhos que Anchieta escreveu na areia de Itanhaen: orientação ou pensamento de espécie alguma:
Ordenações do Reino, grammatica e ceia de Da Vinci só tem estômago.
na sala de jantar. E não houve ainda quem comesse A de A. M.
Anchieta! R. B.
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