Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Departamento de História
O presente trabalho tem por intenção fazer uma breve sondagem a respeito das
contribuições da arqueologia histórica para o estudo dos quilombos no Brasil. Ao longo
do trabalho, será feita uma breve análise sobre o que são os quilombos e qual seria o
papel da arqueologia histórica, culminando com a revisão de resultados da pesquisa
arqueológica no Quilombo dos Palmares.
ABSTRACT
This paper intends to make a brief survey about the contributions of historical
archaeology in the study of quilombos in Brazil. During the text, there will be done a
brief analysis about what are the quilombos and what are the guidelines for historical
archaeology research, culminating in the review of the results of archeological
researches in Palmares Quilombo.
Esta fuga, que levava à formação de grupos de escravos fugidos, aconteceu nos
lugares onde havia escravidão e recebeu diferentes nomes em diferentes lugares, sendo
no Brasil chamado principalmente de quilombos e mocambos (REIS & GOMES, 1996, p.
10).
Segundo Donald Ramos, os quilombos desempenharam importante papel no
tecido social do sistema escravocrata brasileiro. Eles podem ser vistos como uma forma
de rejeição para a escravidão por parte de muitos escravos, mas também como uma
forma de fuga individual do cativeiro. Daí sua diferença para a rebelião, que é retratada
por Donald Ramos como sendo em muitos casos “um esforço para destruir o sistema
[...] ” (RAMOS in REIS & GOMES, 1996, p. 167).
Como conclusão, Donald Ramos afirma que os quilombos representavam uma
porta de saída para a escravidão, sendo no caso de Minas Gerais, também parte de um
sistema maior desenvolvido pela mineração. A existência de quilombos permitiu aos
escravos desempenharem vários papéis, que iam desde se portar como um escravo
obediente a maior parte do tempo a ajudar os quilombolas e mesmo juntar-se a eles. De
acordo com Donald Ramos, isto criou uma ambigüidade que provocava frustrações às
autoridades e ao sistema. Para João Reis e Flávio Gomes, o quilombo ainda “seria uma
espécie de sociedade alternativa à sociedade escravocrata, onde todos seriam livres e
possivelmente iguais, tal como teriam sido na África [...]” (REIS & GOMES, 1996, p. 11).
Em síntese, o quilombo teria sido uma formação (político)social que assumia uma
diversidade de funções, e cujos membros participavam de forma ainda mais diversa quando em
relação à sociedade vigente.
3. Arqueologia Histórica
Por ter sido esta “manifestação mais emblemática”, o caso Palmares se tornou de
fato uma figura representativa do medo colonial das rebeliões escravas. Este medo,
segundo Guimarães, teria encontrado respaldo na realidade das Minas Gerais à época do
ouro, onde o trabalho escravo, fortemente empregado, gerava a reação dos escravos, que
ao longo de pouco mais de meio século, gerou mais de 160 quilombos (GUIMARÃES
in REIS & GOMES, 1996, p. 141)1. Nas palavras do autor sobre o fortalecimento da
imagem de palmares “Não fosse a realidade mineira tão rica em atitudes de rebeldia por
1
Segundo Carlos Magno Guimarães, 160 é o número de quilombos encontrados e destruídos em Minas
Gerais entre 1710 e 1798.
parte dos escravos, provavelmente Palmares não teria sido tão lembrado pelas
autoridades” (GUIMARÃES in REIS & GOMES, 1996, p. 161).
Falar que o quilombo dos Palmares foi uma formação político social formada
por escravos, índios e talvez alguns brancos é algo bastante normal, que independe de
estudos arqueológicos. Porém, muito se perdeu na documentação, e várias novas
informações sobre Palmares, como no caso da pesquisa de campo retratada por Pedro
Paulo Funari (FUNARI in REIS & GOMES, 1996, p. 26), já nos mostram um novo
panorama sobre o Quilombo.
Em 1991 foi criado o Projeto Arqueológico Palmares, a fim de estudar o
quilombo através da arqueologia Histórica. Os primeiros trabalhos de campo foram
realizados inicialmente entre 1992 e 1993. A primeira etapa da escavação se concentrou
na área considerada como a capital do quilombo, a serra da Barriga.
Tendo sido escavados 14 sítios arqueológicos na serra da barriga, os resultados
da escavação foram bastante significativos, embora em estágio inicial. Foram
encontradas estruturas referentes a possíveis paliçadas de madeira e o mais impressivo,
foi encontrado em grande quantidade cerâmica indígena, o que Funari conclui sugerir
que “uma mescla cultural no assentamento quilombola devia ser, a exemplo de outros
casos, muito intensos” (FUNARI in REIS & GOMES, 1996, p. 46). Na análise do artigo
de Funari, João Reis e Flávio Gomes elaboram uma série de perguntas para as
conclusões de Funari, nas palavras dos autores:
5. Conclusões
ABREU, Martha. Outras histórias de Pai João: conflitos raciais, protesto escravo e
irreverência sexual na poesia popular, 1880 – 1950. Revista Afro-Ásia, número 31, ano
2004.
REIS, João José & GOMES, Flávio dos Santos (org.). Liberdade por um fio – História
dos quilombos no Brasil. 1. ed. São Paulo: Cia das Letras, 1996.
REIS, João José & GOMES, Flávio dos Santos. Introdução – Uma História da
Liberdade. In: REIS, João José & GOMES, Flávio dos Santos (org.). Liberdade por
um fio – História dos quilombos no Brasil. 1. ed. São Paulo: Cia das Letras, 1996, p. 9.