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FAINOR – Faculdade Independente do Nordeste

Curso de Graduação em Enfermagem

Disciplina: Biossegurança

Tipos de Isolamento e suas Precauções com o Paciente

Vitória da Conquista

23 de maio 2011.
FAINOR- Faculdade Independente do Nordeste

Curso de Graduação em Enfermagem

Disciplina: Biossegurança

Angélica Oliveira Freitas

Antônio Miguel de Oliveira Júnior

Tânia Cibele Paiva Santos de Medeiros

Simone da Silva Pereira

Tipos de Isolamento e suas Precauções com o Paciente

Pesquisa apresentada à
professora Olguimar Ivo com
avaliação parcial da III unidade da
disciplina Biossegurança,
referente ao trabalho de
Isolamento, e suas precauções.

Vitória da Conquista

23 de maio 2011.
1. Resumo

Sem dúvida alguma, as infecções hospitalares constituem um grave problema de


saúde pública, tanto pela sua abrangência como pelos elevados custos sociais e
econômicos. O conhecimento e a conscientização dos vários riscos de transmissão de
infecções, das limitações dos processos de desinfecção e de esterilização e das
dificuldades de processamento inerentes à natureza de cada artigo são imprescindíveis
para que se possa tomar as devidas precauções.

O conhecimento e a divulgação dos métodos de proteção anti-infecciosa são


relevantes uma vez que, a atuação do profissional de saúde está na interdependência do
material que está sendo usado, como veículo de transmissão de infecção tanto para o
paciente como na manipulação dos artigos sem os devidos cuidados.

A identificação de novos agentes infecciosos, a crescente expansão de infecções e


doenças já conhecidas tem estimulado a revisão das medidas de biossegurança nas
atividades profissionais dos trabalhadores da saúde.
2. Introdução

Com o avanço das terapêuticas medicamentosas, em especial dos antibióticos e


posteriormente com os programas de imunização, as doenças infecciosas em nosso
país, foram até certo ponto controladas, reduzindo-se assim a demanda de
hospitalização para tais casos. Entretanto, surgem variáveis tais como novos agentes
etiológicos, como os vírus do HIV, o hantavírus, o coronavírus, entre outros; a
sazonalidade de certas doenças como a dengue; o acúmulo de susceptíveis por baixa
cobertura ou falha vacinal, como o sarampo; o ressurgimento da tuberculose e a
ascensão dos microrganismos multirresistentes (RESENDE, 1996; FORTALEZA,
2004).

Atualmente, pode-se concluir que o desenvolvimento tecnológico, a


disponibilidade de vacinas e de potentes antimicrobianos não foi suficiente para
evitar o aparecimento de epidemias. As interações entre os seres humanos e o
ambiente que os cerca são complexas e estão em constantes mudanças,
determinando novas possibilidades para aquisição e transmissão de agentes
infecciosos. Embora grandes epidemias sejam predominantemente comunitárias, um
significativo número de indivíduos acometidos busca atendimento em serviços de
saúde e uma parcela desta acaba sendo internada em hospitais gerais
(FORTALEZA, 2004).

Outro problema enfrentado pelas instituições de saúde é o acometimento de seus


trabalhadores por infecções e doenças transmissíveis decorrentes de sua atividade
profissional (FIGUEIREDO et al, 2000; NISHIDE & BENATTI, 2004).

Várias diretrizes foram estabelecidas na tentativa de minimizar estes riscos


ocupacionais como a reorganização do modelo de isolamento/precauções,
imunização, desenvolvimento de equipamentos e materiais com maior segurança,
entre outros (CARDO & BELL, 1997; GARNER, 1996). “Entretanto a adesão às
ações de biossegurança constitui o maior desafio desde as primeiras formulações de
medidas de proteção, inicialmente referidas como isolamento” (NICHIATA et al,
2004, p. 62), pois, os profissionais de saúde possuem baixa percepção do risco
apresentado (FLORÊNCIO et al, 2003).
Essas medidas visam evitar a disseminação dos agentes etiológicos nas
instituições de saúde e baseiam-se na utilização de barreiras mecânicas, químicas e
ambientais (NICHIATA et al, 2004). Essas barreiras devem ser estabelecidas para o
agente causal da doença, de acordo com sua via de transmissão, e não imposta para
segregar o paciente.

Mudanças na concepção de isolamento, associadas às medidas de controle como


vacinação e o tratamento ambulatorial de muitas doenças infecciosas, geraram
alterações inclusive na planta física dos hospitais e até a desativação de hospitais
específicos para doenças infecciosas (NOGUEIRA et al, 2004). Em um trabalho
nacional (MORYA et al, 1995) os autores citam que no Brasil, o Ministério da
Saúde (BRASIL, 1995), não recomenda mais a construção de unidades específicas
de isolamento, orientando a previsão de um quarto destinado a portadores de
doenças transmissíveis para cada 40 leitos, em todas as enfermarias.

Atualmente o modelo de precaução/isolamento mais utilizado é o proposto por


GARNER (1996), que classifica as precauções, em precauções padrão e baseadas na
transmissão, sendo as últimas divididas em: precaução de contato, precaução aérea e
precaução por gotículas.

Com esta mudança no conceito de precaução/isolamento, para o cuidado de todo


e qualquer paciente internado no hospital, deveriam ser adotadas as precauções
padrão e nos casos necessários, acrescentadas a estas, as precauções baseadas na
transmissão, o que poderia ocorrer em qualquer unidade ou leito do hospital.
Entretanto sabe-se que muitos hospitais conservam plantas físicas que foram
projetadas nos moldes antigos e mantém áreas específicas para internação de
pacientes com doenças infecciosas.

Com o objetivo de analisar como ocorrem as práticas de precauções/isolamento


a partir do diagnóstico de internação, em uma unidade específica para doenças
transmissíveis, é que se propõe esse trabalho. Acredita-se que estes achados possam
contribuir para uma reflexão e revisão das práticas de isolamento adotadas em
diferentes instituições hospitalares.
3. DEFINIÇÃO PARA ISOLAMENTO

É separar o paciente para evitar a transmissão de bactérias e outros patógenos


encontrados em pacientes colonizados/infectados para pacientes susceptíveis e
profissionais da saúde, contribuindo para o aumento das infecções hospitalares. A
disseminação de infecções dentro de um hospital requer três elementos básicos: a fonte
de infecção, a suscetibilidade do hospedeiro e a virulência do agente. A principal fonte é
humana.

Os infectantes podem ser doentes, indivíduos em período de incubação ou


portadores crônicos de agentes infecciosos. Também é fontes de infecção a flora
endógena de pacientes, pessoas que estão colonizadas por um agente infeccioso, mas
não têm a doença aparente, e objetos, equipamentos e medicações que se tornaram
contaminadas.

O individuo considerado como hospedeiro das infecções pode desenvolver resposta


imunológica variável frente à presença de patógenos e outros fatores facilitadores do
estado infeccioso são idade, doença de base, uso de antimicrobianos, corticosteróides e
irradiação procedimentos invasivos, drogas imunossupressoras e a própria
suscetibilidade do paciente à infecção.

O mesmo agente infeccioso pode diferentes cepas, agrupadas em sorogrupos e


sorotipos, com constituições gênicas determinando modificações na produção de
fatores, virulência e/ou sensibilidade e resistência aos antimicrobianos.
4. HISTÓRICO

As primeiras recomendações publicadas na literatura médica sobre isolamento e


precauções em doenças infecto-contagiosa foram feitas em 1887.
1890 a 1900 profissionais de saúde em hospitais de doença infectos contagiosas
começaram a combater problemas de transmissão de infecções nosocomiais;
1910 as praticas para isolamentos foram alteradas com a introdução de um novo
sistema, o qual colocava pacientes com doenças infecto contagiosas em um quarto com
vários leitos;
1950 hospitais e enfermarias de doenças infecto contagiosa começaram
gradativamente a ser desativados, exceto aqueles destinados exclusivamente para a
tuberculose;
1960 hospitais para tratamento de tuberculose também iniciaram o processo de
desativamento;
1970 CDC publicou sete categorias de isolamentos: restrito, respiratório, protetor e
precauções: entéricas, com ferida e pele, com drenagem e com sangue.
1983 O CDC publicou um novo manual para isolamento e precauções em hospitais:
A comissão de controle de infecção hospitalar – CCIH foi dada uma opção de
selecionar entre categoria específica e doenças específicas de isolamento e precauções
ou usar o manual para desenvolver um sistema de isolamento apropriado para as
situações do seu hospital.
Os profissionais da área de saúde foram estimulados a decidir se eles precisariam
usar máscaras, capotes ou luvas, com base na possibilidade de exposição à material
infectado.
1987, um novo sistema de isolamentos foi proposto, no intuito de se minimizar a
transmissão de bactérias multiresistentes e de proteger o profissional de saúde de
infecções por patógenos veiculado pelo sangue.
5. TIPOS DE ISOLAMENTO

Isolamento restrito – realizado para evitar a transmissão de infecção altamente


contagiosa, que pode ser disseminada pelo ar ou vias de contato.
Doenças: Difteria, febres hemorrágicas virais, varíola, herpes zoster em pacientes
imunodeprimidos ou em quadro disseminado, tipos de quarto isolado com sala privada –
pacientes portadores do mesmo agente infeccioso podem ficar no mesmo quarto.
Medidas de proteção – uso de máscaras, aventais e luvas (descartáveis).

Isolamento de contato evitar a transmissão de infecções altamente contagiosas


disseminadas pelo contato direto, que não justifiquem o isolamento estrito.
Doenças: Infecção respiratória, conjuntivite em recém nascido, difteria, tuberculose,
herpes simples, doenças de pele.
Medida de proteção: uso de máscaras, aventais e luvas ( descartáveis)

Isolamento respiratório: Para evitar a transmissão de doenças infecciosas a pequena


distancia pelo ar.
Doenças: Sarampo, meningite, caxumba, coqueluche;
Medidas de proteção: Uso de máscaras, aventais e luvas (descartáveis)

Isolamento para precauções entéricas: Visa evitar infecções por contato direto com
as fezes.
Doenças: Cólera, diarréia infecciosa, hepatite A, meningite viral, gastrenterite
Medidas de proteção: Uso de máscaras, aventais e luvas (descartáveis), lavagem
correta das mãos antes e depois do trato com o paciente.
6. PRECAUÇÕES

Com drenagem / secreção de materiais


Doenças: abscessos, infecções de pele, queimaduras, feridas infectadas, conjuntivite,
úlcera de decúbito
Quarto comum
Com sangue/ fluidos corporais ou líquidos orgânicos
Doenças: AIDS, dengue, febre amarela, hepatite B, sífilis.
Quarto isolado

Obs.: Somente nos casos em que o paciente não consegue manter sua higiene
pessoal tornando-a precária.

7. TIPOS DE TRANSMISSÃO

Contato direto
Contato indireto
Gotículas
Ar
Veículo Comum
Vetor

8. TRABALHO DA CCIH NO AMBIENTE

Detectar casos de infecção hospitalar seguindo os critérios de diagnósticos


previamente estabelecidos.
Identificar e Conhecer as principais infecções hospitalares detectadas pelo serviço e
definir se as ocorrências destes fatos episódicos de infecção estão dentro dos parâmetros
aceitáveis.
Elaborar normas de padronização para que os procedimentos realizados na
instituição sigam uma técnica asséptica, diminuindo o risco de o paciente adquirir
infecção.
Colaborar no treinamento de todos os profissionais de saúde no que se refere a
prevenção e controle de infecções hospitalares.
Realizar o controle da prescrição de antibióticos, evitando que os mesmos sejam
utilizados de maneira descontrolada no hospital.
Recomendar medidas de isolamento de doenças transmissíveis, quando se tratar de
pacientes hospitalizados.
Oferecer apoio técnico à administração hospitalar para aquisição correta de
materiais e equipamentos e para o planejamento adequado da área física das unidades.
Tendo na equipe multidisciplinar a participação ativa dos profissionais:

Médico
Enfermeiro
Farmacêutico
Microbiologista
Epidemiologista
Cirurgiões
Obstetras
9. CONCLUSÃO

Cabe ressaltar que, na pesquisa em questão, em nenhum dos casos a internação foi
realizada com a identificação do tipo de precaução necessária para aquele paciente e sim
a indicação genérica de “isolamento”. Deve ser mencionado, entretanto, que está
disponível na unidade o manual precauções/isolamento, confeccionado pela Comissão
de Controle de Infecção Hospitalar da instituição, baseado na classificação de GARNER
(1996).

A indicação genérica de “isolamento” remete a situação da década de 1960 onde


segundo MORYA et al (1995), o isolamento de pacientes com doenças transmissíveis
não era sistematizado com base nos seus aspectos epidemiológicos e sim uniformizados
a todos os tipos de doenças infecciosas. O modelo atual baseia-se no comportamento
dos agentes etiológicos e para o entendimento do mesmo deve-se conhecer a cadeia
epidemiológica da doença em questão (NICHIATA et al, 2004).

A sistematização dos tipos de isolamento trouxe vários benefícios, como facilidades


de atuação dos profissionais da área e economia à instituição, uma vez que os
equipamentos de proteção individual deixaram de ser usados de forma indiscriminada,
servindo apenas para o cumprimento de um ritual (NICHIATA et al, 2004). Acrescenta-
se que esta sistematização estimula o raciocínio crítico e aumenta a segurança da equipe
tendo em vista que direciona a atenção do profissional para cada caso em particular.
A presença cada vez mais freqüente dessa realidade no hospital deve
redirecionar a atenção dos pesquisadores e demais profissionais de saúde a repensarem a
prática de isolamento de suas instituições.

A manutenção ou não de unidades específicas para pacientes com doenças


transmissíveis dentro de hospitais gerais pode ser discutível. Entretanto, independente
da opção escolhida ou da realidade existente, é fundamental a uniformização da prática
adotada pela equipe de saúde em toda a instituição.

 
10. REFERENCIAS

BRASIL. Ministério da Saúde. Centro de documentação. Manual de controle de


infecção hospitalar. Brasília, 1985.

FIGUEIREDO, R.M. et al. Occupational exposure to potentially contaminated


material in a Brazilian University Hospital. Infection Control and Hospital
Epidemiology. v.2, n.21, p.97-109, 2000.

GARNER, J.S. Hospital Infection Control Practices Advisory Committee – Guidelines


for isolation precautions in hospitals. Infection Control and Hospital Epidemiology.
v.17, n.4, p.53-80, 1996.

MORYA, T.M.; GIR E.; VIETTA, E.P.; PEREIRA, M.S. Doenças transmissíveis e
isolamento: a percepção de aluno de enfermagem. Revista da Escola de
Enfermagem da USP. v.29, n.3, p.286-296, 1995.

NICHIATA, L.Y.I. et al. Evolução dos isolamentos em doenças transmissíveis: os


saberes na prática contemporânea. Revista da Escola de Enfermagem da USP. v.38,
n.1, p.61-70, 2004.

NISHIDE, V.M.; BENATTI, M.C.C. Riscos ocupacionais entre trabalhadores de


enfermagem de uma unidade de terapia intensiva. Revista da Escola de
Enfermagem da USP. v.38, n.4, p.406-414, 2004.

NOGUEIRA, P.A; ABRAHAO, R.M.C. de M.; MALUCELLI, M.I.C. Baciloscopia de


escarro em pacientes internados nos hospitais de tuberculose do Estado de São
Paulo. Revista Brasileira de Epidemiologia. v.7, n.1, p.54-63, 2004.

PEREIRA, M. S. et al. Controle de infecção Hospitalar em Unidade de Terapia


Intensiva: desafios e perspectivas. Revista Eletrônica de Enfermagem. v.2, n.1,
2000 [online]. Disponível em: http://www.fen.ufg.br/revista/revista2_1/IH.html
[Acesso em 23 maio 2011].

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