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Georg Simmel
RESUMINDO:
O homem que vive nas grandes cidades vive num estado de resistência,
para manter sua subjetividade, autonomia e individualidade;
O contraponto é do homem mais primitivo, que tinha uma luta pela
sobrevivência apenas;
Outrossim, a metrópole criaria um modo de vida com tantos estímulos e
com um ritmo de vida tão acelerado que o metropolitano, como defesa.
Tende a reagir menos emocionalmente e mais com a inteligência
(atitude de reserva) ou a quase não reagir (atitude blasé).
Essa atitude é um dos dois extremos do comportamento humano
influenciado pela vida moderna, no qual a pessoa, em meio à economia
do dinheiro e controle rígido do tempo, mergulha em sua própria
subjetividade sem se envolver com o ambiente externo;
Assim, acontece o distanciamento cada vez maior dos concidadãos,
muitas vezes através de uma espécie de desconfiança excessiva de
uma atitude de reserva em face às superficialidades da vida
metropolitana;
Essa reserva seria o fator que, aos olhos de pessoas de cidades
pequenas, faz com que as pessoas das metrópoles pareçam frios e até
antipáticos;
Esse cenário de frieza e distância, quando comparamos com o modo de
vida no campo, vem junto com a presença massificante do dinheiro,
como medida de todas as coisas;
Tudo perde o encanto, a “cor”, o caráter único, para se tornar um preço;
até mesmo os relacionamentos pessoais são afetados por esta lógica
monetária;
Simmel apresenta a ideia de metrópole como ilustração do princípio da
união em grupos sociais (partidos políticos, governos etc.);
Esses grupos, inicialmente pequenos e coesos, por natureza,
necessitam de regras para se manterem, diminuindo assim as
liberdades individuais;
Com o crescimento do grupo, a tendência observada em todos os casos
é das regras ficarem menos rígidas, dando uma maior liberdade aos
indivíduos que compõem o grupo;
A auto-estima também parece difícil na grande cidade. E algumas
pessoas tentam mantê-la através do reconhecimento e atenção de
outras;
Para isso, criam um comportamento “extravagante”, tentando serem
únicas no universo massificado da metrópole.
“A antiga polis é um exemplo que parece ter o próprio caráter de uma
cidade pequena”. (p.19)
Eram constantes as ameaças externas, fazendo com que se
desenvolvesse uma estrita coerência quanto aos aspectos políticos e
militares, uma supervisão de cidadão pelo cidadão, um ciúme do todo
contra o individual, tendo, por fim, a vida individual suprimida;
“a tremenda agitação e excitamento, o colorido único da vida ateniense,
podem ser talvez compreendidos em termos do fato de que um povo de
personalidades incomparavelmente individualizadas lutava contra a
pressão constante, interna e externa, de uma cidade pequena
desindividualizante”. (p.19)
Para Simmel, “isto produziu uma atmosfera tensa, em que os indivíduos
mais fracos eram incitados a pôr-se à prova da maneira mais
apaixonada”.
Por isso, floresceu em Atenas o que deve ser chamado, sem ser
exatamente definido, de “o caráter humano geral” no desenvolvimento
intelectual de nossa espécie.
Para Simmel, o indivíduo se opõe à sociedade na medida em que luta
para manter sua individualidade, para distinguir-se, quando a sociedade
e o modo de vida das grandes cidades, seus horários rígidos, seus
números desumanos, tendem a massificar seus pensamentos e
comportamentos;
Essa oposição ou conflito entre indivíduos e sociedade diminui se
mudarmos de perspectiva e observarmos a liberdade e igualdade
maiores que a metrópole proporciona quando comparada à vida no
campo, ou numa cidade pequena, ou no século XVIII, com regras mais
rígidas (políticas, religiosas etc.).
Simmel faz uma comparação interessante entre cultura objetiva, que
seria a cultura ligada a objetos, coisas, instituições; e a cultura subjetiva,
que estaria ligada ao indivíduo.
Há uma diferença grande no ritmo de crescimento das duas culturas;
Enquanto a objetiva cresceu grandemente, motivada pela crescente
especialização, a cultura subjetiva cresceu lentamente ou pode até
mesmo ter regredido em certos pontos como ética, idealismo, etc.
“Não é preciso mais do que apontar que a metrópole é o genuíno
cenário dessa cultura que extravasa de toda vida pessoal”. (p. 23)
A causa desse fenômeno,seria a divisão do trabalho, que torna os
indivíduos cada vez mais alheios ao todo, com sua visão focada apenas
ao processo (cada vez maior) que lhe é atribuído, para ganhar dinheiro;
Por exemplo, um artesão, na antiguidade, sabia como funcionava cada
parte da carroça que construía, em seu ritmo, com sua arte, sua
subjetividade;
Na época do texto de Simmel (passagem dos séc. XIX e XX), um
operário de uma fábrica é quase um robô (bem representado no filme
“Tempos Modernos”, de Chaplin), apertando parafusos, sem espaço
nenhum para subjetividade.