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Resumo da obra de Marx e Engels - por Sonia Ribas

Karl Marx, A Ideologia Alemã.(Tradução Silvio Donizete Chagas) São Paulo:


Centauro, 2002.

1- RESUMO IDEOLOGIA ALEMÃ

Introdução
A ideologia Alemã e as Teses de Marx e Engels é uma crítica profunda da
ideologia burguesa e do materialismo pré-marxista, a partir das posições da
classe operaria e da necessidade de formação da ideologia proletária, ou seja,
é uma crítica da filosofia alemã mais recente nos seus representantes
Feurbach, Bauer e Stirner e do socialismo alemão.
Esses escritos a mais de 130 anos precisam servir hoje, com rapidez à classe
para qual foi escritos. O objetivo desta obra é desmascarar as falsificações do
marxismo-lenismo, de fornecer materiais de estudo (de base teórica) e reflexão
aos que contribuem para a luta pela democracia e pelo socialismo, tanto
trabalhadores manuais como intelectuais (p.1)
Os governos burgueses perseguiram Marx e Engels que tinham um objetivo de
levar a teoria aos proletários, eram contra a política liberal “eletista”. Em 1845
os dois foram expulsos do território Francês e se refugiaram em Bruxelas. Foi
neste contexto de perseguição e novo exílio que nasce a Ideologia Alemã (p. 2)
A Ideologia Alemã é um balanço de suas próprias consciências filosóficas,
onde o destaque é a ruptura com Feurbach. Questionando suas posições,
principalmente de ver o homem isolado da historia e da política. Esta obra ficou
sem editor, jogado, mas seu objetivo foi alcançado, ter uma visão clara dos
problemas levantados por Marx e engels (p. 3)

2- Prefácio
Os homens criam representações falsas sobre si próprio e daquilo que devem
ser e a partir daí instituem as relações. Essas representações estão acima da
própria essência do homem. E o autor coloca que devemos rebelar contra o
domínio das idéias e ter atitudes criticas frente a elas.
Essas representações na Alemanha e cultuada por todos e expedida pelos
próprios filósofos que refletem as arrogâncias destes, mostrando apenas as
sombras da realidade. (p. 7)

3- Feurbach – Oposições das concepções materialista e idealista


(capitulo 1 de “A Ideologia Alemã”

A Alemanha passou os últimos anos um processo de decomposição do sistema


de Hegel (Strauss) e nesse caos se formaram novos poderes que se ruíram por
outros rivais mais poderosos. Foi uma luta universal que varreu do passado da
Alemanha em três anos mais acontecimentos do que em três séculos.
Foi um acontecimento de processo de podridão do espírito absoluto, que é
apresentada como uma mudança de importância histórica, como geradora dos
resultados e conquistas mais prodigiosos. (p.10)

4- A ideologia em geral, nomeadamente a alemã

A critica alemã não abandonou o terreno da filosofia todas as questões e


respostas da filosofia saíram do sistema filosófico de Hegel. Nenhum dos
críticos mais recentes tentou uma crítica sobre seu sistema.
Toda a Critica filosófica alemã de Strauss a Stirner se reduz a critica de
representações religiosas, partindo da religião real e da autentica teologia. O
progresso explicou a consciência política, jurídica e moral como consciência
religiosa; e o homem político, jurídico e moral como o homem religioso. Os
Jovens – Hegelianos criticaram tudo substituindo a tudo por representações
religiosas ou teleológico (p.12). Tudo que os homens fazem são produtos da
sua consciência, e estes querem mudar a sua consciência presente, isto
significa interpretar de outro forma o que existe, mas esses jovens apesar
dessa mudança são os maiores conservadores (p. 13).
Nenhum destes filósofos se lembrou de perguntar qual seria a relação entre a
filosofia alemã e a realidade alemã, a relação entre a sua critica e o seu próprio
meio material (p.14).

5- Premissas da Concepção Materialista e da Historia

As premissas reais que só podem abstrair da imaginação são os indivíduos


reais, a sua ação e as suas condições materiais de vida. Estas são premissas
puramente empírica.
A primeira premissa de toda historia humana é a existência de indivíduos
humanos vivos (p. 14). O primeiro ato histórico destes indivíduos pelo qual
distinguem dos animais não é o de pensarem, mas o de começarem a
produzirem os seus meios de vida. Aquilo que os indivíduos são, coincide,
portanto, com sua produção, o que e como produzem. Dessa forma, aquilo que
os indivíduos são, depende, das condições materiais da sua produção (p. 15).
Esta só surge com o aumento da população, que pressupõe um intercambio
material e espiritual dos indivíduos entre si, ou seja, a existência de relações
entre os indivíduos.(p.16).

6- Produção e Intercambio. Divisão do Trabalho e formas de propriedade: tribal,


antiga e feudal.

O desenvolvimento das forças de produção de uma nação é indicado pelo grau


atingido pelo desenvolvimento da divisão do trabalho. Esta provoca a
separação do trabalho industrial, comercial, agrícola e com ela a divisão do
campo e da cidade e a oposição entre ambos (p. 16, 17).
As diferentes fases de desenvolvimento da divisão do trabalho são outras
tantas formas diferentes de propriedades e cada uma das fases determinam
também as relações dos indivíduos entre si e em relação ao material, ao
instrumento e ao produto do trabalho (p.17).
A primeira forma de propriedade é a tribal: fase não desenvolvida da produção,
o povo se alimenta da caça, pesca, criação do gado e quando muito da
agricultura. A divisão do trabalho é pouco desenvolvida e limita-se a divisão
natural do trabalho existente na família. A estrutura social é uma extensão da
família: os chefes da tribo, os membros e por fim os escravos (p. 17).
A segunda forma é a propriedade comunal e estatal antiga: que resulta da
união de varias tribos que formam uma cidade. Nela continua a existir a
escravatura. Desenvolve a propriedade privada móvel e também a imóvel, mas
subordinada a propriedade comunal. Os cidadãos em comum tem o poder
sobre os escravos trabalhadores. Esse tipo de sociedade decai a medida que
desenvolve a propriedade privada imóvel. A divisão do trabalho já esta mais
desenvolvida. Aqui já encontramos antagonismos entre: cidade e campo;
interesses urbano e campo; industria e comercio marítimo. Encontramos a
relação de classe formada entre os cidadãos e escravos (p. 18).
Com o desenvolvimento da propriedade privada surgem aqui, pela primeira
vez, as mesmas relações que encontramos na propriedade privada moderna,
só que nesta em maior escala. Por um lado a concentração da propriedade
privada e por outro a transformação dos pequenos camponeses plebeus num
proletariado.
A terceira forma é a propriedade feudal ou de estados: esta partiu do campo, o
desenvolvimento feudal começou num território mais extenso, preparado pelas
conquistas romanas e pela expansão da agricultura a ela ligada. Surge também
o antagonismo contra as cidades, a propriedade fundiária deu à nobreza o
poder sobre os servos. Aqui as relações eram com os produtores diretos eram
diferentes, porque existiam diferentes condições de produção (p.19).
Esta estrutura feudal da propriedade fundiária correspondia, nas cidades, a
propriedade corporativa ( consistia no trabalho de cada individuo). Esta
estrutura dera origem às corporações (pequenos capitais de artesãos
individuais), que estes desenvolveram a relação de oficial e aprendiz, que
originou nas cidades uma hierarquia semelhante a do campo.
A época feudal consistiu, por um lado na propriedade fundiária e no trabalho
servo a ela preso, e por outro no trabalho próprio com um pequeno capital a
dominar o trabalho dos oficiais. A estrutura de ambas, estava condicionada
pelas relações de produção (pequena cultura agricultura e industria artesanal).
Aqui teve pouca divisão do trabalho (p. 20).

7- A Essência da Concepção Materialista da Historia. Ser Social e consciência


social.
Existe a conexão da estrutura social e política com a produção. A estrutura
social e o estado decorrem do processo de vida de determinados indivíduos;
mas não como eles poderão parecer na sua representação, mas como eles
realmente são, ou seja, como agem, como produzem materialmente, como
trabalham, portanto, em determinados limites que não dependem da sua
vontade (p. 21)
A produção das idéias e representações da consciência estão entrelaçadas
com a atividade material dos homens. Os homens são produtores das suas
representações, idéias,..., mas os homens reais, os que realizam,tais como se
encontram condicionados por um determinado desenvolvimento das suas
forças produtivas e das relações que a estas correspondem até suas
formações mais avançadas.
A consciência nunca pode ser outra coisa senão o ser consciente, e o ser dos
homens é o seu processo real de vida (p. 22)
Se em toda a ideologia os homens e as suas relações aparecem de cabeça
para baixo, isto significa que este fenômeno, deriva do seu processo histórico
de vida. Em oposição à filosofia alemã ( a qual desce do céu a terra) aqui
parte-se dos homens realmente ativos, e com base no seu processo real de
vida. 
Dessa forma, são os homens que desenvolvem a sua produção material e o
seu intercambio material que, ao mudarem esta sua realidade, mudam também
o seu pensamento e os produtos do seu pensamento (p. 23). É a vida que
determina a consciência e não a consciência que determina a vida, segundo os
idealistas.
Pensando nessa premissa, o homem não como um ser isolado, mas o homem
no seu processo de vida ativa, que a historia se apresenta não como uma
coleção de fatos mortos como é para os empiristas. 

8- Condição da Libertação Real do Homem

A libertação é um ato histórico, não um ato de pensamento, esta é realizada


por relações históricas. O homem só se liberta quando estiver em condições de
adquirir comida e bebida, habitação e vestuário na qualidade e na quantidade
perfeitas (p. 25).

9- Critica do Materialismo Contemplativo e Inconseqüente de Feuerbach

A concepção de Feuerbach do mundo sensível se limita a mera contemplação


e a sensação (p 26). Ele diz “o homem , em vez de dizer, os homens históricos
reais, é o alemão. Ele não vê que o mundo sensível que o rodeia não é uma
coisa dada da eternidade, mas produto da industria e do estado em que se
encontra a sociedade; e que também é um produto histórico, resultado da
atividade de toda uma serie de gerações dados por meio do desenvolvimento
social, da industria e do intercambio comercial (p.27)
Feuerbach tem, no entanto, sobre os materialistas puros, a grande vantagem
de compreender que também o homem é objeto sensível; mas somente o
homem como objeto sensível, e não como atividade sensível. Vê o homem
apenas o corpóreo, individual, não conhece outras relações, a não ser de
amizade e de amor. Este não faz nenhuma critica às condições de vida atuais
(p. 29)
Enquanto materialista, para Feuerbach a historia não conta, e quando
considera a historia não é materialista. Para ele materialismo e historia
divergem completamente (p. 30). Os alemães estavam habituados a imaginar a
historia e histórico tudo o que é possível, mas não o que é real.

10- Relações Históricas Primordiais, ou os aspectos básicos da Atividade


Social: Produção dos Meios de Subsistência, Produção de Novas
Necessidades, Reprodução das pessoas (a família), Intercâmbio social,
Consciência.

Toda a existência humana, toda a historia, ou seja, a (1ª) premissa de que


todos os homens tem de estar em condições de viver para poderem fazer
historia.
O primeiro ato histórico é, portanto, a produção dos meios para a satisfação
das necessidades ( comer, beber, habitação, trabalho...) a produção da própria
vida material (p.31).
O segundo ponto é a própria primeira necessidade satisfeita, a ação da
satisfação conduz a novas necessidades – esta produção de novas
necessidades é o primeiro ato histórico.
A terceira relação, que logo desde o inicio entra no desenvolvimento histórico,
é esta: os homens que, dia-a-dia, renovam a sua própria vida começam a fazer
outros homens a reproduzir-se – a relação entre homem e mulher, pais e filhos,
a família (p. 32).
Esses três momentos, que desde o começo da historia e desde os primeiros
homens, existiram simultaneamente, e que ainda hoje se afirmam na historia
(p. 32).
A produção da vida surge como uma dupla relação: Relação natural e Relação
social ( entende social como a cooperação de vários indivíduos). Daqui resulta
um modo de produção que esta sempre ligado a força produtiva, e que a
quantidade das forças produtivas acessíveis aos homens condiciona o estado
da sociedade. Que deve ser sempre estudada em conexão com a historia da
industria e da troca
(p. 33).
Depois de considerarmos esses 4 momentos verificamos que o homem tem
consciência. A consciência só nasce da necessidade de entrar em ligação com
os indivíduos à sua volta numa sociedade. A consciência é um produto social,
surge como resultado do ser social atuando sobre as consciências os seres
humanos. Dessa forma, o ser social que determina a consciência (p. 34).
A divisao do trabalho se desenvolve, desde a divisão do ato sexual, e depois a
divisão espontânea ou natural. A divisão do trabalho só se torna realmente
divisão a partir do momento em que surge uma divisão do trabalho material e
espiritual (p. 35).

11- A Divisão Social do trabalho e as suas Conseqüências: a Propriedade


Privada, o Estado, a Alienação da Atividade Social.

A propriedade tem origem na família, onde a mulher e os filhos são escravos


do homem. Divisão do trabalho e propriedade privada são expressões idênticas
– uma em relação à atividade e a outra ao produto da atividade (p. 37).
Na divisão do trabalho está dada a contradição entre o interesse de cada um
dos indivíduos, ou família, e o interesse da comunidade. E é por essa
contradição do interesse particular do interesse comunitário que o interesse
comunitário assume uma forma autônoma como ESTADO, separado dos
interesses, e ao mesmo tempo, como comunidade ilusória, mas sempre sobre
a base real.
A divisão do trabalho oferece-nos logo o primeiro ex. de como, enquanto os
homens se encontram na sociedade natural, ou seja, enquanto existir a cisão
entre o interesse particular e o comum, enquanto a atividade não é dividida
voluntariamente, a própria ação do homem se torna um poder alheio e oposto
que o subjuga, em vez dele dominar (p. 39).

12- Desenvolvimento das Forças Produtivas como uma Premissa Material do


Comunismo

Para a alienação ficar insuportável e ser superada pela revolução é necessário:


1- criar grande massa de pessoas destituídas da propriedade em contradição
com um mundo de riqueza e cultura; 2- e o desenvolvimento das Força
Produtivas gerar miséria e penúria.
O comunismo não é para nós um estado de coisas que deve ser estabelecido.
Chamamos comunismo ao movimento real que supera o atual estado de
coisas. A forma de troca condicionada em todos os estágios históricos até aos
nossos dias pelas forças de produção existente é a sociedade civil – tem sua
base na família simples e a composta. A sociedade civil é o verdadeiro lar e
teatro de toda a historia. A historia até hoje defendida despreza as relações
reais (p. 42 e 43).

13- Conclusões da Concepção Materialista da Historia: continuidade do


Processo Histórico, Transformação da Historia em Historia Mundial. A
Necessidade de uma revolução Comunista

A historia não é senão a sucessão das diversas gerações, cada uma das quais
explora os materiais, capitais, forças de produção ...
A transformação da Historia em Historia Mundial, não é de modo nenhum, um
mero ato abstrato, mas um ato totalmente material, demonstrável
empiricamente por cada individuo no seu dia-a-dia, ao comer, ao beber e ao
vestir-se. Mas a medida que se alarga à escala histórico mundial, fica cada vez
mais escravizado pelo mercado mundial (p. 44 e 45).
A verdadeira riqueza espiritual do individuo depende completamente da riqueza
das suas relações reais (p. 45).

14- Resumo da concepção Materialista da Historia

A força motora da historia, também da religião, da filosofia e de todas as


demais teorias não é a critica, mas sim a revolução. (p. 48)
Na historia se encontra uma soma de forças de produção, uma relação
historicamente criada com a natureza e dos indivíduos uns com os outros que é
transmitida de uma geração modificada pela outra. (p. 49) Os homens fazem as
circunstancias e as circunstancias fazem os homens.

15- Falta de fundamento da Concepção anterior da Historia, a concepção


idealista, particularmente da filosofia alemã pós – hegeliana.

A concepção idealista vê a historia segundo os historiadores que vêem a


historia como ações políticas e religiosas e que estas ilusões fazem a força
motora da historia. (p. 50)
A filosofia da historia de Hegel – pensamento puro, essa concepção é
realmente religiosa, coloca toda a imaginação e ilusão no homem religioso, em
vez de colocar no lugar da produçao real dos meios de subsistencia da própria
vida, ou seja, Hegel coloca o homem imaginários( idéia pura) no lugar do
homem real e a historia parte disso. (p. 51)
Resolver essa questão somente pela mudança das circunstancias, mas para o
religioso as circunstancias já estão resolvidas.
Na Alemanha, os filósofos só se preocupavam com os acontecimentos locais e
esqueciam as outras nações, não reconheciam os atos de outros povos como
históricos. (p. 53) 

16- Critica adicional de Feuerbach da sua Concepção Idealista da Historia

A dedução de Feuerbach não vai alem de que os homem precisam e sempre


precisaram uns dos outros. Ele quer produzir uma consciência correta a cerca
de um fato existente. O comunismo real derruba este e os filósofos colocaram a
noção de comunista de Feurbach no lugar do comunismo real. (p. 54)
Feurbach expõe que o ser de uma coisa ou de um homem é ao mesmo tempo,
a sua essência. O meu ser é minha essência. Marx diz que a tua essência é
estares subordinado a um ramo de trabalho? E afirma que o homem é o que o
modo de produção da subsistência produz, o homem é que faz suas
circunstancia a partir de sua historicidade. (p. 55) Feurbach nunca fala do
homem nestes casos. Para ele a contradição própria do ser deve ser
tranqüilizada por ele próprio.

17- A classe dominante e a consciência dominante. Formação da concepção


de Hegel do domínio do espírito na historia. 

A classe que tem a sua disposição os meios de produção material tem para a
espiritual. E as idéias dominantes é a expressão ideal das relações materiais
dominantes. (p.56)
Os indivíduos que constituem a classe dominante tem a consciência, pensam,
dominam e determinam todo o conteúdo de uma época histórica. Dominam
como pensadores, como produtores de idéias, regulam a produção e a
distribuição de idéias de seu tempo. (p. 57)
A divisão do trabalho é uma das principais forças da historia até os nossos dias
(divisão do trabalho material e espiritual)
A existência de idéias revolucionarias numa época determinada pressupõe a
existência de uma classe revolucionaria. (p. 57)
Os historiadores dominantes a partir do séc. XVIII acreditam na expressão
ideal: a dar as suas idéias a forma da universalidade e apresentá-las como as
únicas racionais e universalmente validas (p. 58).
Os filósofos, pensadores que dominaram a historia, demonstraram sempre a
soberania do espírito. (p. 60)

Postado por SONIA RIBAS às 21:41

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