COMPETITIVO
Genilto Vanzin
Djone Kochanski
Faculdade Metropolitana de Blumenau – FAMEBLU
Bacharelado em Sistemas de Informação – Trabalho de Graduação II
04/12/2009
RESUMO
Manter a estrutura de tecnologia de informação atualmente não se mostra papel fácil para as
organizações, uma vez que esta vem se tornando cada vez mais complexa e difícil de ser mantida
atualizada às novas tendências e, é neste sentido que o presente artigo demonstra que aderir à
idéia de terceirização desses serviços, o chamado outsourcing de TI, pode representar em uma
prática interessante. O objetivo disso é alcançar melhores resultados de produtividade e
flexibilidade para enfrentar mudanças bruscas de cenários bem como possibilitar que a empresa
mantenha o foco em seu negócio principal e, assim, possibilitar um melhor posicionamento da
empresa com relação a seus concorrentes.
1 INTRODUÇÃO
A informação assume papel cada vez mais importante e estratégica para as organizações,
sendo esta base para uma tomada de decisões mais assertivas. O cenário se mostra cada vez mais
competitivo, e, para atender às necessidades deste novo ambiente, a informação precisa ter como
suporte uma adequada Tecnologia de Informação (TI), a fim de disponibilizar respostas rápidas e
eficientes que a competitividade está constantemente exigindo.
Pensando por esse lado, uma das soluções pode ser terceirizar, isto é, passar as tarefas
referentes à tecnologia da informação para empresas especializadas, de forma que a
responsabilidade de atualizações, tanto de recursos tecnológicos como de pessoal, fique a cargo
dessas empresas.
2 TECNOLOGIA DE INFORMAÇÃO
Falando no que poderia ser terceirizado, neste trabalho, adota-se o conceito mais amplo de
Tecnologia da Informação (TI), desde o uso de hardware e software, telecomunicações, automação,
recursos multimídia e todos outros recursos e pessoal dedicados a TI, quer sejam centralizados ou
descentralizados, sem deixar de considerar os sistemas de informação, serviços, negócios, usuários
e as relações complexas envolvidas, conforme define Weil (1992).
3 DIFERENCIAL COMPETITIVO
Vamos falar um pouco da palavra competitividade. Mañas (1999), diz que há muita
ambigüidade com relação a ela. Normalmente é utilizada de maneira imprecisa pelos meios de
comunicação. Aqui o grande enfoque está em tratar a competitividade como competitividade global
da empresa e não como competitividade de um produto ou serviço em particular. Uma empresa
pode ter um produto competitivo e ser globalmente deficitária.
A conclusão a que chegamos é que temos de considerar a empresa competitiva como sendo,
de acordo com Lesca (1996), aquele que por vontade própria se mantém num mercado
concorrencial e evolutivo, realizando uma margem de autofinanciamento suficiente para assegurar a
sua independência financeira e os meios necessários à sua adaptação. Segundo ainda Lesca (1996),
para podermos falar sobre isto, podem ser considerados alguns critérios que permitem avaliar a
capacidade de competitividade da empresa. Vejamos alguns deles:
Ao falar em qualidade total do serviço prestado, Lesca (1996) se refere a um termo que
atualmente não é mais utilizado. Porém, podemos utilizar esse conceito apenas trocando por outro
mais atual, que é o da melhoria contínua da qualidade, que vamos considerar como um dos critérios
que permitem avaliar a capacidade de competitividade da empresa.
Sendo assim, para conseguir ser competitiva de forma durável, em contexto de concorrência
mundial crescente, a empresa deve aproveitar o surgimento de qualquer oportunidade.
Neste aspecto, sugere-se neste artigo, o outsourcing de tecnologia da informação como uma
das oportunidades, e que, embora às vezes complexo de ser implementado, mas se bem
implementado, e com o foco certo, pode representar um grande diferencial competitivo para a
organização.
4 O OUTSOURCING
Conforme Faria (2008, p. 11), “outsourcing é uma denominação utilizada e difundida para
atividades terceirizadas, quando as organizações transferem para um prestador de serviços a
responsabilidade pela realização de tarefas até então executadas internamente e com recursos
próprios”.
Conforme ainda Faria (2008, p. 11), “há muitos anos, atividades consideradas não
estratégicas, tais como alimentação, segurança, limpeza, manutenção predial, etc., vêm sendo
terceirizadas em larga escala em todos os setores de mercado, fazendo com que as operações sejam
executadas por profissionais externos às organizações, enquanto estas procuram concentrar esforços
nas suas estratégias, estimuladas pela crescente competitividade do mercado que exige cada vez
mais foco no negócio principal.”
Existem diversos casos de outsourcing que poderiam ser citados, como é o caso da Bunge
Alimentos, que, conforme matéria do COMPUTERWORLD de 06/06/2008 adotou o conceito de
centro de serviços compartilhados (CSC), para conduzir os 377 processos e as 800 transações
realizadas nas áreas financeira, de controladoria, fiscal e de recursos humanos.
Vamos citar mais um caso de outsourcing. Conforme exemplifica Silvia Balieiro (2008), em
2006, o serviço de atendimento ao cliente do Banco Volkswagen, braço da Volkswagen Serviços
Financeiros, que possui mais de 400 mil clientes no Brasil, contava com uma infra-estrutura
defasada, presente em oito pontos geográficos espalhados pelo Brasil, com redundância de
equipamentos e de pessoal e demora de até trinta dias para descobrir a ocorrência de um problema.
Segundo Silvia Balieiro (2008), disposta a ganhar eficiência em seu serviço de atendimento,
a empresa decidiu terceirizar toda a sua operação. Hoje, essa tarefa está sob o controle da T-
Systems, marca de serviços corporativos da Deutsche Telekom.
Histórias como a da Bunge e a do Banco Volkswagen ilustram bem esse novo viés do
outsourcing no mundo dos negócios. Como nos casos citados, a busca permanente pela maior
qualidade e produtividade nas operações faz com que a alternativa em adotar o outsourcing seja
uma das principais razões para a grande quantidade de acordos fechados nos diversos segmentos de
mercado, incluindo as práticas voltadas para os serviços de terceirização de tecnologia de
informação.
4.1 OUTSOURCING DE TECNOLOGIA DE INFORMAÇÃO
Notamos que não é apenas uma questão de redução de custos. Vale à pena avaliar o
desempenho do outsourcing com base num amplo conjunto de resultados e não limitar a avaliação
apenas a este fator.
Segundo Faria (2008, p. 11), existe uma forte expectativa de que ainda haja uma grande
evolução no mercado de outsourcing de TI nos próximos anos, mesmo que existam algumas
resistências por receios diversos, como por exemplo, de perder o controle sobre a segurança de
processos e de informações estratégicas. Segundo ele, ao longo dos últimos anos essa postura está
sendo deixada de lado, pois, como a área de tecnologia da informação está se tornando muito
complexa, fica muito caro para as organizações acompanhar as novas tecnologias e aplicá-las
corretamente com segurança.
5 OUTSOURCING DE TI COMO DIFERENCIAL COMPETITIVO
Outro ponto importante é que o outsourcing não pode ser visto como uma ação isolada de
redução de custos de TI, ele deve ser parte da estratégia empresarial. Em mercados globalizados,
altamente competitivos, as empresas devem atuar e desenvolver suas competências para seu
objetivo fim. Atividades meio, não estratégicas, como é o caso da TI, em princípio são eleitas para
outsourcing.
Podemos dizer que uma empresa que presta serviços de Tecnologia de Informação
(fornecedor de serviços), por ter a tecnologia como seu negócio principal (core-business) e o custo
de infra-estrutura e mão-de-obra compartilhado entre outros contratantes, geralmente tem uma
maior capacidade evolutiva, cenário muito mais difícil de ser alcançado por uma empresa que não
tem como foco TI.
Mas é claro também que, para que tudo dê certo quando se fala em outsourcing, muitos
cuidados devem ser tomados e riscos muito bem analisados, caso contrário o fracasso e o prejuízo
serão iminentes e a competitividade, tema deste tópico, será um mero sonho.
Dentre os maiores cuidados que devem ser tomados, um dos mais importantes é na escolha
do fornecedor de serviços. As empresas devem procurar no fornecedor de outsourcing um parceiro
de negócios, que traga uma vasta gama de habilidades e pontos fortes. Mas não é só isso, deve ser
feito uma série de análises com relação ao futuro prestador de serviços onde se possam identificar
possíveis problemas, como por exemplo, uma análise de sua saúde financeira, o qual visa
identificar um possível problema que este esteja enfrentando financeiramente e que irá afetar a
empresa contratante mesmo que indiretamente.
Bicudo (2009) cita três passos para checar a confiabilidade de seu fornecedor:
2. Verificar de tempos em tempos o trabalho realizado pelo fornecedor, o que pode ser
feito por meio de avaliação de relatórios e checagem de dados colhidos durante
auditorias.
Notamos ainda que não devemos fazer apenas uma análise no momento de contratação do
prestador de serviço. Um controle rigoroso, e registrado em contrato, deve ser feito durante todo o
processo para que se garanta sucesso nas operações.
Mas também existem problemas que por vezes dificultam a expansão da prática de
outsourcing nas empresas. Fagundes (2009) fala que infelizmente existem muitos paradigmas na
área de outsourcing, por exemplo: “só serve para reduzir custos”; “os funcionários próprios sempre
fazem um serviço melhor”; “os funcionários do fornecedor de outsourcing não são comprometidos
com a empresa onde presta serviço”; “com o outsourcing o nível de serviço cai porque os
funcionários não são qualificados e ganham pouco”, etc.
Segundo Fagundes (2009), a prática mostra que, invariavelmente, onde existem problemas
com o outsourcing a escolha da empresa foi equivocada para o tipo de serviço que ela se propôs a
executar. Isso ocorre quando o fator determinante para a escolha da empresa foi o preço dos
serviços. Preço baixo tem efeito no curto prazo e esconde gastos maiores. Por exemplo, se a
empresa contrata um fornecedor não qualificado o contratante terá que usar recursos internos para
compensar a ineficiência do fornecedor, gerando no final do dia um custo maior que antes do
outsourcing. Além de gerar uma enorme insatisfação entre os funcionários internos e, longas e
improdutivas reuniões com o fornecedor de outsourcing.
Essas situações ocorrem devido à falta de uma estratégia da empresa para o outsourcing.
Nesses casos os projetos de outsourcing são pontuais, sem sincronia com os processos operacionais
e provavelmente tem o objetivo apenas de redução do custo operacional da empresa.
Resumindo, empresas que usam o outsourcing como estratégia de negócio são, na maioria
das vezes, bem sucedidas. Empresas que enfrentam problemas com seus fornecedores de
outsourcing, provavelmente, não fizeram uma boa avaliação dos fornecedores e as escolhas foram
baseadas em preço, ou ainda em critérios de avaliação equivocados.
As empresas que tem o outsourcing como parte de seu DNA, enfrentam melhor as
mudanças bruscas de mercado que são cada vez mais e mais freqüentes. Preço baixo deve ser
reflexo de eficiência operacional e não de negociação comercial.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Manter-se competitivo é muito difícil. Um dos fatores fundamentais hoje para isso é a
informação. A informação precisa ter como suporte uma adequada Tecnologia da Informação. Mas
gerenciar a TI é muito difícil, envolve investimentos altos e de risco, treinamentos, infra-estrutura,
aperfeiçoamento constante, e enfim, se manter atualizado as novas tecnologias exige um dispêndio
muito grande de tempo e dinheiro.
Em resumo, terceirizando a área de TI, é possível deixar que o provedor de serviço assuma
essas responsabilidades, dando a possibilidade de um foco maior no negócio principal da empresa.
Isso ainda pode não representar um diferencial visto que muitas empresas atualmente estão
aderindo ao modelo, de forma que, pelo menos a empresa não está ficando para trás com relação à
concorrência.
Já estão comprovados os benefícios, mas devem ser tomados muitos cuidados desde a
escolha do provedor de serviços até o acompanhamento e controle do desempenho, onde se verifica
se os resultados esperados estão mesmo sendo alcançados.
7 REFERÊNCIAS
MAÑAS, Antonio Vico. Administração de Sistemas de Informação. São Paulo: Érica, 1999.
LEWIS, P.R.; LUFTMAN, J.N.; OLDACH, S.H. Transforming The Enterprise: The
Alignment Of Business And Information Technology Strategies. IBM Systems Journal,
v.32, n.1, p.198-221, 1993.
FAGUNDES, Eduardo Mayer. O Outsourcing deve ser uma Estratégia de Negócios. 2009.
Disponível em
<http://www.efagundes.com/artigos/O_outsourcing_deve_ser_uma_estrategia_de_negocios.h
tm>. Acesso em 04/11/2009.
FARIA, Fabio. Qual é o melhor momento para outsourcing de TI nas organizações? In:
ALBERTIN , A.L.; SANCHEZ, O. P. (Org.) . Outsourcing de TI: Impactos, Dilemas,
Discussões e Casos Reais. 1. ed. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2008. v. 1. 292 p.